CONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO PIBID/PUCPR: A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DOCENTE NO PROCESSO DA FORMAÇÃO ACADÊMICA DA LICENCIATURA AUGUSTO-SILVA, Alexandre1 - PUCPR LIMA, Paola Borges2 - PUCPR LOPES, Eduardo R3 - PUCPR SILVA, Karla M4 - PUCPR Grupo de Trabalho – Educação, Arte e Movimento Agência Financiadora: (CAPES) Resumo O presente relato buscou expor as experiências vividas pelo grupo de 5 acadêmicos de licenciatura em Educação Física da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), no desenvolver de atividades relacionadas ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), salientando suas atividades desenvolvidas, conhecimentos adquiridos e barreiras nos momentos de intervenção. Palavras-chave: Educação Física. PIBID. Prática Docente. Introdução 1 Acadêmico do 5º período do curso de Licenciatura em Educação Física da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). E-mail: [email protected] 2 Acadêmica do 5º período do curso de Licenciatura em Educação Física da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). E-mail: [email protected] 3 Acadêmico do 7º período do curso de Licenciatura em Educação Física da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). E-mail: [email protected] 4 Acadêmica do 5º período do curso de Licenciatura em Educação Física da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). E-mail: [email protected] 26490 Este relato apresenta as experiências de acadêmicos de Licenciatura em Educação Física da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID 2012 - 2013) para a participação no XI CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO – EDUCERE, II SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS, SUBJETIVIDADE E EDUCAÇÃO – SIRSSE IV SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE PROFISSIONALIZAÇÃO DOCENTE – SIPD/CATEDRA UNESCO. São inúmeros os problemas que afligem o sistema educacional brasileiro, sendo a desvalorização da prática docente um dos fatores que comprometem a qualidade da educação, principalmente no âmbito público, o qual necessita de mais atenção para reverter esta realidade.Acredita-se que a formação de professores qualificados é um pequeno passo no sentido de reverter o quadro da educação brasileira. Dessa forma, programas como o PIBID, são essenciais no incentivo para uma melhor formação do profissional. Através deste relato, tem-se como objetivo principal compartilhar as experiências vividas no decorrer do desenvolvimento do programa, exaltando a importância da prática docente durante o processo de formação. Como objetivos específicos, temos o intuito de apresentar a proposta do PIBID, demonstrar a proposta da Cultura Corporal dentro da Educação Física Escolar e apontara contribuição do PIBID para a Educação Básica, na modalidade do Ensino Fundamental II. Este tipo de compartilhamento de experiências pode ser enriquecedor para as mais diversas áreas, através de reflexões vividas e ações tomadas nas diferentes situações proporcionadas pelo PIBID, de maneira que possa garantir a práxis. O PIBID e a Educação Física O programa institucional de bolsa de iniciação a docência (PIBID),é desenvolvido pela CAPES (Coordenação de aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e tem como principais objetivos elevar o nível de formação do professor da educação básica e a valorização do magistério. Dessa forma, o programa visa à inserção dos acadêmicos dos cursos de licenciatura na rede pública de ensino através da prática docente, e para tanto, concede recursos financeiros para que as instituições de ensino superior possam custear despesas essenciais à execução dos projetos e manter bolsistas nas seguintes modalidades: Iniciação à docência (estudantes de licenciatura); Supervisão (professores de escolas públicas 26491 de educação básica); Coordenação de área (professores da licenciatura que coordenam subprojetos); Coordenação de área de gestão de processos educacionais (professor da licenciatura que auxilia na gestão do projeto na IES); Coordenação institucional (professor da licenciatura que coordena o projeto PIBID na IES). O subprojeto desenvolvido pelo curso de Licenciatura em Educação Física teve início em agosto de 2012, com o objetivo de colocar em prática os conhecimentos adquiridos no âmbito acadêmico, e oportunizar a reflexão a partir da prática docente.A proposta se dá a partir de uma concepção crítica de Educação Física pautada na Cultura Corporal (PCNs, 1997). Dessa forma, o desenvolvimento do subprojeto PIBID/PUCPR se justifica em virtude da importância da elevação da qualidade das ações acadêmicas voltadas à formação inicial de professores no curso de Licenciatura em Educação Física, tendo a intenção de aproximar o licenciado do cotidiano da rede pública de ensino. