RELATÓRIO ATIVIDADES DA COMISSÃO DE SAÚDE 2011 Florianópolis Fevereiro 2012 2 Sumário 1. Introdução.......................................................................................................05 2. Lista das Audiências Públicas realizadas pela Comissão de Saúde em 2011...............................................................................................................06 3. Lista das Reuniões realizadas pelo Fórum dos Pequenos Hospitais em 2011.................................................................................................................08 4. Desenvolvimento.............................................................................................09 4.1 Resumo Geral das Demandas Levantadas em todas as Audiências Públicas..........................................................................................................09 4.2 Descrição Específica das Demandas Levantadas em todas as Audiências Públicas..........................................................................................................12 5. Considerações Finais.....................................................................................35 6. Anexos............................................................................................................37 6.1 – Ata da Audiência Pública – Criciúma Descentralização em Alta Complexidade Pediatria e a Saúde na Região Sul..............................................................................................................................38 6.2- Ata da Audiência Pública – Florianópolis Atenção básica em Saúde nos municípios da Grande Florianópolis...............................................................................................................54 6.3 – Ata da Audiência Pública– Taió A atual situação do Hospital e Maternidade Dona Lizete..........................................................................................................................78 6.4 – Ata da Audiência Pública – Chapecó Descentralização em Alta Complexidade Pediatria e a Saúde na Região Oeste........................................................................................................................92 6.5 – Ata da Audiência Pública – Lages Descentralização em Alta Complexidade Pediatria e a Saúde na Região Serrana....................................................................................................................112 3 6.6 – Ata da Audiência Pública - Rio do Sul Descentralização em Alta Complexidade Pediatria e a Saúde na Região da AMAVI...............................................................................................................125 6.7– Ata da Audiência Pública– Florianópolis Atual situação do Hospital Florianópolis..........................................................139 6.8 – Ata da Audiência Pública– Itajaí Atenção Básica em Saúde, Estratégia em Saúde da Família, UPAs, Média e Alta Complexidade e Hospitais na Região da AMFRI....................................................155 6.9 – Ata da Audiência Pública - Florianópolis Criação de um Programa Estadual de Incentivo às Cirurgias Eletivas.............171 6.10 – Ata da Audiência Pública – Florianópolis Apresentação dos Relatórios Trimestrais de Gestão do SUS pela SES – 3º e 4º Trimestres de 2010 e 1º Trimestre de 2011.............................................................187 6.11 – Ata da Audiência Pública - Araranguá Situação do Hospital Regional de Araranguá.....................................................214 6.12- Ata da Audiência Pública - Tijucas A Situação da saúde e hospitais do Vale do rio Tijucas.....................................231 6.13 – Ata da Audiência Pública – Florianópolis TABAGISMO: Políticas de Prevenção e controle, consultas 112 e 117 Anvisa e Políticas de Diversificação de Cultivo e Renda....................................246 6.14 – Ata da Audiência Pública – Florianópolis Análogos de Insulina pelo SUS e Diabetes Tipo 1..............................................266 6.15 – Ata da Audiência da Pública – Florianópolis Gestão Pública dos Hospitais X Organizações Sociais......................................301 6.16 – Ata da Audiência Pública – Joinville A Situação do Hospital Hans Dieter Schmidt......................................................339 4 6.17 - Ata da Reunião Fórum dos Pequenos Hospitais São Miguel Oeste do Repasse do SUS..................................................................................................361 6.18 – Ata da Reunião do Fórum dos Pequenos Hospitais – Ituporanga Situação Econômica dos Hospitais Filantrópicos e Fundações Hospitalares do Estado de Santa Catarina em decorrência dos Repasses Financeiros do SUS..........................................................................................................................392 6.19 - Ata da Reunião do Fórum dos Pequenos Hospitais – Araranguá Situação Econômica dos Hospitais Filantrópicos e Fundações Hospitalares do Estado de Santa Catarina em decorrência dos Repasses Financeiros do SUS..........................................................................................................................400 6.20 - Ata da Reunião do Fórum dos Pequenos Hospitais – Chapecó Situação Econômica dos Hospitais Filantrópicos e Fundações Hospitalares do Estado de Santa Catarina em decorrência dos Repasses Financeiros do SUS..........................................................................................................................425 6.21 – Ata da Reunião do Fórum dos Pequenos Hospitais – Guaramirim Situação Econômica dos Hospitais Filantrópicos e Fundações Hospitalares do Estado de Santa Catarina em decorrência dos Repasses Financeiros do SUS..........................................................................................................................435 6.22 – Pedido de Informação ao Governo do Estado sobre estudos do Governo referentes ao uso de agrotóxico e os danos para a saúde......................................456 6.23 – Guia sobre agrotóxicos no Brasil...............................................................463 5 1. INTRODUÇÃO Este relatório retrata as Audiências Públicas realizadas em diversas regiões do Estado de Santa Catarina pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa e pelo Fórum dos Pequenos Hospitais durante o ano de 2011. As Audiências Públicas tiveram por objetivo ouvir a população e debater sobre a situação da saúde em geral, destacando-se a realidade da saúde e a situação dos hospitais. Tratamos também de temas específicos como a necessidade de descentralização da alta complexidade em pediatria para as várias regiões do Estado. As Audiências contaram com a grande participação da população em geral, da Secretaria Estadual de Saúde, do Ministério Público Federal, do Ministério Público Estadual, prefeitos, vereadores, secretários municipais de saúde, dirigentes hospitalares, membros dos Conselhos Estadual e Municipal de Saúde, sindicatos, igrejas e Organizações Não Governamentais. Neste relatório destacamos pontos em comum abordados na maioria das audiências, bem como um resumo de cada audiência. Relacionamos na íntegra as Atas de todas as Audiências Públicas. Este relatório será apresentado ao Governador Raimundo Colombo, ao Secretário de Estado da Saúde Dalmo Claro de Oliveira, ao Presidente da Assembleia Legislativa, aos Ministérios Públicos Federal e Estadual, ao Tribunal de Contas do Estado, à imprensa e ficará à disposição na Comissão de Saúde para os participantes das Audiências Públicas e população em geral. 6 2. LISTA DAS ATAS DAS AUDIÊNCIAS PÚBLICAS REALIZADAS PELA COMISSÃO DE SAÚDE EM 2011 2.1 - 1ª Audiência Pública – CRICIÚMA Data 30/03/2011 Tema – Descentralização em Alta Complexidade em Pediatria e a Saúde na Região Sul. 2.2 - 2ª Audiência Pública – Florianópolis Data 06/04/2011 Tema – Atenção básica em Saúde nos municípios da Grande Florianópolis. 