I
Universidade Camilo Castelo Branco
Instituto de Engenharia Biomédica
VALQUIRIA DA SILVA LOPES
AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS CARDIOVASCULARES EM IDOSOS
PRATICANTES DO LIAN GONG E DA CAMINHADA
CARDIOVASCULAR PARAMETERS EVALUATION IN ELDERLY PEOPLE WHO
PRACTICE LIAN GONG AND WALKING
São José dos Campos, SP
2013
II
VALQUIRIA DA SILVA LOPES
AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS CARDIOVASCULARES EM IDOSOS
PRATICANTES DO LIAN GONG E DA CAMINHADA
Orientadora: Profa. Dra. Adriana Barrinha Fernandes Moretti
Dissertação
de
Mestrado
apresentada
ao
Programa
de
Pós-Graduação
em
Bioengenharia, da Universidade Camilo Castelo Branco, como complementação dos
créditos necessários para obtenção do título de Mestre em Bioengenharia.
São José dos Campos, SP
2013
III
FICHA CATALOGRÁFICA
Data: 10 de Julho de 2014.
IV
V
DEDICATÓRIA
À JEOVÁ DEUS, nosso supremo, criador de todas espécies em específico da
humanidade, todo misericordioso, me fortalecendo na minha FÉ e na minha vida;
Ao meu eterno PAI in memória ANTONIO FERREIRA LOPES, que sempre me
incentivou para que continuasse ampliando meus estudos científicos;
À minha mãe Anita Pereira da Silva Lopes, que com sua FÉ em JEOVÁ DEUS, me
deu uma base, alicerce muito sólido e resistente, me apoiando, me incentivando
para que eu vencesse todas as barreiras e dificuldades encontradas nesta trajetória;
Ao meu querido primo Luiz Carlos de Oliveira e sua família, pelas orações e força
durante esta caminhada para o sucesso;
À minha sobrinha Andréia Carla Lopes Aredes, doutoranda em literatura na UNESP
de Assis/SP pela dedicação e colaboração no presente estudo;
Todos os meus familiares pela dedicação, compreensão, força, atenção e paciência,
para que eu vencesse mais esse desafio com dignidade;
À enfermeira e doutora Claudia Bernardi Cesarino, por me incentivar em pesquisar
sobre hipertensão arterial desde a minha graduação, em colaborar e aceitar o
convite para participar da banca de qualificação deste estudo, atua como docente e
membro da liga de Hipertensão da Faculdade de Medicina de São José do Rio
Preto/SP no curso de graduação em enfermagem;
Ao Dr. Antonio Carlos B. de Toledo pela inspiração e motivação nesse estudo;
Aos meus amigos, no qual me apoiaram em diversos momentos de alegria e tristeza
durante toda essa caminhada.
VALQUIRIA DA SILVA LOPES
VI
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a JEOVÁ DEUS, por ter permitido que eu chegasse até
aqui com saúde, inteligência, sabedoria e muita vontade de vencer na vida;
À minha MÃE Anita Pereira da Silva Lopes, ao meu PAI in memória ANTONIO
FERREIRA LOPES, à minha FILHA Joice Franciele da Silva Lopes Moraes, aos
meus irmãos e familiares que contribuíram muito para a minha formação pessoal,
acadêmica e profissional, sendo indispensáveis para as minhas conquistas;
À Equipe de Saúde do Programa HIPERDIA, da UBS: Eldorado, Parque Industrial,
Solo Sagrado, Casa da Cultura, Liga de Hipertensão do Hospital de Base, ao Dr.
Antonio Caldeira da Silva pioneiro do Lian Gong neste município, aos monitores do
Lian Gong, à Secretaria Municipal de Higiene e Saúde de São José do Rio Preto/SP,
por conceder o campo com toda essa equipe para a realização desse estudo;
Em específico os clientes idosos que foram muitíssimo generosos em participar
voluntariamente da minha pesquisa, dispondo seu tempo com toda paciência para
execução e finalização desse estudo;
Aos gestores da instituição de Ensino Superior Centro Universitário de Rio Preto
(UNIRP) onde atuo como docente no curso de graduação em enfermagem, à minha
coordenadora Agnes Cristina Suffredini pela compreensão e disponibilidade do
tempo, conciliando minha carga horária e com a minha pesquisa, aos docentes da
UNIRP Lilian Castiglione e Rodrigo Ferro Magosso pela colaboração nesse estudo;
À minha orientadora Profa. Dra. Adriana Barrinha Fernandes Moretti pela dedicação
na elaboração e finalização desse estudo disponibilizando todo seu tempo, ao Prof.
Dr. Ricardo Scarparo Navarro e ao Prof. Dr. Altair Moioli pela participação da banca
examinadora e aos mestres que se dispuseram a compartilhar seus conhecimentos.
Obrigado a todos e que JEOVÁ DEUS abençoe nossas vidas hoje e sempre...
VALQUIRIA DA SILVA LOPES
VII
Tornar-se idoso significa passar por
numerosas experiências e conseguir
que a própria alma faça brilhar cada
vez mais a luz da sua natureza divina.
Assim, à medida que os anos passam,
mais plena de belas expressões de
amor verdadeiro e da intensa luz de
sabedoria.
Do livro Josei Kyoshitsu
VIII
AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS CARDIOVASCULARES EM IDOSOS
PRATICANTES DO LIAN GONG E DA CAMINHADA
RESUMO
As atividades físicas regulares trazem benefícios à saúde dos idosos, favorecendo o
envelhecimento saudável, desde que planejada, com objetivo aumentar ou manter a
saúde e a aptidão física. Para idosos hipertensos, a caminhada é recomendada,
pelo benefício à saúde, por ser de baixo impacto, a marcha constitui movimentos
básicos e sem usar equipamentos próprios, semelhante ao Lian Gong (LG). O LG
iniciou em Shangai/China, Lian = treinar e forjar, Gong = trabalho, experiência,
treinar e exercitar um trabalho persistente, prolongado e nível elevado de habilidade.
O presente estudo foi avaliar o efeito das práticas LG e caminhada nos parâmetros
cardiovasculares de idosos hipertensos. Trata-se de um estudo descritivo,
transversal de caráter quantitativo, nas unidades básicas de saúde Eldorado, Solo
Sagrado, Parque Industrial e Casa da Cultura de São José do Rio Preto/SP. O
presente estudo foi aprovado pelo CEP da UNICASTELO (no. 200215/CAAE:
12266313.0.0005494) e participaram 119 idosos hipertensos com idades entre 60-75
anos. Sendo que estes foram randomizados em 3 grupos: Grupo 1 (G1) 42
experientes do LG (n=42), Grupo 2 (G2) (n=21) iniciantes do LG e Grupo 3 (G3)
(n=56) experientes da caminhada (n=56). A Pressão Arterial (PA) e a frequência
cardíaca (FC) foram aferidas com medidor digital OMRON HEN-742 INT, a
frequência respiratória (FR) com relógio analógico, saturação de oxigênio (Sat O2)
com oxímetro de pulso e a temperatura (T), os procedimentos foram realizados
antes e após as práticas de LG e caminhada, com 30 minutos de duração, duas
vezes na primeira e quarta semana do mês de março/2013, após apresentarem
indicação médica. Foram aplicados os testes de estatísticos qui-quadrado e Análise
de Variância (ANOVA), com significância de 95% (p<0,05). Houve redução
estatisticamente significante na redução da PAS e PAD de idosos (p<0,05), sendo
que a prática do LG foi mais efetiva na redução da PA, tanto na primeira semana,
quanto na quarta semana antes das práticas com (p=0,002) e após (p<0,001). A
prática do LG pelos idosos experientes G1 e pelos idosos iniciantes G2, induziu uma
redução da FC antes e pós as práticas (p=0,008) e FR (p<0,001) antes e após.
Houve aumento da Sat O2 significante (p<0,001), já a T manteve-se na primeira
IX
semana e na segunda semana. Nos idosos do grupo da caminhada G3 houve
aumento da FC, FR, T e diminuição Sat O2 tanto antes como na primeira semana
como na segunda semana com (p<0,001), motivos estes pelas características
próprias de cada modalidade como intensidade, gasto energético e consumo de O2.
Baseados nos resultados obtidos pode-se concluir que o LG induziu um efeito
hipotensor mais intenso no grupo iniciante (G1) do que nos grupo experiente (G2) e
da caminhada. Desta maneira, é de vital importância que novos estudos sejam
realizados com a finalidade de elucidar os mecanismos envolvidos na regulação da
PA e dos demais parâmetros cardiovasculares após a prática do Lian Gong.
Palavras-chave: idosos, pressão arterial, doenças cardiovasculares, exercícios,
Lian Gong.
X
CARDIOVASCULAR PARAMETERS EVALUATION IN ELDERLY PEOPLE WHO
PRACTICE LIAN GONG AND WALKING
ABSTRACT
Regular physical activities bring health benefits to elderly people, promoting healthy
aging in order to increase or maintain health and fitness. For elderly hypertensive
walking is recommended to promote health benefit, because it has low impact, basic
movements and it is not necessary to use equipments, which makes it similar to Lian
Gong (LG). The LG started in Shanghai/China, Lian means train and forge, Gong
means work, experience, train, persistent/ prolonged work and high level of skill. To
evaluate the effect of LG and walking in the cardiovascular parameters of elderly
hypertensive patients. This is a descriptive, cross-sectional and quantitative
research, which was developed in basic health units located in some neighborhoods
of São José do Rio Preto/SP, Eldorado, Solo Sagrado, Parque Industrial, and in the
Culture House of the same city. A number of 119 elderly hypertensive patients aged
between 60-75 years participated of this research. These patients were randomized
into 3 groups: Group 1 (G1) (n=42) represent the patients who are experienced in LG,
Group 2 (G2) (n=21) patients who are LG beginners and Group 3 (G3) (n=56) patients
who are experienced in walking. Blood pressure (BP) and heart rate were measured
with digital meter OMRON HEN INT-742, the respiratory rate was measured with a
wristwatch (with pointer) and the oxygen saturation was measured with pulse
oximeter. The procedures were performed before and after the practices of LG and
walking, which lasted 30 minutes, and they were performed twice times, one in the
first week of March and the other in the fourth week of March/2013. For the
assessment of the results was used a chi-square test and to evaluate the quantitative
variables was used the Analysis of Variance test (ANOVA). The level of significance
adopted was the value of p<0.05. The comparison between the evaluation of
cardiovascular parameters in elderly patients with the practices of LG and walking
demonstrated that there was a statistically significant reduction in SBP and DBP in
patients who practice these activities. The results indicated that the practice of LG
was more effective in reducing BP in the first and fourth weeks. For HR, T and Sat O2
the statistics revealed that in LG customers, including experienced and no
experienced elderly, occurred a reduction of HR and RR after physical activities,
XI
which was not detected before these activities when the levels of Sat O2 increased
and T was maintained. Differently of the LG group, in the group of elderly people who
practice walking was detected an increase of HR, T and a decrease of Sat O2. The
reasons for the differences between these modalities can be explained because of
their different characteristics: intensity, energy expenditure and O2 consumption. It
was concluded that the cardiovascular parameters in elderly hypertensive patients
are more effective in elderly groups who practice LG, which was not detected in the
other group who practice walking.
Key-words: elderly, arterial pressure, cardiovascular diseases, physical exercises,
Lian Gong.
XII
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Modelos de determinantes sociais ......................................................
22
Figura 2. Modelos de determinação social da mortalidade do idoso .................. 22
A
Figura 3. Demonstra a primeira sequência anterior (Lian Gong Qian Shi Ba
Fa) compreende exercícios que atuam no pescoço, ombros, costas, região a
lombar, glúteos e pernas .................................................................................... 35
Figura 4. Apresenta a segunda sequência posterior (Lian Gong Hou Shi Ba
Fa) compreende exercícios para articulações, tendões e órgãos internos ........ 35
A
Figura 5. Mostra a terceira sequência (Lian Gong Shi Ba Fa Xu Ji), traz
exercícios que previnem e tratam a bronquite crônica, a debilidade funcional a a
do coração e dos pulmões, além de outras doenças crônicas das vias a
respiratórias ........................................................................................................ 36
Figura 6. Apresenta a avaliação antes do LG na Casa da Cultura ....................
42
Figura 7. Os idosos praticando o LG na Casa da Cultura .................................. 42
Figura 8. Avaliação pós o LG na Casa da Cultura .............................................
42
Figura 9. Apresenta a avaliação antes do LG na UBS do Parque Industrial ...... 43
Figura 10. Os idosos praticando o LG na UBS do Parque Industrial .................
43
Figura 11. Avaliação após o LG na UBS do Parque Industrial ........................... 43
Figura 12. Apresenta a avaliação antes do LG na UBS do Solo Sagrado .........
43
Figura 13. Os idosos praticando o LG na UBS do Solo Sagrado ....................... 43
Figura 14. Os idosos praticando o LG na UBS do Solo Sagrado ....................... 43
Figura 15. Apresenta a avaliação antes do LG na UBS Eldorado ...................... 43
Figura 16. Pesando os idosos na UBS Eldorado ao lado do local da prática do
LG ....................................................................................................................... 43
Figura 17. Os idosos praticando o LG na igreja ao lado da UBS Eldorado ........ 43
Figura 18. Avaliação na antes da caminhada no Centro Esportivo Eldorado ....
