1
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O PAPEL DOS PAIS EM MEIO ÀS DIFICULDADES DE
APRENDIZAGEM
Por: Maria da Glória Justino Estrela
Orientador
Prof.ª Fernanda Canavez
Rio de Janeiro
2012
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O PAPEL DOS PAIS EM MEIO ÀS DIFICULDADES DE
APRENDIZAGEM
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada
como requisito parcial para obtenção do grau Especialista
em Psicopedagogia,
Por: Maria da Glória Justino Estrela
3
AGRADECIMENTOS
A todos que contribuíram para execução
desta monografia. E as Mulheres da IBM e
amigos.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho monográfico a um Deus
do impossível e a minha família que muito me
incentivou, meu esposo Rogério, meus filhos:
Camila e Vitor.
5
RESUMO
Este trabalho através do suporte teórico analisado tem por finalidade
fazer uma análise do papel dos pais em meio às dificuldades de aprendizagem.
Observamos por meio de estudos, que nem sempre o processo de
aprendizagem torna-se um sucesso. Visto que muitas vezes no decorrer do
ensino, nos deparamos com problemas que deixam os pais paralisados diante
do desafio de educar. Desafios, estes, que ocorrem por vários fatores: A não
participação dos pais no projeto de ensino e aprendizagem, a falta de
comunicação entre a escola e a família.
Com a eclosão das dificuldades de aprendizagem, tanto escolar como
familiar, surge a necessidade de encontrar subsídios que venham auxiliar a
aprendizagem. O aspecto geral do problema da criança com dificuldades de
aprendizagem é uma das situações mais difíceis com que o professor tem que
se deparar nas suas práxis pedagógicas. Se necessário for, utilizando-se da
intervenção psicopedagógica que é um procedimento o qual busca otimizar a
vida acadêmica da criança. O ato deste processo de aprendizagem acontecerá
do olhar de um psicopedagogo e nos levará à uma reflexão sobre o problema
de aprendizagem, assim como as possíveis intervenções sobre o referido
problema. O objetivo desse estudo é fornecer uma reflexão sobre a importante
parceria família, escola e o psicopedagogo, ressaltando o papel da família
como fator primordial na formação e na aprendizagem da criança.
6
METODOLOGIA
A pesquisa a ser desenvolvida parte da observação da realidade de
cada um, uma vez que cada família tem um caso especifico, e para buscar uma
solução para as dificuldades de aprendizagem, é necessária a participação da
família no processo de aprendizagem junto ao professor e aos profissionais,
buscando dar sentido e soluções aos problemas revelados.
Assim sendo, as fontes de dados foram obtidas através de pesquisa
bibliográfica em livros, artigos, sites e revistas, que tratam das dificuldades de
aprendizagem. Todo material recolhido deve ser submetido a uma triagem, a
partir da qual é possível estabelecer um plano de leitura. Trata-se de uma
leitura atenta e sistemática que se faz acompanhar de anotações que
eventualmente, puderam servir a fundamentação teórica do estudo.
Em suma, este trabalho foi sendo constituído e desenvolvido por meio
de um processo em espiral que começou com alguns questionamentos
posteriormente esclarecidos, na medida em que o estudo ia sendo
desenvolvido. Este trabalho teve cuidado de abordar e compreender melhor
como os problemas de aprendizagem podem estar ligados a família, escola e
necessitando de um profissional o psicopedagogo para uma possível
intervenção psicopedagógica.
7
SUMÁRIO
Introdução
pag.08
Capítulo I:
A família diante das dificuldades de aprendizagem dos filhos
pag.09
Capítulo II:
A necessária intervenção psicopedagógica frente às dificuldades de
aprendizagem
pag.14
Capítulo III:
A importante parceria entre a família, a escola e o psicopedagogo
pag.21.
Conclusão
pag.29
Bibliografia
pag.30
8
Introdução
Com esta monografia, tenho o propósito de refletir sobre os aspectos
relacionados às dificuldades de aprendizagem no âmbito família e escola. As
dificuldades de aprendizagem têm sido uma das maiores preocupações dos
familiares e educadores, pois ao surgirem tais problemas, muitas vezes, estes
não encontram solução.
Os pais, por sua vez, apresentam grandes dificuldades em participar do
projeto de ensino e aprendizagem principalmente quando ocorrem disfunções
em meio a este processo, talvez por falta de conhecimento ou não aceitação.
Segundo Sampaio (2009) ao surgirem dificuldades de aprendizagem, a
família reage de forma rígida, colocando o problema para o filho, ou seja, o
individuo não aprende porque é desatento ou por outras razões; estes, muitas
vezes, procuram pelos os culpados, ora se culpa criança, ora a família ou
escola.
Ao ingressar no curso de pós-graduação, e ter um maior contato
através de literaturas de alguns autores, percebi que havia
semelhanças
dentro de minha própria família. Busquei então encontrar soluções que
pudessem
Qual
seria
responder
o
papel
da
as
família
seguintes
no
auxilio
a
questões:
aprendizagem?
Como a escola juntamente a família poderia auxiliar no processo de
aprendizagem? Qual seria a intervenção psicopedagógica necessária frente às
dificuldades de aprendizagem?
A primeira instituição social formadora da criança é a família, sendo esta
a principal responsável pela maior parte da personalidade do adulto que a
criança virá a ser. Os pais precisam estar inseridos neste processo de ensino e
aprendizagem, de forma que tenham em mente a quem recorrer quando
surgirem
dificuldades
de
aprendizagem.
Se as crianças vivenciam, alegrias e desejos na família, na escola o indivíduo
encontrará alicerce para a sua formação elaborada.