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs, 1997), a educação física deve ser entendida como “Cultura Corporal”, que transcende a visão de corpo e movimento. A partir deste conceito o futuro professor de Educação Física deverá estar preparado para identificar as reais necessidades, características e interesses diversos e heterogêneos. A proposta se dá a partir de uma concepção crítica de Educação Física pautada na Cultura Corporal, como expressão de uma linguagem com uma reflexão pedagógica das formas de representação produzidas pelo homem (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais no curso de Licenciatura em Educação Física (DCNs, 2011), “o graduado deverá estar qualificado para analisar criticamente a realidade social”. Neste contexto, o PIBID contribui na formação do professor de educação física uma vez que possibilita ao acadêmico, compreender de forma contextualizada e orientada as possibilidades de planejar e executar atividades cotidianas da prática docente, em escolas inseridas em diferentes realidades. Desta forma, toda a comunidade envolvida no processo como alunos, pais, professores da educação básica, acadêmicos, professores da educação superior, tendem a se beneficiar e melhorar a qualidade e a valorização da educação no Brasil. Para a realização do subprojeto de educação física foram selecionados 20 acadêmicos cursando entre o 2o e o 7o período, e 04 supervisores que atuam como professores da rede pública de ensino, subdivididos em 4 grupos (5 acadêmicos e um supervisor).Dois grupos 26492 realizaram as intervenções no período da manhã (Colégio Estadual Polivalente de Curitiba e Colégio Estadual Flávio Ferreira da Luz), e dois no período da tarde (Colégio Estadual Paulo Leminski e Colégio Estadual Polivalente de Curitiba). Ressalta-se que ao final do semestre os grupos do mesmo período trocaram entre as escolas. O presente relato refere-se ao grupo que primeiramente atuou de agosto a dezembro de 2012 no colégio Paulo Leminski e de janeiro a julho no Colégio Polivalente de Curitiba, ambos no período da tarde. A realidade encontrada A partir das duas realidades encontradas no PIBID, optou-se por descrever separadamente as duas escolas em que foram realizadas as intervenções, sendo o Colégio Estadual Paulo Leminski o local de atuação de agosto a dezembro de 2012 e o Colégio Estadual Polivalente de Curitiba, de fevereiro a julho de 2013. Colégio Estadual Paulo Leminski Situado no bairro do Tarumã, nesta escola existe um grande espaço físico para o desenvolvimento das atividades e área verde, conforme mostra a figura 1. Figura 1 – Estruturas do Colégio Estadual Paulo Leminski Os espaços são: 1 quadra coberta, 1 campo de futebol, 2 quadras de futsal ao ar livre, 3 quadras de vôlei abertas, 1 pista de atletismo, sala de materiais, sala de dança, sala de informática, biblioteca, salas de aula, sala de vídeo e laboratórios. 26493 De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP, 2013) a escola possui IDEB55,0, com sua média acima da meta proposta pelo Ministério da Educação (MEC). Em relação aos alunos estes se mostram de um nível socioeconômico baixo, oriundos da região metropolitana de Curitiba (Pinhais, Bairro Alto, Quatro Barras, Piraquara, etc.), e os demais alunos residem próximo a região da escola. Vários problemas fazem parte da escola sendo de cunho familiar, envolvimento com drogas e outros produtos ilícitos, além de violências verbais e físicas, gravidez na adolescência, entre outros. O grupo de bolsistas, formado por 5 acadêmicos, foi dividido em dois grupos menores, um com 3 bolsistas e o outro com 2. Cada subgrupo permaneceu com uma professora regente de Educação Física.O grupo trabalhou nas turmas que pertenciam a sua professora regente.Inicialmente houve um período de diagnóstico, o qual durou um mês. Esse período foi muito produtivo para os dois grupos, pois foi o momento para conhecer as dependências da escola, os materiais disponíveis para o uso, a mecânica de recreio e a troca de turmas, além do plano anual do professor e como ele trabalhava. Após isso, os acadêmicos assumiam as turmas estabelecidas pelo professor. Dependendo do professor, os bolsistas regiam ou não o planejamento. Todas as aulas preparadas eram planejadas com uma semana de antecedência, onde o acadêmico estruturava sua aula, levando em consideração a parte inicial, o desenvolvimento e a parte final.Esta preparação do plano de aula deveria ser realizado pelo acadêmico fora do horário da escola, pois nesta primeira etapa não havia um dia de planejamento e ambos os grupos atuavam com uma intervenção em todos os dias que estavam presentes. Além disto, os bolsistas faziam trabalhos extraclasse como, por exemplo: Organização da sala de materiais e revitalização de quadras poliesportivas. Na semana cultural realizada na escola, os bolsistas auxiliaram na organização das atividades culturais e recreativas, como por exemplo: Atividades intelectivas (xadrez, dama, uno, pega varetas), atividades com materiais (cama elástica, futebol de botão, vôlei, tênis de mesa) e cada turma com atividades folclóricas (danças, teatros, comidas típicas, etc). Colégio Estadual Polivalente de Curitiba 5 IDEB é um indicador de qualidade educacional que combina informações de desempenho padronizados obtidos pelos estudantes ao final das etapas de ensino com informações sobre o rendimento escolar. 