UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
BACHARELADO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
ONISVALDO DA SILVA FILHO
A UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS
COMPUTACIONAIS INTELIGENTES COMO ELEMENTO ASSISTIVO
NA COMUNICAÇÃO DE PACIENTES COM
DEFICIÊNCIAS MOTORAS
Anápolis
Janeiro, 2014
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
BACHARELADO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
ONISVALDO DA SILVA FILHO
A UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS
COMPUTACIONAIS INTELIGENTES COMO ELEMENTO
ASSISTIVO NA COMUNICAÇÃO DE PACIENTES COM
DEFICIÊNCIAS MOTORAS
Projeto de Trabalho de Curso apresentado ao Departamento de Sistemas de Informação da
Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas da Universidade Estadual de Goiás,
como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Sistemas de Informação.
Orientador: Prof. Dr. Francisco Ramos de Melo
Anápolis
Janeiro, 2014
FICHA CATALOGRÁFICA
FILHO, Onisvaldo da Silva.
A Utilização de Ferramentas Computacionais Inteligentes Como Elemento Assistivo na
Comunicação de Pacientes com Deficiências Motoras. Anápolis, 2014. (UEG / UnUCET,
Bacharelado em Sistemas de Informação, 2014).
Monografia. Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária de Ciências
Exatas e Tecnológicas. Departamento de Sistemas de Informação.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
FILHO, Onisvaldo da Silva. A Utilização de Ferramentas Computacionais Inteligentes
Como Elemento Assistivo na Comunicação de Pacientes com Deficiências Motoras.
Anápolis, 2014. Monografia - Curso de Sistemas de Informação, UnUCET,
Universidade Estadual de Goiás.
CESSÃO DE DIREITOS
NOME DO AUTOR: Onisvaldo da Silva Filho
TÍTULO DO TRABALHO: A Utilização de Ferramentas Computacionais Inteligentes Como
Elemento Assistivo na Comunicação de Pacientes com Deficiências Motoras.
GRAU/ANO: Graduação /2013.
É concedida à Universidade Estadual de Goiás permissão para reproduzir cópias deste
trabalho, emprestar ou vender tais cópias para propósitos acadêmicos e científicos. O autor
reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte deste trabalho pode ser reproduzida
sem a autorização por escrito do autor.
Onisvaldo da Silva Filho
Rua Firmo de Velasco, nº 1970, ap. 3 - Centro.
CEP 75043-020 - Anápolis - GO - Brasil
Dedico este trabalho de conclusão de curso aos meus
pais que sempre me apoiaram, incentivaram, cobraram e
acreditaram em mim, mesmo quando todos duvidavam da
minha capacidade. Um alívio enorme toma conta do meu
ser e o sentimento de dever cumprido é o que rege meu
coração neste momento. Não há o que se compare ao
sabor da vitória, mais um desafio vencido que fica para
traz nessa caminhada da vida.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus que me deu as ferramentas necessárias para
construir um futuro e me ensinou a não desistir jamais, Ele me ergueu em momentos que
minhas forças já não eram suficientes.
À minha família por me incentivar, apoiar, cobrar e encorajar em cada momento.
Mesmo em tempos turvos e obscuros jamais se viraram contra mim.
Ao meu orientador que teve muita paciência comigo e sempre esteve a disposição
para esclarecer minhas dúvidas, incentivar a pesquisa e me indicar o caminho correto.
A minha amada namorada que esteve ao meu lado nessa reta final, me
incentivando, cuidando de mim e trazendo paz ao meu coração nos momentos mais difíceis.
A todos, o meu abraço e muito obrigado por tudo, jamais teria conseguido chegar
aqui sem vocês.
RESUMO
A autonomia é um item básico para a boa vivência, conseguir realizar tarefas sem o
auxílio de outros esta extremamente ligado ao bem estar de uma pessoa. Infelizmente não são
todos que podem realizar as tarefas do cotidiano sem ajuda. Pessoas com deficiência, em sua
maioria, necessitam de auxílio humano e tecnológico para executarem tarefas do dia a dia.
Como maneira de melhorar a vida dessas pessoas é que surgiu a Tecnologia Assistiva.
Tecnologia Assistiva é um termo utilizado para identificar os recursos e serviços
que objetivam promover a funcionalidade, melhoria da autonomia, da independência, da
qualidade de vida e a inclusão social de pessoas com deficiência, incapacidade ou mobilidade
reduzida. Considerando que a temática ainda dá seus primeiros passos, o projeto visa descrevêla juntamente com a apresentação de seus processos e ferramentas já disponíveis no mercado
com o intuito de divulgar essas ações e contribuir com seu crescimento.
O foco principal do projeto é apresentar soluções que atendam pessoas com
deficiência e que possuam limitações em sua fala/comunicação. Isso se dá através da utilização
da Comunicação Alternativa. Comunicação Alternativa é a área da Tecnologia Assistiva que se
destina especificamente à ampliação de habilidades de comunicação.
As ferramentas de CA disponíveis no mercado serão apresentadas com o intuito de
demonstrar sua eficácia no que diz respeito ao cumprimento do que se propõem a fazer, ou
seja, gerar autonomia, independência, inclusão social e qualidade de vida.
Palavras-chave: Tecnologia Assistiva, Comunicação Alternativa.
ABSTRACT
Autonomy is a basic item for good living , accomplish tasks without the aid of others
connected to this extremely well being of a person . Unfortunately not everyone can perform
daily tasks without help . People with disabilities , mostly need human and technological
assistance to perform everyday tasks . As a way to improve the lives of these people is that
Assistive Technology emerged .
Assistive technology is a term used to identify the features and services that aim to
promote functionality , improving the autonomy , independence , quality of life and social
inclusion of people with disabilities , disability or reduced mobility . Whereas the theme even
takes his first steps , the project aims to describe it with the submission of its processes and tools
already available in the market in order to promote these actions and contribute to its growth .
The main focus of the project is to provide solutions that meet people with
disabilities and who have limitations in speech / communication. This is achieved through the
use of Alternative Communication . Alternative Communication is the area of assistive
technology that is specifically aimed at broadening communication skills .
CA tools available in the market will be presented in order to demonstrate its
effectiveness with regard to the fulfillment of what they propose to do, namely generate
autonomy, independence, social inclusion and quality of life.
Keywords: Assistive Technology Alternative Communication.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Tabela dos tipos de deficiência motora........................................................................17
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Nível de Abrangência..................................................................................................45
Gráfico 2: Preços...........................................................................................................................46
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Cartões de comunicação...............................................................................................24
Figura 2: Prancha de comunicação..............................................................................................26
Figura 3: Prancha de comunicação alfabética............................................................................27
Figura 4: Símbolos de comunicação pictórica.............................................................................28
Figura 5: Páginas do Boardmaker...............................................................................................28
Figura 6: Vocalizador GoTalk 20+..............................................................................................30
Figura 7: Acionadores...................................................................................................................31
Figura 8: Coletes de comunicação...............................................................................................31
Figura 9: Reprodução - ProDeaf websites...................................................................................34
Figura 10: Reprodução - ProDeaf atendimento...........................................................................35
Figura 11: Reprodução - ProDeaf móvel.....................................................................................35
Figura 12: Reprodução - Stephen Hawking.................................................................................37
Figura 13: Reprodução - Tobii PCEye GO..................................................................................38
Figura 14: Reprodução - Tobii PCEye GO..................................................................................38
Figura 15: Reprodução - Livox.....................................................................................................39
Figura 16: Carlos, Clara e Aline..................................................................................................40
Figura 17: Reprodução - Livox.....................................................................................................41
Figura 18: Reprodução - Livox.....................................................................................................42
Figura 19: Reprodução - Livox.....................................................................................................44
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Siglas
Descrição
TA
Tecnologia Assistiva
OM
Organização Mundial de Saúde
IBG
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ADA
American with Disabilities Act
CAT
Comitê de Ajudas Técnicas
SNPD
Secretaria Nacional de Promoção das Pessoas com Deficiência
IDEA
Amendments to The Individuals with Desabilities Education Act
BIAP
Bureau International d’Audiophonologic
CA
Comunicação Alternativa
AAC
Augmentative and Alternative Communication
CAA
Comunicação Ampliada e Alternativa
CSA
Comunicação Suplementar e Alternativa
PCS
Picture Communication Symbols
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.........................................................................................................................01
CAPÍTULO 1 – TECNOLOGIA ASSISTIVA.......................................................................03
1.1 Definição...................................................................................................................03
1.2 Legislação..................................................................................................................05
1.3 Tecnologia Assistiva no Brasil..................................................................................07
1.4 Classificação de Tecnologia Assistiva......................................................................08
CAPÍTULO 2 - METODOLOGIA DA PESQUISA..............................................................11
2.1 Tipos da Pesquisa......................................................................................................11
2.2 Instrumentos e Procedimentos de Coleta de Dados..................................................11
2.3 Tratamento dos Dados...............................................................................................12
CAPÍTULO 3 – A DEFICIÊNCIA E SUAS CLASSIFICAÇÕES......................................13
3.1 Conceito.....................................................................................................................13
3.2 Deficiência Auditiva.................................................................................................13
3.2.1 Conceito de Deficiência Auditiva..............................................................14
3.2.2 Qual a diferença entre surdez e deficiência auditiva?................................14
3.3 Deficiência Motora ...................................................................................................15
3.3.1 Conceito de Deficiência Motora................................................................15
3.3.2 Multideficiência Profunda..........................................................................15
3.3.3 Como pode ser comprovada a deficiência? ...............................................16
3.3.4 Causas da Deficiência Motora...................................................................16
3.3.5 Tipos de Deficiência Motora......................................................................16
3.4 Deficiência Mental....................................................................................................17
3.4.1 Conceito de Deficiência Mental.................................................................18
3.4.2 Tipo de Deficiência Mental........................................................................18
3.4.3 Causas da Deficiência Mental....................................................................19
3.4.3.1 Fatores Genéticos........................................................................20
3.4.3.2 Fatores Extrínsecos.....................................................................20
3.4.3.3 Fatores Perinatais e Neonatais....................................................21
3.4.3.4 Fatores Pós-Natais.......................................................................21
3.5 Deficiência Visual.....................................................................................................21
3.5.1 Conceito de Deficiência Visual..................................................................22
CAPÍTULO 4 – A TECNOLOGIA A SERVIÇO DA COMUNICAÇÃO .........................23
4.1 Ferramentas Simples Utilizadas na Comunicação Alternativa.................................24
4.1.1 Cartão de Comunicação.............................................................................24
4.1.2 Prancha de Comunicação...........................................................................25
4.1.3 Prancha de Comunicação Alfabética.........................................................26
4.1.4 Símbolos de Comunicação Pictórica..........................................................27
4.1.5 Boardmaker................................................................................................28
4.1.6 Vocalizador................................................................................................29
4.1.7 Acionadores................................................................................................30
4.1.8 Colete de Comunicação..............................................................................31
4.2 Alta Tecnologia na Comunicação Alternativa..........................................................32
4.2.1 Os Softwares ProDeaf................................................................................33
4.2.2 Tobii PCEye GO........................................................................................36
CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE CASO - LIVOX.....................................................................39
5.1 Livox..........................................................................................................................39
5.2 O Livox e o Mercado................................................................................................44
CONCLUSÕES ........................................................................................................................47
REFERENCIAS .......................................................................................................................49
APÊNDICES .............................................................................................................................51
Apêndice A - Cronograma de Atividades ......................................................................51
Apêndice B - Pôster ........................................................................................................52
Apêndice C - Autorização a Publicação.........................................................................53
1
INTRODUÇÃO
A
tecnologia,
utilização
de
conhecimento
no
desenvolvimento
ou
aperfeiçoamento de ferramentas, desde seus primórdios tem por objetivo central aprimorar
as formas de se realizar uma tarefa. A Tecnologia Assistiva (TA) é um termo ainda novo e
que não foge a regra, é utilizado para identificar toda a gama de recursos e serviços que
contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência
e consequentemente promover vida independente e inclusão.