Outro autor, Cunha (2008), afirma que escola e família não podem estar
dissociadas uma da outra, já que são ligadas pelos veios afetivos do educando.
O capítulo a seguir abordará conflitos da família diante as dificuldades de
9
aprendizagem de seus filhos. No decorrer desta pesquisa, veremos a família
diante das dificuldades de aprendizagem e da necessária intervenção
psicopedagógica, em parceria com família, escola e o psicopedagogo.
10
Capítulo I
A Família diante das dificuldades de aprendizagem
A família é um núcleo de convivência unido por laços afetivos e
representa um grupo social primário, que influencia e é influenciado por outras
pessoas e instituições. Martins (2007)
A criança nos seus primeiros anos de vida recebe principal influência da
família e daquelas pessoas que fazem parte do contexto familiar. Neste
contexto familiar o ser humano desenvolve variedades de papeis como: pai,
mãe, filho, avó, avô, irmão e irmã. Papeis estes que são determinantes no
desenvolvimento tanto afetivo quanto físico.
O próprio conceito de família e a configuração dela têm evoluído para
retratar as relações que se estabelecem na sociedade atual, desta forma não
há uma configuração ideal para a família.
A família no aspecto que adotamos é apreciada como uma rede de
sustentação.
Segundo Fernandes (apud SAMPAIO, 2009 p 69):
“Se pensássemos no problema de aprendizagem como derivado só do
organismo ou só da inteligência, para seu diagnóstico e cura não haveria
necessidade de recorrer à família”.
A maioria das famílias idealizam valores e têm grandes expectativas
relacionadas à vida profissional dos seus filhos, tal comportamento independe
da classe social. Os familiares, com o nascimento de uma criança, escolhem
profissões e fazem comparações ao expressarem o desejo de que seus
rebentos sejam engenheiros como o avô, ou então que realizem seus próprios
sonhos frustrados, por alguma razão, de seguir a medicina.
E com o surgimento de algumas dificuldades no aprendizado da criança
a relação desta com a família se desestabiliza. Quando alguns pais ao
escutarem dos professores que seu filho está com ritmo de aprendizagem
diferente dos colegas, apresenta dificuldades na leitura e na escrita ou se
encontra totalmente disperso, por vezes, negam-se a aceitar a sinalização do
professor podendo chegar ao ponto de retirarem a criança da escola, levando-a
11
para outra instituição de ensino e perpetuando a situação. Atitude, esta, que
afetará de forma maléfica tanto o emocional quanto sua aprendizagem escolar.
Algumas famílias levam a criança ao psicopedagogo que faz o diagnóstico e
constata que o tratamento precisa ser iniciado, com urgência, mas a família
não prossegue. A suspensão do tratamento, que serviria para auxiliar no
desenvolver de um comportamento saudável, pode trazer consequências
graves para a criança.
Sampaio diz:
Tratando-se uma criança, isto é, um ser em evolução, a
superação do sintoma tem um caráter de urgência, na medida
em que está em jogo seu próprio destino, já que a parada no
desenvolvimento
produz
deteriorações
muita
vezes
irrecuperáveis. (Pain apud SAMPAIO, 2009 p. 77).
Dificuldades estas que ocorrem com maior frequência nos primeiros
anos da escolarização, muitas vezes, por alguns acontecimentos no ambiente
familiar tais como, violência doméstica, separação ou falecimentos dos pais;
esses fatos refletem diretamente na aprendizagem escolar. As famílias, por sua
vez, não sabendo como resolver estes ocorridos, procuram justificativas e
fazem comparações com outras crianças, destacando a independência de um
irmão que nunca precisou de ajuda para realizar deveres e que só tinha boas
notas em tudo o que fazia. Um dos momentos mais críticos se desenha no
início das tarefas de casa, uma vez que para alguns pais esta traz grande
desconforto ou porque a criança necessita de ajuda não conseguindo fazê-la
sozinha, pelas próprias dificuldades dos pais, já que no seu tempo escolar a
metodologia de ensino era diferente, ou pela simples falta de tempo. Desta
forma, a criança passa a ser culpada; os pais afirmam que ela não se interessa
por nada relacionado ao estudo, voltando sua atenção apenas para
brincadeiras, chamam-lhe a atenção apropriando-se de termos pejorativos. E
por fazer tais comparações, impondo-lhe tarefas, exigindo além do que a
criança pode oferecer e que esteja em desacordo com o desejo da criança,
estes pais deixarão marcas profundas no futuro desenvolvimento do menor.
Talvez com o surgimento de algum sintoma atrelado à dificuldade de
12
aprendizagem, a família pode não assumir estes déficits, visto que implicará
em algo que não queira que seja revelado pelos pais, pela própria falta de
conhecimento, não aceitação ou receio de que seus sonhos sejam frustrados.
Bowby (1993) afirma que a existência de uma criança com problema
representa uma ruptura para os pais.
Ruptura, esta, que impede que os pais tenham uma visão holística e
busquem informações para diferenciar dificuldades de aprendizagem do limite.
Muitas vezes, na relação com seus filhos, os pais deveriam ser
administradores dos seus limites. No entanto, as limitações não podem servir
para sufocar ou tolher o desenvolvimento emocional da criança.
O “não” também tem o seu lugar nessa relação. Muitos pais se omitem
em dizer “não” aos filhos para recompensá-los com aquilo que precisam ou
gostariam, e mesmo não possuindo quaisquer condições financeiras, esforçamse de todas as formas para que seus rebentos obtenham seus objetos
desejados. Com essa postura, perdem oportunidades preciosas de prepará-los
para as negativas que a vida certamente lhes apresentará.
