CARTA DO LEITOR
ESCLARECIMENTO SOBRE INFORMAÇÃO DIVULGADA
NO JORNAL INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS
Dr. Tsuioshi Yamada,
Na página 2 do Jornal Informações Agronômicas nº 114,
publicado em junho último, consta a Tabela 3, intitulada “Teores de
nutrientes usados na interpretação dos resultados das análises de
folhas de soja (com pecíolo) para o Mato Grosso do Sul e Mato
Grosso (estádio R2)”.
Gostaria de esclarecer que, por um equívoco, na publicação
“Tecnologia de Produção de Soja – Região Central do Brasil - 2006”,
de onde esta tabela foi compilada, não constam informações sobre
o trabalho de pesquisa que originou os teores de suficiência para
amostras de folhas com pecíolo.
Assim, no intuito de contribuir para o esclarecimento desta
questão, informo-lhe que, entre os pesquisadores da Embrapa
Agropecuária Oeste, sediada em Dourados, MS, havia a preocupação com a ausência de consenso na literatura quanto ao procedimento na amostragem de folhas de soja, existindo a recomendação
de coleta do terceiro trifólio a partir do ápice (Malavolta et al., 1997;
Embrapa, 2002) bem como deste acompanhado de pecíolos (Raij,
1991; Borkert et al., 1994; Bataglia et al., 1996 e CFSEMG, 1999). Os
níveis críticos adotados pelos autores mencionados são os mesmos, não obstante os teores nos limbos foliares diferirem quando
estes são coletados junto com os respectivos pecíolos. De acordo
com Kurihara (2004), o terceiro trifólio sem pecíolo apresenta teores
maiores de N, P, Cu, Fe, Mn e Zn, e menores de K, em relação ao
terceiro trifólio com pecíolo, o que poderia estar induzindo a equívocos na interpretação dos resultados da análise foliar.
Por esta razão, a partir do ano agrícola 1997/1998, efetuouse a formação de um banco de dados com informações sobre teores foliares de nutrientes e rendimento de grãos de soja, a partir de
coletas efetuadas em talhões de lavouras nos Estados de Mato
Grosso do Sul e Mato Grosso. Usando-se este banco de dados,
efetuou-se a estimativa da faixa de suficiência de nutrientes em
amostras de folhas com pecíolo, através do relacionamento do
teor foliar com o respectivo índice DRIS, conforme Oliveira e Sousa
(1993), Oliveira e Cassol (1995), Wadt et al. (1998), Oliveira, (1999),
Silva (2001) e Reis Junior (2002).
Em dois trabalhos apresentados na 26ª Reunião de Pesquisa
de Soja da Região Central do Brasil, realizado em Ribeirão Preto, em
2004, foram demonstrados que a predição do estado nutricional da
soja é obtida de forma satisfatória para ambas as folhas-índice avaliadas (terceiro trifólio e terceiro trifólio com pecíolo), desde que a
amostragem seja efetuada no estádio de floração plena. Porém, considerando-se que, em termos de prática de amostragem, a inclusão do
pecíolo facilita o trabalho a campo, tanto na coleta como no manuseio
do material vegetal, sugeriu-se a adoção do terceiro trifólio com pecíolo
no procedimento de amostragem. Neste trabalho, também foram
estabelecidas as faixas de suficiência de nutrientes, para amostras de
folhas com pecíolo. Após discussão e aprovação do trabalho na
Comissão Técnica de Nutrição, Fertilidade e Biologia do Solo, estas
faixas de suficiência passaram a ser adotadas na publicação
“Tecnologia de Produção de Soja – Região Central do Brasil”.
Desta forma, solicito-lhe que, em uma próxima edição do
Informações Agronômicas, sejam divulgados os resumos dos dois
trabalhos apresentados na 26ª Reunião de Pesquisa de Soja da
Região Central do Brasil e o trabalho de tese que originou as informações anteriormente mencionadas.
Informo, ainda, que os resultados deste trabalho originaram
dois artigos científicos, a serem encaminhados à Revista Brasileira
de Ciência do Solo.