A Tecnologia Assistiva é também definida como "uma ampla gama de
equipamentos, serviços, estratégias e práticas concebidas e aplicadas para minorar os
problemas encontrados pelos indivíduos com deficiências" (COOK e HUSSEY, 1995).
Radabaugh exemplificou bem a TA ao dizer que “Para as pessoas sem
deficiência, a tecnologia torna as coisas mais fáceis. Para as pessoas com deficiência, a
tecnologia torna as coisas possíveis.” (RADABAUGH, 2001).
As pessoas com deficiência, via de regra, receberam dois tipo de tratamento no
que tange a História Antiga e Medieval: a rejeição e eliminação, de um lado, e a proteção
assistencialista e piedosa, de outro. Na Roma Antiga, tanto nobres como os plebeus tinham
permissão para sacrificar os filhos que nasciam com algum tipo de deficiência. Da mesma
forma, em Esparta, os bebês e as pessoas que adquiriam alguma deficiência eram lançados
ao mar ou em precipícios. Já em Atenas, influenciados por Aristóteles – que definiu a
premissa jurídica até hoje aceita de que “tratar os desiguais de maneira igual constitui-se em
injustiça” – os deficientes eram protegidos e amparados pela sociedade.
Sendo assim, podemos perceber que as divergências de ideias e postura perante
pessoas deficientes não são fatores atuais e sim notáveis partícipes da história humana.
A assistência e a qualidade do tratamento dado não só para pessoas com
deficiência como para população em geral tiveram um substancial avanço ao longo do
século XX. No caso das pessoas com deficiência, o número elevado de pessoas com
sequelas de guerra exigiu uma maior atenção e investimento à área. A atenção às crianças
com deficiência também aumentou, com o desenvolvimento de especialidades e programas
de reabilitação específicos.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) mais de um bilhão de
pessoas no mundo vivem com algum tipo de deficiência, dos quais cerca de 200 milhões
2
enfrentam dificuldades consideráveis de funcionamento. Ainda segundo a OMS, nos
próximos anos, a deficiência será uma preocupação ainda maior porque sua prevalência está
aumentando. Isto se deve ao envelhecimento da população, pois o risco de deficiência é
maior entre os adultos mais velhos, o que também aumenta o crescimento de doenças
crônicas, como diabetes, doenças cardiovasculares, câncer e distúrbios mentais.
No ano 2000 segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),
14% da população brasileira declarava ter alguma deficiência, dez anos depois com base na
análise dos dados obtidos no Censo Demográfico 2010, o IBGE diz que este número saltou
para 23,9% da população nacional (cerca de 45,6 milhões de pessoas).
Com o auxílio do contexto global e nacional concernente ao deficiente em geral,
este projeto tem por estudo de caso um bloco específico de deficiência, a deficiência que
impede ou dificulta uma de nossas principais características, a comunicação.
Há uma vasta gama de doenças, lesões e traumas que afligem as funções
motoras, a fala e o raciocínio lógico e que assim impedem uma comunicação fluente, o que
dificulta não somente a interação entre a pessoa deficiente com o mundo ao seu redor, mas
também seu tratamento.
A Tecnologia Assistiva voltada à comunicação foi escolhida como o tema de
estudo por se tratar de uma novidade histórica e de fundamental importância na melhoria de
vida de muitas pessoas, que por vezes são excluídas de uma convivência social por não
possuírem as ferramentas necessárias para sua integração.
A utilização de tecnologia tanto no tratamento como assistente de comunicação,
tem crescido ao longo dos anos. Os estudos e investimentos na área, apesar de crescentes,
ainda estão longe do considerado ideal uma vez que o número de pessoas que ainda
necessitam ser contempladas por tais recursos é muito grande.
O objetivo deste projeto é mostrar que a utilização da tecnologia é responsável
por uma considerável melhoria na qualidade de vida dos indivíduos com dificuldades de
comunicação, e que também aperfeiçoa o tratamento das deficiências causadoras destes
distúrbios.
3
CAPÍTULO 1 – TECNOLOGIA ASSISTIVA
1.1 Definição
A Tecnologia Assistiva tem sido reconhecida como elemento fundamental na
reabilitação e inclusão social, promovendo funcionalidade, independência e a autonomia de
pessoas com deficiência, incapacidade ou mobilidade reduzida. O termo Assistive
Technology, traduzido no Brasil como Tecnologia Assistiva, foi criado em 1988 como
importante elemento jurídico dentro da legislação norte-americana conhecida como Public
Law 100-407 e foi renovado em 1998 como Assistive Technology Act de 1998 (P.L. 105394, S.2432). Compõe, com outras leis, o ADA - American with Disabilities Act, que regula
os direitos dos cidadãos com deficiência nos EUA, além de prover a base legal dos fundos
públicos para compra dos recursos que estes necessitam. O termo passou a ser utilizado
como referência a qualquer item, parte de equipamento ou sistema, adquirido
comercialmente, modificado, ou customizado, que fosse usado para aumentar, manter ou
melhorar as potencialidades funcionais dos indivíduos com necessidades especiais.
Cook e Hussey (1995) definem TA baseados no conceito do ADA, como: ‘‘uma
ampla gama de equipamentos, serviços, estratégias e práticas concebidas e aplicadas para
diminuir os problemas funcionais encontrados pelos indivíduos com deficiências’’.
De acordo com o ADA (1990), a Tecnologia Assistiva constitui-se de recursos e
serviços sendo definidos dessa maneira:
• Recursos “são todo e qualquer item, equipamento ou parte dele, produto ou
sistema fabricado em série ou sob medida, utilizado para aumentar, manter ou melhorar as
capacidades funcionais das pessoas com deficiência”.
• Serviços são “aqueles que auxiliam diretamente uma pessoa com deficiência a
selecionar, comprar ou usar os recursos acima definidos”.
• Os serviços visam maior independência funcional da pessoa com deficiência em
atividades de seu interesse. Já os recursos favorecem a adequação postural, a mobilidade, a
comunicação, realização das AVD, os projetos arquitetônicos para acessibilidade, entre
outros.
Manzini(2005) descreve Tecnologia Assistiva, utilizando exemplos do dia a dia
das pessoas: Segundo ele “os recursos de tecnologia assistiva estão muito próximos do
4
nosso dia- a -dia. Ora eles nos causam impacto devido à tecnologia que apresentam, ora
passam quase despercebidos”. Para exemplificar, podemos chamar de tecnologia assistiva
uma bengala, utilizada por nossos avós para proporcionar conforto e segurança no momento
de caminhar, bem como um aparelho de amplificação utilizado por uma pessoa com surdez
moderada ou mesmo veículo adaptado para uma pessoa com deficiência física. Assim,
tecnologia assistiva pode ser compreendida como recursos, equipamentos ou aparatos que
auxiliam, funcionalmente, no desempenho de alguma atividade.
O conceito de Tecnologia Assistiva (TA) é descrito por diversos autores. Jacobs
(2006), em seu dicionário de Terapia Ocupacional, define Tecnologia Assistiva de acordo
com a definição do Amendments to The Individuals with Desabilities Education Act (IDEA,
1990) sendo “qualquer objeto, peça de equipamento ou sistema de produto, adquirido
comercialmente ou não, modificado ou manufaturado, empregado para incrementar, manter
ou melhorar as capacidades funcionais de indivíduos com incapacidades”.
Pedretti (2005), define a Tecnologia Assistiva como “qualquer equipamento,
adquirido no comércio, pronto para uso, modificado ou sob medida, usado para aumentar ou
melhorar as capacidades dos indivíduos com deficiência”.
Segundo Mello (1998), a tecnologia é considerada Assistiva quando “é usada
para auxiliar no desempenho funcional de atividades, reduzindo incapacidades para a
realização de atividades da vida diária e da vida prática, nos diversos domínios do
cotidiano”. É diferente da tecnologia reabilitadora, usada, por exemplo, para auxiliar na
recuperação de movimentos diminuídos.
Em 16 de novembro de 2006 foi criado no Brasil o Comitê de Ajudas Técnicas
(CAT), estabelecido pelo Decreto nº 5.296/2004, vinculado à Secretaria Nacional de
Promoção das Pessoas com Deficiência (SNPD), órgão da Secretaria de Direitos Humanos
da Presidência da República, que tem como objetivo, dar transparência e legitimidade ao
desenvolvimento da Tecnologia Assistiva. Para o CAT a Tecnologia Assistiva é uma área
do
conhecimento,
de
característica
multidisciplinar
que
compreendem
recursos,
metodologias, estratégias, práticas e serviços com o objetivo de promover a funcionalidade
e participação de pessoas com incapacidades visando sua autonomia, independência,
qualidade de vida e inclusão social.
A Tecnologia Assistiva (TA) é o fruto da aplicação de avanços tecnológicos em
áreas já estabelecidas. É uma disciplina de domínio de profissionais de várias áreas do
conhecimento, que interagem para restaurar a função humana. Tecnologia Assistiva diz
respeito à pesquisa, fabricação, uso de equipamentos, recursos ou estratégias para
5
potencializar as habilidades funcionais das pessoas com deficiência.
No geral a Tecnologia Assistiva, consegue abranger todas as áreas de
desempenho humano, seja ela uma tarefa mais simples como a alimentação ou uma tarefa
mais complexa como as atividades profissionais.
1.2 Legislação
Nos Estados Unidos a legislação americana descreve na Public Law 108-364 o
que se deve entender por Serviços de Tecnologia Assistiva:
• A avaliação das necessidades de uma TA do indivíduo com uma deficiência,
incluindo uma avaliação funcional do impacto da provisão de uma TA apropriada e de
serviços apropriados para o indivíduo no seu contexto comum.
