165 Successful cardiac transplantation in an HIV infected patient with advanced disease Transplante cardíaco bem-sucedido num paciente com Aids avançada avançada infecção pelo HIV, isto foi muito discutido e ficou claro que este ativista se valeu de todo o relacionamento e influência que tinha, incluindo as ONGs nas quais labutava para conseguir o fígado. Algo me diz que nos Estados Unidos as relações pessoais e pressões contam muito. Curiosamente, isto também sucede num grande país (pelo menos em tamanho) do hemisfério Sul das Américas... Calabrese L, Abrechet M, Young J, McCarthy P, Haug M, Jarcho J, Zatkin R New Engl J Med. 2003;348(23):2323-8. Este é um trabalho absolutamente inusitado. O autor sênior, citado por último, é o paciente descrito. Ele trabalha na Harvard School of Public Health e é claramente identificado no artigo e no editorial da revista onde este está publicado, com foto e tudo. Isto foge da norma ética de manter a confidencialidade quanto ao paciente em trabalhos publicados. A descrição clínica não deixa dúvida quanto a se tratar de um quadro avançado de infecção pelo HIV, uma Aids legitima para ninguém botar defeito, que se iniciou com um sarcoma de Kaposi no palato e pneumonia por P. carinii. O sarcoma foi tratado com êxito com daunoblastina lipossomal e esta poderia ser a causa de uma grave insuficiência cardíaca com miocardiopatia dilatada, que precisou inclusive de balão intra-aórtico para manter a vida enquanto o paciente esperava o órgão para transplante. O paciente tinha na ocasião 39 anos – agora tem mais dois – e não apresentava outras lesões orgânicas, além de mostrar uma boa resposta aos antiretrovirais. O transplante foi bem-sucedido, apesar de vários episódios de rejeição bem controlados com pulsos de corticóides. Apesar dos transplantes cardíacos serem, entre os transplantes humanos, os que mais recebem carga de imunossupressores, não houve piora da defesa imune do paciente e não ocorreram novas infecções oportunísticas, incluindo a possível reativação da causa do sarcoma de Kaposi, o herpesvírus 8. As implicações éticas de transplantar um paciente nestas condições, levando em conta que o pool de órgãos disponíveis para transplante é pequeno, são complexas. A pergunta que fica é se o transplante seria viabilizado não fosse o Dr. Zatkin quem ele é... Quando um famoso ativista pela causa dos infectados pelo HIV, o jornalista e escritor teatral Larry Kramer, precisou de um transplante de fígado para sua infecção crônica pelo vírus B da hepatite, aliada à einstein. 2004; 2(2):165