Abre a Boca, Calabar Valdeck Almeida de Jesus (Organizador) Abre a Boca, Calabar 2012 2ª Edição Salvador - BA 1 Abre a boca, Calabar.indd 1 20/11/2012 00:47:40 Abre a Boca, Calabar 2 Abre a boca, Calabar.indd 2 20/11/2012 00:47:40 Editora Miriam de Sales Abre a Boca, Calabar Revisão Alex Bruno Rodrigues de Jesus Ilustração da Capa Carlos Conrado Arte da Capa Ygor Moretti Fiorante e Isadora Sabar Diagramação Mariana de Paula ©2012 - Valdeck Almeida de Jesus Direitos mundiais reservados, em língua portuguesa, por Valdeck Almeida de Jesus. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão impressa do escritor. Este livro foi publicado conforme o Novo Acordo Ortográfico, instituído pelo Decreto 6.583/2008 Este projeto é apoiado através da 2ª Chamada do edital Calendário das Artes 2012, da Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), entidade vinculada à Secretaria de Cultura do Estado (SecultBA). Pimenta Malagueta Editora Rua Polydoro Birrencourt, nº31 Bairro Bonfim Salvador - Bahia Cep: 40414-340 3 Abre a boca, Calabar.indd 3 20/11/2012 00:47:40 Abre a Boca, Calabar O “I Concurso de poesia Abre a Boca Calabar” foi uma iniciativa do poeta baiano Valdeck Almeida de Jesus em parceria com a Biblioteca Comunitária do Calabar. A inscrição desta primeira edição teve início no mês de outubro de 2009 e encerrou no final de novembro do mesmo ano. A seleção das poesias foi feita pelos educadores da Biblioteca Comunitária do Calabar. Para participar desta primeira edição, os poetas deveriam obedecer aos seguintes critérios: serem menores de 18 anos e inscrever um poema com o máximo de 25 versos. Outras edições aconteceram, e a presente obra é uma compilação de todos os poemas publicados, incluindo-se aí alguns participantes maiores de 18 anos - todos ligados, de alguma forma, à comunidade do Calabar. A exemplo das edições anteriores, os poemas encontram-se na ordem em que foram inscritos, não tendo sido estabelecida qualquer distinção ou processos classificatórios, de forma a manter o grupo unido, sem competição interna. O objetivo do concurso é incentivar a escrita e possibilitar aos moradores da comunidade, principalmente crianças e adolescentes, a oportunidade de terem seus textos publicados em um livro. É uma forma de fomentar a cultura e a valorização do bairro, retratadas sob o olhar poético de meninos e meninas que participaram da seleção. Este é um trabalho que consideramos de extrema importância para a conquista de novos leitores, bem como para a valorização dos que estão iniciando ou daqueles que já escreviam, mas nunca tiveram a chance de ver seus 4 Abre a boca, Calabar.indd 4 20/11/2012 00:47:40 Abre a Boca, Calabar textos publicados. Enfim, um importantíssimo passo para multiplicar cada vez mais o número de jovens escritores do Calabar e adjacências, que são beneficiados por iniciativas desta natureza. O “I Concurso de Poesia Abre a Boca Calabar” foi apenas a primeira de muitas edições de um evento que pretendemos realizar regularmente, ao longo do nosso percurso de conquistar novos leitores. Não poderíamos deixar de mencionar aqui a preciosa ajuda do poeta Marcos Peralta na seleção dos escritores e no incentivo à leitura. Por fim, agradecemos muitíssimo ao poeta Valdeck Almeida de Jesus pela contribuição que sempre deu à Biblioteca Comunitária do Calabar, desde o primeiro contato, e agora nos brinda com mais esta parceria maravilhosa para a realização dos Concursos. Rodrigo Rocha Pita Coordenador da Biblioteca Comunitária do Calabar www.rodrigocalabar.blogspot.com www.bibliotecadocalabar.blogspot.com (71) 8723-8665 5 Abre a boca, Calabar.indd 5 20/11/2012 00:47:40 Abre a Boca, Calabar Escritores mirins e outros nem tanto... O livro “Abre a Boca Calabar – Ano 2” é o resultado de um concurso realizado em 2010 com crianças, jovens e adultos do bairro Calabar e outras comunidades de Salvador. A Proposta foi feita por Valdeck Almeida de Jesus e apoiada por Rodrigo Rocha Pita, coordenador da Biblioteca Comunitária do Calabar e presidente da ONG Ideologia Calabar. Este trabalho é um incentivo à leitura e à escrita, como forma de promoção social dos participantes, inclusão literária e registro dos sonhos e ideais de uma parte da população que nem sempre encontra canais para fazer escoar seus sentimentos, expressar suas vozes. Esta edição traz poemas dos escritores: Amanda Beirão, Ariana Santos Veloso de Jesus, Bruna Santos de Jesus, Caique Neri Brito, Caissa Pita Vasconcelos, Cauan Roque Almeida dos Santos, Crislanda Neves, Eberton de Jesus, Ester da Silva Moraes, Fabio Neves Conceição, Felipe Silva Beirão, Gilson Assis, Iradir Pereira da Silva, Isla Gabriele Santos de Oliveira, Janaina Bonfim dos Santos, Joyce Regia Dias da Silva, Julia Reis Bispo dos Santos, Jussara dos Santos, Kevin Carvalho dos Santos, Keyla Trigueiros Rodrigues dos Santos, Leonardo Conceição, Lucas Santos da Silva, Lucilene Lima Pires, Luís Henrique Beirão Santos, Luís Maurício dos Reis Soledade, Marcos Peralta, Joara Ledoux, Marcos Vinicius, Maria do Carmo Abade Bento, Maria Luiza Lacerda, Mel Oliveira, Milena Borges dos Santos, Nadson Almeida Beirão, Nicolas Dias da Silva, Nubia Trigueiros Rodrigues, Rafael Beirão Dantas, Rafaela Beirão Dantas, Raiane Beirão Dantas, Rayla Bispo Nascimento, 6 Abre a boca, Calabar.indd 6 20/11/2012 00:47:40 Abre a Boca, Calabar Rebeca Trigueiros Rodrigues dos Santos, Robespierre Dantas, Rodrigo Rocha Pita, Samuel dos Santos Moraes, Tacila Cerqueira, Tainá Silva, Talita Trigueiros Rodrigues dos Santos, Tamires Araujo, Tarcisio Trigueiros Rodrigues, Tayná Trigueiros Rodrigues e Wesley dos Santos Lopes. Cada texto aqui selecionado passou por uma comissão de professores, pedagogos, funcionários da Biblioteca Comunitária do Calabar, bem como pelo crivo da ONG Avante, que atua na comunidade. Indo mais além do senso estético ou artístico, o critério usado foi o da vontade dos escritores de fazerem parte de um trabalho simples, porém recheado de carinho, amor e paixão pela poesia, pela expressão dos sentimentos. Vale como registro, como recorte de um tempo e lugar que fazem parte da Bahia. Este mesmo tempo e lugar que não são divulgados como integrantes da Terra da Felicidade, tão propalada na publicidade oficial; que não têm voz nem vez, a não ser quando acontece algo negativo, matéria-prima dos jornais, rádios e TVs da cidade de Salvador. Este livro é mais que um protesto, é uma bandeira fincada, demarcando território geográfico, social e político, demonstrando, claramente, que o Calabar existe e é de paz! Valdeck Almeida de Jesus Jornalista, escritor, poeta e ativista cultural. www.galinhapulando.com 7 Abre a boca, Calabar.indd 7 20/11/2012 00:47:40 Abre a Boca, Calabar Abre a Boca Calabar X Cala a Boca Calabar D esde que cursei Jornalismo na Faculdade Social e Faculdade da Cidade, meu compromisso sempre foi com o social, com a minoria. Na faculdade, aprendi que minoria não significa menor número de pessoas, mas pessoas sem voz, sem oportunidade, esquecidas. O jornalismo baiano é feito pela classe média e para a classe média. “Tiroteio no Calabar assusta Jardim Apipema” – manchetes como esta se traduzem quase sempre na mesma leitura. A imagem do bairro é construída todos os dias com reportagens que só mostram o lado negativo do lugar. A Pituba é o bairro mais violento de Salvador, segundo estatísticas da Polícia Militar. Mas os bairros populares é que aparecem como foco de bandidagem, de tráfico de drogas, de assassinatos, de desrespeito às leis. AÇÃO EXTERNA Para quebrar este paradigma, para desconstruir esta visão estereotipada, mostrar o outro lado, divulgar a luta diária dos moradores por cidadania, o jornalista tem que conhecer, visitar, conviver no ambiente, para então tirar suas conclusões e não ser injusto. Afinal, o papel social do jornalista é intrínseco à profissão, cuja formação recebe primariamente o nome de Comunicação Social. AÇÃO INTERNA Apoio a ONGs ou pessoas que incentivem a politização dos moradores, promoção da cultura, cidadania, educação, reflexão e visão crítica, com vistas à melhoria da autoestima 8 Abre a boca, Calabar.indd 8 20/11/2012 00:47:40 Abre a Boca, Calabar e à autonomia. “Cala a Boca Calabar”, livro de Fernando Conceição, nascido e criado no Calabar, fala sobre a luta política dos menos favorecidos. A obra serviu de inspiração para o lançamento do livro “Abre a Boca, Calabar”, com poesias das crianças do bairro. Esta publicação fala de alegria, de esperança, de valorização da comunidade e do orgulho de pertencer a este lugar. Trata-se de uma pequena contribuição que foi abraçada pela Biblioteca Comunitária. 