1 A PARTICIPAÇÃO DAS CRIANÇAS NAS RELAÇÕES PEDAGÓGICAS: reflexões para uma prática democrática. Giselle Silva Machado de Vasconcelos1 Este artigo pretende sinalizar algumas questões sobre a participação das crianças nas relações pedagógicas no âmbito da educação infantil, buscando desvelar o que conforma uma prática autoritária e por outro lado, suscitar reflexões que contribua para uma relação democrática estabelecida numa relação horizontal dos saberes entre crianças e adultos2. Mas afinal porque defender uma relação democrática dentro da instituição de educação infantil? Poderia iniciar argumentando que muitos estudiosos e pesquisadores têm afirmado uma concepção de infância e de criança que nos exige refletir sobre uma relação democrática entre crianças e adultos, evocando a necessidade de perspectivar posturas pedagógicas diferenciadas das tradicionais. Mas não se trata apenas de uma concepção de infância, trata-se de outro modo de perceber aquilo que já está posto pelas próprias crianças: a pedagogia que se coloca hoje não supre as necessidades da infância. Arroyo (2008) afirma que nossas imagens de crianças/infância, bem como a imagem de criança/infância na qual a pedagogia se constituiu são construções históricas que hoje vem sendo interrogada pelas próprias crianças/infâncias. O autor nos remete à uma reflexão importante: se mudam as formas como a infância experimenta ser criança e adolescente e se diversas ciências trazem elementos que interrogam as verdades sobre a infância, como repensar a pedagogia? Para o autor, a pedagogia se encontra em sua função legitima ao passo que se deixa interrogar pelos estudos de outras ciências humanas acerca da infância e ambas pela própria infância. Para além do fato de qualificar a Pedagogia ou de torná-la mais próxima de seu objetivo, Moss (2008) levanta outra consideração sobre a importância de uma relação democrática entre crianças e adultos. Neste sentido, o autor afirma: 1 Mestre em educação pela UFSC. Supervisora Escolar da Rede Municipal de Educação de Florianópolis e membro fundadora do Grupo Independente de Supervisores da Educação Infantil de Florianópolis. 2 Este artigo foi elaborado a partir das reflexões realizadas através da pesquisa de mestrado intitulada: “Você vai ter que aprender a desobedecer”: a participação das crianças na relação pedagógica: um estudo de caso na educação infantil. 2 Porque é importante uma prática democrática em geral e em particular na educação infantil? Isto pode ser explicado em poucas palavras: a participação democrática é um princípio importante de espírito público, é um meio através do qual as crianças e os adultos podem participar na tomada de decisões em relação a si próprios, aos grupos a quem pertencem, e a sociedade que estão inseridos. (MOSS, 2008, p.11, tradução nossa). Ora, se a democracia é um principio importante de espírito publico como diz o autor, é fato que consideremos que as crianças façam parte deste principio uma vez que são consideradas no plano legal como seres sociais de direito. As crianças não são iguais, tão pouco suas infâncias. O que é ser criança? Como poderíamos denominar tal criatura? Apesar de iniciar esta seção afirmando que as crianças não são iguais compartilho com a idéia de alguns estudiosos ao proferir que crianças são seres sociais com especificidade própria. Isto significa que este ser criança tem sua biologia, sua cognição e seu modo de perceber e agir sobre o mundo diferente de outros seres humanos, bem como os adolescentes, os adultos e os idosos. É verdade que cada um carrega em si suas possibilidades e limitações da etapa de vida em que vive. Mas e a infância? Infância é o modo como cada criança vive esta etapa de vida. De um modo bem simplório, para diferenciar criança e infância, pode-se afirmar que o ser criança apesar de sofrer influencias sociais/culturais, ela tem algo que é único desta etapa de vida: biológico, o imaginário, a brincadeira, etc. Exemplificando, a criança brinca independente se sua condição infantil, como aponta Sarmento (2003) no seu texto Imaginário e Culturas da Infância, ao relatar que crianças em condição de guerra brincam de futebol com crânio humano. Brincar é atividade da criança, o imaginário é sua característica especifica de relação com o mundo, como aponta o autor: Entre as crianças que brincam com uma Barbie, ou que chutam um crânio humano ou que empunham uma Kalashnikov de plástico, ou que jogam ao berlinde, ou lançam o peão, ou brincam às casinhas, ou se divertem ao console ou no écren do computador, há todo um mundo de diferenças: de condição social, de contexto, de valores, de referencias simbólicas, de expectativas e possibilidades. Mas há também um elemento em comum: a experiência das situações mais extremas através do jogo e da construção imaginária de contextos de vida.