Universidade Católica de Brasília PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Enfermagem TÍTULO: ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL PARA ADOLESCENTES GRÁVIDAS: UMA ANÁLISE CRÍTICA EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE Autores: Clênia Maria de Araújo Lidiane da Silva Pereira Orientador: Clarice Maciel Lúcio BRASÍLIA 2009 CLÊNIA MARIA DE ARAÚJO LIDIANE DA SILVA PEREIRA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL PARA ADOLESCENTES GRÁVIDAS: UMA ANÁLISE CRÍTICA EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE Trabalho apresentado ao curso de graduação em Enfermagem da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Enfermagem. Orientadora: Profª. Especialista Clarice Maciel Lúcio. Brasília 2009. Trabalho de autoria de Clênia Maria de Araújo e Lidiane da Silva Pereira, intitulada “ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL PARA ADOLESCENTES GRÁVIDAS: UMA ANÁLISE CRÍTICA EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Enfermagem da Universidade Católica de Brasília em, 16/06/2009, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: ____________________________________________________ Profª. Especialista Clarice Maciel Lúcio. Orientadora Enfermagem-UCB ____________________________________________________ Profº Mestre Mauricio de Oliveira Chaves Enfermagem-UCB ___________________________________________________ Profª Especialista Leticia Nicollete Enfermagem-UCB Brasília 2009. AGRADECIMENTOS Ao criador Eterno, em que tudo se inicia, o nosso agradecimento primeiro pelo dom da vida e do renascimento, por ser nosso Pai, nosso guia, nosso refúgio e fortaleza. Á Professora e Orientadora, Clarice Maciel Lúcio por ter aceitado e contribuído de forma direta no acompanhamento deste trabalho. Á Professora Leila Bernarda Donato Göttems, pelo profissionalismo e empenho, pela paciência, disponibilidade e colaboração que permearam toda a realização deste trabalho. Á Professora Letícia Nicolleti, por ter incentivado no desafio diante da metodologia utilizada. Nosso agradecimento pelas inúmeras demonstrações de preocupação, apoio e amizade que contribuiu imensamente para o desfecho deste trabalho. Ao Professor Mauricio Oliveira Chaves, que contribuiu para o nosso aprendizado e amadurecimento pessoal e profissional. Aos Professores, por ter consentido fazer parte da banca examinadora, pelo indescritível apoio diante das nossas dificuldades. Compreensão e incentivo foram de suma importância para a elaboração desse trabalho. Ás participante da pesquisa, pelo consentimento, disponibilidade e confiança em compartilhar suas experiências valiosas para a realização desse estudo, o nosso agradecimento sincero. Sem vocês, a concretização desse trabalho não seria possível! À Sarah Joelma e Yesca Suyanne, pela ajuda no início do trabalho, pelo incentivo, pelas indicações, empréstimos de bibliografias, atenção, apoio. Que nos acompanha e torce pelo nosso sucesso. Obrigada, pela amizade sincera que nos fortaleceu e nos ajudou a vencer mais uma etapa. AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Á Deus, por nos guiar e pelas bênçãos recebidas que nos permitiu alcançar esse sonho. Aos nossos pais, Wanderly Antônio de Araújo/Ergina Dourado de Araújo e Abel Gomes Pereira (in memorian), Valeriano Ribeiro dos Santos e Maria do Carmo Monteiro da Silva, por toda dedicação, paciência, compreensão e companherismo durante toda essa jornada,contribuindo de forma imensurável para concretização desse nosso projeto.Sem o amor e o apoio de vocês,nada seria possível. Aos nossos esposos, Bernardo de Castro e Soares e Erenaldo Farias Figueredo, que abriu mão de momentos de convívio, pela disponibilidade e prontidão com que atendeu nossos pedidos de ajuda,por suas preocupações,paciência,compreensão,amizade,carinho e atenção. Aos nossos filhos, Yesca Suyanne, Yamanne Hassuy e Matheus Farias, pela compreensão de tantas horas que estivemos ausentes. Obrigada pelo carinho, estímulos que nos impulsionaram a buscar vida nova a cada dia, nossos agradecimentos por terem aceito se privar de nossa presença pelos estudos,concedendo a nós a oportunidade de nos realizar ainda mais. Finalmente, a todos que estiveram ao nosso lado, torcendo por nós e nos ensinaram o que é amizade, amor, carinho e profissionalismo. Certamente este é o início de uma longa caminhada entre estudos e pesquisas, mas a contribuição de cada um de vocês nos permitiu sentir a certeza de ter feito um bom trabalho e a realização pessoal e profissional que fazem dessa experiência um momento único. Obrigada a todos vocês! RESUMO Referência: Araújo, Clênia. Silva, Lidiane. Assistência Pré-Natal para adolescentes grávidas: Uma análise crítica em uma unidade básica de Saúde. 2009. 54 folhas. Enfermagem – Universidade Católica de Brasília, Taguatinga-DF, 2009. Estudos têm mostrado que as adolescentes grávidas iniciam o pré-natal mais tardiamente e o fazem em menor número quando comparadas às mulheres de 20 anos ou mais. A qualidade da assistência pré-natal tem influência direta sobre os resultados da gravidez entre adolescentes. Este estudo teve como objetivo: 1- analisar a assistência do pré-natal de gestantes adolescentes realizada por profissionais de saúde em uma unidade de saúde; 2- avaliar a clareza e dinâmica das informações prestadas à gestante adolescente durante a consulta de pré-natal; 3- levantar e analisar o quanto a gestante adolescente conseguiu absorver das informações prestadas na consulta de pré-natal; 4- identificar à percepção do enfermeiro quanto a consulta de pré-natal a gestante adolescente na unidade básica de saúde. 5- Propor recomendações a fim de melhorar a qualidade da assistência no programa de prénatal das adolescentes grávidas na unidade básica de saúde. Trata-se de uma pesquisa exploratória-descritiva com abordagem qualitativa. A amostra foi composta por 30 gestantes adolescentes com uma média de idade de 10 a 19 anos, que foram submetidos a questionários relacionados a consulta de pré-natal e 02 enfermeiras que atuam diretamente no programa de pré-natal do CS Nº03 de Ceilândia. Os resultados indicaram que a maioria das adolescentes engravida na segunda fase da adolescência quando ainda está estudando e que o profissional mais atuante no pré-natal é o médico. Quanto ao entendimento das recomendações feitas na consulta de pré-natal 96,7% das adolescentes afirmaram entender o que diz o profissional e 76,7% afirmam que as dúvidas sobre a gravidez são sanadas na consulta de Pré-natal. Relativo às enfermeiras, estas não reconhecem a necessidade de implantar na unidade a assistência pré-natal diferenciada, justificada pela falta de uma equipe multidisciplinar no centro de saúde, porém verifica que as dúvidas das adolescentes assistidas permanecem após as consultas, percepções esta não confirmada pelas gestantes. PALAVRAS- CHAVES: Adolescente. Gravidez na adolescência. Enfermagem. ABSTRACT Araújo, Clênia. Silva, Lidiane. Prenatal care for pregnant adolescents: A critical analysis in a basic unit of Health in 2009. 51 leaves. Nursing - University of Brasilia, Taguatinga-DF, 2009. Studies have shown that pregnant adolescents begin prenatal care later and are smaller in number when compared to women 20 years or more. The quality of prenatal care has a direct influence on the outcome of pregnancy among adolescents. This study aimed to examine the care of prenatal care for pregnant adolescents conducted by health professionals in a unit of health, assess the clarity and dynamics of information provided to pregnant adolescents during the prenatal consultation, survey and analyze how the pregnant teenager has absorb the information given in the pre-natal consultation, identifying the perceptions of nurses in prenatal consultation of the pregnant teenager in the basic unit of health; propose recommendations to improve the quality of care in the pre -natal unit for pregnant adolescents in primary health care. This is an exploratory-descriptive research with a qualitative approach. The sample consisted of 30 pregnant adolescents with an average age of 10 to 19 years, which were submitted to the consultation questionnaires related to prenatal and 02 nurses who work directly in the program of prenatal CS of Paragraph 03. The results indicated that most adolescents engraver in the second stage of adolescence when they are studying and that the more active work in prenatal care is the doctor. As understanding of the recommendations made in consultation with prenatal said 96.7% of adolescents believe is what professional and 76.7% say that the questions about pregnancy are addressed in the Pre-natal consultation. On the nurses, they do not recognize the need to deploy the unit to prenatal care varies , justified by the lack of a multidisciplinary team at the health center, but noted that questions of adolescents are assisted after consultation, this is not confirmed by the perceptions pregnant. Keywords: Adolescence. Pregnancy in adolescence. Nursing. LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Perfil das gestantes adolescentes entrevistadas. Brasília, 2009 – pag. 36 Tabela 2 – Sexualidade Brasília, 2009 – pag. 37 Tabela 3 – Qualidade do pré-natal das adolescentes grávidas – pag. 38 Tabela 4 – Percepção das enfermeiras sobre o pré-natal das adolescentes grávidas – pag. 39 SUMÁRIO Conteúdo 1 - INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 9 2 - JUSTIFICATIVA ................................................................................................................ 11 3 - OBJETIVOS ....................................................................................................................... 12 3.1 - GERAL ........................................................................................................................ 12 3.2 - ESPECÍFICOS ............................................................................................................. 12 4 - REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................... 13 4.1 - ADOLESCENTE ......................................................................................................... 13 4.2 - DADOS EPIDEMIOLÓGICOS .................................................................................. 14 4.3 - ASPECTOS DEMOGRÁFICOS DO DISTRITO FEDERAL .................................... 14 4.4 - PUBERDADE .............................................................................................................. 15 4.5 - O Estrogênio e a Progesterona ..................................................................................... 15 4.6 - Repercussões Psicossociais da Gravidez na Adolescência .......................................... 16 4.7 - Fatores de Risco da Gravidez na Adolescência ........................................................... 16 4.7.1 - Idade materna ........................................................................................................ 