Arte e belo
Na história, algumas vezes têm
prevalecido o belo; outras, o artístico
Ex: Grécia, Renascimento e Neoclassicismo
– cultuaram o belo
Idade Média, Barroco e Expressionismo –
arte, nem sempre formas belas
Arte e belo
A partir do Renascimento – começa a
prevalecer a arte sobre a beleza
Porque despertam-se os poderes da
subjetividade e da liberdade. Em
primeiro plano, o que é produzido pelo
homem (a técnica e a arte)
Arte e belo
Beleza era associada à ideia da
revelação e à perfeição de um Deus –
Criador ou de uma Ordem Cósmica préestabelecida
Arte e belo
Moderna autonomia da arte não é
fenômeno isolado: a medida que vai
tendo seu fundamento na razão, perdese mais a perspectiva unificante (dada
pela religião) e surgem campos
autônomos que regem e esclarecem
por suas próprias leis específicas
Arte e belo
A arte é autônoma (espelho da
sociedade)?
Existe um conceito de arte, um traço
comum, válido para todos os artistas e
épocas?
Arte e belo
Qual a diferença entre técnica e arte?
Arte pressupõe um nível de
desenvolvimento técnico, mas não se
identifica com a técnica.
Mas a arte só pode se dar a partir do
momento que haja o domínio de uma
técnica.
Arte e belo
Quais os principais gêneros artísticos?
Arquitetura
Escultura
Pintura
Música
Poesia
Há outras menores
Arte e belo
A Estética se ocupa destes gêneros sob certos
aspectos universais. Por exemplo, o que é
comum a todo tipo de arte, os elementos
comuns a diversos gêneros artísticos, os
critérios relativos à graduação desses gêneros
etc.
Também análise os sentimentos humanos que
provocam a contemplação ou audição de certas
obras – Ex: belo, gracioso, sublime, feio,
cômico, grotesco etc.
Arte e belo
A Estética analisa os componentes
objetivos e subjetivos daquelas formas da
natureza e das obras humanas que
provocam um sentimento de agrado
desinteressado (não tende a destruir ou
possuir o objeto, mas o estima por si
mesmo).
Arte e belo
O desfrute estético reconcilia o homem
com o mundo sensível e com a história.
Por quê?
Ao ver uma cena terrível do passado,
podemos ter um sentimento de
complacência em nosso olhar
contemplativo.
Arte e belo
Uma obra de arte pode agradar numa
época determinada, ou em todo o tempo.
Observação: os fenômenos da
comunicação moderna alteraram de
forma significativa nossa experiência
estética.
Arte e belo
Mas... O que é arte?
Arte é todo e qualquer aformoseamento da
vida;
Arte é tudo o que o povo reconhece como
manifestações do impulso para tornar mais
bonito e assim elevar o prazer de qualquer fase
da vida;
Arte e belo
Antonio Cândido diz que “nenhuma arte é
casual ou rudimentar: é expressão de um
desejo de beleza”;
Arte é transformação – Ex: pôr-do-sol,
embora magnífico e esteticamente
irresistível, não é arte. Quando é
transformado em música, pintura...tornase arte;
Arte e belo
Arte também é uma visão de mundo
(difere conforme a cultura)
“A obra de arte é primeiro obra, depois
obra de arte” (Fernando Pessoa)
Ex: Vaso é só um vaso, torna-se arte
quando ganha entalhes elegantes,
desenhos etc.
Arte e belo
Arte é atemporal, não fica ultrapassada.
Seja na literatura, música, escultura,
dança etc.
Arte não progride no sentido da ciência e
da tecnologia. Entretanto, as artes de
desenvolvem e mudam (Susan Sontag).
Arte e belo
Quem é o artista (senso comum)?
-Ator
-Bailarino
-Cantor
-Pintor
-Etc
Quem desempenha papel num espetáculo
ou interpreta algo que criou
Arte e belo
E o que é uma obra de arte (senso
comum)?
Resposta provável: são as obras criadas
no passado.
Arte e belo
Por que as pessoas respondem assim?
a) Não coincide artista x obra de arte
b) Pessoas consideram obra de arte algo
que poucos têm acesso
Reflexo da visão expressa pela Cultura
de Massa que entende a arte como
algo da elite
Arte e belo
Arte e artesanato são a mesma coisa?
Mas têm alguma proximidade?
Trabalho feito por uma pessoa;
É autoral, individual;
Exprime a habilidade do produtor.