9 Abre a boca, Calabar.indd 9 20/11/2012 00:47:40 Abre a Boca, Calabar 10 Abre a boca, Calabar.indd 10 20/11/2012 00:47:40 Abre a Boca, Calabar 11 Abre a boca, Calabar.indd 11 20/11/2012 00:47:40 Abre a Boca, Calabar Ser negro (Amanda Beirão) Ser negro! Não é escravidão Ser negro! Não é separação Quilombo?! Se esconder?! Ser negro é ser Zumbi dos Palmares Lutar pela sua dignidade Pela liberdade Pela igualdade Zumbi dos Palmar 12 Abre a boca, Calabar.indd 12 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar Onde eu moro, Calabar se chama (Amanda Beirão) A comunidade em que eu moro Se chama Calabar Tem muitas coisas boas Que eu quero comentar Tem a padaria Cujo pão é uma delícia Tem o Provida Que ajuda a melhorar Não posso me esquecer Do puro encanto Da Biblioteca Comunitária do Calabar Que é muito exemplar Ajuda a ler e escrever E também a recitar Vivo em um mundo de fantasias Mergulho em um livro de poesias E não quero mais parar Pois me acho muito alegre E uma menina exemplar Moro no Calabar E não tenho vergonha de falar Eu, joia rara Negra linda Do Calabar 13 Abre a boca, Calabar.indd 13 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar Sonhos (Amanda Beirão) Quem nunca tem sonhos? Todos têm direitos de sonhar Eu sonho, você sonha, nós sonhamos É um sonho inacreditável De esperança e fulgor É um sonho que nos faz viver É amor É um sonho que nos alerta Um sonho que nos desperta Um sonho que nos faz sonhar Mais e mais... 14 Abre a boca, Calabar.indd 14 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar Alguém (Amanda Beirão) Esperança de ser alguém? Como? Eu sou um sonho Uma vida, uma esperança Um alguém lutando por sua dignidade Direitos humanos e respeito Sim! Um alguém sonhando em chegar ao topo E dizer: Eu sou eu! Um alguém cheio de esperança Sonhos no coração E tendo a certeza de ser feliz. 15 Abre a boca, Calabar.indd 15 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar Pássaros Pássaros que voam Destemidos pelo ar Cantam livremente Assobiando sem parar Pássaros que voam Pelo imenso e livre céu Flutuam sobre a brisa E beijam a lua de mel Pássaros que voam Voam, voam, sem cansar Como é linda esta liberdade Pássaros felizes pelo ar Amanda Beirão é estudante do ensino médio, tem 17 anos e mora no Calabar. 16 Abre a boca, Calabar.indd 16 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar Negro ou negra Negro ou negra, eis a questão Palavra sem rima Frases sem vida Pra outros são Pra mim... Não! Palavras engraçadas Bem carismáticas De muita valorização Negro ou negra, eis a questão Tenho muito orgulho da minha cor Pois sou negra com amor Amo minha cor Negra linda com fervor Ariana Santos Veloso de Jesus tem 14 anos, mora no Calabar e é estudante do ensino fundamental: 8ª série. 17 Abre a boca, Calabar.indd 17 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar Calabar é minha vida (Bruna Santos de Jesus) Calabar, Calabar, Calabar, Calabar Calabar tem capoeira Calabar tem Biblioteca Nós temos que preservar o Calabar Não jogue lixo no chão Na Biblioteca tem livros de montão Para todos lerem Sem qualquer preocupação Tem gente e gente Que entra na Biblioteca E lê e lê E todo dia volta E relê e relê Calabar, Calabar É vida de todos nós! 18 Abre a boca, Calabar.indd 18 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar A janela A minha avó olhou na janela Viu uma panela na cabeça do meu avô E disse: - Esse é o meu amor! Sua netinha em outra janela Chorando pra se acabar Gritou: - Socorro, meu avô! - Meu avô vem me buscar! Bruna Santos de Jesus tem 13 anos, mora no Calabar e é estudante do ensino fundamental. 19 Abre a boca, Calabar.indd 19 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar Dança A dança me encanta Eu não me canso Ninguém se cansa Dançar é uma maravilha É uma das melhores coisas da vida Caique Neri Brito tem 22 anos, concluiu o Ensino Médio. 20 Abre a boca, Calabar.indd 20 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar Normal Passar mal por cólica Não conhecer a igreja católica Me aborrecer por paixão E desprezar a razão Caissa Pita Vasconcelos tem 26 anos, é estudante e mora no Calabar. 21 Abre a boca, Calabar.indd 21 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar O livro O livro! O livro é bonito! E ensina as pessoas a ler! Cauan Roque Almeida dos Santos tem 11 anos, é estudante do ensino fundamental e mora no Calabar. 22 Abre a boca, Calabar.indd 22 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar Amigos Amigo é tesouro Ouro puro e valioso Amigo é amor Joia rara de valor Amigo é paixão Está dentro do coração Crislanda Neves tem 15 anos, estudante do ensino fundamental e mora no Calabar. 23 Abre a boca, Calabar.indd 23 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar Da janela da minha casa Passa um casal feliz Passa um casal brigado Passa um bebum Passa um finado Passa um crente E um desesperado Daqui eu vejo muita coisa Lá vai o maluco figurão Várias latinhas na mão Atrás dele um monte de cães Cachorros vadios que nem o dono Sorri o nobre vagabundo Espanta-me esse sorriso É de dar inveja o figurão Minha janela é uma aventura Daqui não saio não Quem sabe não escrevo uma história bela Daqui da minha janela Eberton de Jesus tem 25 anos, é estudante do ensino superior e mora no Calabar. 24 Abre a boca, Calabar.indd 24 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar Bailarina (Ester da Silva Moraes) Me dá sua fantasia Chega logo, depressa Pra me dar sua fantasia Sua fantasia amarela Azul e branca Eu quero a rosa E a minha vida toda colorida. 25 Abre a boca, Calabar.indd 25 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar O mar e a praia O mar é o amor O carinho é a praia Quando a gente entra neles É a paixão, é o amor carinhoso! Ester da Silva Moraes tem 11 anos, estudante do ensino médio. 26 Abre a boca, Calabar.indd 26 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar Tempestade sedutora Caminha com seus traços sombrios Arrepia-me a alma Destrava-me meus instintos Emociona o meu olhar Dentes reluzentes Boca atraente Polui a minha mente Com esse jeito de andar Musa sedutora Tempestade avassaladora Passa na minha frente Devasta o meu pensar Nossa Senhora Firma com toda força Os pilares dessa terra Quando o nosso desejo se cruzar Fabio Neves Conceição tem 23 anos, concluiu o Ensino Médio e é morador do Calabar. 27 Abre a boca, Calabar.indd 27 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar O ratinho Era uma vez um ratinho Que gostava de comer pão bem quentinho E não gostavam de gatinhos Que faziam miauzinhos. Felipe Silva Beirão tem 12 anos, é estudante do ensino fundamental e morador do Calabar. 28 Abre a boca, Calabar.indd 28 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar No enrolar/ desenrolar da história/ nasce/ um corpo todo formado/ de barro molhado. Um corpo/ que não tem mão/ pé e nem coração. Mas ele anda/ voa e até tem emoção. Num inusitado movimento/ uma ideia passa/ e o corpo que/ era de barro molhado/ dá vida a uma/ carroça/ ‘retada’ a andar/ levando um casal de fósforos a namorar. De repente uma voz: filhos, o lanche está pronto! Os meninos entram/ lavam as mãos/ lancham e voltam a brincar. Gilson Assis tem curso superior de Pedagogia e mora no Calabar. 