17 4.7.2 - Controle pré-natal .................................................................................................. 17 4.7.3 - Ganho ponderal ..................................................................................................... 17 4.7.4 - Paridade ................................................................................................................. 18 4.7.5 - Fatores sócio-econômicos ..................................................................................... 18 4.8 - COMPLICAÇÕES ....................................................................................................... 19 4.8.1 - Complicações gestacionais .................................................................................... 19 4.8.2 - Complicações do parto .......................................................................................... 20 4.9 - ASSISTÊNCIA DE PRÉ-NATAL ............................................................................... 23 4.9.1 - Importância do pré-natal ....................................................................................... 25 4.9.2 - Assistência ao pré-natal da grávida adolescente ................................................... 25 4.10 - PROGRAMA DE ATENDIMENTO À GRÁVIDA ADOLESCENTE .................... 27 4.11 - O CUIDADO DE ENFERMAGEM DIANTE DA TRANSIÇÃO AO PAPEL........ 28 5 - METODOLOGIA ............................................................................................................... 30 5.1 - Classificação da Pesquisa. ............................................................................................ 30 5.2 - Local de Realização da Pesquisa. ................................................................................. 31 5.3 - População da Pesquisa. ................................................................................................ 32 8 5.4 - Critérios de Inclusão..................................................................................................... 32 5.5 - Critérios de Exclusão. .................................................................................................. 32 5.6 - Técnicas para Coleta de Dados. ................................................................................... 33 5.7 - Análise dos Dados. ....................................................................................................... 33 5.8 - Aspectos éticos e divulgação dos resultados. ............................................................... 34 5.9 - Instrumentos de pesquisa para levantamento de dados. ............................................... 34 5.10 - Resultados e Discussão. ............................................................................................. 34 5.10.1 - Perfil das gestantes entrevistadas ........................................................................ 35 5.10.2 - Sexualidade ......................................................................................................... 36 5.10.3 - Qualidade do Pré-natal das gestantes adolescentes ............................................. 37 5.10.4 - Percepção das enfermeiras sobre o pré-natal das adolescentes grávidas ............ 39 6 - CONCLUSÃO .................................................................................................................... 41 7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 43 8 - ANEXO ............................................................................................................................... 47 8.1 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA ENFERMEIRAS. ................................................................................................................. 47 8.2 - TERMO DE CONSCENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA GESTANTES ADOLESCENTES ............................................................................................................... 49 9 - APÊNDICE ......................................................................................................................... 51 9.1 - QUESTIONÁRIO A SER APLICADO ÀS ADOLESCENTES NO PRÉ- NATAL.. 51 9.2 - QUESTIONÁRIO A SER APLICADO ÀS ENFERMEIRAS .................................... 53 9 1 - INTRODUÇÃO Segundo a OPS (Organização Panamericana de Saúde) e a OMS (Organização Mundial de Saúde), a adolescência corresponde ao período da vida entre os 10 e 19 anos, no qual ocorrem profundas mudanças, caracterizadas principalmente por crescimento rápido, surgimento das características sexuais secundárias, conscientização da sexualidade, estruturação da personalidade, adaptação ambiental e integração social. No Brasil, a adolescência corresponde a 20,8% da população geral, sendo 10% na faixa de 10 a 14 anos e 10,8% de 15 a 19 anos, estimando-se que a população feminina seja de 17.491.139 pessoas. (SPITZ et al.,1996). A análise do perfil de morbidade desta faixa da população tem revelado a presença de doenças crônicas, transtornos psico-sociais, fármaco-dependência, doenças sexualmente transmissíveis e problemas relacionados à gravidez, parto e puerpério. Um dos pontos importantes relacionados à adolescência é a sexualidade, neste período o individuo, diante de intensas mudanças físicas e emocionais enfrenta diversas situações tais como a gravidez precoce. (ROCHA, 1997). A incidência de gravidez na adolescência está crescendo. No Brasil, a cada ano, cerca de 20% das crianças que nascem são filhas de adolescentes, número que representa três vezes mais garotas com menos de 15 anos grávidas que na década de 70. A pesquisa Nacional em Demografia a Saúde, de 1996, mostrou um dado alarmante, 14% das adolescentes já tem pelo menos um filho, e as jovens mais pobres apresentavam fecundidade dez vezes maior. Os fatores que influenciam a gravidez nesta fase são: a falta ou má utilização dos meios anticoncepcionais, grande permissividade, precário diálogo com os pais, nível sócio econômico, auto-estima baixa, pequeno rendimento escolar e poucas aspirações profissionais. (GAMA,2002). Segundo Kassar (2005), adolescentes grávidas realizam menos consultas de prénatal e tem filhos com menos peso e idade gestacional quando comparadas às adultas jovens. Estudos têm mostrado que as adolescentes grávidas iniciam o pré-natal mais tardiamente e o fazem em menor número quando comparadas às mulheres de vinte anos ou mais. A qualidade da assistência pré-natal tem influência direta sobre os resultados da gravidez entre adolescentes. Neste contexto, pesquisas mostram que existem referências a maior incidência de anemia materna, doença hipertensiva específica da gravidez, desproporção céfalo - pélvica, 10 infecção urinária, prematuridade, placenta prévia, baixo peso ao nascer, sofrimento fetal agudo intra-parto, complicações no parto (lesões no canal de parto e hemorragias) e puerpério (endometrite, infecções, deiscência de incisões, dificuldade para amamentar, entre outros)(GAMA,1996). Sobre os riscos à saúde nos casos de gravidez na adolescência, esta é considerada, pela Organização Mundial de Saúde como situação de alta complexidade, sendo consensual na literatura, que estas gestantes apresentam maiores chances de terem eclampsias, infecções urinárias, anemia, prematuridade fetal e baixo peso ao nascer, entre outros. (BATISTA, 2004) Apesar de ainda haver adeptos a essa corrente, que afirma que a gravidez nesta faixa etária significa risco de vida para mãe e bebê, já é possível observar alguns autores que acreditam na minimização dos riscos biológicos para o binômio quando este possui condições de vida favoráveis e recebe um atendimento de bom nível durante seu pré-natal. Além disso, acrescentam que levar uma gestação a termo não prejudicará seu desenvolvimento biopsicossocial, e pode contribuir para um amadurecimento em relação a sua sexualidade. Neste sentido, o pré-natal adequado envolve a adesão por parte da jovem gestante (YAZLLE, 2002). Sabe-se que esta adesão ao pré-natal se dá de maneira diferenciada entre as adolescentes, o que inclui o cumprimento das condutas de diagnóstico, de terapêutica ou mesmo o comparecimento sistemático às consultas agendadas. Vale lembrar que adesão é um conceito amplo, dependente dos aspectos sociais, econômicos, psicológicos do indivíduo em acompanhamento, dos relacionados à doença (quando este é portador de uma patologia) e das ações propostas para promoção, prevenção e reabilitação (ROCHA , 1997). Nesse sentido, encontram-se outros fatores que influenciam na adesão, com destaque para o acesso aos serviços, o acolhimento recebido, a garantia da continuidade da atenção. Supõe-se que, de acordo com a atual Política de Humanização do Pré-natal e Nascimento (PHPN) do Ministério da Saúde, a rede de atenção e os fluxos de referência e contrareferência para acompanhamento destas gestantes estejam estabelecidos, como forma de garantia do acesso e do ingresso na rede de cuidados. Enfim, segundo a literatura consultada, os efeitos de uma assistência diferenciada às adolescentes grávidas são positivos, resultando na diminuição das complicações obstétricas, não somente dos problemas físicos como também dos psicológicos, sendo este aspecto o foco do estudo. 11 2 - JUSTIFICATIVA A elaboração desse trabalho, com a finalidade de aprovação e conclusão do curso de Graduação em Enfermagem, iniciou-se no estágio curricular da rede hospitalar cuja qual fizemos no Centro Obstétrico do Hospital Regional de Ceilândia – DF. Lá observamos o alto índice de adolescentes grávidas e nos deparamos com a dificuldade da realização do parto a essas adolescentes pela falta de experiência, informações e acompanhamento durante o prénatal. Resolvemos, portanto, abordar nesse trabalho os fatores biopsicossociais que predispõe essa população a praticar o ato sexual sem as preocupações (de anticoncepção e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis) naturais de qualquer ser humano e, também analisarmos o papel e responsabilidade do profissional de saúde que trabalha frente a essas adolescentes. O nosso objetivo com esse trabalho é analisar a importância do profissional de enfermagem na atenção primaria de saúde em relação à assistência pré-natal adequada e diferenciada oferecida á gestante adolescente, para que a falta de informações e acompanhamentos não prejudique a sua saúde (física e mental) e a do feto. Também queremos, de acordo com a experiência vivida, buscar meios que possam possibilitar uma melhor qualidade de assistência a essas adolescentes, no intuito de evitar piores conseqüências, contribuindo assim com a Saúde Pública. A gravidez precoce é uma das ocorrências mais preocupantes relacionadas à sexualidade da adolescência, com sérias conseqüências para a vida dos adolescentes envolvidos. Neste contexto o profissional da saúde possui um papel importante, proporcionando uma melhor assistência. Diante dos dados apresentados na literatura, verifica-se a necessidade de um atendimento diferenciado, em relação à orientação sexual, lactação, cuidados com RN, estruturação familiar (planejamento) e aspectos psicológicos. Nesse sentido, o projeto pretende analisar as diversas complicações relativas à temática e propor um modelo adequado de atenção as gestantes adolescentes, onde os profissionais assumem com compromisso o seu papel na transformação desta realidade. Tem como questão norteadora “a adolescente grávida precisa de um acompanhamento diferenciado durante a consulta de pré-natal por vivenciar a gravidez em um contexto não planejado?”