2.3 - 3ª Audiência Pública– Taió 18/04/2011 Tema – A atual situação do Hospital e Maternidade Dona Lizete. 2.4 - 4ª Audiência Pública – Chapecó 02/05/2011 Tema - Descentralização em Alta Complexidade em Pediatria e a Saúde na Região Oeste. 2.5 - 5ª Audiência Pública – Lages Data 12/05/2011 Tema - Descentralização em Alta Complexidade em Pediatria e a Saúde na Região Serrana. 2.6 - 6ª Audiência Pública - Rio do Sul Data 03/06/2011 Tema - Descentralização em Alta Complexidade em Pediatria e a Saúde na Região da AMAVI. 2.7 - 7ª Audiência Pública– Florianópolis Data 08/06/2011 Tema – Atual situação do Hospital Florianópolis 7 2.8 - 8ª Audiência Pública– Itajaí Data 10/06/2011 Tema – Atenção Básica em Saúde, Estratégia em Saúde da Família, UPAs, Média e Alta Complexidade e Hospitais na Região da AMFRI. 2.9 - 9ª Audiência Pública - Florianópolis Data 15/06/2011 Tema – Criação de um Programa Estadual de Incentivo às Cirurgias Eletivas. 2.10 - 10ª Audiência Pública – Florianópolis Data 11/07/2011 Tema – Apresentação dos Relatórios Trimestrais de Gestão do SUS pela SES – 3º e 4º Trimestres de 2010 e 1º Trimestre de 2011. 2.11 - 11ª Audiência Pública - Araranguá Data 19/08/2011 Tema - Situação do Hospital Regional de Araranguá 2.12 - 12ª Audiência Pública - Tijucas Data: 02/09/2011 Tema- Situação da saúde e hospitais do Vale do rio Tijucas 2.13 - 13ª Audiência Pública – Florianópolis Data 19/10/2011 Tema – TABAGISMO: Políticas de Prevenção e controle, consultas 112 e 117 da Anvisa e Políticas de Diversificação de Cultivo e Renda 2.14 - 14ª Audiência Pública – Florianópolis Data 25/10/2011 Tema – Análogos de Insulina pelo SUS e Diabetes Tipo 1 2.15 - 15ª Audiência Pública – Florianópolis Data 08/11/2011 Tema - Gestão Pública dos Hospitais X Organizações Sociais 2.16 - 16ª Audiência Pública – Joinville Data 01/12/2011 Tema – A Situação do Hospital Hans Dieter Schmidt 8 3. LISTA DAS REUNIÕES REALIZADAS PELO FÓRUM DOS PEQUENOS HOSPITAIS EM 2011 3.1 - 1ª Reunião do Fórum dos Pequenos Hospitais – São Miguel do Oeste Data 08/07/2011 Tema – Situação Econômica dos Hospitais Filantrópicos e Fundações Hospitalares do Estado de Santa Catarina em decorrência dos Repasses Financeiros do SUS 3.2 - 2ª Reunião do Fórum dos Pequenos Hospitais – Ituporanga Data 04/08/2011 Tema – Situação Econômica dos Hospitais Filantrópicos e Fundações Hospitalares do Estado de Santa Catarina em decorrência dos Repasses Financeiros do SUS 3.3 - 3ª Reunião do Fórum dos Pequenos Hospitais – Araranguá Data 26/08/2011 Tema - Situação Econômica dos Hospitais Filantrópicos e Fundações Hospitalares do Estado de Santa Catarina em decorrência dos Repasses Financeiros do SUS 3.4 - 4ª Reunião do Fórum dos Pequenos Hospitais – Chapecó Data 23/09/2011 Tema - Situação Econômica dos Hospitais Filantrópicos e Fundações Hospitalares do Estado de Santa Catarina em decorrência dos Repasses Financeiros do SUS 3.5 - 5ª Reunião do Fórum dos Pequenos Hospitais – Guaramirim Data 18/11/2011 Situação Econômica dos Hospitais Filantrópicos e Fundações Hospitalares do Estado de Santa Catarina em decorrência dos Repasses Financeiros do SUS 9 4. DESENVOLVIMENTO 4.1 Resumo Geral das Demandas Levantadas em todas as Audiências Públicas Na série de Audiências Públicas realizadas foi comum constatar o relato de necessidades e situações similares, as quais compilamos para melhor apresentar: 1. Necessidade de descentralização de alta complexidade em Pediatria nas áreas de: oncologia; cirurgia cardíaca;neurocirurgia e ortopedia, para as regiões de Itajaí, Criciúma, Chapecó Lages e Rio do Sul; 2. Ampliar a parceria de cooperação entre o Estado e os Municípios na área de Estratégia de Saúde da Família – ESF; 3. Destinar leitos hospitalares pelo SUS para dependentes químicos que necessitam de tratamento na fase aguda da desintoxicação; 4. Necessidade de interiorização de profissionais médicos para a Estratégia de Saúde da Família, bem como nas especialidades de pediatria, anestesiologia e outras; 5. Promover debates com os Cursos de Medicina e Entidades Médicas sobre a formação de médicos, a residência médica, as especialidades e as necessidades de médicos nas diferentes regiões do Estado; 6. Avaliar a situação do atendimento ambulatorial e médico-hospitalar na faixa etária de 15 anos aos 19 anos incompletos (hebiatria), revendo especialmente a situação do Hospital Infantil Joana de Gusmão e outros similares que são referência em Pediatria no Estado . Há uma lacuna na continuidade de atendimento das crianças que passam para a fase de adolescência; 7. Falta de médicos pediatras no interior do Estado; 10 8. O Governo do Estado precisa definir uma política de recursos financeiros e critérios para ajudar no custeio dos pequenos, médios e grandes hospitais que atendem pelo SUS em todo o Estado de Santa Catarina; 9. Os pequenos hospitais precisam de uma atenção especial do Governo do Estado para definir sua vocação regionalmente e o amparo de recursos financeiros para o seu custeio; 10. Quanto a Gestão dos Públicos Estaduais: Constata-se que os hospitais públicos do Estado sob administração direta não têm autonomia administrativa e financeira. Por isso; O Governo do Estado deverá estabelecer autonomia administrativa e financeira para seus hospitais próprios, sob gestão direta, e que sejam considerados unidades de planejamento, orçamento e gestão; O Governo do Estado deverá estabelecer uma política de valorização dos servidores da saúde e o reconhecimento do seu trabalho especialmente nos hospitais próprios que estão sob sua gestão direta; O Governo do Estado deve assumir plenamente a gestão dos seus hospitais próprios, dando autonomia administrativa e financeira, dotando-os como unidades orçamentárias, capacitando continuamente especialistas em gestão hospitalar moderna, com planejamento estratégico, definindo indicadores, metas e resultados; 11. Estabelecer um sistema de acompanhamento, Fiscalização e avaliação dos hospitais do Estado sob gestão direta da SES/SC. 12. Implantar o protocolo de Manchester, com o objetivo definir critérios de prioridade no atendimento/acolhimento aos pacientes nos serviços de pronto atendimento hospitalar por meio das cores: emergência - será atendimento imediatamente na sala de emergência; urgência – será atendido com prioridade sobre os pacientes classificados como VERDE no consultório ou leito da sala de observação; sem risco de morte imediato – somente será atendido após todos os pacientes classificados como VERMELHO e AMARELO; quadro crônico sem sofrimento agudo ou caso social 11 13. Foram feitas reiteradas manifestações contrárias a entrega dos hospitais próprios do Estado para a gestão das Organizações Sociais; 14. Foi diagnosticada uma grave preocupação com a falta de informações e pesquisas sobre o uso de agrotóxicos e sua repercussão na saúde dos agricultores e nos alimentos atingindo a saúde humana e animal, exigindo providências do Governo do Estado. 15. Há necessidade de reajuste da tabela do SUS; 16. Constata-se que os serviços de saúde estão concentrados na grande Florianópolis e litoral norte, exigindo sua descentralização para outras regiões do Estado; 17. Há necessidade de Concurso Público para admitir servidores para hospitais do Estado. Há hospitais com falta de servidores e os que trabalham estão sobrecarregados; 18. Os participantes defendem que o Hospital Florianópolis deverá ser mantido sob gestão direta do governo do Estado, como hospital geral, público e 100% pelo SUS; 19. Estabelecer um programa estadual continuado de cirurgias eletivas além de eventuais mutirões; 20. Estabelecer as listas de pacientes para cirurgias eletivas através de um sistema de regulação estadual com a devida transparência e controle estadual; 21. Estabelecer um programa estadual de Humanização na saúde direcionado para os pacientes, familiares e servidores da saúde; 22. Necessidade de implantar Especialidades no interior do Estado; 23. Recursos do fundo social, Fundo Cultural, SC Parcerias e PRODEC e outros sejam para a incidência do percentual de 12% para a Saúde; 24. Realização de seminários temáticos para discussão de temas específicos; 12 4.2 Descrição Específica das Demandas Levantadas em todas as Audiências Públicas 4.2.1Audiência Pública – CRICIÚMA Tema: Descentralização em Alta Complexidade em Pediatria e a Saúde na Região Sul Nesta audiência verificou-se as seguintes demandas específicas: 1 – Necessidade de descentralização em alta complexidade em Pediatria, principalmente nas áreas de oncologia pediátrica, cirurgia cardíaca pediátrica, neurocirurgia pediátrica e ortopedia pediátrica. 