MESA REDONDA I – Terapêuticas Biológicas na Asma Brônquica Terapêutica com anti-IL-5. Endótipos à medida. Pedro Morais Silva, Assistente Hospitalar de Imunoalergologia da Unidade de Portimão do Centro Hospitalar do Algarve A inflamação da via aérea é um componente importante da fisiopatologia da doença respiratória alérgica e contribui significativamente para a sua gravidade e heterogeneidade. O eosinófilo é uma das células inflamatórias que desempenha um papel central na inflamação alérgica e a sua regulação, maturação, recrutamento e sobrevivência parece estar a cargo de um pequeno grupo de factores, no qual se inclui a interleucina-5 (IL-5). Este potencial alvo terapêutico levou ao desenvolvimento de novos fármacos biológicos promissores, encontrando-se actualmente em fase de investigação dois anticorpos monoclonais humanizados anti-IL-5 (mepolizumab e reslizumab) e um anticorpo monoclonal dirigido ao receptor da IL-5 (benralizumab). De este grupo, a terapia com anticorpos anti-IL-5 foi a mais exaustivamente estudada. Estas moléculas impedem a ligação da IL-5 com o seu receptor localizado na superfície dos eosinófilos, reduzindo assim os seus níveis no sangue, tecidos e lavado brônquico. Foram realizados ou encontram-se em curso, ensaios clínicos com estes fármacos para o tratamento de doentes com asma brônquica, polipose nasal, eczema atópico, esofagite eosinofílica, síndromes hipereosinofílicos e síndrome de Churg-Strauss. Em doentes asmáticos, estas moléculas apresentaram resultados clínicos heterogéneos. Enquanto em doentes com asma moderada e controlada se observou pouca eficácia clínica, em doentes com asma associada a eosinofilia, grave e refractária, foi observada uma redução estatisticamente significativa do número de exacerbações e da necessidade de utilização de corticóide oral. Estes resultados parecem indicar que os mecanismos responsáveis pela inflamação mediada pelos eosinófilos não é, ainda, completamente compreendida e que certas vias inflamatórias a nível tecidular podem não são depender significativamente de IL-5. Estas novas e promissoras moléculas, ilustram a necessidade de identificar correctamente o endótipo do doente a tratar, para que este possa beneficiar verdadeiramente da terapêutica instituída. Referencias: Mukherjee M, Sehmi R, Nair P. Anti-IL5 therapy for asthma and beyond. World Allergy Organization Journal 2014, 7:32 Busse WW, Ring J, Huss-Marp J, Kahn J-E: A review of treatment with mepolizumab, an anti–IL-5 mAb, in hypereosinophilic syndromes and asthma. J Allergy Clin Immunol 2010, 125(4):803–813. Hambly N, Nair P: Monoclonal antibodies for the treatment of refractory asthma. Curr Opin Pulm Med 2014, 20(1):87–94. doi:10.1097/ Leckie MJ, Brinke At, Khan J, Diamant Z, O’Connor BJ, Walls CM, Mathur AK, Cowley HC, Chung KF, Djukanovic R, Hansel TT, Holgate ST, Sterk PJ, Barnes PJ: Effects of an interleukin-5 blocking monoclonal antibody on eosinophils, airway hyper-responsìveness, and the late asthmatic response. Lancet 2000, 356(9248):2144–2148. Nair P, Pizzichini MMM, Kjarsgaard M, Inman MD, Efthimiadis A, Pizzichini E, Hargreave FE, O’Byrne PM: Mepolizumab for prednisone-dependent asthma with sputum eosinophilia. New Engl J Med 2009, 360(10):985–993. Ortega HG, Liu MC, Pavord ID, Brusselle GG, FitzGerald JM, Chetta A, Humbert M, Katz LE, Keene ON, Yancey SW, Chanez P, Investigators M: Mepolizumab treatment in patients with severe eosinophilic asthma. N Engl J Med 2014, 371(13):1198-1207. Nair P: Anti-interleukin-5 monoclonal antibody to treat severe eosinophilic asthma. N Engl J Med 2014, 371(13):1249-1251. Mensagem para Medicina Geral e Familiar MESA REDONDA I – Terapêuticas Biológicas na Asma Brônquica Terapêutica com anti-IL-5. Endótipos à medida. Pedro Morais Silva, Assistente Hospitalar de Imunoalergologia da Unidade de Portimão do Centro Hospitalar do Algarve O eosinófilo é uma das células inflamatórias que desempenha um papel central na inflamação alérgica da via aérea. A sua regulação parece estar a cargo de um pequeno grupo de factores, no qual se inclui a interleucina-5 (IL-5). Este potencial alvo terapêutico levou ao desenvolvimento de novos fármacos biológicos promissores, encontrando-se actualmente em fase de investigação dois anticorpos monoclonais humanizados anti-IL-5 (mepolizumab e reslizumab). Estas moléculas impedem a ligação da IL-5 com o seu receptor localizado na superfície dos eosinófilos, reduzindo assim os seus níveis no sangue, tecidos e lavado brônquico. Em doentes asmáticos, estas moléculas apresentaram resultados clínicos heterogéneos. Enquanto em doentes com asma moderada e controlada se observou pouca eficácia clínica, em doentes com asma associada a eosinofilia, grave e refractária, foi observada uma redução estatisticamente significativa do número de exacerbações e da necessidade de utilização de corticóide oral. Estas novas e promissoras moléculas, ilustram a necessidade de identificar correctamente o endótipo do doente a tratar, de forma a que este possa beneficiar verdadeiramente da terapêutica instituída. Mensagem para o público Geral Estão actualmente a ser desenvolvidos novos e promissores medicamentos chamados antagonistas da IL-5. Serão indicados para tratar doentes com asma brônquica alérgica grave difícil de tratar, permitindo reduzir significativamente o número de crises asmáticas.