Aline Gonçalez
Beliza Silva
Danielle B. Santos
Priscila Ramos Selos
Rose Murakami
COMPARAÇÃO DE VÁRIOS GRUPOS
Docente: Nancy Lopes Garcia
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INTRODUÇÃO
Até este momento estivemos discutindo experimentos que comparavam dois grupos, o
controle, que recebe o “tratamento padrão”, e o grupo tratado, que recebe o “novo
tratamento”. A partir de agora, discutiremos os experimentos que comparam diversos
grupos.
Nesse tipo de experimento, deve-se usar um grupo controle e o número de
grupos tratados que se deseja comparar. Alguns pesquisadores ao fazerem esse tipo de
trabalho costumam usar todos os grupos com a mesma quantidade de unidades
experimentais.
Apesar disso, alguns estatísticos acreditam que quanto maior o grupo controle
melhor a qualidade dos resultados. Isso decorre do fato de que todos os grupos tratados
são comparados com o grupo controle, sendo este maior a precisão que ele traz ao
trabalho aumenta.
Ao longo do nosso trabalho, explicaremos melhor como é feita a comparação
entre vários grupos e daremos exemplos de pesquisas feitas com esse tipo de
experimento. Além disso, discutiremos a associação de vários tratamentos, o modelo
hierárquico e alguns tratamentos clínicos.
COMPARAÇÃO ENTRE VÁRIOS GRUPOS
Para a comparação de drogas terapêuticas, é usado um grupo para cada droga
que se deseja comparar, mais um grupo controle cujo uso pode ser discutível por razões
de ética. Podem ser feitos também experimentos com vários grupos, para comparar
outros tipos de tratamento.
Muitos experimentos são realizados para estudar o que ocorre quando o
indivíduo foge ao “padrão de normalidade”.
Quanto maior é o número de grupos, maior é a quantidade de informações dos
experimentos. A qualidade da informação melhora quando é feito o pareamento de
indivíduos que apresentam características similares, sendo um grupo de tratado e outro
de controle. Se forem formados trios, um deles será o tratado e os outros dois controles.
Um dos controles deverá ser escolhido na população e o outro deverá ser escolhido no
conjunto de pacientes que são atendidos pelo mesmo médico que o tratado, mas por
outro motivo. Se houverem K tratamentos e um grupo controle, o “pareamento” deve
ser feito de modo a que cada bloco contenha (K+1) unidades experimentais similares.
Como exemplo de comparação de grupos, existe o experimento para avaliar a
miotoxicidade por compostos organofosforados, que são um grupo de compostos
químicos amplamente utilizados em agropecuária como inseticidas, ocasionando
intoxicações acidentais em animais e humanos, e até mesmo sendo utilizados em
tentativas de suicídio. A toxicidade desses produtos decorre sobretudo de insuficiência
cárdio-respiratória por comprometimento do sistema nervoso autônomo. Sabe-se que
alguns desses compostos induzem em animais de experimentação e em humanos, uma
miopatia caracterizada por degeneração de células musculares, comprometendo
sobretudo a musculatura respiratória.
Utilizaram-se como modelo experimental, ratos albinos da linhagem Wistar (225
g + 25 g) que foram divididos em 4 grupos. Cada grupo foi constituído por 8 animais,
sendo eles 4 machos e 4 fêmeas, mantidos separados durante todo o experimento em
gaiolas de plástico, recebendo água e ração ad libitum. Foram intoxicados com o
organofosforado paraoxon, com e sem antídotos (atropina ou pralidoxima) via
intraperitoneal por quatro dias com intervalos de 24 horas (doses subletais capazes de
produzir sinais de intoxicação com ou sem uso de antídotos). O grupo 1 foi tratado
apenas com paraoxon (0,3 mg/kg); o grupo 2 com paraoxon (0,3 mg/kg) seguido
imediatamente de atropina (0,3 mg/kg); o grupo 3 com paraoxon (0,3 mg/kg) seguido
imediatamente de pralidoxima (10,0 mg/kg) e o grupo 4 (Controle) recebeu apenas
propilenoglicol (0,25 ml). Os sinais de intoxicação e sua intensidade foram observados
diariamente após a aplicação dos produtos e registrados durante a primeira hora e a cada
30 minutos das seis horas subseqüentes.