Os filhos necessitam de proteção e é papel dos pais ampará-los, mas
esta não pode ser exagerada ou ilimitada, sob o risco de tornar-se
superproteção. A criança cercada de superproteção também terá dificuldades
de desenvolvimento.
Sampaio (2011) afirma as crianças superprotegidas não aprende a lidar
com situações do cotidiano sozinhas, já que sempre há um pai ou uma mãe por
trás, para lhe defender ou intervir.
A família deveria participar do desenvolvimento de seus filhos, buscar
conhecer as suas dificuldades tendo uma visão ampla que eles são seres
sociais, intelectivos, produtivos e muito mais, são seres emocionais. Sendo
assim, devem manter um diálogo com seus filhos, sendo sensível diante das
necessidades, incentivando e demonstrando afeto.
Logo para o autor:
Os pais inconscientes deixam a seu filho a carga de refazer
sua história, mas refazê-la de tal maneira que nada deveria
mudar, apesar de tudo. O paradoxo em que a criança está
13
presa produz logo efeitos violentos; com efeito, raramente há
oportunidade de que a criança se realize em seu próprio nome.
(Sampaio apud MANNONI, 2009, p. 70).
Para que uma criança aprenda é necessário que ela tenha o desejo de
aprender; e que os pais possibilitem este aprendizado compartilhando dele com
a criança.
Como diz Mannoni, (1981) numa belíssima metáfora, "as crianças
andam não só porque tem pernas, mas porque seus pais assim o permitem.”.
Em vez de pensar nas dificuldades de aprendizagem, devem-se
proporcionar
elementos
que
desenvolvam
e
ponham
em
prática
a
potencialidade que existem em cada infanto. A família deve respeitar o tempo
de cada criança, e perceber como o seu papel é fundamental na formação do
autoconceito de seus filhos.
Segundo Prado: “A família influencia positivamente quando transmite
afetividade, apoio e solidariedade e negativamente quando impõe normas
através de leis, dos usos e dos costumes”. (apud OLIVEIRA 2001 p. 11).
Toda dificuldade de aprendizagem pode ser superada com uma
intervenção, esta, psicopedagógica, que procura observar a maneira com que
as pessoas aprendem e desenvolvem conhecimento com as dificuldades e os
problemas que encontram.
Para a autora Polity:
Dificuldades de aprendizagem devem ser analisadas e
compreendidas não somente com uma falha individual de um
sujeito que resiste adequar-se ao pré- estabelecido, mas como
uma confluência de fatores que inclui a escola, família e os
profissionais da educação e o sistemas de relações sociais
envolvidos. (Polity, 2001, p 71).
Com o apoio, a responsabilidade e o comprometimento dos pais, escola
e profissionais da educação voltados, a cada vez mais, para uma ação
14
preventiva, haverá efetiva contribuição para uma formação sólida e consistente
frente às dificuldades.
No
segundo
capítulo
abordarei
a
importância
psicopedagógica em meio às dificuldades de aprendizagem.
da
intervenção
15
Capítulo II
A necessária intervenção psicopedagógica frente às dificuldades
de aprendizagem.
Para João Beclair (2004) a Psicopedagogia é um campo do
conhecimento que se propõe a integrar, de modo coerente, conhecimentos e
princípios de diferentes Ciências Humanas com a meta de adquirir uma ampla
compreensão sobre os variados processos inerentes ao aprender humano.
Essa área de estudos está essencialmente voltada para a questão da
aprendizagem humana. Ela nasce de uma prática, justamente porque surgiu
em função da demanda de estudos mais específicos no processo de
aprendizagem escolar. A psicopedagogia surgiu no momento em que nosso
país vivia um problema muito severo com a retenção e evasão escolar,
especialmente nas séries iniciais. Em vista disso, educadores, psicólogos,
professores em geral, médicos e neurologistas passaram a interessar-se pelo
tema e naturalmente foram agrupando-se , objetivando estudar de uma forma
mais sistematizada a questão da aprendizagem humana. Embora o termo
“psicopedagogia” sugira uma junção da psicologia mais a pedagogia, aquela
está além disso.
Diz Bossa:
Do seu parentesco com a Pedagogia, a Psicopedagogia traz as
indefinições e as contradições de uma ciência cujos limites são
os da própria vida humana. Envolve, simultaneamente, a meu
juízo, o social, o individual em processo tanto transformadores
quanto reprodutores. Da Psicologia, a Psicopedagogia herda o
velho problema do paralelismo psicofísico, um dualismo que
ora privilegia o físico (o observável) ora o psíquico (a
consciência). (Bossa, 2000, p.23).
16
A psicopedagogia fala sobre uma prática e conhecimento voltados para
questão da relação do psiquismo e o processo de aprendizagem humana. Não
faz sentido falar em aprendizagem escolar sem falar na aprendizagem humana.
Considerando a complexidade da questão do processo de aprendizagem
de todas as variáveis e elementos que interferem neste processo, a psicologia
e a pedagogia nem mesmo juntas darão conta desta dimensão. A
psicopedagogia é uma área de estudo que envolve conhecimentos de diversas
outras áreas, com psicologia, pedagogia, neurologia, medicina, filosofia,
fonoaudiologia, linguística, psicanálise, diversas áreas do conhecimento que,
de alguma forma, nos trazem ou iluminam a questão do ser humano na sua
relação com a realidade que pode ser vista através de um olhar
psicopedagógico, de modo a levar reflexão sobre o problema de aprendizagem
do aluno e as possíveis intervenções.