. 12 3 - OBJETIVOS 3.1 - GERAL Analisar a importância do profissional de enfermagem na Atenção Primária de Saúde em relação à assistência pré-natal adequada e diferenciada oferecida a gestante adolescente. 3.2 - ESPECÍFICOS Avaliar a clareza e dinâmica das informações prestadas à gestante adolescente durante a consulta de pré-natal. Levantar e analisar o quanto a gestante adolescente conseguiu absorver das informações prestadas na consulta de pré-natal. Identificar à percepção do enfermeiro quanto a consulta de pré-natal a gestante adolescente na unidade básica de saúde. Propor recomendações a fim de melhorar a qualidade da assistência no programa de prénatal das adolescentes grávidas na unidade básica de saúde. 13 4 - REFERENCIAL TEÓRICO 4.1 - ADOLESCENTE Adolescência é o período de transição entre a infância e a idade adulta, caracterizado por intenso crescimento e desenvolvimento, que se manifesta por marcantes transformações anatômicas, fisiológicas, mentais e sociais (COLLI e DELUQQUI,1978). O estatuto da criança e do adolescente (ECA, 1990) considera a adolescência um período de vida entre 12 e 18 anos de idade. Esse documento prevê que essas pessoas em desenvolvimento precisam estar no seio familiar, a fim de receber a assistência necessária para o seu crescimento e o bem estar, para que o futuro possa assumir plenamente suas responsabilidades dentro da comunidade. Segundo o paradigma biomédico a adolescência, tem sido descrita eminentemente de modo limitado, sendo considerada como uma fase do desenvolvimento humano, de transição entre a infância e a vida adulta, na segunda década da vida, marcada pelas transformações são apresentadas como cruciais na vida dos indivíduos, o que leva a identificar a adolescência como um período de transformações da identidade-sexual e psicológica, muitas vezes, tratadas por alguns autores como “síndrome da adolescência normal(COLLI e DELUQQUI,1978). Diversos são os parâmetros para identificar os limites de idade que definem adolescência e juventude. Demarcações por faixa etária podem ser questionadas ao se considerar a juventude como um processo social que só pode ser compreendido a partir de condições econômicas, políticas e sociais que determinam comportamentos individuais e grupais, opções de vida, esperanças e desesperanças ZIEGEL,1985. Segundo Minayo (1995), a história, a tradição e a cultura contribuem para a expressão de valores que, independente das diferenças socioeconômicas, "cultivam uma identidade ou uma marca de juventude". Segundo a OPS e a OMS, a adolescência constitui um processo fundamentalmente biológico de vivências orgânicas, no qual se aceleram o desenvolvimento cognitivo e a estruturação da personalidade. Abrange a pré-adolescência (faixa etária de 10 a 14 anos) e a adolescência propriamente dita (dos 15 aos 19 anos). Já o conceito de juventude resume uma 14 categoria sociológica, que constitui um processo sociocultural demarcado pela preparação dos indivíduos para assumirem o papel de adulto na sociedade, no plano familiar e profissional. Este grupo constitui 1/3 da população mundial e, embora ainda em fase de crescimento e desenvolvimento, vem participando efetivamente no aumento das taxas de fecundidade. “A gravidez na adolescência é freqüente em todos os níveis sociais, mas a maior incidência ocorre nas populações de baixa renda.” “Gravidez na adolescência é uma porta para o ciclo da pobreza” (KASSAR, 2006). 4.2 - DADOS EPIDEMIOLÓGICOS A Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde (PNDS) de 1996 revela que 18% das adolescentes brasileiras já tiveram pelo menos um filho ou estão grávidas. Este percentual foi mais elevado nas áreas rurais ( 24%) do que nas áreas urbanas (17%). A Região Norte registra a porcentagem igual a zonas rurais de gestações nesta faixa etária, ou seja, de (24%), e os índices mais baixos foram verificados na Região Centro Oeste, cerca de (13%). No Brasil, o parto representa a primeira causa de internação das adolescentes no sistema público de saúde. Na faixa de 15 a 19 anos, o principal motivo de internação das mulheres é a gravidez, parto e pós-parto. Exemplo, o Nordeste apresenta cerca de ( 81,1%) dessa realidade,o Sudeste mostrava um quantitativo de 80,9%, o Sul representa 77,6% e o Centro Oeste,um total de (80,2%). (PNDS, 1999). O início muito cedo da vida sexual aliado à atividade sexual desprotegida reflete na gestação em adolescentes, como evidenciam os dados já apresentados. Em 1984, 35,2% dos homens jovens de 16 a 19 anos haviam iniciado a vida sexual antes dos 15 anos, em 1998 esse percentual cresceu para 46,7%. E as mulheres de 16 a 19 anos,em 1984, haviam iniciado atividade sexual contra 32,3% em 1998. (BERQUÓ et al.;1994). 4.3 - ASPECTOS DEMOGRÁFICOS DO DISTRITO FEDERAL A população do Distrito Federal é de. 2.444.000 residentes segundo a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PINAD, 2006/2007). Do total de residentes, o segmento populacional na faixa etária de 10 a 19 anos contava com 425.000 pessoas. Dentro 15 deste segmento de 10 a 19 anos, 205.000 possuem de 10 a 14 anos. Do total da população adolescente cerca de 220.000 de 15 a 19 anos, (PINAD, 2006/2007), A gravidez na adolescência aumentou no Distrito Federal. Dados do último Relatório Estatístico da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) mostram um aumento de 6,2% no número de nascimentos de 2005 em relação ao ano anterior, considerando a faixa etária de meninas até 19 anos. Esta constatação remete á necessidade de atenção diferenciada às adolescentes do Distrito Federal. Em 2004, o total de partos de mães adolescentes realizados nos hospitais públicos do DF representou 19,72% do total geral de nascimentos. Em 2005 esse número subiu para 21%. As regiões onde foi registrado maior número de nascimentos tanto em 2004 como em 2005 foram no Gama e na Asa Sul, respectivamente. (IBGE, 2000). 4.4 - PUBERDADE Caracteriza-se como puberdade, um conjunto das transformações psicofisiológicas ligadas á maturação sexual, que traduz a passagem progressiva da infância para adolescência. A puberdade é uma etapa que esta filogeneticamente programada. É na área do corpo que se operam as maiores e as mais visíveis modificações entre a infância e a adolescência ZIEGEL,1985. 4.5 - O ESTROGÊNIO E A PROGESTERONA Estes hormônios são os responsáveis pelas características sexuais femininas, no entanto o estrogênio está envolvido, no desenvolvimento das mamas, no crescimento do útero, no desenvolvimento e maturação da vulva e vagina, bem como o crescimento de pêlos pubianos e pela erotização sexual, além da produção da lubrificação vaginal quando da excitação sexual.A progesterona está mais voltada a vida reprodutiva,preparando o corpo da mulher para a concepção e mantendo o útero em condições adequadas para receber o embrião. (IÇAM, 1996). 16 As modificações das meninas no início da puberdade, obedece a seguintes ordem, o aumento inicial dos seios, o aparecimento dos pêlos pubianos e axilares, alem da menstruação e de seu crescimento. (IÇAM.;1996). 4.6 - REPERCUSSÕES PSICOSSOCIAIS DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA Independentemente do meio cultural ou social em que se produza a gravidez, desejada ou não, este desempenha um papel fundamental na determinação das futuras oportunidades da jovem. Particularmente no caso das mães solteiras, observou-se que precipita e amplia uma série de acontecimentos que se combinam para desorganizar a harmonia do desenvolvimento pessoal da adolescente e de sua vida familiar (OMS, 1975). No plano educacional, poucos sistemas de ensino têm condições previstas para acomodar as jovens grávidas ou com filhos nas atividades normais da escola. No plano familiar, as pressões sociais podem dificultar a adaptação de uma gravidez de uma filha, incapacitando a família a presta-lhe o apoio de que necessita. Klein (2000) faz referencia a “síndrome of failure”, que inclui falha em assumir suas funções de adolescente, de cumprir suas obrigações escolares, de constituir famílias estáveis, de se auto-estruturar e de criar seus filhos com saúde. Depois da gravidez, persistem as dificuldades e as necessidades de ajuda. Se a jovem mãe fica com o filho, muito provavelmente precisará de apoio para ajustarem-se as pressões da realidade e as necessidades imediatas de seu filho. Deve-se, ainda, levar em conta que a jovem não é a única pessoa para a qual a gravidez não desejada representa uma tensão. 4.7 - FATORES DE RISCO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA A análise das pesquisas sobre as complicações médicas da gravidez na adolescência é dificultada pelas divergências nas definições dos transtornos investigados, pela diversidade das populações estudadas e dos métodos utilizados. Apesar dessas considerações, existem na literatura numerosos trabalhos que relacionam uma serie de complicações, tanto para a saúde da adolescente quanto para o 17 concepto. A maioria dessas complicações será decorrente de uma serie de fatores que se interrelacionam para determinar o resultado materno e perinatal. Entre esses fatores destacam-se: 4.7.1 - Idade materna A idade materna baixa tem sido associada a diversas intercorrências do ciclo grávido-puerperal na adolescência. Não existem evidencias, entretanto, de que a idade materna isoladamente, mesmo nas faixas etária inferiores, determina comportamento obstétrico de caráter desfavorável, do ponto de vista biológico. Situações freqüentemente descritas como mais incidentes entre adolescentes muito jovens, como hipertensão gestacional, prematuridade e baixo peso neonatal, parecem ser decorrentes da associação de baixa idade com condições psicossociais inadequadas. 4.7.2 - Controle pré-natal A assistência pré-natal adequada é sem dúvida, um dos fatores mais benéficos para a evolução da gravidez. Lamentavelmente, em geral as adolescentes são encaminhadas mais tardiamente ao pré-natal e são menos assíduas que as mulheres de outras faixas etárias, situação se agrava ainda mais entre as adolescentes mais jovens e as multíparas. A gravidez indesejada e sua ocultação e a resistência ao controle pré-natal, ou por razões culturais, ou por dificuldade de assumir perante a família e a sociedade sua condição, estão entre as razões encontradas para insuficiência de cuidados durante o pré-natal, típicas da adolescência. Não se pode, evidentemente, desprezar como fator coadjuvante dessa insuficiência de cuidados pré-natais a precariedade dos serviços oferecidos e, também (talvez principalmente), o despreparo das equipes de saúde para lidar com a população de adolescentes. (FELICE; COLS, 1984). 