• Um serviço que consiste na compra, leasing ou de outra forma provê a aquisição
de recursos de TA para pessoas com deficiências;
• Um serviço que consiste na seleção, desenvolvimento, experimentação,
customização, adaptação, aplicação, manutenção, reparo, substituição ou doação de recursos
de TA;
• Coordenação e uso das terapias necessárias, intervenções e serviços associados
com educação e planos e programas de reabilitação;
• Treinamento ou assistência técnica para um indivíduo com uma deficiência ou,
quando apropriado, aos membros da família, cuidadores, responsáveis ou representantes
autorizados de tal indivíduo;
• Treinamento ou assistência técnica para profissionais (incluindo indivíduos que
proveem serviços de educação e reabilitação e entidades que fabricam ou vendem recursos de
TA), empregadores, serviços provedores de emprego e treinamento, ou outros indivíduos que
fornecem serviços para empregar, ou estão de outra forma, substancialmente envolvidos nas
principais funções de vida de indivíduos com deficiência;
• Um serviço que consiste na expansão da disponibilidade de acesso à tecnologia,
incluindo tecnologia eletrônica e de informação para indivíduos com deficiências.
No ano de 1990, outra lei foi criada, sendo denominada como Amendments to
The Individuals with Desabilities Education Act, e ampliou a definição de Tecnologia
Assistiva, incluindo tanto os serviços quanto os recursos de TA. Em 1997 essa lei passou por
uma reformulação, onde o governo decidiu que as TA deveria ser um item obrigatório no
6
desenvolvimento de programas educacionais para os alunos com deficiência.
No Brasil, segundo o Decreto Nº 3.298, de 20 de Dezembro de 1999, que
regulamenta a lei 7.853, de 24/10/1989, e dispõe sobre a Política Nacional para a integração
da Pessoa Portadora de Deficiência, no capítulo VII, Art. 19.
“Consideram-se ajudas técnicas, para os efeitos deste decreto, os elementos que
permitem compensar uma ou mais limitações funcionais motoras, sensoriais ou mentais das
pessoas portadoras de deficiências, com o objetivo de permitir-lhes superar as barreiras da
comunicação e da mobilidade e de possibilitar sua plena inclusão social”.
São ajudas técnicas, incisos:
I – próteses auditivas, visuais e físicas.
II – órteses que favoreçam a adequação funcional.
III – equipamentos e elementos necessários á terapia e reabilitação da pessoa
portadora de deficiência.
IV – equipamentos, maquinarias e utensílios de trabalho especialmente
desenhados ou adaptados para uso por pessoa portadora de deficiência.
V – elementos de mobilidade, cuidado e higiene pessoal necessário para facilitar a
autonomia e a segurança da pessoa portadora de deficiência.
VI – elementos especiais para facilitar a comunicação, informação e a sinalização
para pessoa portadora de deficiência.
VII – equipamentos e material pedagógico especial para educação, capacitação e
recreação da pessoa portadora de deficiência.
VIII – adaptações ambientais e outras que garantam o acesso, a melhoria
funcional e a autonomia pessoal.
IX – bolsas coletoras para portadores de ostomia.
Ao longo de décadas a atenção à pessoa com deficiência vem se consolidando no
Brasil e constituindo-se como uma preocupação governamental e da sociedade civil, de modo
a garantir os direitos dessas pessoas à cidadania e à plena participação social. Cruz
(2012),vem dizer que essa preocupação acompanha o desenvolvimento técnico científico e os
avanços na área da saúde, educação e social, no que se refere ao incremento de tecnologias
que possibilitem às pessoas com deficiências exercerem o que lhes é de direito e terem acesso
aos serviços de saúde, trabalho, educação, transporte, lazer, dentre outros.
Em 2009, o Presidente da República do Brasil a partir do Decreto 6949, aprovou a
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo,
assinados em Nova York, em 30 de março de 2007, garantindo a execução e o cumprimento
7
integral em relação ao seu conteúdo. Essa convenção foi um avanço para a garantia dos
direitos das pessoas com deficiência. Neste decreto, as palavras e/ou termos: “acesso”,
“adaptações mínimas”, “tecnologia assistiva”, “ajudas técnicas” e “acessibilidade” são
utilizados no sentido de garantir o compromisso em efetivar a participação das pessoas com
deficiências na sociedade.
Assim sendo, a legislação brasileira garante as ajudas técnicas ao cidadão
brasileiro com limitações físicas, mentais ou sensoriais, cabendo ao profissional especializado
auxiliar na identificação dos recursos necessários para sua autonomia, a fim de que o paciente
possa recorrer ao poder público e obter seus benefícios.
1.3 Tecnologia Assistiva no Brasil
Ajudas Técnicas e Tecnologia Assistiva são representadas nos documentos
brasileiros como expressões sinônimas referentes aos recursos desenvolvidos para as pessoas
com limitação funcional. Bersch (2008) explica que “os conceitos aplicados a cada um destes
termos ora se assemelham, ora mostram algumas diferenças, principalmente na abrangência,
pois podem referir-se especificamente a um artefato ou podem ainda incluir serviços, práticas
e metodologias aplicadas ao alcance da ampliação da funcionalidade”.
Lauand (2005) veio buscar um conceito nacional para TA e sugeriu a adoção da
definição mais geral apresentada pela literatura norte-americana que diz que “todo e qualquer
objeto, peça de equipamento ou sistema de produto, adquirido comercialmente ou não,
modificado ou manufaturado, empregado para incrementar, manter ou melhorar as
capacidades funcionais de indivíduos com incapacidades são elementos de TA”.
No Brasil, o termo Tecnologia Assistiva e seus sinônimos ainda são muito
utilizados, por isso o CAT prevê a padronização do termo apenas para Tecnologia
Assistiva,visto que este termo seria mais compatível com a denominação de uma área de
conhecimento.
A Tecnologia Assistiva vem crescendo no Brasil e a indústria de pesquisa sobre
esse tema está avançando juntamente com a comercialização dos produtos. Cruz (2012)
afirma que, “nas últimas duas décadas, a pesquisa e o desenvolvimento de práticas sobre a
temática da tecnologia assistiva tem aumentado consideravelmente e isto ilustra o
desenvolvimento dessa área de conhecimento no país, assim como a preocupação com a
construção e documentação das práticas que envolvem esse tipo de tecnologia”.
8
1.4 Classificação de Tecnologia Assistiva
Cook e Hussey (1995) afirmam que “não existe uma forma de se caracterizar os
recursos de Tecnologia Assistiva”. Ainda apontam que, com o avanço no desenvolvimento e
aplicação, novos tipos de recursos serão constantemente produzidos, fazendo com que os
produtos que antes eram classificados como alta tecnologia, torna-se algo comercializado e
reconhecido como mais simples. Os autores ainda dizem que é necessário caracterizar e
contextualizar a Tecnologia Assistiva sob várias questões, sendo elas:
I. Assistiva versus reabilitadora e educacional: um equipamento se denomina
assistivo quando envolve o desempenho funcional de um indivíduo, auxiliando-o a executar
suas Atividades de Vida Diárias (AVD) bem como as Atividades Instrumentais de Vida
Diária (AIVD). Porém quando o recurso o ajuda a desenvolver habilidades na reabilitação ou
na educação, pode ser classificada como reabilitadora ou educacional e não assistiva.
II. Simples e sofisticada: uma adaptação para talheres pode ser classificada como
uma Tecnologia Assistiva Simples, já a sofisticada depende de sistemas mais complexos
como, por exemplo, uma prancha de comunicação alternativa computadorizada.
III. Concreta e teórica: A TA concreta é o produto propriamente dito, feito sob
medida ou comercializado no mercado. A teórica é a tomada de decisões, o planejamento das
estratégias e objetivos a serem alcançados.
IV. Equipamento versus instrumentos: equipamentos são as ferramentas utilizadas
para promover benefícios ao indivíduo, não sendo necessário um treino para gerar resultados.
Os instrumentos dependem de um treinamento de habilidades especificas como, por exemplo,
o uso da cadeira de rodas motorizada.
V. Geral versus específica: a geral se caracteriza pelos recursos utilizados que
influenciam a maior parte das atividades realizadas pelo indivíduo. As específicas são os
recursos utilizados para atingir um potencial máximo de determinada habilidade.
VI. Comercializada e individualizada: a comercializada é produzida em série sem
uma medida diferenciada. A individualizada é produzida sobmedida para solucionar um
problema específico.
É apresentada uma tradução da classificação de TA de acordo com o IDEA,
composta de dez categorias. São elas:
1. Auxílios para a vida diária e vida prática: materiais e produtos que favorecem o
desempenho autônomo e facilitar as atividades como se alimentar, cozinhar, vestir-se, tomar
banho e executar necessidades pessoais. São exemplos: talheres modificados, abotoadores,
9
barras de apoio entre outros.
2. Comunicação Aumentativa e Alternativa : Recurso destinado a atender pessoas
sem fala ou escrita funcional. São exemplos pranchas de comunicação construídas com
simbologia gráfica, letras ou palavras escritas; vocalizadores ou computador com softwares
específicos, etc.
3. Recursos de acessibilidade ao computador: Conjunto de hardware e software
utilizados para tornar o computador acessível há pessoas com privações sensoriais e motoras.
São exemplos: teclados modificados, mouses especiais, reconhecimento de voz, entre outros.
4. Projetos arquitetônicos para acessibilidade: Projetos de edificação e urbanismo
que garantem acesso, funcionalidade mobilidade a todas as pessoas, independente de sua
condição física e sensorial. Exemplos são rampas, elevadores, adaptações de banheiros,
mobiliários e outros que reduzem as barreiras físicas.
5. Órtese e próteses: Próteses são peças artificiais que substituem partes ausentes
do corpo. Órteses são colocadas a um segmento corpo, garantindo-lhe um melhor
posicionamento, estabilização ou função.
6. Adequação postural: Diz respeito à seleção de recursos que garantam posturas
alinhadas e com boa distribuição do peso corporal.
7. Auxilio de mobilidade: pode ser auxiliada por bengalas, muletas, andadores,
carrinhos, cadeiras de rodas manuais ou elétricas, são equipamentos utilizados na melhoria da
mobilidade pessoal.
8. Auxílio para cegos ou pessoas com baixa visão: Equipamentos que visam a
independência das pessoas com deficiência visual na realização de tarefas diárias.
9. Auxilio para surdos ou com déficit auditivo: Equipamentos como os aparelhos
de surdez, telefones com teclado, sistema de alerta tátil-visual, entre outros.
10. Adaptação em veículos: Acessórios e adaptações que possibilitam uma pessoa
com deficiência física dirigir um automóvel, como exemplo temos os facilitadores de
embarque e desembarque como elevadores para cadeira de rodas, rampas, entre outros.’’
Segundo Ferrada e Santarosa (2009), “os dispositivos de Tecnologia Assistiva
podem ser agrupados conforme sua sofisticação e custo”, sendo classificados assim:
1. Alta Tecnologia: tecnologia eletrônica são exemplos: cadeiras de rodas
motorizadas, equipamentos de comunicação alternativa, computadores adaptados e softwares.
2. Média Tecnologia: tecnologia mecânica com grau intermediário de
complexidade, exemplo, cadeira de rodas de propulsão manual;
3. Baixa Tecnologia: materiais de pouca sofisticação, exemplos, engrossadores,
10
faixas, entre outros.
4. Nenhuma Tecnologia: itens que não utilizam dispositivos ou equipamentos
adaptados especificamente, exemplo, muletas improvisadas a partir de galhos.
