Transcrição do Programa Midiático “A Liga: Hip Hop”, exibido em 29/11/2011. Transcritor: Wesley Diego Alves (Bolsista-Sae). Revisor: Maria Eduarda Marques Mateus Ferreira (Bolsista-Sae). Situação Comunicativa Participantes 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Abertura do programa Thaíde = TH Participantes = PT Débora Vilalba = DV Sophia Reis = SR Participantes Falas dos participantes TH homenagem a vocês ¹[hein] ((joga spray no próprio tênis)) PT ¹[((gritos de alegria))] ((tocando rap 0:00:06s)) DV chega de papo...Dexter e Emicida em Guaianazes...rap da melhor qualidade ((Débora Vilalba fala isso enquanto os rappers cantam)) TH olá... bem vindos à Liga... DJs riscando... MCs mandando uma rima atrás da outra... uma galera rodando no meio do salão na ponta da cabeça... grafiteiros espalhados por toda a cidade... apresento a vocês o meu mundo... o mundo do Hip Hop DV o rap é o som... o break é a dança... o grafite é a arte... e as roupas extra largas... o boné e o tênis de basquete... são uniforme(s) de um legítimo membro do movimento SR racismo... violência... ausência do estado... no começo dos anos oitenta... essas e outras injustiças sofridas pelos moradores da periferia... encontraram no hip hop uma forma de levantá(r) a própria voz contra um sistema que parecia tê-los abandonado DV mas muitas dessas problemáticas ainda persistem... fazendo com que algumas pessoas sintam... que o crime é a única possibilidade pra elas... e o hip hop também faz parte desse mundo... um gênero polêmico e compreendido superficialmente... o gangster rap TH hoje a Liga vai entrá(r) no universo do hip hop pra te mostrá(r) o estilo de vida que existe por trás das rimas fortes... e da batida pesada do rap ((vinheta)) Situação Comunicativa Participantes Entrevista com o rapper Projota Sophia Reis = SR Rapper Projota = RP Rashid = RS 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 SR o hip hop não pa:::ra em meio a nomes consagrados... sempre tem espaço pra novos talentos e um desses novos talentos que a gente vai conhecê(r) agora ((corte de cena: casa do Projota) RP eu comecei a ouví(r) rap por causa do Rashid e um amigo meu que chama Max... foi de imediato assim... na semana que eu comecei a ouví(r) eu comecei a fazê(r)... ai foi aquele lance de... ele falava mais comigo do que as outras músicas... por que ele... ele... ele retratava mais a minha realidade e tem ²[que/] SR ²[isso] faz quanto tempo?... desculpa RP isso eu tinha quinze anos SR (vo)cê lembrá(r) o primeiro C.D... de rap... que... (vo)cê comprô(u)? RP o primeiro C.D de rap que eu comprei foi do MV. Bill... é o que tem a música só Deus pode me julgar... quando vi esse vídeo do MV. Bill... o video clipe... eu assisti eu falei – “caramba... é isso que eu tenho que fazê(r) da minha vida” ((Música MV Bill 0:02:03 – 0:02:14)) SR ((entrando na casa)) e ai:::?... tudo bo:::m?... esse é o Rash³[id] então 3 RS [sô](u) eu mesmo SR como é que você.. entrô(u) assim nesse mundo... como é que você se interessou pelo hip hop? RS cresci dentro da igreja né?... com minha mãe... tal... e eu comecei escutan(d)o um rap gospel... dai eu... depois eu comecei a colar na casa dos meus primo(s)... tal... ai todo mundo escutava um Racionais na época.... na época do sobrevivendo no inferno e ai:::... SR do rap gospel para sobrevivendo no inf4[erno né? ((risos))] 4 RS [inferno né? ((risos))] SR isso que/... isso que é transição RS e ai cara... ai não teve como SR que que a gente veio fazer aqui... ó? RP eu vim aqui por que eu tenho que:::... extrair uma batida pra gente levá(r) pro show de noite... que a gente vai fazê(r) SR que show que é mesmo? RP hoje a gente vai (es)tá no show no Pentágono dez anos do grupo... e:::... 5[barato] vai ser lô(u)co... e eu tenho uma base só pra cantá(r) lá no show 5 SR [isso é legal] ((batida de hip hop 0:03:00 – 0:03:15)) SR lô(u)co hein? ((corte de cena: nas ruas)) SR tem alguma referência do bairro nas suas músicas RP tem uma música que chama Lauzane que é uma música minha junto com o Rashid até... e a gente fala até do mercado me(s)mo aqui SR tem como cantá(r) um pedacinho? RP ((cantando o rap)) 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 Situação Comunicativa Narração Participantes Thaíde = TH TH o hip hop é uma cultura artística que surgiu na década de setenta nos Estados Unidos e chegô(u) nos anos oitenta aqui no Brasil... tendo São Paulo como seu berço... nos tradicionais encontros na estação São Bento do metrô... surgiram os principais artistas desse movimento que possui quatro elementos que o caracterizam... o break que é a dança... o D.J que manda as batidas... o M.C que apavora nas rimas e o grafite a expressão por meio da pintura pela cidade Situação Comunicativa Entrevista com o grafiteiro Guilherme Participantes Thaíde = TH TH o grafite é mais um elemento da cultura hip hop e agora eu vou conhecer uma rapaziada que entende do assunto ((corte de cena)) TH oi tudo bom? GL como vai ((abrançando)) TH você é o Guilherme? GL sô(u) TH aqui é o quartel general dos grafiteiro(s)? GL isso mesmo TH bom eu já (es)tô(u) vendo pelo visual né?... eles gostam de grafite ou não?... olha só mas também tem uma questão de arte plástica aqui não é? GL tentar reaproveitá(r) os materiais né? ((câmera mostra obra com latas vazias de tinta)) Situação Comunicativa Reportagem sobre o Coletivo Um, três, dois Participantes Thaíde = TH Vine = VN Marina = MA Dona de Casa = DC Jerry = JE 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 TH ((narrando)) o coletivo um três dois... foi criado em dois mil e oito por um grupo de amigos que se juntaram pra fazê(r) o que mais gostam... grafitá(r)... eles resolveram morá(r) juntos em uma casa totalmente dedicada à arte que aos poucos foi abrindo as portas para outros colaboradores... e hoje... mais do que um coletivo... eles formam uma grande família grafiteira ((corte de cena)) TH é esse muro que vocês chamam de agenda? VN é... sopa de letras... cada artista... nossos amigos... chega(m) ai... manda... manda... seu estilo né?... eu... fiz ali... fiz o azul TH o tempo? VN é... tempo MA lá... você tem o muro da produção TH mas aquele ali vocês fizeram também 6[ou não?] MA 6[(inint.)] 6 VN [(inint.)] TH mas conseguiu um efeito ali... que pelo amor 7[de Deus hein?] 7 VN [é::] MA a gente chama esse trabalho de portal ((mostra o grafite))... esse muro (es)tava cinza... olha só VN sabe aquele muro ali? ((aponta))... podia pedir pra fazê(r) aquele murinho ali... vem cá TH (es)pera ai... a gente (es)tá conversando aqui sobre um assunto... eles param no meio pra mostrar um muro pra ser grafitado... é isso? 8[é assim que funciona?] 8 VN [(inint.)]... da hora aquele muro hein? MA aquele clarinho né? VN do lado de casa TH será que ela deixa? ((indo até a porta da dona do muro))... 9[o:::pa] 9 VN [o:::i]... tudo bom?... a gente... nós somos vizinhos aqui... a gente queria pedir autorização pra fazê(r) uma:::... pintura aqui... onde (es)tá feio... (es)tá riscado DC tudo bem... pode fazê(r)... vai ser muito grande? VN vai ser lindo... na verdade ((risos)) TH ((para a Dona da Casa))... a senhora já conhece o trabalho deles? DC é:::... já vi.... já vi eles pintando sim... pode fazê(r)(es)tá? TH ó... já (es)tá liberado... o espaço hein? VN valeu... ganhamos um muro TH muito obrigado ((para a Dona da Casa))... olha ai... já conseguiram um muro... certo? ninguém vai... vir... falá(r)... nada... ((câmera mostra o porta mala do carro))... isso é que é gostá(r) de tinta hein VN então... a gente tem de tudo um pouquinho né?... rolo 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150 151 152 153 154 155 156 TH VN MA VN TH VN TH VN TH JE VN JE TH VN TH MA TH G1 TH JE DC JE DC JE TH DC TH DC TH o que vai ser feito? como vocês sabem?... eu não vi vocês com nada novo na mão... nem um papel... nem nada a pintura pra mim é um momento... entendeu?... eu gosto de pintar... o momento... o que eu (es)tô(u) sentindo na hora eu poderia aproveitá(r) a janela... pra fazê(r) uma árvore saindo dali... una á:::gua... ou de repente viajar com essa coisa... cre(i)o que la...la arquitetura sempre dá(o) ideias esse e o desafio também né? mas agora é o seguinte... o grafiteiro pode chegá(r)... grafitar em qualquer lugá(r)... se tivé(r) um espaço ele vai e faz... ou é bom ter bom senso de pedi:::r se informá(r) aqui sim né?... por que dentro da casa tem uma pessoa... se (es)tivésse pra alugá(r) a gente ia chegá(r) e fazia a é?... por que que você (es)tá fazendo isso dai Vine? o fundo né? vamo(s) fazê(r) a textura de um fundo legal ((jogando tinta na parede)) viagem isso ai hein?... barato é lô(u)co me(s)mo hein? o grafite (es)tá assim hoje por causa de um cara que fazia os quadrinhos que lembra muito tatuagem né? isso tem a ver com o hip hop né? tem a ver com essa linguagem também que é chamado... o grafite é oldschool né? aquele que continua sendo no mesmo formato de quando começou.. curtindo o hip hop né?.... todos os elementos... e passá(r) informação pra frente o peixe já está na água? o peixe está no concreto ((risos))... qual é a opinião de vocês no resultado do trabalho ai? hoje nos dedicamos a fazê(r) um trabalho de:::... unas duas horas... três horas no(ao) muito e para sê(r) em tão pouco tempo esse é um bom resultado entendi se o trabalho for de três dias... a gente vai agregar cada vez mais elementos o Vine falô(u) com a dona da casa mas quem vai chama-la pra dá(r) uma olhada no desenho da casa agora... é o Jerry a gente (es)ta terminando aqui o grafite hã a gente quer pegar a opinião da senhora... vê(r) o que a senhora acha do grafite... a senhora sai ai na televisão também A:: NÃO ((risos)) (es)tô(u) brincando... (es)tô(u) brincando ((risos)) dê sua opinião sincera por favo:::r ((caminhando até o muro)) no:::ssa... ((olhando a pintura))... que LI:::NDO gostô(u) me(s)mo? mu:::ito (es)tá melhor do que (es)tava né?... 10[só com rabisco] 157 158 159 160 161 162 163 164 165 166 167 DC TH DC TH JE TH TH (es)tá:::... 