Anexo 3 - Relação entre a Composição Gravimétrica do RSU e seu Poder Calorífico O chamado Resíduo Solido Urbano (RSU) é uma mistura de materiais de diferentes origens – predominantemente restos de alimentos, carnes e vegetais, embalagens, papel, papelão, madeira, borracha etc – que tem, cada qual, maior ou menor facilidade para a queima ao ar livre. É parte da nossa experiência cotidiana que, com exceção dos materiais inertes – vidro, metais, cerâmica etc – todos os demais queimam desde que estejam secos. O grau de umidade e o estado físico – químico desses materiais influem decisivamente na possibilidade de queimá-los em fornalhas de incineradores. O Poder Calorífico Inferior do RSU é o resultados das contribuições dos poderes caloríficos específicos de cada material1. Calcular o chamado Poder Calorífico Inferior (PCI) do RSU significa somar essas contribuições individuais, através de uma operação simples, como exemplificado a seguir: 1. Composição Gravimétrica do RSU Adotado nesse Estudo (*): Componente Matéria Orgânica Plásticos Papel e Papelão Têxteis e Couro Madeira Borracha Inertes Soma % 51,4 13,7 13,1 2,8 1,2 0,5 17,3 100,0 (*) Extraído do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, MMA, 2012. 2. Valores de PCI dos Componentes do RSU, de acordo com a sua umidade: Material Matéria Orgânica Plásticos Papel e Papelão Têxteis e Couro Madeira Borracha Umidade % 66 17 21 36 25 5 PCI (base úmida sem cinzas) kcal/kg 712 8.193 2.729 1.921 2.490 8.633 Fonte: CODESC 2003, CEMIG/FEAM 2011. Os valores de poder calorífico são obtidos em análises laboratoriais, pela queima completa dos materiais previamente secos em equipamentos denominados calorímetros. 1 37 De posse da composição gravimétrica e dos poderes caloríficos individuais, a determinação do Poder Calorífico Inferior do RSU é uma operação simples. É preciso ter em mente, entretanto, que esse valor representa uma média: a experiência mostra que o RSU apresenta grandes variações entre localidades e ao longo do ano. 3. Cálculo do Poder Calorífico Inferior (PCI) do RSU: Componente Mat. Orgânica Plásticos Papel e Papelão Têxteis e Couro Madeira Borracha Inertes Soma Composição Gravimétrica (%) 51,4 13,7 13,1 2,8 1,2 0,5 17,3 100,0 PCI Individual (kcal/kg) 712 8.193 2.729 1.921 2.490 8.633 0 Contribuição ao PCI Total (kcal/kg) 366 1.122 434 23 30 5 0 1.980 % do PCI Total 19 57 22 1 1 0 0 100,0 Assim, observa-se que o RSU adotado nesse estudo, cuja composição é retirada de estatísticas nacionais, apresenta um PCI de 1.980 kcal/kg. Esse PCI é formado, majoritariamente, pelos plásticos (57%), complementado pelo papel e papelão (22%) mais a matéria orgânica (19%). A conseqüência prática dessas proporções é que será cada vez mais difícil incinerar a matéria orgânica com a redução dos recicláveis, principalmente dos plásticos, como resultado da implantação da PNRS. Basta ver que uma redução de 27% dos plásticos2 na composição atual do RSU é suficiente para diminuir o PCI para 1.680 kcal/kg, insuficiente para a queima auto-sustentada nos incineradores “mass burn”. 2 Reduzindo a 10% a participação dos plásticos na composição gravimétrica do RSU. 38