4.7.3 - Ganho ponderal O ganho ponderal insuficiente durante a gravidez pode trazer conseqüências deletérias para a sua evolução. Além das condições de má nutrição materna, muitas vezes presente entre mães de baixa renda, acrescentam-se a observação de hábitos dietéticos inadequados e a diminuição do apetite provocada por estados de ansiedade, típicos de 18 adolescentes. Klein (2000) destacou a importância da competição pelos nutrientes desencadeada pelas necessidades do feto e da mãe, a qual ainda estaria em processo de crescimento e desenvolvimento. Esse autor observou que o baixo peso dos recém-nascidos entre adolescentes estaria relacionado à deficiência nutricional materna ou ao ganho de peso insuficiente para cumprir as exigências do binômio em desenvolvimento. Hassan (1964) acentuou o papel das necessidades nutricionais durante o crescimento entre adolescentes grávidas, que exigiram o equivalente suplementar ponderal de 2,5 a 3,6Kg e que modificou suas cifras de ganho de peso excessivo (acima de 11 Kg) de 35% para 15,6%. 4.7.4 - Paridade A repetição gestacional entre adolescentes está se configurando como realidade na sociedade. No CAISM (Centro de Atendimento Integral a Saúde a Mulher), em 1997, 15,3% das gestantes atendidas no ambulatório de pré-natal de adolescentes eram multígestas. No serviço, as multíparas adolescentes apresentam pior nível de escolaridade, pior assistência pré-natal, pior ganho ponderal, maior número de mulheres sem companheiro e menor intervalo interpartal do que as adultas de mesma paridade. Em relação Às complicações médicas, as multíparas adolescentes apresentaram risco duas vezes maior para recém-nascidos PIG do que multíparas adultas (DARZÉ, 1989). 4.7.5 - Fatores sócio-econômicos O grau de escolaridade, as condições sócio-econômicas, a presença ou a ausência do companheiro, o apoio dos familiares durante a gravidez e após o parto e os hábitos de vida (fumo, álcool e drogas) são fatores que devem ser identificados e que, sem dúvida alguma, irão influir decisivamente sobre os resultados maternos e perinatais da gravidez na adolescência. (DARZÉ, 1989). A maioria das complicações obstétricas terá íntima relação com os fatores acima citados. A sua correta identificação permite, muitas vezes, a intervenção apropriada visando minimizar os problemas da gestação nessa faixa etária. Embora as listas de complicações sejam freqüentemente variadas e discrepantes, cabe destacar algumas condições maternas e neonatais descritas com mais constância, que são consideradas as mais importantes. 19 4.8 - COMPLICAÇÕES 4.8.1 - Complicações gestacionais 4.8.1.1 - Hipertensão A incidência da patologia entre adolescentes grávidas oscila em torno de 12 a 31%. As cifras mais baixas encontradas na literatura são decorrentes do cuidadoso controle de fatores confundidores. No outro extremo, números elevados de gestantes portadoras de préeclâmpsia grave e eclampsia são apanágio de controle pré-natal inadequado ou insuficiente (DARZÉ, 1989). 4.8.1.2 - Rotura prematura de membranas Os dados obtidos nos diversos estudos são contraditórios, mas aparentemente não existem razões para atribuir a adolescência maior risco para essa intercorrências. Na maioria dos estudos, a porcentagem de amniorrexe prematura não é maior do que entre mulheres de outras faixas etárias; em outros, os percentuais chegam a serem inferiores entre as adolescentes (MAIA FILHO, 1989; MOTTA, 1993). 4.8.1.3 - Infecções Não existem referências especiais sobre a maior ocorrência de doenças infecciosas no grupo de adolescentes, apresentada em alguns estudos, aparentemente se relaciona à espoliação materna decorrente de condições nutricionais insatisfatória. Não existem razões para supor que a adolescência seja um fator que atuaria, isoladamente, predispondo a ocorrência de quadros anêmicos durante a gravidez ( SISMONDI, 1984). 4.8.1.4 - Mortalidade materna Admite-se que a gravidez aumenta o risco de mortalidade materna nas idades extremas do período reprodutivo. As cifras de mortalidade são altas para mães menores de 20 anos, chegam ao mínimo na faixa dos 20 aos 30 anos, e a seguir voltam a aumentar até o final 20 dos anos férteis. Embora seja possível reduzir as taxas de mortalidade resultantes de complicação obstétrica controlando-se fatores sócio-econômicos como nutrição e cuidados pré-natais, o fator idade materna continua influindo sobre o risco de forma isolada e independente. Em Campinas, no período de 1992 a 1994, não houve casos de morte materna em mulheres na faixa etária de 15 a 19 anos, o que correspondeu à alarmante cifra de 25% do total dos casos de morte materna no município, naquele período. Nenhum dos casos se relacionou à aborto; houve dois casos de morte secundários à malformação congênita, um de eclâmpsia, um de infecção puerperal e um de hemorragia pós-parto (PARPINELLI, 1997). 4.8.2 - Complicações do parto As características do parto da adolescente também vêm merecendo atenção, mediante a suposição de que a pelve óssea, nessa idade, não teria atingido o padrão adulto por ocasião do parto (HASSAN, 1964). De qualquer modo, os dados do desempenho de adolescentes durante o trabalho de parto e parto devem ser interpretados com cautela, sem deixar de lado as características do serviço que as atende, uma vez que diversos fatores podem ser importantes no resultado final da avaliação. (DUENHOELTER; COLS, 1975) 4.8.2.1 - Apresentação fetal Alguns estudos fazem referência a um predomínio de apresentação e posição anormais entre adolescentes. Warman e cols. (1983), por exemplo, apontam porcentagem significativa aumentada de apresentações pélvicas em adolescentes com um ano ou menos de idade ginecológica e relacionou essa observação â possível imaturidade da matriz uterina nos meses seguintes à menarca. Entretanto, a maior parte dos trabalhos não faz referência especial ao predomínio de algumas anormalidades de apresentação para gestantes adolescentes, mesmo para aquelas de menor idade ou de idade ginecológica encurtada. 21 4.8.2.2 - Trabalho de parto prolongado Há referência na literatura à maior duração do trabalho de parto entre adolescentes. Entretanto, estudos controlados, que compararam adolescentes com mulheres de outras faixas de idade, não comprovaram essa condição durante o trabalho de parto (PINTO; SILVA, 1982). 4.8.2.3 - Partos operatórios O maior número de cesarianas entre adolescentes motivadas principalmente por desproporção cefalo-pélvica, tem sido referido por alguns autores. Não existem evidências, todavia, que indiquem aumento de risco para cesariana que possa ter atribuído à condição biológica da adolescência. Há que se destacar, ainda, que a utilização desse procedimento para ultimar o parto entre adolescente deve ser ponderada com muito cuidado, levando-se em conta o impacto de sucessivas cirurgias sobre o futuro obstétrico das jovens mães. No Centro de Assistência Integral à Saúde da Mulher – UNICAMP, várias estatísticas do Serviço mostram uma tendência (não significativa) de taxas de cesariana inferiores em relação às taxas em todas as idades. Quanto ao parto fórcipe, a maioria dos estudos concorda que não há predomínio desse tipo de parto entre adolescentes quando comparadas com mulheres de outras idades, e que os números muitas vezes superiores devem-se, exclusivamente, à maior coincidência entre a gravidez na adolescência e a nuliparidade, quando essa alternativa instrumental é mais utilizada (PINTO E SILVA, 1982) 4.8.2.4 - Complicações neonatais A relação entre a maternidade precoce e os agravos sobre o recém-nascido apresenta resultados discutíveis na literatura. As complicações neonatais, quando presentes, podem resultar de condições ambientais e psicossociais desfavoráveis, ou da associação multifatorial de eventos. OSAVA, 1997. 22 4.8.2.5 - Baixo peso neonatal Numerosos autores apontam incidência aumentada de baixo peso ao nascer entre filhos de adolescentes. Sobre essas intercorrências, seguramente, atuam diversos fatores: condição sócio-econômica, estado nutricional materno, tabagismo, paridade e presença de patologias maternas e/ou fetais associadas. Pinto e Silva (1982) encontraram maior proporção de neonatos de baixo peso entre adolescentes, diferença que desapareceu após o controle dos grupos por paridade. Quanto à idade materna, mesmo no extremo inferior, e à idade ginecológica, os dados indicam que aparentemente não exerceriam influência sobre o peso do recém-nascido (MOTTA, 1993). 4.8.2.6 - Prematuridade É a outra complicação muito referida como particularmente incidente entre grávidas adolescentes; alguns autores relacionam o risco para parto prematuro com a virtual incapacidade funcional da matriz uterina para manter a gravidez até o termo (ZLATNIK e BURMEISTER, 1977). Todavia, os partos prematuros entre adolescentes aparentemente são determinados por uma combinação de fatores que atuam independentemente da idade ou da idade ginecológica. Pinto e Silva (1982), por exemplo, observou maior porcentagem de recém-nascidos prematuros entre adolescentes multíparas. 4.8.2.7 - Morbidade neonatal Os vários estudos não fazem referências específicas a nenhuma situação mórbida neonatal relacionada à condição de mãe adolescente, à exceção de malformações congênitas. Alguns autores referem maior porcentagem de neonatos malformados entre adolescentes; entretanto, inquéritos epidemiológicos extensos, desenvolvidos em países do primeiro mundo, não conseguiram até o momento, identificar de maneira conclusiva a associação entre idade materna baixa com a ocorrência de malformações fetais de qualquer natureza. (MAKISON, 1985). 23 4.8.2.8 - Mortalidade perinatal O obituário perinatal enfrenta dificuldades consideráveis de análise entre os diversos estudos. Interagem sobre essa condição fatores sócios demográficos e diferenças conceituais que modificam, para mais ou menos, as estatísticas. De maneira geral, as adolescentes de países da Europa Ocidental e da América do Norte apresentam taxas de natimortalidade comparáveis às mulheres na segunda década de vida e taxas mais elevada de mortalidade neonatal (MAKISON, 1985). 