10[muito mais bonito] mesmo. rapazeada do coletivo um três dois que fez parabéns será que eu posso deixá(r) minha marca aqui também?... de alguma maneira? só tem que pensá(r) em como vou fazer isso agora ((pegando a tinta)) por favor... pense bastante ai todos os grafiteiros do Brasil me perdoem... eu vô(u) tentá(r) fazê(r) alguma coisa com muito respeito ao trabalho de vocês ((câmera mostra Thaíde pintando)) obrigado... em homenagem a vocês hein? 11[((picha o próprio tênis))... firmeza?] 11 [((gritos))] Situação Comunicativa Participantes Reportagem sobre o Duelo de MCs no Metrô Santa Cruz Sophia Reis = SR Marcelo “Gugu” = MG Flow = FL MC 13 = M3 Débora Vilalba= DB Koell = KL Baixinho Ruan = BR 168 169 170 171 172 173 174 175 176 177 178 179 180 181 SR ((narrando)) toda semana os rappers de São Paulo tem um encontro marcado na porta do metrô Santa Cruz pra fazê(r) o que mais gostam... e agora eu vô(u) conhecer os dois responsáveis por isso ((corte de cena)) SR você é o? MG Marcelo 12[Augusto] 12 SR [Marce:::lo]... tudo bo:::m? e você? FL Flow SR Flow?... tudo bem?... praze:::r... gente... sábado oito horas da noite... a gente (es)tá indo pra uma batalha no metrô Santa Cruz... mas o que que é esse evento... o que significa isso? MG é... o:::... é um lance de freestyle né?... e é uma competição entre M.Cs né?... que vão duelar pra vê(r) quem é o melhor M.C da noite hoje SR e por que na rua? 182 183 184 185 186 187 188 189 190 191 192 193 194 195 196 197 198 199 200 201 202 203 204 205 206 207 208 209 210 211 212 213 214 215 216 217 218 219 220 221 MG no surgimento das batalha(s) de fresstyle na gringa... é... Bronx... Brooklyn.... Queens... (inint.) depois foi pra Califórnia... num bagulho que chamava Good Life Cafe... todos tinham um fácil acesso ao metrô SR e como é que começa aqui? M3 (es)tava ali atrás... chegô(u) um menino e falô(u)... chega ai... chega ai... (inint.)... eu vô(u) ali... mas põe meu nome ai... põe o do chaveiro também que eu vô(u) batalhá(r) ai... mano põe ai SR você já começou a anotar ai os nomes? M3 já... então... coloquei o Koell... o chaveiro... eu... ó as menina(s) gritando SR e quando o pessoal grita... é o que?... é que tem uma boa?.... é isso? MG é por que alguém mandô(u) uma coisa legal FL alguém foi tirado... 13[alguém (es)tá com cara de choro] MG 13[alguém (es)tá com cara de forever alone no cantinho] 13 [((risos))] SR e ai? já fechô(u)?... já tem gente sufi14[ciente] 14 M3 [sim]... sim MG nesse momento a gente corta os nomes? SR e ai? MG a gente... depois... va:::i... sorteá(r) SR ((tirando o papel)) o primeiro nome sorteado... Ruan... o pequenininho e vai batalhá(r) com o? MG Koell SR (es)tá (inint.)... (inint.) MG Ruan (inint.)... ele ganhô(u) semana passada... não sei né?... tudo pode acontecê(r) ((corte de cena)) DV ((narrando)) e o primeiro duelo já estava definido no ringue do metrô Santa Cruz... agora os dezesseis M.Cs enfrentam uma disputa de duas rodadas com trinta segundos para cada um mandar a sua rima e ganhar o apoio das mais de cinquenta pessoas que estão ali para julgar o espetáculo FL Baixinho... Ruan e Koell.. BR ((fazendo freestyle)) ((ovações de quem assiste)) ((participantes provocando Koell)) KL ((fazendo fresstyle)) FL e ai Koell vai ganhar? silêncio ai... (inint.) pro Ruan ((ovações))... (inint.) pro Koell ((ovações))... Koel levô(u) a primeira... terminô(u) a conversa KL ((fazendo fresstyle)) BR ((fazendo fresstyle)) FL aê... barulho pro Koell ((ovações))... barulho pro Ruan ((ovações))... SR vocês já tiveram algum momento assim... que (vo)cês tomara AQUELA tirada? 222 223 224 225 226 227 228 229 230 231 232 233 234 235 236 237 238 239 240 241 242 243 244 245 246 247 248 249 250 251 252 FL MG SR FL MG FL SR M3 MG FL MG M3 SR MG SR FL MG SR DV 14 [não]... eu tomei uma... falô(u) que eu não tinha pes15[coço]... nossa moleque... (a)cabô com a minha vida... mano... eu (es)tava com o microfone na mão... que o microfone fez até assim... ((gesto mostrando o microfone ficando mole)) 14 [(inint.)] 15 [((risos))] e desconcentra isso? lógico que desconcentra no:::ss16[a] 16 [ma]s ai é que (es)tá... (vo)cê tem que treiná(r) isso também... por que se o cara mandá(r) um negócio desse (vo)cê tem que abrí(r) um sorrisão e falá(r)... ah (inint.) que que mais falam de vocês? olha pra mim (es)tá vendo o tamanho dess/ ((aponta para o nariz)) ((risos)) geralmente quando você 17[batalha com mulhé(r)... (inint.)] 17 [(inint.)]... mas pro cara... qual que é... o cara vai lá... o cara vai tê(r) uma dessa...lugar de mulher é 18[no ta:::nque]... lugar de mulher 19[é num sei o que lá] 17 [(inint.)]... 18[a:::h]... 19[(inint.)] 19 [(es)pera ai]... eu ia desencaná(r) e partir pra agressão 20[física] 20 [então]... ai... a 21[menina virô(u).... menino virô(u)]... (inint.)... 22[estalô(u)]... estalô(u) os dedo(s) assim o... cléc... cléc... (vo)cê pensa que mulher é 23[problema... mulher é solução... pras espinha na sua cara e pros calo na sua mão]... cabô(u) 21 [((rindo))] 22 [(inint.)]... 23[problema... mulher é solução... pras espinha na sua cara e pros calo na sua mão]... no:::ssa... eu sai correndo que nem um maluco... fui lá pro (inint.) (a)cabô(u)... (a)cabô(u)... jogaram a menina pro 24[alto assim... fizeram aleluia com] a menina 24 [((grito))] a batalha de M.Cs do metrô Santa Cruz... existe há seis anos e revelou artistas como Emecida... Rashid e Mut... sendo uma grande ferramenta de divulgação para os iniciantes do rap...todos eles tem um sonho... se tornar uma lenda do hip hop e poder dividir um palco com outras delas Situação Comunicativa Participantes 253 254 255 DV Entrevista com o rapper Emicida Débora Vilalba = DV Emicida = EM ((tocando rap 0:13:29 – 0:13:59)) chega de papo... Dexter... Emicida.... em Guaianazes... rap da melhor qualidade ((continua o rap)) 256 257 258 259 260 261 262 263 264 265 266 267 268 269 DV EM DV EM DV EM quantos anos (vo)cê tem? vinte e seis... eu tenho idade o que eles tem de carreira é isso que eu ia te falá(r)... hoje (vo)cê (es)tá ali com os cara... premiado... tocando no rádio... aparecendo em tudo... mas eu tenho certeza que você também já foi tiete desse caras p(r)a ca/ ((censura))... eu subo aqui... eu fico tipo:::... 25[(inint.)] 25 [hoje você é o cara]... mas (vo)cê (es)tá do lado dos melhores sim... pra mim é uma honra me(s)mo (es)tá(r) ai com dois mestre(s) né meu?... essa música é clássica e tipo... acho que é meio isso ai mano... acho que é união... (es)tava o Brown... Edy Rock... o:::... Dom Pixote... (es)tá ligado?... o Hugo (inint.) (es)tá todo mundo ai... a nata do rap (es)tá ai hoje pra mim é uma honra podê(r) (es)tá tam(b)em... epô... agradeci ao Dexter me(s)mo pelo convite... pela ideia de juntá(r) todo mundo aqui na favela ((tocando rap 0:14:53 – 0:13:58)) Situação Comunicativa Participantes Entrevista com Dexter e uma fã Débora Vilalba = DV Dexter = DX Fã de Dexter = FD Thaíde=TH 270 271 272 273 274 275 276 277 278 279 280 281 282 283 284 285 286 DV DX DV DX esse é Dexter... ele começou a carreira de rapper em mil novecentos e noventa e um no grupo Tribunal Popular apadrinhado pelos Racionais MC’s em mil novecentos e noventa e oito foi preso por assalto a mão armada e dentro da cadeia que sua carreira decolou...como surgiu o hip hop na sua vida? em mil novecentos e noventa... eu era:::... mais um garoto da periferia... preto... pobre...ouvia uma música chamada pânico na zona sul do Brown... ali foi como se uma luz se acedesse num quarto ou num lugar muito escuro no qual...eu vivia... e ai eu... eu... eu sempre tive vontade de gritá(r) assim... falá(r) pra todo mundo e pro mundo... sobre as mazelas que a gente sempre sofre nas periferias... mas eu não sabia como... eu extravasava de uma outra forma... bebendo muito... pequenos furtos... brigan(d)o na rua... fui preso em noventa e oito com que idade? vinte e quatro anos... eu fui preso por amor ao hip hop tam(b)em... eu queria tê(r) gravado meu disco:::... a gente ia receber um... uma proposta de uma gravadora... estávamos num estúdio grava:::ndo e um... e infelizmente um sócio acabou roubando o outro da gravadora... eles não puderam bancar o disco... e a minha vontade de lançar o disco era muita né? 287 288 289 290 291 292 293 294 295 296 297 298 299 300 301 302 303 304 305 306 307 308 309 310 311 312 313 314 315 316 317 318 319 320 321 322 323 324 325 DV ((narrando)) há seis meses... Dexter está em liberdade... ele ficou treze anos atrás das grades...passando