44
Figura 19. Os idosos durante a caminhada no Centro Esportivo Eldorado ........ 44
Figura 20. Avaliação após a caminhada no Centro Esportivo Eldorado ............
44
XIII
Figura 21. Caminhada de idosos durante a avaliação no Centro Esportivo
Eldorado ............................................................................................................. 44
Figura 22. O gráfico demonstra os valores individuais da circunferência
abdominal dos três grupos amostrais ................................................................. 47
Figura 23. O gráfico apresenta os intervalos de confiança da circunferência
abdominal dos três grupos amostrais ................................................................. 47
A
Figura 24. Apresenta os parâmetros cardiovasculares dos idosos do G1
(experientes) da prática do LG antes e após na primeira e quarta semana de a
avaliação ............................................................................................................. 50
A
Figura 25. Apresenta os parâmetros cardiovasculares dos idosos do G2
(iniciantes) da prática do LG antes e após na primeira e quarta semana de a
avaliação ............................................................................................................. 51
Figura 26. Apresenta os parâmetros cardiovasculares dos idosos do G3
A
(experientes) da caminhada antes e após na primeira e quarta semana de a
avaliação ............................................................................................................. 52
XIV
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Apresenta os percentuais referentes às variáveis de
caracterização dos idosos avaliados por grupo amostral ................................ 45
Tabela 2. Apresenta as médias descritivas das variáveis quantitativas
(idade, índice de massa corpórea e da circunferência abdominal ................... 46
Tabela 3. Apresenta os dados referentes aos parâmetros cardiovasculares A
dos idosos dos três grupos amostrais na primeira e quarta semana de a
avaliação .......................................................................................................... 49
XV
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANOVA
Análise de Variância
a.C
Antes de Cristo
ACSM
American College of Sports Medicine
AF
Atividade Física
AHA
American Heart Association
ANVISA
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
AVE
Acidente Vascular Encefálico
bpm
Batimentos por minuto
CA
Circunferência Abdominal
CAAE
Certificado de Apresentação para Apreciação Ética
CB
Circunferência Braquial
CNDSS
Comissão Nacional de Determinantes Sociais de Saúde
DANT
Doenças e Agravos Não Transmissíveis
DBH
Diretrizes Brasileiras de Hipertensão
DCV
Doença Cardiovascular
DNCT
Doenças Crônicas Não Transmissíveis
DP
Desvio Padrão
DSS
Determinantes Sociais de Saúde
EF
Exercício Físico
FC
Frequência Cardíaca
FR
Frequência Respiratória
G
Grupo
HAS
Hipertensão Arterial Sistêmica
HB
Hospital de Base
HIPERDIA
Hipertensão e diabetes
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia
IC
Intervalo de confiança
IMC
Índice de massa corporal
INMETRO
Instituto Nacional de Metrologia
LG
Lian Gong
MG
Minas Gerais
XVI
mmHg
Milímetros de mercúrio
MS
Ministério da Saúde
n
Número
O2
Oxigênio
OMS
Organização Mundial da Saúde
PA
Pressão Arterial
PAD
Pressão Arterial Diastólica
PAS
Pressão Arterial Sistólica
QR
Quoeficiente de troca respiratória
Sat
Saturação
SBC
Sociedade Brasileira de Cardiologia.
SBH:
Sociedade Brasileira de Hipertensão
SISVAN
Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional
SJRP
São José do Rio Preto
SMHS
Secretaria Municipal de Higiene e Saúde
SP
São Paulo
T
Temperatura
TCLE
Termo de Consentimento Livre Esclarecido
UBS
Unidade Básica de Saúde
VCO2
Produção de dióxido de carbono
VE
Ventilação
VO2
Consumo de oxigênio
WHO
World Health Organization
XVII
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................. 18
1.1. Objetivo geral ............................................................................
20
1.2. Objetivos específicos ................................................................
20
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..............................................................
21
2.1. Estimativas de vida da população idosa....................................
21
2.2. Doenças cardiovasculares em idosos........................................ 23
2.3. Atividades físicas e sedentarismo em idosos............................
25
2.4. Envelhecimento e o exercício físico........................................... 27
2.4.1. Caminhada.............................................................................. 30
2.4.2. Lian Gong................................................................................ 31
2.4.3. Lian Gong Shi Ba Fa......………………….....………...………..
32
3. MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................
37
3.1. Delineamentos do estudo..........................................................
37
3.2. Procedimento ético....................................................................
37
3.3. Seleções das amostras..............................................................
37
3.3.1. Critérios de inclusão................................................................ 38
3.3.2. Critérios de exclusão............................................................... 38
3.4. Procedimentos para avaliação................................................... 38
3.5. Equipamentos que foram utilizados na avaliação...................... 39
3.6. Medidas da PA e antropométricas.............................................
40
3.7. Procedimentos utilizados para a análise dos dados..................
41
4. RESULTADOS .................................................................................. 45
4.1. Caracterização da amostra........................................................
45
5. DISCUSSÃO ..................................................................................... 53
6. CONCLUSÃO ...................................................................................
59
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................
60
APENDICE A – Ficha de avaliação para os grupos..............................
68
APENDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.............
70
ANEXO A – Parecer da Secretaria de Saúde........................................ 72
ANEXO B – Comitê de Ética e Pesquisa............................................... 73
ANEXO C – Parecer Consubstanciado do CEP....................................
74
ANEXO D – Boletim Epidemiológico DANT/Promoção de Saúde......... 76
18
1. INTRODUÇÃO
A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu como idoso um limite de 65 anos ou
mais de idade para os indivíduos de países desenvolvidos e 60 anos ou mais de
idade para indivíduos de países subdesenvolvidos.
No censo demográfico de 2000, do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), a população de 60 anos ou mais de idade, no Brasil, era de
14.536.029 pessoas (IBGE, 2010). Já em 2010 houve um aumento significativo para
20.590.599. O peso relativo da população idosa em 2000 era com uma proporção
que atingia 8,6% e em 2010 de 10,8% (COELHO; SILVA, 1999; IBGE, 2010).
Considerando a continuidade das tendências verificadas para as taxas de
fecundidade e longevidade da população brasileira as estimativas para os próximos
20 anos indicam que a população idosa poderá exceder 30 milhões de pessoas ao
final deste período, chegando a representar 13% da população no país (COELHO;
SILVA, 1999; IBGE, 2010).
Segundo Williams et al. (2007) e Nelson et al. (2007), algumas instituições de
saúde, como o American College of Sports Medicine (ASCM) e o American Heart
Association
(AHA),
passaram
a
recomendar
o
treinamento
resistido,
em
complemento ao aeróbico, dentre eles a caminhada, para indivíduos com problemas
cardiovasculares, sobretudo mulheres e idosos. Para idosos hipertensos, a
caminhada é considerada uma das práticas mais seguras do ponto de vista
cardiovascular e ortopédico, sendo que apresenta maior índice de adesão em
exercícios para prevenção de problemas e promoção da saúde.
De acordo com Pescatello et al. (2004), o exercício físico (EF) é uma
atividade física (AF) planejada, estruturada e repetitiva, tendo como objetivo final ou
intermediário aumentar ou manter a saúde e a aptidão física. Para Nahas (2006), a
aptidão física pode ser entendida também como um fenômeno multidimensional que
esta relacionada com a capacidade que os indivíduos têm para realizar AF, pois
engloba um conjunto de características que as pessoas têm ou desenvolvem.
Lima (1998) afirma que caminhar é a marcha que constitui em movimentos
básicos, sendo uma das AF mais naturais, por ser simples e facilmente controlável,
sem a necessidade de equipamentos próprios, semelhantes ao Lian Gong (LG). O
LG iniciou em Shangai na China, em 1974, pelo ortopedista Doutor Zhuang Yuen
19
Ming. “Lian” quer dizer treinar e forjar, “Gong” trabalho, experiência, treinar e
exercitar um trabalho persistente, prolongado até um nível elevado de habilidade
(MING, 2001).
No Brasil, o LG foi introduzido em 1987, pela professora Maria Lúcia Lee, que
fundou a Associação Brasileira de LG, sediada em Belo Horizonte/MG. Esta
associação tem o objetivo de difundir e aperfeiçoar o ensino do LG, como também
outras técnicas orientais, colocando em prática a ideia de melhoria da qualidade de
vida da população brasileira (LEE, 1997). Somente em 2006 o LG foi regulamentado
pela Portaria 971/06 do Ministério da Saúde.
Em São José do Rio Preto, o LG foi implantado pelo médico Antonio Caldeira
da Silva em 2001 “visando ao envelhecimento ativo”, como terapia complementar
das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Atualmente o município conta
com 50 grupos de LG, 50 academias da saúde (ginástica gratuita nas praças, todos
praticantes recebem orientações de monitores e preparadores físicos treinados e
capacitados), após indicação médica para cada prática de atividades física (AF).
Aproximadamente 56.337 clientes estão registrados nos cadastros do
programa HIPERDIA (hipertensos e diabéticos). Em torno de 50% desses clientes
praticam AF com indicação médica, supervisão de preparadores físicos e
acompanhados por monitores capacitados para cada modalidade conforme Boletim
Epidemiológico DANT/Promoção da Saúde de 2010 (Anexo D).
O sedentarismo aumenta a incidência de hipertensão arterial. As pessoas
sedentárias apresentam risco aproximado 30% maior de desenvolver hipertensão
que os ativos. O exercício aeróbio apresenta efeito hipotensor maior em indivíduos
hipertensos que normotensos. O exercício resistido possui efeito hipotensor
semelhante, mas menos consistente. Acredita-se que uma maior compreensão da
influência da atividade física na pressão arterial de pacientes segundo etnia,
associada à avaliação dos fatores como idade, sexo, que poderá ser um instrumento
no auxílio no controle da doença (CORNELISSEN; FAGARD, 2005).
Desta maneira, o presente estudo foi relevante com a hipótese de que o efeito
do LG é melhor progressivamente com o tempo, resultando em melhor desempenho
cardiovascular do que a caminhada. O que se confirmou avaliando e comparando os
principais parâmetros cardiovasculares dos idosos hipertensos selecionados para o
estudo, antes e após as práticas do LG em relação à caminhada, uma vez que estes
são mais vulneráveis às DCNT, em especial as doenças cardiovasculares.
20
1.1. Objetivo geral
Avaliar os parâmetros cardiovasculares em idosos hipertensos antes e após
as práticas do LG e caminhada.
1.2. Objetivos específicos
Avaliar e comparar os parâmetros cardiovasculares de idosos hipertensos
praticantes do LG (experientes e iniciantes) e da caminhada (experientes);
Determinar a atividade física que desencadeou hipotensão mais intensa após
a prática das atividades;
Comparar os resultados obtidos da primeira semana de avaliação com a
quarta semana entre os praticantes dos diferentes grupos, analisando qual
das práticas regulares das atividades induziram alterações significantes nos
parâmetros cardiovasculares dos idosos.
21
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Estimativas de vida da população idosa
O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial que vem ocorrendo em
grande velocidade, no ano de 2000 a população idosa no mundo correspondia a 600
milhões de pessoas, em 2025 esta estimada em 1,2 bilhões. Estima-se que a
proporção de idosos irá para 22%, em 2050. Na América Latina e Caribe o
percentual de idosos, chegará a 24%, em 2050 (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA
SAÚDE, 2010).
Em países de poder aquisitivo baixo e médio, a proporção de idosos cresce
ainda mais veloz do que nos países de poder aquisitivo alto. O envelhecimento
global da população torna a satisfação das necessidades da segurança social um
desafio cada vez mais importante (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2010).
O
número
de
idoso
e
a
expectativa
de
vida
têm
aumentado
consideravelmente nos últimos anos. Em 2010, já existiam cerca de 21,8 milhões de
pessoas acima dos 60 anos e a expectativa de vida era de 73,1 anos. Segundo
projeções do IBGE, o Brasil terá em 2025, aproximadamente, 32 milhões de idosos,
constituindo-se o sexto país com a população idosa maior e a expectativa de vida
será em torno de 80 anos de idade (IBGE, 2010).
A OMS define como idoso um limite de 65 anos ou mais de idade para os
indivíduos de países desenvolvidos de 60 anos ou mais de idade para indivíduos de
países subdesenvolvidos (IBGE, 2002). O Brasil que é considerado como um país
em desenvolvimento aprovou o Estatuto do Idoso em 2003, reafirmando a Política
Nacional de Saúde do Idoso, responsabilizando o Sistema Único de Saúde (SUS)
pela atenção à saúde e propondo penas em situações de desrespeito ou abandono
de cidadãos da terceira idade (BRASIL, 2010. Em respeito à natureza humana, a
mesma pode ser dividida em três dimensões: biológica, psicossocial e espiritual: a
dimensão biológica refere-se às necessidades físicas; a dimensão psicossocial
refere-se às necessidades psicológicas de cada indivíduo e as interações sociais; a
dimensão espiritual diz respeito a necessidades de desenvolver valores que dão
sentido à vida (MEASSI, 2009).
22
Desta forma, as intervenções populacionais podem incidir em vários níveis
dos Determinantes Sociais da Saúde (DSS). Os esquemas apresentados e
propostos nas Figuras 1 e 2 adaptadas por Dahlgren e Whitehead (1991),
hierarquizam determinantes, dispondo-os em camadas.