26494 Situado no bairro do Boqueirão, na zona sul da cidade de Curitiba, nesta escola existe um grande espaço físico para o desenvolvimento das atividades e área verde, conforme na figura 2. Figura 2 – Estruturas do Colégio Estadual Polivalente de Curitiba A escola possui as seguintes estruturas: 1 quadra coberta, 1 mini basquete, 1 mini vôlei, 1 vôlei de areia, 1 quadra poliesportiva, 1 pista de atletismo, sala de materiais, biblioteca e laboratório. De acordo com o INEP (2013), esta segunda escola que foi vivenciada no programa possui IDEB 4,8, com sua média abaixo da proposta pelo MEC. Em relação aos alunos estes se mostram de um nível socioeconômico baixo, oriundos do próprio bairro ao entorno da escola. O grupo de bolsistas seguiu o mesmo modelo de subdivisão da escola anterior, de modo que cada grupo permaneceu com uma professora regente de Educação Física, trabalhando com as turmas respectivas de cada professora. Inicialmente houve um período de diagnóstico mais curto, pela facilidade encontrada ao definir o planejamento que seria seguido durante a intervenção. Esse conhecimento das dependências da escola e das turmas quais seriam realizadas a intervenção foi muito produtivo para os dois grupos, os quais puderam aliar ao planejamento a divisão de espaços e materiais disponíveis da escola. Após o período de observação e planejamento, acadêmicos assumiam as turmas estabelecidas pelo professor. Todas as aulas preparadas eram planejadas com uma semana de antecedência, onde os acadêmicos estruturavam suas aulas, levando em consideração a parte 26495 inicial, o desenvolvimento e o feedback. Esta preparação dos planos de aula ocorriam em um dia específico de planejamento, com auxílio do professor supervisor, diferente da primeira etapa, pois, na primeira etapa não havia um dia de planejamento. Além disto, os bolsistas realizaram outros tipos de tarefas como a organização da sala de materiais e revitalização dos espaços para prática esportiva. A PRÁTICA DOCENTE Planejamento dos professores Possibilidades ou não de fazer: No colégio Paulo Leminski os bolsistas foram bem recebidos pela supervisora, a qual fazia parte da equipe da direção.Um dos subgrupos encontrou dificuldades em desenvolver suas atividades,devido ao fato de que a professora regente impossibilitava de que os acadêmicos aplicassem suas aulas, alegando que os alunos não conseguiriam realizar as mesmas.Encontraram dificuldades em relação à escassez de materiais da escola, onde os professores para elaborar uma aula mais produtiva tinham de levar materiais próprios. Já no Colégio Polivalente os bolsistas foram muito bem recebidos e incentivados em suas tarefas, tanto pelas professoras quanto pela supervisora, de maneira que compreendiam a importância da execução do projeto. Os bolsistas foram beneficiados com materiais adequados para o desenvolvimento das aulas, com qualidade e quantidades adequadas para uma turma de em média 35 alunos. • Conteúdos trabalhados: Escola 01: Badminton, Vôlei, Handebol, jogos e brincadeiras, esportes alternativos. Escola 02: Handebol e Basquetebol. Pontos positivos e negativos A prática da ação docente em ambas as escolas foi extremamente enriquecedor para o grupo, através de diversos tipos de experiências com professores; que contribuíam com o crescimento e conhecimento e professores que geravam limitação das ações, experiências com alunos; vários casos de indivíduos além e aquém das capacidades exigidas, situações 26496 desafiadoras para resolução de conflitos, entre outras. A escassez de materiais de uma das escolas escola reduzia drasticamente a qualidade das aulas de ambos os grupos, necessitando a adaptação constante dos conteúdos inicialmente propostos. Não se poderiam deixar os momentos frustrantes que foram vividos pelos grupos, a cultura dos alunos da escola, principalmente no Colégio Estadual Paulo Leminski, é a prática do futebol. Isto devido aos professores anteriores serem extremamente esportivistas. Assim, ao planejar as aulas, os acadêmicos para poder desenvolver uma proposta de ensino, tinham que utilizar o sistema de compensação, ou seja, se os alunos desempenharem o que o professor propunha, ao final da aula, os alunos teriam alguns minutos para jogar futebol. Isto atrapalhava a docência, mas era algo a ser executado para poder desenvolver a aula. Outros momentos onde não se conseguiam atingir objetivos propostos da aula, a falta de experiência para adaptar com facilidade atividades que não deram certo, a dificuldade para avaliar os alunos perante a prática das aulas. Conclusões sobre a importância da prática docente A contribuição que o PIBID pode acrescer na formação acadêmica é um tanto como preparatória para a condição de docente na educação básica. A condição de necessidade de organização, conhecimento dos conteúdos específicos da aula, importância de um planejamento específico para a construção e desenvolvimento de objetivos durante o período das aulas. Apenas a prática do estágio obrigatório proposta pelo curso de graduação não abrange o tema da mesma forma que o PIBID, incluindo o acadêmico em ações da escola, produção de atividades e mudanças, unindo o conhecimento científico produzido na universidade e a escola. REFERÊNCIAS BRASIL. PARÂMETROS Curriculares Nacionais Ensino Fundamental II e Ensino Médio. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria do Ensino Fundamental, Distrito Federal: MEC/SEF, 1997. BRASIL, Diretrizes curriculares nacionais no curso de Licenciatura em Educação Física. Brasilia: CNE /MEC Disponivel em: <http://www.confef.org.br/extra/revistaef/arquivos/2004/N12_MAIO/04_DIRETRIZES_CU RRICULARES.PDF> acesso 08 jul. 2013. 26497 BRASIL, INEP. Índice de desenvolvimento da Educação Básica. Disponível em: < http://ideb.inep.gov.br/> Acesso em 20 mai. 2013. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.