29 Abre a boca, Calabar.indd 29 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar Revelação A poesia não pode formar doutor Mas ameniza a dor, de toda essa gente Não dá luxo, nem conforto Mas pode expressar no rosto Muita satisfação A poesia não pune ladrão Apenas explica sua condição A poesia não mata fome Mas dá ao homem Um pouco do que faltou Poesia não dá dinheiro Porém, mostra o lado rico da vida Poesia revela da forma mais bela Toda miséria existente Busca sobreviventes Numa sociedade de emergentes Poesia não muda o mundo Mas pode tocar o fundo Da humanidade que tem sensibilidade Poesia não paga o pão Mas dá a sensação De profunda paz no coração. Iradir Pereira da Silva tem 45 anos, estuda Ciências Sociais na Universidade Federal da Bahia. 30 Abre a boca, Calabar.indd 30 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar Medo Tenho Tenho Tenho Tenho medo medo medo medo de do da da tudo mundo régua passarela Tenho medo de uma menina Chamada Gabriela Ela não tem medo de nada Mas eu tenho medo dela O medo é uma fantasia Que bate em todos nós Se não existisse medo Feliz seríamos todos nós. Isla Gabriele Santos de Oliveira tem 15 anos, mora no Calabar e é estudante do ensino médio. 31 Abre a boca, Calabar.indd 31 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar Quem sou eu? (Janaina Bonfim dos Santos) Da luta nasce a vitória Da resistência nasce o morar De um lugar que tem raízes na história Que é uma comunidade antes de ser Calabar Eu sou mais do que falam Sou além do que pensam Sou mais eu Sou mais quilombo Sou luta, sou coragem, sou dignidade. Meu povo é porreta É povo afro e brasileiro Sou Calabar Sou guerreira! 32 Abre a boca, Calabar.indd 32 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar Chega Cada vez que penso no que fez Meu coração encolhe Fica assim pequenininho Quase some Tudo me faz lembrar você Tudo me diz que preciso te esquecer Mas tudo que sei é te querer Tudo que te peço é Vai embora de uma vez Só assim desisto dessa barca furada Só assim eu entendo que acabou Chega de me iludir por nada Cansei de acreditar no amor Janaina Bonfim tem 20 anos, concluiu o Ensino Médio, é Agente Social da Coelba e mora no Calabar. 33 Abre a boca, Calabar.indd 33 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar Poesia Atenção! Atenção! Calabateca, escute o que vou lhe dizer Use o nosso Calabar Que é melhor para você Ande por onde você quiser Não tenha medo não O Calabar tem lugares de montão Tem a cooperativa Onde você pode costurar Tem a Creche do Calabar Onde você pode estudar Tem também a Biblioteca Que tem livro de montão Fadas, bichos, crianças Muitas coisas, meu irmão! O Calabar tem seus defeitos Que prefiro não comentar Mas também tem lugares perfeitos Onde muita gente quer morar Agora atenção no que eu vou dizer O Calabar tem muita criança feliz Que sonha com um mundo melhor Vamos construir esse sonho Vamos fazer um mundo melhor Calabar, eu te amo! Joyce Regia Dias da Silva tem 13 anos e é estudante do ensino fundamental. 34 Abre a boca, Calabar.indd 34 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar A flor Lorena Minha flor é bonita e brilha muito Ela é amarela E o nome dela é Lorena Minha flor não tem espinhos E o nome dela é Lorena É cheirosa e feliz! Julia Reis Bispo dos Santos tem 10 anos, está na 5ª série do ensino fundamental e mora no Calabar. 35 Abre a boca, Calabar.indd 35 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar Gente do Calabar (Jussara dos Santos) Olha aí, minha gente Como o Calabar está Mudando muitas coisas Pra você gostar Tem tanta coisa boa Aqui no Calabar Aproveite bastante Pra isso nunca mudar Tudo o que você pensa Só pode ser coisa boa Porque aqui no Calabar Nada é à toa Acho que já entendeu O que eu quis dizer Pois tudo que existe aqui Foi feito para você 36 Abre a boca, Calabar.indd 36 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar Palavras-chave Neste mundo tem uma palavra Que se chama educação Nela existe alegria Amor e união A união é o começo Para uma amizade É nela que se encontra A palavra felicidade Respeito É a palavra-chave Que todos nós devemos ter Porque sem o respeito Nada pode acontecer Amor é um sentimento Que todos nós sentimos Vem na inspiração E bate fundo no Coração Jussara dos Santos tem 16 anos, é estudante do ensino médio e mora no Calabar. 37 Abre a boca, Calabar.indd 37 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar O sapato do sapo (Kevin Carvalho dos Santos) O sapo encontrou um sapato O sapato é a casa dele O sapo não deixa Ninguém tocar na casa dele A espécie do sapo é sapo-boi. 38 Abre a boca, Calabar.indd 38 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar Uma só mãe (Kevin Carvalho dos Santos) Ela cuida do seu filho Que está doente de caxumba Que é transmitida pelo cachorro O cachorro é rottweiler O menino teve cura Mas a mãe dele morreu 39 Abre a boca, Calabar.indd 39 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar Oh! Leão! (Kevin Carvalho dos Santos) O leão é o rei da selva Ele pediu a leoa em casamento Eles tiveram uma filha E um filho O filho era doente mental Ele conseguiu se recuperar Mas morreu assim mesmo 40 Abre a boca, Calabar.indd 40 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar Amor e paixão O amor é tão lindo que parece um trovão Trovão, trovão. Quando vem rápido é a paixão Que fura o meu coração! Kevin Carvalho dos Santos tem 8 anos, mora no Calabar e é estudante do ensino fundamental. 41 Abre a boca, Calabar.indd 41 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar A vida A vida Coisa gostosa de viver Tem vezes que faz a gente sofrer Mas o que seria da vida sem sentimentos Tristes e alegres? Viver a vida não é apenas sonhar Mas, sim, cada sonho realizar Vida é coisa sem explicação Mas sei que está dentro do meu coração! Keyla Trigueiros Rodrigues dos Santos tem 16 anos e é estudante do ensino médio. 42 Abre a boca, Calabar.indd 42 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar Minha viola Minha viola querida Meu dom, minha vida Toca, toca sem parar E acompanha a voz a cantar Viola instrumento gostoso Que dá o ritmo para o povo Viola que transforma a canção Que agita a multidão Minha viola querida Um bem na minha vida Deslizo o meu dedo sem parar E a canção não vai continuar Viola querida O amor da minha vida Leonardo Conceição tem 20 anos, concluiu o Ensino Médio e mora no Calabar. 43 Abre a boca, Calabar.indd 43 20/11/2012 00:47:41 Abre a Boca, Calabar O passarinho bonito O passarinho é bonito Ele é amarelo Ele gosta de ficar solto O homem soltou o passarinho da gaiola Porque o passarinho Não pode ficar preso Ele pode morrer! O passarinho tem que ficar solto Na árvore e com outros pássaros Voando, voando Até na beira do mar. Lucas Santos da Silva mora no Calabar, tem 9 anos, mora no Calabar e é estudante do ensino fundamental. 44 Abre a boca, Calabar.indd 44 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar Amor que dói Sentimento arrasador Preenche vazio Aquece o frio Mas causa dor Detentor do meu coração Despreza minha razão Faz suar frio Minhas mãos Me lança ao fundo da solidão De onde vem a sua força, amor? Eu preciso do teu calor Mas de ti colho mais espinhos Do que cheiro de flor Amor que dói Constrói e destrói Destrói mais que constrói Mas sem ti não sem viver. Lucilene Lima Pires tem 28 anos, concluiu o Ensino Médio, trabalha como Caixa de loja e mora no Alto das Pombas. 