2 – Necessidade de apoio ao Grupo pela Unidade Infanto-Juvenil de Oncohematologia da Região de Criciúma; 3 – Houve o relato de que todo o custo da alta complexidade continua sendo gasto em Criciúma, enquanto todo o repasse da Apac ( Autorização de Procedimento de Alta Complexidade) fica centralizado em Florianópolis; 4- Jovens entre 15 e 19 anos não são contemplados pelo Hospital Infantil Joana de Gusmão e pelo protocolo de quimioterapia devem ser tratados como crianças. O Ministério da Saúde no procedimento de alta complexidade paga o mesmo código de APAC até os 19 anos incompletos. Por isso, a proposta é que a Unidade seja infanto-juvenil. O Hospital Infantil Joana de Gusmão atende crianças até 14 anos e 11 meses. O hospital estabeleceu convênio somente com atendimento de Oncologia para essa faixa etária, porém para outras especialidades não houve contratualização ao longo dos últimos 8 anos. 5 – Necessidade de leitos para crianças e adolescentes com dependência química; 6 - Formação de profissionais, interiorização dos médicos; 7 – Futuro credenciamento para gestação de alto risco do Hospital Materno-Infantil Santa Catarina; 8 – Necessidade de conclusão das obras do Hospital Materno-infantil Santa Catarina; 4.2.2 - Audiência Pública - Florianópolis Tema : Atenção básica em Saúde nos municípios da Grande Florianópolis 13 1-Criar políticas públicas para fixar profissionais no interior estado; 2- Constata-se que os Hospitais próprios do Estado estão sem autonomia financeira e administrativa, e com problemas nos recursos humanos (falta de recursos humanos, sobrecarga de serviço, cansaço, absenteísmo, mais de um vínculo); 3-Ampliar os serviços de Atenção Básica nos municípios da grande Florianópolis, UPAs, ESF; 4-O Hospital Florianópolis deverá continuar como hospital geral, pelo SUS; 5 – Constata-se que Florianópolis tem 300 leitos e que o número de leitos desativados também chega a 300; 6 -Florianópolis tem 3,85 leitos por 1000 hab (preconizado pela ONU é 2,5 a 3 leitos por 1000 hab); 7 - Ao invés de construir novos hospitais é dar condições de funcionamento para aqueles que já existem; 8 – As Escolas de Medicina no Estado de SC formam em média 300 médicos por ano; o que exige avaliar e discutir essa formação e a interiorização dos mesmos 9 - Criar indicadores de resolutividade para atenção primária, secundária e terciária; 10- Grande concentração de serviços de média e alta complexidade no litoral, sobretudo na grande Florianópolis onde há 9 de 14 hospitais próprios; PORTARIA Nº 2.577/GM 27 DE OUTUBRO DE 2006. R E S O L V E: Art. 1º Aprovar o Componente de Medicamentos de Dispensação Excepcional, como parte da Política Nacional de Assistência Farmacêutica do Sistema Único de Saúde, conforme termos constantes do Anexo I a esta Portaria. Portaria SES/SC nº 753 de 09/08/2011 que Cria a Comissão Multidisciplinar de Apoio Judicial COMAJ, que coordena, orienta e acompanha o cumprimento das ordens judiciais na área da saúde do Estado de SC; 11- Os consórcios públicos de saúde praticando tabelas diferenciadas são uma ameaça ao SUS; 12 - Falta de Unidades de Pronto Atendimento (UPA) na Grande Florianópolis sobrecarregando o Hospital São José; 13 - Florianópolis tem 420 mil habitantes, 101 equipes de saúde da família, cobertura de 85%, tem UPA Norte e UPA Sul; 14- Ministério da Saúde repassa R$ 6.440,00 por equipe de ESF e o valor estadual é de R$804,00; 14 15 – Ministério Público Estadual se refere a um relatório do TCE que diz que na Estratégia de Saúde da Família o Estado deveria contribuir com R$ 1.600,00 que é 25% do valor da União. 16 – Há necessidade de se capacitar gestores para uma Gestão profissionalizada no SUS; 17 - Vocacionar os hospitais da grande Florianópolis: Hospital Celso Ramos – transformar num grande pronto socorro para que atenda a grande Florianópolis. O HGCR está credenciado em Alta Complexidade nos seguintes serviços: Ortopedia, UTI, Neurocirurgia, Oncologia, transplante, Terapia Renal SubstitutivaTRS e procedimentos Geriátricos. Solicitou-se o descredenciamento de Cirurgia Bariátrica – Gastroplastia; 18 - Foi preponderante a crítica às Organizações Sociais ( OS) na gestão de hospitais; 19 - Dar autonomia administrativa e financeira para as unidades hospitalares do Estado, unidades orçamentárias; 20- Hospitais em reforma, leitos desativados na grande Florianópolis; 21 - Hospital Nereu Ramos – Centro Cirúrgico fechado; 22- Hospital Regional, falta de pessoal, sobrecarga para os que trabalham, apenas 1 técnico em gesso, 1 médico ortopedista, 1 médico cirurgião de plantão, quando deveria ter 2 profissionais em cada caso; 23- Instituto de Cardiologia com problema de espaço físico; 24- Hospital Celso Ramos 67 leitos fechados, na enfermagem faltam 123 servidores; 25- Humanização do atendimento; 26- Hospital Infantil Joana de Gusmão tem 96 leitos desativados; 27 - Hospital Florianópolis: em 2009 eram 14.000 atendimento na emergência, hoje são 4.000; em 2009 eram 80 leitos e hoje são 6 leitos ( de observação); em 2009 eram 506 servidores e hoje são menos de 200; 28 - Hemosc e Cepon – gestão por Organizações Sociais; Cepon: Hospital do CEPON: O atual Hospital do CEPON, localizado na rua General Bittencourt, no Centro de Florianópolis, atende apenas doentes para atendimentos paliativos. As cirurgias dos pacientes do CEPON, atualmente são realizadas no Hospital Governador Celso Ramos e na Maternidade Carmela Dutra. Neste Hospital, não tem centro cirúrgico, não tem serviço de emergência, não tem Central de Esterilização e nem UTI. Conta apenas com dois andares de enfermaria com mais 15 ou menos 36 leitos. Em 2010 o governo do estado prometeu R$ 4 milhões de Reais para terminar o centro cirúrgico e terminar o hospital. O governador Raimundo Colombo e o secretário de Estado da Saúde, Dalmo Claro de Oliveira, assinaram no dia 02/08/2011, a autorização do 10º termo aditivo ao contrato de gestão, no valor de R$ 1,7 milhão, do Novo Complexo Oncológico Centro de Pesquisas Oncológicas (CEPON). Os recursos serão divididos em quatro parcelas de R$ 425 mil e vão viabilizar a ativação das unidades de internação, pronto atendimento e hospital-dia com centro cirúrgico capacitado para cirurgias ambulatoriais e de pequeno porte, que necessitem apenas um dia de recuperação no hospital1. 29 - Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, em Joinville, a gestão é feita por meio de indicadores e o Tribunal de Contas do Estado definiu este hospital como referência de gestão no Estado comprovando que é possível ter uma gestão eficaz na rede pública. 