Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo Gabinete do Deputado Cândido Vaccarezza Av. Pedro Álvares Cabral, 201 - Sala 1013 - 1º andar CEP: 04097-900 - São Paulo-SP Tel.: (11) 3884-4149 / Fax: (11) 3886-6588 www.vaccarezza.com.br e-mail: [email protected] UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA Gabinete do Deputado Sebastião Arcanjo (Tiãozinho) Av. Pedro Álvares Cabral, 201 - Sala 1015 - 1º andar CEP: 04097-900 - São Paulo-SP Tel.: (11) 3884-1606 / Fax: (11) 3886-6559 Escritório Campinas Largo das Andorinhas, 41 - sala 10 - 5º andar - Centro CEP: 13015-102 Tel.: (19) 3234-7263 e-mail: [email protected] UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 58 Cândido Vaccarezza Sebastião Arcanjo EXPEDIENTE UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA Cândido Vaccarezza e Sebastião Arcanjo Publicação dos gabinetes dos Deputados Estaduais Cândido Vaccarezza e Sebastião Arcanjo (Tiãozinho) maio/05 Coordenação geral Cândido Vaccarezza e Sebastião Arcanjo (Tiãozinho) Pesquisa e redação Cuca Braga Edição Silvana Andrade Revisão Andréia Marques Projeto e produção gráfica Laine Silveira Jornalista responsável Andréia Marques (MTb 31890) Imagens ilustrativas. Fotos de Roberto Costa Claro / Sinergia CUT, Lilian Parise / Sinergia CUT, Wilson Marques de Almeida, Alencar Roberto e Laine Silveira. Apoio Sindicato dos Trabalhadores Energéticos do Estado de São Paulo - CUT O deputado Sebastião Arcanjo, o Tiãozinho, é eletricitário, funcionário da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), empresa na qual foi vice-presidente da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) e membro do Conselho dos Representantes dos Empregados. Em Campinas, onde excerceu o mandato de vereador, participou do Conselho Municipal de Serviços Públicos de Energia. O deputado é diretor do Sinergia CUT, membro da Comissões de Serviços e Obras Públicas e de Defesa dos Direitos do Consumidor. Tiãozinho tem se destacado pela forte atuação em defesa dos interesses dos trabalhadores, dos consumidores e pela preservação do caráter público dos serviços de energia. É de sua autoria a lei que institui a Semana de Energia e Cidadania – um fórum de debates que visa articular a expansão e o desenvolvimento do setor energético, com foco na preservação do meio ambiente e na garantia de universalização dos serviços e, principalmente, de mecanismos de proteção aos consumidores de baixa renda. O deputado também participa CERESP (Comissão de Eletrificação Rural de Estado de São Paulo) e do comitê gestor do programa Luz Para Todos. Na comissão de Defesa dos Direitos dos Consumidores foi autor do requerimento que convoca presidentes das empresas distribuidoras de energia para prestar esclarecimentos sobre a melhoria da qualidade dos serviços, das condições de saúde e segurança no trabalho e regularização de núcleos habitacionais urbanos. Tiãozinho participou ativamente do processo de revisão tarifária do setor elétrico e de gás canalizado. Organizou o 1º Seminário de Massificação do Uso do Gás Natural no Transporte Coletivo, um instrumento efetivo para redução de tarifas e preservação. Cândido Vaccarezza • Sebastião Arcanjo 57 ÍNDICE Perfil Sebastião Arcanjo (Tiãozinho) Apresentação Dez anos de desmonte 08 A proposta do PT para solucionar a dívida da CESP 10 Os efeitos da privatização das elétricas paulistas 17 A proposta do Governo Alckmin para CESP Saiba mais sobre o PED x Dívida do Estado Saiba mais sobre o PL 02/2005 20 24 28 A importância das emendas apresentadas ao PL 02/2005 32 Saiba mais sobre as empresas CTEEP, CESP e EMAE 37 Retrospectiva 46 UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 56 Perfil Cândido Vaccarezza 54 Perfil Sebastião Arcanjo (Tiãozinho) 56 Vaccarezza é médico e cumpre o segundo mandato como deputado estadual. No início de 1980, ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores na Bahia. Em 1981, veio para São Paulo. No PT, Vaccarezza foi secretário-geral nacional, secretário-geral do Diretório Estadual, presidente do Diretório Municipal e coordenador do Comitê Eleitoral do PT nas eleições para o Governo de SP, em 1994. Foi diretor-geral do Hospital Nardini e secretário de Cultura e Esportes da prefeitura petista de Mauá. Em 2002, foi reeleito deputado estadual com 82.793 votos. Na Assembléia ele é reconhecido por todas as bancadas como um parlamentar atuante. Vaccarezza apresentou vários Projetos de Lei de incontestável importância social e econômica. É dele a Lei do Sangue, uma medida fundamental para a Saúde Pública do Estado de São Paulo. Ele conseguiu também aprovar a ampliação do Pólo Industrial da Zona Leste, que garante para a região e toda a cidade desenvolvimento e geração de empregos. Ele é autor da Emenda à Constituição nº 16 que veta aos municípios o direito de legislar sobre a área interna das edificações – o que reduz a burocracia e a corrupção. Em 2003, Vaccarezza assumiu a coordenação das bancadas estaduais do PT de todo o país. Em março de 2004, foi escolhido, por consenso, líder da bancada do PT, fazendo uma oposição contundente, qualificada e propositiva ao governo estadual. Atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Vaccarezza está trabalhando na consolidação das leis paulistas. A atuação dele é marcada pela busca por desenvolvimento com distribuição de renda e geração de emprego. Cândido Vaccarezza • Sebastião Arcanjo 55 APRESENTAÇÃO Perfil Cândido Vaccarezza O Estado de São Paulo que poderia ser para o Brasil um modelo de gestão, produção e distribuição de energia, hoje, graças à incompetência administrativa do PSDB, é um exemplo de descaso e muitos problemas. A crise do setor elétrico paulista é, há muito tempo, objeto de nossas preocupações. Nos empenhamos em elaborar uma proposta consistente que apontasse a melhor saída para solucionar o endividamento da CESP e evitar que mais um estratégico patrimônio público, como a CTEEP, seja privatizado. Após estudos detalhados sobre a questão apresentamos o projeto de criação de uma holding com ações pertencentes ao Estado nas empresas CESP, CTEEP e EMAE, além dos recursos já em caixa da CPP (Companhia Paulista de Parcerias). A proposta surgiu após a efetiva contribuição de diversos