45 Abre a boca, Calabar.indd 45 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar Troca de presentes O meu aniversário É no mesmo dia do da minha avó Só que na confusão Houve troca de presentes Eu ganhei uma dentadura E minha avó Um carro e um xodó. Luís Henrique Beirão Santos tem 13 anos, mora no Calabar, faz parte do Grupo de Poesia Calabar Força Total e é estudante do ensino médio. 46 Abre a boca, Calabar.indd 46 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar Vagalumes A noite está estrelada As estrelas estão brilhando No céu tem uma linda lua Durante a noite Os vagalumes acendem as luzes piscando Eu gosto de vagalumes Quando eles caem no chão E quando as lâmpadas se quebram Vão nas casas das pessoas E colocam outras no lugar. Luís Maurício dos Reis Soledade tem 9 anos e é estudante do ensino fundamental. 47 Abre a boca, Calabar.indd 47 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar Conversa com a Biblioteca Comunitária do Calabar a partir da prosa poética do menino Samuel A inspiração é: “A praça é linda como uma porta e os olhos das pessoas são dos livros” A resposta-respiração é: - Através da porta, você encontra o mundo. E os livros que você olha são folhas para todo fruto. Marcos Peralta e Joara Ledoux são poetas e ativistas culturais que sempre estão presentes nos movimentos e encontros no Calabar. Fazem parte do coletivo Poesia Além das Sete Praças. 48 Abre a boca, Calabar.indd 48 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar Calabar Ah! Que saudades, Calabar! Fico tão emocionado Só de te recordar Não calaria jamais Falaria até o sol raiar Foi muito marcante Foi porco te torturar Mas disso Não quero mais lembrar Terra de gente bacana Lugar de gente importante Foi palco de muitas E muitas lutas E trabalho de gente valente Desde os meus ascendentes Sua cultura gerou sementes Em um cantinho do Brasil O mundo inteiro ouviu falar Nasci, cresci neste lugar Aprendi muitas coisas boas E muitas vou guardar Eta! Calabar! A sua fama de bravuras Ainda vai dar o que falar O meu obrigado aqui eu deixo Para um grande cortejar. Marcos Vinicius mora no Calabar. 49 Abre a boca, Calabar.indd 49 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar O Calabar O Calabar é um lugar muito colorido Todo mundo brinca nele Todos andam sorrindo O Calabar é um bairro Lindo de se morar Todo mundo mora nele E não mora em outro lugar O Calabar é um bairro Que fica em Salvador Todo mundo mora nele Mas não o tratam com amor. Maria do Carmo Abade Bento tem 17 anos, mora no Calabar e fez parte do Grupo de Poesia 100% Calabar, estudante do ensino médio. 50 Abre a boca, Calabar.indd 50 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar Anjo (Maria Luiza Lacerda) Anjo não tem racismo Anjo não tem racismo Falar de negro ou branco Anjo não tem racismo Falar de ser branquinho Amarelo Preto Ou qualquer cor Porque anjo é de Deus Seja um anjo também. 51 Abre a boca, Calabar.indd 51 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar Gosto dos animais Eu gosto dos animais Porque eles são companheiros São arteiros! Dão muita força pra gente! Tem vezes que eles são traquinos Tem vezes que eles gostam de brincar E também adoram pular Eu gosto muito dos cachorros Porque são brincalhões e inteligentes! Maria Luiza Lacerda tem 10 anos e é estudante do ensino fundamental. 52 Abre a boca, Calabar.indd 52 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar Reflexão para a vida Sempre foi nos ensinado a Felicidade buscar Mas esqueceram de falar Que dentro de nós ela já está. Sentimentos se misturam Emoções são afloradas Porém o que o ser humano quer É amar e ser amado. Compreensão é necessário Para a vida caminhar Vamos juntos meus amigos O tempo não pode esperar. Rir é o melhor remédio Se este é a nossa cura Para que se torturar Ria, gargalhe e tudo, tudo passará. Para concluir o pensamento Solicito atenção Quem quiser viver plenamente Abra a mente e o coração. Mel Oliveira é moradora do Calabar. 53 Abre a boca, Calabar.indd 53 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar Calabar sou eu Eu tenho uma coisa Que quero te contar Se não fosse nosso povo Não existiria Calabar Eu tenho um segredo Que quero te contar Se não fosse o Calabar Onde eu iria morar? Eu tenho um sorriso Um sorriso ‘colgate’ Eu tenho o Calabar Que mora na minha felicidade A Biblioteca do Calabar Tem vários livros pra gente ler Quanto mais nós lemos Mais iremos aprender Eu gosto de ler Eu gosto de aprender Se não fosse a Biblioteca do Calabar Onde eu iria ler? Milena Borges dos Santos tem 16 anos, mora no Calabar e é estudante do ensino médio. 54 Abre a boca, Calabar.indd 54 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar Amor de mãe (Nadson Almeida Beirão) Sei que você me dá minha vida É você que me dá amor É você que me dá paixão É você que me dá carinho Que alegra meu coração Você é a chave do meu futuro Que me leva a ser feliz. 55 Abre a boca, Calabar.indd 55 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar Amor Amor é dado de graça Invento as noites mais frias Tudo que eu queria Era incorporar o amor à poesia Você é tão pequena Para te encontrar no meio dessa imensidão Tudo o que eu queria Era falar bem alto que amo teu coração Nadson Almeida Beirão tem 15 anos, mora no Calabar e é estudante do ensino médio. 56 Abre a boca, Calabar.indd 56 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar O grilo O grilo casou com a ‘grila’ Aí depois descasou Coitado do grilo Que se esborrachou A ‘grila’ se arrependeu Depois se casou de novo Teve dois filhos Que queriam ser poetas Aí o pai disse ao poeta ‘poetista’: - Você é meu irmão Se liga, meu irmão Você gosta de ser poeta! Nicolas Dias da Silva tem 11 anos e é estudante do ensino fundamental. 57 Abre a boca, Calabar.indd 57 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar Menina toda especial Era uma menina Muito “pintona!” e dançarina Ria muito e só falava NÃO! Ela era muito especial Mesmo sendo traquina E como gosta de dizer NÃO! - NÃO! NÃO! NÃO! Quer conhecer esta menina? Um dia! Nubia Trigueiros Rodrigues tem 37 anos, tem ensino médio completo. 58 Abre a boca, Calabar.indd 58 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar Calabar pra recitar (Rafael Beirão Dantas) Vamos, minha gente Se aproxime do Calabar Porque vai ter muitas brincadeiras Pra você brincar. Vamos, minha gente Se aproxime pra recitar Porque muitas poesias A gente vai declamar. Vai, vai, Luciana Vai logo recitar Porque muitas poesias A gente pode conquistar. 59 Abre a boca, Calabar.indd 59 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar Poeta (Rafael Beirão Dantas) Eu sou poeta Para ser poeta Geralmente é preciso saber ler E também saber escrever Mas vou te dizer Que é preciso saber também Rimar poesia Eu rimo Mas não vou te dizer por quê Essa poesia é para você Me diga se você que ler. 60 Abre a boca, Calabar.indd 60 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar O menino de ouro O menino de ouro Está brincando com seus colegas De repente o sol se abriu E ele começou a virar ouro Quando ele vira ouro Os meninos gostam ainda mais de ficar com ele Os meninos pensam que ele é uma barra de ouro Quando não tem sol Ele só fica em casa estudando Esperando o sol aparecer Para se transformar em ouro Mas só que ele não sabe Que realmente ele é um menino de ouro. Rafael Beirão Dantas tem 15 anos, está na 8ª série e mora no Calabar. 61 Abre a boca, Calabar.indd 61 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar O alfabeto até o “s” Com Com Com Com (A) escrevo amor (B) escrevo baixinho (C) escrevo carinho (D) escrevo dedinho Com Com Com Com (E) escrevo esperança (F) escrevo fofinho (G) escrevo gatinho (H) escrevo homenzinho Com Com Com Com (I) escrevo igualdade (J) escrevo juventude (L) escrevo leitinho (M) escrevo menininho Com Com Com Com (N) escrevo narizinho (O) escrevo orgulho (P) escrevo pintinho (Q) escrevo queijinho Com (R) escrevo rainha Com você não me Sinto Sozinha Rafaela Beirão Dantas tem 13 anos, está na 7ª série e mora no Calabar. 