30 – O Estado deverá Cumprir o percentual de 12% na saúde, excluindo o pagamento dos inativos; 31 - Emergência do Hospital Regional São José superlotada devido a falta de serviços na atenção básica no município de São José e outros municípios da Grande Florianópolis; 32 - Promotoria de Justiça da Defesa da Saúde do Ministério Público Estadual convoca o Estado a fazer acordo referente à ação civil pública, do MPE, para adequado dimensionamento dos profissionais da saúde nos hospitais Grande Florianópolis (interlocutores: Sindicato dos Médicos, COREN, CREMESC, Associação Médica e Secretaria Estadual de Saúde); as entidades deverão chegar a um denominador comum e quantificar os funcionários para a capacidade instalada, porque se o Poder Público destinou 300 leitos para o hospital é porque havia necessidade de 300 leitos, e um terço ou a metade não podem estar desativados; se as salas cirúrgicas são 10 não podem funcionar 4 ou 5, seja por não ter anestesistas ou equipamentos para realizar cirurgias; Segundo MPE, liminar foi concedida para que todas as salas cirúrgicas do Hospital Regional fossem atendidas e que fosse contratado mais um ortopedista para a emergência do hospital; e que a escala de trabalho dos médicos deve ficar exposta. Em 26/07/2010 Saúde determina ativação de todas as salas cirúrgicas do Hospital Regional de São José Liminar foi concedida em ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), determinando a reativação de cinco salas de cirurgias que estavam sem uso no Hospital Regional de São José. Conforme constatado em maio de 2011, de um total de nove salas disponíveis, apenas quatro vinham sendo utilizadas para os procedimentos cirúrgicos2. 1 2 Fonte: http://www.adjorisc.com.br/saude/governo-do-estado-repassa-r-1-7-milh-o-para-o-cepon-1523201 Fonte:http://portal.mp.sc.gov.br/portal/webforms/interna.aspx?campo=3595&seção_id=164 16 33 - Grande demanda reprimida de cirurgias eletivas em todo o Estado. 34 - Judicialização na Saúde - O Estado de São Paulo encontrou uma saída que Santa Catarina poderia copiar, qual seja, o fornecimento de medicamento de alto custo através de processo administrativo, desde que com protocolos previamente acordados. 35- De acordo com o relatório de auditoria elaborado pelo TCE é insuficiente a Atenção Básica nos São José, Biguaçu e Palhoça; 36- Hospital Infantil de Joinville, administrado por OS, realiza apenas procedimentos de média complexidade de e encaminha os de alta complexidade; com isso a OS estaria economizando recursos porque os valores são predeterminados. O Hospital Infantil de Joinville Jesser Amarante Faria é administrado pela Organização Social Hospital Nossa Senhora das Graças, de Curitiba, desde o dia 1º de setembro de 2008, o HNSG passou a responder pela gestão do HJAF. O HIJAF está credenciado em Alta Complexidade em somente três serviços: Ortopedia e UTI Neo (sete leitos) e UTI Ped. (10 leitos); 37- A implantação do complexo regulador é fundamental nos SUS para reduzir filas de espera: garantia de acesso regulado, equânime, organizado, com oferta disponível e fila única; 38- Teto financeiro de média complexidade nos municípios, a oferta destes procedimentos pelo Estado não está chegando; 4.2.3 - Audiência Pública– Taió Tema: A atual situação do Hospital e Maternidade Dona Lizete Nesta audiência tratou-se do Hospital e Maternidade Dona Lizete e da importância dos pequenos e médios hospitais de SC. 1 – O Hospital Dona Lizete de Taió atende municípios da microrregião ( Pouso Redondo, Mirim Doce, Taió, Salete e Santa Terezinha), evitando sobrecarga no Hospital Regional de Rio do Sul; 2 – Há Necessidade de Investimentos e custeio. 3 - Interiorização de médicos especialistas; 4 - Falta de pediatras no interior; 4.2.4 - Audiência Pública – Chapecó Tema: Descentralização em Alta Complexidade em pediatria e a Saúde na Região Oeste. 17 1 – Necessidade de descentralização de alta complexidade em pediatria; 2 – Foi proposto que os hospitais recebam recursos de acordo com demanda e potencial e que cumpram metas e indicadores; 3- Necessidade de investimentos e custeio no Hospital Regional do Oeste; 5- Necessidade de leitos psiquiátricos, inclusive para dependentes químicos. A referência para região é Hospital Santa Luiza em Ponte Serrada, com 30 leitos e 20 leitos no Hospital São Francisco em Concórdia e mais CAPS em Chapecó, Xanxerê e Concórdia; 6- Foi mencionada a alta incidência de câncer nos trabalhadores da agricultura familiar e agroindústria do oeste catarinense, suspeitando-se do uso de agrotóxico. 7 - Deslocamento frequente de pacientes dos municípios do oeste para Florianópolis por falta de especialidades médicas no interior; 8 – Foram levantados problemas na gestão do Hospital Regional, espaços de micropoder que tomam decisões que não passam pela direção do mesmo; 9 - A Unochapecó se qualificou para fazer a gestão do Hospital Materno-infantil; 10 - População reclama que o Hospital Regional está sobrecarregado, em parte reclamam da saúde básica de Chapecó; 11- Necessidade de interiorização dos médicos, pois há dificuldade de manter os médicos nas pequenas cidades; 12- Cultivo de plantas medicinais e alimentos saudáveis: projeto Plantando Saúde (desde 2007 esperando recursos do estado) , do movimento de mulheres camponesas; 13- Necessidade de credenciamento para gestação de alto risco, criar um serviço na região de Concórdia; 14- Que o Município assuma mais a atenção básica para não comprometer 70% dos serviços do Hospital Regional de Chapecó que deve atender todo o Oeste Catarinense; 15- Hospitais filantrópicos contratualizados com o SUS têm mecanismos legais para exigir que os médicos do seu corpo clínico realizem as ações mínimas de ações pelo SUS ( 60%), medida que visa melhorar o acesso às cirurgias eletivas e outros procedimentos. 18 16 - Médicos não querem fazer certos procedimentos e cirurgias eletivas, e não há mecanismos legais para exigir que cumpram o mínimo de 60% pelo SUS; 17– Solicitou-se credenciamento para cirurgia cardíaca para o Hospital São Paulo, em Xanxerê; 18– A gestão do Hospital Regional de São Miguel do Oeste está sob responsabilidade de OS e foi manifestada a vontade de ser um hospital de gestão pública; 19- Hospital de Maravilha, defasagem da tabela do SUS, direção teme credenciamento de leitos ( 10) UTI; 20- Há tempo discutem consórcios para atendimento de média complexidade e que o Estado se exime de fazer essa política; 21- Obrigatoriedade do Estado aplicar 12%, incluindo Fundo Social, e que recursos da SC Parcerias não são vinculados aos recursos do SUS e que recursos do PRODEC também não são repassados; 22- Levantamento a respeito do impacto dos agrotóxicos, efeito nos agricultores e consumidores; 23- Realização de seminários temáticos na região para dissecar temas polêmicos. 4.2.5 - Audiência Pública – Lages Tema: Descentralização em Alta Complexidade em pediatria e a Saúde na Região Serrana 1- Necessidade de descentralização em alta complexidade em pediatria; 2- Trabalho do ESF, em Lages, mudou o perfil dos pacientes, 38 equipes de ESF e 6 equipes de ACS ( Agentes Comunitários de Saúde), 4 NASF; 3- Faltam médicos pediatras ( 7); 4- Oncologia pediátrica pode ser implantada; 5- Necessidade de recursos financeiros para custeio do Hospital Infantil Seara do Bem; 6- Há somente um ortopedista pediátrico atuando na região, não dá conta da demanda; 7- O Estado deve auditar a diferença entre o que existia pactuado e a produção de alta complexidade existente nas contas; 19 8- Anestesistas (13) constituiram um grupo fechado (empresa), criam dificuldades de negociação com hospitais e mesmo a vinda eventual de outros profissionais de fora; 9- Hospital Nossa Senhora dos Prazeres é do Estado, sendo cedido para terceiros; 10- Muitos profissionais atendem só pelo consórcio por pagar uma tabela diferenciada, contrariando as normas do SUS; 11- Redução de 50% nas internações pelas ações básicas de saúde; 12- Ajuda aos pequenos hospitais. 