A intervenção psicopedagógica é um método que busca aperfeiçoar a
existência acadêmica da criança e do adolescente, com o surgimento de
possíveis dificuldades de aprendizagem. Investindo no potencial (facilidades)
encontrado. Comenta-se que a intervenção é uma intromissão que um
profissional, tanto o psicopedagogo quanto o educador realiza sobre o
processo de desenvolvimento ou aprendizagem do sujeito, o qual pode estar
apresentando problemas de aprendizagem. O procedimento adotado na
intervenção é feito a partir da interferência no processo psicopedagógico, com
o objetivo de compreendê-lo, explicitá-lo ou corrigí-lo. Compreende-se que as
causas do não aprender podem ser diversas. O processo de aprendizagem
resulta da interação do sujeito com o objeto de conhecimento que pode se
dizer dialética. Na medida em que o sujeito e o objeto interagem, eles
modificam-se naturalmente. Em todo o processo de aprendizagem, necessário
é que se tenham outros conhecimentos advindos de diferentes ciências na
questão da aprendizagem humana, escolar e aprendizagem acadêmica.
Para Cunha (2008), a aprendizagem escolar com um processo natural,
onde há uma complexidade mental, na qual o pensamento, a memória as
emoções percepção, a motricidade e os conhecimentos prévios estão
envolvidos e onde a criança deva sentir o prazer em aprender.
17
“Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na
busca, não aprendo nem ensino. A educação necessita tanto de formação
técnica e científica como de sonhos e utopias”. (Paulo Freire)
Na maioria das vezes o professor planeja a sua aula pensando no aluno
como um ouvinte que estará atento às suas explicações, à resolução de um
determinado exercício na lousa ou à sua explanação verbal. Porém, pode ser a
pior metodologia para um determinado aluno que precisa estar durante grande
parte do tempo segurando a seu pensamento, porquanto possui dificuldade de
concentração. Para este aluno, é preciso pensar em outra forma de apresentar
aquele objeto de conhecimento. Então, é este olhar mais específico para cada
sujeito que vai me guiar, me dizer em que eu devo investir para que o aluno
aprenda melhor.
Considerando que, ao falar de sujeito da aprendizagem, estamos
falando de um ser humano com todas as suas dimensões, um organismo que
precisa estar funcionando razoavelmente bem; uma inteligência que precisa
estar desenvolvida até certo ponto para que ela possa ter acesso àquele objeto
de conhecimento. Não adianta ensinar física quântica para aluno do terceiro
ano do ensino fundamental porque eles não irão entender aquilo que está
sendo falado. É preciso que o objeto de conhecimento esteja dentro dos limites
que o repertório de uma criança com uma determinada faixa etária possibilite.
O professor precisa ser muito criativo para apresentar um estímulo
externo bom o suficiente para sobre por o interno.
A aprendizagem que na maioria das vezes refere-se à assimilação de
objetos externos concorre com os estímulos internos, que podem ser de
natureza emocional ou orgânica.
Fazer um diagnóstico psicopedagógico é analisar cada uma dessas
dimensões, avaliar as condições em que está se dando o processo de ensino,
ponderar a qualidade de relação do sujeito que ensina e o que aprende.
O diagnóstico psicopedagógico é o momento de investigação no
processo no qual o psicopedagogo toma conta da problemática que traz aquele
sujeito e percebe a necessidade de uma intervenção psicopedagógica. Este
momento do diagnóstico é quando o psicopedagogo terá informações e
conduzirá o seu processo de intervenção.
18
A avaliação pedagógica consta não só de questões relativas ao
conteúdo do ano escolar em que o sujeito se encontra, mas também de séries
anteriores para que possa localizar a partir de que momento o processo ficou
prejudicado. Estas avaliações pedagógicas são também construídas em função
da história daquele sujeito.
Um instrumento essencial no diagnóstico psicopedagógico são os jogos
de regras, simbólicos e os criados com o próprio sujeito. Através destes jogos
serão mostradas possibilidades de verificar como o sujeito planeja e antecipa
as suas ações; assim como observar a capacidade mental do sujeito se suas
jogadas são feitas por tentativas do seu erro ou se são fruto de um
planejamento do seu raciocínio.
Para o autor Fernandez:
[...] Não pode haver construção do saber, se não se joga com o
conhecimento. Ao falar de jogo, não estou fazendo referências
a um ato, nem a um produto, mas a um processo. Estou me
referindo a esse lugar e tempo que Winnicott chama espaço
transicional, de confiança, de criatividade. Transicional entre o
crer e o não crer, entre o dentro e o fora. O espaço de
aprendizagem "não pode ser situado na realidade psíquica
interior do indivíduo, porque não é um sonho pessoal: além
disso, forma parte da realidade compartilhada. Tampouco se
pode pensá-la (a área da experiência cultural), unicamente em
função de relações exteriores, porque se acha dominada pelo
sonho. Nesta entram... o jogo e o sentido do humor. Nesta área
todo bom intelecto está em seu elemento de prosperar.
(Fernandez,1991 p.165).
A citação acima zela com o principal objeto de intervenção, que é o
próprio jogo, cujo principal objeto de interesse para os psicopedagogos são os
procedimentos, ou seja, os meios, que o jogador utiliza e constrói. Permite uma
aproximação do mundo mental da criança que sofre de desatenção facilitando
seus atos no decorrer de suas ações ou seu divertimento. O jogo possibilita
19
que a dimensão simbólica da criança se manifeste em fazer o que pode ser
partilhado com o outro, resignado e transformado.
Segundo Piaget (1976), “uma ação não é necessariamente lúdica ou
adaptativa na sua origem. Qualquer ação pode ser transformada em jogo, este
é movido pelo desejo de experienciar prazer e poder.”
Através de jogos, é possível trabalhar a afetividade e o social,
desenvolvendo assim a criatividade na criança. A utilização do jogo, na
intervenção psicopedagógica é com intuito de facilitar os exercícios escolares.