setores da sociedade – trabalhadores, sindicatos, técnicos e especialistas do setor energético. O resultado desse trabalho é uma contribuição para todos aqueles que lutam e resistem aos desmandos do governo Alckmin no setor elétrico. Nesta publicação, além de uma breve retrospectiva sobre a privatização no Estado de São Paulo, o leitor poderá conhecer a proposta da Bancada do PT para salvar a CESP. Saudações petistas, Cândido Vaccarezza e Sebastião Arcanjo UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 54 Dez anos de desmonte Na última década, São Paulo sofreu um processo de desmonte, perdeu importância política e econômica em relação aos outros Estados. A prática neoliberal dos governos tucanos e a falta de compromissos com o povo paulista foram diretamente responsáveis pela estagnação do desenvolvimento estadual. A privatização de empresas do setor elétrico é uma referência dos desmandos administrativos do governo tucano. Em 1994, o candidato a governador Mário Covas, se comprometeu com os trabalhadores a não privatizar o setor elétrico paulista. Após dois anos ele criou o PED (Programa Estadual de Desestatização), arcabouço legal que permitiu aos tucanos privatizarem, além das empresas de energia elétrica, o gás natural, a Fepasa, o Banespa, as rodovias, dentre outros ativos. O PSDB demonstra com esse episódio um total despreparo para lidar com a nova situação – perda do comando da Assembléia Legislativa. Os tucanos provaram que não sabem lidar com o processo democrático de cumprimento do regimento interno da Casa. 06 de Abril - O BNDES não aceita participar da capitalização da CESP no valor de R$ 2 bilhões, conforme proposta feita no fim do ano passado pelo governador Geraldo Alckmin para equacionar o problema da dívida da empresa. 12 de Abril - Diante da recusa do BNDES em participar da capitalização da CESP, o governador reúne-se com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci para apresentar os planos de capitalizar a empresa. Para implementar a privatização do setor elétrico o governo PSDB promoveu a desverticalização das empresas de energia e transferiu para a CESP todas as dívidas e passivos dessas empresas. A CESP, maior empresa de produção de energia elétrica de São Paulo e a terceira do país, acumulou uma dívida de quase R$ 11 bilhões, apesar dos resultados operacionais de mais de R$ 1 bilhão. O modelo privatizante tucano causou impactos devastadores aos trabalhadores que perderam seus postos de trabalho. UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 08 Cândido Vaccarezza • Sebastião Arcanjo 53 15 de Março - Eleição da Mesa Diretora da Assembléia Legislativa. Após 12 anos presidindo a Assembléia Legislativa, o PSDB experimentou uma de suas maiores derrotas. Por 48 votos a favor e 46 contra, o deputado Rodrigo Garcia (PFL), assume a presidência da Mesa. Outro prejudicado é o consumidor de energia, que paga em suas contas o ônus desse legado administrativo irresponsável. Atualmente, a base do governo é composta por deputados do PL, PP, PPS, PRP E PTB, além de dois deputados do PV e dois do PFL. O PSDB se recusou a ocupar uma das secretarias e a relação do governo com antigos deputados aliados continua bastante conflituosa. A Primeira Secretaria foi ocupada pelo PT, a Segunda pelo PDT, a Terceira ficou com PV e a Quarta com o PSC. Só para se ter uma idéia, em dez anos as tarifas subiram 254%. A sociedade convive ainda com o crescimento dos acidentes com energia elétrica envolvendo tanto a população como os trabalhadores do setor. Além de dilapidar o setor elétrico, Alckmin anunciou uma série de medidas para desmonte do estado, como a privatização de rodovias e do sistema de arrecadação do Metrô, abertura de capital da Nossa Caixa Nosso Banco com a venda da subsidiária Seguro e Previdência. 29 de Março - A bancada do PT apresenta sua proposta de constituição da holding – A Companhia Paulista de Serviços Públicos de Energia e Infra-Estrutura, composta a partir das ações pertencentes ao Estado nas empresas CESP, CTEEP e EMAE, além dos recursos da ordem de R$ 521 milhões de reais pertencentes a CPP – Companhia Paulista de Parcerias. 05 de Abril - Composição das Comissões Permanentes. Nova disputa com o governador se deu durante a composição e presidência das Comissões Permanentes. Alckmin fez pessoalmente gestões junto ao Poder Legislativo. O governador criticou, através da imprensa, o processo interno da Assembléia Legislativa de composição das Comissões. UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 52 Na campanha eleitoral, em 2002, o candidato Geraldo Alckmin anunciou o fim do ciclo de privatizações. Mas, em fevereiro deste ano, Alckmin enviou o projeto de lei 002/05, que permite a alienação das ações da CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista) e, consequentemente, sua privatização. O governador tentou aprovar o projeto a “toque de caixa”, sem discussão e sem qualquer tipo de alteração ao texto original. A resistência através da mobilização dos trabalhadores e da atuação dos parlamentares está sendo fundamental nessa batalha para preservarmos um importante patrimônio público. Cândido Vaccarezza • Sebastião Arcanjo 09 A proposta do PT para solucionar a dívida da CESP Companhia Paulista de Serviços Públicos de Energia e Infra-Estrutura O modelo privatizante de Alckmin já nasceu fracassado. O sistema elétrico da capital paulista está preste a entrar em colapso por falta de investimentos que até hoje são questionados se deveriam ser feitos pela Eletropaulo, já privatizada, ou pelo governo do estado. A CESP – Companhia Energética de São Paulo, possui uma dívida de R$ 11 bilhões resultado de acordo da dívida do estado com a União, feito em 1996. Para facilitar sua privatização, a CESP foi cindida e três de suas empresas foram privatizadas entre 1998 e 1999, restando, como estatal, a própria CESP e a CTEEP – Cia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista. A EMAE – Empresa Metropolitana de Água e Energia Elétrica S/A remanescente da Eletropaulo, também continua estatal. No processo de privatização toda a dívida das empresas cindidas ficou para a CESP. Em 1996, o atual governador Geraldo Alckmin presidia o PED (Programa Estadual de Desestatização), responsável pela reestruturação societária e patrimonial do setor elétrico paulista. O programa promoveu a privatização da maioria das empresas energéticas e o fechamento de 19.807 postos de trabalho, correspondente a 47% dos trabalhadores desse setor que em 1995, somava 37.563. Isto sem falar na queda da qualidade dos serviços prestados. UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 10 24 de Fevereiro - As emendas de plenário foram distribuídas paras as Comissões de Constituição e Justiça, Serviços e Obras Públicas e Finanças e Orçamento e foi novamente convocado um novo Congresso de Comissões com o objetivo de analisar, conjuntamente, os pareceres das Comissões. Mesmo com o PT e o PC do B obstruindo a sessão por algum tempo, o parecer favorável ao PL e contrário às emendas da base governista foi aprovado. O PT leu seu parecer contrário ao PL e declarou voto em separado. 