em prisões como o Carandiru por três anos e a penitenciária de presidente Bernardes por um ano DX eu tive que aprender muitas 26[coisas ali que até então eu não conhecia] 26 DV [você passou por muitas coisas ali dentro] DX rebeliões... todo dia morria alguém... uma treta... não sei... uma dívida... no primeiro dia que eu cheguei... o Muralha já matou alguém no campo... atirô(u) nele.... matô(u) ele... e parece que o Muralha jogou um copo de mijo nele e parece que quando ele percebeu ele foi DV e valeu uma vida DX e valeu uma vida... né mano? DV como você conseguiu fazer música de dentro da cadeia? DX não foi difícil não:::... por que... a gente vivia no sofrimento...eu canalizei tudo pra música... por exemplo... na P.2 de São Vicente... com dinheiro do próprio bolso eu construi... eu... eu e a dona Janaína aquela diretora de educação... ela acreditou em mim... eu lancei o meu primeiro disco solo lá.... ganhei seis prêmio(s) com o disco... participação do Brown... Gog... produção do Edy Rock...enfim... vários outros parceiros... MV Bill... também participô(u)... eu deixei três salas de aula... uma biblioteca... e uma rádio comunitária.... quando eu fui pra Bernardes lá... Bernardes é uma cadeia:::... de segurança máxima e que não te dá muitas oportunidades... pra nada na verdade né?... mas mesmo assim nós tinhamos um lugarzinho chamado Cafofo do Hip... que era o cafofo do hip hop né? e na parte da tarde... a gente sempre ficava nesse cafofo... escrevendo músicas e trocan(d)o idéia. DX ô... e ai irmão... tudo bem? Tranquilo? ((cumprimentando fã)) FD tudo bem? ((para Débora Vilalba)) DV prazer...tudo bom? DX pra quem que é? ((dando autógrafo)) FD é:::... Franciele... minha filha DX Franciele? DV apareceu um fã DX (o)brigado irmão...Deus abençoe... bom trabalho... isso ai e maravilhoso... é o melhor premio que eu posso receber na minha vida DV seis meses... cara... eu (es)tô impressionada com isso... por que em treze anos preso... você (es)tá a seis meses na rua... e as pessoas reconhecem seu trabalho... te vêem na rua... tem o maior respeito pela tua pessoa DX eu não quero sê(r) respeitado por medo... nem pelo que eu tenho ou pelo o que eu sô(u)... eu quero sê(r) respeitado por aquilo que eu co/... consigo construí(r)... com meu dom... com a oportunidade que me foi dada ((corte de cena)) 326 327 328 329 330 331 332 333 TH ((narrando)) em mil novecentos e noventa e nove... Dexter formou no carandiru o grupo Quinhentos e nove e...e lançou o seu primeiro C.D... em dois mil e cinco... ele lançou seu primeiro disco solo e desde então... ele pode levá(r) por ai a realidade que viveu dentro da cela... em forma de música... mas ele não é o único que uso a prisão como estímulo e inspiração para cantá(r) rap... tem alguns detentos que descobriram o som lá dentro e aprenderam a lidar com o sucesso... trancados a sete chaves Situação Comunicativa Entrevista com os integrantes do grupo Detentos do Rap Participantes Thaíde= TH Daniel = DN Reco = RC Maurício = MR Colina = CL Débora Vilalba= DB 334 335 336 337 338 339 340 341 342 343 344 345 346 347 348 349 350 351 TH a gente (es)tá aqui agora na parte de cima do camarim... aonde o detento está se concentrando pra apresentação... Daniel... tudo sobre controle?... Reco... Maurício... esse é o Maurício... de onde surgiu a ideia DJ Colina de montá(r) um grupo de rap dentro da cadeia? CL Thaíde... dentro de uma cadeia... não tem muita opção... a opção lá que eu tinha lá até hoje...era bola... droga... confusão ((vinheta - comercial)) ((aparece um garoto mandando uma rima bem curta)) DV Nelson triunfo é um doa maiores dançarinos que o Brasil já viu de perto ((fala enquanto assisti ao Nelson dançar)) ((vinheta – retorno do programa)) CL Thaíde... dentro de uma cadeia... não tem muita opção... a opção lá que eu tinha lá até hoje...era bola... droga... confusão... eu sempre fui um cara sossegadíssimo... graças a essas fitas ai... foi fácil de primeira... e o caminho viável foi a música... e como eu nunca tive dom pra cantá(r) eu fui no rap... ai o que acontece? eu comecei a escrever cara TH quanto tempo você ficou preso? MR fiquei onze anos 352 353 354 355 356 357 358 359 360 361 362 363 364 365 366 367 368 369 370 371 372 373 TH MR TH MR TH MR DV onze anos... que que você fez que você teve que ficar onze anos em reclusão? ostentação... marca... carro... essas coisas ai... que o moleque bate o olho e fala... eu quero... eu quero e tal você foi buscar o que você queria da sua maneira? sim... por isso eu fui preso em cima de um monte de dinheiro cara... por vários anos me senti um lixo... não um ser humano... por que eu não tinha nem parente... foi muito.... muito ruim... aconteceu de diversas formas... de eu olhar assim... todo mundo com visita... no dia das crianças... no dia dos pais... mulher... filho... mãe e tal e eu não tinha ninguém... então pra mim eu fui o cara mais pobre do mundo o que você escrevia eram coisas mais do que você vivia lá dentro ou coisa também que você já tinha vivido aqui fora? eu comecei a escrever o cotidiano da prisão depois um pouco... eu escrevia mais as lembrança(s) ((tocando rap 0:21:29 – 0:21:50)) ((corte de cena)) (narrando)) o grupo Detentos do Rap começou em mil novecentos e noventa e oito dentro do Carandiru quando quatro presos por furto e assalto a mão armada encontraram na música uma forma de encarar a nova realidade que estavam vivendo... o primeiro álbum foi gravado dentro de um estúdio móvel dentro da casa de detenção e vendeu mais de trinta mil cópias... com direito até a coletiva de imprensa dentro da cadeia... com músicas como Apologia ao Crime e Amor só de Mãe o resto é puro Ódio... eles fazem parte do seguimento mais polêmico e incompreendido do rap... o gangster rap Situação Comunicativa Entrevista com Maurício nas ruas do Capão Redondo Participantes Thaíde= TH Maurício = MR 374 375 376 377 378 379 380 381 382 383 TH MR TH MR TH vocês se julgam gangster rap? com certeza... por que hoje em dia é tido como gangster... aquele que (es)tá falando a realidade com con/contundência... pela falta de emprego aham ele vai pegá(r) o fuzil... ele vai pro farol... ou ele vai... ele vai entrá(r) num banco... vai assaltá(r)... (vo)cê entendeu?... então isso ai... muitas pessoas que relaram isso é tido como um gangsta rapper e tem vários grupos aqui que conseguem expressar isso muito bem... Facção Central... e até o próprio Detentos do Rap me(s)mo o Detentos... já teve algum problema de censura com as letras ou até um caso de apologia? 384 385 386 387 388 389 390 391 392 393 394 395 396 397 398 399 400 401 402 403 MR MR TH MR TH MR TH MR já teve uma censura no disco... no Deus do Morro né?... que tinha uma música que... chamava sequestro... e que nessa música... é:::... o Daniel saia da cadeia... só que o Daniel (es)tava duro...ai ele me liga falando –“o truta acabei de sair”... falei –“para tudo as arma(s)... que a agora a gente vai podê(r)... agora a gente vai naquela missão pra podê(r) gravá(r) o nosso C.D”... e::...e:: essa música... o foco era... a gente sequestrava o filho do Roberto Marinho ((Música Sequestro dos Detentos do Rap 0:23:23 – 0:23:41)) ai no final... a gente pegô(u)... conseguimo(s)... na música... conseguimo(s)... fazê(r) o sequestro... pagamo(s) o resgate e:::... e soltamo(s) o filho do Roberto Marinho... e:::... foi aonde a gente conseguiu gravá(r) o disco essa mensagem... dessa música ela... é isso mesmo ou existe um paralelo... uma metáfora? não... isso ai... foi uma metáfora... na:: hoje... ((resmungos)) qual é a metáfora? que nem a gente fala... isso foi uma coisa que nós fizemos no passado que hoje... a ideia é totalmente o contrário... que tudo serve pra amadurecê(r)... hoje em dia a gente passa pro moleque que a melhor coisa pra ele... conseguí(r) vencê(r) na vida... é ele estudá(r)... é ele procurá(r) uma boa faculdade... é ele procurá(r) tê(r) relação com pessoas boas você faria essa música de novo hoje? não... hoje não Situação Comunicativa Entrevista com o rapper Projota Participantes Rapper Projota = RP Sophia Reis = SR Kamau = KM 404 405 406 407 408 409 410 411 412 413 414 RP RP no meu... o rap hoje é uma apologia a vitória do... do pobre... no máximo... essa a mensagem que eu mais prego me(s)mo assim...um exemplo Facção Central que foi censurado... as pessoas falavam que era apologia ao crime... eu não via dessa forma... não era isso que eu entendia das letras... eu entendia que eles (es)tavam mostrando um monte de coisa que acontece sim através das letras... te passam uma realidade... de tudo isso... do... do... da calamidade pública... do crime... da violência... da tristeza na periferia as vezes... e eu não entendi que ele (es)tava falando que eu tinha que ir lá e virar ladrão... que eu tinha que... que... não... eu entendi que ele (es)tava falando... dá a volta por cima dessa parada... vocês podem mudar isso ((Facção Central canta I”sto aqui é uma guerra” 0:25:13 – 0:25:25)) você vê a importância que esse caras tiveram pra gente 415 416 417 418 419 SR KM RP esses caras tiveram uma importância pra vocês e vocês tiveram uma importância para uma geração né? é então... a gente... é.... a vida.. a responsabilidade que isso é... por que