Raça/racismo na formação cultural brasileira:
a criminalização da cultura negra
Amanda Moraes e Bueno - Iniciação Científica (UFPR/TN)
Orientador: Ricardo Prestes Pazello
Admite-se a noção de raça como uma construção
teórica que codificou as diferenças biológicas entre
colonizadores e colonizados, impondo diferentes papéis
sociais, tornando-se, assim, um instrumento de
dominação social. Desse modo, o colonizado foi
colocado em situação de natural inferioridade, mas não
só as suas características biológicas, como também
sua cultura e subjetividade. O objetivo específico
consistiu, assim, em uma análise do movimento negro
surgido no Brasil. A princípio com a Frente Negra
Brasileira (FNB), que buscava mais uma assimilação
do negro à sociedade, posteriormente, o Movimento
Negro Unificado, que questionou a democracia racial, e,
hoje, o Hip Hop, que, em que pese se questione sua
classificação como movimento negro, traz em si a
contestação do status quo e do preconceito racial.
A metodologia consistiu em análise de autores que
tratam das temáticas abordadas na pesquisa.
QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder,
eurocentrismo e América Latina. Em: LANDER,
Edgardo (org). A colonialidade do saber:
eurocentrismo e ciências sociais – Perspectivas
latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005.
RIGHI, Volnei José. RAP: ritmo e poesia: construção
identitária do negro no imaginário do RAP brasileiro.
2011. Tese. Universidade de Brasília, 2011.
Nenhum dos autores analisados apontam qualquer
resposta definitiva se o Hip Hop seria Movimento Negro.
Petrônio Rodrigues afirma ser precoce a categorização do
Hip Hop como Movimento Negro. O RAP, por sua vez, é
também um produto de consumo, que cresce cada vez
mais sua aceitação no mercado fonográfico. De acordo
com João Batista de Jesus Felix, o poder comercial do RAP
nos Estados Unidos contribuiu para que hoje não mais se
relacione com os ideais do Hip Hop, ou seja, não mais, em
geral, tenha letras politizadas e contestadoras, de maneira
que não é visto mais como porta-voz dos guetos. Assim, o
RAP mostra-se ambíguo, ora como produto de consumo,
ora como canal de contestação política.
O RAP brasileiro mostra-se como um mecanismo de denúncia,
como um meio de dar voz àqueles que sempre foram
invizibilizados em razão da lógica capitalista. Assim, posiciona-se
como um elemento de resistência às opressões e
discriminações do Estado e da sociedade. Mostra-se como
forma de organização de pessoas que vivem em periferias, que
se utilizam da música como meio de buscar uma
conscientização da violência perpetrada por um discurso
racista. Embora não seja possível dar uma resposta definitiva se
o Hip Hop seria, ou não, movimento negro, é inegável o papel
que têm na desinvizibilização dos sujeitos oprimidos, dando voz
àqueles que nunca foram escutados. Assim, o Hip Hop e o RAP
são elementos de resistência diante de uma política racista tão
cruel.
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Amanda Moraes e Bueno