62 Abre a boca, Calabar.indd 62 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar Calabar (Raiane Beirão Dantas) Calabar, Calabar Entre nesse Calabar Para poder entrar na poesia Calabar tem muitas coisas Entre na Biblioteca E leia uma poesia Eu vou para biblioteca Para recitar poesia. 63 Abre a boca, Calabar.indd 63 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar Bonecos e bonecas Um dia eu vi um boneco Encontrei na rua e peguei Minha mãe gostou E eu me alegrei! Eu levei o boneco para a praia E achei uma boneca Minha mãe também gostou E eu me alegrei Levei os dois para a praia E comecei a achar bonecos e bonecas! Raiane Beirão Dantas tem 10 anos, está na 5ª série, estuda na Escola Municipal Allan Kardeck. 64 Abre a boca, Calabar.indd 64 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar Raí, negra do Calabar (Rayla Bispo Nascimento) O Calabar é feliz E cheio de brincadeiras O Calabar é um lugar Cheio de crianças Cheio de animações Principalmente de esperança O Calabar também tem violência Tem mortes, tráfico e brigas E quando acaba a sorte Tudo acaba em morte Conhecendo o Calabar Não sei se ele é bravo Mas sei que é bonito Moro no Calabar Sou uma linda negra do Calabar O Calabar pode ser bravo Mas isso não vai me intimidar Pois nada vai me tirar do Calabar Verde é verde Rosa é rosa O Calabar é a flor Mais cheirosa 65 Abre a boca, Calabar.indd 65 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar A Gatinha Mimi A gatinha Mimi é muito fofinha Branquinha, gatinha e lindinha A gatinha Mimi é muito esperta É corajosa e também orgulhosa A gatinha Mimi não tem experiência Mas tem inteligência Essa gatinha É a mais problemática que já vi Rayla Bispo Nascimento tem 15 anos, mora no Calabar e é estudante do ensino fundamental. 66 Abre a boca, Calabar.indd 66 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar O gatinho (Rebeca Trigueiros Rodrigues dos Santos) Era um gatinho Muito fofinho Que tomava leite no copinho Que gatinho guloso e preguiçoso Quer beber mais leite E acaba acordando de noite 67 Abre a boca, Calabar.indd 67 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar Meu gatinho Tenho um gatinho De pelo preto e branco De olhos azuis, bigodes E pés bem escondidinhos Rebeca Trigueiros Rodrigues dos Santos tem 12 anos, mora no Calabar e é estudante do ensino fundamental. 68 Abre a boca, Calabar.indd 68 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar Doce menina Doce Singela Leve, suave, Cinderela Qual a razão da existência dela Se não o meu viver Doce Sutil, Amável, carinhosa, amorosa Qual a razão da sua existência Se não a de deixar minha vida saborosa Doce Guria, menina, me incentivou Qual a razão da sua existência Senão a de ser o meu amor Oxe, se não fosse você Meu doce, como iria viver? Robespierre Dantas tem 25 anos, faz pós-graduação em Análise de Sistema e é professor universitário. 69 Abre a boca, Calabar.indd 69 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar Querer e não querer (Rodrigo Rocha Pita) Não quero mais... A rotina fatigada Que a mente esmaga E amplia a solidão Quero o tropeço do cego A andar no mundo incerto Destemido na imensidão Não quero mais... Sofrer em silêncio sozinho Mascarar a dor que destrói Chorar no vazio só Quero... Falar que estou sentindo dor Dizer que preciso de amor Eternizar o pôr do sol Não quero mais... A força ilusória que sempre me guiou A soberba egocêntrica que disfarça a minha dor A segurança insegura do calar Quero... A vida repleta de incerteza A loucura cheia de nobreza 70 Abre a boca, Calabar.indd 70 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar A coragem incerta do falar Quero... Amar e dizer que amo Poder chorar em algum ombro Viver sem medo de errar Não quero mais... A hombridade que me mata Nem a obrigatoriedade que me devasta E a solidão que escolhi pra nada Quero Quero Quero Quero Quero Quero sim o fortuito que liberta contar com a sorte destemer a morte ser útil na vida incerta! esquecer o não querer o querer sem temer. E quando o medo chegar Irá se incorporar em mim Nelson Mandela, Zumbi, Martin Luther King E terei força para lutar Talvez eu não seja tão forte Mas, enfrentarei a morte Buscarei... sim! Eu buscarei! Um mundo melhor E se os mesmos perseguidores Usarem contra nós os traidores A dura pena nos vencerá Pois o sofrimento do nosso povo Me motivará 71 Abre a boca, Calabar.indd 71 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar E quando o medo chegar Irá se incorporar em mim Nelson Mandela, Zumbi, Martin Luther King E terei força para lutar Não posso mais ver os traidores Que migalham um poder ilusório Despejar sobre nós o ódio da cúpula Que não quer nos ceder dignidade Não posso mais ver um cidadão de bem 72 Abre a boca, Calabar.indd 72 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar Pela libertação do medo O que fazer diante de tanta injustiça e humilhação? Infelizmente não sou super-homem. Sou um homem comum como todos os outros. E o inimigo é forte e tem sede de sangue. Não tenho peito de aço e nem arma mortal Não fico invisível nem sou imortal... Minha força vem do passado Pois não tiveram medo Nem ficaram calados Os simples soldados que um dia acreditaram Então, não tentem me calar Nem me comprar Nem me amedrontar Não! Não! Não! Jamais aceitarei a injustiça Muito menos a humilhação A morte será mais honrosa Se esgotar a opção Levar bofetada na cara sem ao menos se explicar Não somos suspeitos desde que provemos o contrário Somos vítimas por sermos estereotipados E falarei bem alto para todos: - “Não esqueçam do legado que deixaram nossos antepassados! Pois se não fossem por eles ainda estaríamos colonizados Acorrentados, chicoteados, calados, sujos e 73 Abre a boca, Calabar.indd 73 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar maltratados” ! - “Não esqueçam! Libertamo-nos das correntes, Mas, ainda somos escravos do medo!” E quando esse medo chegar Irá se incorporar em mim Nelson Mandela, Zumbi, Martin Luther King E terei forças para lutar Rodrigo Rocha Pita, graduado em Administração de empresas, presidente da Associação Ideologia Calabar e coordenador da Biblioteca Comunitária do Calabar. 74 Abre a boca, Calabar.indd 74 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar A praça (Samuel dos Santos Moraes) A praça é linda como uma porta E os olhos das pessoas são dos livros 75 Abre a boca, Calabar.indd 75 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar O acidente Um homem estava atravessando a rua De repente, um ônibus grande atropelou o homem Essa queda foi feia! Atropelou e bateu de vez A SAMU apareceu e levou o homem para o hospital O coração dele bateu Bateu, bateu, e ele viveu. Samuel dos Santos Moraes tem 9 anos e é estudante do ensino fundamental. 76 Abre a boca, Calabar.indd 76 20/11/2012 00:47:42 Abre a Boca, Calabar Rap do Calabar (Tacila Cerqueira) O Calabar é o que é O Calabar é o que é Ele é um bairro muito admirável É meio ‘pobrinho’ e também tem espinhos O inferno é na Terra Mas não é no Calabar Com certeza é em outro lugar Não se esqueça, meu irmão O Calabar é um bairro Fique ligado! Fique ligado! O Calabar é um bairro engraçado Fique Ligado! Fique ligado! Preste atenção, não desligue a televisão O Calabar vai passar Muito limpinho sem lama e espinho. Meu irmão, eu fiz essa canção Para homenagear o bairro do Calabar Que está dentro do meu coração E para sempre vai estar. Calabar! Calabar! 