tem muita gente que ouviu a mesma coisa que a gente e foi pro lugar errado... entendeu? falô(u)... –“pô... ele (es)tá falando que é bem lô(u)co rô(u)bá(r)”... não... não é isso eles narram isso... pra que o governo tome uma atitude perante a isso... pra que a mídia tome uma atitude perante a isso Situação Comunicativa Participantes Reportagem sobre o Duelo de MCs no Metrô Santa Cruz Débora Vilalba = DB Sophia Reis = SR Marcelo “Gugu” = MG Flow = FL Cabulon = CB MC 13 = M3 420 421 422 423 424 425 426 427 428 429 430 431 432 433 434 435 436 437 438 439 440 441 DV ((narrando)) pra quem ouve o rap e não vive na periferia... tudo pode parecer apologia... mas para quem vive nela e acompanha a realidade dos versos cantados... tudo não passa de uma forma de gritar e lutar contra o abandono das autoridades... e é com esse propósito de liberdade de expressão característico do rap que a batalha dos MC’s continua no metrô Santa Cruz ((corte de cena: metrô Santa Cruz)) SR a gente tá aqui... a gente (es)tá num posto que teoricamente está fechado... mas mesmo assim... o pessoal (es)tá incomodado que a gente está aqui... falando que vão chamar a polícia... a gente (es)tá esperando o Flow conversar com ele FL beleza SR e ai? FL eu continuo lá SR ((para a câmera)) dá pra continuar parece... mas o que aconteceu? falaram que iam chamar a polícia? MG não não FL isso... falaram sim MG não... calma (es)tamo(s) falando da batalha SR ((risos)) FL não... tem que ler a bola... o que já foi já era MG a::... chamar a polícia FL vai CB impar 442 443 444 445 446 447 448 449 450 451 452 453 454 455 456 457 458 459 460 461 462 463 M3 FL M3 CB MG MG CB M3 CB M3 MG MG CB par...eu começo? (vo)cês que sabem ((risos))... ((fazendo o freestyle)) ((risos e provocações)) ((fazendo o fresstyle)) ((risos e provocações)) barulho pra Tre-ze ((ovações)) barulho pra Cabulon ((ovações)) ((fazendo o fresstyle)) ((risos e provocações)) ((risos))... ((fazendo o freestyle)) ((risos e provocações)) ((fazendo o fresstyle)) ((risos e provocações)) ((risos))... ((fazendo o freestyle)) ((risos e provocações)) barulho pra Tre-ze ((ovações)) barulho pra Cabulon ((ovações)) valeu moleque ((abraçando M.C Treze)) Situação Comunicativa Participantes 464 465 466 467 468 DV Reportagem sobre a Casa do Hip Hop Débora Vilalba = DV Nelson Triunfo = NT Thaíde = TH Prodígio = PR Juninho = JN Deejay = DJ Dançarino 1 Dançarino 2 o hip hop está muito bem representado nas ruas... mas também tem uma casa todinha dedicada a ele que é administrada por um dos precursores do movimento hip hop no Brasil... Nelson Triunfo... Bem vindo à casa do hip hop... vamos ver se a gente consegue conhecer o Nelson... um ícone do hip hop brasileiro... posso te atrapalhá(r) um pouquinho? 469 470 471 472 473 474 475 476 477 478 479 480 481 482 483 484 485 486 487 488 489 490 491 492 493 494 495 496 497 498 499 500 501 502 503 504 505 506 507 508 NT DV NT DV NT não... firmeza (vo)cê que é o Nelson Triunfo? dizem... dizem né? dizem que é? dizem... eu vou procurar saber a verdade... o homem... abre... vi:::... que é por causa do meu cabelo... (vo)cê já viu meu cabelo? ((tira a touca)) DV Uau:::... NT né?... de repente:::... vocês podem até (es)tá lembrando da minha voz... mas do meu cabelo DV meus cabelos 27[continuam os mesmos] NT é:::.. 27[os mesmos né?] ((corte de cena)) TH ((narrando)) Nelson Triunfo mais do que um dos precursores do hip hop no Brasil é também um ativista social que utiliza esse movimento cultural como ferramenta de inserção social e dirige a casa do Hip Hop... ela foi criada em mil novecentos e noventa e nove... conta com palestras...debates...oficinas de DJ... break e grafite para crianças e adolescentes DV as oficinas não cobradas? NT não... e uma coisa interessante:::... é::: a forma que nós trabalhamos... por que? por exemplo... eu gosto muito de grafitá(r)... então nós mostramos o grafite pra ele... e através do grafite nós trazemos pra ele ver outras coisas... um Picasso... um... outras... (evoluções) 28[é::] 28 DV [e começa ]a absorver outros 29[tipos de a:::rte] 29 NT [outros tipos de arte]... então nós... como eles (es)tão disposto(s) a pesquisar... a trazer a informação... nós pegamos esse 30[(inint.)]... nós temos outra casa do hip hop e eu (es)to(u) indo essa se-ma-na...tô(u) indo pra Berlin 30 DV [gancho]...Berlin? NT jovens daqui que não sabiam nem ir para o centro de São Paulo hoje (es)tão conhecendo a Europa... esse daqui... é um grande M.C... revelação lá da Zona Leste... o nome dele é Prodígio... e também é um grafiteiro... né? (es)tá aqui fazendo o grafite dele... né... PR é na verdade eu trabalho com isso... a minha profissão mesmo é grafite... me sustento com isso... meu filho também... o Juninho... vem (a)qui Juninho DV olha PR Ae... a gente sustenta a família com isso... com grafite... com rap... né? DV (vo)cê gosta do grafite do teu pai? JN opa DV gosta do hip hop? JN a::... adoro PR vi ele trabalhando no disso vivendo disso... adorei... falei... –“é isso que eu quero pra mim”... há dezesseis anos mais ou menos atrás 509 510 511 512 513 514 515 516 517 518 519 520 521 522 523 524 525 526 527 528 529 530 531 532 533 534 535 536 537 538 539 540 541 542 543 544 545 546 547 NT DV NT DV DJ DV DJ DV DJ DV DV DV DV D1 DV D2 DV D1 DV D1 por que na verdade o pessoal pensa que eu sô(u) jovem... mas eu (es)tô(u) fazendo cinquenta e sete anos esse mês se Deus quiser (es)tá:: jovem... 31[não vem não] 31 [mas eu] ainda dou um espacato e subo... não como você que desce e num sobre mais... (es)tá mano? ((cenas das aulas de Break)) tem um D.J... afinal de contas... o D.J faz parte do movimento hip hop... é um dos elementos do movimento... (vo)cê trabalha aqui na casa do hip hop? trabalho aqui na casa do hip hop... aprendi a tocar aqui mesmo...32[os movimento(s)] 32 [(vo)cê fez a oficina] aqui? fiz a oficina aqui... meu movimento... minha história do hip hop é tudo aqui uma coisa curiosa... hoje em dia a gente vê muitos equipamentos eletrônicos digitais... mas o D.J aqui... usa o bom e velho vinil se você não manipula o toca disco(s)... que a sigla D.J é de uma... domadores de disco... se você não é um domador de disco(s)... como você vai se considerar um D.J? o Nelson foi um grande dançarino de rap... e agora quem (es)tá seguindo o mesmo caminho... é o pequeno aqui... o filho dele ((filho de Nelson dançando)) o cara é um b-boy... com sete anos de idade pode?... Ó lá... e o mais lô(u)co é que o cara tem estilo... ((para Nelson Triunfo)) posso ter o prazer de ver pai e filho juntos na ativa?... Ó lá... momento histó:::rico.. ((Nelson Triunfo e seu filho dançando)) cara... oportunidade única... Nelson Triunfo um dos maiores dançari:::nos que o Brasil já viu de perto... agora eu senti firmeza no movimento... o Nelson chamou os b-boys e as bgirls... e eles vão fazer uma apresentação especial... pra Liga ((apresentação de break)) arrasaram... ((para dançarina)) (vo)cê dança a quanto tempo? três anos e uns meses três anos?... e você? três anos e uns meses também... (vo)cês sentem preconceito no meio dos meninos? a gente sofre... no começo a gente sofreu um pouco de preconceito... então por você ser mulher... os movimentos serem mais acrobáticos... exigem muito mais da sua força física... você tem que treinar o dobro do que um homem normal treinaria... então no começo você sofre um pouco de preconceito... a::... aquela menina fez errado.... você tem que trabalhar o dobro do seu físico... pra conseguir fazê(r)... mas vale a pena... depois você pode fazer aqui e ali que aprende... represente... e os caras pagam um pau né? é:: Situação Comunicativa Participantes Reportagem sobre o grupo Sometimes Crew Sophia Reis = SR Thaíde = TH Bia = BI Ana P = AP Dana = DN Sil = SI 548 549 550 551 552 553 554 555 556 557 558 559 560 561 562 563 564 565 566 567 568 569 570 571 572 573 574 575 576 SR ((narrando)) as mulheres também tem espaço no hip hop... mas algumas delas... pra isso tem que suar a camisa ((corte de cena: na academia)) SR nossa:::... olha que da hora::: TH essas são Dana... Bia... Ana Pê... Sil e Aline... elas são b-girls e elas formam o grupo Sometimes Crew... elas têm seus trabalhos paralelos mas a grande paixão está no break.. o elemento dentro da dança... dentro do hip hop SR vocês poderiam demonstrá(r) pra mim... a...cada...a especialidade de cada uma? BI eu vô(u) dançá(r) hip hop freestyle SR que é o estilo que você vai improvisá(r) BI é assim uns passos mais sociais SR vou fingí(r) que entendi e vô(u) vê(r) ela dançá(r)... tá bom? ((rindo)) ((mostrando os diversos estilos de dança do break)) SR vocês ficam lindas dançando... como é que é assim pra vocês meninas... é::::.. tê(r) esse espaço no hip hop? AP é dificil né? é complicado porque você é mulher no meio de muitos homens... tem que tê(r) ousadia nesse meio... eu e a Silvana... a gente trabalhou dois anos em um programa de hip hop... machi:::sta me:::smo... tinha que dançar de calça larga... camise:::ta.. e depois a gente (es)tava colocando uma calça mais apertada... colocando uma blusa mais apertada... e a gente revolucionou isso... tem que tê(r) atitude... e tem que tê(r) postura naquilo que você... faz BI tem aquele preconceito de você falá(r) assim... –“a::... o que você faz?”