02 de Março - Por acordo de lideranças o PL 02/2005 entrou na Ordem do Dia e começou a ser discutido somente no dia 02 de Março. São necessárias 12 horas de discussão para entrar em regime de votação. Cândido Vaccarezza • Sebastião Arcanjo 51 22 de Fevereiro - A Comissão de Serviços e Obras Públicas reúne-se e aprova o ofício enviado pelo Sinergia CUT – Sindicato dos Energéticos de São Paulo, protocolado no dia 10 de fevereiro, solicitando a presença do secretário de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento, Mauro Arce, com o objetivo de prestar esclarecimentos sobre o endividamento da CESP. Por acordo de lideranças o secretário Mauro Arce juntamente com o secretário da Fazenda, Eduardo Guardia, foram convidados a comparecer no Congresso de Comissões programado para ocorrer no dia 23. Também ficou negociado que o Colégio de Líderes do dia 1º de Março receberia o Sinergia CUT, atendendo a um ofício enviado pela entidade, para debater o PL 02/2005 e a situação da CESP. 23 de Fevereiro - Comparece ao Congresso de Comissões o secretário da Fazenda, Eduardo Guardiã e o secretário de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento, Mauro Arce, para prestarem esclarecimentos sobre o PL 02/2005 e a dívida da CESP. Seguindo o Regimento Interno da Assembléia a reunião conjunta foi presidida pelo deputado que presidia a CCJ, no caso, Ricardo Trípoli (PSDB) – então presidente da Assembléia Legislativa de SP quando da votação e aprovação da Lei 9.36/1996, que criou o PED. O plenário estava cheio de sindicalistas, jornalistas e pessoas interessadas no destino da CTEEP – um patrimônio público estratégico para a política energética do estado de São Paulo. UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 50 Hoje, após sucessivos empréstimos já realizados para pagar a dívida da CESP, o governador cogita transferir o controle acionário da CTEEP para a iniciativa privada ao encaminhar para a Assembléia Legislativa de São Paulo o PL 02/2005. Mesmo com a privatização da CTEEP a dívida da CESP não será liquidada, pois o valor arrecadado para o estado será de aproximadamente R$ 600 milhões - correspondente a sua participação acionária na CTEEP que é de 64,4%. A dívida da CESP que vence em 2005 é de R$ 2.844 bilhões. A irracionalidade da proposta do governo Alckmin pode ser verificada quando comparamos a receita determinada pela Resolução ANEEL 70/2004 para a CTEEP, no período de 01/07/2004 a 01/07/2005, que é de R$ 1,178 bilhão. O valor que o mercado estima para a CTEEP é inferior à receita de um ano da empresa. Os rendimentos da CTEEP são fixados e determinados pela ANEEL e estão fundados economicamente na infra-estrutura existente na empresa. Os reajustes dos preços de seus serviços são feitos anualmente com base no IGP-M, o que lhe faz operar em condições de baixíssimo risco. O mercado financeiro tem confirmado e atestado estas condições favoráveis da CTEEP, e as empresas de transmissão de energia elétrica no Brasil provaram ser investimentos mais do que seguros para os empresários, visto que sequer foram afetadas pelo racionamento ocorrido em 2001-2002. Diante desse cenário, a bancada do PT e seu grupo de trabalho formularam a proposta de constituição de uma holding, a Cândido Vaccarezza • Sebastião Arcanjo 11 Companhia Paulista de Serviços Públicos de Energia e InfraEstrutura. Proposta Holding é uma sociedade criada para controlar outras sociedades, sem se apropriar dos ativos dessas empresas. A holding controla o negócio apenas pela detenção da maioria de suas ações. Supondo que o estado de São Paulo é, a um só tempo, acionista majoritário e credor das futuras controladas da holding, tais situações jurídicas são distintas, de modo que uma não interfere necessariamente na outra. Isto significa que, se o estado de São Paulo é credor de referidas sociedades, seja por empréstimos realizados ou por retenção de dividendos, o estado pode, na condição de acionista majoritário, deliberar o aumento de capital das companhias, subscrevendo as novas ações e integralizando-as mediante conversão de seus créditos em capital. A Companhia Paulista de Serviços Públicos de Energia e Infra-Estrutura será constituída com o capital equivalente ao valor das ações pertencentes ao estado de São Paulo, emitidas pelas empresas estatais de energia elétrica (CESP, CTEEP e EMAE) e pelos recursos em caixa da CPP (Companhia Paulista de Parcerias). Este capital será integralizado pelo Estado mediante transferência das referidas ações para a holding. O controle acionário dessa holding será do Estado. UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 12 17 de Fevereiro - A deputada Rosmary Corrêa (PSDB) é nomeada Relatora Especial pela Comissão de Serviços e Obras Públicas. A deputada dá parecer favorável a PL e contrário às emendas. 18 de Fevereiro - A Comissão de Serviços e Obras Públicas reúne-se para analisar o parecer do deputado Tiãozinho (PT) ao PL 02/2005. Dessa vez foi a base governista que não compareceu e, portanto, não foi atingido o quorum mínimo para que a reunião pudesse ser iniciada. Neste mesmo dia foi convocada uma reunião extraordinária da Comissão de Finanças e Orçamento para analisar o parecer do deputado Mário Reali (PT). Durante a discussão acabou a energia e diversos locais da Assembléia foram alagados. A reunião foi suspensa por falta de condições de trabalho. 