A Figura 1 apresenta o modelo de determinação social da saúde existentes,
adotado na Comissão Nacional Sobre Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS)
em 2008, que serve de base para a organização de suas atividades. A Figura 2
mostra os modelos de determinação social da mortalidade do idoso, em específicos
alguns fatores de riscos para as doenças cardiovasculares. Esses modelos incluem
os determinantes sociais da saúde e da mortalidade dispostos em diferentes
camadas, segundo seu nível de abrangência, desde uma camada mais próxima aos
determinantes individuais até uma camada distal, na qual se situam os macrodeterminantes (COMISSÃO NACIONAL SOBRE DETERMINANTES SOCIAIS DA
SAÚDE, 2008; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010).
Figura 1: Modelos de determinantes sociais. Modelo de Dahlgren e Whitehead.
Fonte: Adaptado de Dahlgren e Whitehead (1991)
Figura 2: Modelos de determinação social da mortalidade do idoso.
Fonte: Adaptado por Dahlgren e Whitehead (1991)
23
2.2. Doenças cardiovasculares em idosos
A designação das doenças cardiovasculares (DCV) corresponde a um grupo de
desordens ocorrido no coração e vasos sanguíneos. As manifestações da DCV são:
a morte súbita, o enfarte cardíaco, a angina, a embolia cerebral, a trom bose
cerebral, a hemorragia cerebral, a doença vascular periférica ou a doença arterial
renal (POLLOCK; WILMORE, 1990).
Dos aspectos negativos do envelhecimento, destaca-se o aumento da
prevalência de DCV sendo a principal causa de morte, no Brasil e demais países
ocidentais. Os dados do MS indicam que no Brasil aproximadamente 33% das
mortes são causadas por DCV, esses números tornam-se ainda maiores ao
consideramos a população idosa, no qual aproximadamente 40% dos óbitos têm
como causa a cardiopatia isquêmica (MENDONÇA; ITO; BARTHOLOMEU, 2004;
BRUM et al., 2004).
A cada ano, 700 mil indivíduos sofrem um episódio de acidente vascular
encefálico (AVE), sendo que para 500 mil é o primeiro episódio (THOM et al., 2006).
Entre os episódios de AVE, ocorridos nos Estados Unidos, 88% correspondem ao
AVE isquêmico. No Brasil, estatísticas oficiais mostram que a doença vascular
cerebral é a primeira causa de óbito (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DOENÇAS
CEREBROVASCULARES, 2001).
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) apresenta um das maiores causas de
morbidade cardiovascular no Brasil e acomete de 25% a 30% da população adulta,
possuindo também prevalência em crianças e adolescentes. A HAS é considerada
um dos principais fatores de risco de morbimortalidade das DCV. O que representa
alto custo social. As modificações no estilo de vida incluem os EF recomendados no
tratamento e prevenção da HAS (MONTEIRO; FILHO, 2004; SOCIEDADE
BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010).
Segundo Munaretti et al. (2011), um dos maiores problemas de saúde em
todo o mundo tem sido a HAS. Para Monteiro et al. (2007), aproximadamente 20% a
30% dos brasileiros têm PA acima do recomendado. Para Lima et al. (2011), a
população urbana adulta chega a atingir índices entre 22% a 44%, suas
consequências são responsáveis por 40% das aposentadorias precoces.
Spinato, Monteiro e Santos (2010) destacaram a HAS como um fator de risco
agravante em aproximadamente 60% das pessoas acima dos 65 anos. Esse é um
24
número bastante preocupante, pois mostra que ainda é baixa a quantidade de
pessoas que procuram manter a qualidade de vida, adotando formas saudáveis de
viver, como uma alimentação adequada e supervisionada.
No Brasil os procedimentos de diagnóstico e acompanhamento do estado
nutricional de idosos, a Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) utilizado como
critério prioritário o sistema de classificação do índice de massa corporal (IMC)
(BRASIL, 2004). Sendo considerado baixo peso ≤ 22 kg/m2, eutrófico 22-27 kg/m2 e
sobrepeso ≥ 27 kg/m2 sendo recomendado pelo World Health Organization (1998) e
Lipschitz (1994), considerando os pontos de corte diferentes daqueles utilizados
para adultos.
Essa diferença deve-se às alterações fisiológicas nos idosos, que ocorre:
- O declínio da altura é observado com o avançar da idade. Isso ocorre em
decorrência da compressão vertebral, mudanças nos discos intervertebrais, perda
do tônus muscular e alterações posturais;
- O peso pode diminuir com a idade, porém, com variações segundo sexo.
Essa diminuição está relacionada à redução do conteúdo da água corporal e da
massa muscular, sendo mais evidente no sexo masculino;
- Alterações ósseas em decorrência da osteoporose;
- Mudança na quantidade e distribuição do tecido adiposo subcutâneo;
- Redução da massa muscular devida à sua transformação em gordura
intramuscular, o que leva a alteração na elasticidade e na capacidade de
compressão dos tecidos.
A antropometria é muito útil para o diagnóstico nutricional dos idosos. É um
método simples e com boa predição para doenças futuras, mortalidade e
incapacidade funcional, podendo ser usada como triagem inicial, tanto para
diagnóstico quanto para o monitoramento de doenças como as cardiovasculares
(BRASIL, 2004).
A circunferência abdominal (CA) é um dado antropométrico utilizado como
referência para risco de DCV a ser registrado na história clínica de cada cliente. É
uma medida relacionada à gordura intra-abdominal, ou seja, demonstra obesidade
central, sendo utilizada para verificar a presença e o desenvolvimento de riscos de
DCV. O aumento do risco é verificado em homens com CA > 102 cm e em mulheres
com CA > 88 cm (BRASIL, 2006).
25
Segundo Zaslavsky e Gus (2002), a alimentação e as AF são fatores
principais no estilo de vida, fazendo um papel importante na prevenção e manuseio
das debilitações que afetam a população idosa. As AF são muito importantes na
prevenção do declínio funcional e no aumento da sobrevivência dos idosos, Uma
vez que a incidência de quedas e fraturas diminui, trazendo maiores benefícios à
saúde cardiovascular, tais como:
- Redução no risco de morte por DCV;
- Redução no risco de desenvolver diabetes, HAS, câncer de cólon e mama;
- Melhoria do perfil lipídico;
- Melhoria do nível de saúde mental;
- Ossos e articulações mais saudáveis;
- Aumenta a força muscular;
- Melhor funcionamento corporal e preservação da independência de idosos;
- Correlações favoráveis com redução do tabagismo e abuso de álcool e
drogas;
- Aumenta o bem-estar e a autoestima.
2.3. Atividades físicas e sedentarismo em idosos
Pitanga (2004), define AF como “qualquer movimento corporal, produzido pela
musculatura esquelética, que resulte em gasto energético, além do gasto energético
em repouso”, tendo componentes e determinantes de ordem biológica, psicológica,
social, cultural e comportamental.
O sedentarismo é considerado uma situação de gasto energético inferior a
500 kcal por semana, além do gasto calórico basal, é um importante fator de risco de
DCV e o principal em saúde pública, com prevalência de 58,8% (CARVALHO, 1998).
Para Horta e Barata (1995) a AF é natural e, portanto biológica. As estruturas
biológicas do ser humano estão preparadas e adaptadas ao movimento e ao EF.
Assim, a inatividade tem como consequência à perturbação do equilíbrio funcional
dos indivíduos, sendo a AF um dos principais meios da medicina preventiva na luta
contra doenças causadas pela inatividade como: as DCV, a obesidade, o diabetes, o
aparelho locomotor e respiratório.
As vantagens das AF podem ser divididas em dois grupos: os ganhos em
termos de saúde e a melhoria da condição física. Quando um indivíduo sedentário
26
inicia uma prática de AF regular, desencadeia um conjunto de adaptações ao
esforço. Desta forma, as DCV que afetam uma grande porcentagem da população
nos países desenvolvidos são reduzidas. Pode-se assim afirmar que o AF é uma
necessidade fisiológica do ser humano (NUNES, 1999).
Simões et al. (2010), apontam que o idoso, em seu processo natural de
envelhecimento já sofre alterações físicas e funcionais que acabam afetando suas
atividades de vida diária, o que com o sedentarismo aumenta ainda mais essas
alterações em específicos as DCV. Amaral et al. (2006), afirmam que no Brasil, as
DCV são as principais patologias que levam pessoas com 30 anos ou mais a óbito.
As pessoas idosas que praticam AF regulares apresentam melhor qualidade
de vida, sendo essencial para manter a independência física e consequentemente,
melhorar ou manter níveis aceitáveis de EF em indivíduos com idade igual e superior
a 65 anos. Em todo o mundo, a AF representa um desafio crescente para a saúde
pública. Antes de se iniciar um programa de EF, necessita-se de uma cuidadosa
história clínica e exame físico detalhado e sistematizado do idoso (RACHID, 2000).
O exame físico é indispensável para identificar alguma instabilidade clínica
recente nos casos de arritmias, isquemia ou falência cardíaca e uma possível
obstrução grave do trato de saída ventricular. Entretanto, o exame não deve se
restringir somente ao aparelho cardiovascular. Exige-se observar o cliente como um
todo na sua integralidade e na procura de alguns distúrbios, seja este, ortopédico,
pulmonar, neurológico ou vascular (RACHID, 2000).
A adaptação das AF às necessidades, possibilidades de movimentos de cada
individuo e de cada grupo de idade, torna-se uma ferramenta essencial na
prevenção das DCV, dependência e solidão (DIAS; AFONSO, 1999). Aumentando a
qualidade de vida e permitindo assim, menor dependência, não obstante a
deterioração das incapacidades físicas (SILVESTRE; ARAÚJO, 1999).
Além disso, a AF também desempenha um papel importante ao promover
essas modificações seletivas na composição corporal, na aptidão metabólica e na
aptidão física, isto é, a taxa do processo degenerativo em idosos pode ser alterada
para melhor com o EF (SARDINHA; MARTINS, 1999; GOMES, 1988).
27
2.4. Envelhecimento e o exercício físico
O envelhecimento é um fenômeno complexo e variável, sendo o seu estudo
realizado sob uma perspectiva interdisciplinar que define o envelhecimento como um
processo gradual, universal e irreversível, provocando uma perda funcional
progressiva no organismo. Esse processo é caracterizado por diversas alterações
orgânicas, como a redução do equilíbrio e da mobilidade, das capacidades
fisiológicas (respiratória e circulatória) que poderá ocorrer melhoras com EF,
inclusive nas modificações psicológicas (maior vulnerabilidade à depressão)
(NAHAS, 2006).
Para Papaléo Netto (2002), o envelhecimento é um processo intrínseco, no
qual mostra marcas físicas e fisiológicas inerentes. Cada indivíduo sofre diferentes
alterações que não são necessariamente doenças. Alguns sofrem grandes
limitações, outros podem ser independentes ou apresentar poucas dificuldades
significativas durante a realização de tarefas (ALVES; LEITE; MACHADO, 2007).
No processo de envelhecimento, o indivíduo pode sofrer várias mudanças no
seu corpo que são causadas pela presença de múltiplas patologias, perda de
autonomia e independência, dificuldade de adaptação no mundo moderno e a
situação econômica precária levam o idoso ao isolamento social (COUTINHO,
2004).
Segundo Simões et al. (2010), o envelhecimento ainda apresenta algumas
consequências, entre elas, a redução da força muscular esquelética ou sarcopenia,
que pode alterar as suas atividades de vida diária. Para Ribeiro et al. (2009), o
surgimento de doenças crônicas que resultam em parte das alterações
neuromusculares, tais como a atrofia muscular e a diminuição da potência muscular,
acompanha esse processo.
Entretanto, para Ferrari; Radaelli e Centola, (2003), o processo de
envelhecimento acompanha de perdas estruturais e funcionais, que facilitam o
aparecimento de doenças, piorando a qualidade de vida. Sendo cada vez mais
frequentes as tentativas de minimizar ou eliminar esses efeitos negativos, tentando
proporcionar ao idoso uma maior autonomia (MATSUDO, 2001).
De acordo com Cornelissen e Fagard (2005), o processo de envelhecimento
reduz drasticamente a massa, a força e a potência musculares, diminuindo a
capacidade de execução das atividades da vida diária. A prática de exercícios pode
28
reverter esse quadro, auxiliando na manutenção da massa muscular e melhorando
sua força e resistência.
Em razão dessas fragilidades, os idosos necessitando da compreensão,
auxílio, do apoio e acolhimento dos familiares e seus cuidadores, ao contrário muitos
que eram desrespeitados e viviam na exclusão social, em virtude da estimativa de
vida dessa população idosa estar aumentando, houve a elaboração e aprovação do
Estatuto do Idoso para que seus direitos fossem garantidos.
No âmbito desse Estatuto, os principais direitos do idoso encontram-se no
artigo 3º, o qual preceitua:
“É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder
público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao
esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade,
ao respeito e à convivência familiar e comunitária”, (BRASIL, 2010).