77 Abre a boca, Calabar.indd 77 20/11/2012 00:47:43 Abre a Boca, Calabar Brasil (Tacila Cerqueira) Brasil de cores Diversos sabores Com muitos amores Esse é nosso Brasil Que um dia foi explorado Que um dia foi massacrado Esse é o nosso Brasil De crenças, danças Músicas e alianças Esse é o meu Brasil Que um dia lutou Que um dia batalhou Esse é o nosso Brasil! Um Brasil de todos Onde todos fazem sua parte Criando histórias E mostrando sua arte Esse é o nosso Brasil De cultura, de amor e de esperança E vem acompanhado pela dança Pagode, axé, hip hop, reggae, samba Vários ritmos Situados em um só Brasil Brasil... Um país de todos! 78 Abre a boca, Calabar.indd 78 20/11/2012 00:47:43 Abre a Boca, Calabar Negro do passado Negro Negro Negro Negro maltratado humilhado desprezado muito cansado Nos barcos sem sinal de mediação Eram como animais Que só comiam ração E a febre amarela surgia E todos morriam Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres maltratadas abusadas como lixo como sucata Mas um dia vai acabar E todos vão falar Racismo não! Não existe mais escravidão Negro maltratado Negro humilhado Negro desprezado Só no passado Tacila dos Santos Cerqueira tem 16 anos, mora no Calabar e é estudante do ensino médio. 79 Abre a boca, Calabar.indd 79 20/11/2012 00:47:43 Abre a Boca, Calabar Calabar O Calabar é um lugar Que merece respeito Por toda sua gente Não importa se é branco Ou se é negro Deus criou o mundo E também o Calabar O Calabar é abençoado Por Cristo, Jeová. Por isso Eu digo a vocês Respeitem o nosso bairro Pois ele merece Muito amor e cuidado Tainá Silva é moradora no Calabar. 80 Abre a boca, Calabar.indd 80 20/11/2012 00:47:43 Abre a Boca, Calabar Sentimento (Talita Trigueiros Rodrigues) Quando eu falo poesia A minha alma pula de alegria Eu me emociono Ao saber que estou recitando Algo que vem de dentro Com sentimento Não sei como dizer Nem como explicar Só sei que estou aqui Para recitar 81 Abre a boca, Calabar.indd 81 20/11/2012 00:47:43 Abre a Boca, Calabar O Calabar (Talita Trigueiros Rodrigues) Em Salvador existe um bairro que se chama Calabar Nele vive muita gente Alegre a cantar O Calabar é um exemplo de bairro Mesmo tendo violência Não veja como problema Veja como experiência O Calabar procura sempre ajudar As pessoas que querem trabalhar O Calabar pode ser ponto turístico Onde todos possam olhar E não somente apontar O Calabar tem muita gente trabalhadora Seja de qualquer religião Seja de qualquer bandeira 82 Abre a boca, Calabar.indd 82 20/11/2012 00:47:43 Abre a Boca, Calabar Negra do Calabar (Talita Trigueiros Rodrigues) Negra Negra Negra Negra que que que que mora no Calabar vive alegre a cantar gosta de estudar gosta de trabalhar Se há algum problema Essa negra vai resolver Não se mete em confusão Está sempre com você Essa negra quer vencer na vida Com amor e união Com sinceridade e dedicação Sou uma negra Moradora do Calabar E tenho orgulho da minha cor Negra! Negra! 83 Abre a boca, Calabar.indd 83 20/11/2012 00:47:43 Abre a Boca, Calabar Espelho Quando me olho no espelho Vejo um rosto alegre E às vezes triste Às vezes chorando Olhos castanhos Bem escuros tenho Boca que fala; que fala a verdade Cabelos escuros, encaracolados Vejo o meu nariz afinado, respirando Profundamente o ar da natureza Vejo minha orelha que escuta O som do passarinho Que canta pela manhã Os dentes tão brancos Que mostram um sorriso alegre Mãos que só pegam aquilo que é bom Pés que só andam no caminho do bem Vejo-me assim no espelho Talita Trigueiros Rodrigues dos Santos tem 14 anos, mora no Calabar e é estudante do ensino fundamental. 84 Abre a boca, Calabar.indd 84 20/11/2012 00:47:43 Abre a Boca, Calabar Negra eu sou Negra eu sou E tenho orgulho de falar Não importa o racismo Que os outros vivem a alimentar Negra eu sou E não tenho vergonha de falar Moro no Calabar Que é um bairro bom de morar Negra eu sou E vim para falar Que negra eu sou E negra vou morrer E ninguém vai tirar de mim O orgulho de ser uma pérola negra Muito feliz! Tamires Araujo tem 17 anos, mora no Calabar e é estudante do ensino médio. 85 Abre a boca, Calabar.indd 85 20/11/2012 00:47:43 Abre a Boca, Calabar Menino pequenino (Tarcisio Trigueiros Rodrigues) Um dia vi um menino pequenino Jogando bola com os outros meninos A bola era grande E ele pequenino Quando ele chutou a bola Foi diminuindo, diminuindo E ficou ainda mais pequenino 86 Abre a boca, Calabar.indd 86 20/11/2012 00:47:43 Abre a Boca, Calabar O menino alto Era uma vez um menino alto Que quando corria Sua cabeça batia nos fios de energia, Que quando corria Suas pernas encostavam bem na sua testa Ele não podia pegar ônibus Nem podia pegar táxi Pois não cabia neles Coitado do menino alto! Nada cabia nele e ele não cabia em nada. Tarcísio Trigueiros Rodrigues dos Santos tem 14 anos, mora no Calabar e é estudante do ensino fundamental. 87 Abre a boca, Calabar.indd 87 20/11/2012 00:47:43 Abre a Boca, Calabar Essa negra (Tayná Trigueiros Rodrigues) Ah, essa negra que vem Sapateando pela rua Com tanta beleza Ela entra no Calabar Começa a sambar E os negros começam a olhar E vão batendo palmas dizendo: Negrinha! Negrinha! Negrinha de mega-hair Vem cá, vem cá Que eu quero te abraçar Negrinha linda do Calabar. 88 Abre a boca, Calabar.indd 88 20/11/2012 00:47:43 Abre a Boca, Calabar A parede pintada (Tayná Trigueiros Rodrigues) A parede pintada Com formato de pão A parede pintada Com formato de pão Com livros de leitura E poesia Eu viajo com a minha imaginação A parede pintada Com formato de pão A parede pintada Com formato de pão. No pão Eu passo manteiga E o como com café quentinho Oh, que delícia o pedaço de pão! 89 Abre a boca, Calabar.indd 89 20/11/2012 00:47:43 Abre a Boca, Calabar A caneta azul Que saudade da caneta azul Quanto mais eu escrevia Com aquela caneta azul Mais tinta eu tinha Ah! Caneta azul! Que caneta azul! De tanto escrever Pensei que a tinta acabou Não era verdade Tinta tinha naquela caneta azul Parecia magia Aquela caneta azul Tayná Trigueiros Rodrigues tem 17 anos, mora no Calabar e é estudante do ensino médio. 90 Abre a boca, Calabar.indd 90 20/11/2012 00:47:43 Abre a Boca, Calabar A flor (Wesley dos Santos Lopes) Eu sou uma florzinha Linda como o mar Meu coração é cheio de amor Amor! Amor! Amor! Amo como uma flor O amor é muito esperto Como o beija-flor Eu amo tanto o beija-flor Com muito amor! 91 Abre a boca, Calabar.indd 91 20/11/2012 00:47:43 Abre a Boca, Calabar Meu aniversário No meu aniversário tem: Bolo, guaraná, beijinho, Pizza, casadinho e salgadinho. Meu aniversário é muito bom! Todo mundo gosta Todo mundo se diverte! Tem danças, brincadeiras! Palhaços, pula-pula. Ganho muitos presentes. Neste ano No dia meu aniversário Ganhei um celular que minha mãe me deu Eu adoooorei! Wesley dos Santos Lopes tem 12 anos, mora no Calabar e é estudante do ensino fundamental. 