COOPERAÇÃO E CONFLITOS INTERNACIONAIS: Globalização, Regionalismo e Atores 197 te, uma vez que este enfrentamento resultaria em um conflito nuclear e, portanto, apocalíptico. O sucesso do referido Tratado foi relativo em razão da existência de países que não se tornaram Estados-partes, e que de fato acabaram por desenvolver armas nucleares, além de alguns Estados que permaneceram inertes e sequer se posicionaram, nem a favor nem contra a proposta do Tratado. Atualmente, o TNP conta com a adesão de 189 Estados6, sendo que apenas cinco deles são reconhecidos como membros nucleados, ou seja, membros detentores de armas nucleares. São países não signatários do TNP Índia, Paquistão e Israel, sendo que existem registros confirmando que os dois primeiros já efetuaram testes atômicos e evidências que levam à mesma conclusão em relação ao terceiro, fazendo-se pressupor que possuem arsenais nucleares. Dos países que ratificaram o documento, constata-se apenas a ocorrência de uma retirada em 2003, pela Coreia do Norte, que hoje não mais figura como signatária. O objetivo do Tratado em tela consistia em que, no decorrer dos anos, fossem banidas as armas nucleares, através da proposta de que alguns países abririam mão do acesso às armas nucleares em troca do desarmamento progressivo das grandes potências nuclearmente armadas. Percebe-se que, de certo modo, o Tratado produziu seus efeitos. Alguns países como Argentina, Brasil e África do Sul renderam-se ao TNP nos anos 90, abandonando todas as posses de armas nucleares que visavam atividades de fins não pacíficos. Inicialmente, os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica7 (AIEA) foram autorizados a vistoriar apenas os lugares declarados pelos signatários do Tratado, mas posteriormente seus poderes foram ampliados, permitindo que fizessem um trabalho especial nos Estados-partes, incluindo pesquisas em lugares que não haviam sido declarados. Por outro lado, os Estados nuclearmente armados, que se comprometeram com o progressivo desarmamento, até o presente momento não cumpriram com suas obrigações. José Goldenberg (2005, online) afirmou que, mesmo com as restrições apresentadas pelo Tratado, muitos países o aceitaram por estarem convencidos de que a posse de armas nucleares não lhes traria vantagens mas, ao contrário, restringiria o acesso a outras áreas econômicas. 6 7 TRATADO SOBRE A NÃO PROLIFERAÇÃO DE ARMAS NUCLEARES. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D2864.htm>. Acesso em: 02 set. 2011. Site oficial da AIEA: <www.iaea.org>.