21 de Fevereiro - Num ato inédito na Assembléia Legislativa de São Paulo e visando demonstrar força, o então presidente da Casa, deputado Sidney Beraldo (PSDB), convocou uma Sessão Extraordinária para às 18h daquela segunda-feira, dia em que normalmente não há sessões deliberativas, para discutir o PL 02/2005. Sequer ainda havia sido nomeado o Relator Especial pela Comissão de Finanças e Orçamento (CFO), o deputado Milton Flávio (PSDB), que deu parecer favorável ao projeto e contrário às emendas. Iniciou-se assim, o prazo para o projeto receber emendas de Plenário. O PT protocolou 16 Emendas e o PC do B, uma. Cândido Vaccarezza • Sebastião Arcanjo 49 04 de Fevereiro - Prazo final para protocolar emendas. Foram apresentadas 14 emendas, sendo dez do deputado Tiãozinho (PT), duas do deputado Mário Reali (PT), uma do deputado Nivaldo Santana (PC do B) e uma do deputado Campos Machado (PTB). 10 de Fevereiro - O projeto lei, já com emendas, começa a tramitar nas Comissões para ser analisado e receber parecer de seus relatores. É quando começam as manobras por parte do governo na tentativa de atropelar o regimento interno que determina um prazo de 24 horas para o projeto em regime de urgência, ser apreciado e votado em cada uma das Comissões. 14 de Fevereiro - Nomeado o deputado Vanderlei Macris (PSDB) como Relator Especial pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que dá parecer favorável ao PL 02/2005 e contrário a todas as emendas. 15 de Fevereiro - A base de sustentação do governo tenta, mas não consegue garantir o quorum necessário para a realização da reunião conjunta das Comissões de Finanças e Orçamento e de Serviços e Obras Públicas. A Comissão de Fiscalização e Orçamento era presidida pelo deputado Enio Tatto (PT) e a de Serviços e Obras Públicas pelo deputado Simão Pedro (PT). No encerramento da reunião deputados governistas protestaram e chegaram a bater boca com deputados petistas, tentando reverter a situação. Esse episódio demonstrou que o governo não estava tão unido como previa. UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 48 Holding é uma sociedade criada para controlar outras sociedades, sem se apropriar dos ativos dessas empresas. Os ativos operacionais dessas empresas controladas (CESP, CTEEP e EMAE) não serão transferidos para a holding. O Estado continuaria controlando, indiretamente, essas companhias através da holding. Esta operação poderá ser feita de imediato, não dependendo da concordância ou deliberação das assembléias gerais de acionistas das companhias emitentes das ações, futuras controladas da holding. Entende-se por acionista controlador aquele que detém a maioria dos votos nas deliberações da assembléia geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia. É quem efetivamente usa seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia. Cândido Vaccarezza • Sebastião Arcanjo 13 A holding a ser constituída mediante subscrição pública, ou seja, com participação de investidores no mercado de capitais, será ela uma companhia de capital aberto cuja criação dependerá da prévia aprovação da CVM – Comissão de Valores Mobiliários. Poderá a holding emitir e colocar nos mercados nacional e internacional títulos ou valores mobiliários, desde que se constitua como sociedade de capital aberto, ou seja, com capital subscrito não somente pelo estado de São Paulo, mas também por investidores privados. As Vantagens da Holding • Permite que as diversas ações concentradas em uma única empresa sirvam de lastro para a emissão de novos títulos, melhorando a aceitação destes papéis junto ao mercado financeiro; • Possibilita a retomada de investimentos por parte do Estado; • Permite a retomada do Planejamento Estratégico do setor; • Racionaliza a participação do Governo na gestão de seus ativos; • Reordena a atuação do Estado, visando a melhora na execução das atividades econômicas exploradas pelo setor; UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 14 Foi então constituído um grupo de trabalho para discutir soluções com prazo máximo de março para se encontrar uma solução. Havia um compromisso por parte do governo de não enviar nenhum Projeto de Lei à Assembléia Legislativa antes de março, prazo final para se encontrar uma solução para o endividamento da CESP. Mas, este grupo sequer chegou a se reunir porque o governador rompeu o acordo ao enviar o PL 02/2005 ao Legislativo paulista. 17 de Janeiro - Os deputados do PT Cândido Vaccarezza e Sebastião Arcanjo, Tiãozinho, organizam uma reunião com técnicos do setor, acadêmicos, trabalhadores das empresas energéticas, sindicalistas e assessores da bancada para discutir alternativas Á dívida da CESP. Um grupo de trabalho coordenado por estes deputados foi constituído com a tarefa de elaborar uma proposta para solucionar, efetivamente, o problema da CESP. 02 de Fevereiro - Enviado para a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, em regime de urgência, o Projeto de Lei (PL) 02/2005, que propõe a aplicação da Lei 9.361/1996 (que criou o PED, e dispôs sobre a reestruturação Societária e Patrimonial do Setor Energético Paulista) para a CTEEP e revoga os itens que obriga o Estado a manter seu controle acionário, ou seja, permite que as ações da CTEEP sejam alienadas. O Estado detém 64,4% das ações da empresa. Cândido Vaccarezza • Sebastião Arcanjo 47 Retrospectiva Fatos Relevantes 05 de Janeiro - Realizada na Assembléia Legislativa uma reunião entre o presidente da Assembléia, deputado Sidney Beraldo (PSDB), o secretário de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento, Mauro Arce, o secretário da Fazenda, Eduardo Guardia, Arnaldo Jardim (PPS), o líder do governo, Vanderlei Macris (PSDB) e os deputados do PT Cândido Vaccarezza e Tiãozinho, com a finalidade de debaterem alternativas visando sanear o endividamento da CESP. Mudanças na estrutura de capital da empresa, alongamento da dívida, aporte de capital novo, capitalização de ativos ou conversão de dívidas em ações foram as alternativas apresentadas pelo governo, que afirmava ter iniciado conversações junto ao BNDES. • Possibilita o alongamento e a reestruturação da dívida das empresas controladas, com redução dos encargos que oneram o passivo hoje existente; • Permite maior equilíbrio entre o resultado operacional e o endividamento das empresas controladas, melhorando assim, seus demonstrativos de resultado; • Oferece reforço de garantias para sustentar aporte de recursos originários de fora do Governo do Estado; • O Estado continuaria controlando, indiretamente, essas companhias através da holding. • O Estado é o seu maior acionista. UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 46 Cândido Vaccarezza • Sebastião Arcanjo 15 UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 16 15.372.728.400 10.272.234.480 3.302.958.879 360.000 3.814.380 – 76.105.888.141 Nossa Caixa Metrô Dersa DAEE USP TOTAL * Resultado da venda de 6 milhões ações da Sabesp realizada em 1/10/2004. 