11
CAPÍTULO 2 - METODOLOGIA DA PESQUISA
Para a resolução de um problema devem-se utilizar técnicas e métodos que tornam
possível alcançar o objetivo esperado. O intuito deste capítulo é demonstrar os métodos
utilizados e sua forma de análise.
O método da pesquisa descreve com detalhes os tipos da pesquisa, do universo,
amostra e sujeito. Tem como intenção também a caracterização das etapas, dos instrumentos e
procedimentos utilizados para coletar os dados e o seu tratamento.
2.1 Tipos da Pesquisa
A pesquisa foi classificada por dois critérios, assim como sugere Vergara (2003):
quanto aos fins e quanto aos meios.
Quanto aos fins, o projeto tem por fim uma pesquisa metodológica, que esta
associada aos estudos que realizados para possibilitar a elaboração de uma metodologia de
desenvolvimento da comunicação, de pacientes com deficiências relativas a comunicação,
através do uso de tecnologias computacionais inteligentes.
Quanto aos meios, o projeto proposto segue o tipo de pesquisa bibliográfica.
Pesquisa bibliográfica, pois o estudo estará baseado em livros e artigos, grande
parte deles disponibilizados em meios eletrônicos, como a internet.
2.2 Instrumentos e Procedimentos de Coleta de Dados
Os dados a serem estudados serão adquiridos por meio de pesquisas bibliográficas
em suas mais variadas disposições, livros, e-books, artigos, dissertações, e tudo o mais que
seja pertinente ao projeto. Os dados obtidos através desta pesquisa serão responsáveis pela
aquisição do conhecimento e elaboração do projeto.
Serão realizados com base em publicações de profissionais atuantes na área, uma
vez que estes estão mais próximos dos pacientes e possuem experiência suficiente para
elaborar uma posição quanto ao emprego da tecnologia no auxílio a comunicação dos
12
mesmos.
2.3 Tratamento dos Dados
Os dados trabalhados são resultado da interpretação de publicações de outros
autores. Dessa forma, foram analisados e serviram de base à elaboração do projeto.
13
CAPÍTULO 3 – A DEFICIÊNCIA E SUAS CLASSIFICAÇÕES
3.1 Conceito
Segundo a Organização Mundial de Saúde, deficiência é o substantivo atribuído
a toda a perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou
anatómica. Refere-se, portanto, à biologia do ser humano.
A expressão “pessoa com deficiência” pode ser atribuída a pessoas que possuem
qualquer tipo(s) de deficiência. Porém, em termos legais, esta mesma expressão é aplicada
de um modo mais restrito e refere-se a pessoas que se encontram sob o amparo de
determinada legislação.
É designado “deficiente” todo aquele que tem um ou mais problemas de
funcionamento ou falta de parte anatómica, embargando com isto dificuldades a vários
níveis: de locomoção, percepção, pensamento ou relação social.
Até bem recentemente, o termo “deficiente” era vulgarmente aplicado a pessoas
com deficiência(s). Porém, esta expressão embarga consigo uma forte carga negativa
depreciativa da pessoa, pelo que foi, ao longo dos anos, cada vez mais rejeitada pelos
especialistas da área e, em especial, pelas pessoas com alguma deficiência. Atualmente, a
palavra é considerada como inadequada e estimuladora do preconceito a respeito do valor
integral da pessoa. Deste modo, a substitui-la surge à expressão: “pessoa especial”.
A pessoa especial pode ter uma única ou múltipla (associação de uma ou mais
deficiências) deficiência. As várias deficiências podem agrupar-se em quatro conjuntos
distintos, sendo eles:
 Deficiência auditiva
 Deficiência motora
 Deficiência mental
 Deficiência visual
3.2 Deficiência Auditiva
A audição, assim como os outros sentidos, é de extrema importância para o
14
desenvolvimento do indivíduo no que tange fazer parte da sociedade.
Segundo especialistas, já antes do nosso nascimento, a audição é o primeiro
sentido a ser apurado, através do diálogo da mãe com o seu bebé, e dos novos sons que lhe
trazem conhecimento do mundo a sua volta.
É através da audição que passamos a nos comunicar com o mundo e recebermos
os primeiros contatos com ele. Essa interação resulta no desenvolvimento de nossa identidade,
nossos desejos e a compreensão do mundo à nossa volta. Os primeiros contatos sociais e
interações pessoais também são derivados deste sentido.
3.2.1 Conceito de Deficiência Auditiva
A deficiência auditiva, popularmente conhecida como surdez, consiste em perda
parcial ou total da capacidade de ouvir, como resultado, temos um indivíduo que apresenta
um problema auditivo.
É considerado surdo todo o individuo cuja audição não é funcional no dia-a-dia, e
considerado parcialmente surdo todo aquele cuja capacidade de ouvir, ainda que deficiente, é
funcional com ou sem prótese auditiva.
A deficiência auditiva é uma das deficiências contempladas e integradas nas
necessidades educativas especiais (n.e.e.).
3.2.2 Qual a diferença entre surdez e deficiência auditiva?
É comum confundirem surdez com deficiência auditiva. Porém, estas duas
definições não devem ser tratadas como sinónimos.
A surdez, sendo de origem congénita, é quando se nasce surdo, e desde então, não
se tem a capacidade de ouvir nenhum som. Esse estado causa uma série de dificuldades na
aquisição da linguagem e no desenvolvimento da comunicação.
A deficiência auditiva é adquirida, ou seja, é quando se nasce com uma audição
perfeita e que, devido a alguma lesão ou doença, há a perca da audição. Em situações como
esta, em sua maior parte, a pessoa já aprendeu a se comunicar oralmente, mas em decorrência
deste problema, deverá aprender a se comunicar de outra forma.
Em parte dos casos, pode-se recorrer ao uso de aparelhos auditivos ou a
15
intervenções cirúrgicas (dependendo do grau da deficiência auditiva) a fim de minimizar ou
corrigir o problema.
3.3 Deficiência Motora
A deficiência motora é caracterizada por uma disfunção física ou motora, e pode
ser considerada de carácter congénito ou adquirido.
Esta disfunção pode decorrer de acidentes e lesões ortopédicas, neurológicas,
neuromusculares ou má formação. Ela afeta as funções que promovem a mobilidade,
coordenação motora ou à fala do indivíduo.
3.3.1 Conceito de Deficiência Motora
É considerado deficiente motor o indivíduo que possua deficiência motora de
carácter permanente, ao nível dos membros superiores ou inferiores, de grau igual ou superior
a 60% (avaliada pela Tabela Nacional de Incapacidades, aprovada pelo decreto de lei nº
341/93, 30 de Setembro).
Para receber tal tratamento, é necessário que essa deficiência dificulte,
comprovadamente, a locomoção na via pública sem auxílio de outrem ou recurso a meios de
compensação, bem como o acesso ou utilização dos transportes públicos.
3.3.2 Multideficiência Profunda
É considerado indivíduo com multideficiência profunda todo aquele que tenha
uma deficiência motora de carácter permanente, ao nível dos membros inferiores ou
superiores, de grau igual ou superior a 60%, e contenha, cumulativamente, deficiência
sensorial, intelectual ou visual de carácter permanente, resultando em um grau de
desvalorização motora superior a 90% e que, deste modo, é comprovadamente
impossibilitado de conduzir veículos automóveis.
16
3.3.3 Como pode ser comprovada a deficiência?
As declarações de incapacidade das deficiências motora ou multideficiência
podem ser emitidas por:
 Juntas médicas, nomeadas pelo Ministro da Saúde nos casos de pessoa com
deficiências civis;
 Direções dos serviços competentes de cada um dos ramos das Forças Armadas;
 Comandos-Gerais da Guarda Nacional Republicana e da Policia de Segurança
Pública.
3.3.4 Causas da Deficiência Motora
São vários os motivos que podemos encontrar na base da deficiência motora,
destacando-se as seguintes:
 Acidentes de trânsito;
 Acidentes de trabalho;
 Erros médicos;
 Problemas durante o parto;
 Violência;
 Desnutrição
 Etc.
17
3.3.5 Tipos de Deficiência Motora
Tabela 1: Tabela dos tipos de deficiência motora
3.4 Deficiência Mental
A
Deficiência
Mental
ocorre
quando
o
funcionamento
intelectual
é
significativamente inferior á média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações
associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como:
 Comunicação;
 Cuidado Pessoal;
 Habilidades Sociais;
 Utilização da Comunidade;
18
 Saúde e Segurança;
 Habilidades Acadêmicas;
 Lazer;
 Trabalho.
3.4.1 Conceito de Deficiência Mental
Deficiência mental é a designação que caracteriza os problemas que ocorrem no
cérebro e levam a um baixo rendimento, mas que não afetam outras regiões ou áreas
cerebrais.
Deficientes mentais são “todas as pessoas que tenham um QI abaixo de 70 e cujos
sintomas tenham aparecido antes dos dezoito anos” (Paula Romana).
Segundo a vertente pedagógica, o deficiente mental será o indivíduo que tem uma
maior ou menor dificuldade em seguir o processo regular de aprendizagem e que por isso tem
necessidades educativas especiais, ou seja, necessita de apoios e adaptações curriculares que
lhe permitam seguir o processo regular de ensino.
3.4.2 Tipo de Deficiência Mental
Existem diferentes correntes para determinar o grau de deficiência mental, entre
elas, são as técnicas psicométricas que mais se impõem, utilizando o QI para a classificação
desse grau.
O conceito de QI foi introduzido por Stern e é o resultado da multiplicação por
cem do quociente obtido pela divisão da IM (idade mental) pela IC (idade cronológica).
Segundo a OMS, a deficiência divide-se em:
 Profunda:
• Grandes problemas sensório-motores e de comunicação, bem como de
comunicação com o meio;
• São dependentes dos outros em quase todas as funções e atividades, pois os
seus handicaps físicos e intelectuais são gravíssimos;
• Excepcionalmente terão autonomia para se deslocar e responder a treinos
19
simples de autoajuda.
 Grave/severa:
• Necessitam de proteção e ajuda, pois o seu nível de autonomia é muito
pequeno;
• Apresentam muitos problemas psicomotores;
• A sua linguagem verbal é muito deficitária – comunicação primária;
• Podem ser treinados em algumas atividades de vida diária básicas e em
aprendizagens pré-tecnológicas simples;
 Moderado/média:
• São capazes de adquirir hábitos de autonomia pessoal e social;
• Podem aprender a comunicar pela linguagem oral, mas apresentam
dificuldades na expressão e compreensão oral;
• Apresentam um desenvolvimento motor aceitável e têm possibilidade para
adquirir alguns conhecimentos pré-tecnológicos básicos que lhes permitam realizar algum
trabalho;
• Dificilmente chegam a dominar as técnicas de leitura, escrita e cálculo;
 Leve/ligeira:
• São educáveis;
• Podem chegar a realizar tarefas mais complexas;
• A sua aprendizagem é mais lenta, mas podem permanecer em classes comuns
embora precisem de um acompanhamento especial;
• Podem desenvolver aprendizagens sociais e de comunicação e têm capacidade
para se adaptar e integrar no mundo laboral;
• Apresentam atraso mínimo nas áreas perceptivas e motoras;
• Geralmente não apresentam problemas de adaptação ao ambiente familiar e
social.