... –“eu sô(u) dançarina”... a pessoa já te imagina 33[semi nua] 33 SR [a:::... no pool dance] lá entendeu? BI tem isso também... eu já... logo que comecei a dançá(r) teve umas pessoas que falaram pra mim... por que (vo)cê faz isso? vai fazê(r) balé que é coisa de menina tem sempre essa... esse SR balé que é coisa de menina... é ótimo... ((sendo levada pra dançar))... ai mas verdade eu sou muito ruim 34[mas tem que ser] bem fa-ci-nho 577 578 579 580 581 582 583 584 585 586 587 588 589 590 591 592 593 594 595 596 597 598 599 600 601 602 603 604 DN SR DN SR BI AP SR SI SR 34 [(inint.)]... bem facinho... vamo lá... (vo)cê vai fazer isso ó ((mostra o movimento))... frente 35[...] vai... pro lado... um... vai... dois... agora só coloca um impulso... um... pá... todo mundo... ((dançando)) pá... pá... 35 [(es)tá]... ((rindo e dançando)) (inint.) você vai fazê(r) isso... olha bem pra lá... coloca a mão assim no seu rosto... queri:::da e faz... pronto... linda ai... realizei... vocês são formadas em dança... vocês começaram a dançar meio no rolê que vocês faziam... como é que é? comecei curtindo... mas eu sempre fazia aulas... ai depois que eu vi o que eu realmente queria... eu comecei a estudar muito aquilo e comecei a fazer workshops...pra aprender mais... aprender história... aprender o que que era aquele passo meu contato assim... foi tudo da rua... conheci a Silvana na rua também... conheci a (Trindade) na rua também... e minhas amizades... assim... tudo o que eu tenho hoje veio da rua da dança de rua e você? na verdade... eu comecei a dançar mesmo pra fugir de casa... que ai meu pai e minha mãe brigavam muito... e ai... ((começa a chorar))... eu até falei pra Ana... não gosto de falar sobre o porquê que eu comecei a dançá(r)... por que foi uma fase da minha vida muito ruim... pra não ficá(r) vendo meu pai batendo na minha mãe... sabe... então eu fugi disso... eu sempre que podia fugir de casa pra (es)tá(r) dançando... e eu dançava... eu num consegui sair disso... consegui não me envolver... eu tenho seis irmã(s) um irmão... um irmão meu... ele... ele (es)tá preso... eu podia tam(b)em (es)tá(r) presa... por que onde a gente morava era muito pobre... e a gente passava fome... eu podia (es)tá(r) roubando... eu podia (es)tá(r) me drogando... só que eu resolvi í(r) pro outro lado... o hip hop me ajudou a saí(r) disso gente as meninas NÃO estão indo viajá(r)... elas estão indo pro Manos e Minas fazê(r) uma apresentação... o programa lá da T.V Cultura... olha a quantidade de ma:::las que elas estão levando... isso... é.. a mala de uma dançarina meus amigos... vamo nessa então Situação Comunicativa Entrevista com Marina Participantes Thaíde= TH Marina = MA 605 606 607 608 609 TH MA TH MA você vive o machismo no hip hop em geral? sim...você sempre que tem inspiração tem distinção de sexo a minha inspiração não a minha mensagem é mandada para todas as pessoas então... a minha arte ou de qualquer um é mandada pra todo o mundo eu acho que essa distinção entre feminino e masculino...a inspiração é única e a arte é unica... pode ter uma 610 611 612 613 614 TH MA tendência mais feminina com certeza mas eu adoraria ver mais meninas pintando na rua...aqui em São Paulo tem muitas...outro dia estava falando com uma menina... que está fazendo um vídeo e um livro... no livro ela vai colocar quarenta... quarenta? mas ela chegou a contar mais de setenta Situação Comunicativa Reportagem sobre o Coletivo Um, três, dois Participantes Débora Vilalba= DV Thaíde= TH Vine = VN Grafiteiro 1 = G1 Jerry = JE 615 616 617 618 619 620 621 622 623 624 625 626 627 628 629 630 631 632 633 634 635 636 637 DV (narrando))o coletivo um três dois tinha grafitado a parede da vizinha... mas agora a meta é muito maior e promete trazer muita adrenalina... o novo alvo das latas de spray é uma parede de uma grande avenida de São Paulo... na frente de milhares de carros... e em pleno horário de pico ((corte de cena: nas ruas)) TH qual risco que se corre numa situação dessa na avenida? VN assinar o artigo um cinco meia TH um cinco meia? ((risos)) VN é... ((risos)) isso ai é chamado crime ambiental TH crime ambiental? VN é... ai uma pergunta... crime ambiental... que é aqui... esse asfalto... esses prédio(s) e ai? não é crime ambiental? TH certo VN entendeu?... a gente só (es)tá colorindo... meu TH e você alguma vez você teve que assinar esse artigo? VN já TH três vezes? G1 ai já fiz serviço comunitário no Trianon né?... oitenta horas de serviço comunitário TH algumas pessoas... né?... podem achar que o que vocês fazem... é vandalismo... qual a opinião de vocês sobre essas pessoas VN será que elas gritam da forma que elas tem que gritar?... se expressar?... talvez seja vandalismo... por que foge do cotidiano... foge duma rotina... não foge? … toca 638 639 640 641 642 643 644 645 646 647 648 649 650 651 652 653 654 655 656 657 658 659 660 661 662 663 664 665 666 667 668 669 TH JE TH JE VN TH VN TH VN JE TH VN MA TH MA entendeu?...só que depois veem de novo e veem e pronto e se procurarem entender provavelmente vão mudar de opinião seis horas da tarde... olha só a movimentação que (es)tá... caos pra descê(r)... caos pra subí(r)... e eles aqui... reunidos para fazê(r) mais um grafite para a cidade de São Paulo... maravilha... vocês já escolheram um lugar? desde lá... até pra cá ((mostra com a mão)) agora... quantas ppessoas estão envolvidas aqui? vão pintá(r) sete pessoas lá em baixo é o seguinte... vamo(s) abaixar bem os rolo(s) que tem uma base ali entendeu?... pra não dá(r) muito problema uma base policial? é... então abaixa os rolo(s)... a gente (es)tá trabalhando só isso já é um problema pra vocês? é então parece... é... um... ((gesto como se estivesse segurando o rolo)) se chegá(r) a polícia... não pará(r) velho... continuá(r)... uma pessoa vai trocá(r) ideia... o resto continua (es)tá ligado? não para... beleza? então eles estão indo de dois em dois né?... que ai não chama tanta atenção... é tudo um esquema organizadinho... já estão demarcando... olha lá... vocês já tiveram problema com a polícia? já... dessa vez eu (es)tava pintando... na vinte e tres... dia de copa.. ai pintando na rua né? fazendo grafite durante o jogo que é mais sossegado na cidade né? ai no processo... um policial de folga... a princípio me abordou... ai o cara chego(u) e me seguro(u) fiquei meio sufocado ai eu... não para por favor... é... você vai responder por isso... vai responder por isso... ele (es)tava falando muito bravo assim... só que eu (es)tava fazendo grafite... ela entendeu... a delegada entende... eu estava dentro da lei... é uma norma né?... se você tem autorização eu posso saber que você é o melhor artista do mundo... (es)tá lindo... mas não tem autorização havia um policial na Argentina... que até achava que um tag... era uma marcação de um ladrão... para uma casa a ser roubada ((risos)) que dó:::... você imagina o tamanho da ignorância... vale a pena sentar e falar... –“boa tarde senhor... tudo bom?” e transmitir também a ideia até para essas autoridades Situação Comunicativa Entrevista com o rapper Projota Participantes Rapper Projota = RP Sophia Reis = SR Kamau = KM 670 671 672 673 674 675 676 677 678 679 RP teve uma vez que... que (es)tava eu... o Rashid... o Emicida... e a gente (es)tava li na ba/ barra funda:::... a::: mulher do Emicida (es)tava indo se apresentar e tal... que ela dança... e a gente (es)tava indo lá com ela e com a irmão dela... e os policia(is) pararam a gente e perguntaram pra ela se a gente (es)tava sequestrando ela... roubando elas... alguma coisa assim... é aquilo... profissionais ruins tem em tu/ todo tipo de profissão... o problema é que essa é uma profissão que é muito importante na sociedade... é muito importante saca?... é tipo político cara ((vinheta - comercial)) ((mostra cenas do programa)) ((vinheta – retorno do programa)) Situação Comunicativa Entrevista com Maurício nas ruas do Capão Redondo Participantes Thaíde= TH Maurício = MR 680 681 682 683 684 685 686 687 688 689 690 691 692 693 TH MR TH MR TH MR TH MR TH ela ainda te para... ela ainda te aborda? o que acontece as vezes é você (es)tá(r) andando com um carro bom... o cara vai te pará(r)... ô... que que você fez pra podê(r) comprá(r) esse carro? (vo)cê (es)tá entendendo?... ai é a hora que a gente vai falá(r) me(s)mo... ó pergunta pro meu contador cara.. o que eu faço... entendeu? não tenho que dá(r) satisfação pra você... você não trabalha na receita federal hoje você tem essa opinião?... antes do hip hop você faria isso? não por que? por que eu não tinha um certo conhecimento né?... o hip hop.. ele acaba alertando abrindo sua mente abrindo a mente... coisas que... muitas coisas que fizemos no passado... hoje talvez não faríamos mais entendi Situação Comunicativa Entrevista com os integrantes do grupo Detentos do Rap Participantes Thaíde= TH Maurício = MR 694 695 696 697 698 699 700 701 702 TH A1 MR por que hip hop e polícia... não se entendem? não é que rap não goste de polícia... rap não gosta de mau policial... (es)tá ligado? tem polícia que aborda de uma maneira da hora... na boa... com educação e tal (es)tá ligado?... mas tem polícia que chega e esculacha... fala... toma