ID: 50664594 07-11-2013 Tiragem: 38650 Pág: 6 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 10,49 x 30,48 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Colheita de órgãos vai passar a poder ser feita em doentes de coração parado Saúde Catarina Gomes Medida aguardava há pelo menos três anos por parecer da Ordem dos Médicos Pelo menos desde 2010 que estava prevista a possibilidade de passar a poder ser feita a colheita de órgãos para transplante em dadores em paragem cardiocirculatória — agora a medida vai mesmo avançar. Actualmente, apenas é feita colheita em doentes em morte cerebral. A medida estava dependente de um parecer da Ordem dos Médicos que tardou três anos a chegar. A ideia é aumentar o número de transplantes, nomeadamente de rins. Em comunicado, o Instituto Português do Sangue e da Transplantação congratula-se com a aprovação da medida, que ontem foi publicada em Diário da República. À semelhança do que já acontece com a morte cerebral, o despacho define as regras de acordo com as quais pode ser declarada a paragem cardiocirculatória. São critérios médico-legais “cientificamente irrefutáveis” que foram propostos e aprovados pela Ordem dos Médicos. Para que estes doentes se tornem dadores têm que estar reunidos vários critérios, entre eles a ausência inequívoca de batimentos cardíacos, de traçado electrocardiográfico, a ausência de movimentos respiratórios espontâneos por período não inferior a 10 minutos, a realização, durante um período não inferior a 30 minutos, de mano- bras de suporte avançado de vida. A medida pretende aumentar a “doação cadáver”, particularmente de rim, já que, nos últimos anos, o número de dadores tem vindo a diminuir, “não acompanhando as necessidades dos doentes candidatos a transplante renal”, lê-se. Segue-se agora a operacionalização do programa, tendo sido criada uma comissão técnica composta por especialistas dos cinco maiores hospitais portugueses. Vai ainda ser necessário fazer um protocolo de articulação entre o Instituto Nacional de Emergência Médica e um hospital preparado para receber estes possíveis dadores. Na Europa, apenas alguns países têm legislação que permite este tipo de colheita. Em Espanha, que é considerado um caso de sucesso na área dos transplantes, os resultados de um programa deste tipo, nos últimos 10 anos, indicam que a doação em paragem cardiocirculatória representa 10% da doação em dador cadáver. Mas a grande origem dos dadores continuará sempre a ser os dadores em morte cerebral, ressalva-se. Em Portugal, depois do pico de 31 dadores por milhão de habitantes e 928 transplantes realizados em 2009, os números têm vindo a descer e, em 2012, chegaram aos 23,9 dadores por milhão de habitantes e 681 transplantes. Um estudo de 2009, que estudou os doentes assistidos pela Viatura de Emergência Médica e Reanimação do Hospital de São Francisco de Xavier (Lisboa), concluiu que um quarto dos doentes em paragem cárdiocirculatória assistidos podiam ter sido dadores de coração parado. PAULO PIMENTA Número de dadores e transplantes tem vindo a diminuir ID: 50664594 07-11-2013 Tiragem: 38650 Pág: 1 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Diária Área: 4,97 x 5,03 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 Avança colheita de órgãos em doentes de coração parado Há três anos que a medida estava dependente de um parecer da Ordem dos Médicos. A ideia é aumentar o número de transplantes, sobretudo de rins p6