3.4.3 Causas da Deficiência Mental
É importante salientar que, muitas vezes, apesar da utilização de recursos
sofisticados na realização do diagnóstico, não se chega a definir com clareza a causa de
20
deficiência mental.
3.4.3.1 Fatores Genéticos
Os fatores genéticos atuam antes da gestação, a origem da deficiência está já
determinada pelos genes ou herança genética. São fatores ou causas de tipo endógeno (atuam
no interior do próprio ser).
Existem dois tipos de causas genéticas:
 Geneopatias – alterações genéticas que produzem metabolopatias ou alterações
de metabolismo;
 Cromossomopatias – que são síndromes devido a anomalias ou alterações nos
cromossomas.
3.4.3.2 Fatores Extrínsecos
Fatores extrínsecos são fatores pré-natais, isto é, que atuam antes do nascimento
do ser.
Podemos, então, constatar os seguintes problemas:
 Desnutrição materna;
 Má assistência à gestante;
 Doenças infecciosas;
 Intoxicações;
 Perturbações psíquicas;
 Infecções;
 Fetopatias (atuam a partir do 3º mês de gestação);
 Embriopatias (atuam durante os 3 primeiros meses de gestação);
 Genéticos;
 Entre outros.
21
3.4.3.3 Fatores Perinatais e Neonatais
Fatores Perinatais e Neonatais são aqueles que atuam durante o nascimento ou no
recém-nascido.
Neste caso, podemos constatar os seguintes problemas:
 Metabolopatias;
 Infecções;
 Incompatibilidade RH entre mãe e recém-nascido;
 Má assistência e traumas de parto;
 Hipóxia ou anóxia;
 Prematuridade e baixo peso;
 Icterícia grave do recém-nascido (incompatibilidade RH/ABO).
3.4.3.4 Fatores Pós-Natais
Fatores pós-natais são fatores que atuam após o parto.
Observamos, assim, os seguintes problemas:
 Desnutrição, desidratação grave, carência de estimulação global:
 Infecções;
 Convulsões;
 Anoxia (paragem cardíaca, asfixia)
 Intoxicações exógenas (envenenamento);
 Acidentes;
 Infestações.
3.5 Deficiência Visual
A visão é o sentido que mais nos aproxima dos significados e nos dá a
compreensão mais simples do que é cada coisa, seu conceito e ideias.
A comunicação visual, através de imagens, é empregada desde o início da vida e
por isso precede todas as formas conhecidas de comunicação humana e linguagens escritas.
22
3.5.1 Conceito de Deficiência Visual
A deficiência visual é identificada com a perda ou redução da capacidade visual
em ambos os olhos, em carácter definitivo, não sendo susceptível de ser melhorada ou
corrigida com o uso de lentes e/ou tratamento clínico ou cirúrgico.
Entre os deficientes visuais, podemos destacar a existência de dois grupos
distintos, os portadores de cegueira e os de visão subnormal.
23
CAPÍTULO
4
–
A
TECNOLOGIA
A
SERVIÇO
DA
COMUNICAÇÃO
O desenvolvimento de recursos e outros elementos de Tecnologia Assistiva têm
propiciado a valorização, integração e inclusão das pessoas que se enquadram em algum tipo de
deficiência, promovendo sua inclusão social e reestabelecendo, ou aproximando-as, de suas
condições naturais de sobrevivência e independência. Por essa razão, o tema tem assumido um
espaço importante nas ações desenvolvidas pelas secretarias responsáveis pelos direitos humanos de
cada país.
A aplicação de tecnologia com o intuito de auxiliar o bom desenvolvimento das pessoas
que necessitam de algum auxílio para o seu bem viver, tem se mostrado extremamente eficaz ao que
se propõe. A evolução da Tecnologia Assistiva segue a tendência tecnológica mundial, ou seja,
evoluiu de forma constante.
Para atender ao maior número de pessoas possíveis faz-se necessário o
desenvolvimento de ferramentas específicas para melhor atender a cada uma das pessoas com
deficiência. As deficiências variam muito o seu grau de incapacitação das pessoas e por isso
ferramentas mais específicas tendem a produzir melhores resultados.
Infelizmente a tecnologia ainda não é capaz de atender a todas as pessoas com
deficiência. Existem deficiências que causam tamanha incapacidade que impedem que as
ferramentas hoje conhecidas proporcionem melhoria de vida.
Tratando especificamente da comunicação, existem diversas tecnologias que auxiliam
esta função primordial a convivência humana.
A área da tecnologia assistiva que se destina especificamente à ampliação de
habilidades de comunicação é conhecida como Comunicação Alternativa (CA). A comunicação
alternativa é destinada a pessoas sem fala ou sem escrita funcional ou que possuem defasagem entre
sua necessidade comunicativa e sua habilidade de falar e/ou escrever.
A CA pode acontecer sem auxílios externos, valorizando a expressão do sujeito, a partir
de outros canais de comunicação diferentes da comunicação através da fala: gestos, sons, expressões
faciais e corporais podem ser utilizados e adequados ao convívio social de forma a manifestar
necessidades, desejos, posicionamentos e opiniões, tais como: sim, não, oi, tchau, banheiro, estou
com fome, sinto dor, estou bem, quero (determinada coisa para a qual estou apontando) entre outros
itens de comunicação necessários no cotidiano.
24
Com o intuito de ampliar o repertório comunicativo possível através de expressões, e
aperfeiçoar sua compreensão, são desenvolvidas ferramentas externas como cartões de
comunicação, pranchas alfabéticas, pranchas de comunicação e de palavras, vocalizadores ou o
próprio computador que, por meio de software específico, tornar-se uma ferramenta de voz e
comunicação extremamente útil. Esses recursos de comunicação são construídos de forma
totalmente personalizada, cada pessoa tem a ferramenta moldada a sua necessidade, e levam em
consideração várias características para que melhor lhe atendam.
O termo Comunicação Aumentativa e Alternativa foi traduzido do inglês Augmentative
and Alternative Communication - AAC. Além do termo resumido "Comunicação Alternativa", no
Brasil pode ser encontrada também as terminologias "Comunicação Ampliada e Alternativa - CAA"
e "Comunicação Suplementar e Alternativa - CSA".
4.1 Ferramentas Simples Utilizadas na Comunicação Alternativa
4.1.1 Cartão de Comunicação
Os cartões de comunicação são a maneira externa mais simples de comunicação. São
objetos que se propõem a mostrar símbolos em um espaço compacto como mostra a Figura 1.
Figura 1: Cartões de comunicação (Fonte: www.assistiva.com.br)
Os cartões são, em sua maioria, organizados em fichários presos a argolas ou em porta-
25
cartões, de modo a facilitar o uso da ferramenta. Os símbolos, disponibilizados em formato de
cartões, são muito úteis na sala de aula (na construção da rotina com a turma), em oficinas (como
tópicos de interesse dos alunos) e são facilmente organizados como uma prancha de vocabulário
previamente selecionado, auxiliando na alfabetização e compreensão de seus usuários.
Como exemplo de sua utilização, podemos citar uma aula de culinária onde o professor
pode selecionar o vocabulário (receita) e após, organizá-lo com a turma, executar a receita
utilizando a ordem dos cartões. Nessa atividade desenvolve-se não somente o explorar léxico, como
também a organização sintática, envolvendo alunos com e sem deficiência na comunicação. Os
cartões também são muito utilizados com crianças que possuem baixa visão, onde existe a
necessidade de se ampliar o símbolo gráfico, ou com crianças que estão iniciando o uso de
simbologia gráfica para a CAA, e que posteriormente irão evoluir para pranchas maiores.
4.1.2 Prancha de Comunicação
Em uma prancha de comunicação são colocados vários símbolos gráficos que
representam mensagens como bem demonstra a Figura 2. O vocabulário de símbolos deverá ser
escolhido de acordo com as necessidades comunicativas de seu usuário e, portanto, as pranchas são
personalizadas. Essa ferramenta de comunicação apresenta a vantagem de expor vários símbolos ao
mesmo tempo. A forma mais comum de organizar este recurso é chamada de técnica por subdivisão
e níveis. Cada prancha deve ser feita do tamanho e formato adequados a necessidade e na
confecção, são utilizados materiais variados como folhas de papel, madeira, cartolina e isopor. Uma
prancha pode ser feita de várias formas, desde um álbum fotográfico a uma pasta com itens
plásticos.
Além das pranchas personalizadas (prancha de comunicação pessoal) existem outras
que permitem múltiplos usuários (ambientes escolares, atividades em turma, pranchas que
acompanhem um livro ou jogo). Tais pranchas possibilitam um ambiente rico em símbolos para
todos que estão participando da atividade e podem ser utilizadas por mais de um usuário de CAA ao
mesmo tempo.
26
Figura 2: Prancha de comunicação (Fonte: novoshorizontesticsacessiveis.blogspot.com.br)
4.1.3 Prancha de Comunicação Alfabética
Semelhante à ferramenta anterior, ela é uma pasta de comunicação e nela, há uma
prancha que contém as letras do alfabeto e os números que serão apontados pelo usuário para que se
construam palavras e frases. A Figura 3 mostra uma criança fazendo o uso da ferramenta.
27
Figura 3: Prancha de comunicação alfabética (Fonte: www.assistiva.com.br)
4.1.4 Símbolos de Comunicação Pictórica
Uma das ferramentas de comunicação através de símbolos, mais utilizada em todo o
mundo é o PCS - Picture Communication Symbols, criado em 1980 pela fonoaudióloga
estadunidense Roxanna Mayer Johnson. No Brasil o PCS foi traduzido como Símbolos de
Comunicação Pictórica. O sistema PCS possui como características principais: desenhos simples e
claros, fácil reconhecimento, é adequado a usuários de qualquer idade, facilmente combinável com
outras figuras e fotos para a criação de recursos de comunicação individualizados. São
extremamente úteis para criação de atividades educacionais. O sistema de símbolos PCS está
disponível no Brasil por meio do software Boardmaker. Na Figura 4 podemos ver um exemplo de
uma prancha criada através do Boardmaker.
28
Figura 4: Símbolos de comunicação pictórica (Fonte: www.assistiva.com.br)
4.1.5 Boardmaker
O nome caracteriza plenamente a ferramenta. Board significa "prancha" e maker
significa "produtor". O Boardmaker é um programa de computador que foi desenvolvido
especificamente para criação de pranchas de comunicação alternativa. Ele possui em si a biblioteca
de símbolos PCS e várias ferramentas que permitem a construção de recursos de comunicação
personalizados visando a melhor interação do usuário com ele, como explicitado na Figura 5.
Figura 5: Páginas do Boardmaker (Fonte: facilitadoresnee.blogspot.com.br)
No Boardmaker estão contidos recursos de comunicação ou materiais educacionais que
29
utilizam os símbolos gráficos e que serão posteriormente impressos e disponibilizados aos alunos.