4.9 - ASSISTÊNCIA DE PRÉ-NATAL Constitui um conjunto de procedimentos clínicos e educativos com o objetivo de promover a saúde e identificar precocemente os problemas que possam resultar em risco para a saúde da gestante e o concepto (BRASIL, 1985). No entanto, nem sempre o programa de pré-natal é visto dessa forma, já que ele é relativamente novo no campo da medicina e da enfermagem. Segundo Galleta (2000), o pré-natal foi instituído no início do século XX e chegou ao Brasil por volta das décadas de 20 e 30 e só se estabeleceu no pós-guerra. Neste período, pensava-se na mulher, em diminuir os agravos para sua saúde, sem se pensar no feto. Nos anos 50 e 60, com a diminuição das taxas de morte materna, começou a preocupação, decididamente, com o feto e sua saúde. Assim, com os avanços tecnológicos e sociais, o prénatal constituiu-se e se firmou, transformando-se na prática assistencialista que acontece hoje. Segundo Osava e Tanaka (1997), em termos históricos, a enfermagem sempre esteve presente no acompanhamento e avaliação de mulheres em período gestacional, visto que a enfermeira exerce papel fundamental na realização de parto e vem recebendo várias designações no decorrer dos anos como parteira, obstetras e enfermeira obstetra. Para Ziegel (1985), a enfermagem perinatal, em substituição à enfermagem obstétrica, representa o termo mais recente para designar uma área especializada de enfermagem materno-infantil. Esta área se concentra no diagnóstico e no tratamento das respostas, tanto fisiológicas quanto psicossociais de todas as famílias, à procriação que se estende desde o planejamento da gravidez até os três primeiros meses após o nascimento da criança. 24 Pelo que foi descrito nos trechos anteriores e o que foi evidenciado por nós, percebemos que a enfermeira tem um estreito contato com as gestantes e suas preocupações no período gestacional. Nesse sentido, o Ministério da Saúde, no texto assistência pré-natal do Manual Técnico, alerta que: ...a adesão das mulheres ao pré-natal está relacionada com a qualidade da assistência prestada pelos serviços e pelos profissionais de saúde, o que, em última análise, será essencial para a redução dos elevados índices de mortalidade materna e perinatal, verificada no Brasil (BRASIL, 2000). Segundo Neme (2000), o caráter preventivo do pré-natal é fundamental para diminuir os índices de mortalidade materna e perinatal, pois um pré-natal bem feito previne patologias, tais como anemias, doenças hipertensivas gestacionais (pré-eclampsia, eclampsia); também favorece o preparo psicológico para o parto, além de garantir a perfeita estruturação do organismo fetal, prevenção do abortamento e o risco de parto prematuro e óbito perinatal dentre outras vantagens. No sentido da prevenção, esse mesmo autor ressalta: A instalação da prenhez representa razão obrigatória para exigir que as pacientes procurem assistência médica. Nessas condições, ao salientar a importância da segurança fetal, o tocólogo sensibiliza as gestantes, que se tornam receptíveis, a ser assíduas em suas visitas médicas e a atender as recomendações dietéticas e terapêuticas, mesmo quando incômodas (NEME, 2000). A atenção pré-natal, em geral, envolve procedimentos simples, devendo o profissional de saúde, que presta esse cuidado, dedicar-se a escutar a gestante, oferecer-lhe apoio, estabelecer uma relação de confiança com a mesma e ajudá-la conduzir a experiência da maternidade com mais autonomia (BRASIL, 2000). Com o advento do Programa Saúde da Família (PSF), o enfermeiro como membro da equipe, ganhou um amplo espaço de atuação na assistência pré-natal (Sepúlveda 2000) afirma que a atuação do enfermeiro no cuidado às gestantes vem ganhando destaque desde a implantação do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) em 1985, apesar de ainda não ter sido possível elucidar alguns obstáculos como a caracterização do papel da enfermeira tendo em vista uma melhor especificação de suas funções, e de definições mais concretas quanto à prática da consulta da execução do parto. Diante do exposto ressaltase que a aplicação de uma teoria na prática da enfermagem apoia os enfermeiros na definição de seu papel, no melhor conhecimento da realidade e consequente adequação e qualidade do desempenho profissional, proporcionando aos clientes submeter-se a procedimentos e cuidados com menos danos (CHINN.;KRAMER, 1995; MELEIS ,1997); BARNUM ,1998). 25 4.9.1 - Importância do pré-natal Sabe-se que um pré-natal inadequado é espelho dos altos índices de morbimortalidade, uma vez que 90% das causas de morte materna diretas são evitáveis no pré-natal e menos de 10% morrem de causas indiretas (NEME, 2000). O principal objetivo de pré-natal é prestar assistência à mulher desde o início de sua gravidez, quando ocorrem mudanças físicas e emocionais e que cada gestante vivencia de forma distinta. A assistência ao pré-natal é o primeiro passo para o parto e nascimento humanizados (NEME, 2000). A consulta de pré-natal envolve procedimentos bastante simples, podendo o profissional de saúde dedicar-se a escutar as demandas da gestante, transmitindo nesse momento o apoio e confiança necessária para que ela se fortaleça e possa conduzir com mais autonomia a gestação e parto. (ROCHA et al.;1997). A assistência pré-natal deve ser organizada para atender às reais necessidades da população de gestantes, mediante utilização dos conhecimentos técnico-científicos existentes e dos meios e recursos disponíveis mais adequados para cada caso. A elaboração e implantação de protocolos fazem-se necessárias no atendimento ao pré-natal, realizado por enfermeiros e médicos, despontando como um caminho fundamental a ser percorrido, para o avanço na saúde materno infantil (ROCHA,1997). 4.9.2 - Assistência ao pré-natal da grávida adolescente A adolescente grávida deve iniciar seu pré-natal o mais precocemente possível e ser orientada para prevenção de nova gestação. Quanto às consultas, é importante agendar: da 1ª à 28ª semana, mensalmente; de 28 a 36, quinzenalmente; a partir da 36ª até a data do parto, semanalmente (NETTINA, 2003). Nestes casos especiais de gestação é fundamental reduzir a barreira entre o enfermeiro e adolescente, respeitando seus medos e adotando uma atitude fraterna e humanitária. O atendimento pré-natal deve ser continuado até a resolução do parto, onde a gestante deve ser encaminhada para a Maternidade com o “cartão da gestante” ou similar adequadamente preenchido (BRASIL, 2000). 26 Sobre os riscos à saúde nos casos de gravidez na adolescência, esta é considerada, pela OMS como situação de alta complexidade, sendo consensual na literatura, que esta gestante apresenta maiores chances de terem eclampsias, infecções urinárias, anemia, prematuridade fetal, baixo peso ao nascer, entre outros (BATISTA,2004). Apesar de ainda haver adeptos a esta corrente, que afirma que a gravidez nesta faixa etária significa risco de vida para a mãe e bebê, já é possível observar alguns autores que acreditam na minimização dos riscos biológicos para o binômio quando este possui condições de vida favoráveis e recebem um atendimento de bom nível durante seu pré-natal. Além disso, acrescentam que levar uma gestação a termo não prejudicará seu desenvolvimento biopsicossocial, e pode contribuir para um amadurecimento em relação a sua sexualidade. Neste sentido, o pré-natal adequado envolve a adesão por parte da jovem gestante (ROCHA, 1975). Sabe-se que esta adesão ao pré-natal se dá de maneira diferenciada entre as adolescentes, o que inclui cumprimento das condutas de diagnóstico, de terapêutica ou mesmo o comparecimento às consultas agendadas. Vale lembrar que adesão é um conceito amplo, dependente dos aspectos sociais, econômicos, psicológicos do individuo em acompanhamento, dos relacionados à doença (quando este é portador de uma patologia) e das ações propostas para promoção, prevenção e reabilitação. (ROCHA et al.; 1997). Neste sentido, encontram-se outros fatores que influenciam na adesão, com destaque para o acesso aos serviços, o acolhimento recebido, a garantia da continuidade da atenção. Supõe-se que, de acordo com a atual política de humanização do pré-natal e nascimento (PHPN) do Ministério da Saúde, a rede de atenção e os fluxos de referencia e contra referencia para acompanhamento destas gestantes estejam estabelecidos, como forma de garantia do acesso e do ingresso na rede de cuidados. (COLLI e DELUQQUI, 1978). Enfim, segundo a literatura consultada, os efeitos de uma assistência diferenciada as adolescentes grávidas são positivas, resultando na diminuição das complicações obstétricas, não somente dos problemas físicos como também dos psicológicos, sendo este aspecto o foco do estudo. 27 4.10 - PROGRAMA DE ATENDIMENTO À GRÁVIDA ADOLESCENTE O aspecto primordial para o atendimento à gestante adolescente é baseado na compreensão das características próprias da faixa etária. Recomenda-se que a assistência prénatal seja realizada por equipe multidisciplinar, treinada e sensibilizada, constituída por obstetra, enfermeira, psicólogo, assistente social e fisioterapeuta, cujo papel será auxiliar a adolescente a preparar-se para a maternidade. Caberá a equipe, além de fornecer atendimento pré-natal rotineiro, estabelecer vínculo da adolescente com o serviço, oferecer apoio psicossocial e fornecer orientações sobre a gravidez, o parto, os cuidados com o recémnascido, a amamentação, a anticoncepção e outros temas, relacionados ou à gravidez, por meio de atividades educativas desenvolvidas durante a evolução da gravidez. Sempre que possível, procurar-se-a estimular a participação do parceiro durante as consultas pré-natais. (MATTAR,1999). O parto será realizado de acordo com as normas preconizadas pela Obstetrícia moderna, considerando sempre a importância da humanização do atendimento dessas pacientes na sala de parto. A utilização de procedimentos analgésicos e/ou anestésicos e a atenção dispensada durante o trabalho de parto e o parto, por exemplo, são elementos que adquirem importância considerável para atendimento da adolescente durante a parturição(MATTAR,1999). No puerpério, impõe-se o reforço ao aleitamento natural, que encontra indicação ainda maior entre adolescentes, por transmitir segurança e afetividade à jovem mãe. Há que se enfatizar ainda estada no alojamento conjunto, que, além de oferecer oportunidade para o aprendizado de cuidados com o recém-nascido, também irá reforçar de modo significativo a relação mãe-bebê. Nas consultas de revisão puerperal, buscar-se-á esclarecer dúvidas, reduzir ansiedade e, quando necessário implementar ações de anticoncepção(MATTAR,1999). Todas essas recomendações durante o pré-natal, parto e puerpério têm como objetivos minimizar os efeitos surgidos das dificuldades de adaptação à gravidez proporcionar à adolescente em sua nova função de mãe. 28 4.11 - O CUIDADO DE ENFERMAGEM DIANTE DA TRANSIÇÃO AO PAPEL O cuidado de enfermagem se diferencia do cuidado dos demais profissionais pela qualidade de cuidar da vida nas situações de saúde-doença, de pretender, pelo menos teoricamente, cuidar da pessoa, do ser humano, família, grupos e comunidade na sua integralidade (PATRICIO, 1990). A ciência do cuidado humano precisa ser explorada pelos enfermeiros, beneficiar-se exercitando e implementando comportamentos de cuidado não só com a clientela, mas entre si e com os demais integrantes da equipe, uma vez que o significado do cuidado é algo a ser investigado no interior de cada pessoa. As pessoas envolvidas no processo de cuidar aprendem e crescem umas com as outras. Atributos como: interesse, respeito, paciência, solidariedade, são necessários, além de conhecimento, competência, comprometimento e responsabilidade, todos sustentados pela conceitualização