4.2.6 - Audiência Pública - Rio do Sul Tema: Descentralização em Alta Complexidade em pediatria e a Saúde na Região da AMAVI 1- Necessidade de descentralização em alta complexidade em pediatria; 2 - Na região da AMAVI tem 22 hospitais, os prefeitos têm uma carga financeira muito grande para a manutenção destes hospitais, geralmente são hospitais com baixa resolutividade que precisam ser redirecionados para algum serviço específico; 3 - Hospitais de Ituporanga, Taió e Ibirama poderiam atender assistência hospitalar secundária de média complexidade, deixando alta complexidade para Rio do Sul; 4 - Necessidade de interiorização de profissionais médicos, sendo o PSF o último incentivo que ocorreu; 5 - O Estado em parceria com Municípios devem financiar a média complexidade para que as especialidades funcionem perto dos pacientes na região; 6 - Ministério da Saúde – redes de atenção à saúde; 7 - Unir forças para buscar recursos para a saúde e resolver os gargalos da atenção básica(ESF), média e alta complexidade; 8 - O Estado criou um Nasf estadual para municípios menores desenvolverem suas atividades; 9 -Subfinanciamento da saúde; 10 -Necessidade de pediatria no alto vale; 11 - Necessidade de investir mais em educação, promoção e prevenção em saúde; 12- Recursos para o custeio do Hospital Regional de Rio do Sul; 20 13 – Os Municípios utilizarão dinheiro da atenção básica para pagar o consórcio CIS-AMAVI; 14 - Hospital de Vitor Meirelles, prédio do Estado, passou para o município, associação hospitalar da comunidade, quem paga a conta é a Prefeitura Municipal; 15 – Decidir sobre o vocacionamento dos pequenos hospitais; 16 – Definir o papel do Hospital de Ibirama e o papel do Hospital Regional de Rio do Sul; 17 - O Governo do Estado deverá cuidar do custeio dos pequenos hospitais; 4.2.7 - Audiência Pública– Florianópolis Tema – Atual situação do Hospital Florianópolis 1 – O Hospital Florianópolis é um Hospital Geral, responsável pelo atendimento 46% população de Florianópolis, 32% de São José, 9% de Biguaçu, , 4% de Palhoça, 7% de outros municípios do Estado; 11 mil atendimentos por mês na emergência, 2000 atendimentos nos ambulatórios, 350 internações por mês e 250 cirurgias por mês; 92 leitos de internação, 5 leitos de UTI, 5 leitos de observação adulto, 5 leitos de observação pediátrica, centro cirúrgico; Hospital Florianópolis se localiza em um ponto estratégico para o atendimento médico de média e alta complexidade em nível emergencial da população abrangida; Após início da reforma, com a finalidade de readequação da estrutura física do prédio, ampliação de leitos, houve necessidade da transferência de parte dos funcionários para outras unidades de saúde do Estado; Não concordam com a eventual transferência do Hospital Florianópolis para gestão de terceiros, através de Organizações Sociais; Hospital Florianópolis deve continuar público, com gestão direta da SES; Prover servidores para a reabertura integral do Hospital Florianópolis; Importância do Hospital para a região continental e metropolitana de Florianópolis; Restabelecer o atendimento integral do Hospital pelo SUS e como hospital geral; 21 Associação Amigos do Hospital Florianópolis pagou uma quantia de R$ 400 mil por um projeto de ampliação para o hospital voltar a atender 100%; 2-Que a Comissão de Saúde crie uma Comissão ou Fórum de acompanhamento das obras de reforma do Hospital Florianópolis com visitas e relatórios periódicos, auditoria nas contas públicas pelo TCE; 3- Decisão do Ministério Público do Trabalho que proíbe o Estado de contratar novas organizações sociais, obriga a SES cancelar contrato com a FAHECE , proíbe trabalhadores contratados , e impõe multa de 5000 reais por dia por descumprimento; FAHECE estava para construir o novo hospital do CEPON há pelo menos 5 anos, mas não construíram, e os pacientes esperam por atendimento nos corredores dos hospitais gerais, pois o CEPON não tem UTI, não tem emergência, não tem centro cirúrgico. Questionada a agilidade da FAHECE que recebe dinheiro público e o seu paciente continua sendo atendido no Hospital Celso Ramos; 4-Hospital Infantil de Joinville é citado, administrado por uma OS, recebe R$ 5 milhões por mês do governo do Estado, mas não atende pacientes que necessitam de quimioterapia; 5- Emergência do Hospital Florianópolis, reforma, quebraram os registros de água causando grande alagamento; 6- A Associação Amigos do Hospital Florianópolis relatou que e, 2008 a SES solicitou que a Associação pagasse os projetos de reforma do hospital; que em 12/05/2009 ficou pronto o projeto da Emergência; que em 22/04/2010 ficou pronto o projeto do segundo e terceiro pavimentos do hospital; que em Outubro de 2010 chamaram a atenção da SES em relação à empresa que foi contratada para reformar o hospital porque ela já estava reformando o Hospital Infantil e o Hospital Celso Ramos e o processo estava sendo protelado por mais de um ano e, no segundo caso, há quase dois anos; relatou ainda que ocorreram problemas desde o início das reformas no segundo e terceiro pavimentos,paredes quebradas com marretas, não fecharam prumadas e os registros de gavetas e a emergência foi danificada; 7- Necessidade de agilidade na conclusão das obras de reforma do hospital; 8- Investigar o porquê das obras que estavam prontas terem sido danificadas; 9- Retomada do hospital 100% pelo SUS; 10- Gestão do hospital pela SES, contra as OS; 11- Criar um Fórum Parlamentar Catarinense em defesa da Saúde Pública. 22 4.2.8- Audiência Pública– Itajaí Tema: Atenção Básica em Saúde, Estratégia em Saúde da Família, UPAs, Média e Alta Complexidade e Hospitais na Região da AMFRI 1- Necessidade de alta complexidade em pediatria: oncologia, neurocirurgia, cirurgia cardíaca, ortopedia; 2 - Fortalecimento da Atenção Básica é o eixo principal para se evitar problemas na média e alta complexidade e se for feita uma atenção resolutiva,certamente haverá menos problemas nos hospitais de média e alta complexidade; 3- Univali – responsável pela formação de profissionais generalistas que seguem diretrizes nacionais e o alinhamento com as políticas do Ministério da Saúde e do MEC; 4- Univali - estruturação curricular em disciplinas, ensino contextualizado, de acordo com a prevalência epidemiológica local e nacional; 8- Hospital Marieta plano para construção de um novo prédio com heliporto, avaliado em R$ 17 milhões; 9- Foi proposto que o convênio do Estado com o Hospital Marieta seja alterado para R$ 500 mil por mês; 10- Hospital Pequeno Anjo, hospital escola, hospital universitário, hospital de gestão da Univali, necessita-se de credenciamento para alta complexidade em pediatria, sendo que tem reforma em andamento e aguardam liberação de R$ 10 milhões; 11- Hospital Ruth Cardoso de Balneário Camboriú precisa contar com custeio do Estado, além do município de Bal.Camboriú; 12- Hospital Santa Inês é preciso discutir o seu destino, sua vocação após a abertura do Hospital Ruth Cardoso; 13-Necessidade de leitos para tratamento de dependentes químicos em serviços públicos; 14- Há necessidade de atendimento hospitalar odontológico para pacientes especiais, que necessitam ser sedados para os procedimentos; 4.2.9- Audiência Pública – Florianópolis Tema: Criação de um Programa Estadual de Incentivo às Cirurgias Eletivas 23 1- A presença massiva dos Secretários Municipais de Saúde de Santa Catarina na audiência reflete a necessidade de as cirurgias represadas serem realizadas. 2- Foram poucas as cirurgias eletivas realizadas em mutirões no Estado, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde há 19.600 cirurgias represadas. 3-Para que as cirurgias sejam feitas é preciso remunerar melhor os médicos e os hospitais, pois pela tabela do SUS não é possível realizar a cirurgia eletiva, acrescentando que a maioria dos profissionais não faz as cirurgias porque não tem estímulo financeiro. 4-Está sendo criado pelo Estado um Fundo de Saúde para pagar a diferença da cirurgia pelo SUS e se esclareceu que é necessário discutir a porcentagem de cada cirurgia a ser paga e como será paga. 5- Propuseram que nos repasses aos hospitais o gestor municipal estivesse envolvido e, se possível, até gerenciando a transferência de recursos do fundo, porque aí ele acompanharia todos os passos e poderia cobrar do órgão, se fosse o caso, o resultado final. 6- Que a Secretaria de Estado da Saúde gerencie melhor as cirurgias eletivas, tendo em vista que a AIH também tem que ser disponibilizada para cirurgia eletiva. 