PERCEPÇÕES de (IN)SEGURANÇA Armas Nucleares, TNP e o Brasil PERCEPÇÕES de (IN)SEGURANÇA Armas Nucleares, TNP e o Brasil Marcos Valle Machado da Silva ©2012 Marcos Valle Machado da Silva Direitos desta edição adquiridos pela Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor. Si381 Silva, Marcos Valle Machado da PERCEPÇÕES de (IN)SEGURANÇA: Armas Nucleares, TNP e o Brasil / Marcos Valle Machado da Silva Jundiaí, Paco Editorial: 2012. 212 p. Inclui bibliografia. Inclui gráficos, imagens e tabelas. ISBN: 978-85-8148-168-5 1. Armas Nucleares 2. Relações internacionais 3. Desarmamento 4. TNP I. Silva, Marcos Valle Machado da CDD: 327 Índices para catálogo sistemático: Comunidade Política Mundial – Política Externa – 327 Relações internacionais Desarmamento – política 327.174 Guerra Nuclear – ética 172.422 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Foi feito Depósito Legal Rua 23 de Maio, 550 Vianelo - Jundiaí-SP - 13207-070 11 4521-6315 | 2449-0740 [email protected] Para Handerson da Silva, meu pai. AGRADECIMENTOS Este livro é resultado da adaptação e atualização da dissertação de mestrado do autor, defendida em 2010, junto ao Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais (PPGRI) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). A produção de uma dissertação consome um tempo razoável de pesquisa e produção acadêmica. Para minha surpresa, a adaptação da minha própria dissertação para um livro de linguagem menos densa e formal do que aquela utilizada no trabalho acadêmico consumiu, também, um considerável período de tempo. Assim, agradeço à minha esposa Eliane que incentivou a execução do presente estudo e compreendeu os muitos momentos em que nosso tempo de lazer foi substituído pelas atividades voltadas para a elaboração deste livro. Do mesmo modo, não posso deixar de mencionar meu filho Marcos, pelo precioso auxílio na leitura do primeiro manuscrito e minha filha Juliana pela ajuda na análise e escolha do título deste livro. Ainda dentro do círculo familiar, gostaria de registrar o eterno carinho recebido da minha mãe, Hylza, que contribuiu para este e todos os grandes projetos da minha vida. Externo também meu agradecimento e admiração à professora Miriam Gomes Saraiva, Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro por ter dedicado parte do seu tempo escrevendo a apresentação deste livro. Ao professor Antonio Carlos de Faria Pinto Peixoto, agradeço por ter sido meu orientador na dissertação que originou este livro. Sua orientação foi parte de um processo maior que catalisou o interesse pelas questões afetas às relações internacionais e à ciência política. Mesmo com sua passagem, no dia 13 de julho de 2012, seu exemplo não será esquecido, ao contrário, será fonte de inspiração permanente para minha vida acadêmica. Finalmente, e acima de tudo, agradeço a Deus por todas as bênçãos em minha vida, esta em especial. SUMÁRIO APRESENTAÇÃO.........................................................................13 INTRODUÇÃO.............................................................................17 CAPÍTULO 1 – ARMAS NUCLEARES O que é uma arma nuclear?............................................................27 Armas nucleares e Deterrence........................................................32 O que leva um Estado a desenvolver armas nucleares?....................35 Estados Unidos da América ...........................................................37 União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.....................................42 Reino Unido....................................................................................44 França............................................................................................47 China.............................................................................................50 Israel..............................................................................................53 Índia..............................................................................................55 Paquistão.......................................................................................58 RDPC............................................................................................60 Irã..................................................................................................64 Identificando as Recorrências.........................................................70 