ai vagabundo... põe a mão na cabeça...vagabundo por que senhor?... você me conhece?... (vo)cê já me viu? a polícia... quando você cola num bairro tipo morumbi... butantã... essas coisas... elas protege os cara(s)... quando uma pessoa de periferia sai na rua... ele se sente ameaçado... tem dias que você acorda as cinco horas da manhã e vai dar um trampo até as seis hora(s)... que nem no meu caso... trabalho dezesseis hora(s)... é marginal e já era Situação Comunicativa Participantes 703 704 705 706 707 708 709 710 711 712 713 714 715 716 717 DV DX DV DX DV Entrevista com Dexter Débora Vilalba = DV Dexter = DX falá(r) da polícia... ainda é um tema bastante complicado no rap não é? continuá(r) falan(d)o né? ((tosse))... a polícia age de forma coere/ incoerente na periferia não é?... a instituição policial é uma instituição racista... preconceituosa... opressora... o governo paulista... ele é um governo opressor... nessa mesma música... Salve-se quem puder... eu falo que... que quando se... se constrói uma escola... já se tem dez prisões a mais para inaugurar... (es)tá errado teve algum problema por ter falado? olha... eu acho que... eu tive uma ve:::z … eu participei de uma entrevista num determinado programa... a gente ia entrevistar um ex capitão da rota... sei lá... eu li o R.O.T.A 66 do Caco Barcellos 36[né?... ]assustador por ser realista... é:::.. então fiz algumas perguntas baseadas no livro e ai... ele acabou ficando um pouco nervoso e tal... isso me prejudicou mu:::ito... ele foi até deputado tal... ele usou desse poder que ele tinha... pra me prejudicá(r)... por trás das câmeras... eu fui transferido pra penitenciária de segurança máxima... quando que na verdade... eu não representava esse perigo todo 36 [assustador né?] Situação Comunicativa Entrevistas nas ruas sobre a arte do grafite Participantes Thaíde= TH Anônimo 3 = A3 Anonimo 1 = A1 Anonimo 2 = A2 718 719 720 721 722 723 724 725 726 727 728 729 730 731 732 733 734 735 736 737 738 739 740 741 742 743 TH A1 A2 TH A3 TH A3 TH A2 TH A2 com certeza as pessoas já estão olhando dentro do ô:::nibus... e dentro dos carros imaginando o que é que eles vão fazê(r)... o que (vo)cês acham desses grafites? olha só... olha só ó a feiura que (es)tá essa parede... deixá(r) essas paredes forradas assim (es)tá ligado?... dá(r) outro visual... isso ai é horrível.. mano eu acho que isso ai é arte... cara... é um tipo de arte... moderna... diferente né? o que a senhora acha desse trabalho? acho muito bonito né? aprovado? aprovado... melhor que pixador né? olha aí ai é verdade... mas tem que ver isso daí né?... Pixação eu já acho errado você acha? por que deni:::gre... tudo bem... é uma forma de eles se manifestarem... mas eu acho errado... assim a arte fica bonita na cidade... em vez daquele negócio tudo rabiscado... porque fica feio... é uma poluição visual Situação Comunicativa Entrevista com o grafiteiro Vine Participantes Thaíde = TH Vine= VN VN TH VN TH eu idolatro pixação... eu acho fantástico... essa tipografia... essa forma de construir letras... que só existe em São Paulo e existem pixadores e pixadores... existem pichadores que hoje tem mais de quarenta anos de idade... e hoje pixam a cidade inteira... só que sabem o lugar certo pra pixá(r)... existem os pixadores chamados de bafos... que vai pixar um grafite... vai pixar um monumento... vai pixar o muro branquinho... né?... de uma cada de uma pessoa... vai fazê(r) tudo mal feito... escrever porcaria... escrever palavrão que é quem queima o filme 37[de quem não sabe fazer o trabalho] 37 [que queima o filme]... não (es)tá contestando nada... que (es)tá ai pra sujá(r) e pra se divertí(r) de uma forma que (es)tá fora dessa cultura de rua 38[entendeu?] 38 [uhum] Situação Comunicativa Reportagem sobre o Coletivo Um, três, dois Participantes Thaíde= TH Jerry = JE 744 745 746 747 748 749 TH JE VN TH eles acabaram o trabalho deles... já estão voltando... ó... ó a carinha de felicidade... olhando o grafite que eles fizeram... olha só Hei... ((comemoração)) ((comemoração)) e ai?... muito bem... e ali está mais uma vez... a arte de rua... expondo... se expressando e contanto pras pessoas... pô... é-tica?... olha só ((câmera mostra o grafite)) Situação Comunicativa Participantes Entrevista com Dexter em seu carro Débora Vilalba = DV Dexter = DX Anônimo 1 = A1 750 751 752 753 754 755 756 757 758 759 760 761 762 763 764 765 766 767 768 769 DV DX A1 DX DV DX A1 DX DV DX DV DX DV foi aqui que você morô(u) durante algum tempo ? exatamente... durante seis meses... e ai? ((cumprimentando pessoas fora do carro)) e aí?... liberdade parceiro liberdade? ó que da hora ó lá que da hora... galera saindo manda um salve aí... pra rapaziada da Liga um salve aí pra todos... ai ó (es)tamo(s) junto(s)... vai com Deus aí meu irmão eles estão indo pra casa... tem noção? to tamanho da emoção que essas pessoas (es)tão passando hoje?... é um momento único que eles contavam nos dedos... pra pisá(r) na rua... sair por li caminhando pra onde eles quise:::rem... sabe o que é isso? depois de anos? diz ai Dexter... 39[você sabe] muito bem o que é isso 39 [(inint.)]... sensação indescritível... eu quando eu sai... sai choran(d)o.. pegan(d)o no mato... só de... ((pigarro)) só de lembrá(r) 40[a:::]... só de lembrá(r) emociona né? ((voz embargada))... saber que vai chegá(r) em casa... vai encontrá(r) a família 40 [cabeça a mil]... vai poder 41[dormir na cama] tomá(r) um banho 41 [tomá(r) um banho quente]... dormir numa cama:::...42[ che(i)ro::sa] ((risos))... sentí(r) o perfume de casa né? pô... 42 [ganhá(r) um abraço]... como é agora você voltá(r)... você indo levá(r) uma mensagem pra turma que (es)tá lá dentro? 770 771 DX então voltei... voltei de boa... foi um pouco dificil sim... é claro que foi né?... mas tudo bem... a gente (es)tá ai pra superar essas dificuldades também Situação Comunicativa Participantes Reportagem sobre a visita de Dexter à penitenciária José Parada Neto Débora Vilalba = DV Dexter = DX Participantes do Grupo = PG 772 773 774 775 776 777 778 779 780 781 782 783 784 785 786 787 788 789 790 791 792 793 794 795 796 797 DX DV DX PG DX DV DX DV DX e ai chefe? tudo bom? como é que (es)tá o senhor?... ((andando pela penitenciária))... falô(u) meu parça ((narrando)) o projeto como vai o seu mundo de Dexter em parceria com o Instituto Crescer... acontece todas as quartas-feiras e surgiu de um pedido de Jaime Garcia... Juiz de execução penal responsável pelo presídio... e é um fã do trabalho dele... o objetivo das atividades é fazer com que os encarcerados ouçam mensagens positivas de quem já passou por isso um dia... o projeto começou atendendo cinco sentenciados e hoje conta com pelo menos cinquenta ((fim da narração))... olha lá... a gente chegô(u) e todo mundo parou fazendo questão de cumprimentar o Dexter e agradecer a vinda dele aqui salve rapa salve prazer em revê-los meus parceiros de sofrimento aí... eu (es)to(u) aqui não só na condição de um cara que passo(u) por aqui... sabe o sofrimento... foram treze anos... certo? vocês e conhecem muito bem... vocês fizeram isso a vida inteira... continuem fazen(d)o... ((canta um rap)) parabéns a todos o projeto é da hora valeu ((palmas)) (vo)cê tem noção do respeito que esses caras têm por você?... de sabê(r) que você ficô(u) aqui... (es)tá lá fora fazendo sucesso... fazendo seus shows... mas mesmo assim você abre mão e abre um espaço na sua agenda... pra voltá(r) aqui:::... e conversá(r) com eles... e:::... dá(r) sua mensagem eu volto... nunca por obrigação... eu volto por amor a isso aqui... é uma sementinha plantada... e:::... o meu intuito é que dê bons frutos... já (es)tá dando bons frutos... (es)tá meio difícil falá(r) né? (inint.) mas é isso Situação Comunicativa Entrevista com Jaime Garcia Santos Júnior (Juiz de Execução Penal) no Pátio da Penitenciária José Parada Neto Participantes Débora Vilalba = DV Dexter = DX Jaime Garcia = JG 798 799 800 801 802 803 804 805 806 807 808 809 DV JG DV JG estou aqui com Jaime Garcia Santos Jú:::nior... ele é juiz de execução PE-NAL... e foi você que convidô(u) o Dexter para iniciar esse projeto... é isso? sim... e eu:::.... justamente resolvi convidá-lo por conhecer o trabalho dele... conheci a mensagem em que ele procura passá(r) através da:::... das suas músicas né?... é:::... uma mensagem de que o cárcere deve ser um local... no qual o sentenciado ele tem que... é:::.... assimilá(r) e se conscientizá(r) que o mal que ele causô(u) pra sociedade tem que introjetá(r) valores éticos morais... sem uma perspectiva de reincidência sem... sem perspectiva de voltá(r) pro cárcere (vo)cê acha que o hip hop... a linguagem do hip hop... facilita a compreensão desses homens a todas essas questões? sem dúvida nenhuma... porque é uma linguagem muito próxima... que retrata a realidade... que muitos deles viveram Situação Comunicativa Entrevista com os integrantes do grupo Detentos do Rap Participantes Thaíde= TH Daniel = DN Reco = RC Maurício = MR 810 811 812 813 814 815 816 817 818 TH RC TH RC DN RC TH RC TH todos vocês são do mesmo lugar... todos vocês moram aqui? todos saímos daqui... né... Mauri?... é:::... Jardim Atlantica Atlantica? do lado do terminal Capão Redondo... 