de transição (WALDOW, 1998). O cuidado transacional de enfermagem conduz a busca de um modelo mais humanista, de totalidade do ser, da integralidade, a interdisciplinaridade, à relação pessoa a pessoa e a transdiciplinaridade. A criatividade também é altamente requisitada e, sem dúvida o entusiasmo e o prazer de cuidar. Neste tipo de cuidado é indispensável o desenvolvimento do pensamento crítico-reflexivo, como a discussão e clarificação de valores (PATRICIO,1990). Diante do cuidado humano os atores assumem riscos. Contudo, estes valem a pena, se modelos passados, porém nada fazendo para criar novos paradigmas. Não existem manuais ou receitas que prescrevam ou ensinem o cuidado humano, pois este deve ser “vivido”. (WALDOW, 1998). O cuidado tem por fundamento a relação interpessoal e a troca de conhecimento, visando suprir as necessidades físicas e emocionais do ser cuidado, respeitando suas potencialidades e suas limitações. O respeito se faz obrigatório para que haja uma relação interativa, na qual a enfermagem visualize o ser cuidado como ser humano que é. Entender o que é cuidado e como é inserido na enfermagem tem sido uma preocupação, a qual leva a percepção sobre a abrangência da extensa amplitude do que é o cuidado humano. O cuidado é inerente á espécie e faz parte do caráter perceptível dos humanos. Lacerda (2007) tem como premissa que o cuidado é a ferramenta mestra da prática de enfermagem, o cerne de nossa existência enquanto profissão e especificidade do saber e do 29 fazer que trabalha como ser humano na busca da sua promoção e, portanto , deve ter como objetivo fazer dele o “ser mais”. O ser adolescente gestante necessita ainda do cuidado educativo, visando capacitá-la para a responsabilidade no enfrentamento do papel materno, o qual acontece através da discussão concreta da realidade e dos problemas vivenciados por ela. A sua participação no cuidado vai se efetivar pela comunicação, ou seja, na troca entre enfermeiro e cliente, na interação entre as partes, na socialização e sensibilização deste momento que a adolescente puérpera está vivenciando (LACERDA, 2007). Cuidar do ser adolescente puérpera diante do processo de transição ao papel materno exige do enfermeiro sensibilidade para captar as necessidades vivenciadas e conhecimentos sobre transição auxiliando assim, na prestação do cuidado de forma ontológica e ética ao desenvolver o processo de cuidar (LACERDA, 2007). 30 5 - METODOLOGIA Segundo Bruyne (1991), a metodologia é a lógica dos procedimentos científicos em sua gênese e em seu desenvolvimento, não se reduz, portanto, a uma “metrologia” ou tecnologia da medida dos fatos científicos. A metodologia deve ajudar a explicar não apenas os produtos da investigação científica, mas principalmente seu próprio processo, pois suas exigências não são de submissão estrita a procedimentos rígidos, mas antes da fecundidade na produção dos resultados. (BRUYNE,1991). Segundo Strauss e Corbin (1998), o método de pesquisa é um conjunto de procedimentos e técnicas utilizados para se coletar e analisar os dados. O método fornece os meios para se alcançar o objetivo proposto, ou seja, são as “ferramentas” das quais fazemos uso na pesquisa, a fim de responder nossa questão. A pesquisa segundo Minayo (1993) é considerada como “atividade básica das ciências na sua indagação e descoberta da realidade. É uma atitude e uma prática teórica de constante busca que define um processo intrinsecamente inacabado e permanente. É uma atividade de aproximação sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinação particular entre teoria e dados”. O trabalho científico é, portanto, a forma eficiente de pesquisar e explicar os mais diversificados fenômenos. 5.1 - CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA. Esta é uma pesquisa exploratório-descritiva com abordagem qualitativa, sendo estes aspectos adequados à condução do projeto e seus objetivos. Segundo Gil (1991), um trabalho é de natureza exploratória quando envolver levantamento bibliográfico entrevista com pessoas que tiveram (ou tem) experiências práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos que estimulem a compreensão. Possui ainda a finalidade básica de desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias para a formulação de abordagens posteriores. Dessa forma, o estudo que foi aplicado visou proporcionar informações para a posterior formulação de problemas ou hipóteses que possam ser pesquisados por outros 31 estudos. Sendo a finalidade das pesquisas exploratórias oferecerem uma visão geral de um determinado fato, do tipo aproximativo. Segundo Silva e Menezes (2000),“a pesquisa descritiva visa descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis.” Neste sentido o estudo utilizará técnicas padronizadas de coleta de dados, questionário e observação sistemática, sendo importante no levantamento. Segundo Silva; Menezes (2000), “a pesquisa qualitativa considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e atribuição de significados é básica no processo qualitativo. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem”. Pope e Mays (2005) afirmam que os métodos qualitativos têm muito a oferecer aos que estudam saúde e estabelecimentos de atenção à saúde, estando em crescente utilização na pesquisa em serviços de saúde. Os autores observam que tanto é possível quanto legítimo analisar quantitativamente certos tipos de dados qualitativos. No contexto do campo saúde, uma gama de métodos qualitativos de pesquisa tem sido empregada para abordar questões importantes sobre fenômenos sociais, variando desde complexos comportamentos humanos, como a aquiescência dos pacientes ao tratamento e a tomada de decisão por profissionais de saúde até a organização da clínica hospitalar. Assim, a pesquisa em questão adotará estes métodos na análise das questões que envolvem a gravidez na adolescência e a participação dos profissionais na resolução das diversas complicações. 5.2 - LOCAL DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA. O campo de estudo foi o Centro de Saúde nº 03 da Ceilândia no Distrito Federal. Esta instituição foi inaugurada em 31 de março de 1981 como Centro de Saúde e dispõe de atendimento de clínica geral, pediatria, e ginecologia. A Unidade atende a população de Ceilândia Sul. No setor de pré-natal atende gestantes de terça-feira a quarta-feira de 8 às 17 horas. Localiza-se na QNM-15 A/E 03 Ceilândia – Sul. Conta com uma equipe composta por 01 médico clínico geral, 03 pediatras e 32 03 ginecologistas, 02 enfermeiros, 12 auxiliares/técnicos de enfermagem, conta também com 01 nutricionista e 02 odontólogos. Possui três salas para consultas de pré-natal. Para escolha do local foram levados em consideração os critérios seguintes: Fácil acesso para as pesquisadoras e orientadora; Demanda de pacientes em consultas de pré-natal; Local de realização do estágio; 5.3 - POPULAÇÃO DA PESQUISA. Foram entrevistadas 30 gestantes adolescentes acompanhadas no programa de prénatal do centro de saúde nº 03 durante o ano de 2009, bem como as enfermeiras diretamente envolvidas no atendimento. 5.4 - CRITÉRIOS DE INCLUSÃO. Gestante adolescente na faixa etária de 10 aos 19 anos de idade, (período considerado como a adolescência para a OMS) que estavam participando das consultas de pré-natal no ano de 2009 na unidade de pré-natal do CS Nº 03. Ter certeza do diagnóstico da gravidez. Ser enfermeiro da unidade de pré-natal do CS Nº 03 atuante diretamente com paciente em período gestacional. Aceitar de forma livre a colaborar com o estudo. 5.5 - CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO. Gestantes em idade adulta de acordo com conceito estabelecido pela OMS. Gestantes de qualquer idade com gravidez suspeita ou não confirmada. 33 Enfermeiras que se recusarem a preencher o questionário, enfermeiras que atuam somente na área administrativa e/ou de gestão, e que não atuem diretamente com gestantes. 5.6 - TÉCNICAS PARA COLETA DE DADOS. Um dos instrumentos de coleta de dados foi o questionário, tendo questões fechadas elaboradas com base no referencial teórico. Foi aplicado às enfermeiras atuantes na unidade de pré-natal do CS nº 03 de Ceilândia que atendam aos critérios de inclusão. Na elaboração do referido questionário, buscou-se adequar as questões ao objeto, de forma que todos os tópicos dêem forma e conteúdo e contribuam para enfatizar as relevâncias previstas no projeto (ponto de vista do investigador) e as relevâncias dos informantes (ponto de vista dos entrevistados) (MINAYO, 2006). O questionário foi aplicado pelas pesquisadoras às enfermeiras e às gestantes adolescentes. Este instrumento foi composto de perguntas fechadas com as respectivas alternativas de respostas. A análise e a interpretação dos resultados consideraram os aspectos de maior incidência e relevância, para que fossem discutidas e avaliadas com intuito de estabelecer uma maior compreensão acerca dos itens significativos para a atuação do enfermeiro na assistência de pré-natal adequada e diferenciada as gestantes adolescentes. Para a realização do questionário houve a concordância do (a) enfermeiro que atua no programa de pré-natal. Tal concordância foi manifestada por meio de assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecida, conforme resolução 196/96 que norteia a pesquisa em seres humanos no Brasil. Na análise foram utilizados questionários mediante autorização prévia da autoridade responsável. 5.7 - ANÁLISE DOS DADOS. Os dados obtidos através das perguntas fechadas foram analisados buscando-se a freqüência percentual, utilizando-se a estatística descritiva. 34 5.8 - ASPECTOS ÉTICOS E DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS. Foram respeitados no transcorrer da pesquisa todos os aspectos éticos e legais necessários para a preservação do anonimato dos sujeitos participantes da mesma, tais como: sigilo dos nomes ou de qualquer informação que possa levar à identificação do sujeito participante da pesquisa, sigilo quanto a qualquer advento que não esteja no contexto da pesquisa e que porventura o pesquisador venha a tomar conhecimento ou presenciar, conforme a resolução 196/96. Foi utilizado o termo de consentimento livre e esclarecido – TCLE - para todos os sujeitos que participarão das entrevistas. Os resultados da pesquisa subsidiaram a elaboração do trabalho de conclusão do curso de Enfermagem e poderão ser publicados em jornais e revistas científicas, apresentados em eventos científicos e para a comunidade acadêmica da Universidade Católica de Brasília e para equipes técnicas e de gestores da SES-DF para que sirvam como subsídio para o planejamento, organização e adequação da assistência de enfermagem. Uma cópia do relatório final da pesquisa será encaminhada ao CEP-SES-DF e a unidade onde a coleta de dados foi realizada. Ressalta-se que a pesquisa somente foi iniciada após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria de Saúde (FEPECS), conforme parecer nº 065/2009. 