La Liliputienne - Uma Prenda Régia. Exemplo da modernidade europeia e das novas tecnologias é a primeira locomotiva a vapor existente em Portugal: La Liliputienne – a locomotiva brinquedo encomendada e oferecida pelo rei de França Louis Philippe, padrinho do Infante D. Luís, à família real portuguesa. O rei de França solicitou ao engenheiro mecânico Eugène Philippe uma cópia de uma locomotiva sua pertença, para funcionar a vapor. Brincar com locomotivas a sério era um direito real, antes da construção da Linha do Leste, entre 1853-1863, cuja implantação foi acompanhada por D. Pedro V, enquanto monarca constitucional do país. Para D. Luís, como para D. Pedro, a problemática dos transportes ferroviários iniciou-se com a sua formação cultural, por via dos contactos que tiveram, enquanto crianças e jovens com aquele brinquedo do Palácio das Necessidades. Mais tarde admiraram o que se passava na Europa, durante as deslocações que fizeram às nações e cortes europeias. Entretanto, os meninos das Necessidades cresceram e deixaram de brincar com a Liliputienne. O pai disponibilizou-a para o Passeio Público de Lisboa, por volta de 1880. A locomotiva, o tender e a rede de carris, transformava-se numa instalação de steam live (vapor vivo) ao serviço dos filhos da burguesia lisboeta, fonte de animação do Passeio Público e distracção dos pais. Posteriormente, o brinquedo esteve ao serviço da Escola Industrial Rodrigues Sampaio, até 1934, altura em que foi parar aos armazéns da Câmara Municipal de Lisboa. Destes armazéns foi incorporada nas colecções do Museu da Cidade, no tempo do presidente Coronel António Jorge da Silva Sebastião. Dez anos depois, Armando Ginestal Machado interessou-se também pela peça e, embora bastante diferente do seu uso no Passeio Público, obteve-a para a Exposição da Central Tejo (1985). É a primeira vez que sai da cidade de Lisboa para integrar uma exposição temporária, onde tem o protagonismo principal (Entroncamento, 2010). Ficará no Museu Nacional Ferroviário até ao próximo mês de Dezembro.