Um Debate Acadêmico Inconcluso – Waltz X Sagan.......................73 CAPÍTULO 2 – O TNP E O REGIME DE NÃO PROLIFERAÇÃO DE ARMAS NUCLEARES Controle de Armas e Desarmamento aplicados às armas nucleares...77 Controle de Armas..........................................................................79 Controle de Armas no período pós-Guerra Fria..............................81 Desarmamento...............................................................................83 Proliferação, Não Proliferação e Regime de Não Proliferação..........84 Antecedentes do Regime de Não Proliferação de Armas Nucleares – primeiros acordos bilaterais e multilaterais...................................86 O Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP)............92 A Expansão do Regime de Não Proliferação de Armas Nucleares....98 Principais Tratados e Acordos Bilaterais entre EUA e URSS/Rússia....101 A contestação ao TNP e a presente crise de credibilidade e legitimidade....107 Possível influência do TNP sobre as variáveis independentes utilizadas...120 CAPÍTULO 3 – O BRASIL E O REGIME DE NÃO PROLIFERAÇÃO DE ARMAS NUCLEARES O programa nuclear argentino.......................................................129 O programa nuclear brasileiro.......................................................135 O processo de construção da confiança e a cooperação nuclear.....143 O Brasil e o TNP..........................................................................148 As possibilidades do programa nuclear brasileiro...........................156 CONCLUSÃO.............................................................................169 REFERÊNCIAS...........................................................................179 APÊNDICE A Entendendo o enriquecimento de Urânio e a obtenção de Plutônio..193 APÊNDICE B A Crise de Suez.............................................................................197 APÊNDICE C O impacto da guerra da Coreia e das crises com Taiwan, em 1954 e 1958, sobre a percepção de segurança chinesa............201 APÊNDICE D A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e o sistema de salvaguardas..............................................205 APÊNDICE E Testes nucleares realizados (1945 – 2011)...................................207 APÊNDICE F O Protocolo Adicional..................................................................209 LISTA DE FIGURA S E TABELAS Quadro 1 – Status dos arsenais nucleares........................................31 Quadro 2 – Recorrência das Variáveis Independentes nos Casos estudados..............................................................................70 Tabela 1 – Evolução do Número de Estados Partes do TNP em Relação ao Número de Estados-Membros da ONU........................96 Quadro 3 – Organograma do Programa Nuclear Brasileiro...........158 Gráfico 1 – Número de Reatores em Operação...............................162 Gráfico 2 – Número de Reatores em Construção...........................163 Quadro 4 – Reservas Mundiais de Urânio.....................................164 Quadro 5 – Quantitativo de testes / detonações nucleares realizados no período 1945-2011..................................................207 APRESENTAÇÃO A questão nuclear vem ocupando um papel de destaque nos últimos anos. Ela envolve temas muito atuais como meio ambiente, tecnologia e, sobretudo, tanto o poder da guerra quanto o conceito de potência que é atribuído a alguns Estados. O Brasil, por sua vez, vem se inserindo de uma forma muito particular no ordenamento internacional, buscando ampliar a sua projeção e construir a capacidade de influir sobre os rumos da política internacional, mas sem desenvolver uma arma nuclear. Ao contrário, a diplomacia brasileira vem estruturando o comportamento do país em torno da ideia de se buscar uma nova ordem com melhores espaços para os países do Sul global, através de mecanismos pacíficos que possam servir como elementos legitimadores. Por outro lado, o país avançou objetivamente no campo da pesquisa nuclear e da possibilidade de centrifugar o urânio dentro de uma gradação suficiente para alimentar uma usina de energia nuclear, mas insuficiente para a confecção de um armamento. Percepções de (in)segurança: armas nucleares, TNP e o Brasil fornece muitas respostas para uma das dimensões mais importante nesta área: o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), seu