5.9 - INSTRUMENTOS DE PESQUISA PARA LEVANTAMENTO DE DADOS. O instrumento de pesquisa utilizado foi um questionário, composto por questões abertas e fechadas, totalizando 09 questões (questionário enfermeiras) e 08 questões (questionário gestante adolescentes). 5.10 - RESULTADOS E DISCUSSÃO. Os resultados apresentados a seguir foram organizados da seguinte forma: no primeiro momento aqueles relativos às entrevistas com as gestantes adolescentes e no segundo momento, os resultados das entrevistas com enfermeiras. Os resultados das 35 entrevistas com gestantes foram divididos em tabelas de perfil da gestante, sexualidade, e qualidade do pré-natal e os resultados das entrevistas com enfermeiras na tabela sobre percepção das enfermeiras sobre a qualidade na consulta de pré-natal das adolescentes. 5.10.1 - Perfil das gestantes entrevistadas Foram entrevistadas 30 gestantes adolescentes com faixa etária predominante de 16 a 19 anos (93,3%), de cor parda (43,3%), solteiras (53,3%), majoritariamente naturais e residentes do DF. Em relação à escolaridade, a maioria (73,3%) informou ter o ensino médio incompleto e serem estudantes (53,3%). Quanto à idade gestacional (IG), predominou a IG de 26 a 42 semanas, seguida de IG 13 a 25 semanas. Este perfil está coerente com outros estudos sobre gravidez na adolescência conforme relatório estatístico da secretaria do estado se saúde (SES-DF) que mostra um aumento de (6,2%) no número de nascimentos de 2005 em relação ao ano anterior considerando a faixa etária de meninas de até 19 anos. Observa-se então que o perfil encontrado neste estudo é compatível com os achados em outras regiões do país; Como diz a pesquisa nacional sobre demografia e saúde (PNDS) de 1996 que revela que (18%) das adolescentes brasileiras já tiveram pelo menos um filho ou estão grávidas. A maioria das adolescentes engravida na segunda fase da adolescência quando ainda está estudando e, nesta pesquisa, são solteiras (53,3%), seguidas de casadas (43,3%). Em relação à profissão, (53,3%) são estudantes, (30%) exercem outras profissões, (16,7%) são do Lar. 36 Tabela 1 – Perfil das gestantes adolescentes entrevistadas. Brasília, 2009. F % Faixa etária 10 a 15 anos 2 16 a 19 anos 28 F % Cor da pele Cor Branca 10 Cor Parda 13 Cor Negra 7 F % Estado Civil Casada 13 Solteira 16 Separada 1 F % Naturalidade DF 27 Outros 3 F % Residência Procedência Cidade satélite 30 F % Escolaridade Nível fundamental 8 Nível médio 22 F % Profissão Do Lar 5 Estudante 16 Outros 9 F Idade gestacional 1 a 12 semanas 1 13 a 25 semanas 13 26 a 42 semanas 16 30 Fonte: As autoras. 6,7 93,3 33,3 43,3 23,3 43,3 53,3 3,3 90 10 100 26,7 73,3 16,7 53,3 30 3,3 43,3 53,3 100,0 5.10.2 - Sexualidade Quando indagadas quanto ao início da vida sexual, a maioria delas (86,7%) referiu ter iniciado entre 14 a 16 anos de idade. Confirmando a pesquisa realizada pelo Berquó ET AL, (1994) que diz que o início muito cedo da vida sexual aliado à atividade sexual desprotegida reflete na gestação em adolescentes. Em relação ao uso de métodos contraceptivos, (73,3%) informaram já terem feito uso, porém não sendo contínuo. E dentre os métodos mais usados foram citados a camisinha (60%) seguido da pílula anticoncepcional (13,3%). E estes, utilizados durante até um ano pelas entrevistadas (30%), seguida de 23,3% que utilizaram por mais de dois anos. Como diz Bueno (2004), o nível econômico parece ser um fator quase determinante para a ocorrência da gravidez, é nas classes econômicas menos favorecidas que há uma elevada incidência de 37 adolescentes grávidas devido ao abandono e promiscuidade dessa população, maior desinformação e menor acesso aos métodos anticoncepcionais. Portanto é fundamental que tanto a família quanto a escola assumam a responsabilidade de formar e informar as jovens para que consolidem uma visão positiva da própria sexualidade e tornem-se capazes para tomadas de decisões maduras e responsáveis (BUENO, 2004). Tabela 2 – Sexualidade Brasília, 2009. Com quantos anos iniciou a vida sexual 11 a 13 14 a 16 17 a 19 F Já fez uso de métodos contraceptivos Não Sim F Qual método anticoncepcional Não usa Camisinha Pílula F Durante quanto tempo Não usa Menos de 1 ano 1 a 2 anos Mais de 2 anos F % 1 26 3 30 3,3 86,7 10 100 % 8 22 30 26,7 73,3 100 % 8 18 4 30 26,7 60 13,3 100 % 8 9 6 7 30 26,7 30 20 23,3 100 Fonte: As Autoras. 5.10.3 - Qualidade do Pré-natal das gestantes adolescentes Em relação ao profissional considerado mais atuante no pré-natal, pelas gestantes entrevistadas, destaca-se o majoritariamente o profissional médico. Este resultado pode ser explicado devido ao fato destas gestantes serem classificadas na condição de gestação de alto risco. De acordo com Batista, (2004), a respeito dos riscos para a saúde nos casos de gravidez na adolescência, esta é considerada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como situação de alta complexidade, sendo consensual na literatura que estas gestantes apresentam maiores chances de apresentarem eclampsias, infecções urinárias, anemia, prematuridade fetal, baixo peso ao nascer, entre outros. 38 Quanto ao entendimento das recomendações feitas na consulta de pré-natal (96,7%) das adolescentes afirmaram entender o que diz o profissional. Em relação às dúvidas sobre a gravidez serem sanadas na consulta de Pré-natal, (76,7%) disse que o são, o que está de acordo com Neme (2000). Este autor afirma que a assistência pré-natal dever ser organizada para atender as reais necessidades da população de gestantes mediante utilização dos conhecimentos técnicos científicos existentes e dos meios e recursos disponíveis mais adequados para cada caso. A elaboração e implantação de protocolos fazem-se necessárias no atendimento ao pré-natal, realizado por enfermeiros e médicos, despontando como um caminho fundamental a ser percorrido, para o avanço na saúde materno-infantil. Questionadas sobre o tempo gasto na consulta de pré-natal, (63,3%) disseram que o tempo era suficiente. Satisfazendo a teoria de Stefanelli (1993) que enfatiza que, ao usar a comunicação adequadamente, o profissional pode estimular mudanças de atitudes e comportamento do indivíduo. Outro ponto fundamental é o uso consciente que o profissional deve fazer de sua comunicação com o indivíduo, o que facilita o alcance dos objetivos da assistência. Quanto a se sentirem diferentes de uma gestante adulta (73,3%) das adolescentes disseram não sentirem-se diferentes. Tabela 3 – Qualidade do pré-natal das gestantes adolescentes Brasília, 2009 Qual profissional foi mais atuante no acompanhamento F da sua gestação Médico 30 Você entende as recomendações que fazem os profissionais de saúde que lhe atendem na consulta de F Pré-Natal Sim 29 Às vezes 1 30 Todas as suas duvidas sobre a sua gravidez são sanadas F na consulta de Pré-Natal Sim 23 Às vezes 7 30 Você acha suficiente o tempo gasto na sua consulta de F PN Sim 19 Não 2 Às vezes 9 30 Fonte: As Autoras. % 100 % 96,7 3,3 100 % 76,7 23,3 100 % 63,3 6,7 30 100 39 5.10.4 - Percepção das enfermeiras sobre o pré-natal das adolescentes grávidas Foram entrevistadas 02 enfermeiras com o objetivo de avaliar a assistência prestada pelos profissionais de saúde às gestantes adolescentes e analisar a necessidade de implementar na unidade de saúde uma assistência diferenciada. Tabela 4 – Percepção das enfermeiras sobre o pré-natal das adolescentes grávidas Como você define a assistência prestada no PN da gestante adolescente F % Boa 1 Regular 1 2 Você sente necessidade de implementar na unidade de saúde a assistência diferenciada a grávidas adolescentes F % Não 2 Você julga que as gestantes adolescentes saem da consulta de PN com todas as duvidas sanadas F % Não 1 Às vezes 1 2 Quando as gestantes adolescentes retornam da consulta de PN, você observa alguma dificuldade em ter seguido as orientações que foram dadas na consulta anterior. F % Sim 2 Você sente alguma dificuldade ou preconceito em realizar a assistência pré-natal a esta faixa etária F % Sim 1 Não 1 2 A assistência pré-natal a gestante adolescente é realizada por equipe multidisciplinar F % Não 2 A equipe que atende as adolescentes grávidas é treinada e sensibilizada para lidar com essa situação F % Às vezes 2 São realizadas atividades educativas durante a assistência PN F % Sim 2 A equipe está preocupada em estabelecer vínculo da adolescente com o serviço de saúde F % Sim 2 Fonte: Autoras. 50 50 100 100 50 50 100 100 50 50 100 100 100 100 100 Diante do questionamento realizado com as enfermeiras em relação à assistência prestada no pré-natal, as respostas foram entre regular (1) e boa (1). Sendo que ambas não sentem necessidade de implementar, na unidade, a assistência pré-natal diferenciada, 40 justificada devido a falta de uma equipe multidisciplinar na unidade de saúde. O que preconiza o Programa de Atendimento a Grávida Adolescente (Reprolatina, Campinas SP) é que o aspecto primordial para o atendimento à gestante é baseado na compreensão das características próprias da faixa etária. Recomenda-se que a assistência pré-natal seja realizada por equipe multidisciplinar, treinada e sensibilizada, constituída por obstetra, enfermeira, psicólogo, assistente social, nutricionista, fisioterapeuta, cujo papel será auxiliar a adolescente a preparar-se para a maternidade. Observa-se que infelizmente, não há preocupação manifesta com melhoria na qualidade da assistência, reiterando-se as costumeiras justificativas com falta de pessoal. As enfermeiras observaram que as adolescentes retornaram as consultas e palestras com dúvidas em seguir as orientações dadas nas consultas anteriores, o que contradiz as informações dadas pelas gestantes que afirmaram em sua maioria não saírem com dúvidas nas consultas de pré-natal. Quanto às atividades educativas durante a assistência pré-natal ambas afirmaram estarem sendo realizadas e a equipe está preocupada em estabelecer o vínculo da adolescente com o serviço de saúde. De acordo com o programa de atendimento a grávida adolescente diz que caberá a equipe, além de fornecer atendimento pré-natal rotineiro, estabelecer vinculo da adolescente com o serviço, oferecer apoio psicossocial e fornecer orientações sobre a gravidez, o parto, os cuidados com o recém-nascido, a amamentação, a anticoncepção e outros temas relacionados à gravidez, por meio de atividades educativas desenvolvidas durante a evolução da gravidez. 