(Sarmento, 2003, p.2) A infância por sua vez sofre com maior intensidade as influencias da sociedade/cultura na qual está imersa, por exemplo, o modo como as crianças da Costa 3 da Lagoa vivem suas infâncias não é o mesmo modo que as crianças da Vila Cachoeira3 vivem as suas. A fim de aprofundar ainda mais nossa reflexão tomaremos com base algumas das discussões teóricas recentes levantadas por Prout (2004) sobre os estudos acerca da infância. Embora sua análise refira-se à Sociologia, especialmente à Sociologia da Infância, seus escritos têm grande relevância para a compreensão das diferentes dimensões que envolvem as relações sociais com crianças. Prout, afirma que os estudos sobre a infância têm reproduzido dicotomias constituídas na modernidade, são elas: ação [agency] e estrutura, natureza e cultura, ser e devir/em formação. Neste movimento epistemológico a sociedade e a biologia, por exemplo, são entendidas como partes de um mesmo processo e não como áreas desconectadas e independentes entre si. Assim, pensar a infância exige tomá-la não apenas como um fenômeno natural, nem tão pouco somente como produto de uma cultura. Exige reconhecê-la como uma etapa da vida que tem especificidades que se originam tanto no biológico como no cultural, compreendendo que a criança é um ser constituído, mas ao mesmo tempo entendê-la também como outro ser em potencial – como qualquer ser humano – e que podemos projetar sobre ela e porque não dizer junto com ela aquilo que ela poderá vir a ser. Considera-se que as crianças são atores sociais competentes em seu próprio processo formativo, que produzem e reproduzem cultura nos diferentes âmbitos sociais em que convive. Nesta direção, toma-se como pressuposto que o espaço da educação infantil deva garantir às crianças os seus direitos plenos possibilitando seu desenvolvimento nas suas múltiplas dimensões: afetivo, social, psicológico, biológico, suas formas de expressão e cultural. Neste sentido, é preciso buscar a ampliação do conhecimento acerca das relações intergeracionais e interculturais contidas no interior das unidades educativas de forma a construir em parte uma visão crítica a favor da contra-hegemonia daquilo que tradicionalmente constitui as relações educativas formais. Movimentando-se ao encontro desta compreensão, a pesquisa realizada buscou desvelar o que impede as relações pedagógicas de construir relações que contemplem e valorizem os diversos saberes deste espaço. 3 Trata-se de localidades do município de Florianópolis. Costa da Lagoa é uma comunidade pesqueira localizada no bairro da Lagoa da Conceição, leste da ilha. Vila Cachoeira é um conjunto habitacional, caracterizado como um bolsão de pobreza, localizado no bairro Saco Grande no norte da cidade. 4 Controle dos adultos sobre as crianças no espaço da educação infantil. De acordo com a perspectiva crítica da Sociologia da Infância, a infância é um grupo oprimido. Na pesquisa realizada foi possível identificar três momentos diferentes de controle dos adultos sobre as crianças. Controle do tempo-espaço: caracteriza-se por situações em que o adulto exerce controle sobre os lugares em que as crianças devem estar e o tempo em que cada ação deve ser exercida: hora de ir para o parque, hora em que pode ser colocada a fantasia, hora do almoço, hora da roda, etc. Controle do uso dos materiais: caracteriza-se por situações que denotam uma lógica única quanto à exploração dos materiais pelas crianças, por exemplo: as crianças não podem utilizar tampinhas de canetas para construir uma torre, pois tampinhas de canetas servem para tampar as canetas. Controle das relações sociais entre pares: refere-se ao conjunto de registros que apontam um controle dos adultos sobre as relações sociais que as crianças estabelecem entre si. Os mais “agitados” não podem ficar perto uns dos outros, o melhor é separá-los. Ficar quieta, não se mexer, não falar, não