O Boardmaker poderá ser associado a outro programa chamado de Speaking
Dynamically Pro que significa "falar dinamicamente". Estes dois softwares em conjunto se
tornaram uma importante ferramenta para construção pranchas de comunicação onde, a partir da
seleção de um símbolo, acontece a emissão de voz pré-gravada ou sintetizada representativa da
mensagem escolhida. Para comunicar-se com voz o usuário utilizará seu computador ou um
vocalizador portátil.
O Speaking Dynamically Pro possui uma série de ferramentas de programação de uso
fácil e didático, que permitem a criação personalizada de atividades educacionais, recreativas e de
comunicação por pessoas que nunca antes tiveram contato com a ferramenta.
Outra característica marcante deste software é a acessibilidade. Um exemplo disso é
que a seleção de teclas de mensagens ou de teclas para escrita pode acontecer por meio de varredura
e acionadores, botões que facilitam a interação.
Os software Boardmaker e Boardmaker com Speaking Dynamically Pro são
comercializados no Brasil pela Clik Tecnologia Assistiva
4.1.6 Vocalizador
O vocalizador é um recurso eletrônico de gravação e reprodução, que auxilia na
comunicação das pessoas em seu dia-a-dia. Com ele, o usuário expressa sentimentos, pensamentos e
desejos pressionando uma mensagem adequada, gravada previamente no aparelho. As mensagens
são acessadas por teclas sobre as quais são colocadas imagens (fotos, símbolos, figuras) ou palavras,
que correspondem ao conteúdo sonoro gravado.
Com a evolução da tecnologia, a maioria dos vocalizadores grava as mensagens
digitalmente, aumentando assim sua capacidade de gravação. Podemos encontrar vocalizadores
muito simples, que gravam apenas uma mensagem e instrumentos capazes de gravar centenas delas.
A maior limitação do equipamento é sua estrutura física, que determina quantas interações e
gravações serão utilizadas simultaneamente como demostrado na Figura 6.
30
Figura 6: Vocalizador GoTalk 20+ (Fonte: www.assistiva.com.br)
Em qualquer vocalizador o conteúdo gravado em cada célula é reconhecido através de
figuras ou textos aplicados em pranchas de comunicação que ficam sobre as teclas. Ao pressionar a
tecla com a figura correspondente ou texto, sua mensagem pré-gravada é imediatamente
reproduzida com volume ajustável.
4.1.7 Acionadores
Os acionadores são recursos que permitem acessibilidade tanto no uso do computador
quanto em outras atividades não relacionadas a informáticas. A única função do acionador é gerar
um clique que o computador interpretará como um comando de seu usuário. É a forma mais simples
de se interagir com um computador, daí a sua importância como interface para a comunicação
alternativa como mostra a Figura 7.
De um ponto de vista elétrico, um acionador é uma chave de contato momentâneo
normalmente aberto (NA), como um botão de campainha. Existem diversas formas de acionadores,
pois sua maior característica é o design apropriado para diferentes utilizações. Todos os acionadores
atendem a uma padronização internacional de plugue, com um mini plugue tipo P2.
31
Figura 7: Acionadores (Fonte: www.assistiva.com.br)
4.1.8 Colete de Comunicação
O Colete de Comunicação implementa uma nova dinâmica as atividades, no qual a
pessoa veste este acessório. O colete é indicado para atividades lúdicas de comunicação alternativa,
brincadeiras na pré-escola, etc. Confeccionado em tecido sintético muito leve, permite a fixação
firme de símbolos e outros objetos com velcro, como podemos perceber nos exemplos contidos na
Figura 8. Embora muito simples, a ferramenta desperta de forma muito expressiva o interesse das
crianças.
Figura 8: Coletes de comunicação (Fonte: www.clik.com.br)
32
4.2 Alta Tecnologia na Comunicação Alternativa
O salto tecnológico ocorrido na comunicação desde meados dos anos 80 com a criação
dos primeiros celulares proporcionou um crescimento nunca antes contemplado na comunicação.
Depois dos celulares veio a consolidação da internet, que colocou um fim em toda e qualquer
barreira física que impedia as pessoas de se comunicarem. A vida se tornou mais fácil, mas essas
tecnologias ainda não supriam de forma completa o anseia das pessoas em se comunicarem com o
mundo de forma rápida e acessível. Tendo isso em vista, Steve Jobs, fundador da Apple Inc., teve a
ideia de usar uma tela multi-touch para interagir com um computador de uma maneira em que ele
pode digitar diretamente no display, essencialmente, na remoção física de teclado e mouse. Jobs
recrutou um grupo de engenheiros da Apple para investigar a ideia como um projeto paralelo.
Quando Jobs revista o protótipo e sua interface com o usuário, ele teve uma segunda
ideia de implementar a tecnologia em um celular. Assim surgia o iPhone, o primeiro smartphone do
mundo.
O iPhone original foi introduzido por Steve Jobs em 9 de janeiro de 2007, em uma
palestra na Macworld Conference & Expo, realizada em Moscone West, em San Francisco,
Califórnia. Em seu discurso, Jobs disse: "Eu tenho olhado para a frente isso por dois anos e meio" e
que "hoje, a Apple vai reinventar o telefone". Jobs apresentou o iPhone como uma combinação de
três dispositivos: um iPod widescreen com controles sensíveis ao toque, um telefone celular
revolucionário e um comunicador de internet inovador.
A criação de Jobs abriu as portas para um novo conceito e novas oportunidades. Agora
a comunicação com o mundo era portátil.
A disseminação da ideia foi imediata e pouco tempo depois se tornou realidade na vida
de grande parte da população mundial.
A contribuição de Jobs para a comunicação não parou por aí, pouco menos de 3 anos
depois, mais precisamente em 27 de janeiro de 2010, em uma conferência para imprensa no Yerba
Buena Center for the Arts em São Francisco, o iPad foi apresentado. Ele foi apresentado por Jobs
como um dispositivo situado em um caminho do meio entre um MacBook e um iPhone. O
dispositivo utilizava o mesmo sistema operacional do iPhone, o iOS.
A recepção inicial do iPad foi bastante diversificada. Um grupo se posicionou contra o
aparelho, dizendo ser uma ferramenta muito limitada e específica demais, enquanto outros
entusiastas demonstraram grande empolgação com a facilidade de interação que a interface oferecia.
De lá para cá, o mercado cresceu mundialmente e a indústria de smartphones, tablets e
aplicativos se consolidou assumindo um papel fundamental para execução de atividades e tarefas do
33
mundo moderno.
A facilidade de acesso a essas ferramentas tem gerado o desejo de desenvolver soluções
de Comunicação Alternativa utilizando estes dispositivos. A ideia tem se propagado e hoje já
podemos encontrar alguns aplicativos que auxiliam a comunicação de muitas pessoas com
deficiência.
4.2.1 Os Softwares ProDeaf
O ProDeaf é um conjunto de soluções de software capazes de traduzir texto e voz de
português para Libras - a Língua Brasileira de Sinais - com o objetivo de permitir a comunicação
entre Surdos e ouvintes.
Cada um dos softwares ProDeaf é melhor adequado para um cenário onde a empresa
deseja promover acessibilidade aos seus clientes e usuários surdos. Os softwares da plataforma
ProDeaf permitem que qualquer tipo de conteúdo disponível em português se torne acessível em
Libras.
Para que haja comunicação eficiente, o emissor e o receptor da mensagem devem saber
a mesma língua e ter o mesmo repertório (conhecimentos, vocabulário, etc.). O que acontece com os
Surdos e ouvintes é que cada um está falando uma língua, fazendo com que a comunicação não seja
estabelecida.
A Libras não é meramente intuitiva e não é mímica, possui sintaxe e regras gramaticais
próprias. As expressões faciais e corporais são componentes extremamente importantes que
atribuem um valor gramatical na língua. As diferenças entre as línguas faz com que muitos Surdos
sintam o Português como um idioma estrangeiro. Libras é a língua oficial deles!
Os softwares ProDeaf estão disponíveis às empresas brasileiras para comunicar e
promover produtos e mensagens aos Surdos. Esta é uma oportunidade única e inovadora para as
empresas expandirem seu público-alvo e gerar mais receita, traduzindo sites e vídeos de forma ágil.
Além disso, a plataforma é uma vantagem para às empresas do setor público e
instituições financeiras que devem cumprir os decretos 5.296/2004 e 5.626/2005, prestando
atendimento e soluções de acessibilidade aos Surdos, onde qualquer conteúdo deve ser traduzido
para Libras.
Mesmo que a empresa não seja obrigada por lei a oferecer soluções de acesso para a
comunidade surda, investimento em acessibilidade é garantia de retorno positivo, tanto na
percepção de uma marca com o público, como por passar a atingir e atender uma maior quantidade
34
de usuários e potenciais clientes para sua empresa.
A proposta do ProDeaf é oferecer mais acessibilidade para os Surdos e promover a
integração social, criando uma plataforma de comunicação inovadora e única que quebra barreiras
de comunicação. A Federação Nacional para a Educação e Integração dos Surdos (FENEIS) estima
que apenas um pequeno percentual dos surdos são capazes de entender bem o português de uma
amostra de 10 milhões de deficientes auditivos, segundo o Censo 2010.
O ProDeaf é comercializado em três seguimentos:

Websites

Atendimento

Móvel
Website: O ProDeaf para Websites, demonstrado na Figura 9, é uma solução que torna
o website de sua empresa acessível em Libras. A interpretação é efetuada por um personagem
animado em 3D, que pode ser personalizado e exclusivo. A tradução do conteúdo não é 100%
automática, sendo revisada por intérpretes profissionais antes de ser disponibilizada, garantindo a
equivalência entre o conteúdo original em português e a tradução para Libras. A estrutura
gramatical de Libras é respeitada, permitindo aos surdos compreensão plena do conteúdo em sua
língua primária, pois o ProDeaf para Websites não utiliza português sinalizado.
Figura 9: Reprodução - ProDeaf websites (Fonte: www.prodeaf.net)
Atendimento: O ProDeaf traz a solução completa de acessibilidade para dentro de sua
empresa. Totalmente personalizável, o atendimento digital em Libras pode ser implementado em
totens de autoatendimento ou tablets. Com essa solução, você poderá oferecer conteúdos específicos
em Libras, além de contar com a função de vídeo-chamada para nossa central de intérpretes. Eles
35
estarão aptos a intermediar a conversação entre surdos e ouvintes, como demonstra a Figura 10.
Figura 10: Reprodução - ProDeaf atendimento (Fonte: www.prodeaf.net)
Móvel: O ProDeaf Móvel é o primeiro aplicativo tradutor de português para a Língua
Brasileira de Sinais. Com esta ferramenta de bolso é possível traduzir automaticamente pequenas
frases para Libras através de texto escrito ou reconhecimento de voz e facilitar seu aprendizado
desta língua de sinais, isso acontece pela interpretação de um desenho como mostra a Figura 11. Ele
é o único que possui um Dicionário de Libras para você navegar entre milhares de palavras em
português e ver sua tradução sem necessidade de conexão com a Internet. Esse inovador tradutor de
português para Libras é totalmente gratuito.