Verificou-se nos grupos tratados com paraoxon (grupo 1) e paraoxon mais
atropina (grupo 2), necrose de fibras musculares no diafragma, que atingia em
determinadas áreas até 15% das fibras. A aplicação de atropina diminuiu a intensidade
dos sinais, com exceção da fasciculação e flacidez muscular, e preveniu a ocorrência de
diarréia (grupo 2). No grupo tratado com paraoxon mais pralidoxima, a necrose foi
mínima, evidenciando o papel mioprotetor deste último antídoto, impedindo a
manifestação de todos os sinais.
ASSOCIAÇÃO DE TRATAMENTOS
Experimentos em esquema fatorial são aqueles em que diferentes drogas
são administradas em diferentes níveis. Nestes observa-se o efeito de cada droga
separadamente, e o efeito combinado das duas (ou mais) drogas.
São identificados dois tipos de interações: - sinergismo (interação das drogas
significante e positiva) e – antagonismo (interação das drogas significante e negativa).
A exemplo deste tipo de experimento foi conduzida uma pesquisa ao invés de
comparar drogas, foram comparadas dietas. O objetivo era avaliar a formulação de
dietas com diferentes perfis protéicos ideais para frangos de corte fêmeas. Foram usadas
aves dos cruzamentos Cobb x Coob 500 e Ross x Ross 308. As dietas foram fornecidas
em um programa alimentar de quatro fases: 1 a 7, 7 a 21, 21 a 31 e 31 e 37 dias de
idade.
Até os 21 dias de idade, as aves receberam dietas com perfis protéicos ideais
altos (A), médios (M) e baixos (B). Até os 21 dias de idade, as aves receberam dietas
com perfis protéicos ideais altos (A), médios (M) e baixos (B). De 21 dias até o final do
experimento, houve uma redistribuição dos tratamentos em que metade das aves
recebendo dieta A passaram a receber dieta B e metade daquelas recebendo dieta B
passaram a receber dieta A.. As aves recebendo dieta M permaneceram com o mesmo
perfil protéico por todo o período experimental.
Foi utilizado um delineamento inteiramente casualizado em arranjo fatorial com
três perfis protéicos e duas linhagens até os 21 dias de idade e cinco perfis protéicos
ideais e duas linhagens dos 21 aos 37 dias de idade.
As aves da linhagem Cobb apresentaram maior peso vivo aos 21 dias de idade e
melhor conversão alimentar até o final do experimento, enquanto aves Ross
apresentaram maior consumo de ração durante todo o período experimental. Ainda para
frangos Ross, a proporção de carne de peito aos 31 dias de idade foi maior e a
proporção de coxas + sobrecoxas, aos 31 e 37 dias de idade, menores em relação às aves
Cobb. As aves recebendo as dietas A e M até os 21 dias de idade apresentaram respostas
zootécnicas similares, ambas superiores às aves recebendo dieta B.
A avaliação dos dados aos 31 e 37 dias de idade demonstrou que as aves do
programa alimentar BB apresentaram peso vivo semelhante, maior consumo de ração e
conversão alimentar pior na comparação com as aves dos demais tratamentos. Já na
avaliação após o abate, as únicas diferenças observadas foram relativas à proporção de
gordura abdominal aos 31 dias de idade. Foi possível concluir que aves Cobb
apresentaram melhor conversão alimentar independentemente do programa alimentar
utilizado e que os perfis protéicos ideais médios foram suficientes para maximizar o
desempenho tanto sob o ponto de vista de peso corporal quanto de conversão alimentar.
MODELO HIERÁRQUICO
Quando um grupo a ser pesquisado apresenta características diferentes que
podem afetar nos resultados a serem obtidos , o pesquisador deve re-arranjar esse grupo
em blocos ,aonde cada bloco será organizado com a mesma característica tendo assim
amostras similares dentro dos blocos. Formando um experimento em blocos ao acaso.
E se houver mais de uma característica presente na amostra, acontecerão
sucessíveis re-arranjos, hierarquizando as características, e assim dividindo-os suas
variáveis a ficarem similares, formando assim o Modelo Hierárquico. Por exemplo, se
estamos fazendo um estudo sobre alunos na Unicamp temos diversos nível hierárquicos:
os alunos fazem parte do primeiro nível. Estes alunos estão agrupados em cursos, assim
os cursos formam o segundo nível. Os cursos são agrupados em áreas (Exatas,
Humanas, Biológicas e Tecnológicas) e estas formam o terceito nível.