43[que é no mesmo lugar]... onde cresceu 43 [mesmo lugar onde] eu moro hoje... casei... graças a Deus e uhum Deus abençoo(u) através do rap tam(b)ém... e:::... a gente mudô(u) né? é possível fazê(r) parte do hip hop sem ser da periferia? 819 820 821 822 823 824 825 826 827 828 829 830 831 832 833 834 MR TH MR TH MR TH MR TH MR TH MR esse povo de tanto apanhá(r)... ele aprendeu a se auto defendê(r)... então não tem como... eu acho que... pra falá(r) de rap a pessoa tem que (es)tá(r) aqui dentro... tem que (es)tá(r) vivendo o que é que tem de melhor aqui na área de vocês? aqui... por exemplo... aqui nós (es)tamo(s) indo agora na biblioteca do Negreto... tem um estúdio... aonde eles fazem as... pré produções tudo aqui? tudo aqui agora o que é que tem de ruim? se diz respeito do poder público com a gente... por exemplo... ó(lha) o tanto de escada(s) que nós (es)tamo(s) subindo pra poder se locomovê(r) uhum na época pegaram o que era de melhor e deixaram pra classe rica e dividiram isso aqui... pra que a gente se virasse dentro do seus metros quadrados sei entendeu? Situação Comunicativa Entrevista com Negredo sobre o Projeto Periferia Ativa Participantes Thaíde= TH Wilsão Negredo = WN 835 836 837 838 839 840 841 842 843 844 845 846 847 848 849 850 TH WN TH WN TH WN TH WN aqui... é onde a rapaziada têm atividade... social... vocês mesmos que... levantaram tudo? isso... a ideia antes aqui era... (inint.)... montá(r) a rádio Vida Lôca... os cara cedê(ram) esse espaço... que aqui nós era(mos)... um... um ponto de tráfico de droga(s)... ai nós tentamo(s) fazê(r) uma rádio... ai vimo(s) que não ia tê(r) concessão pra fazê(r) uma rádio... assim uma coisa ilegal... ai sugiu a ideia de fazê(r)... a biblioteca... isso aqui é:::... a área multiuso né?... esses quatro elemento(s) do hip hop... rap... break e grafite... samba rock... capoeira... e a biblioteca Exos... ela é lá dentro... é uma biblioteca móvel certo... aqui Ferrez é isso? ((aponta para o grafite)) é... Ferrez Brown? Ferrez... o Brown e a cúpula né? certo todo mundo junto... tem um estúdio e tem uma área de informática... não é um estúdio... é:::... comercial... não... num cobramo(s) nada... a ideia é... o moleque vim e fazê(r) uma aula de produção... aprende a produzí(r) a própria base... escreve a sua própria letra e grava... e ai:::... ele tem uma referência da... da... do que ele (es)tá fazendo... e temos um 851 852 853 854 855 856 857 858 859 860 TH WN terceiro espaço que agora é uma área de saúde... trabalhá(r) com diabetes... pessoas é:::... obesas se vocês não tivessem tomado essa i-ni-cia-tiva... vocês acham que o poder público ia fazê(r) isso? eles iriam chegar com essa in-tenção de fa/... transformar isso... essa... num local... num espaço cultural? não... eu acho que:::... (es)taria no mesmo jeito... seria um ponto de droga(s) ou alguma coisa pros cara(s) fica(rem) usufruindo da droga... por que nós tem(os) onze ano(s) e até hoje num tem apoio do poder público... é... é... o Brown... é o Ferrez... é o Maurício... é os grupo(s) de rap... é uma iniciativa praticamente do rap... por que tipo... é os cara(s) que soma Situação Comunicativa Participantes Entrevista com os integrantes do grupo Detentos do Rap nas ruas do Capão Redondo Thaíde= TH Daniel = DN Reco = RC Wilson Negredo = WN Maurício = MR 861 862 863 864 865 866 867 868 869 870 871 872 873 874 875 TH MR WN MR WN MR TH MR seguinte... aqui a gente vê um contraste certo?... aqui... favela ((câmera mostra a favela)))... desse lado... um condomínio fechado ((câmera mostra o condomínio fechado))... que é pras pessoas não saírem... não saírem mais de dentro do condomínio... ai dentro vai tê(r) shopping... vai tê(r) farmácia já tem isso já tem né? o único acesso que nós tinha(mos) era ao campo de futebol que tinha ali assim... mas acabaram o campo pra molecada não podê(r)... tê(r) o acesso mesmo quer dizer... eles (es)tão brincando aqui ((câmera mostra crianças brincando))... por que não completaram a cerca a:: então... então quer dizer que quando eles completarem essa cerca eles não vão mais poder... não vão mais poder poder mais atravessar a cerca... o futuramente... alguém... caso pulá(r) essa grade ai... a polícia tira daí 876 877 WN eles vão empurrando você... pro fundão... pro fundão... pro fundão... mas vai chegá(r) uma hora... vai sobrá(r) só água e num vai tê mais lugar pro (vo)cê í(r) Situação Comunicativa Entrevista com Negredo sobre o Projeto Periferia Ativa Participantes Thaíde= TH Wilsão Negredo = WN Reco = RC 878 879 880 881 882 883 884 885 886 887 888 889 890 891 TH RC qual a opinião de vocês sobre... sobre uma outra opinião... que diz o seguinte... que:::... o rap... ele faz um:::... um pré.... um... um... preconceito as avessas... sabe?... num gosto é:::.... de... de... de ri:::co... não gosto disso... num vô(u) fazê(r)... num vô(u) na mídia se eu tivé(r) uma oportunidade de me levatá(r) e ficá(r) bem... eu quero... agora... é:::... o que o rap bate o pé e bate de frente é... contra o preconceito... por exemplo... pegam menino desse que (vo)cê viu ai na quebrada e vamo(s) andá(r) em Santo Amaro comigo... pro (vo)cê vê... se uma criança dessa (es)tivé(r) ali só esperando a mãe comprá(r)... al... al... algumas pessoas sem sabê(r) o que (es)tá acontecendo joga(m) moeda(s) e imagina(m) que vai ro(u)bá(r)... não... não... imagina que pá... pega um.... u:::m... mano desse aqui ((coloca a mão no braço de Wilson Negredo))... uma benção dessa aqui... vamo(s) fazê(r) um pião aqui do outro lado ali... e por que o cara que nunca viu essa realidade... vai imaginá(r) que por causa dos óculos escuro(s)... corrente... e a forma de vestí(r)... vai imaginá(r)... que vai sacá(r) do revólver e vai... então eu acredito que o rap... ele é preconceituoso com o preconceito do... do... desses caras Situação Comunicativa Entrevista com os integrantes do grupo Detentos do Rap Participantes Thaíde= TH Rapper 1 = R1 Rapper 2 = R2 892 893 894 895 896 TH R1 TH R1 quando o pessoal...as pessoas... ficam sabendo que vocês faz rap... qual a reação das pessoas? desdém é mesmo? primeiro uma cara de desdém... depois... nossa ideia de marginal 897 898 899 900 901 902 903 904 905 906 907 908 909 TH R2 TH R1 por que você acha que tem... as pessoas tem essa reação? a::... um certo de preconceito né?... por que:::... já vem de um tempo atrás já que:::... a música da periferia e tal... então as pessoas já discriminam por ser marginalizado... entre aspas... a música... o pessoal que houve... o jeito que as pessoas se vestem...o jeito que a pessoa se apresenta pra sociedade... e não é o jeito que a sociedade qué(r) vê(r) o cantor de rap agora vocês acham que isso se deve ao que o rap fala... ou como as pessoas entendem o que o rap fala? o homem é o lobo do homem e teme o que não conhece... é muito fácil... (inint.)... por exemplo... se você colocar um Facção Central... por exemplo... pr’um cara que nunca ouviu rap... vai falá(r) é música de ladrão... fala de morte... não escuta a letra... não interpreta... nem tenta... então fica fácil criticá(r) uma coisa que você não tenta ao menos saber Situação Comunicativa Participantes Reportagem sobre a Casa do Hip Hop Débora Vilalba = DV Nelson Triunfo = NT Thiago = TI 910 911 912 913 914 915 916 917 918 919 920 921 922 923 924 925 926 927 928 NT DV TI DV TI DV TI DV TI DV TI NT esse cara aqui ele é advogado... é o trampo dele hip hop é a tua paixão também...não... na verdade assim... minha renda vem dos dois mas você conseguiria viver do hip hop? totalmente hoje sozinho não... mas é uma coisa que tipo assim... graças a Deus eu consegui conciliar pra conseguir fazer só os dois tem vontade de viver só do hip hop? por que nao? manda uma rima? o que? um sonho ((fazendo rap)) ((palmas)) então pra aqueles companheiros ai que pensava(m) que o hip hop... eram só aqueles manos que (es)tavam lá nas quebradinhas e que não (es)tavam com muito estudo... estão muito enganado(s)... nós (es)tamos articulado(s)... nós vamo(s) pra cima e a cultura é nossa também... e o país é nosso também e vamo(s) a qualquer parte do país... engenheiro... advogado... professor... o que for... é hip hop também e hip hop também é Brasil... tá legal?...quem ouviu... ouviu... quem não ouviu... depois fala né? 929 930 931 932 933 934 935 936 937 938 939 940 941 942 943 944 945 946 947 948 TI NT TI DV é... num pode falá(r) agora deixa quieto então tá bom ((risos)) Situação Comunicativa Reportagem sobre o Centro Cultural Participantes Thaíde= TH Endrigo = EN TH TH EN TH EN TH a gente (es)tá voltando... lá pro sarau no coletivo um três dois... mas antes a gente vai passá(r) aqui no Centro Cultural... por que parece que tem uns b-boys e tal como é que vai?.... tudo bom? ((cumprimentando))... seu nome? Endrigo (inint.) Endrigo... vamo(s) mostrá(r) um pouco de ação pra essa rapaziada... por favor opa demoro(u)...