significado, assim como a trajetória e as perspectivas para o destino brasileiro neste campo. O livro abre um debate necessário sobre o que leva os Estados a terem armas nucleares; qual é o poder dessas armas; e que forma o TNP pode incidir sobre o comportamento desses Estados nesta área, com destaque particular para o caso brasileiro. O livro apresenta uma reflexão sobre as motivações de ordem de segurança, prestígio ou ambição, que levaram os diversos Estados que atualmente possuem armas nucleares a confeccioná-las (incluindo na lista de países o Irã, em função das perspectivas que atualmente pesam sobre supostas intenções de seu governo neste ramo). Este debate é feito com cuidado e precisão, buscando motivações comuns e classificando-as com base em reflexões de reconhecidos estudiosos sobre o tema. Marcos Valle Machado da Silva prende a atenção do leitor traçando a história da gênese e do desenvolvimento do TNP. Sua análise mostra como as superpotências da época – Estados Unidos e União 13 Percepções de (In)Segurança Soviética – passaram de uma situação de pura competição para uma iniciativa de cooperação com vistas à contenção da proliferação das armas nucleares a outros Estados. Esta se traduziu, por sua vez, na formulação e abertura para assinaturas do TNP, em 1968. O livro analisa como um Tratado que, por definição, cria diferenças entre os Estados permitindo a alguns possuírem armas nucleares enquanto proíbe o acesso a estas armas a outros, ganhou legitimidade e foi aceito na época pelo que a Escola Inglesa de Relações Internacionais chama de sociedade internacional. As expectativas então criadas em torno da esperada contribuição do Tratado para um desarmamento progressivo teria, segundo o autor, contribuído neste sentido. No entanto, ao acompanhar a evolução das armas nucleares posterior à assinatura do Tratado, a obra demonstra como estas expectativas não se confirmaram: os países que então possuíam armas não se desarmaram, e outros que então não as possuíam conseguiram desenvolvê-las à sombra do tratado internacional. Esta lacuna teria contribuído para uma descrença, por parte de diversos Estados, em relação à sua eficiência. Além disso, a obra concentra-se em uma questão muito importante para debates acadêmicos e de ordem estratégica em curso atualmente no Brasil: o desenvolvimento do programa nuclear brasileiro, as reações iniciais do país frente ao TNP, e sua trajetória de resistência e, mais recentemente, de aquiescência relativa ao Tratado. Neste capítulo, Marcos Valle Machado da Silva apresenta de forma bem completa o desenvolvimento da questão nuclear no Brasil desde seus primórdios, assim como o comportamento dos governos militares que identificavam o Tratado com um instrumento para “desarmar os desarmados”, passando ao comportamento dos governos civis, que passo a passo foram assimilando a ideia de cooperar neste campo. Examina também como a adesão ao Tratado consumada pelo governo de Fernando Henrique Cardoso manteve, nos marcos da adesão, uma margem de manobra para o país no campo da tecnologia nuclear pacífica. Outra contribuição relevante é o paralelo que é feito pelo autor entre o desenvolvimento do programa nuclear brasileiro e os avanços do programa argentino na mesma matéria. Os dois países tiveram tempos parecidos e interesses comuns no que diz respeito às resistências a pressões externas que os aproximaram e levaram à assinatura de acordos de cooperação que se traduziram, na década de 1990, na criação da Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Ma14 Marcos Valle Machado da Silva teriais Nucleares, a ABACC. O livro faz algumas considerações sobre as perspectivas atuais do programa nuclear brasileiro, assim como sua interação, nem sempre fácil, com o TNP. As contribuições desta obra para o debate sobre a questão nuclear são muitas. A precisão dos conceitos e das informações, as reflexões ordenadas sobre um tema pouco conhecido – embora muito comentado –, e a exposição clara de uma trajetória que ainda está em curso tornam a obra uma leitura necessária. Cabe, por fim, lembrar que este livro foi fruto de uma pesquisa feita nos marcos do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em interlocução com o professor Antonio Carlos de Faria Pinto Peixoto, que contribuiu tanto através da troca de ideias quanto, posteriormente, por meio de incentivos para a publicação da obra. Miriam Gomes Saraiva 15