Segundo Costa e Rosa (2009), a população idosa é a que mais cresce no
mundo, em países desenvolvidos é considerado como idoso aquele indivíduo de
idade igual ou superior aos 65 anos, já no Brasil, por ser um país em
desenvolvimento onde a expectativa de vida ainda é baixa, passa a ser considerado
doso com 60 anos e mais. Dos aspectos negativos do envelhecimento, destaca-se o
aumento da prevalência de DCV (YANOWITZ; MONTE, 2002), que é a principal
causa de morte, no Brasil e nos demais países ocidentais (BENSEÑOR; LOTUFO,
2002).
De acordo com Matsudo (2001), ainda que a população idosa venha
crescendo nos últimos anos devido às melhoras nas condições de vida e dos
avanços da ciência, o que tem aumentado a expectativa de vida do ser humano, a
alimentação adequada, as AF e os EF contribuíram na inclusão e socialização dos
idosos com programas incentivados para a qualidade de vida de todos independente
de sua condição socioeconômica.
O EF é definido como uma atividade planejada, programada, estruturada e
acompanhada ou orientada por um profissional, que tem como objetivo de manter e
melhorar um ou mais componentes da aptidão física. A primeira alteração que
ACSM fez as recomendações após 1995. E as novas recomendações do ACSM e
da AHA são: realizar exercícios cardiovasculares de intensidade moderada 30
29
minutos por dia, cinco dias por semana de intensidade alta 20 minutos por dia, três
dias por semana (NELSON et al., 2007).
Barroso et al. (2008), apontam que o EF deve ser avaliado e prescrito em
termos de intensidade, frequência, duração, modo e progressão. A escolha do tipo
de exercício deverá ser orientada de acordo com as preferências individuais e
respeitando as limitações impostas pela idade, condições físicas do indivíduo e estilo
de vida. Para Dutra et al. (2007), também é importante levar em consideração o
peso, a composição corporal e o nível de atividade em que a pessoa se encontra.
O EF é um dos principais componentes da AF que requer um preparador
físico, o que difere do EF da AF que não requer, é o EF que necessita de um
preparador físico por ser planejado, estruturado e repetitivo, que tem como objetivo
final ou intermediário aumentar ou manter a saúde/aptidão física, pois durante o
desenvolvimento do estudo referenciado os termos AF e EF foram abordados como
dois aspectos distintos (CASPERSEN; POWELL; CHRISTENSON, 1985).
Os EF regulares são recomendados na prevenção e tratamento não
medicamentoso da HAS, onde a prática de EF moderada auxilia na manutenção da
PA controlada, reduzindo os níveis de açúcar no sangue, melhorando a circulação
sanguínea, controlando a obesidade, liberando uma sensação de bem estar geral a
todos os indivíduos que realizam EF (TAKATSUJI et al., 2003; VATTEN; NILSEN;
HOLMEN, 2006).
Em todos os momentos da vida a EF é essencial, tanto na fase infantil, quanto
na fase adulta e principalmente na melhor idade, pois é nesta etapa que o indivíduo
perde da aptidão física. O EF auxilia o idoso no ganho da força muscular para que
possa envelhecer e ter uma vida saudável, ativa e assim realizando suas tarefas
diárias (ETCHEPARE et al., 2003).
Um nível mais elevado de EF auxilia no retardo de doenças crônicodegenerativas como HAS, osteoporose e doença arterial coronariana, cada vez mais
presentes em idades avançadas, assim como mantém a autonomia do idoso
reforçam que a prática de EF é uma das principais estratégias para a prevenção de
DCNT, como as já citadas sendo a HAS (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE,
2003; SALVADOR et al., 2009).
Dentre os EF de baixo impacto podem destacar a caminhada e o LG que
foram fundamentais no presente estudo e são os mais indicados na literatura
científica para reduzir as complicações cardiovasculares e ortopédicas em idosos,
30
sendo de fundamental importância para que ocorra um envelhecimento com
qualidade de vida (OLIVEIRA; ASSUMPÇÃO, 2008; FRYE et al., 2007).
2.4.1. Caminhada
De acordo com Nunes e Santos (2009), caminhar constitui em uma das mais
naturais pratica de EF, por ser uma atividade simples e facilmente controlável, sem a
necessidade de equipamentos especiais. Na caminhada o movimento básico é a
marcha que diferencia da corrida, a marcha não existe a fase do vôo, momento em
que os pés deixam de ter contato com o solo.
Além de caminhada ser considerada uma das práticas mais seguras do ponto
de vista cardiovascular e ortopédico, apresenta maior índice de aderência em
exercícios para prevenção de doenças e promoção da saúde. A prática de
caminhada pode ser praticada de forma individual ou coletiva, em qualquer
ambiente, próximo de casa ou do trabalho (LIMA, 1998).
Costa e Rosa (2009) e Casagrande (2006), concordam que a caminhada é
uma pratica de EF que vem crescendo a cada dia, pois trás a melhora na
revalorização, auxiliando no processo do envelhecimento e também promovendo um
estilo de vida ativo aos idosos, bem como o aumento do convívio social e melhora
na saúde física e mental, permitindo a participação nas AF e recreativas.
Segundo o American College of Sports Medicine, andar e correr são mais
eficientes em velocidades, respectivamente, abaixo de 6km/h e acima de 8km/h,
permanecendo, todavia, indefinida a melhor forma de locomoção na faixa
intermediária de velocidade, ou seja, na intensidade de esforço em que ocorre a
transição entre a caminhada e a corrida (AMERICAN COLLEGE OS SPORTS
MEDICINE, 1995).
Do ponto de vista estritamente físico, é um trabalho para percorrer
determinada distância independe do modo de locomoção (caminhar ou correr), No
entanto as velocidades comprovadas e diversos estudos confirmam que o andar é
mais vantajoso do que o correr em termos de eficiência mecânica e vice-versa
(AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 1995).
De acordo com Santos, Andrade e Bueno (2009) a caminhada é um exercício
que oferece diversos benefícios ao praticante, tanto físicos quanto psicológicos e diz
que é uma atividade que oferece baixo impacto e também pouco risco de quedas.
31
Para o idoso hipertenso, a prática da caminhada é uma das atividades mais
recomendadas, por oferecer benéficos à saúde, baixo impacto, e ter a possibilidade
para ser praticada em diferentes intensidades (MATSUDO, 2001).
2.4.2. Lian Gong
Os registros chineses mostram que por volta de 2.700 a.C., o Qi Gong já havia se
tornado um aspecto importante da medicina chinesa. O tipo mais antigo era
provavelmente uma forma de dança meditativa que estimulava o equilíbrio da
energia do corpo. É impossível precisar a época e o surgimento do Qi Gong devido à
sua antiguidade, porém sabe-se que recebeu profunda influencia do Budismo e da
filosofia Taoísta (WONG, 2003).
Os exercícios foram classificados em quatro tipos de Qi Gong que, hoje, estão
amalgamados. O Qi Gong religioso (Budista e Taoísta), o Qi Gong intelectual, o Qi
Gong marcial (escola interna e externa) e o Qi Gong médico. Neste último, destacase a contribuição de Hua Tuo, um médico importante, durante a Dinastia Han, que
desenvolveu sequências para preservar e recuperar a capacidade vital dos
indivíduos, com o objetivo de manter e desenvolver a saúde física e psíquica por
meio da mobilização da essência e do Qi (WONG, 2003).
Os indivíduos, imersos no meio ambiente, numa complexa rede de seres
captam, transformam e eliminam diferentes formas de essências e de qi (energia). O
equilíbrio destas interações e trocas nos indivíduos requer uma movimentação
harmoniosa de qi nas oito portas (Bamen): alto/baixo, interior/exterior, frente/atrás
(ventral/dorsal), direita e esquerda do corpo. A prática do Qi Gong favorece o
equilíbrio e a manutenção do fluxo de qi nessas oito portas, preservando a
integridade biopsíquica (WONG, 2003).
As práticas de Qi Gong envolvem, em geral, quatro fases. A primeira fase, de
Desbloqueio, libera os canais para melhor captar as energias, fortalecer a estrutura
óssea e a medula. Na segunda fase, de Captação, se busca captar a energia
exterior. A fase de Circulação, em que os movimentos favorecem a circulação da
energia captada pelos canais, para limpar, nutrir e fortalecer os órgãos internos. A
fase de Armazenamento, quando se reserva a energia captada e circulada nos
centros energéticos, para usar quando necessário (WONG, 2003).
32
As principais sequências de Qi Gong difundidas atualmente são: Tai Ji Qi
Gong Shi Ba Shi (Tai Ji Qi Gong de 18 Passos), LG Shi Ba Fa (LG em 18 Terapias),
Yi Qi Gong, Ba Duan Jin (As Oito Peças do Brocado de Seda), Lo Han Shi Ba Shou
(18 Mãos de Buda), Da Yan (Qi Gong do Ganso Selvagem – forma tradicional), Wu
Qin Shi (Jogo dos Cinco Animais de Hua Tuo – Tradicional) e o Liu Zi Jue (6 Sons
de Cura) (WONG, 2003).
2.4.3. Lian Gong Shi Ba Fa
Dentre as sequências de Qi Gong, focaliza-se brevemente, o LG Shi Ba Fa, ou LG
em 18 Terapias, que nas próprias palavras do Dr. Zhuang Yuan Ming, seu criador, a
função dessas práticas e dos seus resultados são eficazes com impactos, inclusive,
sobre a saúde pública. O LG foi difundido em toda a China desde 1975, sua difusão
para outros países iniciou-se no Japão, em 1984, prosseguindo para o Sudeste
Asiático, Indonésia, Estados Unidos, França, Canadá, Austrália e Brasil, dentre
outros (ZHUANG, 2000).
Em 1980, o Comitê Nacional de Esportes e Educação Física, a Central
Nacional dos Sindicatos e o MS emitiram um comunicado conjunto confirmando os
excelentes resultados obtidos com a prática do LG e colocando-o, como uma das
três ginásticas a serem divulgadas e praticadas na China inteira. Em Shangai ainda
não foram feitas contagens oficiais, mas cerca de aproximadamente 500 centros de
prática do LG, com mais de 200 mil praticantes e na China inteira mais de 2.000
centros, com mais de 3.000.000 milhões de praticantes (ZHUANG, 2000).
O LG é considerado uma técnica de EF específicos para a prevenção e
tratamento de dores no corpo. Os exercícios atuam na regulação da circulação
sanguínea, dissolvem aderências e inflamações dos tendões e restauram a
movimentação física natural, melhorando a resistência e a vitalidade (MING, 2001).
O exercício do LG em 18 terapias é uma intervenção que promove melhora
na flexibilidade, coordenação de movimentos, equilíbrio, diminuição das dores em
geral e medicação, melhora no funcionamento do intestino e do sono. Isso contribui
para benefícios diretos para a saúde e ocasiona melhora significativa em aspectos
físicos dos praticantes (MING, 2001).
O LG é um recurso de grande eficácia e baixíssimo custo devido ao aspecto
essencialmente preventivo, desde que haja prática diária. Após a reavaliação dos
33
participantes, observa-se que a maioria obteve melhora significativa da pontuação
dos domínios, sendo o mais positivo dentre eles os aspectos físicos (MING, 2001).
Ainda que o LG possa ser utilizado como um recurso ou instrumento
terapêutico de grande eficácia, não só para a redução de síndromes dolorosas do
corpo, como também, no caso do surgimento de dores iniciais, as pessoas terão à
mão um instrumento valioso do autocuidado com a própria saúde (MING, 2001).
Considerado como uma ferramenta autônoma, o LG contribui para a
prevenção das DCNT que estejam liberados para EF e todos aqueles que cultivam a
busca pela saúde e bem estar, podendo ser praticado por pessoas que desejam
melhorar e promover a saúde e desempenho corporal, estudantes, profissionais de
saúde, terapeutas corporais, praticantes, professores de Tai Chi Chuan e outras
artes marciais que queiram incluir em seu treino ou aulas, tem uma excelente e
variada forma de preparação/aquecimento, reforço corporal e todos os interessados
em dominar a prática do LG em 18 terapias (MING, 2001).
Os benefícios da prática regular do LG são: sensação de bem estar físico,
mental e emocional, sendo que o indivíduo apresenta maior motivação em realizar e
desenvolver o seu trabalho diário, que se torna mais produtivo, alivia a tensão e o
estresse, melhora a autoestima e o convívio social favorecem na redução da HAS
(LEE, 1997).
Os movimentos do LG devem estar coordenados ao ritmo natural da
respiração, inspirando pelo nariz e expirando pela boca. Os movimentos devem ser
amplos, contínuos e equilibrados para aumentar a capacidade pulmonar, tornando a
respiração mais longa e profunda. Desta forma, o diafragma também está sendo
exercitado, beneficiando o aparelho respiratório, o coração e o sistema circulatório
(MING, 2001).
Os exercícios são praticados seguindo o ritmo de músicas tradicionais
chinesas. Esta música também é utilizada no Brasil, mas a contagem e o nome dos
exercícios que foram traduzidos para a língua brasileira pela Professora Lee, que
trouxe a prática do LG para o Brasil (LEE, 1997).
O Dr. Zhuang complementou esta prática desenvolvendo três sequências de
18 exercícios (MING, 2004):
A primeira sequência é conhecida como "18 Terapias Anteriores", dividida em
três séries:
34
1ª série: Exercícios para a prevenção e tratamento de dores no pescoço e
ombros;
2ª série: Exercícios para a prevenção e tratamento de dores nas costas e
região lombar;
3ª série: Exercícios para a prevenção e tratamento de dores nos glúteos e nas
pernas.