Figura 11: Reprodução - ProDeaf móvel (Fonte: www.prodeaf.net)
36
4.2.2 Tobii PCEye GO
As ferramentas mostradas até agora se adequam muito bem a deficiências que causam
impossibilidades pontuais, ou seja, não impossibilitam todas as funções motoras do indivíduo, mas
o que fazer para casos mais graves como a E.L.A, esclerose lateral amiotrófica.
E.L.A, também designada por doença de Lou Gehrig1 e doença de Charcot, é uma
doença neurodegenerativa progressiva e fatal, caracterizada pela degeneração dos neurônios
motores, as células do sistema nervoso central que controlam os movimentos voluntários dos
músculos, e com a sensibilidade preservada.
É a forma mais comum das doenças do neurônio motor e o termo esclerose lateral
refere-se ao "endurecimento" do corno anterior na substância cinzenta da medula espinhal e do
fascículo piramidal no funículo lateral da substância branca da medula, no qual se localizam fibras
nervosas oriundas de neurônios motores superiores, formando o trato cortico-espinhal lateral.
Os músculos necessitam de uma inervação patente para que mantenham sua
funcionabilidade e trofismo, assim, com a degeneração progressiva dos neurônios motores (tanto
superiores, corticais, quanto inferiores, do tronco cerebral e medula), ocorrerá atrofia por
desnervação, observada, na clínica, como perda de massa muscular, com dificuldades progressivas
de executar movimentos e perda de força muscular.
Entre as personalidades famosas afetadas por esta doença encontram-se: Lou Gehrig
(jogador de baseball norte americano), David Niven (ator britânico) e o físico Stephen Hawking
(Figura 12). O músico português José Afonso também morreu em consequência da doença. No
Brasil, o ator Fausto Rocha também padeceu da doença, com a descoberta em 1997 e falecimento
em 2001. Washington, ex-futebolista da Seleção Brasileira, do Clube Atlético Paranaense e do
Fluminense Football Club é portador de E.L.A.
Para pessoas que sofrem com doenças extremamente graves como a E.L.A, surgiu o
Tobii PCEye GO, com ele é possível controlar qualquer computador apenas com o olhar. Criado
como um método alternativo para comunicação, o novo módulo PCEye é fácil de usar, portátil e
permite a utilização com máxima precisão.
Recentemente a atleta brasileira de esqui, Laís Souza, sofreu um grave acidente
enquanto realizava seus treinos para as olimpíadas de inverno. As lesões sofridas causaram
complicações em seu cérebro e por causa de tais complicações a atleta perdeu a capacidade da fala e
não consegue realizar movimentos que a permitam realizar uma comunicação fluida.
Para tornar possível a comunicação e auxiliar a recuperação da atleta, os médicos
sugeriram a utilização do Tobii.
37
Figura 11: Reprodução - Stephen Hawking (Fonte: www.businessinsider.com)
O módulo Tobii PCEye GO é uma unidade de controle dos olhos projetada para ser
ancorado em baixo de telas de computadores (monitor externo de notebook e desktop) comuns,
utilizando para isso o suporte fornecido, como mostra a Figura 13. O módulo PCEye permite usar o
movimento ocular para operar o computador pessoal com precisão, independentemente o uso de
óculos, lentes de contato, cor dos olhos ou condições de iluminação. Ele simplesmente permite que
você controle seu computador com os olhos.
Olhando para a tela, você pode controlar o cursor do mouse e clicar piscando,
exercendo constância (permanecer olhando para a tela durante um determinado período de tempo)
ou usando um acionador de pressão. Basta ligar o PCEye e começar a usar todos os programas
designados para o sistema operacional Microsoft Windows e as principais funções que você está
acostumado. Através de mouse e teclado virtual, controlado apenas com o movimento dos olhos.
38
Figura 13: Reprodução - Tobii PCEye GO (Fonte: www.tobii.com)
O aparelho é de simples instalação, basta plugar o cabo em uma entrada USB e instalar
o software, feito isso, uma rápida e intuitiva configuração com o auxilia do usuário é solicitada e
pronto, o Tobii PCEye GO esta preparado para o uso, como mostra a Figura 14.
O Tobii PCEye GO proporciona a oportunidade de interação com outras pessoas, de
estar no controle e fazer as coisas que você quiser e quando quiser, sem precisar pedir para os outros
– fatores que são muito importantes para se viver uma vida feliz, saudável e independente.
Figura 12: Reprodução - Tobii PCEye GO (Fonte: www.tobii.com)
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CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE CASO - LIVOX
5.1 Livox
Olhando para o mercado nacional, as opções de ferramentas voltadas a CA
desenvolvidas em solo brasileiro são ainda mais escassas, se comparada a países pioneiros no
assunto. Dentre as poucas ferramentas encontradas em nosso país, sem dúvida, a que mais se
destaca é o Livox, que tem como sua logomarca um papagaio, demostrado na Figura 15. O animal é
um ótima representação quando o assunto é fala. Além do destaque interno, o Livox tem atraído a
atenção de investidores e entusiastas de CA em todo o planeta.
Figura 15: Reprodução – Livox (Fonte: www.agoraeuconsigo.org)
Para um bom entendimento da história do Livox, é preciso entender a motivação por
traz de sua criação. Em contato com o seu criador, Carlos Pereira, a entrevista dada a equipe
jornalística do Blog do Tas, de propriedade do jornalista/repórter/apresentador Marcelo Tas,
realizada no dia 3 de setembro de 2013 e publicada no portal Terra, foi citada pelo criador como
base para um melhor conhecimento e levantamento do projeto. Seguindo a orientação de Carlos,
para melhor entendimento e compreensão desta ferramenta revolucionária, serão utilizados trechos
desta entrevista para melhor explicitação de sua história e projeto.
Em 2007, a realidade vivenciada por Carlos Pereira, era a de ter em sua casa uma linda
40
filha com paralisia cerebral ocasionada por um erro médico em seu nascimento. Analista de
Sistemas, Carlos sempre buscou na tecnologia possibilidades para melhor entender e se comunicar
com sua filha, a Figura 16 mostra a família de Carlos. Depois de uma vasta pesquisa, a única
ferramenta encontrada foi um aplicativo desenvolvido em inglês. Em contato com os
desenvolvedores, lhe disseram que a criação de uma versão em português para o aplicativo não
estava em seus planos. Ante as circunstâncias, Carlos resolveu agir por conta própria e desenvolver
um aplicativo que atendesse sua necessidade e de sua filha. Assim nasceu o Livox, hoje considerado
por muitos, o mais competente e competitivo aplicativo do mercado mundial para possibilitar a
comunicação de pessoas com doenças que interferem na fala.
Carlos começou criando um aplicativo bem simples, que instalou e testou em seu
próprio celular, que ajudava a filha a responder apenas “Sim” e “Não” às suas perguntas. Aos
poucos, com a obtenção dos primeiros resultados positivos e a consequente melhoria na
comunicação, a ferramenta foi aprimorada com a ajuda de fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais
e pedagogos. Atualmente, o Livox é considerado o melhor aplicativo voltado a conectar pessoas
com dificuldade de fala e está disponível em mais de 26 idiomas.
Figura 13: Carlos, Clara e Aline (Foto: Carlos Pereira / Acervo pessoal)
Ainda lembro um dia que a Clara pediu para almoçar ‘Espaguete a Bolonhesa’. Você não
acredita a cara de felicidade dela ao ver um prato de espaguete chegar para o almoço.
Nunca vi a Clara comer tanto e com tanto gosto! (PEREIRA, CARLOS; A incrível história
41
do Livox, o aplicativo verde-amarelo do pai da Clara; Portal Terra – Blog do Tas.
Setembro, 2013.)
O prazer resultante por entender o que a filha deseja, gosta ou precisa, já é muito para
Carlos e sua esposa Aline, mas a ambição vai além. A ideia agora é ver o Livox sendo utilizado por
cada família brasileira que possui dificuldade em se integrar com pessoas que não falam devido a
problemas cognitivos ou motores. Tais dificuldades podem ser fruto de uma série de doenças e
anomalias resultantes de sequelas e tendo isso em vista, Carlos entende que o Livox pode e deve ir
além das fronteiras de sua casa.
A recente repercussão no Brasil já lhe rendeu o prêmio de melhor aplicativo de inclusão
e empoderamento para pessoa com deficiência na etapa brasileira do WSA (World Summit Award),
premiação apoiada pela ONU.
Atualmente, ele busca recursos para que o governo brasileiro o ajude a levar o Livox
até as famílias necessitadas. “Sem a participação do governo é impraticável conseguir levar a
tecnologia a tantas pessoas, até devido às condições financeiras da maior parte da população”,
enfatiza o criador do app que tem três de suas telas representadas pelas Figuras 17, 18 e 19.
Figura 14: Reprodução – Livox (Fonte: www.agoraeuconsigo.org)
Em entrevista dada a equipe do Blog do Tas, Carlos retrata como surgiu a ideia Livox
(“Liberdade em Voz Alta”).
42
A ideia surgiu por causa da minha filha, Clara Pereira. Ela tem cinco anos (vai fazer 6
agora em setembro) e, por conta de um erro médico no parto, tem Paralisia Cerebral. Assim
como ela, 15 milhões de brasileiros não falam devido a problemas cognitivos ou motores.
No caso da Clara, a dificuldade é motora, ou seja, tem toda a inteligência de uma criança da
idade dela, mas está presa a um corpo que não obedece aos seus comandos. Pessoas como
Clara utilizam a “Comunicação Alternativa” para se comunicarem, que geralmente são
cartões impressos com uma figura e uma sentença. Tinha que ter uma maneira melhor!
(PEREIRA, CARLOS; A incrível história do Livox, o aplicativo verde-amarelo do pai da
Clara; Portal Terra – Blog do Tas. Setembro, 2013.)
Quando questionado a respeito da iniciativa pautada na ausência de softwares existentes
em português, o criador retrata sua experiência frustrante ao procurar por soluções que os
atendessem.
Algumas empresas americanas fazem softwares de comunicação alternativa, porém apenas
em inglês. Entrei em contato com elas mas não houve interesse em criar algo para o
mercado brasileiro. Como sou Analista de Sistemas, pensei em criar um aplicativo que
permitisse me comunicar com minha filha. Comecei com algo bem simples, no meu
celular mesmo, escrito apenas: “Sim” ou “Não”. Só com isso já dava para “conversar”
bastante com minha filha. Com o tempo adicionei novos itens e depois comprei um tablet.
O Livox foi o primeiro app deste tipo em português do mundo, e atualmente ele é capaz de
falar mais de 25 idiomas! Além disso, o Livox cresceu de uma forma que contém recursos
exclusivos que permitem que ele se adeque a uma ampla variedade de deficiências: motora,
visual, cognitiva etc. Não há nada similar no mercado! (PEREIRA, CARLOS; A incrível
história do Livox, o aplicativo verde-amarelo do pai da Clara; Portal Terra – Blog do Tas.
Setembro, 2013.)
Figura 15: Reprodução – Livox (Fonte: www.agoraeuconsigo.org)
Tendo em vista a própria experiência, Carlos viu em suas mãos uma ferramenta
revolucionária e que o aproximou de sua filha.