92 Abre a boca, Calabar.indd 92 20/11/2012 00:47:43 Abre a Boca, Calabar 93 Abre a boca, Calabar.indd 93 20/11/2012 00:47:43 Abre a Boca, Calabar 94 Abre a boca, Calabar.indd 94 20/11/2012 00:47:43 Abre a Boca, Calabar CURRÍCULO DO ORGANIZADOR VALDECK ALMEIDA DE JESUS é jornalista, escritor, poeta e funcionário público federal. Nasceu em 15 de fevereiro de 1966, na cidade de Jequié-BA, onde viveu até os seis anos de idade. Nessa época, foi residir na Fazenda Turmalina (região de Itagibá-BA), onde continuou a estudar em escola pública até os 12 anos. Aluno exemplar, retornou a Jequié-BA para se matricular na 5ª série do primeiro grau, também em escola pública. Ingressou nas Faculdades de Enfermagem e de Letras, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, em 1990, e na Faculdade de Turismo, na Faculdade São Salvador, não tendo concluído os respectivos cursos. Formou-se em Jornalismo pela Faculdade Social da Bahia. Reside em Salvador, desde fevereiro de 1993. Na capital, fez cursos de Informática, Teatro, Relações Humanas e Fotografia. Estudou, ainda, Espanhol em Madri (Espanha), Santa Elena de Uairen (Venezuela), Puerto Iguazu (Argentina), Ciudad del Este (Paraguay) e La Habana (Cuba), e Inglês, em Salvador, complementado por curso intensivo em Nova York, Estados Unidos. Prêmios Literários: a) 1° Lugar no concurso sobre Paralisia Infantil, promovido pela Diretoria Regional de Saúde de Jequié-BA, em conjunto com o programa Mendes Show Dez, da Rádio Baiana de Jequié. Junho de 1982; b) 2º Lugar no concurso de redação em homenagem ao segundo aniversário do jornal Sudoeste, de Jequié-BA, em julho de 1989; c) menção Honrosa em 1989 no 1° Concurso Nacional de Poesia, promovido pelo Instituto Internacional da Poesia, de Porto Alegre-RS; 95 Abre a boca, Calabar.indd 95 20/11/2012 00:47:43 Abre a Boca, Calabar d) menção Honrosa no Concurso Literário Oswald de Andrade, promovido pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, em 1990, na cidade de Jequié-BA; e) classificação no concurso literário Bahia de Todas as Letras, promovido pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), em Ilhéus-Ba, no ano de 2007, com o conto “Eu e o Word”, com nota 7 (sete); f) classificação no concurso literário realizado pelo Sindicato dos Trabalhadores no Poder Judiciário Federal da Bahia, com a crônica “Alice”, no ano de 2007, em Salvador-BA; g) destaque no XII Concurso de Poesias, Contos e Crônicas realizado em 2007 pela ALPAS XXI, em Cruz Alta-RS com o texto “Minha paixão por livros”; h) Prêmio Luiz Mott de Cidadania 2008, pelo conjunto da obra, na defesa dos direitos humanos e dos homossexuais, em indicação feita pelo Glich – Grupo Liberdade, Igualdade e Cidadania Homossexual, de Feira de Santana-BA; i) medalha de agradecimento e homenagem por incentivar a leitura. Outorgante: Biblioteca Comunitária do Calabar e Avante – Educação e Mobilização Social. Premiação: agosto de 2009; j) medalha Hermano Gouveia Neto, por incentivo à leitura, no projeto Resgatando a Seliba 2009. Outorgante: Colégio Cecília, de Simões Filho-BA; k) nomeado Embaixador Universal da Paz, pelo Círculo dos Embaixadores da Paz da Suíça e França, em 20 de janeiro de 2010, em Genebra, Suíça. l) classificado no concurso “Água – Recurso Durável”, realizado pelo Teatro Vila Velha, com o poema “Rio das Contas”, publicado em cartão-postal e distribuído em Salvador-BA, em 96 Abre a boca, Calabar.indd 96 20/11/2012 00:47:43 Abre a Boca, Calabar janeiro de 2010. m) homenageado pelo projeto Alma Brasileira, com diploma e medalha de honra ao mérito literário, por incentivar a literatura brasileira através de concursos, durante o Fórum Social Mundial Temático - Bahia, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, em janeiro de 2010. Participa das antologias: “Poetas Brasileiros de Hoje –1984”, Shogun Arte, Rio de Janeiro-RJ, 1984; “Transcendental”, publicado em Salvador em 1996, pela Editora Gráfica da Bahia; “II Antologia Cultural: 500 Anos de Língua Portuguesa no Brasil”, Clube de Letras, Barra Bonita-SP, 2005; “Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos 14º volume”, Câmara Brasileira de Jovens Escritores, Rio de Janeiro-RJ, 2005; “Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos 15º volume”, Câmara Brasileira de Jovens Escritores, Rio de Janeiro-RJ, 2005; “Letras Libertas - Contos, Crônicas e Poesias - Vol 2”, Ilha das Letras, Santa Catarina, 2005; “XV Concurso Internacional Literário de Verão”, Agiraldo, São Paulo-SP, 2005; “Palavras que Falam”, Scortecci, São Paulo-SP, 2005; “Todas as Formas de Amar”, Casa do Novo Autor, São PauloSP, 2005; 97 Abre a boca, Calabar.indd 97 20/11/2012 00:47:43 Abre a Boca, Calabar “O Amor na Literatura”, São Paulo-SP, Casa do Novo Autor, 2005; “Livro de Ouro da Poesia Brasileira Contemporânea”, Câmara Brasileira do Jovem Escritor, Rio de Janeiro-RJ, 2005; “VII Antologia Nau Literária”, Komedi, São Paulo-SP, 2005; “Ensaios Poéticos”, Academia Virtual Brasileira de Letras, 2005; “Poetry Vibes”, Poetry Vibes, Ohio, USA, 2005; “Ação e Reação. Pequenos Contos”, AVBL, São Paulo-SP, 2005 (livro eletrônico); “Ensaio Poético. Natureza. Vida”, AVBL, São Paulo-SP, 2005 (livro eletrônico); “Meu País é Este”, AVBL, São Paulo-SP, 2005 (livro eletrônico); “20 Anos de Poesia – Caderno 32”, Oficina, Rio de Janeiro-RJ, 2005; “Pérgula Literária – VII”, EVSA, Rio de Janeiro-RJ, 2005; “Sangue, Suor e Lágrimas”, Arnaldo Giraldo, São Paulo-SP, 2006; “Palavras Libertas”, Roma, Uberlândia-MG, 2007; “Amor, Sublime Amor”, Litteris, Rio de Janeiro-RJ, 2006; “XI Coletânea Komedi”, Komedi, Campinas-SP, 2007; “Letras Intimistas”, aBrace, Montevidéu (Uruguay), 2007; “Primavera de 2006 – Inverno de 2007”, Via Litterarum e 98 Abre a boca, Calabar.indd 98 20/11/2012 00:47:43 Abre a Boca, Calabar Editus (UESC), Itabuna-Ilhéus-BA, 2007; “Retratos Urbanos”, Andross, São Paulo-SP, 2008. “Poemas e Outros Encantos: nova coletânea”, Edir Barbosa Editor, Teixeiras-MG, 2008. “Elo de Palavras”, Scortecci, São Paulo-SP, 2008. “Poesia do Brasil – volume 8”, Proyecto Cultural Sur – Brasil. Grafite, Porto Alegre-RS, 2008. “Coletânea dos 44 melhores poemas de 2008”, 2º Concurso de poesia ABRACI. IMOS, Rio de Janeiro-RJ, 2008. “Antologia Del Secchi – volume XVIII”. Org. Roberto de Castro Del’Secchi. DELSECCHI Editora, Rio de Janeiro-RJ, 2008. “Livro de Todos: o mistério do texto roubado”, coordenação Imprensa Oficial, São Paulo-SP, 2008. “Salvador: 460 anos de poesia”. Organizador Roberto Leal – Omnira, Salvador-BA, 2008. “Poetas Del Mundo em Poesias”, Volume I, Gibim, Campo Grande-MS, 2008. “Universo Paulistano. Contos, Crônicas e Poemas de Uma Cidade que Nunca Dorme”, Organizadores Edson Rossato e Carlos Francisco de Morais, Andross, São Paulo-SP, 2009. “XIII Coletânea Komedi”. Komedi, Campinas-SP, 2009. “Contos e Crônicas para Viagem”, Bruno Resende e Edir Barbosa (orgs.), Viçosa, Edir Barbosa Editor, Viçosa-MG, 2009. “O que é que a Bahia tem”, Litteris, Rio de Janeiro-RJ, 2009. “Comendadores da Ordem do Dragão Dourado – Antologia Poética”, Real Academia de Letras, Porto Alegre-RS, 2009. 99 Abre a boca, Calabar.indd 99 20/11/2012 00:47:43 Abre a Boca, Calabar “Ecos Machadianos”, Bureau Gráfica e Editora, Salvador-BA, 2009. “Latinidade poética”, All Print Editora, São Paulo-SP, 2009. “IV Coletânea – Poesia, Crônica e Conto 2009”, Tecnicópias, Canoas-RS, 2009. “Vozes de Aço – IV Antologia Poética de Diversos Autores”, Volta Redonda-RJ, PoeArt Editora, 2009. “Antologia Alma Brasileira”, Folha da Baixada, Praia GrandeSP, 2009. “Contos, Crônicas e Artigos”, Fundação Omnira, Salvador-BA, 2009. “Antologia Cidade Literária”, L&A Editores, Belém-PA, 2009. “Projeto Literário Delicata IV – Poesias, Contos, Crônicas”, Scortecci, São Paulo-SP, 2009. “Livre Pensar Literário – Coletânea de escritores contemporâneos”, Edir Barbosa Editor, Viçosa-MG, 2010. “Ecos Castroalvinos – Coletânea de Verso e Prosa”, ArtPoesia, Salvador-BA, 2010. Antologia “Fala Escritor em Prosa e Verso”, Virtual Books, Pará de Minas-MG, 2010. Antologia “Alma Brasileira – Edição Especial Dia das Mães”, Virtual Books, Pará de Minas-MG, 2010; “Caderno Literário Pragmatha 3 – Meio Ambiente”, Porto Alegre: Pragmatha, 2010; “Carta ao Presidente - o que pensa o brasileiro no século XXI”, São Paulo: Scortecci, 2010; 100 Abre a boca, Calabar.indd 100 20/11/2012 00:47:43 Abre a Boca, Calabar “Poesia & Conto para todos os Cantos”, Salvador: Omnira, 2010; “IV Antologia Beco dos Poetas”, São Paulo: Grupo Editorial Beco dos Poetas, 2010; “Antologia Del’Secchi – Volume XX”, Rio de Janeiro: Del’Secchi, 2010; “Aprendi com meu pai”, São Paulo: Versar, 2006/2010. Livros publicados de forma independente: - “Heartache Poems. A Brazilian Gay Man Coming Out from the Closet”, iUniverse, New York, USA, 2004. Este livro reúne poesias de desabafo, muitas delas dedicadas a mulheres, quando na verdade o escritor falava de seus amores secretos, namorados homens. - “Feitiço Contra o Feiticeiro”, Scortecci, São Paulo-SP, 2005; Livro de poesias. - “Memorial do Inferno. A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, Scortecci, São Paulo-SP, 2005. A obra conta a história da família do escritor Valdeck Almeida de Jesus, que enfrentou a fome e a miséria por mais de vinte anos e venceu. A renda integral obtida com a venda do livro foi doada às Obras Sociais Irmã Dulce. - “Memorial do Inferno. A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, Giz Editorial, São Paulo-SP, 2007. Vinte por cento da renda obtida com a venda do livro foi doado às Obras Sociais Irmã Dulce. - “1ª Antologia Poética Valdeck Almeida de Jesus” (editor), Casa do Novo Autor, São Paulo-SP, 2006. - “Jamais Esquecerei do Brother Jean Wyllys”, Casa do Novo Autor, São Paulo-SP, 2005. 