rir é o que os adultos querem em relação às crianças, por outro lado, defendem uma infância vivida, mas controlam todas as ações das crianças, inclusive punindo-as quando não correspondem às suas expectativas. Fica evidente que ao mesmo passo que a retórica dos adultos está em favor de uma infância vivida que respeite a criança como um agente social e que reconhece as suas especificidades, as ações daqueles estão voltadas para um habitus acumulado, ou seja, é preciso levar em consideração que este paradoxo da infância (James & Prout, 1998) está atrelado a constrangimentos estruturais e, por isso, as ações dos adultos não podem ser compreendidas desvinculadas desses constrangimentos. O que isto quer dizer? Que nós – hoje os adultos – passamos a vida toda interiorizando a idéia de que os adultos sabem mais do que as crianças e por isso precisam controlá-las, para que não cometam erros. Isto acontece, pois não valorizamos o saber contido nas crianças. Quando o conhecimento da criança não é considerado. O controle exercido sobre as crianças muitas vezes é defendido a partir da idéia de que nós adultos sabemos mais do que elas, pautada numa lógica de que temos mais experiências acumuladas. Embrenhados nesta lógica, os adultos frequentemente desvalorizam as produções e elaborações das crianças. 5 Durante a observação no campo de pesquisa, algumas cenas traduziram esta desvalorização. Em uma proposta de se fazer pizza, várias crianças moldaram a massa conforme sua criatividade, mas foram interpelados pelos adultos quando estes mandavam que as fizessem em forma de circulo. Outra cena registrada foi a intervenção de um adulto quando crianças brincavam de chocar os carrinhos em uma pista produzida por eles, dizia o adulto que não era assim que se brincavam e que precisavam cada um ficar na sua pista, na mão condutora – mas o que ela não compreendia era que as crianças batiam um carro no outro para poder utilizar a oficina que também tinha sido feita por elas. Não é permitido à criança fazer uma pizza diferente, tão pouco andar na contramão numa pista de carrinho. Há um embate entre as lógicas de saber entre crianças e adultos. Enquanto os adultos lutam por uma uniformização sobre o modo de fazer e pensar sobre as coisas, as crianças se preocupam em experimentar novas formas de fazer. Os adultos têm mais tempo de vida do que as crianças, isto no momento é inquestionável, porém, as experiências vividas entre um e outro não são menores ou maiores, são diferentes, dependem principalmente dos seus modos de vida. Não seria ilógico afirmar que uma criança que vive num ambiente de circo, por exemplo, tem mais experiência (pois viajou para muitos lugares, conheceu outras culturas para além da vivida por ela) do que um adulto que se confinou no mundo do trabalho e das obrigações sociais. Claro que a experiência de cada um não pode ser “quantificada” apenas por esses fatores, todavia, serve para desmistificar a idéia de que um tempo cronológico é o que define a legitimidade do saber. Santos (2000) aposta na utopia (realizável) do interconhecimento, na possibilidade de mergulhar em novos saberes sem necessariamente desconsiderar os antigos. Para o autor, não há mais ou menos, mas diferentes saberes. O princípio da incompletude de todos os saberes é condição da possibilidade de diálogo e debate epistemológicos entre diferentes formas de conhecimento. O que cada saber contribui para este diálogo é o modo como orienta uma dada prática na superação de uma dada ignorância. O confronto e o diálogo entre saberes é um confronto e um diálogo entre processos distintos através dos quais práticas diferentemente ignorantes se transformam em práticas diferentemente sábias. (SANTOS, 2000, p. 107). 