41 6 - CONCLUSÃO Os objetivos deste estudo eram avaliar a percepção das enfermeiras e gestantes adolescentes, sobre as informações prestadas durante a consulta de pré-natal, levantar e analisar o quanto a gestante adolescente conseguiu absorver das informações prestadas na consulta de pré-natal, identificar à percepção do enfermeiro quanto à consulta de pré-natal a gestante adolescente na unidade de saúde e propor recomendações a fim de melhorar a qualidade da assistência no programa de pré-natal das adolescentes grávidas na unidade básica de saúde. Em relação à percepção de gestantes e enfermeiras sobre as orientações dadas no prénatal, não houve consenso, entre as entrevistadas. Isto pode ser explicado porque o contato entre as adolescentes e as enfermeiras está acontecendo somente nas palestras e as consultas estão sendo feitas majoritariamente pelo médico. Neste sentido, não há como afirmar categoricamente que as informações estão ou não sendo repassadas adequadamente. Contudo, as adolescentes parecem sair das consultas sem grandes dúvidas. Sobre a percepção das enfermeiras quanto ao atendimento diferenciado e as suas repercussões, não reconhecem a necessidade da implantação do modelo, por não possuírem na unidade uma equipe multidisciplinar. Porém verificam que as dúvidas das adolescentes assistidas permanecem após as consultas, o que não é confirmado pelas gestantes. Outra observação importante seria sobre o papel dos enfermeiros neste processo, sendo estes fundamentais para a correta orientação das gestantes, tendo o primeiro contato com as adolescentes que procuram à unidade. Este compromisso deve ser assumido com responsabilidade, estimulando o desenvolvimento do modelo e real aplicabilidade de seus objetivos como proposto pelo Ministério da Saúde. Como demonstrado no questionário, a equipe está preocupada em estabelecer um vínculo com as gestantes, sendo este um aspecto importante, pois é fundamental uma adequada relação enfermeiro – paciente, tendo um primeiro contato acolhedor, promovendo orientações claras e efetivas. Com base nos resultados do estudo recomendamos as seguintes ações para a melhoria da consulta de pré-natal ás gestantes adolescentes: 1. Como a equipe de enfermagem faz o primeiro contato com as adolescentes que procuram a unidade, estes devem assumir o compromisso de estabelecer vínculo das gestantes com a Unidade de Saúde. 42 2. Devido às gestantes estarem em idade escolar, sugere-se incorporar nos programas de educação sexual nas escolas, informações relativas ao problema da gravidez precoce, uso de métodos contraceptivos, doenças sexualmente transmissíveis. 3. Implantar treinamento da equipe de saúde com profissionais habilitados para oferecer uma assistência humanizada e integral à adolescente; 4. Mudar as atividades educativas desenvolvidas no Centro de Saúde para adequar às adolescentes. Em geral esta faixa etária requer atividades mais dinâmicas e atuais. . . 43 7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROSO, C., et al; Gravidez na Adolescência; IPLAN/IPEA, UNICEF, Fundação Carlos Chagas; Série Instrumentos para a Ação; 6ª Ed.; Brasília, 1986. BERQUÓ, E. Esterilização,Percentual e Raça em São Paulo:CEBRAP.1994. BRASIL. 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Esta pesquisa é importante para avaliar a qualidade da assistência de enfermagem e identificar a percepção das adolescentes grávidas sobre a qualidade das consultas de pré-natal realizadas pelos profissionais de saúde. Sua participação será por meio da concessão de entrevista, com a duração de no máximo 15 minutos, respondendo questões sobre a assistência prestadas a gestante adolescente, sobre a necessidade de implementação a uma assistência diferenciada, verificar se as dúvidas estão sendo sanadas, se há um acompanhamento multidisciplinar, se a equipe é treinada e sensibilizada para essa situação, se são realizadas atividades educativas a essas gestantes e se a equipe está preocupada em estabelecer vinculo da adolescente com o serviço de saúde. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria de Saúde do DF – SES/DF e lhe garantimos os direitos abaixo relacionados: 1) Solicitar, a qualquer momento, maiores esclarecimentos sobre esta pesquisa, através dos telefones: - CEP/SES/DF: 61- 325.4955; Clarice Maciel Lucio: 61-32633739 ou 91150509; Clênia Maria de Araújo: 61 – 84213715 ou 34511036; Lidiane da Silva Pereira: 61- 33935871 ou 91056701. 2) Segredo absoluto sobre nomes, local de trabalho, residência e quaisquer outras informações que possam levar à identificação pessoal e da instituição a qual pertence; 3) Ampla possibilidade de negar-se a responder a quaisquer questões ou a fornecer informações que julgar prejudicial à sua integridade física, moral e social; 4) Solicitar que parte das falas e/ou declarações não seja incluída em nenhum documento oficial, o que será prontamente atendido; 5) Desistir, a qualquer tempo, de participar da pesquisa. Os resultados da pesquisa serão publicados em jornais e revistas científicas, apresentados em eventos científicos e para equipes técnicas e de gestores da SES-DF para que 48 possam ser utilizados no planejamento, organização e adequação da assistência de enfermagem. Uma cópia deste termo permanecerá com o Sr. (a) e a outra ficará arquivada, juntamente com os demais documentos da pesquisa, com o pesquisador responsável na sala 113, Bloco S, Direção do Curso de Enfermagem, Universidade Católica de Brasília – Campus I, Q.S 07 lote 01, EPCT – Águas Claras, Taguatinga/DF. Brasília-DF, ________ de _______________________ 2009. Enfermeiro (a) Participante: _______________________________________________ Assinatura do pesquisador responsável: __________________________________ Prof. Esp. Clarice Maciel Lucio 49 8.2 - TERMO DE CONSCENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA GESTANTES ADOLESCENTES A senhora está sendo convidada para participar pesquisa intitulada: “Assistência Prénatal de Adolescentes Grávidas: Uma Análise Crítica na Unidade Básica de Saúde nº 03 de Ceilândia Sul”, que tem como objetivo analisar a assistência do pré-natal de gestantes adolescentes realizada por profissionais de saúde. Esta pesquisa é importante para avaliar a qualidade da assistência de enfermagem e identificar a percepção das adolescentes grávidas sobre a qualidade das consultas de pré-natal realizadas pelos profissionais de saúde. Sua participação será por meio da concessão de entrevista, com a duração de no máximo 15 minutos, respondendo questões sobre a vida sexual, uso de métodos contraceptivos, se as dúvidas são sanadas no decorrer das consultas, se a gestante adolescente se considera diferente das gestantes adultas e se elas se sentem julgadas e sofrendo preconceito pelos profissionais de saúde durante o pré-natal. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria de Saúde do DF – SES/DF e lhe garantimos os direitos abaixo relacionados: 6) Solicitar, a qualquer momento, maiores esclarecimentos sobre esta pesquisa, através dos telefones: - CEP/SES/DF: 61- 325.4955; Clarice Maciel Lucio: 61-32633739 ou 91150509; Clênia Maria de Araújo: 61 – 84213715 ou 34511036; Lidiane da Silva Pereira: 61-33935871 ou 91056701. 7) Segredo absoluto sobre nomes, local de trabalho, residência e quaisquer outras informações que possam levar à identificação pessoal e da instituição a qual pertence; 8) Ampla possibilidade de negar-se a responder a quaisquer questões ou a fornecer informações que julgar prejudicial à sua integridade física, moral e social; 9) Solicitar que parte das falas e/ou declarações não seja incluída em nenhum documento oficial, o que será prontamente atendido; 10) Desistir, a qualquer tempo, de participar da pesquisa. Os resultados da pesquisa serão publicados em jornais e revistas científicas, apresentados em eventos científicos e para equipes técnicas e de gestores da SES-DF para que possam ser utilizados no planejamento, organização e adequação da assistência de enfermagem. Uma cópia deste termo permanecerá com o Sr. (a) e a outra ficará arquivada, juntamente com os demais documentos da pesquisa, com o pesquisador responsável na sala 113, Bloco S, 50 Direção do Curso de Enfermagem, Universidade Católica de Brasília – Campus I, Q.S 07 lote 01, EPCT – Águas Claras, Taguatinga/DF. Brasília-DF, ________ de _______________________ 2009. Participante: ______________________________________________________ Assinatura do pesquisador responsável: __________________________________ Prof. Esp. Clarice Maciel Lucio 51 9 - APÊNDICE 9.1 - QUESTIONÁRIO A SER APLICADO ÀS ADOLESCENTES NO PRÉ- NATAL OBJETIVOS: Identificar a percepção das adolescentes grávidas sobre a qualidade das consultas de pré-natal realizadas pelos profissionais de saúde. Identificação Idade: Cor: ( )Branca ( ) Parda ( ) Negra Estado Civil: ( ) Casada ( ) Solteira ( ) Separada Naturalidade: Residência/Procedência: Escolaridade: Profissão: Idade Gestacional: 1- Com quantos anos iniciou a vida sexual? ______________________________________________________________________ 2- Já fez uso de métodos contraceptivos? ( ) Não. ( )Sim. Qual? ___________________________________________________ Durante quanto tempo?_____________________________________________ 3- Qual o profissional foi mais atuante no acompanhamento da sua gestação? ( )Médico. ( ) Enfermeiro. ( )Psicólogo. ( ) Equipe de técnicos em Saúde. ( ) Outro. Qual? _________________________________________________ 52 4- Você entende as recomendações que fazem os profissionais de saúde que lhe atendem na consulta de pré-natal? ( )Sim ( )Não ( )Às vezes 5- Todas as suas dúvidas sobre a sua gravidez são sanadas na consulta de pré-natal? ( )Sim ( )Não ( )Às vezes 6- Você acha suficiente o tempo gasto na sua consulta de pré-natal? ( )Sim ( )Não ( )Às vezes 7- Você, grávida adolescente, se considera diferente de uma gestante adulta? ( )Sim ( )Não ( )Às vezes 8- Você se sente julgada ou sofrendo preconceito por parte dos profissionais que lhe atendem na consulta de pré-natal, por ter ficado grávida na adolescência? ( )Sim ( )Não ( )Ás vezes 53 9.2 - QUESTIONÁRIO A SER APLICADO ÀS ENFERMEIRAS OBJETIVOS: Avaliar a assistência prestada pelos profissionais de saúde às gestantes adolescentes e analisar a necessidade de se implementar na unidade de saúde uma assistência diferenciada. 01 – Como você define a assistência prestada no pré-natal da gestante adolescente? ( ) ótima ( ) Boa ( ) regular ( ) ruim 02 – Você sente necessidade de implementar na unidade de saúde a assistência diferenciada a grávidas adolescentes? ( ) Não ( ) Às vezes ( )Sim. Por quê? _____________________________________ ______________________________________________________________________ 03 – Você julga que as gestantes adolescentes saem da consulta de pré-natal com todas as dúvidas sanadas? ( )Sim ( )Não ( )Às vezes 04 – Quando as gestantes adolescentes retornam da consulta de pré-natal, você observa alguma dificuldade em ter seguido as orientações que foram dadas na consulta anterior? ( )Sim ( )Não ( )Às vezes 05 – Você sente alguma dificuldade ou preconceito em realizar a assistência pré-natal a esta faixa etária? ( )Sim ( )Não ( )Às vezes 06 – A assistência pré-natal a gestantes adolescentes é realizada por equipe multidisciplinar? ( )Sim ( )Não ( )Às vezes 07 – A equipe que atende as adolescentes grávidas é treinada e sensibilizada para lidar com essa situação? ( )Sim ( )Não ( )Às vezes 54 08 – São realizadas atividades educativas durante a assistência pré-natal? ( )Sim ( )Não ( )Às vezes 09 – A equipe está preocupada em estabelecer vínculo da adolescente com o serviço de saúde? ( )Sim ( )Não ( )Às vezes