Sem mais, agradeço a sua sempre valiosa atenção e colocome à disposição para quaisquer esclarecimentos.
Cordialmente,
Carlos Hissao Kurihara
Pesquisador em Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas
Embrapa Agropecuária Oeste
Rodovia BR 163, km 253,6
79804-970 Dourados-MS
Fone: (67) 3425-5122
FAIXA ÓTIMA DE TEORES FOLIARES DE NUTRIENTES EM SOJA DEFINIDA PELO USO DE MÉTODO DRIS DE
DIAGNOSE DO ESTADO NUTRICIONAL
KURIHARA, C. H.; ALVAREZ V., V. H.; NEVES, J. C. L.; NOVAIS, R. F. de; STAUT, L. A.; MAEDA, S. In: REUNIÃO DE PESQUISA DE
SOJA DA REGIÃO CENTRAL DO BRASIL, 26., 2004, Ribeirão Preto. Resumos... Londrina: Embrapa Soja/Fundação Meridional,
2004. p. 102-103. (Embrapa Soja. Documentos, 234).
Na cultura da soja, as faixas de suficiência de teores foliares
de nutrientes foram estabelecidas no final da década de 80, a partir
das médias dos teores definidas para seis regiões produtoras norteamericanas. Este trabalho teve como objetivo estabelecer faixas
ótimas de nutrientes para o terceiro trifólio com pecíolo, por meio do
relacionamento entre o índice DRIS (Sistema Integrado de Diagnose
e Recomendação) e o respectivo teor foliar de amostras componentes de uma população de alta produtividade (> 3.900 kg ha -1).
Para isto, utilizou-se um banco de dados formado por 257 amostras coletadas em lavouras comerciais de soja cultivadas no sistema plantio direto, nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do
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Sul e Goiás, nos anos agrícolas 1997/1998 a 2001/2002. A partir
dos talhões da população de referência, foram estabelecidos os
índices DRIS.
As faixas ótimas, obtidas pelo ajuste de um modelo linear
para o teor foliar de nutrientes em função do índice DRIS, considerando-se uma amplitude de mais ou menos 2/3 desvios-padrão em
torno do valor ideal igual a zero (Faixas de Beaufils) foram: 34,7 a
45,2 g kg-1 de N; 2,4 a 3,7 g kg-1 de P; 17,6 a 26,3 g kg-1 de K; 7,5 a
13,1 g kg-1 de Ca; 2,9 a 4,5 g kg-1 de Mg; 2,0 a 3,1 g kg-1 de S; 33 a
50 mg kg-1 de B; 5 a 11 mg kg-1 de Cu; 58 a 114 mg kg-1 de Fe; 31 a
71 mg kg-1 de Mn e 33 a 68 mg kg-1 de Zn.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 115 – SETEMBRO/2006
CARTA DO LEITOR
DEFINIÇÃO DE PADRÕES PARA A AMOSTRAGEM DE TECIDO FOLIAR NA CULTURA DA SOJA
KURIHARA, C. H.; ALVAREZ V., V. H.; NEVES, J. C. L.; NOVAIS, R. F. de; OLIVEIRA, S. A. de. In: REUNIÃO DE PESQUISA DE SOJA DA
REGIÃO CENTRAL DO BRASIL, 26., 2004, Ribeirão Preto, SP. Resumos... Londrina: Embrapa Soja: Fundação Meridional, 2004. p. 103.
(Embrapa Soja. Documentos, 234).
Não há consenso na literatura quanto ao procedimento de
amostragem de tecido foliar de soja, no tocante ao tipo de material
(terceiro trifólio com ou sem pecíolo) e à época de coleta (início de
floração até início de formação de vagens). Este trabalho teve como
objetivo a definição de padrões para a coleta de amostras de folhas,
a partir de análises de regressões para teores de nutrientes em partes da planta, em função dos teores destes no terceiro trifólio com
ou sem pecíolo, nos estádios de desenvolvimento R2 (floração plena) e R4 (vagem formada).