6 Paulo Freire, na obra Pedagogia da Autonomia (1996), ao afirmar que para ensinar exige-se consciência do inacabamento humano, escreve que “na verdade, o inacabamento do ser ou sua inconclusão é próprio da experiência vital” (p. 55). Muitas vezes, os adultos parecem ignorar que são inacabados, ou quando conscientes disso, ainda insistem que são mais acabados do que as crianças. Esta falsa percepção corresponde à valorização do modo de pensar hegemônico, talvez menos enraizado nas crianças. Porque as crianças são muito mais do que aquelas criaturas percebidas por nossa visão adultocêntrica. Mas e as crianças? São passivas a este controle e desvalorização de seu saber? Não! Apesar de ser um grupo oprimido, como já afirmei anteriormente, as crianças resistem, protestam, tem consciência desta relação desigual de poder e buscam mecanismos de participar da organização estrutural e pedagógica da instituição. Kauê: A gente faz assim ó. θuando ela chamar a gente, daí a gente diz que não brincou quase nada e pede para ela mais 10 minutinhos. Ângelo: mas todo mundo tem que pedir né? Senão ela não deixa. (Diário de Campo, julho de 2009) A cena acima retrata uma discussão das crianças sobre a possibilidade de conseguir convencer os adultos a deixar que elas brinquem mais tempo no parque. Nesta cena em especial, as crianças conversam e mostram suas estratégias, em outras as crianças demonstram sua insatisfação sobre a rotina da educação infantil, bem como às propostas levantadas pelos adultos, ou das ações deles, através do silêncio, do choro, do espernear de pernas e braços, do não querer receber o beijo de despedida do adulto, de não os deixar participar de suas brincadeiras livres, etc. Para Cerisara (2004), as ações e reações das crianças diante do que lhe é proposto são dadas pela participação corporal, gestual, cognitiva, motora, emocional, efetiva e individual de forma indissociável. As crianças estão no parque. O dia está muito quente. A professora diz que hoje dará um banho coletivo nos meninos, pois no dia anterior ela deu nas meninas. Ângelo, ao ouvir o que a professora disse, saí para contar aos colegas: Gabi!!! Hoje nós vamos tomar banho! Pablo se joga na areia e começa a se esfregar no chão. Vivi pergunta à professora: banho? Banho? A professora diz: hoje só os meninos Vivi, vocês tomaram ontem e eles não. Vivi diz: banho vivi sim. Professora: não, hoje é dia dos meninos... A professora olha para mim e diz: não consigo propor banho para todos4. Eu e a professora ficamos observando os meninos, que alegres se rolavam na areia. De repente, Vivi aparece toda cheia de areia, inclusive no cabelo. Olha para a professora e diz: banho na Vivi sim. A professora responde: ahhh Vivi, você conseguiu o que queria né? Agora você tem que tomar banho sim. Que espertinha você é, né?. (Diário de campo, 12 de novembro de 2009). 4 É importante esclarecer que o banheiro localizado na sala tem apenas um chuveiro e é de aproximadamente 3,5m2. 7 O caso de Vivi, que ao se jogar na areia está garantindo o seu desejo de tomar banho naquele dia quente mostra que a decisão da criança em confronto com a decisão do adulto, neste caso, se prevalece a partir do momento em que a menina transforma as condições estabelecidas para a tomada de decisão do adulto. É comum as crianças aplicarem com eficácia os recursos disponíveis ou explorarem as condições favoráveis de que porventura desfrutem, visando ao alcance de determinados objetivos. E por isso não se pode afirmar que na relação entre crianças e adultos é uma relação de controle absoluto. As crianças muitas vezes se encontram em condições favoráveis, decidindo e transformando sobre o que lhe é proposto Nas brincadeiras, as crianças também têm o domínio das decisões, como se pode observar a partir da próxima cena: “Vivi e Edilaine estão brincando sozinhas atrás da casinha do parque, Giba se aproxima e pergunta se pode brincar com elas. Vivi diz: “im” “im”. Edilaine apenas observa. Quando Giba já está brincando com as meninas. Gabriel chega e pede para entrar na brincadeira e todos os aceitam. Rafaely chega e diz: ahhh Edilaine o Giba não vai brincar não. Edilaine apenas olha. Giba diz: mas eu pedi e elas me deixaram ficar aqui. Rafaely continua: mas o Gabriel já está brincando. Vivi e Edilaine apenas olham. Eu pergunto à Rafaely por que o Giba não pode brincar e ela me responde: poque a gente brinca de 3 meninas e só um menino, e o Gabi já está brincando. Digo que o Giba chegou antes. Rafaely me responde: mas ele não pediu para brincar, só o Gabi e Edilaine fala: ele pediu sim. Rafa então aceita Giba e Gabi junto com elas”. (Diário de Campo, 11 de setembro de 2009). Há primeiro, por parte da Rafaely, uma necessidade em controlar a brincadeira, dizendo quem pode ou não pode brincar. Mas no final, ao escutar os meus argumentos e a aceitação das outras crianças em relação à presença de Giba, ela acaba aceitando o colega na brincadeira. Contudo, o meu argumento não foi decisório, mas sim os das outras crianças