Arte e belo
Mas a arte é mais complexa. É única.
Artesanato geralmente se produz mais de uma
peça do mesmo “objeto”.
É a Indústria Cultural que hoje trata de
reproduzir a obra de arte. Mas geralmente
ficam em museus etc.
Artesanato se compra em feirinhas.
Arte e belo
Como o artista vê o mundo?
Merleau-Ponty dizia que a arte é um
advento – um vir a ser do que nunca
existiu antes
O artista é aquele que recorta de maneira
nova e inusitada aquilo que está na
percepção de todos e que, no entanto,
ninguém parece perceber (p.271)
Arte e belo
Arte e belo
Arte e belo
Arte e belo
O artista busca o mundo em estado
nascente, imaginando-o não só tal como
seria ao ser visto por nós pela primeira
vez mas também tal como teria sido em si
mesmo no momento originário de seu
surgimento, antes que nós existíssemos
para percebê-lo (Chaui, 2004, p.271)
Arte e belo
A obra de arte “fixa e torna acessível” o mundo em
que vivemos e que percebemos sem nos darmos
conta dele e de nós mesmos nele. A obra de arte
nos dá a ver o que sempre vimos sem ver, a ouvir o
que sempre ouvimos ouvir, a sentir o que sempre
sentimos sem sentir, a pensar o que sempre
pensamos sem pensar, a dizer o que sempre
dissemos sem dizer. Por isso, nela e por ela, a
realidade se revela como se jamas a tivéssemos
visto, ouvido, dito, sentido ou pensado. Eis por que
o artista é o que passa a experiência de nascer
todo dia para a “eterna novidade do mundo”
(Chaui, 2004, p.271)
Arte e belo
A arte é muitas coisas. Uma das coisas que a
arte é, parece, é uma transformação simbólica
do mundo. Quer dizer: o artista cria um mundo
outro – mais bonito ou mais intenso ou mais
significativo, ou mais ordenado – por cima da
realidade imediata (...) Naturalmente, esse
mundo outro que o artista cria ou inventa nasce
de sua cultura, de sua experiência de vida, das
ideias que ele tem na cabeça, enfim, de sua
visão de mundo (Ferreira Gullar apud Chaui,
2004, p.271)
Arte e belo
Arte e religião
Homens criaram a linguagem, instituíram
o trabalho e a religião
-As artes nasceram inseparáveis deste
universo
Ligação com o divino levou tudo a ser
sacralizado
Arte e belo
Na antiguidade, existiam rituais:
-Guerra
-Semeadura
-Culinária
-Nascimento-Morte
-Doença-Cura
-Estações etc
Tudo cercado por cultos religiosos
Arte e belo
A sacralização e a ritualização da vida fizeram
com que medicina, agricultura, culinária,
edificações, produção de utensílios, música,
dança se realizassem como rituais ou seguindo
rituais, e que certos utensílios, instrumentos
(sobretudo os musicais), assim como certos
vestuários e adornos se tornassem elementos
dos cultos. Semear e colher, caçar e pescar (...)
assim como pintar, esculpir, dançar, cantar e
tocar instrumentos sonoros surgiram, portanto,
como atividades técnico-religiosas (Chaui, 2004,
p.273)
Arte e belo
O que chamamos de “belas artes” nasceu
há milênios no interior dos cultos e para
servi-los
Força divina nas artes
Obras de arte passaram a ter valor de
culto
Arte e belo
O artista era um mago
-Conhecia os mistérios sagrados
-Mas não era tido como artista e sim
como um “servidor religioso”
-Artista deveria respeitar e conservar as
regras do culto
-Não tinha liberdade criadora (autonomia
da arte)
Arte e belo
-Tinha
um dom dos deuses
-Era tido como iniciado em mistérios
-Grandes obras da antiguidade foram
encomendadas por líderes religiosos
-Grécia e Roma (quando escapavam das
autoridades religiosas, artistas serviam ao
poder político)
-Autonomia só aconteceu séculos mais
tarde
Arte e técnica
Relembrando: vimos aproximação entre arte e
artesanato
Arte – latim “ars” – grego “tékhne”
Em sentido amplo, significava habilidade e
agilidade para inventar meios para vencer uma
dificuldade ou um obstáculo postos pela natureza.