0,11 0,11 0,00 2,47 19,19 78,23 % 100,00 R$ 521,7 milhões * 133.666.661.790 150.167.324 7.303.818 360.006 3.302.958.879 25.644.962.880 104.560.908.883 Total Fonte: Relatório de Atividades do Governo do estado (p.45 e 54) Recursos obtidos pela CPP - Companhia Paulista de Parcerias Capital Social 57.560.773.649 150.167.324 3.489.438 06 – 42.034.388.481 Ações Preferenciais 62.526.520.402 Ações Ordinárias Fazenda do Estado SP Ações de Propriedade do Estado nas Empresas CESP/CTEEP/EMAE Composição Acionária da Holding Resultado Financeiro / 2004 CESP / CTEEP / EMAE Empresa Lucro R$ (Milhões) Resultado do Serviço R$ (Milhões) CESP 34 994 CTEEP 349 415 EMAE 9 12 Fonte: Balanço Patrimonial da CESP, CTEEP e EMAE; 31/12/2004. Cândido Vaccarezza • Sebastião Arcanjo 45 Os efeitos da privatização das elétricas paulistas Entre os efeitos devastadores da privatização estão a demissão em massa no setor e o crescimento do número de acidentes envolvendo, principalmente, a mão-de-obra terceirizada e a população em geral. Fechamento de Postos de Trabalho Composição Acionária: Empresa Situação 1995 1997 1998 1999 2004 CPFL Privatizada em 05/11/1997 6.972 5.524 4.422 4.176 2.908 Eletropaulo Privatizada em 16/07/1998 18.807 18.807 7.668 6.646 4.410 CESP Estatal 11.784* 8.796* 2.014 1.596 1.330 CTEEP Estatal - Oriunda da CESP Início Atividades Abri/1999 – – – 2.342 2.985 – – 1.496 1.439 – – – 1.383 1.009 874 – – 823 600* 253 EPTE Eletrobrás: 39,02% Fazenda do Estado SP: 38,78% Outros: 19,83% LightPar: 1,42% Metrô: 0,95% Em 2004 obteve lucro de R$ 9 milhões EMAE AES Tietê Estatal - Oriunda Eletropaulo Início Atividades Jan./1998 Incorporada pela CTEEP: 10/11/2001 Estatal - Oriunda da Eletropaulo Início Atividades Janeiro/1998 Oriunda da CESP Privatizada em 21/10/1999 Duke Energy Oriunda da CESP Privatizada em 28/07/1999 – – 421 400* 289 Bandeirante Oriunda da Eletropaulo Privatizada 17/09/1998 – – 4.438 3.257 1.202 – – 2.757 2.480 2.450 – – – – 1.055 33.127 25.422 23.945 17.764 Elektro Piratininga Oriunda da CESP Privatizada 16/07/1998 Cindida da Bandeirante Comprada pela CPFL 2001 TOTAL UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 44 37.563 Cândido Vaccarezza • Sebastião Arcanjo 17 Redução de Postos de Trabalho Pós Privatização = 19.807 1995 1997 2004 % 17.756 47,28% Início das Privatizações 37.563 33.127 Fonte: Balanço Patrimonial das Empresas Livro: A Privatização da CESP – Conseqüências e Alternativas. Ildo Luís Sauer, José Paulo Vieira e Cláudio Paiva de Paula. Editora UFMS e Edições Missão Verde Esse sistema é constituído de reservatórios, canais, usinas e estruturas associadas, cuja principal característica é a deexigir uma operação voltada para o uso racional das águas superficiais e dos múltiplos recursos hídricos disponíveis, promovendo a geração de energia, o controle de cheias na Região Metropolitana de São Paulo e a reserva de água para o abastecimento público. É relevante o papel da EMAE com as questões ambientais, por causa da sua localização geográfica de suas unidades geradoras. Desde 2002 sua gestão é compartilhada com a CESP. Possui 874 trabalhadores do mais alto nível de capacitação para atender às demandas que o sofisticado sistema elétrico do Estado de São Paulo exige. Mantém parcerias com a Petrobrás, na Usina Termoelétrica Nova Piratininga, e no projeto de despoluição do Rio Pinheiros através do processo de flotação. UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 18 Cândido Vaccarezza • Sebastião Arcanjo 43 UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 42 07 0 12 48 171 Níveis de Gravidade: N1 - Tratamento Médico de 0 a 15 dias N2 - Tratamento Médico de 15 dias a 2 meses (sem comprometimento de órgãos e seqüela) N3 - Tratamento Médico de 2 a 4 meses (sem comprometimento de órgãos e seqüela) N4 - Lesões Corporais Graves (perda de órgãos, invalidez temporária etc.) N5 - Morte ou Invalidez Permanente Fonte: CSPE – Comissão de Serviços Públicos de Energia de São Paulo 0 05 18 07 72 184 04 54 60 2004 22 11 02 14 31 115 04 07 07 14 57 160 19 22 144 2003 21 05 02 05 10 79 06 05 17 37 63 187 20 09 176 2002 21 07 05 06 17 79 01 04 16 24 60 155 10 14 178 2001 25 06 07 04 17 45 02 0 07 47 184 58 15 09 134 2000 21 02 0 05 12 80 02 05 09 32 449 34 14 01 76 1999 14 N5 N4 N3 N2 N1 N5 N4 N3 N2 N1 Acidentes com Empregos Terceirizados Acidentes com Empregados Próprios N5 N4 N3 N2 N1 A EMAE oriunda da Eletropaulo foi constituída por meio do PED. É uma sociedade de capital fechado, que iniciou sua operação em janeiro de 1998, como concessionária de Serviço Público de Geração de Energia Elétrica. A empresa opera um sistema hidráulico e gerador de energia elétrica localizado na região metropolitana de São Paulo, Médio Tietê e Vale do Rio Paraíba do Sul. Anos EMAE - Empresa Metropolitana de Água e Energia Elétrica S/A Acidentes com Público em Geral Entre 1998 e 1999, a CESP foi cindida dando origem a: CTEEP, Elektro, Tietê (atualmente AES Tietê) e a Paranapanema (hoje Duke Energy). A CESP possui 1.330 trabalhadores do mais alto nível de capacitação para atender as demandas que o sofisticado sistema elétrico do estado de São Paulo exige. O estado possui 73% das ações com direito a voto (ações ordinárias) da CESP e 31% das preferenciais. Em 2004, obteve um lucro de R$ 34 milhões. Privatização X Acidente no Setor Elétrico Em 14 de maio de 2001 foi concedida liminar suspendendo o leilão de privatização