O jogo é apenas um suplente do trabalho, é por meio deste que a escola deve
desembocar na vida; o jogo na escola precisa ser visto como uma direção ao
trabalho, uma ponte entre infância e a vida adulta.
Os jogos e as brincadeiras são situações em que através de objetos a
realidade da criança é apresentada. A criança é convidada a construir o seu
mundo e a sua vida, utilizando aqueles elementos que vão indiciar a percepção
que esta tem de sua realidade. Especialmente os jogos de regras, fotografias
que mostram o desenvolvimento da criança e natureza das relações familiares.
Para Piaget (1976), o jogo na escola tem importância quando revestido
de seu significado funcional, ou seja, é preciso, uma coerência entre
assimilação e acomodação. Ambos os autores correlacionam o jogo para uma
utilização em contextos escolares como situações psicopedagógicas.
Para Alicia Fernandes (2001) não pode haver construção do saber, se
não se joga com o conhecimento. O jogo é um processo que ocorre no espaço
transicional, de confiança, de criatividade é o único onde se pode aprender.
Através do jogo a criança expressa agressão, adquire experiência, controla
ansiedade, estabelece contatos sociais como, integração da personalidade e
prazer. Alicia Fernandes (2001)
A atuação psicopedagógica tem em vista a recuperação do individuo
usando, assim, estratégias e avaliando as dificuldades apresentadas. Se
necessário, intervir com procedimentos de orientação de estudos e atividades.
Para a melhor aprendizagem do aluno, o professor deve se adaptar às
novas atividades que estarão sendo aplicadas em sala de aula.
Para Vygotsky (1993) Todos os seres humanos são capazes de
aprender, mas é necessário que adaptemos a nossa forma de ensinar.
20
Esta forma de ensinar requer a participação primordial dos professores,
que ocorrerá dentro da sala de aula no lidar com os alunos. Algumas condições
são consideradas fundamentais para o trabalho dessa intervenção. É
justamente o olhar diferenciado que permite identificar a causa. O problema se
manifesta no nível do comportamento e a produção está prejudicada. O que
está dificultando esta aprendizagem pode ter diferentes origens; a dependência
desta origem é o que dará o encaminhamento apropriado do tratamento.
A criança que vem apresentando um problema de aprendizagem
escolar, seja de ordem pedagógica ou não, tem o professor como pessoa mais
importante neste cenário. É ele quem vai olhar e avaliar se ela necessita de
cuidados especiais. E assim ele é quem promove esses cuidados a partir desta
visão pedagógica.
Observar é o papel do professor, assim como ser um investigador dos
processos de aprendizagem de seus alunos, impedindo que o problema de
aprendizagem leve a um fracasso escolar.
Diz Pain:
Na concepção de Freud, os problemas de aprendizagem não
são erros: “... são perturbações produzidas durante a aquisição
e não nos mecanismos de conservação e disponibilidade...”; é
necessário
procurar
compreender
os
problemas
de
aprendizagem não sobre o que se está fazendo, mas sim sobre
como se está fazendo. (Pain 1992, p. 32).
Todo professor deve refletir sobre as causas do fracasso escolar, não
para se culpar, mas para se responsabilizar e buscar conhecer a causa do
possível fracasso para a solução do problema. Assim como procurar entender
que fatores têm interferido na aprendizagem e usar novas teorias que possam
transformar e facilitar o trabalho do professor em processo cientifico.
Diz Fernandes:
Para aprender, necessitam-se dois personagens (ensinante e
aprendente) e um vínculo que se estabelece entre ambos. (...)
21
Não aprendemos de qualquer um, aprendemos daquele a
quem
outorgamos
confiança
e
direito
de
ensinar.
(FERNÁNDEZ, 1991, p. 47 e 52).
O problema de aprendizagem não está relacionado somente ao aluno,
visto que este processo não é individual. Existe uma troca do aprendente e o
ensinante isto é um processo coletivo. Este processo coletivo e o trabalho
psicopedagógico amplia a possibilidade de intervenção junto a quem ensina
pais e professores, unindo esforços na busca de soluções; permitindo uma
enorme aprendizagem, desde que exista o empenho de todos, não olhando
para as dificuldades como forma de justificativa do insucesso.
No capítulo a seguir veremos a importante parceria entre família, escola
e o psicopedagogo na busca de soluções para obter o sucesso.
22
Capítulo III
A importante parceria entre a família escola e o psicopedagogo
A instituição escolar não existiu sempre. No início dos primeiros tempos
da antiguidade, a educação era ministrada conforme a tradição religiosa,
portanto eram ministradas pela a família. Os jovens de famílias aristocratas
eram entregues a preceptores para serem educados e somente mais tarde,
com a criação das polis, surgiram as primeiras escolas.
As diferenças entre as escolas da antiguidade e as escolas na idade
medieval eram bastante visíveis, mas elas tinham em comum a atuação da
família na educação dos jovens. A nova educação cabia à família e a igreja que
abarcava características bíblicas. Nascia então o modelo de escola cristã.
Falar de escola significa, em um primeiro momento, pensarmos o que é
a escola, com que fins ela nasce, por quem ela foi criada e qual a sua vocação
original. Assim precisamos pensar numa instituição dentro da nossa cultura,
com todas as suas características e tradições. E nela enquanto instituição
individual, particular, subjetiva que pertence a um determinado momento
histórico, a uma comunidade e um contexto.