Em sentido estrito, significava o aprendizado de
um ofício que possui regras, procedimentos e
instrumentos próprios. Ars ou tékhne era um saber
prático (Chaui, 2004, p.275)
Arte e técnica
Arte – era um saber prático, rompia com a
ideia de ser algo “natural”. Era uma
atividade humana
Englobava:
-Arte médica
-Arte política
-Arte militar
-Arte retórica
-Arte poética etc
Arte e técnica
Artista não era um gênio criador
Platão não distinguia a arte das ciências
nem a distinguia da filosofia, uma vez que
todas elas são atividades humanas
ordenadas e regradas (Chaui, 2004, p.275)
Judicativas – dedicadas apenas ao
conhecimento
Dispositivas – voltadas para uma ação
prática
Arte e técnica
Aristóteles estabelece distinções que
perduraram por séculos na cultura oriental.
Distingue ciência de arte ou técnica.
Ciência: saber teórico que se refere ao
necessário (efeito de causas naturais
necessárias)
Arte ou técnica: saber prático (efeito de
uma deliberação ou decisão humana)
Arte e técnica
Arte ou técnica – Aristóteles faz uma outra
distinção:
Ação – práxis, definida como ação ética e a
ação política
Fabricação – atividade humana na qual o
agente realiza sua obra tendo uma
finalidade; agente e obra são distintos
(médico e cura; escultor e escultura etc)
Arte e técnica
Neoplatônicos completaram as distinções
aristotélicas
Técnicas – finalidade ajudar a natureza
(medicina, agricultura)
Artes – não se relacionam com a natureza;
apenas com o próprio homem, para torná-lo
melhor ou pior: música, dança, poesia e
retórica
Arte e técnica
Historiador romano Varrão (Século II d.C até
Século XV):
Artes liberais (de homens livres) – gramática,
retórica, lógica, aritmética, geometria
astronomia e música
Artes servis ou mecânicas (do trabalhador
manual) – agricultura, caça, pesca, medicina,
engenharia, arquitetura, navegação, pintura,
escultura, olaria, carpintaria, marcenaria,
fiação, tecelagem, etc.
Arte e técnica
Valorização da arte como conhecemos começa
na Renascença
Começa a surgir o ideal da vida ativa, que
valoriza a aplicação prática ou técnica dos
conhecimentos teóricos (Leonardo da Vinci, por
exemplo); em segundo, porque o Humanismo
renascentista dignifica o corpo humano e essa
dignidade se traduz na chamada “batalha pela
dignidade das artes mecânicas” para lhes dar a
mesma condição das artes liberais (Chaui, 2004,
p. 276)
Arte e técnica
Motivo: Início do Capitalismo (trabalho como
fonte e causa das riquezas)
Resultados:
Primeiro – Artes mecânicas elevadas à condição
de conhecimento, como as artes liberais
Segundo – Século XVII/Século XVIII, distinção
entre o que é útil (medicina, agricultura,
engenharia, marcenaria etc) e o que visa
produzir o belo (pintura, escultura, poesia – ou
literatura -, a música, o teatro e a dança
Arte e técnica
Utilidade – deu origem às profissões liberais
(médico, engenheiro, advogado, arquiteto,
professor etc)
Artista ganhou status de gênio criador – tinha
sensibilidade, fantasia, produzia beleza. Alguém
dotado de inspiração (espécie de iluminação
interior e espiritual misteriosa)
Técnico é visto como aplicador de regras e
procedimentos vindos da tradição ou da ciência
Arte e técnica
A ideia de beleza parte das artes mecânicas –
belas artes
Arte – importância do público
A beleza vem articulada à noção de bom gosto
e o julgamento da obra de arte pelo critério do
bom gosto dá origem ao conceito de juízo de
gosto, que será amplamente estudado por Kant
(Chaui, 2004, p.276)
Arte e técnica
Arte e técnica nunca se separaram (nem a
Ciência)
-Advento da tecnologia
-Fotografia, cinema, design
Design – pode ter arte, mas tem função
Arte – não se exige funcionalidade, apenas ser
expressiva
Arte e técnica
Da obra de arte não se espera nem se exige
funcionalidade, havendo nela plena
liberdade para lidar com formas e materiais,
cores e movimentos, sons e gestos, silêncios
e palavras dos quais se espera que
exprimam significações e verdades, e cuja
beleza decorre justamente de seu poder
expressivo (Chaui, 2004, p. 278).
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Aula 2 – Do objeto da estetica – arte e belo