envolvidas na brincadeira. Assim eu queria que fosse minhas ultimas palavras... (Manuel Bandeira) Gostaria de dizer que as crianças não sofrem com o poder que lhe é imposto... Mas ao contrário, elas deixam de viver plenamente suas infâncias. Gostaria de dizer que o adulto é o vilão de todo o problema, mas assim ficaria fácil demais e desconsideraríamos o que é mais difícil de vencer: os constrangimentos sociais e culturais que estão impresso em nossa consciência. Não é fácil desconstruir idéias que durante anos nos foram repassadas: de que as crianças precisam ser orientadas constantemente por nós. É difícil abrir caminhos para os saberes infantis 8 quando há uma estrutura que dita a hora para cada coisa acontecer (hora da alimentação, hora do parque, hora da higiene, etc). Gostaria imensamente de ter como as últimas palavras, as proferidas por Santos (1997): As pessoas e os grupos sociais têm o direito de ser iguais quando a diferença os inferioriza, e o direito de ser diferentes quando a igualdade os descaracteriza. Mas ao contrário, é percebível que as crianças são consideradas iguais quando estas igualdades as descaracterizam e são consideradas diferentes justamente quando estas diferenças as diminuem. As palavras finais vão à possibilidade concreta de acreditar numa relação pedagógica democrática, baseada no compartilhamento de poder, no respeito dos diferentes saberes, culturas, sentimentos e ações, pois as crianças me apontaram suas capacidades, e, diante de todas as respostas que elas me deram é impossível continuar invisibilizando-as. É imprescindível remeter-nos à compreensão de que é preciso lutar todos os dias contra os fatores que inibem uma relação na quais crianças e adultos compartilham de maneira horizontal seus conhecimentos, sem que haja uma descaracterização de suas especificidades, tão pouco que as diferenças existentes nessa relação sejam motivo de desvalorização de algum saber. Rocha nos elucida neste sentido afirmando que é preciso “auscultar5” as crianças: A aproximação às crianças e às infâncias concretiza um encontro entre adultos e a alteridade da infância e exige que eduquemos o nosso olhar, para rompermos com uma relação verticalizada, de subordinação, passando a constituir relações nas quais adultos e crianças compartilham amplamente suas experiências nos espaços coletivos de educação, ainda que com patamares inevitavelmente diferenciados (Rocha, 2010, p.15) Concordo com a autora que estabelecer uma relação horizontal com as crianças exige um redimensionamento de nosso olhar para aquilo que constituem o modo de vida das crianças e de suas condições infantis, uma vez que conhecê-las nas suas múltiplas dimensões é essencial para torná-las participes da relação pedagógica. 5 Termo utilizado por Sarmento (2004) e Rocha (2009) para definir que a percepção da criança não se dá apenas por meio da percepção auditiva, mas na junção de outros sentidos. 9 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARROYO, Miguel. A infância interroga a pedagogia. In: SARMENTO, Manuel & GOUVEIA, Maria Cristina Soares de. Estudos da Infância: Educações e práticas sociais. Rio de Janeiro: Vozes, 2008. CERISARA, Ana Beatriz. Em busca do ponto de vista das crianças nas pesquisas educacionais: primeiras aproximações. In SARMENTO, Manuel Jacinto. CERISARA, Ana Beatriz. Crianças e miúdos: perspectivas sociopedagógicas da infância e educação. Lisboa: Asa, 2004. FREIRE, Paulo. A pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. MOSS, Peter. La democrazia in educazione. In: Revista Bambini. Azzano, San Paolo, Itália: Edizione Júnior, Marzo, 2008a. PROUT, Alan. Reconsiderar a nova sociologia da infância: para um estudo multidisciplinar das crianças. Ciclo de conferências em sociologia da infância 2003/2004. ROCHA, Eloisa Acires Candal. Diretrizes Educacionais – Pedagógicas para a Educação Infantil. Prefeitura Municipal de Educação de Florianópolis, 2010. SANTOS, Boaventura de Souza. A Crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência. Porto: Afrontamento, 2000. SANTOS, Boaventura de Souza. Por uma concepção multicultural dos direitos humanos. Revista Crítica de Ciências Sociais. N.48, jun/1997. SARMENTO, Manuel Jacinto. Imaginário e Culturas da Infância.. Cadernos de Educação (Revista da Faculdade de Educação da Universide de Pelotas, RS, Brasil) ano 12 nº 21:51-69, 2003.