VIII Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar PO AO - 170 ATENDIMENTO PSICOLÓGICO SOB O ENFOQUE DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO NA ENFERMARIA DA UNIDADE DE TRANSPLANTE RENAL DO HCFMRP/USP: UM ESTUDO DE CASO DE INTERNAÇÃO PROLONGADA Hellen Luiza Meireles Silva, Renata Tamie Nakao, Ricardo Gorayeb Ribeirão Preto, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo – HCFMRP/USP A insuficiência renal crônica (IRC) é o resultado final do comprometimento das funções renais considerada atualmente um grande problema de saúde pública. O transplante renal é uma modalidade de tratamento para a IRC que possibilita melhora na qualidade de vida do paciente e independência da diálise. Não significa, entretanto, a cura da IRC já que, após o transplante, cuidados com a alimentação, uso de medicações imunossupressoras e acompanhamento médico constante se mantém necessários. Além disso, há o risco de complicações cirúrgicas, infecções e rejeição do órgão transplantado. Ou seja, lidar com a cronicidade da doença e com as possíveis complicações do tratamento torna-se necessário para estes pacientes e oferece significativo impacto psicológico. É importante, então, que o paciente submetido ao transplante renal tenha acompanhamento psicológico que busque auxiliá-lo na adaptação ao novo estilo de vida e minimize seu sofrimento emocional. No presente trabalho será apresentado um caso atendido na enfermaria da Unidade de Transplante Renal (UTR) do HCFMRP/USP na forma de interconsulta. A paciente é M., sexo feminino, 32 anos, separada e tem um filho de 12 anos. Possui Diabetes Mellitus Tipo 1 e IRC. Foi submetida a transplante pâncreas/rim no início do ano de 2011 e ficou um mês internada em recuperação. Após a alta, M. permaneceu uma semana em casa e retornou ao hospital por complicações do transplante, sendo necessário permanecer internada por mais dois meses. O pedido de interconsulta psicológica ocorreu nesta segunda internação e foi realizado pelo médico, que observou humor bastante deprimido, hiporexia, choro fácil e descontentamento com seu estado de saúde atual. Verificou-se que a paciente possuía frustração em relação à piora clínica, dificuldades em lidar com afastamento do filho, preocupações a respeito de sua saúde, humor deprimido, comunicação restrita e baixa ingestão alimentar. Foram realizadas 10 sessões no período de um mês. As técnicas utilizadas com a paciente foram: entrevista aberta para investigação do caso, acolhimento, psicoeducação, treino discriminativo das contingências atuantes no contexto da internação, reforçamento positivo de todos os comportamentos que promoviam adaptação e enfrentamento, estratégias de distração, instrução verbal e questionamento de auto-regras não adaptativas. Com a equipe multiprofissional foram realizados acolhimento, orientações sobre quadro psicológico da paciente e reforçamento positivo de comportamentos de suporte afetivo. Os resultados encontrados foram a melhora do humor, redução da ansiedade diante da internação prolongada e distanciamento familiar, aumento de apetite e de ingestão alimentar, manutenção da adesão ao tratamento fora do ambiente hospitalar (alta licença) e ampliação do repertório de enfrentamento. Portanto, foi possível observar a importância do trabalho do psicólogo hospitalar para auxiliar M. no desenvolvimento de estratégias de enfrentamento diante das complicações clínicas e dos estímulos aversivos presentes no ambiente hospitalar, reduzindo assim seu sofrimento emocional durante a internação prolongada. Verificou-se também a importância da equipe interdisciplinar que teve influência direta nos resultados observados, uma vez que forneceu suporte afetivo a M., realizou modificações no ambiente da UTR, orientou-a sobre os procedimentos médicos realizados, garantindo desta forma uma recuperação integral da paciente. Palavras-chave: psicologia hospitalar, estudo de caso, transplante renal. Email de contato: [email protected] 152