7- Foi declarado na Audiência estarem surpreso com a informação de que a lista não está na mão da regulação, do Secretário, do gestor hospitalar, mas na mão do médico, e recordou que o Estado assumiu o compromisso de obter essa lista de espera. Alista não deve estar na agenda particular do médico, tem que ser pública e transparente. 8- Foi diagnosticado que o grande gargalo cirúrgico se chama ortopedia. 9- A presidência da Comissão de Saúde foi elogiada pela iniciativa de discutir o assunto das Cirurgias Eletivas e que é a primeira vez que se vê na Alesc uma Comissão de Saúde realmente querendo fazer algo concreto pela saúde. 24 10-Um dos levantamentos feito durante a audiência foi que é necessário mais recursos para a Saúde e que, no que tange ao Estado, precisa-se cumprir os 12%, excluindo os inativos da Saúde. 11-Várias colocações haviam sido feitas sobre as dificuldades existentes, como a questão dos anestesistas, mas que fariam uma proposta à Secretaria de Estado da Saúde não só em relação aos anestesistas, mas para que aumente o número de médicos residentes, de especialistas também nas outras áreas. 4.2.10- Audiência Pública – Florianópolis Tema - Audiência Pública sobre o Relatório Trimestral de Gestão do SUS Apresentado pela SES/SC 3º e 4º trimestres de 2010 e 1º trimestre de 2011 1- A audiência pública de prestação de contas da Gestão do SUS atende ao disposto na Lei nº. 8.689, de 27/07/1993, artigo 12, e no artigo 9º do decreto federal nº1. 651, de 28/09/1995. 2- Os relatórios do 3º e 4º trimestres de 2010 e do 1º trimestre de 2011 foram apresentados pela gerência de planejamento da SES/SC, e foi a primeira prestação de contas do secretário Dalmo Claro e sua equipe. 3- “Trata-se de um ato de cidadania a prestação de contas perante os usuários do SUS e demais interessados, apresentando uma oportunidade para que sejam feitos questionamentos sempre com vista ao aperfeiçoamento do serviço”, disse o Procurador da República Dr. Mauricio Pessutto. 4- O orçamento é um dos pilares essenciais para que o serviço de saúde possa ser prestado com eficiência. 5- É consenso a necessidade de um maior investimento do poder Público para financiar a saúde na ponta. 6- Foi apresentado as grandes ações da SES/SC 7- Transplantes - Santa Catarina é referência nacional; 8- Telemedicina – destaque no Estado 9- Ações epidemiológicas – Santa Catarina referência nacional nos índices de cobertura vacinal; 10-Centro de informações toxicológicas – mais de 5.000 atendimentos no 3º e 4º trimestre de 2010 e 1º trimestre de 2011. 25 11-Dispensação de medicamentos excepcionais. 12-Sugestão para a próxima audiência pública de apresentação do relatório trimestral: 13-Regularidade da audiência pública para o relatório trimestral de gestão de forma mais amiúde para facilitar a apreciação 14-Avaliação de uma metodologia que facilite a apresentação para todos. 15-Sugerido além do assunto: a. A realização de uma audiência pública sobre a saúde prisional, com a participação de promotores públicos, da Secretaria de Segurança ou da Cidadania. b. A construção de um seminário exclusivamente para tratar sobre terceirização dos hospitais. 4.2.11 - Audiência Pública – Araranguá Tema: Situação do Hospital Regional de Araranguá 1- Atualmente o Hospital Regional de Araranguá é administrado pela Fundação Educacional de Criciúma (Fucri/Unesc). A Universidade não quer mais administrar o hospital e quer devolve-lo ao Estado; 2- Um dos objetivos da Audiência Pública é construir um entendimento sobre o futuro do Hospital Regional e unir forças; 3- A população quer que o Hospital seja administrado por uma Organização Civil de interesse Público da região. Quem está a frente desse movimento é a Associação Empresarial do Vale do Araranguá (ACIVA); 4 - O Hospital tem 126 leitos, 310 funcionários que querem garantir seu emprego de volta, caso tenha uma nova administração; 5 - Os funcionários querem garantir a manutenção da bolsa dos filhos que fazem faculdade na Fucri; 6 - As entidades estão preocupadas com o processo de escolha da nova administração; 7 - Foi feita na audiência uma associação do financiamento do Hospital Regional ao financiamento SUS que essa era a contratualização do Hospital desde o dia 30 de abril de 2011, cuja arrecadação totalizava R$ 1,35 milhão. Em seguida, foram apresentados números em relação aos itens assistência hospitalar e ambulatorial bem como em relação às AIHs, com média de R$ 800,00 por AIH e perfazendo um total de R$ 370 mil. Observou que embora o Hospital gastasse muito 26 mais que isso em internações, só possuía pactuadas 450 AIHs. Foi comentado sobre os incentivos fixos, citando o Incentivo Hospitalar e o Integrasus, além do custeio da Secretaria Estadual da Saúde, que perfazem um total de R$ 1,35 milhão; 8 - O Hospital Regional de Araranguá tem 25 anos, e pela primeira vez deve passar por um projeto de revitalização; 10 - Já foram elaborados quatro projetos em conjunto com várias entidades.; 11 - O primeiro é para a recuperação do Pronto Socorro, que tem 25 anos e nunca sofreu uma adequação. Antigamente a população era de 150 mil habitantes, agora é de 300 mil; 12 - O segundo é para a aquisição de equipamentos para lavanderia, UTI, esterilização, equipamentos complementares aos já existentes, raio-x, laboratórios de análises clínicas, centro cirúrgico, ativação de mais salas de cirurgias, Pronto Socorro e UTI neonatal. 13 - A terceira etapa do projeto é para a reforma da Unidade de Administração, Biblioteca e Auditório. 14 - O quarto é para a implantação de serviços ambulatoriais de média complexidade nas especialidades médicas em Urologia, Ginecologia, Cardiologia, Otorrinolaringologia, Anestesiologia, Cirurgia Geral, Ortopedia e a inclusão de mais médicos para fazer 12 horas no Pronto Socorro, além do que existe hoje; 15 - Com essas obras vão buscar os serviços de alta complexidade para a região; 16 - Pelo seu caráter regional tem a missão de executar serviços regionalizados de média e alta complexidade para oferecer assistência especializada e integrar os pacientes da região, podendo também ser referência para Criciúma e Tubarão. Objetivando fazer prevenção, promoção e a recuperação das pessoas que procuram sua estrutura; 17 - Foi destacado na Audiência que o Hospital é do Estado e por isso ele é responsabilidade do Estado e deve ser administrado pelo mesmo. “O Estado está deixando de lado o seu papel de gerir aquilo que consta na constituição, é mais fácil entregar, privatizar ou terceirizar”; 18 - Solicitaram um aumento do repasse dos recursos por parte do Governo do Estado para custeio R$650 mil. O fator financeiro é um dos maiores problemas e garantiram que vão brigar para o aumento de recursos para custeio, ampliação e construção do prédio, que também está pequeno; 19 - O contrato com a Fucri vence em abril de 2012; 27 20 - A preocupação no momento é com quem vai assumir a administração do Hospital. Querem uma associação forte para assumir o hospital; 21 - Foi assinado um ofício pelos deputados e por demais autoridades que compuseram a mesa que foi entregue ao governador solicitando providências imediatas sobre o futuro da administração do Hospital Regional de Araranguá. 