A segunda sequência é conhecida como "18 Terapias Posteriores", dividida
em três séries:
1ª série: Exercícios para a prevenção e tratamento de articulações doloridas
das extremidades;
2ª série: Exercícios para a prevenção e tratamento de tenossinovites;
3ª série: Exercícios para a prevenção e tratamento das desordens de órgãos
internos (HAS, desordens do trato grastrointestinal, problemas de sono e
ansiedade).
A terceira sequência é conhecida como "I Qi Gong": planejada para fortalecer
as funções do coração-pulmão, prevenir e tratar infecções das vias respiratórias.
Cada parte do LG de 18 exercícios leva aproximadamente 12 minutos para
ser realizada. O LG completo é composto de três sequências, conforme as
ilustrações abaixo:
35
Figura 3: Primeira sequência Anterior (LG Qian Shi Ba Fa) compreende exercícios que atuam no
pescoço, ombros, costas, região lombar, glúteos e pernas.
Fonte: http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2013/05/14/noticia_saudeplena,
143365/liang-gong-promete-alivio-de-dores-e-e-oferecido-de-graca-em-bh.shtml
Figura 4: Segunda sequência Posterior (LG Hou Shi Ba Fa) compreende exercícios para
articulações, tendões e órgãos internos.
Fonte: http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2013/05/14/noticia_saudeplena,
143365/liang-gong-promete-alivio-de-dores-e-e-oferecido-de-graca-em-bh.shtml
36
Figura 5: Terceira sequência (LG Shi Ba Fa Xu Ji) traz exercícios que previnem e tratam a bronquite
crônica, a debilidade funcional do coração e dos pulmões, além de outras doenças crônicas das vias
respiratórias.
Fonte: http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2013/05/14/noticia_saudeplena,
143365/liang-gong-promete-alivio-de-dores-e-e-oferecido-de-graca-em-bh.shtml
37
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Delineamentos do estudo
Trata-se de um estudo descritivo, comparativo, quantitativo e qualitativo, por meio de
avaliação de alguns parâmetros cardiovasculares de idosos praticantes do LG e da
caminhada.
3.2. Procedimentos éticos
A pesquisa foi realizada após a aprovação do comitê de ética, com o parecer
número 200215 - CAAE: 12266313.0.000.5494, os clientes idosos selecionados
aceitaram voluntariamente em participar do estudo e assinaram o TCLE.
Os mesmos foram orientados que, em qualquer momento eles poderiam
desistir de participar sem nenhum prejuízo, ressalvando que seria mantido o
anonimato dos envolvidos, bem como os resultados da pesquisa e as fotos que
foram tiradas durante a avaliação com seus consentimentos mantendo o anonimato
de suas identificações da Resolução do CNS 466/2012 (BRASIL, 2012).
3.3. Seleção das amostras
Os idosos foram abordados aleatoriamente ao comparecerem nas UBS para as
reuniões diárias nos grupos do programa HIPERDIA. Os mesmos foram convidados
para participarem voluntariamente do estudo e randomizados aleatoriamente por
meio de sorteio, utilizando uma moeda de (cara e coroa), sendo cara para as
mulheres e coroa para os homens (JADAD; ENKIN, 2007).
A amostra contou com 119 clientes idosos com idade variando entre 60 e 75
anos, sendo 74 mulheres e 45 homens, somente hipertensos e cadastrados no
programa HIPERDIA, foram divididos em três grupos, sendo:
Grupo 1 (G1) experientes do LG, (n=42): 26 mulheres e 16 homens;
Grupo 2 (G2) iniciantes do LG (n=21): 16 mulheres e 5 homens;
Grupo 3 (G3) experientes da caminhada (n=56): 32 mulheres e 24 homens.
38
3.3.1. Critérios de inclusão
Foram incluídos 119 clientes voluntários, com idade entre 60 e 75 anos, hipertensos,
somente cadastrados no programa HIPERDIA, com indicação médica da caminhada
e LG, de acordo com suas limitações, todos os clientes experientes praticavam as
práticas há mais de três anos, após assinarem o termo de consentimento livre
esclarecido (TCLE), por ser critério obrigatório para inclusão, uma vez que envolve
seres humanos, Resolução do Conselho Nacional de Saúde No. 466/2012 (BRASIL,
2012).
Os locais inclusos para o estudo dos clientes do LG foram: UBS Eldorado,
Parque Industrial, Solo Sagrado e a Casa da Cultura que fica localizada ao lado do
Hospital de Base (HB) de SJRP/SP e dos clientes da caminhada, o Centro Esportivo
Integrado do bairro Eldorado, por ter pista própria para a AF, uma vez que as
calçadas são irregulares, podendo causar acidentes e quedas.
3.3.2. Critérios de exclusão
Foram excluídos os idosos com obesidade mórbida, sedentários, diabéticos,
tabagistas, etilista e com problemas outros de DCV, automedicação, uso inadequado
de anti-hipertensivos, que se recusaram a assinar o TCLE, os clientes hipertensos
que não foram indicados pelo médico para fazer as EF, propostas neste estudo.
3.4. Procedimentos para avaliação
Todos os clientes idosos, tanto do LG, como da caminhada foram avaliados duas
vezes na semana, no período da manhã, antes e após as práticas, na primeira e
quarta semana do mês de março de 2013. Os EF seguiram em três etapas,
conforme o instrumento de avaliação que segue em apêndices, sendo:
1ª Etapa – Avaliação sóciodemográfico em relação ao LG e a caminhada;
2ª Etapa – Avaliação dos parâmetros cardiovasculares na primeira semana do
mês;
3ª Etapa – Avaliação dos parâmetros cardiovasculares na quarta semana do
mês.
Os idosos foram orientados antes de iniciar o LG e caminhada quanto:
39
- Realizar exercício somente quando houver bem estar físico;
- Usar roupas e calçados adequados e confortáveis;
- Evitar uso de sedativos;
- Não exercitar em jejum.
- Usar carboidratos antes do EF;
- Respeitar os limites pessoais, interrompendo se houver dor ou desconforto;
- Evitar extremos de temperatura e umidade;
- Iniciar a EF lenta e gradativamente para permitir adaptação;
- Hidratação adequada antes, durante e após a EF (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010).
Os parâmetros cardiovasculares: PA, frequência cardíaca (FC), frequência
respiratória (FR), temperatura (T). A FR do adulto em repouso, valores normais entre
14 a 20 movimentos respiratórios por minuto e a FC do adulto em repouso, valores
normais entre 60 a 100 batimentos por minutos, a oximetria de pulso arterial não
invasiva para mensurar a saturação de oxigênio (Sat O2), com valores dentro dos
parâmetros normais de 95 a 100%, na primeira e quarta semana do mês março de
2013 e os mesmos foram avaliados antes e após as práticas do LG e da caminhada.
Respeitando de 10 antes e 5 minutos de repouso após terminado cada prática de
atividade (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010).
3.5. Equipamentos que foram utilizados na avaliação
Para a PA e FC foram aferidas o com o aparelho OMRON HEM 742 INT®.
A FR foi controlada com relógio analógico.
A T com termômetro clínico digital - G-TECH Ref.: TH-186, com visor digital
de fácil visualização, 100% resistente à água, beep sonoro indicando fim de
medição, verificado e aprovado pelo Instituto de Metrologia (INMETRO).
O peso e altura com balança Welmy® modelo W110H com capacidade
200kg x 10 g, divisões de 100 g, régua antropométrica até 2,00 m em alumínio
anodizado e divisão de 0,5 cm, capacidade de 200 kg.
A CA com fita métrica de 150 cm.
A oximetria de pulso arterial não invasiva Sat O2 com oxímetro de pulso e luz
de LED infravermelho pulse oximeter® modelo CMS50DL registro na ANVISA/MS:
80232040001.
40
Os Light-Emmiting Diode (LED) emissores de luz vermelha e infravermelha
emitem luz nos comprimento de ondas de 660 e 940nm. Ao serem instalados em
uma superfície com bom fluxo sanguíneo promovem a passagem da luz que será
mais ou menos absorvida em dependência da quantidade de hemoglobina saturada
e presente na área (PIERCE, 1995).
Um diodo receptor capta a relação de absorção e não absorção dos dois
comprimentos de ondas, 660 e 940nm. O equipamento processa a informação
demonstrando no visor a saturação de oxigênio arterial periférica, a luz pulsátil
permite verificar a amplitude e frequência do pulso por meio de propriedades
pletismográfica do aparelho de oximetria de pulso, permitindo também configurar a
onda de pulso, importante na avaliação da acurácia da medida e condição volêmica
do paciente (PIERCE, 1995).
3.6. Medidas da PA e antropométricas
Dentre os parâmetros que foram avaliados, a determinação da PA foi aferida com
medidor
OMRON
circunferência
HEM742INT®,
braquial
(CB)
com
do
braçadeira adequada
cliente
(SOCIEDADE
à
medida
BRASILEIRA
da
DE
CARDIOLOGIA, 2010), descrito a seguir:
- Preparo do cliente, locais e horários da avaliação.
Ambas as práticas de EF foram realizadas no período da manhã das 6hs às
11hs e são acompanhadas por monitores treinados e capacitados para cada
modalidade, que fazem parte do Programa Saúde em Movimento e cidade amiga do
idoso, são determinados pela Secretaria Municipal de Higiene e Saúde (SMHS) do
Município de SJRP/SP, atendendo a Portaria 971 de 3 de março de 2006, que
aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no
Sistema Único de Saúde (SUS) do Ministério da Saúde (MS) (BRASIL, 2006).
Orientações dadas aos clientes:
- Ficar em repouso por 10 minutos em ambiente calmo antes das práticas;
- Ficar em repouso por 5 minutos em ambiente calmo após das práticas;
- Deve ser instruído a não conversar durante a medida.
Certificou-se que os clientes NÃO:
- Estavam com a bexiga cheia;
- Praticaram EF há pelo menos 60 minutos;
41
- Ingeriram bebidas alcoólicas, fumo, café ou alimentos.
Com relação ao posicionamento do cliente, este deveria estar na posição
sentada, pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso recostado na cadeira e
relaxado. Deixar o braço na altura do coração (nível do ponto; médio do esterno ou
4º espaço intercostal), livre de roupas, apoiado, com a palma da mão voltada para
cima e o cotovelo ligeiramente fletido. Os dados antropométricos foram coletados de
acordo com as recomendações da WORLD HEALTH ORGANIZATION (1998) e
Castro et al. (2004). Além da estatura, foi mensurado o perímetro da CA da cintura
em cm com fita métrica de 0,5 cm seguindo os seguintes passos conforme a
Vigilância Alimentar e Nutricional – (SISVAN) (BRASIL, 2004):
1º Passo - a pessoa deve estar de pé, ereta, abdômen relaxado, braços
estendidos ao longo do corpo e os pés separados numa distância de 25-30 cm.
2º Passo - a roupa deve ser afastada, de forma que a região da cintura fique
despida. A medida não deve ser feita sobre a roupa ou cinto.
3º Passo - o profissional deve estar de frente para a pessoa, segurar o ponto
zero da fita métrica em sua mão direita e, com a mão esquerda, passar a fita ao
redor da cintura ou na menor curvatura localizada entre as costelas e o osso do
quadril (crista ilíaca).
4º Passo - deve-se verificar se a fita está no mesmo nível em todas as partes
da cintura; não deve ficar larga, nem apertada.
5º Passo - pedir à pessoa que inspire e, em seguida, que expire totalmente.
Realizar a leitura imediata antes que a pessoa inspire novamente.
6º Passo - anotar a medida no formulário da SISVAN e no prontuário.
Os valores considerados para a CA nos homens é de ≥ 94 cm a ≥ 102 cm e
para as mulheres ≥ 80 cm e ≥ 88 cm, feito a classificação do IMC (em kg/m2),
específico aos idosos utilizando os valores de referência segundo World Health
Organization (1998) e Lipschitz (1994), recomendado pelo MS (BRASIL, 2004),
sendo considerado baixo peso (≤ 22 kg/m2); eutrófico (22-27 kg/m2) e sobrepeso (≥
27 kg/m2).
3.7. Procedimentos utilizados para a análise dos dados
Os parâmetros cardiovasculares dos clientes praticantes do LG e caminhada foram
caracterizados e comparados nas três etapas de avaliação, analisando a
42
significância dos resultados da primeira semana foram comparados com os
resultados da quarta semana do mês de março de 2013.
Os resultados foram apresentados em forma de figuras, gráficos e tabelas. As
análises estatísticas descritivas dos resultados foram calculadas em frequência
absolutas e porcentagens. Os dados coletados foram transferidos para uma planilha
eletrônica no programa Microsoft® Excel.
Para todos os testes utilizou-se o software estatístico Minitab 15®, sendo que
as variáveis categorizadas foram aplicadas o teste de associação qui-quadrado e
para as variáveis quantitativas o teste de Análise de Variância (ANOVA),
considerando-se como nível de significância o valor de (p<0,05).