da CESP através de Ação Popular, encabeçada pelo Sinergia CUT, questionando, dentre outros, o preço e os passivos ambientais por ela assumidos. Naquele dia, os noticiários da TV anunciavam que o governador Geraldo Alckmin havia suspendido o leilão deprivatização da CESP por tempo indeterminado. Cândido Vaccarezza • Sebastião Arcanjo 19 A proposta do governo Alckmin para CESP • “Operação 1: Aumento de Capital da CESP (R$ 976 milhões), com participação do governo estadual (na forma de transferência do controle acionário da CTEEP) e do BNDES (na forma de caixa, a ser utilizado para pagamento de dívidas com o próprio BNDES)”. • “Operação 2: Emissão no mercado doméstico de até R$ 2 bilhões de debêntures conversíveis em ações da CESP, com prazo de 6 anos. Os recursos seriam utilizados para resgatar outras debêntures e CTEE’s (Certificado de Termo de Energia Elétrica), atualmente em circulação no mercado”. • As duas operações devem ser executadas sucessivamente. • Haveria um compromisso com o BNDES de participar igualmente deste aumento de capital comprando até R$ 488 milhões de ações da CESP em dinheiro. • Os valores aportados pelo BNDES seriam usados pela CESP para quitação antecipada de parcelas de dívidas com o próprio BNDES. • As dívidas da CESP que vencem em 2005 somam R$ 2,8 bilhões. UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 20 A dívida da CESP é de R$ 11 bilhões. Dessa dívida, 54% está atrelada à moeda estrangeira e, 46% à moeda nacional. Esse endividamento representa 153% do seu patrimônio, segundo a Consultoria Economática (Jornal Valor Econômico, 14 de março de 2005). A dívida é atribuída a diversos fatores como má gestão, política econômica de juros extorsivos e controle tarifário em nome da estabilidade do Plano Real, que elevaram a dívida em mais de 100%. Outros fatores agravaram ainda mais a situação entre eles: o caso Paulipetro que gerou um enorme passivo à empresa; o racionamento entre os anos 2001-2002; a redução no volume de vendas de energia em função da liberação de 25% da energia contratada; a desvalorização do Real e as incertezas do modelo setorial e regulatório conseqüentes da fracassada política energética da era FHC, baseada no modelo liberalizante de mercado competitivo. O acordo da dívida do Estado com a União, ocorrido em 1996, não propiciou o verdadeiro e justo encontro de contas. Muitos desmandos cometidos por sucessivos governos não foram considerados, o que levaria a CESP a uma situação de credora do Estado. Em 2001, o governo tentou, sem êxito, privatizar a CESP. Cândido Vaccarezza • Sebastião Arcanjo 41 A pouca oferta de energia elétrica, a capacidade insuficiente de geração, a má qualidade dos serviços, os constantes racionamentos e o suprimento de energia elétrica predominantemente privado não acompanhavam o ritmo do crescimento do país. Foram esses os fatores determinantes para a entrada do Estado na produção e suprimento de energia elétrica. • Caso a CTEEP seja vendida, o valor estimado pelo mercado, é de aproximadamente R$ 1 bilhão. O parque gerador da empresa é de 7.456 MW, correspondendo a 53% da potência instalada no Estado de São Paulo. O Estado detém 38% do Capital da CESP e 73% das ações com direito a voto (ON). • • Para os cofres do Estado esta venda deverá reverter algo em torno de R$ 600 milhões, uma vez que o Estado detêm 64,4% das suas ações ordinárias. A CTEEP detém um ativo total superior a R$ 4 bilhões. Fonte: Governo do Estado / Jan. 2005 UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 40 Cândido Vaccarezza • Sebastião Arcanjo 21 _ _ 143,6 1.782,1 _ 139,4 2.431,2 97,7 135,3 2.844,4 2.674,1 2.844,7 TOTAL 134,6 199,8 Outros 8,7 8,3 Bônus / PJ Morgan 472,8 631,6 Bônus/US$676 MM * FDIC – Fundo Investimento em Direitos Creditórios. Fonte Perfil da Dívida – Governo do Estado. Fonte: Governo do Estado. 68,0 68,0 754,6 572,2 937,0 _ _ _ 482,0 464,7 Debêntures / CTEE 963,1 _ 442,9 834,3 773,8 785,7 718,18 BNDES 456,6 _ 161,2 144,9 128,1 112,8 96,7 FDIC* 761,7 União 488,6 295,6 575,0 618,5 643,4 2010 2009 2008 2007 2006 2005 Serviço da Dívida Perfil da Dívida da CESP – R$ Mi UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 22 Assim que foi anunciada a intenção do governo de privatizar esta empresa, os índices de suas ações na BOVESPA cresceram vertiginosamente, sendo que as ON aumentaram em 41,83% e as PN 22,72%, nos primeiros dez dias de Fevereiro. O que pode ser melhor compreendido se observarmos que durante todo o ano de 2004, este crescimento foi de 6,14% nas ON e de 5,42% nas PN. Lamentavelmente, apesar dos esforços da bancada do Partido dos Trabalhadores na Assembléia para equacionar os problemas da empresa aprovando, com ressalvas, vários projetos de leis de empréstimos autorizados em 2003 e 2004, a má gestão acabou por elevar a dívida da CESP para R$ 11 bilhões, num processo crescente. Por outro lado, observa-se ainda que a CESP não terá condições de honrar sua dívida de curto prazo em 2005 sem que haja, novamente, socorro financeiro para a empresa, o que também não soluciona o problema, mas apenas posterga a questão e aprofunda sua crise. CESP A CESP, maior geradora de energia do estado de São Paulo e a terceira maior do país, é composta por sociedade anônima de economia mista e de capital aberto, constituída em 1966, a partir da fusão de 11 empresas, cinco geradoras estatais e seis distribuidoras privadas. Cândido Vaccarezza • Sebastião Arcanjo 39 A CTEEP possui 2.985 trabalhadores do mais alto nível de capacitação para atender as demandas que o sofisticado sistema elétrico do Estado de São Paulo exige. Cerca de 82% estão na área técnica, 30% possuem ensino superior e 55% estão na faixa etária entre 31 a 45 anos. Em 2004, seu lucro foi de R$ 348 milhões, um crescimento de 56% em relação a 2003. A CTEEP é dotada de um complexo sistema eletroenergético, com coordenação, supervisão e controle totalmente integrados, dispõe de sistema próprio de telecomunicações com 145 estações de microondas, 108 centrais telefônicas e 1400 Km de cabos em fibra ótica. UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 38 Empréstimos Aprovados pela Assembléia Legislativa de São Paulo para CESP • PL 222/2003 - R$ 657,4 milhões (Lei 11.380/2003); • PL 