Só depois que ela começou a usar o Livox que nós pudemos ver o espetacular nível de
entendimento que ela tem de tudo que se passa ao seu redor! Além disso, na escola tem
sido excelente. Através do Livox a pessoa pode além de se comunicar, fazer provas,
aprender, estudar etc. Ela está até mesmo escrevendo palavras através do Livox. Isso é um
43
paradigma que precisa ser quebrado. Minha filha não consegue usar lápis e papel mas isso
NÃO QUER DIZER que ela não possa ser alfabetizada! (PEREIRA, CARLOS; A incrível
história do Livox, o aplicativo verde-amarelo do pai da Clara; Portal Terra – Blog do Tas.
Setembro, 2013.)
Quanto à reação dela, houveram vários momentos maravilhosos. Ainda lembro um dia que
ela pediu para almoçar “Espaguete a Bolonhesa”. Você não acredita a cara de felicidade
dela ao ver um prato de espaguete chegar para o almoço. Nunca vi a Clara comer tanto e
com tanto gosto! Além disso, ela já nos contou coisas incríveis e demonstrou ter um
conhecimento fantástico de coisas que eu nem imaginava que ela sabia. Uma das coisas
que ainda me emociona é que ela já assistiu a TODOS os filmes da Disney, e por meio do
Livox eu perguntei: “Qual princesa da Disney que você é?”. Ela disse que era a Ariel, do
filme “A Pequena Sereia”, porque a Ariel é uma princesa que NÃO FALA. Ela perde a voz
e fica quase todo o filme sem falar. Como eu saberia isso? Incrível ela ter se identificado
justamente com a princesa que não fala! Lá pro final do filme acontece uma mágica e Ariel
começa a falar, mas infelizmente nossa vida não é um filme de Walt Disney. Só que isso
não quer dizer que não podemos fazer algumas mágicas e estamos felizes de termos criado
algo mágico que está dando voz não apenas à minha filha, mas a milhares de brasileiros.
(PEREIRA, CARLOS; A incrível história do Livox, o aplicativo verde-amarelo do pai da
Clara; Portal Terra – Blog do Tas. Setembro, 2013.)
Clara não foi só a primeira pessoa a utilizar o Livox, ela também foi desbravadora
quando o assunto é células tronco no Brasil.
Minha filha foi a primeira brasileira a fazer um tratamento com células tronco para
Paralisia Cerebral e por isso consegui algumas amizades interessantes. Dessas amizades
consegui trazer para a cidade do Recife um investimento estrangeiro para a montagem de
uma clínica de fisioterapia de primeiro mundo, chamada Reamo Beike. Com o crescimento
da demanda e do interesse pelo Livox, comecei a trabalhar com fonoaudiólogas, terapeutas
ocupacionais e pedagogas da Reamo para adequá-lo há uma ampla variedade de
deficiências. Mas obviamente o melhor laboratório foi a minha casa mesmo, onde pude ver
24 horas por dia as dificuldades da minha filha, e com isso criamos no Livox recursos sem
paralelos mesmo em softwares desenvolvidos nos EUA. (PEREIRA, CARLOS; A incrível
história do Livox, o aplicativo verde-amarelo do pai da Clara; Portal Terra – Blog do Tas.
Setembro, 2013.)
A história de revolução e inovação iniciada por Carlos e Clara, começa a tomar novos
rumos e a traçar novos caminhos promissores.
Estamos criando novas versões do Livox, como por exemplo o “Livox Capta”, que vai
permitir que pessoas que não usam as mãos possam utilizar o app com os olhos. Temos
também o “Livox Now”, que é uma camada de inteligência artificial que permite que o app
monte os conjuntos de acordo com o contexto de hora e local. A expectativa é muito boa.
Já temos milhares de brasileiros utilizando o Livox, de norte a sul do Brasil! Veja algumas
de nossas viagens no nosso Facebook! No entanto, precisamos da ajuda da mídia para que
o Livox seja adotado como uma política pública. Afinal de contas são 15 milhões de
pessoas no país que precisam do Livox e sem a participação do governo é impraticável
conseguir levar a tecnologia a tantas pessoas, até devido às condições financeiras da maior
parte da população. Então precisamos sensibilizar o governo para que as pessoas com
deficiência possam ter acesso ao Livox. (PEREIRA, CARLOS; A incrível história do
Livox, o aplicativo verde-amarelo do pai da Clara; Portal Terra – Blog do Tas. Setembro,
2013.)
44
Figura 16: Reprodução – Livox (Fonte: www.agoraeuconsigo.org)
O Livox em sua forma mais simples tem seu valor estimado em R$ 1.300,00 e em sua
forma completa chega a custar R$ 1.600,00. Além deste valor, para obter constantes atualizações da
ferramenta é necessário o pagamento de uma anuidade que varia entre R$250,00 e R$ 600,00.
Mas que um exemplo de dedicação e perseverança na aplicação da Comunicação
Alternativa, esse projeto é o resultado dos sonhos de todas as famílias que anseiam ter uma
comunicação fluida com seus especiais.
5.2 O Livox e o Mercado
Ao ser comparado a outras ferramentas existentes no mercado, o Livox permanece em
uma posição de destaque. Os prêmios e indicações que o Livox tem recebido em tão pouco tempo
de existência representam bem sua notoriedade.
Traçar um comparativo entre as ferramentas de CA é algo um tanto complicado e de
difícil representação numérica devido ao seu alto grau de adaptabilidade. Cada ferramenta possui
seu público alvo e, sendo assim, é de maior valia a aquele determinado consumidor.
O comparativo não tem por intenção rivalizar as ferramentas, até porque, como dito
acima, elas possuem grande especificidade o que torna inviável uma justa comparação. O objetivo
45
dos gráficos abaixo é tão somente demonstrar de forma ampla uma visão de mercado a respeito de
seus valores e amplitude de alcance aos consumidores.
O Gráfico 1 mostra que o Livox esta entre os produtos de CA com maior alcance de
consumidores, isto é, consegue atender a um número maior de pessoas com as mais variadas
deficiências. O líder do ranking é o Tobii que por necessitar tão somente do uso dos olhos, consegue
atender uma imensidão de pessoas com deficiência.
Gráfico 1: Nível de Abrangência
O Gráfico 2 demonstra que apesar de ser um produto nacional, o Livox possui um valor
alto de mercado o que dificulta famílias carentes terem acesso ao produto. E é aí que entra o apoio
governamental. Com o apoio governamental é possível reduzir drasticamente o valor final do
produto, o que o tornaria uma ferramenta mais acessível e de maior alcance aos brasileiros que tanto
necessitam deste auxílio.
46
Gráfico 2: Preços
É motivo de muito orgulho saber que o Brasil tem assumido um papel de destaque
quando o assunto é a CA. O Livox é um excelente aplicativo, tem rompido barreiras a cada dia e
seus resultados comprovam o futuro brilhante reservado ao mercado nacional.
A recente notoriedade dada ao Brasil por causa dos eventos internacionais que sediará,
Copa do Mundo e Olimpíadas, tem se mostrado uma excelente oportunidade aos empreendedores
brasileiros que visam aproveitar que os olhos do mundo estão voltados ao país para garantirem
novos investimentos e incentivos a suas ideias revolucionárias. Aproveitando oportunidades como
estas, podemos levar nossos produtos, como o Livox, a patamares antes inimagináveis, o que é bom
não só para o país, mas para todos que tanto necessitam destas ferramentas para melhorarem suas
vidas.
A expectativa é que o crescimento seja constante e que mais exemplos como o Livox
sejam descobertos e com os investimentos necessários alcancem seus objetivos trazendo
independência a este grupo de pessoas que por vezes é esquecido pela sociedade.
O papel desempenhado pelo governo merece um destaque especial, uma vez que ações
de isenção fiscal, entre outras, são de suma importância para alavancar e atrair um número maior de
profissionais para a área. Hoje os incentivos existentes são muito pequenos e bem distantes do
considerado ideal. A certeza é a de que com profissionais capacitados e o devido apoio público e
privado a CA sairá do anonimato e ganhará os lares das famílias brasileiras.
47
CONCLUSÕES
Este projeto buscou analisar a eficácia e eficiência das tecnologias utilizadas na
Comunicação Alternativa.
As fontes encontradas foram em sua totalidade digitais e extraídas da internet,
muitas das vezes pequenos trechos das obras. Muitas histórias reais serviram de incentivo a
escrita. Monografias e e-books também foram de grande valia, já que o conteúdo abordado
não é de conhecimento disseminado entre grande parte da população, em especial a área
acadêmica de TI.
O projeto foi muito bem recepcionado pelos colegas acadêmicos e professores que
tomaram ciência do assunto abordado. Demonstrar o como ferramentas computacionais podem
devolver o bem estar, a vida e independência a tantas pessoas foi muito bem visto por todos
que de maneira direta ou indireta conheceram o projeto.
Uma oportunidade única de divulgar o tema e trazer conhecimento sobre um
mundo às vezes distante do nosso convívio diário, trouxe um grande aprendizado e bagagem
para a vida.
Os conteúdos existentes sobre o assunto em língua portuguesa são extremamente
escassos, o que dificultou consideravelmente uma melhor análise comparativa de estudos e
sua respectiva evolução.
O conhecimento adquirido através da pesquisa, mesmo que pequena, são
suficientes para afirmar que a Tecnologia Assistiva tem um papel de suma importância na
recuperação, independência e melhoria de vida de seus pacientes.
A Comunicação Alternativa é responsável por restaurar a esperança e bem estar
de milhares de pessoas que enfrentam estes desafios diários para romper enormes barreiras
para a realização de tarefas simples e cotidianas.
Um ponto importante a ser abordado é a falta de apoio e divulgação por parte de
órgãos governamentais que realizam muito pouco, perto de sua capacidade e alcance. O apoio
do governo a esses projetos se tornam essenciais quando o objetivo é disseminar as
ferramentas a todos que necessitam delas para terem uma vida digna.
Mesmo com todas as dificuldades encontradas durante o projeto, foi muito
enriquecedor e gratificante abordar o tema proposto. Uma das maiores recompensas foi a
percepção de que existem meios possíveis para garantir uma vida melhor e mais digna as
48
pessoas com deficiência.
Todo o conhecimento adquirido e transcrito neste projeto serve como base a
estudos futuros, bem como incentivo a novas implementações e a criação de ferramentas mais
baratas e acessíveis a população, visando sempre o bem estar social. A amplitude de mercado
também comprova a necessidade de tais empreitadas, assim como a grande quantidade de
oportunidades existentes na área, o que sem dúvida motiva e gera valor ao ramo de estudo.
O simples fato de poder ajudar na divulgação dessas tecnologias já agrega um
valor inestimável ao projeto tendo em vista aqueles que tanto necessitam deste apoio.
49
REFERENCIAS
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amended. EUA: 1990. Disponível em: <http://www.ada.gov/pubs/ada.htm>. Acesso em: 17
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DF: Senado; 1988. Presidência da República. Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999.
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VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 4.
ed. São Paulo:Atlas, 2003.
51
APÊNDICES
Apêndice A - Cronograma de Atividades
52
Apêndice B - Pôster
53
Apêndice C - Autorização a Publicação
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