Sem mais desperdícios dentro das embalagens Fabiane Staschower* E studantes de doutorado do Massachusetts Institute of Technology (MIT – em português: Instituto de Tecnologia de Massachussets) desenvolveram uma nova tecnologia chamada LiquiGlide® para resolver um problema muito comum: usar o ketchup da embalagem até o final. A nova tecnologia consiste em um revestimento que pode ser aplicado em embalagens de plástico, vidro, metal ou cerâmica, com propriedades que não deixam o produto aderir nas paredes do frasco, fazendo com que haja um “escorregamento”. Esse revestimento é produzido com componentes já aprovados pelo Food and Drug Administration (FDA), órgão americano que regulamenta produtos que podem ter contato com alimentos. Como cada revestimento é único, é possível aplicá-lo tanto para materiais de bens de consumo e para setores industriais, quanto em tubos de escoamento, plantas de energia, indústrias químicas, entre outros. Nesses casos, o LiquiGlide pode auxiliar na diminuição da energia gasta para transportar fluidos, além de reduzir o tempo de limpeza de equipamentos. A ideia surgiu de repente, enquanto a equipe trabalhava no desenvolvimento de uma substância para retirar a neve em asas de aviões. “De alguma forma, surgiu a ideia de colocá-lo em garrafas de alimentos. Poderia ser ótimo, apenas por suas propriedades escorregadias. Além disso, a maioria das outras aplicações tem um tempo muito maior no mercado; nós percebemos que poderíamos fazer este revestimento para garrafas”, afirmou Dave Smith, estudante de doutorado do MIT. Para as indústrias de bens de consumo/alimentos, podemos citar várias vantagens desse revestimento, como: •melhoria da evacuação do produto de dentro da embalagem, podendo utilizá-lo em 100%; •melhoria da eficiência no processamento do produto, reduzindo os ciclos de limpeza necessários nos equipamentos; •produto mais sustentável, já que diminui a quantidade de lixo, uma vez que, em média, 25% deixam de ficar impregnados nas embalagens comuns; •redução do material de embalagem, já que não há necessidade de adicionar acessórios como tampas sofisticadas ou sistema “pump”; •possibilidade de criação de diferentes designs de embalagens. 24 Editora B2B Foto: Divulgação vanguarda O revestimento é feito para diferentes materiais. A dependência é qual será sua aplicação. Portanto, para cada produto específico, é necessária uma nova pesquisa para definir os materiais. Já houve desenvolvimento para a aplicação em vários alimentos como: condimentos, mel, bebidas carbonatadas, iogurtes, maionese, geleias etc. Um dos aspectos mais relevantes dessa novidade para os dias atuais é a possibilidade de retirar 100% do produto de dentro da embalagem, o que vai ao encontro de técnicas sustentáveis e evita o desperdício de alimentos e de outros produtos. Nos Estados Unidos, fez-se uma estimativa de que, se todas as embalagens de molhos/condimentos utilizassem esse revestimento, um milhão de toneladas de alimentos seria salvo por ano. *Fabiane Staschower: consultora da FuturePack e do Instituto de Embalagens. Mestre em embalagens pela Michigan State University em Michigan/EUA. Engenheira Química pela Escola de Engenharia Mauá. Trabalhou por mais de dois anos na indústria de embalagens flexíveis. Nos Estados Unidos, atuou como pesquisadora da Universidade desenvolvendo projetos de embalagens para grandes empresas no setor de bens de consumo. Também participou de um importante projeto de inovação com a Dow e a USDA.