73/2004 - R$ 1,350 bilhão (Lei 11.686/2004); • A Lei 11.686/2004, em seu Artigo 3º estabelece – “O Poder Executivo encaminhará à Assembléia Legislativa do Estado, anualmente, relatório detalhado do cronograma de vencimentos e respectivas amortizações e encargos, bem como dos saldos a pagar, por contrato, e a aplicação dos recursos obtidos através do empréstimo autorizado por esta lei”. Até o momento nenhum relatório foi encaminhado para a Assembléia Legislativa de São Paulo. Cândido Vaccarezza • Sebastião Arcanjo 23 Saiba mais sobre o PED X Dívida do Estado Programa Estadual de Desestatização – Lei 9.361/96 • Institui o PED – Programa Estadual de Desestatização. • Presidido por Geraldo Alckmin, então vice-governador. Principais Objetivos: • Promover a reestruturação societária e patrimonial do setor energético paulista. • Desverticalização das empresas em geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. • Sanear as dívidas do Estado. Lei 9.361/96 • Mantém o controle acionário pelo Estado das empresas de transmissão de energia elétrica com a propriedade de, no mínimo, 51% das ações com direito a voto. • É isso que o PL 02/2005 pretende alterar. UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 24 Saiba mais sobre as empresas CTEEP, CESP e EMAE CTEEP A CTEEP oriunda da cisão da CESP e única empresa do segmento de transmissão do país que possui capital aberto, sem dúvida nenhuma é uma empresa muito lucrativa. Fechou o ano de 2004 com um lucro de R$ 349 milhões, o que representa um crescimento de 57% em relação ao mesmo período de 2003. Para 2005, os investimentos programados são de R$ 450 milhões, e a empresa detém um ativo total superior a R$ 4 bilhões. Em outubro de 1999, uma única diretoria assume a administração das duas empresas de transmissão de energia elétrica no Estado de São Paulo. Em 10 de Novembro de 2001, a CTEEP incorporou a EPTE, oriunda da cisão da Eletropaulo. A empresa opera 102 subestações e possui 11.781 Km de linhas de transmissão. Em 2003, transportou cerca de 118.000 GWh, quantidade que supera a energia consumida em todo Estado de São Paulo, que foi de 93.608 GWh. Cândido Vaccarezza • Sebastião Arcanjo 37 Emenda 29 O parágrafo único do artigo 1º do Projeto passa a vigorar com a seguinte redação: "Parágrafo único. A alienação das ações do capital social da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista CTEEPserá realizada por meio de licitação, na modalidade leilão, devendo o preço inicial ser equivalente ao maior valor das ações, de acordo com apuração administrativa dos negócios em bolsa realizados nos três meses antecedentes à publicação do respectivo edital, mantendo-se, em qualquer caso, 51% das ações sob a titularidade da Fazenda Pública ou de entidade da Administração Indireta." Participação das Energéticas • O valor arrecadado com o PED, corrigido em 31/12/2004, foi de R$ 71,6 bilhões. • 72% desse valor, ou seja, R$ 51,7 bilhões, foram resultantes da venda do setor energético paulista. PED x Dívida do Estado • A receita do PED, corrigida pelo IGP-DI, alcançou R$ 71,6 bilhões, em 31/12/2004; • Em valor real, os recursos do PED correspondem a 51,62% do total da dívida do Estado de São Paulo; • A dívida pública do Estado de São Paulo cresceu 33, 5%, ou seja, R$ 34,8 bilhões *; Fonte: Balanço Geral do Estado de São Paulo 2001 e 2003 e Relatório de Atividades do Governo do Estado (Assessoria de Finanças – Liderança do PT/ Assembléia Legislativa de São Paulo). Valor Deflacionado pelo – IGPDI UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 36 Cândido Vaccarezza • Sebastião Arcanjo 25 Valor Arrecadado com o PED PED - Ativos Alienados 1997 a 2003 Sabesp, Fepasa, Ceagesp, Rodovias, Banespa, Imóveis, Comgás, Área Sul e Noroeste do Gás, Elétricas (CPFL, Eletropaulo, Bandeirante, CESP – Paranapanema, CESP – Tietê). Total da Venda dos Ativos Valor Nominal Valor Real Corrigido Pelo IGP-DI* 31/12/2004 R$ 34,4 bilhões R$ 71,6 bilhões Emenda 27 * IGP-DI – Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna. Fonte: Balanço Geral do Estado de São Paulo 2001 e 2003, e Relatório de Atividades 2004 (Assessoria de Finanças – Liderança do PT na Assembléia Legislativa de São Paulo). Participação das Energéticas PED Energéticas Privatizadas 1997 a 1999 dos Ativos do CPFL, Eletropaulo, Elektro, Bandeirante, CESP Paranapanema, Comgás, CESP Tietê. Total da Venda dos Ativos do Setor Elétrico Paulista 1997 a 1999 Valor Real Corrigido Pelo IGP-DI * 2004 R$ 21,9 Bilhões R$ 51,7 Bilhões * IGP-DI – Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna. Fonte: Balanço Geral do Estado de São Paulo 2001 e 2003 (Assessoria de Finanças – Liderança do PT na Assembléia Legislativa de São Paulo). UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 26 Parágrafo Único - Os estudos a que se refere este artigo serão realizados por empresa especializada, contratada por licitação, e deverão indicar o valor econômico da CTEEP, atividades ou bens e direitos a serem alienados, incluindo os valores financeiros de eventuais custos ambientais e sociais, bem como outros parâmetros necessários à fixação do valor de alienação, incluído o valor de liquidação e observada a legislação em vigor". Insira-se, onde couber, no Projeto de Lei em epígrafe, artigo com a seguinte redação: " Art. ... Fica assegurado aos trabalhadores da CTEEP abrangidos pala Fundação CESP, demitidos em razão da mudança do controle acionário, o direito de resgate integral dos recursos capitalizados em seu nome no PSAP - Plano de Suplementação de aposentadoria e Pensão, assim distribuídos: I - Contribuições próprias efetuadas na folha de pagamento; II - Contribuições efetuadas pelas empresas provedoras; III - Atualização monetária; IV - Rendimentos capitalizados Parágrafo Único: Para efeito desse artigo, os recursos totais capitalizados PSAP – Plano de Suplementação de Aposentadoria e Pensão, da Fundação CESP, em nome dos empregados serão os existentes na data de demissão, elaborados com base nas normas atuariais vigentes". Cândido Vaccarezza • Sebastião Arcanjo 35 Emenda 19 UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 34 * Deflacionado pelo IGP-DI. Fonte: Balanço Geral do Estado (1995-2002) e proposta orçamentária para o exercício de 2004. 