A avaliação dos parâmetros cardiovasculares dos idosos do LG e caminhada
foram registradas antes e após, por meio de fotografias que estão identificadas de
acordo com os locais que foram realizadas e ilustradas abaixo:
Fotos obtidas durante a avaliação dos parâmetros cardiovasculares dos
idosos praticantes do LG e da caminhada, na Casa da Cultura, UBS do Parque
Industrial, UBS Solo Sagrado, UBS Eldorado e Centro Esportivo Integrado do
Eldorado.
As Figuras 6 a 21 representam a atuação dos idosos praticando LG e
caminhada durante a avaliação do presente estudo.
Figuras 6, 7 e 8: Praticantes do LG na Casa da Cultura.
A Figura 6 apresenta a avaliação antes do LG, a Figura 7 são os idosos
praticando o LG e a Figura 8 a avaliação após o LG.
43
Figuras 9, 10 e 11: Praticantes do LG no Parque Industrial.
A Figura 9 apresenta a avaliação antes o LG, a Figura 10 os idosos
praticando o LG e a Figura 11 avaliação após o LG.
Figuras 12, 13 e 14: Praticantes do LG no Solo Sagrado.
A Figura 12 apresenta a avaliação antes da prática do LG, as Figuras 13 e 14
apresentam os idosos praticando o LG. Observam-se os idosos iniciantes não
acompanhar o LG.
Figuras 15, 16 e 17: Praticantes do LG no Eldorado.
A Figura 15 apresenta a avaliação antes o LG, a Figura 16 mostra pesando os
idosos na UBS ao lado do local da pratica do LG e a Figura 17 os idosos praticando
o LG na igreja por estar um dia chuvoso.
44
Figuras. 18,19 e 20: Praticantes da caminhada no Centro Esportivo Eldorado.
A Figura 18 mostra a avaliação antes da caminhada, a Figura 19 mostra os
idosos durante a caminhada e a Figura 20 a avaliação após da caminhada.
Figura 21: Apresenta o local onde os idosos voluntários participaram do presente estudo, uma pista
própria para a EF, uma vez que as calçadas na sua maioria são irregulares, o que facilita nas quedas.
A Figura 21 mostra um idoso durante a caminhada, embora o mesmo
deambule com auxílio de uma bengala, não impede que ele pratique esta
modalidade, pelos benefícios cardiovasculares e a qualidade de vida que ele relata.
45
4. RESULTADOS
4.1. Caracterização da amostra
O presente estudo baseou-se na avaliação de parâmetros cardiovasculares dos
idosos que praticam o LG e a caminhada. Os parâmetros avaliados foram
caracterizados, comparados e analisados entre três grupos de idosos: G1
experientes do LG, G2 iniciantes do LG e o G3 experientes da caminhada.
A Tabela 1 apresenta os dados da caracterização amostral referentes à
avaliação dos clientes idosos hipertensos cadastrados no programa HIPERDIA,
sendo que 119 voluntários que participaram do presente estudo, cuja idade variou
de 60 e 75 anos, com a média de 67,5 anos.
Relativo a esse total, verificou-se que os clientes do G1 do LG foram (n=42),
sendo os gêneros: feminino com 26 (61,90%) e masculino com 16 (38,10%); os
clientes G2 do LG (n=21) com 16 (76,19%) do gênero feminino e 5 (23,81%) do
gênero masculino; os clientes do G3 (n=56), com 32 (57,14%) do gênero feminino e
24 (42,86%) do gênero masculino.
Tabela 1: Caracterização dos idosos avaliados por grupo amostral. Valores em números e
porcentagens.
Feminino
G1
Experientes
(n=42)
26 (61,90%)
G2
Iniciantes
(n=21)
16 (76,19%)
G3
Experientes
(n=56)
32 (57,14%)
Masculino
16 (38,10%)
5 (23,81%)
24 (42,86%)
Afrodescendente
2 (4,76%)
2 (9,52%)
4 (7,14%)
Amarela
3 (7,14%)
1 (4,76%)
2 (3,57%)
Branca
26 (61,90%)
12 (57,14%)
40 (71,43%)
Morena
4 (9,52%)
3 (14,29%)
5 (8,93%)
Parda
7 (16,67%)
3 (14,29%)
5 (8,93%)
Assódica
0 (0,00%)
1 (4,76%)
0 (0,00%)
Hipossódica
15 (35,71%)
3 (14,29%)
22 (39,29%)
Normal
27 (64,29%)
17 (80,95%)
34 (60,71%)
Não
0 (0,00%)
0 (0,00%)
0 (0,00%)
Sim
42 (100%)
21 (100%)
56 (100%)
Variáveis
Gênero
Etnia
Alimentação
Uso de
medicamento
46
A Tabela 2 apresenta os resultados referentes à idade, o IMC e a CA, nos três
grupos avaliados. De acordo com os dados obtidos verificou-se que os idosos do
grupo da caminhada apresentaram maior CA em relação aos idosos dos grupos que
praticam LG, independentemente de serem iniciantes ou experientes, sendo que
estas diferenças foram estatisticamente significantes (p < 0,001).
Vale ressaltar que a idade e o IMC não apresentaram diferenças estatísticas
significantes demonstradas na Tabela 2 abaixo.
Tabela 2: Médias descritivas das variáveis quantitativas (idade, IMC e CA).
Variáveis1
Grupos
N
Média (DP)2
G1
42
68,35 (5,03)
G2
21
68,43 (4,27)
G3
56
67,25 (5,35)
G1
42
25,90 (2,75)
G2
21
24,80 (2,83)
G3
56
26,24 (2,33)
G1
42
91,05 (8,28)
G2
21
90,58 (9,40)
G3
56
96,57 (6,37)
Idade (p=0,479)
IMC (p=0,097)
CA (p<0,001)
1
Valor P referente ao teste de Análise de Variância (ANOVA).
*Valor de (p) estatisticamente significante
G1:Lian Gong Experiente; G2:Lian Gong Iniciante e G3: Caminhada Experiente.
Circunferência abdominal (cm)
110
100
90
80
70
Caminhada
Experientes Lian Gong
Grupos
Iniciantes Lian Gong
Figura 22: Valores individuais da CA dos três grupos amostrais.
47
O valor mínimo do intervalo de confiança (IC) dos praticantes de caminhada
(G3) foi de 94,9 enquanto que os valores máximos dos IC dos experientes e
iniciantes (G1 e G2) de LG foram de 93,6 e 94,9 cm, respectivamente. O valor
mínimo do IC do G3 foi superior aos valores máximos dos IC dos G1 e G2, mostrando
que esses IC não se sobrepõem, reiterando tal diferença significativa.
100,0
Circunferência abdominal (cm)
98,2781
97,5
94,86
95,0
94,8648
93,6274
92,5
90,0
88,4678
87,5
86,3019
85,0
C am inhada
Experientes Lian Gong
Grupos
Iniciantes Lian Gong
Figura 23: Intervalos de confiança (IC) da CA dos três grupos amostrais.
A Tabela 3 apresenta os dados referentes aos parâmetros cardiovasculares
que foram obtidos antes e após as práticas do LG e da caminhada, dos três grupos
amostrais, na primeira e quarta semana do mês de avaliação.
A PAS em repouso foi menor no G1, quando comparado com os demais
grupos, sendo que esta diferença foi estatisticamente significante (p=0,002). Após a
prática das atividades o G1 continuou apresentando PAS menor quando comparado
com os outros grupos, a PAS se apresentou menor neste grupo e a diferença
observada entre os grupos foi significante com (p<0,001).
Com relação à PAD, pode-se notar que o G1 apresentou PAD menor em
repouso quando comparada com o G2 experientes do LG e da caminhada G3. Após
a prática das atividades, o G1 continuou apresentando PAD menor que os demais
grupos. Em contrapartida, a FC e a FR obtidas antes da prática das atividades, foi
menor no G3 do que nos praticantes do LG (experientes e iniciantes), a diferença
observada entre os grupos foi estatisticamente significante (p=0,008 e p<0,001,
48
respectivamente). Após a prática das atividades, o G1 e G2 apresentaram FC e FR
menor que o G3, estes resultados estão de acordo com o esperado, uma vez que a
caminhada é uma atividade essencialmente.
Em repouso, não houve diferença na temperatura quando comparado os três
grupos.
Após
a
prática
das
atividades,
o
G2
apresentou
um
aumento
estatisticamente significante (p < 0,001) da temperatura quando comparado aos
outros grupos. Ao analisar a Sat O2 verificou-se que em repouso os praticantes de
caminhada apresentaram maior Sat O2 do que os praticantes de LG (experientes e
iniciantes), sendo que esta diferença foi estatisticamente significante (p < 0,001).
Após as práticas das atividades, o G3 apresentou menor Sat O2 em relação aos
outros grupos de LG, provavelmente se deve ao fato da caminhada exigir uma
demanda energética maior do que o LG.
Cabe salientar que foi realizada a comparação dos resultados obtidos na
primeira e quarta semana a partir da determinação do nível de significância (p). Os
dados obtidos mostraram que não houve diferença estatística significativa nos
parâmetros avaliados tanto antes quanto após a prática das atividades comparandose a primeira e a quarta semana de avaliação.
Com
exceção
do
G1,
que
em
repouso
apresentou
uma
redução
estatisticamente significante na PAS (p < 0,05) quando comparado com a quarta
semana de avaliação, apresentaram diferenças estatísticas significantes somente na
PAS do G1 em relação aos outros grupos. (dados não apresentados).
Tabela 3: Parâmetros cardiovasculares dos idosos hipertensos intra-grupos amostrais na primeira e
quarta semana de avaliação.
Primeira semana
Variáveis
PAS
(mmHg)
Coleta Grupos
Antes
Após
PAD
(mmHg)
Antes
Após
G1
G2
G3
G1
G2
G3
G1
G2
G3
G1
G2
Média (±DP)
147,19 (11,35)a
160,48 (19,30)b
152,25 (13,01)ab
126,50 (11,02)b
139,19 (21,10)a
141,05 (12,71)a
83,07 (9,79)b
97,76 (12,19)a
92,16 (9,16)a
70,45 (7,30)b
80,81 (15,10)a
Quarta semana
Valor
de p1
0,002
<0,001
<0,001
<0,001
Média (±DP)
140,93 (10,71)b
152,24 (17,02)a
148,09 (12,06)a
124,07 (12,84)b
129,86 (16,99)b
137,96 (11,18)a
79,64 (12,07)b
92,67 (9,49)a
91,23 (7,45)a
69,38 (8,92)b
76,57 (12,93)b
Valor
de p1
0,002
<0,001
<0,001
<0,001
49
FC
(bat/min)
Antes
Após
Antes
FR
(resp/min)
Após
T
(0C)
Antes
Após
Sat O2
(%)
Antes
Após
1
82,02 (13,38)a
79,62 (13,86)ab
84,00 (13,36)a
74,30 (11,59)b
72,17 (12,02)b
75,52 (13,06)ab
79,80 (11,37)a
16,95 (1,66)a
17,04 (2,01)a
15,64 (0,79)b
15,88 (1,33)b
15,95 (1,77)b
17,92 (1,22)a
36,18 (0,40)
36,07 (0,19)
36,07 (0,13)
36,09 (0,18)b
36,05 (0,14)b
36,54 (0,15)a
95,43 (1,04)b
95,38 (1,36)b
97,96 (0,87)a
98,21 (0,68)a
98,19 (0,92)a
95,62 (1,18)b
G3
G1
G2
G3
G1
G2
G3
G1
G2
G3
G1
G2
G3
G1
G2
G3
G1
G2
G3
G1
G2
G3
G1
G2
G3
0,008
0,008
<0,001
<0,001
0,124
<0,001
<0,001
<0,001
84,16 (9,64)a
79,05 (12,58)ab
85,29 (12,99)a
74,39 (10,26)b
72,19 (10,77)b
78,52 (13,84)ab
81,05 (10,21)a
16,28 (1,25)ab
16,38 (1,80)a
15,75 (0,69)b
15,76 (1,41)b
15,33 (1,39)b
18,00 (1,20)a
36,07 (0,18)
35,99 (0,09)
36,05 (0,10)
36,03 (0,13)b
36,00 (0,07)b
36,48 (0,13)a
95,73 (1,17)b
95,19 (1,32)b
98,17 (0,78)a
98,47 (0,63)a
98,38 (1,02)a
95,78 (1,00)b
0,001
0,001
0,001
<0,001
0,078
<0,001
<0,001
<0,001
Desvio Padrão; 2 Valor (P) referente ao teste de Análise de Variância (ANOVA).
Letras distintas na mesma coluna diferem significativamente a p=0,05 pelo teste de Tukey.
G1:Lian Gong Experiente; G2:Lian Gong Iniciante e G3: Caminhada Experiente.
Os resultados apresentados na Figura 24 discriminam os parâmetros
cardiovasculares do G1 experientes do LG antes e após a prática do LG, na primeira
e quarta semana de avaliação.
De acordo com os dados apresentados, houve uma redução estatística
significante na PAS, PAD, FC e FR após a prática do LG (p < 0,0001). Entretanto,
após a prática do LG houve um aumento significativo da Sat O2 (p < 0,0001).
Com
relação
à
temperatura,
em
repouso
não
houve
diferença
estatisticamente significante no G1, tanto na primeira quanto na quarta semana.