4.2.12- Audiência Pública - Tijucas 1- A região do Vale do Rio Tijucas tem 4 hospitais e 164 leitos. A estrutura hospitalar de Tijucas poderia desafogar a Capital, criando uma alternativa de viabilidade e evitando a “ambulacioterapia”; 2-Foi solicitado que o Hospital São José, de Tijucas, se torne uma unidade de referência, já que dispõe de instalações adequadas para atender as necessidades da população, lembrando que se o Hospital prestasse serviços de uma unidade de referência, desafogaria o número excessivo de indivíduos deslocados até os hospitais de Florianópolis; 3-Há necessidade de vocacionar o Hospital de Tijucas em traumas, pois fica próximo à BR-101 e à SC-411, locais de muitos acidentes; e que o Hospital de São João Batista deveria ser vocacionado em obstetrícia, pois possue estrutura adequada para tal; e que o Hospital de Nova Trento deveria ser referência em psiquiatria, salientando que tão importante quando a instrumentalização dos hospitais é a manutenção das unidades existentes; 4-Reivindicam uma UTI móvel do Samu para prestar atendimento na região, que ainda não conta com esse serviço; 5-O Município de Tijucas aplica 23.8% da arrecadação em saúde; 6-A região sentiria muito o fechamento do Hospital São José e Maternidade Chiquinha Gallotti, pois ali são atendidos muitos pacientes provenientes de outros Municípios, inclusive fora do Vale do Rio Tijucas, declarando que a Prefeitura não tem condições de manter aquela instituição. Em mais de 80% dos Municípios do Estado há menos de 20 mil habitantes, e como existe um contato direto da população com os políticos locais, cabe aos Prefeitos e aos Vereadores o ônus de explicar ao cidadão o porquê das coisas e ouvir da população as críticas; 7- Nova Trento tem uma população de 12 mil habitantes e recebe, aproximadamente, 60 mil pessoas por mês por causa do santuário, o Hospital Nossa Senhora Imaculada Conceição não tem atendimento de Urgência e Emergência 24 horas. Ficar sem atendimento hospitalar nessas condições significa correr um risco muito grande; 28 8-Apenas 20% dos 32 leitos estão sendo ocupados porque a possibilidade de o Hospital resolver problemas é muito pequena, ficando apenas com cirurgias mais simples, como de hérnia e vesícula. Procedimentos mais complexos são tratados pela “ambulancioterapia”, isto é, todos os dias dois carros vão lotados para os hospitais de Florianópolis em busca de atendimento; 9-Nova Trento tem direito a uma ressonância por mês, pelo SUS, para tratar 12 mil pessoas; 10- Se o Hospital São José, de Tijucas, for referência para trauma, serão resolvidos 80% dos chamados “pepinos hospitalares”, principalmente na parte ortopédica, em função dos acidentes, considerada a parte mais difícil de ser resolvida no SUS, acrescentando que isso também irá ajudar todo o Vale do Rio Tijucas; 11-São João Batista fez um mutirão de atendimento em endoscopia, colonoscopia, ultrassom, ecocardiograma, teste ergométrico, oftalmologia e outros, para que as coisas andassem; 12- Por uma decisão da administração municipal, de São João Batista, com o intuito de acabar com as filas das cirurgias, estão sendo realizadas de 20 a 25 cirurgias eletivas por mês, cujo custo está sendo bancado pela Secretaria, tornando-se extremamente oneroso para a Prefeitura, que disponibiliza ao hospital mensalmente mais de R$ 100 mil, além de profissionais, material e equipamentos necessários; 13- Reivindicação de uma UTI móvel, porque ao referenciar Tijucas em trauma, precisavam estar cobertos, lembrando que atualmente o paciente chega a esperar horas no hospital pela chegada de uma UTI móvel para transportá-lo, e como muitas vezes os médicos é que acompanham os pacientes na ambulância, o hospital acabava ficando com falta deles; 14-A implantação de um hospital de referência vai exigir um atendimento completo ao paciente e investimentos em tomografia, ressonância, UTI, centro cirúrgico, centro de diagnóstico e internação, nos quais serão atendidas todas as urgências e emergências, observando que se for vocacionado o São João Batista para obstetrícia, tem que ser pensada também numa UTI neonatal; 15-A solicitação para a Central de Regulação de Florianópolis implica uma demora de mais de um ano; 16- De São João Batista são transportadas em média sessenta pessoas por dia para Florianópolis. 4.2.13 - Audiência Pública – Florianópolis Tema – TABAGISMO: Políticas de Prevenção e controle, consultas 112 e 117 da Anvisa e Políticas de Diversificação de Cultivo e Renda 29 1-Viabilizar a realização de um Fórum de Saúde do Trabalhador Rural e Urbano; 2-Comissão de Saúde juntamente com a Comissão de Agricultura viabilizar a realização de um Fórum para debater o assunto “tabagismo” de forma mais sistematizada; 3-Elaboração de um calendário permanente de discussão de eventos relacionados ao tabagismo; Elencar propostas para diversificação do cultivo do tabaco e renda para os fumicultores; Acompanhamento para aprovação das consultas públicas da ANVISA n°112 e n°117. 4-O Senado Federal aprovou em 24 de Novembro de 2011, uma medida provisória que proíbe o fumo em ambientes fechados em todo o País, sejam eles privados ou públicos. 5-A medida ainda precisa ser sancionada pela presidenta Dilma Rousseff para entrar em vigor. O projeto de Lei de Conversão (PLV) 29/2011 altera a legislação sobre o fumo e proíbe em ambientes os chamados “fumódromos”. O texto também prevê aumento na carga tributária dos cigarros, além de fixar preço mínimo de venda do produto no varejo. 6-O texto altera os artigos 2 e 3 a Lei 9.294/1996, que proibia o fumo em locais fechados, mas permitia fumódromos. Agora a nova lei proíbe até os fumódromos em locais fechados, sejam eles públicos ou privados. 7-As principais mudanças na nova lei: Extinção de fumódromos em locais fechados em todo o país; Restrição à propaganda de cigarro, seja nos pontos de venda ou na mídia; A partir de janeiro de 2016, a parte da frente dos maços de cigarro devem conter avisos alertando os malefícios do fumo, tomando 30% do espaço em questão; A alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) do cigarro ficou taxada em 300%, devendo aumentar os preços já no ano que vem em 20% e 55% em 2015. 4.2.14 - Audiência Pública – Florianópolis Tema – Análogos de Insulina pelo SUS e Diabetes Tipo 1 30 1- Aguardar estudo de custo-efetividade que o Instituto Nacional de Cardiologia está realizando sobre os análogos de insulina que ficará pronto em Abril/2012. 2- Santa Catarina é o único estado da região sul que não se adequou ao protocolo clínico para inclusão de análogos de insulina; O estado do Paraná já conta com um protocolo clínico para dispensação de análogos de insulina para pacientes com diabetes mellitus tipo 1 na rede pública de saúde ; 3- Análogos de insulina e insumos deveriam fazer parte de protocolos clínicos; 4- Já existente um documento protocolado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia- Regional de Santa Catarina , na Secretaria de Estado da Saúde em agosto último, o qual solicita a dispensação de análogos de insulina para atendimento de pacientes com diabetes tipo 1 na rede pública de saúde. 5-Programa do Ministério da Saúde: 5.1-Conforme o estabelecido na legislação federal e estadual, o programa de atendimento aos pacientes diabéticos conta com o fornecimento sistemático das insulinas: a) Insulina NPH Humana 100 UI/ml: insulina de ação intermediária, início de ação em 2 horas, pico de ação entre 4 e 6 horas e tempo efetivo de ação entre 12 e 18 horas. É utilizada para manter os requerimentos basais de insulina. b) Insulina Regular Humana 100 UI/ml: insulina de ação curta, início de ação em 30 minutos, pico de ação em 2 horas e tempo de ação entre 4 e 8 horas. É utilizada para reduzir a magnitude dos picos de glicose pós-prandiais. 6-Análogos de Insulina 6.1-Os análogos de insulina são moléculas semelhantes à insulina que resultam de modificações realizadas na sua estrutura, com o objetivo de superar problemas observados com o uso clínico das insulinas NPH e Regular. 6.2-Os análogos de insulina atualmente disponíveis no mercado são: a) Análogos de insulina de longa duração (Glargina e Detemir): A Insulina Glargina é um análogo de insulina formulado por tecnologia de DNA-recombinante. Sem pico de ação e com ação por 24 horas mantém uma estabilização da glicemia por um tempo mais prolongado e, pela ausência de picos de ação, previne a ocorrência de hipoglicemias. 