((dançando)) ai sim...ai sim hein? aqui é o pessoal do grafite ((assistindo a dança))... vendo o trabalho do pessoal do break... os b-boys... logo mais os b-boys vão ver o trabalho dos grafiteiros e assim o hip hop permanece unido... sempre mais forte... isso me lembra muito a época do Metrô São Bento... sabe como é que é?... que a gente ia pra lá pra se divertir... nem fazia ideia de que um dia isso viria a se tornar uma cultura tão popular como é o hip hop no Brasil... a gente começou por pura diversão e isso hoje faz parte da vida de milhares... de milhares de pessoas... no nosso pais e no mundo inteiro... olha só:::.... isso é um moinho de vento... se chama moinho de vento... ((aplaudindo))... com parada de giro de cabeça... pelo amor de Deus hein?... pelo amor de Deus...quem me dera...quem me dera eu vô(u) só tentá(r) tudo bem? ((começa a dançar))... é como andá(r) de bicicleta... não esquece Situação Comunicativa Entrevista com o rapper Projota Participantes Sarah Reis = SR Projota = PR 949 950 951 952 953 SR PR SR PR SR e aí cara? pô (es)tá pronto aí já? C.D pra vendê(r)...era o que faltava né? ó:: 954 955 956 957 958 959 960 961 962 PR não tem como não vendê(r) C.D no show né? isso é::... bora lá ((corte de cena)) ((continua a entrevista com o rapper Projota em seu carro) SR agora a gente (es)tá indo lá pra batalha lá da Santa Cruz... qual é a importância da batalha pra você? PR mudô(u) nossa vida assim... foi... foi crucial... batalhá(r) pra um M.C faz toda a diferença porque... que você.... batalha ali na frente de vinte... trinta... pessoas numa noite ali... e isso é que vai te dar experiência pra você se apresentá(r) pra cinco mil pessoas... (es)tá ligado? Situação Comunicativa Reportagem sobre o Duelo de MCs no Metrô Santa Cruz Participantes Sarah Reis = SR Anônimo 1 = A1 Projota = PR 963 964 965 966 967 968 969 970 971 972 973 974 975 976 977 978 979 980 981 982 983 984 SR PR SR PR SR PR SR PR A1 PR SR PR A1 PR chegamos na batalha de Santa Cru:::z... (vo)cês lembram da última vez que vocês vieram aqui? a:::... há uns dois anos eu acho dois anos?... ó:::... já dá pra (inint.) ((apontando os participantes da batalha))... encontrando o pessoal ai... e ai...beleza?... o que vocês vêem de diferente da época de vocês... que vocês vinham batalhá(r) pra hoje?... que vocês chegaram aqui... que que (vo)cês já viram? se tem uma coisa de diferente?... é a gente chegá(r) e ter uns meninos olhando pra nós e olhar e com aquele olhar de admiração... (es)tá ligado? tem um monte de moleque ai tirando foto... da hora... hein meu?... (es)tá vendendo ai meu? ((mostrando C.D de Projota))) (es)tô(u) vendendo... já saiu alguns ai e não tem lugar melhor né? pelo que eu percebi... por que aqui todo mundo... te conhece... os meninos curtem você pra caramba gosto... os menino(s) compra (inint.) pra galera ai ((comprando C.D de Projota)) quantos?... (vo)cê vê aqui tem vintão já vamo(s) lá... vamo(s) vê(r) aqui ((vendo algo)) a lá... mais quatro CD’s vendidos pode colocar Ruben a gente fez por cinco reais... (es)tá ligado?... não pesa tanto no bolso da pessoa e no fim das contas cada cinco reais acaba realmente fortalecendo nosso trabalho mesmo 985 986 987 988 989 990 991 Situação Comunicativa Narração Participantes Débora Vilalba = DV DV por mais que o hip hop esteja mesmo ganhando cada vez mais espaço no mercado musical brasileiro... os artistas ainda enfrentam preconceito pelas raízes na periferia... e o descaso por ser pouco comercial e direcionado a uma minoria... muitos deles precisam produzir os seus CDs de forma independente... vendê-los pessoalmente nas ruas e contar com a parceria dos outros integrantes do movimento... que com pouco espaço nos meios de comunicação se unem para prosperar com o hip hop Situação Comunicativa Entrevista com Mandrake sobre a Revista Rap Nacional Participantes Thaíde= TH Mandrake = MK 992 993 994 995 996 997 998 999 1000 1001 1002 1003 1004 1005 1006 TH MK TH MK aqui tem a revista Rap Nacional que tem... essa é uma nova... uma nova edição essa ai é a número um me diz... me diz uma coisa... uma música e um movimento... é... cultural como o hip hop por exemplo... sem o apoio da mídia... nacional... qual a dificuldade de se colocar um material desse na rua? é... o caminho que a gente encontrou é fazer nossa própria mídia... a gente tem jornalista... a gente tem designer gráfico... a gente procurou se profissionalizar... pra dar espaço para as pessoas que não tem espaço Situação Comunicativa Narração Participantes Débora Vilalba = DV DV e por mais que a mídia tente segmentar a programação e procurar muitas vezes os assuntos que dizem respeito a uma minoria... a T.V cultura colocou na sua grade desde Abril de dois mil e oito... o programa Manos e Minas... ele é o único da T.V aberta dedicado exclusivamente ao hip hop e onde as meninas do Sometimes Crew vão se apresentá(r) essa noite ((trecho do programa Manos e Minas)) Situação Comunicativa Reportagem sobre o Programa Manos e Minas Participantes Sophia Reis = SR Max BO = MX Ana P = AP Aline = AL Bia = BI 1007 1008 1009 1010 1011 1012 1013 1014 1015 1016 1017 1018 1019 1020 1021 1022 1023 1024 1025 1026 1027 1028 1029 1030 SR MX SR MX SR MX ê:::... tudo bom cara? tudo bom e com você? tudo ótimo... primeiro... Max apresenta o programa Manos e Minas aqui... não é mesmo? é isso ai você acha que esse espaço pras mulheres no hip hop... ele existe... ele é grande? eu acho que ele podia ser maior né?.... ainda tem essa coisa sabe? tê(r) um show...ai as minas cantam menos músicas... dançam meno... menos tempo... poderia tratar as meninas com mais carinho (es)tá ligado? SR ((nos bastidores)) momento de concentração das meninas... elas estão ali reunidas... daqui a pouco elas vão entrar no palco... vão se apresentá(r)... elas que ainda são minorias no hip hop... elas vão entrar agora pra se apresentá(r) ((Apresentação de Sometimes Crew)) SR elas arrebetaram ago:::ra... elas acabarma de apresentar... todo mundo curtindo pra caramba... acho que elas (es)tão felizes SR meninas e ai como foi? AP eu fiquei emocionada SR você ficou emociona:::da? AP eu entrei eu fiquei sem ação hoje... eu sabia que a música começou e eu fiquei sem ação SR e a sensação agora o que que fica? AL ah assim... de orgulho... de trabalho feito BI pra mim é uma vitória SR o hip hop na liga meus amigos ((risos))... são as meninas aqui... não é mais o Thaíde ((riso sarcástico)) Situação Comunicativa Narração Participantes Thaíde = TH 1031 1032 1033 1034 TH e quem (es)tá começando agora sonha também em ter seu trabalho visto e reverenciado... um ótimo ponto de partida é o Ensaiaço... um projeto dos Detentos do Rap junto com o Ferrez... um ativista social do Capão Redondo... onde eles cedem todos os equipamentos e toda última sexta-feira do mês... os grupos levam suas bases e apresentam seu som Situação Comunicativa Reportagem sobre o Ensaiaço Participantes Rapper 1 = R1 Thaíde = TH Rapper 2 = R2 Maurício = MR 1035 1036 1037 1038 1039 1040 1041 1042 1043 1044 1045 1046 1047 1048 1049 1050 1051 1052 1053 1054 1055 1056 1057 1058 1059 R1 TH R2 MR TH MR TH então vamo(s)... que vamo(s) aí ((cantando)) olha só a quantidade de gente que veio só pra ensaiar... não parece muito? pra mim é bastante porque eles vem aqui... e usam o espaço pra poder mostrar o trabalho... então não estão ganhando dinheiro nada disso... é pura... satisfação ((cantando rap)) queria chamá(r) um cara aqui... que:::... esse cara com certeza é uma das maiores referências do rap nacional... pra todo mundo com certeza... salva de palmas ai.... Thaíde muito obrigado ((subindo no palco))... eu quero aproveitá(r) ai esse espaço... já que... esse aqui? ((pegando outro microfone))...aproveitando esse espaço já que (es)tá tendo esse ensaiaço e ensaiar também uma coisinha nova... que quem produziu foi o D.J Dri e tem a participação do grande parceiro... o:::... Dexter... ele não (es)tá aqui hoje... então gostaria de fazê(r) a minha parte... até por que eu ando errando muito essa parte da letra... se vocês me permitirem... pode ser?... a música se chama... click... cléck... ((Cantando o rap 1:05:47 – 1:06:30))... é isso ai... obrigado valeu queria que você mandasse uma mensagem pra essa rapaziada que (es)tá começando hoje o importante é vocês saberem o que vocês querem... o que vocês são... levá(r) adiante a mensagem de respeito... do não preconceito... da batalha do dia a dia e sabê(r) que... todo não... que você... que você recebê(r) por ai... é sempre uma demonstração de medo... de você tirá(r) o espaço de alguém... ou sê(r) mais competente... nunca é por que você é incompetente... por que isso nas favelas do Brasil não existe... não existe incompetência... tanto que... a gente sendo massacrado a tanto tempo a gente... cada dia que passa... aparece mais e mais... e mais forte e mais talentosos boa sorte a todos vocês e sempre... cabeça erguida rapaziada ((palmas dos ouvintes)) Situação Comunicativa Reportagem sobre o Duelo de MCs no Metrô Santa Cruz Participantes Sarah Reis = SR Flow = FL Projota = PR Kevin = KE Koell = KL 1060 1061 1062 1063 1064 1065 1066 1067 1068 1069 1070 1071 SR PR FL SR KE SR KE KL FL bom já (es)tamo na final então?... chegou a final cara? vai cantá(r) o som? vamo(s) você quer se concentrar assim?... quer que eu pare de falá(r)? não grande finalíssima ago:::ra... ((fazendo freestyle)) ((fazendo freestyle)) barulho ai pra Kevin ((Uma pessoa bate palma))... barulho para Koell ((palmas e ovações))... Koell é o grande campeão SR ((fazendo freestyle))... ((palmas e ovações)) ((fim do programa))