50
Parâmetros Cardiovasculares do G1 na primeira e quarta semana de avaliação
170
160
150
140
130
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Antes
Primeira Semana
Após
Quarta Semana
***
***
***
***
***
***
***
***
**
***
PAS
PAD
FC
FR
T
Sat.O2
PAS
PAD
FC
FR
T
Sat.O2
Parâmetros Cardiovasculares
Figura 24: Parâmetros cardiovasculares dos idosos do G1 (experientes) antes e após a prática do LG
na primeira e quarta semana de avaliação. PAS e PAD (mmHg); FC (batimento/minuto); FR
0
(Respiração/minuto); T ( C); Sat O2 (%). (***)
p<0,0001 e (**) p<0,001.
Os
dados
apresentados
na
Figura
25
discriminam
os
parâmetros
cardiovasculares do G2 iniciantes do LG antes e após a prática do LG, na primeira e
quarta semana de avaliação. De acordo com os dados apresentados, houve uma
redução estatística significativa na PAS, PAD, FR e FC (p < 0,0001) após a prática
do LG. Com relação à Sat O2, após a prática do LG houve um aumento significativo
(p < 0,0001).
Com
relação
à
temperatura,
em
repouso
não
houve
diferença
estatisticamente significante no G2. Sendo que após a prática das atividades houve
um aumento estatisticamente significante (p < 0,001) da temperatura na primeira de
semana de avaliação.
51
Parâmetros Cardiovasculares do G2 na primeira e quarta semana de avaliação
180
170
160
150
140
130
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Antes
***
Primeira Semana
Após
Quarta Semana
***
***
***
***
***
***
***
**
PAS
PAD
FC
FR
***
T
Sat.O2
PAS
PAD
FC
FR
T
Sat.O2
Parâmetros Cardiovasculares
Figura 25: Parâmetros cardiovasculares dos idosos do G2 (iniciantes) antes e após a prática do LG
na primeira e quarta semana de avaliação. PAS e PAD (mmHg); FC (batimento/minuto); FR
(Respiração/minuto); T (0C); Sat O2 (%). (***) p<0,0001 e (**) p<0,001.
A Figura 26 apresenta os parâmetros cardiovasculares do G3 experientes da
caminhada antes e após a caminhada, na primeira e quarta semana de avaliação.
De acordo com os dados apresentados, houve uma redução estatística significativa
na PAS, PAD de (p < 0,0001), enquanto que a FC e FR de (p < 0,0001) aumentaram
significativamente após a caminhada. Após a prática da referida atividade houve
uma diminuição significativa da Sat O2 (p < 0,0001).
Quanto à temperatura avaliada em repouso no G3 da caminha, também não
houve diferença quando comparado os três grupos. Sendo que após a prática das
atividades houve um aumento estatisticamente significante (p < 0,001) da
temperatura na quarta semana de avaliação.
52
Parâmetros Cardiovasculares do G3 na primeira e quarta semana de avaliação
165
150
***
Primeira Semana
Quarta Semana
***
Antes
135
Após
120
105
***
***
***
***
***
***
90
75
60
45
***
30
**
***
15
0
PAS
PAD
FC
FR
T
Sat.O2
PAS
PAD
FC
FR
T
Sat.O2
Parâmetros Cardiovasculares
Figura 26: Parâmetros cardiovasculares dos idosos do G3 (experientes) antes e após a prática da
caminhadana primeira e quarta semana de avaliação. PAS e PAD (mmHg); FC (batimento/minuto);
FR (Respiração/minuto); T (0C); Sat O2 (%). (***) p<0,0001 e (**) p<0,001.
Cabe ressaltar que foi feita uma análise comparativa da primeira e quarta
semana de avaliação dos diferentes grupos. Os dados obtidos na primeira semana
foram muito semelhantes aos observados na quarta semana, assim não foram
encontradas diferenças estatísticas (p < 0,05). Com exceção da temperatura
corporal, esta aumentou significativamente (p < 0.0001) após a caminhada.
53
5. DISCUSSÃO
Em geral, a população idosa vem crescendo significativamente no mundo inteiro, e a
preocupação com essa população vem avançando cada vez mais. Para amparar
seus direitos, o estatuto do idoso e as políticas públicas aprovadas, garante a
inclusão social dos mesmos nos espaços culturais, praças púbicas, nas UBS, bem
como em centros esportivos, adequados para cada modalidade de práticas das AF e
dos EF, com acompanhamento de monitores e preparadores físicos. O que
possibilitou a avaliação dos idosos no presente estudo.
Quanto à etnia prevaleceu da cor branca e o gênero feminino em todos os
grupos, os mesmos eram aposentados e residia na área urbana, o que confirma com
os dados recentes de IBGE (2010) e no estudo de prevalência e fatores sócio
demográficos em hipertensos de SJRP/SP (CESARINO et al., 2008).
Zaitune et al. (2006), também afirmam que a HAS é mais prevalente em
determinados subgrupos da população. Entre os vários fatores de risco da doença,
estão à hereditariedade, idade avançada, gênero, grupo étnico, nível de
escolaridade baixo, status sócio econômico, peso corporal excessivo, etilismo e o
tabagismo.
Fatores estes semelhantes aos identificados no presente estudo, embora
tenham sido exclusos os idosos com peso corporal excessivo, etilismo e o
tabagismo. Outro estudo revela que os dados vêm indicando que no Brasil cerca de
20% dos adultos são pouco ativos, praticam EF apenas uma vez por semana e
somente 8% praticam regularmente (SPINATO; MONTEIRO; SANTOS, 2010).
Os idosos foram avaliados também em relação à alimentação, o G2 iniciantes
do LG (sedentários) destacou com 80% de ingestão normal da alimentação, sendo
um fator preocupante para os riscos DCV por não adotar práticas saudáveis.
Toscano e Oliveira (2009) e Zago (2010), concordam que praticar EF
regularmente associado a uma alimentação saudável, promove aumento da energia,
vitalidade e capacidade funcional, prevenindo o surgimento de doenças crônicas,
favorecendo para o envelhecimento saudável e proporciona a qualidade de vida. Já
Perez et al. (2010) fala que praticar EF regular serve como estratégia para reduzir os
impactos que são causados na autonomia funcional e qualidade de vida do idoso.
54
Em um estudo de Mobilidade funcional com idosos de Alfieri et al. (2009), ao
comparar com o grupo de sedentários o IMC foi de 28,83±5,8, com a média de idade
67,39 ± 5,5 m anos, resultados foram semelhantes com o G2 por serem sedentários
e iniciantes do LG. Quanto a CA abdominal, houve diferença estatisticamente
significante quando comparada entre os grupos do LG (experientes e iniciantes) que
apresentaram menores em relação do grupo da caminhada.
As entidades reconhecidas nacional e internacionalmente (Sociedade
Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte e American College of Sports
Medicine) recomendam o treinamento resistido, associado a exercícios aeróbios e
de alongamento, deve ser incluído ao menos em duas sessões semanais em uma
prescrição de exercícios visando à promoção da saúde e à melhora da aptidão física
em indivíduos idosos (CAMARA; SANTARÉM; JACOB-FILHO, 2008; AMERICAN
COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 2009).
Os resultados do presente estudo da PAS e PAD houve semelhança
comparando com outros autores que ainda afirmam que o exercício aeróbico é uma
ferramenta eficaz no tratamento de idosos hipertensos. Ao comparar os valores da
mudança da PAS e PAD entre os grupos, o grupo experimental obteve uma
diminuição estatisticamente significativa em todas as variáveis (SANHUEZA;
MASCAYANO, 2006).
De acordo com o boletim epidemiológico de SJRP/SP de 2010, os clientes
cadastrados no programa HIPERDIA 50% são sedentários, valores estes inferiores
em relação aos estudos já mencionados. O EF realizado regular provoca
adaptações autonômicas e hemodinâmicas influenciando no sistema cardiovascular,
com o objetivo de manter a homeostasia celular diante do incremento das demandas
metabólicas (RONDON; BRUM, 2003).
Segundo o “American College of Sports Medicine” (2003), os baixos níveis de
aptidão cardiorrespiratória foram ao longo do tempo associados ao risco de morte
prematura, principalmente por DCV. Por isso tem-se considerado que a aptidão
física esteja relacionada à saúde. O American College of Sports Medicine (1995)
sugere uma intensidade 60-90% da frequência cardíaca máxima, uma frequência de
3 a 5 vezes semanais e uma duração de 20 a 60 minutos por sessão.
Spinato, Monteiro e Santos (2010), afirmam que a prática regular do exercício
aeróbio consiste na principal intervenção não farmacológica determinante do
sucesso na prevenção da HAS. Seus benefícios estão relacionados à melhora do
55
desempenho metabólico muscular, redução da disfunção endotelial, melhora das
anormalidades neuro-hormonais e redução da resistência à insulina, que culminam
na diminuição da resistência vascular sistêmica, promovendo efeitos favoráveis
concomitantes nos fatores de riscos das DCV.
Os resultados encontrados na literatura podem ser explicados pelos ajustes
cardiovasculares ao treinamento, como a redução da PA para uma mesma
intensidade de EF. Essa diminuição da PA possa estar atrelada à melhora da
eficiência no recrutamento das fibras musculares, que possivelmente proporcionaria
menor demanda sanguínea para a musculatura ativa durante o exercício, refletindo
nas respostas da PA pós-exercício (FISHER, 2001).
Segundo Forjaz et al. (2000), a redução da PA pós exercício está
demonstrada em resposta aos exercícios aeróbios que influenciado por uma
duração mais prolongada resulta em efeitos hipotensores maiores e mais
duradouros. Dessa forma, demonstrou em seus estudos o efeito hipotensor agudo
do EF sobre a PA em indivíduos hipertensos (BRUM et al., 2004).
Os idosos iniciantes do LG tiveram a PAS e PAD reduzida pós as práticas em
relação os grupos experientes do LG e caminhada na primeira avaliação, o que
corresponde com outros autores, que os principais mecanismos que podem estar
envolvidos na ocorrência dessa hipotensão aguda são: diminuição da resistência
periférica total, redução da descarga nervosa simpática periférica, diminuição da
responsividade vascular para a estimulação adrenérgica mediada via receptores
alfa-adrenérgico e modulação do baroreflexo (KENNEY; SEALS, 1993).
Essa redução da PA pós uma única sessão de exercício dinâmico pode
permanecer de 12 até 16 horas após o término do exercício e, sendo assim, os
menores valores de PA que foram detectados nesse período dizem respeito à
hipotensão pós-exercício e não aos efeitos do treinamento aeróbio sobre a PA
(KENNEY; SEALS, 1993).
Estudos realizados nos últimos anos sugerem que vias-chave de sinalização
são ativadas devido à manutenção de um efeito vasodilatador pós-exercício, e
quanto maior este efeito, melhor a adaptação ao treinamento. Os mecanismos
responsáveis por esta redução crônica da PA são a combinação da redução central
da atividade de nervos simpáticos somada à redução da transdução de sinais
vasoconstritores e de mecanismos vasodilatadores locais (HALLIWILL et al., 2013).
56
Também se sabe que sinais aferentes oriundos do músculo esquelético
desempenham papel primordial pós-exercício, de maneira à restabelecer o nível de
controle dos baroceptores via discretas mudanças nos receptores do núcleo do trato
solitário e por meio da ativação de receptores H1 e H2 de histidina que promovem a
vasodilatação (HALLIWILL et al., 2013).
A AF parece estar inversamente associada, numa lógica de dose-resposta,
com o risco de doença cardiovascular e, especificamente, com o risco de doença
coronária. O papel que a AF poderá desempenhar num quadro de AVC não é claro,
embora considerando os AVC integrantes do grande grupo de desordens
cardiovasculares (KOHL, 2001).
Kenney e Seals (1993), sumarizam em um trabalho de revisão bibliográfica
que a hipotensão pós-exercício é observada em humanos normotensos e
hipertensos em resposta ao exercício dinâmico global (exemplos: LG, caminhada,
corrida, natação e ciclismo), sendo sua magnitude maior em hipertensos.
Roberts e Barnard (2005), citam que a EF regular diminui o risco da doença
arterial incluindo os efeitos nos lipídios plasmáticos, na função endotelial e a
diminuição da PA. As AF regulares, principalmente os exercícios aeróbios, no caso
deste estudo a caminhada e o LG, são citados por Nahas (2006), como um fator
marcante na prevenção e tratamento da HAS.
Costa e Rosa (2009), diz que para a prevenção de doenças crônicas são
importantes nas práticas de EF regulares, onde 60% da população global não
realizam no mínimo 30 minutos diários de EF. Para Buzzachera et al. (2007), falam
que o aumento das DCNT são causadas pelos baixos níveis de AF, onde a
estimativa de pessoas que pratiquem no mínimo 30 minutos diários em programa de
AF é de 13%.
Krinski et al. (2010), aponta que o Colégio Americano de Medicina do Esporte
(ACSM) recomenda a prática da caminhada pelo menos 30 minutos diários. Caso
não seja possível todos os dias, deve-se praticá-la de duas a três vezes na semana,
tendo intensidade de 50% a 80%. Na prática do LG cada parte de 18 exercícios leva
aproximadamente 12 minutos para ser realizada. O LG completo é composto de três
partes, a primeira "18 Terapias Anterior", a segunda "18 Terapias Posterior" e a
terceira LG Shi Ba Fa Xu Ji (MING, 2004).