Uns exemplos desse modelo são:
-
Uso de serviços odontológicos entre os Estados do Brasil. Pinheiro, Rejane
Sobrino; Torres, Tânia Zdenka Guillén de.2006.
Nesta pesquisa, tem como objetivo analisar a relação entre as características dos
indivíduos e do contexto no uso de serviços odontológicos no Brasil, e analisar as
diferenças entre grupos populacionais nas proporções de uso destes serviços entre os
anos de 1998 e 2003. Foram analisados os dados da Pesquisa Nacional de Amostras por
Domicílios (PNAD) de 2003, a partir de modelo logístico hierárquico das chances de
um indivíduo nunca ter consultado o dentista segundo características do indivíduo e do
contexto das unidades da federação. Foi observado que a chance de nunca ter visitado o
dentista foi 20 por cento maior para os homens; maior para os idosos em comparação
com os de 50 a 64 anos; 3,4 por cento menor para os de raça branca; 46,6 por cento
menor para os que possuem planos de saúde; e 42,9 por cento menor para os que
residem em região urbana. Para cada ano a mais de estudo, a chance foi 17 por cento
menor. Comparando com os 20 por cento mais pobres, a chance de nunca ter consultado
o dentista foi 27,1 por cento menor para os indivíduos do segundo quintil de renda
familiar per capita e 74,1 por cento menor para os 20 por cento mais ricos. Variáveis
contextuais mostraram associação com o uso de serviços odontológicos que foi menor
entre as unidades da federação mais pobres, com menor estrutura, com menor oferta de
serviços odontológicos, médicos e serviços de saúde de maior complexidade.(AU).
- Prevalência e fatores associados ao sobrepeso e à obesidade em
adolescentes. Terres, Nicole Gomes; Pinheiro, Ricardo Tavares; Horta, Bernardo
Lessa; Pinheiro, Karen Amaral Tavares; Horta, Lúcia Lessa.2006
OBJETIVO: Determinar a prevalência e os fatores associados ao
sobrepeso e à obesidade em adolescentes de zona urbana. MÉTODOS: Estudo
transversal de base populacional, realizado no município de Pelotas, Rio Grande do Sul,
de 2001 a 2002. Adolescentes entre 15 e 18 anos de idade foram medidos, pesados e
responderam a questionário auto-aplicável. De 90 setores sorteados, foram visitados 86
domicílios em cada setor, totalizando 960 adolescentes. A prevalência de sobrepeso e
obesidade foi definida a partir do índice de massa corporal, mediante a utilização dos
pontos de corte, ajustados à idade e ao sexo. Realizou-se análise multivariada com
regressão de Poisson, considerando um modelo hierárquico das variáveis associadas ao
sobrepeso e à obesidade. RESULTADOS: A prevalência de sobrepeso e de obesidade
foi 20,9 por cento e 5 por cento, respectivamente. A relação entre a obesidade e idade e
escolaridade do adolescente foi inversa. Verificou-se associação de sobrepeso e
obesidade com o relato de obesidade dos pais (p=0,03) e maturação sexual do
adolescente (p=0,01). Os hábitos de fazer dieta e omitir refeições foram associados à
obesidade, com riscos de 3,98 (IC 95 por cento: 1,83-8,67) e 2,54 (IC 95 por cento:
1,22-5,29), respectivamente. CONCLUSÕES: A prevalência de sobrepeso e obesidade
na região é preocupante a despeito do comportamento dos adolescentes para prevenir a
obesidade. É necessária a implantação de campanhas mais eficazes, direcionadas a
orientar melhor os adolescentes.(AU)
-Alem disso os testes clínicos com pacientes, os modelos hierárquicos são
bastante úteis.Isto porque é razoável constituir grupos de mesma faixa etária, mesmo
nível sócio-econômico e, às vezes, mesmo sexo.
TESTES CLÍNICOS
Os Testes Clínicos são utilizados amplamente hoje em dia para complementar o
diagnóstico ou mesmo para detectar diversas alterações patológicas, pois são métodos
rápidos e eficientes (na maioria das vezes) e que diferem nos parâmetros utilizados para
o diagnóstico, sendo específicos para cada situação. O diagnóstico dado pelos testes
clínicos consiste em determinar se o teste deu positivo para determinada doença ou se o
teste deu negativo para determinada doença.