A escola surge no século XVIII, enquanto instituição formal, em um
momento em que a vida, devido às condições de higiene ou à forma como o
ser humano tratava a questão disciplina, criava uma situação muito favorável á
emergência de epidemias. Isto leva os médicos a pensarem na necessidade de
criar contexto onde se pudesse ensinar à criança e ao jovem, a importância de
ter higiene e disciplina. Juntamente com os religiosos, que também exerciam
uma grande interferência e domínio sobre a população, surge então, a
instituição escola com esta finalidade.
A participação dos religiosos traz para a escola o aspecto da educação
do ponto de vista moral, da disciplina, da educação sexual e religiosa. A
questão do ensino, aprendizagem e da construção do conhecimento era
reservada aos nobres; esses não iam à escola e tinham os seus preceptores
23
em suas casas. Neste momento a escola não tinha vocação primeira de
ensinar.
Sendo assim, a questão disciplinar, a figura de autoridade e do
comportamento imperavam sobre as questões do processo de construção do
conhecimento. A escola veio carregando esta tradição consigo e as teorias
pedagógicas
também.
As
metodologias
de
ensino
foram
pensadas,
originalmente, visando uma escola onde os alunos tinham de aprender a ter
disciplina e certos padrões de comportamento. O professor era a figura de
autoridade e o aluno o devia respeito e obediência. Com esta imagem, deste
grupo se constituem as teorias pedagógicas que irão fundamentar a prática
dentro da escola: as metodologias de ensino.
A escola vai mudando o seu enfoque, porém a sua base permanece a
mesma. Desde a distribuição dos alunos na sala de aula e a forma do professor
pensar a sua relação com estes, pouco se modificou nesses poucos séculos
desde a origem da escola; isso pensando na escola sob o ponto de vista de
uma instituição cultural. Visualizando como uma instituição individual, única,
significa olhar para aquela escola que atende uma determinada população, que
tenha objetivos de uma escola contextualizada.
A Psicopedagogia tem uma visão escolar a partir dessa clareza
concernente ao que está na origem, na base de tudo aquilo que foi pensado
enquanto elementos que compõem a instituição escolar, as próprias politicas
educacionais e a escola enquanto a instituição individualizada que tem as sua
características particulares.
O objetivo da Psicopedagogia Escolar é favorecer o processo de
construção de conhecimento que deve acontecer dentro da escola, porque
conhecimentos acadêmicos são privilégios desta.
Sendo assim a psicopedagogia tem enveredado neste caminho,
pensando no fracasso escolar e nas dificuldades de aprendizagem como
sintoma. Sinal este que não é a causa, mas sim o resultado de uma série de
fatores que criaram aquela situação desfavorável.
A psicopedagogia Escolar tem um foco muito amplo e requer que se
olhe para aquela situação a ser estudada, analisada e prevenida, considerando
24
todos esses fatores. Situação que tem causado perplexidades nos professores,
o fato de alguns alunos conseguirem avançar na aprendizagem e outros não.
O professor precisa atribuir novos significados, através da mudança de
sua visão de mundo, aos alunos que têm dificuldades de aprendizagem ou
aprendem diferente das outras crianças.
Segundo Mantoan:
Aos professores é importante a descrição detalhada de como
se amplia e se aprofunda o conhecimento em uma dada
criança,
porque
a
intervenção
pedagógica,
por
mais
generalizada que seja, recai sobre um aluno especifico, ou
seja, em caso individualizado. A maioria dos professores, no
entanto não sabe disso e pensa que as turmas homogênea de
alunos garantem o desenvolvimento de um bom trabalho,
revelando a crença de que, ao ensinar um mesmo conteúdo
para todos os alunos, estes assimilam num mesmo nível e
numa mesma proporção o que lhes foi transmitido: (Matoam
1999, p. 19).
Os professores têm se queixado dos que antecederam na vida escolar
de crianças que costumam ter um comportamento diferente dos moldes
desejados. Em nome da falta de “base”, de hábitos e atitudes dos alunos,
costumam colocar a responsabilidade nos professores das séries anteriores,
como se eles pudessem ter “dado conta” de todas as dificuldades que os
alunos apresentam.
As dificuldades de aprendizagem dos alunos sempre se constituem em
uma reclamação das escolas. Elas podem ser a presença real das dificuldades
de aprendizagem, ou necessidades educativas especiais, ou podem ser
atribuídas aos chamados problemas de ensinagem.
Outra queixa: Os alunos geralmente não se comportam bem na escola,
não tem limites, não obedecem. Existem diversas condutas, com as quais o
professor pode se defrontar no cotidiano do seu trabalho, e que causam
dificuldades de aprendizagem.
25
Outra queixa relacionada à aprendizagem: “É difícil avaliar a
aprendizagem dos alunos.” Realmente, a avaliação é um dos pontos mais
complexos no processo de ensino e aprendizagem. O professor ainda encontra
dificuldades para avaliar de forma dialógica e democrática
Para autor Romão:
Existem, nas nossas escolas, duas concepções de avaliação: a
primeira consiste em uma visão de avaliação baseada em
julgamento de acertos e erros, implicando prêmios ou castigos;
a segunda conduz a “uma concepção avaliadora de agentes ou
instituições específicas e cujos sucessos ou insucessos são
importantes para a escolha das alternativas subsequentes”.
(Romão 2001, p. 58).
Quando surge a dificuldade de aprendizagem do aluno, inicia-se a
cobrança de ambas, família e escola. A família exige da escola por ser ela a
responsável pelo ensino e educação. Enquanto a escola contesta a família
alegando que todos aprendem, menos este aluno. O julgamento do certo ou
errado neste caso é absolutamente inviável, já que ambas devem unir-se e ter
iniciativa de transformar insucesso em sucesso.
A primeira iniciativa é formando uma parceria, família, escola e
psicopedagogo.