101 Abre a boca, Calabar.indd 101 20/11/2012 00:47:43 Abre a Boca, Calabar - “Poemas Que Falam”, Casa no Novo Autor, São Paulo-SP, 2007. - “Valdeck é Prosa, Vanise é Poesia”, Câmara Brasileira do Jovem Escritor, Rio de Janeiro-RJ, 2007. - “2ª Antologia Poética Valdeck Almeida de Jesus” (editor), Casa do Novo Autor, São Paulo-SP, 2007. - “30 Anos de Poesia”, Câmara Brasileira do Jovem Escritor, Rio de Janeiro-RJ, 2008. - “3ª Antologia Poética Valdeck Almeida de Jesus” (editor), Giz Editorial, São Paulo-SP, 2008. - “Memories from Brazilian Hell: The Saga of Almeida Family in the Garden of Éden”, iUniverse, Nova York (USA), 2008. “Poemas de amor e outros temas”, Blurb, Nova York (USA), 2009. “Poemas Di-Versos”, Corpos, Lisboa, Portugal, 2009. “Armadilha – a verdadeira poesia brasileira”, Clube de Autores, São Paulo-SP, 2009. “30 Anos de Poesia”, Virtual Books, Pará de Minas-MG, 2009. “Minha alma nua” (série Notáveis Poetas Brasileiros), Real Academia de Letras, Porto Alegre-RS, 2009. - “4ª Antologia Poética Valdeck Almeida de Jesus” (editor), Giz Editorial, São Paulo-SP, 2009. - “Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesias 2009 – segunda seleção” (editor), Virtual Books, Pará de MinasMG, 2010. 102 Abre a boca, Calabar.indd 102 20/11/2012 00:47:44 Abre a Boca, Calabar - “Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Contos LGBTs” (editor), em 2010. - “Abre a Boca Calabar” (editor), resultado de um concurso de poesias com crianças da comunidade Calabar, ex-quilombo, em Salvador-BA, em janeiro de 2010. - “Antologia do Amor” (editor), obra que reúne poetas do Brasil, Estados Unidos e China, em janeiro de 2010. - “Recortes de uma vida: Reflexões e pensamentos”, Clube de Autores, São Paulo, 2010. - “Amor e Paixão”, Coleção Scrivere, São Paulo: Madio Editorial, 2010. - “A Kombi de prosa e poesia”, Pará de Minas-MG: Virtual Books, 2010. - “Yes, I am gay. So, what? – Alice in Wonderland”, New York: iUniverse, 2010. Trabalhos Diversos - Expositor, como escritor independente, na Bienal do Livro da Bahia, em 2005, 2007 e 2009. - Expositor no III Corredor Literário da Paulista, de 09 a 14 de outubro de 2007, em São Paulo-SP. - Participação no V Fórum Social Mundial, em Porto AlegreRS, de 26 a 31 de janeiro de 2005; palestrante, expositor e promotor de mesas de debate sobre literatura baiana, leitura e mercado editorial durante o Forum Social Mundial Temático da Bahia, de 28 a 31 de janeiro de 2010. - Participação, como organizador da Mostra de Arte e Cultura, no II Congresso Estadual do Sindjufe-BA, de 01 a 03.06.2007, 103 Abre a boca, Calabar.indd 103 20/11/2012 00:47:44 Abre a Boca, Calabar no Hotel Sol Bahia Atlântico, em Salvador-BA. - Poemas publicados em jornais de grande circulação, na capital e interior do estado da Bahia, e em Brasília-DF; colaborador, desde 1985, do jornal A PROSA, de Brasília-DF. - Colaborador da revista cultural Art’Poesia, de Salvador-BA, editada por Carlos Alberto Barreto, que publica poemas de autores do mundo inteiro. - Palestra na ONG Vento em Popa, no bairro Jardim Gaivotas, em São Paulo-SP, em 2007, com o tema “Motivação através da leitura”. - Colunista dos sites www.zonamix.com.br, www.radarmix. com e www.portalvilas.com.br, desde março de 2006. Nestes e em outros sites, o escritor colabora com matérias ligadas a cultura, literatura, arte, preconceito, discriminação e assuntos relacionados aos LGBT’s. - Verbete do “Dicionário de Escritores Baianos”, Secretaria de Cultura e Turismo, Salvador, 2006. - Membro da Federação Canadense de Poetas, desde 2004. - Membro da Associação Artes e Letras (França). desde 2005. - Membro da União Brasileira de Escritores – UBE, desde março de 2006. - Membro da Câmara Bahiana do Livro – CBaL, desde março de 2005. - Em 1987, participou da Diretoria Regional do Partido Comunista do Brasil e da União da Juventude Socialista - UJS, em Jequié-BA. Eleito o primeiro diretor de imprensa do Grêmio Estudantil Dinaelza Coqueiro, do Instituto de Educação Régis Pacheco, fundou o jornal Jornada Estudantil. 104 Abre a boca, Calabar.indd 104 20/11/2012 00:47:44 Abre a Boca, Calabar - Fundador do fã-clube de Jean Wyllys (www.jeanwyllys.com). Site profissional de Valdeck Almeida: www.galinhapulando. com O site Galinha Pulando apoia todos os eventos e movimentos de afirmação da cidadania, contra o racismo e, principalmente, contra a homofobia. - Colaborador do Café Literário de Camaçari-BA, evento realizado pela coordenação do PROLER – vários anos. - Participação na Feira do Livro Internacional de Paraty (FLIP), 2008. - Lançamento de três livros na Bienal Internacional de São Paulo, 2008. - Verbete no “Dicionário Biobibliográfico de Escritores Brasileiros”, Casa do Novo Autor, São Paulo-SP, 2009. - Membro Correspondente da Academia de Letras de Jequié. - Membro da Academia de Cultura da Bahia. - Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni-MG. - Participante da Mostra Poética “Cores das Letras no Brasil”, realizado como atividade paralela do 4° Encontro Açoriano da Lusofonia, um dos mais expressivos eventos internacionais de fortalecimento da língua portuguesa no mundo, promovido pela Sociedade dos Poetas Advogados de Santa Catarina SPA-SC, de 31 de março a 4 de abril de 2009, na Biblioteca da Escola Secundária de Lagoa, Açores, Portugal. - Palestra e oficina de poesias na Biblioteca Comunitária do Calabar, bairro remanescente de quilombo, em Salvador-BA. - Cônsul Honorífico da Real Academia de Letras, Ordem da Confraria dos Poetas. 105 Abre a boca, Calabar.indd 105 20/11/2012 00:47:44 Abre a Boca, Calabar - Prefaciador dos livros “Eu sou todo poema”, de Leandro de Assis; “Sonhos”, de Antonio Fagundes; “O homem que virou cerveja”, de Silas Correa; “Diário de Rafinha: as duas faces de um amor”, de Léo Dragone; apresentou o livro “Brincando de poesia”, de Adalberto Caldas Marques; “Uma viagem fascinante”, de Eulália Cristina Costa e Costa. - Membro do projeto “Fala Escritor”, idealizado pelo poeta Leandro de Assis, apresentado todo segundo sábado de cada mês no espaço Castro Alves, em um shopping de Salvador. - Participação no Fórum Social Mundial Temático – Bahia 2010, com exposição e lançamento de livros, recitais e palestras. - Participação no 1º Encontro de Escritores Independentes da Bahia, promovido pela Fundação Omnira, em setembro de 2010. - Verbete na Enciclopédia virtual da poesia lusófona contemporânea, organizada pelo Russo, naturalizado brasileiro Oleg Almeida (2009). - Correspondente da revista Cotoxó, de Jequié-BA. - Membro do movimento cultural Poetas del Mundo. MAIS INFORMAÇÕES: Valdeck Almeida de Jesus (71) 9345-5255 E-mail: [email protected] Site do organizador: www.galinhapulando.com 106 Abre a boca, Calabar.indd 106 20/11/2012 00:47:44 Abre a Boca, Calabar 107 Abre a boca, Calabar.indd 107 20/11/2012 00:47:44 Abre a Boca, Calabar 108 Abre a boca, Calabar.indd 108 20/11/2012 00:47:44