Porém, existem situações em que os testes dão positivo para uma determinada
patologia quando aplicados em pessoa que não possuem esta patologia, caracterizando
um teste falso positivo, ou dão negativo quando aplicados em pessoas que possuem esta
patologia, caracterizando um teste falso negativo.
Exemplos de testes clínicos são os utilizados para diagnóstico de HIV (ELISA),
Hepatite B, Gravidez, Urina I etc.
Os testes clínicos possuem características operacionais que são parte essencial
para o seu correto funcionamento e utilidade, compreendendo a Especificidade e a
Sensibilidade.
A Sensibilidade é definida como a proporção de pessoas que têm a doença e que
apresentam o teste positivo para essa doença quando submetidas a ele. Um teste que
possua alta sensibilidade dificilmente deixará de detectar uma pessoa que possui a
doença.
A Especificidade está relacionada com a proporção de pessoas que não possuem
a doença e que apresentarão o teste negativo quando submetidas a ele. Um teste com
alta especificidade dificilmente irá diagnosticar uma pessoa saudável como doente.
A prevalência pode ser definida como a proporção da população que apresenta a
doença, ou ainda a probabilidade de que uma pessoa selecionada aleatoriamente da
população seja doente. Vale ressaltar que uma mesma patologia pode ter diferentes
índices de prevalência para diferentes populações.
Fixado um teste com certa Sensibilidade e Especificidade: Quanto menor a
prevalência de determinada patologia, maior a proporção de falsos positivos. Quanto
maior a prevalência de determinada patologia, maior a proporção de falsos negativos.
No entanto, a variação de falsos negativos é muito menor do que a de falsos
positivos. (???, Referencia?)
Exemplo: um teste clínico que possua Sensibilidade de 95% (Baixa) e
Especificidade de 99,8% (Alta) para uma patologia em que a prevalência seja de
1/100.000 (Baixa) a proporção de falsos positivos será de 99,53% e a proporção de
falsos negativos será de 0,00%. No entanto, se a prevalência for de 1/50 (Alta) a
proporção de falsos positivos é de 9,53% e a de falsos negativos é de 0,11%.
Isso nos mostra que um teste com alta especificidade (99,8%) pode ser aplicado
para patologias com alta ou baixa prevalência, já um teste com baixa sensibilidade é
mais adequado para patologias com alta prevalência. O ideal seria ter sempre um teste
com alta especificidade e alta sensibilidade.
A situação mais grave é a de falsos negativos, pois uma pessoa portadora de uma
determinada doença que fica sem o tratamento adequado por achar que não possui a
doença pode transmiti-la ou ter seu quadro clínico agravado.
Normalmente os testes clínicos não variam muito em sua especificidade, mais
variam em sua sensibilidade, pois é esse elemento que torna um teste mais barato (baixa
sensibilidade) ou mais caro (alta sensibilidade).
Exemplo: um determinado exame para detectar infarto do miocárdio se torna
positivo em cerca de 98% dos casos dos pacientes com o diagnóstico de infarto, no
entanto, este teste também é positivo em 20% das pessoas que não tem um infarto.
Assim, apesar de sua especificidade ser excelente (98%) a sua sensibilidade é apenas
regular (80%), pois em 20% dos casos o resultado positivo é falso.
Uma vez que este exame seja positivo, não podemos garantir que um infarto está
em curso, visto que 1 em cada 5 exames são falso positivos, devendo ser solicitado
então outros exames com maior sensibilidade para confirmar o diagnóstico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAVALIERE MJ., CALORE EE., PEREZ NM., PUGA FR. Miotoxicidade por
organofosforados. Rev. Saúde Pública, 30(3):267-72, 1996.
Sergio Luiz VieiraI, 1; Alexandra Reali OlmosII; Josemar BerresII; Dimitri
Moreira de FreitasIII; Jorge Luis Bernardon ConeglianII; Jaime Ernesto Martinez PeñaII.
Respostas de frangos de corte fêmeas de duas linhagens a dietas com diferentes perfis
protéicos ideais. Cienc. Rural vol.37 no.6 Santa Maria Nov./Dec. 2007
Vieira S. A comparação de vários grupos. In: Vieira S. Metodologia Científica
para a área de saúde. Campinas (SP). Editora da Unicamp – SARVIER; 1984. pág. 45 –
54.
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