“A origem do problema de aprendizagem não se encontra na estrutura
individual. O sintoma se ancora em uma rede particular de vínculos familiares
que se entrecruzam com uma também particular estrutura individual”.
(Fernandez, 1990)
Se ao papel da família acrescentar o papel da escola, como matrizes
de desenvolvimento e promoção do equilíbrio do sujeito, teremos a formação
completa dessa rede, como já foi dito acima..
Desta forma, o trabalho mais importante a ser desenvolvido pelo
professor com os alunos é o incentivo dos motivos que eles trazem. Cabe ao
professor tornar o processo de aprendizagem incentivador, em si mesmo,
26
levando a criança a direcionar toda a sua energia e sua motivação no
enfrentamento dos desafios intelectuais, propostos pela escola, para o
desempenho do trabalho de construção do conhecimento. Os alunos terão
prazer não só em aprender, mas se sentirão competentes e seguros para
solucionar problemas. O professor pode contribuir em atuação mais efetiva
diante de casos e problemas relacionados à aprendizagem escolar.
A escola deve estabelecer no primeiro momento um diálogo mais
estreito com a família, de maneira que na medida em que o professor identificar
problemática esta família aceite a recomendação e a orientação de buscar um
profissional indicado, para que haja um diagnóstico e a intervenção se
necessário for.
A instituição escolar deve ser ocupar em promover para os professores
uma formação continuada, uma troca de experiências constante entre
professores e profissionais; assim como promover para a família e para o
professor a oportunidade de um contato direto. De forma que estes possam
dialogar junto em uma ação de parceria e que eles possam seguir as
informações dos profissionais que também estiveram envolvidos no caso. Ou
quando não houver a participação de outros profissionais, que a escola
juntamente com o professor caminhe no sentido de auxiliar os pais.
É importante que haja da parte da escola a preocupação em viabilizar
espaço e tempo para que o professor possa ter este contato direto com os pais.
E assim tornando viável o acesso a informação necessária para a boa
condução do processo pedagógico frente ao problema de aprendizagem.
Promover com uma regularidade e qualidade as reuniões de professores
e técnicos da educação, para que os casos sejam discutidos e estudados
constantemente.
acompanhando
De
a
maneira
condição
que
também
determinada,
o
caso
professor
vivencie
que
as
esteja
mesmas
problemáticas do seu colega, ele possa valer daquilo, que foi a experiência do
outro docente. Que a escola tenha preocupação de fazer registro dessas
experiências, de maneira que isto se constitua em subsídios, que ficarão
disponíveis para os professores que poderão ao longo de sua carreira e da sua
trajetória, fazer investigações dentro daquela história.
27
Com estas investigações feitas à dificuldade e a problemática do aluno,
a família tem de ser orientada e esta deve ir à busca de cuidados que o aluno
requeira. O essencial é que a família e a escola caminhem na mesma direção,
seguindo os mesmos princípios e critérios para alcançar os objetivos que
desejam atingir. É quando o psicopedagogo é solicitado por esta parceria, a
fazer a sua mediação iniciando frente às dificuldades de aprendizagem do
sujeito; fazendo uma análise da situação para poder diagnosticar os problemas
e suas causas.
Para autora Pinto (1994), o profissional psicopedagogo levanta
hipóteses através da análise de sintomas que o indivíduo apresenta, ouvindo a
sua queixa, a queixa da família e da escola; além de resgatar a história de vida
do sujeito. Sendo assim haverá a necessidade de conhecer os aspectos
neurofisiológicos afetivos, cognitivos e sociais, e observar a particularidade do
sujeito, fazendo uma junção com o objeto de aprendizagem, consigo mesmo e
com o outro.
Para Bossa (1994), o trabalho preventivo pode ocorrer em diferentes
níveis de prevenção. Segundo esta autora, no primeiro nível, o psicopedagogo
centraliza sua atenção nos processos educacionais com objetivo de identificar
as dificuldades institucionais, e atua sobre ela antes que provoquem dano, que
visam diminuir o problema de aprendizagem.
O
trabalho
do
psicopedagogo
ocorre
nas
questões
didático-
metodológicas orientando os professores na sua formação, e aconselhando a
família com o propósito de tratar os problemas de aprendizagem já instalados.
O psicopedagogo busca conhecer o individuo em diferentes parâmetros
fazendo com que através da intervenção psicopedagógica, este encontre um
caminho e venha superar as dificuldades que possam impedir um
desenvolvimento harmônico.
28
Diz Bossa:
O diagnóstico psicopedagógico é um processo, um contínuo
sempre revisável, onde a intervenção do psicopedagogo inicia,
segundo vimos afirmando, numa atitude investigadora, até a
intervenção. É preciso observar que esta atitude investigadora,
de fato, prossegue durante todo o trabalho, na própria
intervenção,
com
o
objetivo
de
observação
ou
acompanhamento da evolução do sujeito Bossa (1994, p 74).
A intervenção psicopedagógica também se propõe a incluir os pais no
processo, por intermédio de reuniões, possibilitando o acompanhamento do
trabalho realizado junto aos professores. Assegurada uma maior compreensão,
os pais ocupam um novo espaço no contexto do trabalho, abandonando o
papel de meros espectadores, assumindo a posição de parceiros, participando
e opinando. Romagnoli (2009)
Deverá haver reciprocidade entre a família e a escola para que possam
trabalhar juntos num ambiente de colaboração e participação.
