VI Encontro Nacional da Anppas 18 a 21 de setembro de 2012 Belém – PA – Brasil DESIGUALDADES SOCIAIS E MOBILIDADE URBANA: UM ESTUDO SOCIOLOGICO DOS DESLOCAMENTOS ENTRE PERIFERIA E CENTRO URBANO DA CIDADE DE SANTARÉM-PA Brissa Maria Ramos de Oliveira(UNAMA) Cientista Social [email protected] Sérgio Castro Gomes(UNAMA) Matemático [email protected] Maisa Tobias(Unama) Engenheira Civil [email protected] Adalrileno Lúcio Lobato Duarte(FACI) Estudante [email protected] Pérola Cristina Mota de oliveira(UNAMA) Cientista Social [email protected] INTRODUÇÃO: A partir da relação entre transporte e desigualdades sociais criar-se-á uma espécie de inserção do indivíduo a um espaço urbano desigual e fragmentado. O presente trabalho se propõe a analisar, dentro de uma perspectiva sociológica, a relação entre a condição socioeconômica da população e os tipos de deslocamentos que as pessoas realizam no espaço urbano da cidade de Santarém para atingir o centro urbano. Ou seja, analisar a relação entre fatores de desigualdades sociais e a mobilidade urbana em transportes, tendo como estudo de caso a cidade de Santarém, no Oeste do Pará. O ponto de convergência deste trabalho é a análise da relação entre os deslocamentos pela cidade, transportes e desigualdades sociais, cujo resultado se expressa em padrões diferentes de usos do tempo e do espaço urbano. OBJETIVO: Analisar em que medida a desigualdade social restringe os deslocamentos no sentido bairro centro da população residente em Santarém e a relação entre as condições socioeconômicas. VI Encontro Nacional da Anppas 18 a 21 de setembro de 2012 Belém – PA – Brasil METODOLOGIA: A pesquisa foi realizada junto a uma amostra de 95 pessoas residentes na área urbana do município de Santarém, escolhidas de forma aleatória entre os residentes nos 56 bairros da cidade e representa uma sub amostra do levantamento realizado por pela Maisa Tobias da Universidade da Amazônia (Unama). Os dados levantados se referem aos aspectos relacionados a mobilidade e ao acesso dos indivíduos residentes em Santarém e que se encontravam realizando o deslocamento no sentido bairro centro da cidade. O instrumento de coleta de dados foi o questionário com perguntas sobre o entrevistado em relação ao deslocamento no sentido Origem-Destino; o deslocamento e a freqüência com que realiza os deslocamentos; dados relativos as funcionalidades que estimulam o deslocamento os destinos, as distâncias e os tempos de viagem dos entrevistados. A pesquisa é empírica e explicativa uma vez que se procurou identificar a relação entre a mobilidade ou deslocamento dos indivíduos residentes em Santarém e a desigualdade social, expressa pela variável nominal renda do entrevistado, estratificada em três classes: menos de 1,0 salários mínimo; acima de 1,0 a 2,0 salários mínimos; e mais de 2,0 salários mínimos. As variáveis escolhidas para representar a mobilidade dos residentes na cidade de Santarém foram: Modo de Descolamento, Motivo da Viagem, Freqüência de deslocamento e Duração da viagem todas classificadas como qualitativas nominais. O método estatístico utilizado para medir o grau de associação ou relação entre as variáveis nominais foi o Coeficiente de Contingência C. O nível de significância estatística α estabelecido foi de 5,0%. A estatística do teste é a do Qui-Quadrado. RESULTADOS/CONCLUSÕES: O arcabouço teórico utilizado para analisar os resultados da pesquisa foi concebido a partir da relação da mobilidade com a posição no mercado de trabalho foi discutida a partir da visão de Vasconcelos (2001), Pereira (2007) e Nussbaum (2009). A discussão sobre mobilidade e desigualdades territoriais foi amparada nos estudos de Leão (2011) e amplificada com os debates formulados por Amartya Sen (1999). O resultado do teste Qui-Quadrado mostra haver evidência estatística, em 5,0% de que o modo de deslocamento dos indivíduos está associado a sua condição de renda. É perceptível afirmar segundo Vasconcelos (2001) que existem dificuldades de deslocamento devido às restrições financeiras. O resultado encontrado está de acordo com o observado por Pereira (2007) e mostra que para níveis mais elevados de renda a concentração maior de deslocamento ao centro da cidade é realizada utilizando-se de automóvel. O deslocamento a pé é frequente para todas as faixas de renda, o que pode ser explicado, em parte, pelo fato dos entrevistados se originarem de bairros próximos ao centro da cidade. VI Encontro Nacional da Anppas 18 a 21 de setembro de 2012 Belém – PA – Brasil Há evidência estatística em nível de 5% de que a ocupação dos entrevistados está associada a sua condição de renda. Conforme a análise de Leão (2011) o grau de desenvolvimento socioeconômico pode ser medido de acordo com a renda, este é considerado assim na medida em que esta renda, de acordo com a oferta de mão de obra, é remunerada de forma desigual Em referencia as desigualdades sociais deve-se começar a verificação no caso de Santarém, pelo fato de as desigualdades se caracterizarem à medida que as restrições de deslocamento no sentido bairro centro se atem, por exemplo, a deslocamentos somente para busca de serviços administrativos, compras e estudos. Aos que recebem menos de um salário mínimo as viagens em sua grande maioria se dão de transporte coletivo, com a duração média destes deslocamentos se dá em um período de tempo acima de 190 minutos, e a frequência de deslocamento se restringe somente aos dias úteis. Os deslocamentos dependendo em que categorias de renda não se dão do mesmo modo. A frequência destes deslocamentos varia, suas motivações são diferentes e seus custos também. Somente quando relacionamos as concepções de desigualdade de Amartya Sem (1999), a teoria de Nussbaum (2009) e a relação de acessibilidade de Pereira (2007) se verifica que a diferença entre as rendas restringem a realização de atividades cotidianas ou não dos indivíduos, e os meios que estes se utilizam para promover este deslocamento e o tempo que os mesmos levam para deslocar-se. 2580 REFERENCIAS LEÃO, Natália. Desigualdade Social e Acesso à Saúde no Brasil. Juiz de Fora/ MG. 2011. 60 f. Monografia (Curso de Graduação em Ciências Sociais) – Departamento de Ciências Sociais – Instituto de Ciências Humanas, Universidade Federal de Juiz de Fora. PEREIRA, S. R. Mobilidade espacial e acessibilidade à cidade. OKARA: Geografia em debate, João Pessoa, v.1, n.1, p. 43-76, 2007. SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. Tradução de Laura Teixeira Mota. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. VASCONCELOS, Eduardo Alcântara. Transporte urbano, espaço e equidade: análise das políticas públicas. 3. ed. São Paulo: Annablume, 2001.(633).