Efetuou-se coleta de amostras de 30 plantas de soja no ano
agrícola 2001/2002, em 28 lavouras comerciais cultivadas no sistema plantio direto, na região sul do Mato Grosso do Sul. Cada amostra foi separada em caule, pecíolo, trifólios, terceiro pecíolo e tercei-
ro trifólio, para posterior determinação de teores de macro e
micronutrientes.
Os resultados obtidos demonstraram que a predição do estado nutricional da planta é obtida de forma satisfatória para ambas
as folhas-índice avaliadas, desde que a amostragem seja efetuada
no estádio de floração plena. Porém, considerando-se que em termos de prática de amostragem a inclusão do pecíolo facilita o trabalho a campo, tanto na coleta como no manuseio do material vegetal,
sugere-se a adoção do terceiro trifólio com pecíolo no procedimento de amostragem. Observou-se também maiores teores de K no
pecíolo e de N, P, Cu, Fe, Mn e Zn no limbo foliar, o que indica a
necessidade estabelecimento de valores referência específicos para
o tipo de folha-índice amostrado.
DEMANDA DE NUTRIENTES PELA SOJA E DIAGNOSE DE SEU ESTADO NUTRICIONAL
KURIHARA, C. H. 2004, 101 p. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2004.
O critério atualmente adotado para a avaliação do estado
nutricional e recomendação de adubação para a cultura da soja nos
Estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, baseado no estabelecimento de níveis críticos, tem permitido a obtenção de produtividades médias em torno de 3.000 kg ha-1. Contudo, para a obtenção de produtividades mais elevadas e econômicas, sem prejuízos
ao equilíbrio ambiental, deve-se visar à definição de modelos quantitativos que permitam estimar a demanda por nutrientes em função
do potencial de produção almejado, associado ao estabelecimento
e manutenção do balanço nutricional das plantas.
A partir de um banco de dados formado pelo monitoramento
nutricional de lavouras comerciais de soja cultivadas no sistema
plantio direto, nos Estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e
Goiás, foram estabelecidos modelos matemáticos para a estimativa
da demanda nutricional em função do potencial produtivo almejado
e dos teores de nutrientes na folha-índice, no estádio de florescimento pleno, ou então, em função da produtividade e do coeficiente de utilização biológica (CUB) estimado para os diferentes
órgãos da planta.
Os métodos de diagnose do estado nutricional Chance
Matemática (ChM), Índices Balanceados de Kenworthy (IBK), Sis-
tema Integrado de Diagnose e Recomendação (DRIS) e Diagnose
da Composição Nutricional (CND) mostraram-se concordantes em
indicar que o teor ótimo de nutrientes na folha-índice é a própria
média da população de referência. Já os teores ótimos de Ca, S, Mn
e Zn na folha-índice permanecem praticamente inalterados em produtividades inferiores a 3.600 kg ha-1 e aumentam a partir deste
potencial produtivo. E os teores ótimos de N, P, K, Mg, B, Cu e Fe
não variaram mesmo para produtividades superiores a 4.800 kg ha-1.
Constatou-se que os valores de referência para a diagnose
do estado nutricional são influenciados pelo tipo de folha-índice
amostrado (terceiro trifólio com ou sem pecíolo). O limbo foliar apresenta teores maiores de N, P, Cu, Fe, Mn e Zn e menores de K, em
relação aos pecíolos. A predição dos teores de nutrientes na planta
em função dos teores na folha-índice, e da máxima produção de
matéria seca em função do acúmulo de nutrientes na folha-índice,
podem ser efetuadas de forma adequada com os teores do terceiro
trifólio associado ou não ao pecíolo, desde que a amostragem seja
realizada no estádio de florescimento pleno. Verificaram-se diferenças na sensibilidade do DRIS em diagnosticar o estado nutricional de
N, P e S em solos muito argilosos, e de P em solos arenosos, em razão
da adoção de normas gerais ou específicas para a classe textural.
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