33,5 103,9 Real * 138,7 306,12 138,7 31/12/2004 R$ bilhão 34,1 Insira-se, onde couber, no Projeto de Lei em epígrafe, artigo com a seguinte redação: " Art. ... - A determinação do preço mínimo da CTEEP levará em consideração estudos elaborados com base detalhada das condições de mercado, da situação econômico-financeira e das perspectivas de rentabilidade da empresas. Nominal Emenda 26 31/12/1994 R$ bilhão Insira-se, onde couber, no Projeto de Lei em epígrafe, artigo com a seguinte redação: " Art. ... - Aos empregados da CTEEP que no momento da publicação desta Lei contarem com no mínimo 25 anos de serviço na empresa, ficam assegurados todos os seus direitos trabalhistas e previdenciários, inclusive os da Fundação CESP, e a permanência do vínculo empregatício, salvo se houver razão de justa causa comprovada." Dívida Estado Emenda 25 Crescimento da Dívida do Estado "Artigo 1º - Não se aplicam as disposições da Lei nº 9.361, de 05 de junho de 1996, que cria o Programa Estadual de Desestatização e dispõe sobre a Reestruturação Societária e Patrimonial do Setor Energético Paulista à CESP - Companhia Energética de São Paulo e a EMAE - Empresa Metropolitana de Água e Energia S.A." Variação % Dê-se a seguinte redação ao artigo 1º do Projeto de Lei em epígrafe, suprimindo-se o seu parágrafo único: Cândido Vaccarezza • Sebastião Arcanjo 27 Saiba mais sobre o PL 02/2005 Alienação da CTEEP - Projeto de Lei 02/2005 • Projeto de Lei 02/2005 - Enviado para a Assembléia Legislativa pelo Governo do Estado, no dia 03 de fevereiro, em regime de urgência. • Propõe para a CTEEP a aplicação da Lei 9.361/1996 (que criou o Programa Estadual de Desestatização – PED), revogando os itens que obrigam o Estado a manter o seu controle acionário. Exposição de Motivos do Governo, enviada junto ao PL 02/2005 • “..... Por outro lado, como as ações de emissão da CTEEP representam um ativo valorizado e bem posicionado no mercado, o Governo do Estado poderá utilizá-las para reforçar o patrimônio de outras empresas controladas, mediante operação de capitalização com conferência de bens. Todavia a implementação dessa medida pressupõe a obtenção de autorização legislativa, para tornar juridicamente disponível a referia participação acionária e, portanto, passível de precificação para o fim pretendido. dos empregados provedores-beneficiados praticada, preservando todos os direitos adquiridos". Emenda 18 Acrescentem-se os seguintes §§ 2º e 3º ao artigo 1º do Projeto de Lei em epígrafe, renumerando-se o parágrafo único como § 1º: "§ 2º. Os órgãos diretivos da CTEEP estão obrigados a manter as conquistas obtidas pelos trabalhadores e garantidas em Acordo Coletivo de Trabalho, estendendo as mesmas aos trabalhadores que vierem a ser admitidos pela Companhia. “§ 3º. Também estão obrigados os órgão diretivos da CTEEP, a manter o representante dos empregados em seu Conselho de Administração”. UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 28 Cândido Vaccarezza • Sebastião Arcanjo 33 A importância das emendas apresentadas ao PL 02/2005 A bancada do PT apresentou até o momento 30 emendas, ao PL 02/2005, 14 emendas de pauta e 16 de plenário. Todas rejeitadas pela base aliada do governo. Garantido pelo regimento interno da Assembléia Legislativa o direito do parlamentar apresentar emendas a um projeto de lei, tem por objetivo, dentre outros, garantir a possibilidade de aperfeiçoar, corrigir falhas e ampliar a abrangência de uma iniciativa parlamentar. Dentro dessa lógica a bancada do PT visando, sobretudo, preservar conquistas históricas dos trabalhadores, manter o controle acionário das empresas e anular o efeito da Lei 9.361/1996 (que instituiu o PED) sobre as empresas elétricas, apresentou emendas ao projeto do governador, as quais destacamos: Emenda 17 Acrescente-se § 2º com a seguinte redação ao artigo 1º do Projeto de Lei em epígrafe, renumerando-se o seu parágrafo único como § 1º: "§ 2º - Os órgãos diretivos da CTEEP estão obrigados a manter o Fundo de Pensão – Fundação CESP, garantindo-o aos atuais trabalhadores e estendendo-o aos que vierem a ser admitidos, mantendo as contribuições tanto as de sua responsabilidade UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 32 • Finalmente, a alteração do § 2º do artigo 20 da Lei nº 9.361/96 se faz necessária para permitir maior flexibilidade na reorganização societária das empresas, que ainda possam ser objeto de desestatização....” Íntegra do PL 02/2005 Artigo 1º – Aplicam-se à Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista – CTEEP as disposições da Lei n 9.361, de 5 de julho de 1996, que cria o Programa Estadual de Desestatização e dispõe sobre a Reestruturação Societária e Patrimonial do Setor Energético. Parágrafo único – A Fazenda do Estado e as entidades da Administração indireta poderão alienar as ações do capital social da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista – CTEEP por quais-quer das formas admitidas em direito. Artigo 2º - O § 2º do artigo 20 da Lei nº 9.361, de 5 de julho de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação: Cândido Vaccarezza • Sebastião Arcanjo 29 “§ 2º - A quantidade de sociedades a serem criadas, observados os limites máximos previstos neste artigo, assim como as respectivas áreas de atuação, poderão ser alteradas por decisão do Poder Concedente dos serviços de energia elétrica, ou por razões de conveniência empresarial devidamente justificadas”. (NR) Artigo 3º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, ficando revogados os §§ 6º e 7º do artigo 20 da Lei nº 9.361, de 5 de julho de 1996. Geraldo Alckmin Andamento do processo legislativo • O PL 02/2005 recebeu 32 Emendas, todas rejeitadas integralmente. • Em 02 de março entrou na ordem do dia e já foi discutido por 8 horas. • Para poder ser votado são necessárias, no mínimo, 12 horas de discussão em plenário. • O PL 02/2005, dentre outras implicações, não apresenta nenhuma garantia de que, na hipótese de venda da CTEEP, o dinheiro obtido com essa alienação seja revertido para o setor elétrico paulista e, muito menos, para pagar dívidas da CESP. UMA SAÍDA PARA O SETOR ELÉTRICO PAULISTA 30 Cândido Vaccarezza • Sebastião Arcanjo 31