Quanto à participação da família, entendemos que deve acontecer por
meio do acompanhamento do processo de ensino, quando a escola precisa
direcionar quais os caminhos a serem trabalhados. Kroth (2008)
“Costuma-se dizer que a família educa e a escola ensina, ou seja, cabe
à família oferecer à criança e ao adolescente a pauta ética para a vida em
sociedade e à escola instruí-lo, para que possam fazer frente às exigências
competitivas do mundo na luta pela sobrevivência”. (Osório, 1996, p.82)
O autor escreve que a família educa para a ética social e a escola
ensina a viver com competitividade no mundo, ele com uma visão holística e
minuciosa tenta apresentar que a família e a escola obtém colocações diversas
que não devem ser confundidas para que não causem atrito entre ambas. O
psicopedagogo, por sua vez, irá mostrar o porquê da necessária parceria
família, escola e o psicopedagogo, juntamente com outros profissionais ou
instituições envolvidas. São assuntos como esses que merecem a aplicação do
psicopedagogo como mediador entre a família e escola, oferecendo diretriz e
propondo mudanças necessárias para aprendizagem.
29
CONCLUSÃO
Com a realização deste trabalho vimos o quanto é complexa a rede de
fatores que interferem este processo de aprendizagem.
Este trabalho permitiu compreender porque a relação entre pais e filhos
vive em conflitos, em virtude das dificuldades de aprendizagem destes.
Assim como a importância da escola auxiliar os pais nesta evolução da
aprendizagem, buscando estratégias de intervenção que facilitem este
processo. Ficando claro que ambas devem caminhar juntas, pois se torna
necessário este entrosamento para que os alunos tenham uma aprendizagem
sequencial, na qual os pais possam colaborar diretamente com as propostas da
escola. E no momento em que surgir algumas dificuldades, se faça necessário
a intervenção psicopedagógica, de forma que haja mobilização por parte da
escola; buscando auxilio junto ao profissional psicopedagogo a fim de que
solucionem a possível dificuldade.
Assim, o psicopedagogo irá observar e diagnosticar o sistema escolar
fazendo mediações entre escola e família, criando condições favoráveis para a
resolução dos problemas que surgem, fazendo com que o ensinar e o aprender
da criança necessitem do comprometimento desta parceria. A família e a
escola precisam entender a necessária urgência desta sociedade e tê-la como
meta para o desenvolvimento e aprendizagem da criança.
30
BIBLIOGRAFIA
ANDRADE, AGIVANDA SOARES DE ANDRADE. A Influência da Afetividade
na Aprendizagem: Unievangélica Centro Universitário, Brasília – DF, 2007.
ANDRADE,
VANESSA
VOIGT.
A
Educação
está
Mudando,
http://creionapsicologia.blogspot.com.br/2010_02_16_archive.html
acessado
10/03/2012.
BEACLAIR, JOÃO. Psicopedagogia: Trabalhando competência, criando
habilidades/ 4ª edição – Rio de Janeiro: Wak Editora; 2011.
CHAVES, SANTOS, SIMONE DA SILVA, SUSANA BARBOSA. Problemas de
Aprendizagem: UNAMA, Belém do Pará, 2002.
CUNHA, ANTONIO EUGÊNIO. Afeto e Aprendizagem: amorosidade e saber na
prática pedagógica / Rio de Janeiro: Wak editora; 2008.
FELDMANN, JULIANA. A Importância do Psicopedagogo: Net saber artigos,
disponível em http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo/24artigo acessado
21/02/12.
KROTH,LIDIA MARIA. Aconselhamento Psicopedagógico: Relação Escola e
Famíliadisponívelhttp://reginapironatto.blogspot.com.br/2008/09/aconselhament
o-psicopedaggico-relao.html acessado 15/03/12.
LUCKESI, CIPRIANO CARLOS. Avaliação da Aprendizagem Escolar: estudos
e proposições 15ª edição – São Paulo: Cortez Editora: 2003.
MARTINS,MARIO RIBEIRO: Usina de Letras:
ghttp://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=8687&cat=Ensaios&vin
da=S
31
OLIVEIRA, LEIDIANE PEREIRA. Uma Relação Tão Delicada: Universidade da
Amazônia, Belém – Pará, 2001.
OLIVIER, LOU. Distúbios de Aprendizagem e de Comportamento./ 5ª edição –
Rio de Janeiro: Wak editora; 2010.
PINTO,
SILVA
AMARAL
DE
MELO.
A
Função
do
Diagnóstico
Psicopedagógico,disponívelhttp://www.clinicaelipse.com/artigos/funcaodiagnost
icomultidisciplinar.htm acessado 16/01/12.
PORTELLA FRANCESCHINI, FABIANI ORTIZ, INGRID SCHRÖEDER.
Família e Aprendizagem: uma relação necessária / 3ª edição - Rio de Janeiro:
Wak editora; 2011.
PORTO, OLIVIA. Bases da Pisicopedagogia: diagnósticos e intervenção nos
problemas de aprendizagem / 5ª edição – Rio de Janeiro: Wak editora; 2011.
ROCHA, LOURDES BERNADETTE MILHOMEM. Á Relevância da Intervenção
Psicopedagógica
Junto
ás
Famílias:
Net
saber
artigos,
http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_13979/artigo_sobre_a_relev%C3
%82ncia_da_interven%C3%87%C3%83o_psicopedag%C3%93gica_junto_%C
3%80s_fam%C3%8Dlias acessado 13/03/12.
SALTINI, CLÁUDIO JOÃO PAULO. Afetividade e Inteligência: 5ª edição – Rio
de Janeiro: Wak editora; 2008.
SAMPAIO, SIMAIA. Dificuldades de Aprendizagem: a psicopedagogia na
relação sujeito, família e escola / 3ª edição - Rio de Janeiro: Wak editora; 2011.
Download

avm faculdade integrada