O LG tem sido indicado para grupos portadores de doenças e agravos não
transmissíveis (DANT), para capacitar e sistematizar experiências e intercâmbios
57
dos saberes. Essa abordagem citada por Yamakawa et al. (2006), permite aos
participantes
vivências
no
âmbito
biopsicossocial
que
fortalecem
a
sua
conscientização sobre a patologia, pois a falta de consciência é um dos principais
fatores da não adesão do paciente hipertenso ao tratamento (SOUZA; BERTONCIN,
2008; MOREIRA, 2007).
Para Bernardi, Porta e Sleight (2006), a prática de LG envolve movimentos
sincronizados, marcados pelo ritmo de música lenta específica e associados com a
respiração realizada com musicista, observou que a música lenta induz ao
relaxamento, diminuindo a FC, a PA e a ventilação nos indivíduos.
Em um estudo de Schein et al. (2001), com pacientes hipertensos usando
dispositivo que os orientava a respirar lenta e regularmente enquanto ouviam música
calma, houve redução dos níveis pressóricos após dois meses de tratamento,
evidenciando que a mudança dos padrões respiratórios, induzido pelo ritmo musical,
influencia significativamente no decréscimo da PA. Nas falas dos participantes do
estudo de Nascimento (2012), esses efeitos puderam ser observados através de
afirmações sobre a melhora da respiração, do sono e do estresse.
A Sat O2 foi avaliada com o aparelho da oximetria de pulso, tendo princípios
baseados na absorção de luz vermelha e infravermelha na hemoglobina oxigenada
saturada e reduzida, sendo denominado de espectrofotometria. Onde o sangue
saturado de O2 tem um espectro de absorção de luz diferente do sangue não
saturado. Assim, a quantidade de luz do espectro vermelho e infravermelho
absorvida pelo sangue, pode ser utilizada para calcular a taxa de hemoglobina
oxigenada em relação à hemoglobina total no sangue arterial, apresentada com
porcentagem de Sat O2 considerando os valores dentro das normalidades de 95 a
100% (PIERCE, 1995).
O estudo da demanda metabólica nas AF pode ser realizado de forma indireta
por meio da análise de gases expirados. Dentre as principais variáveis ventilatórias
fornecidas por essa técnica, pode-se destacar o consumo de O2 (VO2), a ventilação
pulmonar (VE), a produção de gás carbônico (VCO2), o pulso de O2 (pulso de O2), os
equivalentes ventilatórios de O2 (VE/VO2) e de gás carbônico (VE/VCO2) e o
quociente de troca respiratória (QR). A interpretação conjunta dessas variáveis
fornece informações precisas sobre uma série de mecanismos envolvidos no
controle da função cardiorrespiratória, em repouso e durante determinadas AF
(AMERICAN THORACIC SOCIETY, 2003).
58
No decorrer do EF há um aumento na demanda metabólica, especialmente
nas regiões exercitadas. Essa demanda promove ajustes cardiopulmonares agudos
com o objetivo de promover um aumento do fluxo sanguíneo em resposta à
demanda local; com isso ocorre um aumento do consumo de O2 (BARROS NETO,
1996).
Durante a realização de EF, ocorre liberação da endorfina e da dopamina pelo
organismo, propiciando um efeito tranquilizante e analgésico no praticante regular,
que frequentemente se beneficia de um efeito relaxante pós-esforço e em geral,
consegue manter-se um estado de equilíbrio psicossocial mais estável frente às
ameaças do meio externo (GALLO et al., 1995).
Além disso, o EF leva o indivíduo a uma maior participação social, resultando
em um bom nível de bem estar biopsico físico, fatores esses que contribuem para a
melhoria de sua qualidade de vida. O EF pode ser usado no sentido de retardar e
até mesmo, atenuar o processo de declínio das funções orgânicas que são
observadas com o envelhecimento, pois promove melhoras na capacidade
respiratória, na reserva cardíaca, no tempo de reação, na força muscular, na
memória recente, na cognição e nas habilidades sociais (GALLO et al., 1995).
De acordo com Pescatello et al (2004), afirma que as práticas esportivas têm
auxiliado como terapia alternativa no bem estar físico, mental e social, melhorando a
qualidade de vida dos idosos, reduzindo as dores no corpo e relaxamento muscular
possibilitando a redução do uso de medicações indicadas pelos médicos.
59
6. CONCLUSÃO
Na avaliação dos parâmetros cardiovasculares dos idosos hipertensos pode-se
concluir o LG induziu um efeito hipotensor mais intenso no grupo iniciante (G1) do
que nos grupo Experiente (G2) e da caminhada. Além disso, pós a prática de LG
houve redução estatisticamente significante nos seguintes parâmetros PA (PAS e
PAD), FC e FR, enquanto que a Sat O2 aumentou significativamente.
Em contrapartida, após a prática da caminhada observou-se uma redução
estatisticamente significante na PA (PAS e PAD) e Sat O2, já a FC e FR aumentaram
significativamente. Desta maneira, é de vital importância que novos estudos sejam
realizados com a finalidade de elucidar os mecanismos envolvidos na regulação da
PA e dos demais parâmetros cardiovasculares após a prática do Lian Gong.
60
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68
APÊNDICE A
FICHA DE AVALIAÇÃO PARA OS GRUPOS
G1 LG experiente ( )
G2 LG iniciante ( )
G3 Caminhada experiente ( )
1ª Etapa - Avaliação sóciodemográfico
1. Unidade de saúde__________________________________________________.
2. Nome: ___________________________________________________________.
3. Data de nascimento _____/______/_______. 4. Idade:__________ anos.
5. Gênero: F( )
M( )
6. Etnia:_____________________________.
7. Aposentado(a) ( )Sim ( )Não
8. Moradia: Área urbana( ) Área rural( )
9. Circunferência abdominal:___cm.
10. Peso:___Kgr÷altura2:___= IMC:_____.
11. Alimentação: _____________________________________________________.
12. Tabagismo: ( )Sim ( )Não
13. Álcool: ( )Sim ( )Não
14. Tempo de atividade: ( )Uma vez/sem. ( )duas vezes/sem. ( )três vezes/sem.
( ) 20 min.
( ) 30 min.
( ) 40 min.
15.Parâmetros aferidos:
Hora:____. PA:____x___mmHg, FC:___bpm, Sat O2: _____ FR:___mrpm. TºC:_____.
OBS:_____________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Assinatura do Pesquisador
Assinatura do cliente ou responsável
OBS: Os resultados serão mantidos anonimato dos envolvidos.
69
2ª Etapa – Avaliação dos parâmetros cardiovasculares
Primeira a semana do mês
FICHA DE AVALIAÇÃO PARA OS GRUPOS DO LG E CAMINHADA
G1 LG experiente ( )
G2 LG iniciante ( )
G3 Caminhada experiente ( )
Nome:_____________________________________________________________.
Dia da semana: __________-feira
Data:__/__/201_.Hora:___.PA:____x__mmHg, FC:__bpm, Sat O2: ____, FR:__mrpm. TºC:___.
Data:__/__/201_.Hora:___.PA:____x__mmHg, FC:__bpm, Sat O2: ____, FR:__mrpm. TºC:___.
Data:__/__/201_.Hora:___.PA:____x__mmHg, FC:__bpm, Sat O2: ____, FR:__mrpm. TºC:___.
Dia da semana: __________-feira
Data:__/__/201_.Hora:___.PA:____x__mmHg, FC:__bpm, Sat O2: ____, FR:__mrpm. TºC:___.
Data:__/__/201_.Hora:___.PA:____x__mmHg, FC:__bpm, Sat O2: ____, FR:__mrpm. TºC:___.
Data:__/__/201_.Hora:___.PA:____x__mmHg, FC:__bpm, Sat O2: ____, FR:__mrpm. TºC:___.
3ª Etapa – Avaliação dos parâmetros cardiovasculares
Quarta semana do mês
Dia da semana: __________-feira
Data:__/__/201_.Hora:___.PA:____x__mmHg, FC:__bpm, Sat O2: ____, FR:__mrpm. TºC:___.
Data:__/__/201_.Hora:___.PA:____x__mmHg, FC:__bpm, Sat O2: ____, FR:__mrpm. TºC:___.
Data:__/__/201_.Hora:___.PA:____x__mmHg, FC:__bpm, Sat O2: ____, FR:__mrpm. TºC:___.
Dia da semana: __________-feira
Data:__/__/201_.Hora:___.PA:____x__mmHg, FC:__bpm, Sat O2: ____, FR:__mrpm. TºC:___.
Data:__/__/201_.Hora:___.PA:____x__mmHg, FC:__bpm, Sat O2: ____, FR:__mrpm. TºC:___.
Data:__/__/201_.Hora:___.PA:____x__mmHg, FC:__bpm, Sat O2: ____, FR:__mrpm. TºC:___.
70
APÊNDICE B
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Resolução nº 466/2012 – Conselho Nacional de Saúde
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA (CEP) - FAMERP
Av: Brigadeiro Faria Lima, 5416 - Vila São Pedro – 15.090-000
São José do Rio Preto – SP / Fone: (17) 32015813
Sr(a) ______________________________________________________________.
Endereço:______________________________, nº ______, bairro:___________,
Cidade:_______________________CEP:_________UF:___, fone:(
)_________,
UBS/UPA:______________________. Foi selecionado(a) e está sendo convidado(a)
para participar da pesquisa intitulada: “AVALIAÇÃO DE
PARÂMETROS
CARDIOVASCULARES EM IDOSOS PRATICANTES DE LIAN GONG FORA DO
AMBIENTE HOSPITALAR”, que foram realizadas as práticas do LG nas seguintes
UBS do Eldorado e Parque Industrial e Solo Sagrado, Casa da Cultura e para a
caminhada no Centro Esportivo Eldorado. A pesquisa tem como objetivo: Avaliar
os parâmetros cardiovasculares em idosos hipertensos praticantes do LG e da
caminhada fora do Ambiente Hospitalar em SJRP/SP, utilizando como método
entrevista, uma ficha de avaliação do perfil sóciodemográficos e dos parâmetros
cardiovasculares, como: aferir a Pressão Arterial (PA) e Frequência Cardíaca (FC)
com equipamento OMRON HEM 742 INT®, a Frequência Respiratória (FR) com
relógio de ponteiro, a Temperatura (T) e a saturação de O2 com Oxímetro de pulso e
luz de led infravermelho, o peso com balança Welmy® das unidades de saúde devido
sua calibragem, antes e após à prática do LG e da caminhada. Para obtenção de
título
de
mestre
pelo
programa
de
pós-graduação
da
Unicastelo
de
Fernandópolis/SP, com orientação da Profª Drª Adriana Barrinha Fernandes Moretti.
Suas respostas serão tratadas de forma anônima e confidencial, isto é, em
nenhum momento será divulgado o seu nome em qualquer fase do estudo. Quando
for necessário exemplificar determinada situação, sua privacidade será assegurada
uma vez que seu nome será substituído pelas iniciais do nome e sobrenome de
forma aleatória. Os voluntários serão fotografados durante as atividades com
71
seu consentimento, com a finalidade de registrar os movimentos precisos das
práticas avaliadas para a pesquisa, de maneira que possa preservar sua
identificação durante o LG e a caminhada. Os dados coletados e as fotos serão
utilizados apenas NESTA pesquisa e os resultados divulgados em eventos e/ou
revistas científicas.
Sua participação é voluntária, isto é, a qualquer momento você pode
recusar-se a responder qualquer pergunta, de tirar as fotos ou desistir de participar
da pesquisa e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo
em sua relação com o pesquisador ou com a instituição que favoreceu a coleta dos
seus dados.
Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder as perguntas a
serem realizadas sob a forma de uma ficha de perguntas abertas e fechadas como
sim ou não, os resultados serão guardados por cinco (05) anos e incinerada após
esse período.
Sr(a) não terá nenhum custo ou quaisquer compensações financeiras.
Não haverá riscos de qualquer natureza relacionada à sua participação. O
benefício relacionado à sua participação será de aumentar o conhecimento
científico para a área de enfermagem e na promoção da saúde (Saúde Coletiva).
Sr(a) receberá uma cópia deste termo onde consta o celular/e-mail do
pesquisador responsável,
podendo tirar as suas dúvidas sobre o projeto e sua
participação, agora ou a qualquer momento.
A presente pesquisa esta em apreciação no Comitê de Ética e Pesquisa com
Seres – (CEP) da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, localizada na
Av: Brigadeiro Faria Lima, 5416 - Vila São Pedro – 15.090-000, SJRP/SP – Fone:
(17) 32015813.
Desde já agradecemos a sua participação!
Nome:
Cliente ou Responsável
RG:
Enfª Profª Valquíria da Silva Lopes
Contato com a Responsável pela Pesquisa
RG: 18.307.911-5 / SSP/SP- Coren-sp: 93639
Rua Yvete Gabriel Atique, 45, Boa Vista
S.J.R.P/SP CEP: 15.025-400 - (17) 96239984
[email protected]
72
ANEXO A
73
ANEXO B
74
ANEXO C
75
76
ANEXO D
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO DANT/PROMOÇÃO DE SAÚDE
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VALQUIRIA DA SILVA LOPES AVALIAÇÃO DE