31 A insulina Detemir é um análogo de insulina formulado também por tecnologia de DNA-recombinante. A modificação na molécula permite absorção lenta e perfil metabólico prolongado e consistente, com tempo de ação de 12 horas na maioria das vezes (pode chegar a 24 horas com doses superiores a 0,4 UI/kg). Comparado à insulina NPH tem efeito mais previsível, prolongado e consistente na glicose sanguínea. Usada uma a duas vezes ao dia, confere controle glicêmico similar a NPH, com risco menor de hipoglicemias, principalmente noturnas. b) Análogos de insulina de curta duração (Lispro e Aspart): As insulinas Lispro e Aspart são análogos de insulina de ação ultra-rápida, monoméricas, tendo, portanto, uma ação mais rápida em relação às insulinas regulares. O início de ação é imediato ou em até 15 minutos, enquanto o início de ação da insulina regular demora 30 minutos. Assim, reduzem as hiperglicemias pósprandiais do paciente, sabidamente correlacionadas ao maior risco de complicações cardiovasculares e reduzem os episódios de hipoglicemia pós-prandial tardia, mais frequentes com as insulinas regulares. O uso de análogos de insulina de longa e de curta duração promove níveis adequados de insulinemia basal e pós-prandial com menor risco de hipoglicemia e menor variação glicêmica. 4.2.15 - Audiência Pública – Florianópolis Tema - Gestão Pública dos Hospitais X Organizações Sociais 1-As Organizações Sociais (OSs) na saúde podem trazer a flexibilização trabalhista e a não necessidade das licitações, compreendidas por alguns como formas mais ágeis e modernas de administração, mas o balanço que se tinha das experiências de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e das poucas de Santa Catarina era o de que sobre elas também pesavam denúncias de várias naturezas; 2-A Lei 8.666, em seu artigo 24, define ser a licitação dispensável quando houvesse a decisão do governo na celebração de contratos de prestação de serviços com as OSs; 3-Foi exposto na audiência que não se deve confundir modelo de OS com Oscip ou ONGs porque eram figuras jurídicas diferentes e possuíam contratos e avaliações diferentes; 4- Wladimir Taborda que defende as OSs apresentou comparativos dizendo que a única diferença entre os hospitais da direta e os hospitais da OSs eram as ferramentas gerenciais e que médicos, enfermeiras e técnicos trabalhavam nos dois hospitais. Lembrou, ainda, de um estudo publicado pelo Banco Mundial, em 2008, que analisou dados de 2004, onde foi realizado um comparativo entre dois hospitais de OS com os hospitais da direta, observando que o tamanho, a morbidade e o perfil eram semelhantes, mas que os hospitais da OS eram 30% mais produtivos, tendo maior ocupação. Registrou também que a Secretaria de Estado da Saúde e as 32 Secretarias Municipais deveriam concentrar seus esforços na gestão para a atenção básica, a fim de tentarem buscar maior eficiência através do modelo da OS na gestão junto aos hospitais próprios; 5-A Justiça do Trabalho proibiu não só a contratação em caráter temporário fora das hipóteses previstas na Constituição, como a terceirização da atividade-fim da Secretaria da Saúde; 6- O Estado não vem cumprindo essa ação judicial. A menos que o Tribunal Superior do Trabalho modifique essa decisão, o Estado está proibido de terceirizar, inclusive através da OS; 7- O Hans Dieter havia passado por uma Auditoria do Tribunal de Contas e se teve uma grata surpresa de lá encontrar uma direção extremamente capacitada, com dedicação exclusiva, realmente focada na gestão, sendo um hospital do Estado. A gestão de qualidade que foi implantada no Hans Dieter podia ser feita em todos os hospitais públicos, sinalizando que para isso é preciso gestão e que gestão se faz com ferramentas e com parcerias; 8- Existe um movimento nacional contra as organizações sociais e pela revogação da lei que vigora em nível nacional. O Conselho Nacional de Saúde também é contrário à terceirização da gestão e do serviço de saúde; 9-A Organização Social é a privatização do serviço, é entregar para a iniciativa privada o prédio público e o servidor público; 10 - Nos modelos de OSs já existentes em Santa Catarina a rotatividade de profissionais é muito grande e assim não poderia haver qualificação profissional; 11- A proposta é repassar para OSs 19% a mais que os hospitais administrados de forma direta; 12 - Os Hospitais repassados para OSs em Santa Catarina, são relativamente novos e já funcionavam bem, o que foi ironizado pelo público: “Assim é fácil dizer que OS administra melhor, com tudo de mão beijada” ; 13 - Também foi falado que o Secretário havia afirmado que o modelo de controle das OSs era muito maior do que o da administração direta. O público encarou tal afirmação como uma demonstração de grosseria com a mentalidade do povo, pois mostrava que essa política não controla o que é público, porém, cuida muito bem do que é privado; 14 - Não querem o modelo de São Paulo em Santa Catarina; 15 - A Comissão de Saúde ficou incumbida de levar as audiências para outras regiões do Estado a fim de que se possa conhecer a proposta do governo do Estado 33 para a gestão da Saúde, especialmente nos hospitais, e de que se tenha uma compreensão melhor do que significava as OS. 4.2.16 - Audiência Pública – Joinville Tema – A Situação do Hospital Hans Dieter Schmidt 1- Das oito salas cirúrgicas do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt há somente quatro em funcionamento, sem contar o número insuficiente de funcionários para prestar o serviço; 2- Há uma grande demanda reprimida nas várias especialidades do Hospital; 3- O Hospital te 27 anos, tendo sido construído em cima de uma região de mangue e possuindo sérios problemas de edificação, muitos dos quais ainda precisam ser corrigidos. Toda a tubulação do Hospital é feita de ferro, material facilmente destruído devido ao mangue. Em 2010 foi feita uma licitação para consertar todo o esgoto e a parte hidro-sanitária, tendo-se chegado à conclusão de que será necessário trocar tudo devido às péssimas condições; 4- Os quartos precisam ser recuperados e quatro salas do Centro Cirúrgico não tem a menor condição de funcionar e servem como depósito; a. O Secretário de Saúde na época(2010), dizia que essa era a primeira coisa a ser feita, seguida pelas seguintes providências: recuperar o Centro Cirúrgico; recuperar o Centro de Material Esterilizado (CME); e acrescer ao ProntoSocorro uma Unidade de Dor Torácica com mais dez leitos de UTI. Entretanto devido à burocracia da Secretaria da Saúde houve demora e que o Secretário, atendendo novamente os pedidos, descentralizou verba para a Secretaria de Desenvolvimento Regional, que fez a licitação. b. Atualmente estão sendo aguardados prazos legais para descobrirem qual empresa havia ganhado a licitação, para poderem discutir o projeto de reforma e recuperação do Hospital; 5- Numa auditoria realizada pelo Tribunal de Contas do Estado foi feita uma comparação entre os hospitais do Estado, foi apontado que o Regional de São José levava a maior parte dos valores com despesas hospitalares, ou seja, cerca de 16,57%, seguido pelo Hospital Celso Ramos com 14,3%, pelo Hospital Joana de Gusmão com 12,38%, e pelo Hospital Hans Dieter Schmidt com 11,54%. Quanto às despesas por leito, o Hospital Celso Ramos estava em primeiro lugar com cerca de R$ 27 mil, seguido pelo Hospital Regional de 34 São José com R$ 24 mil, e pelo Hospital Hans Dieter com R$ 20 mil sendo o quarto menor custo; 6- A auditoria também identificou que das oito salas cirúrgicas existentes, quatro estavam ativas e as outras quatro nunca foram abertas. Nas salas fechadas, foi mencionado que havia equipamentos ociosos em depreciação constante; a. Fazendo uma comparação de ocupação versus ociosidade de cada uma das salas, mencionando que nas salas 7 e 8 a ociosidade é maior, sendo que a sala 7 é destinada prioritariamente para as cirurgias bariátricas e a sala 8 para as cirurgias cardíacas, enfatizando que o Hospital é referência naquelas duas especialidades. b. A ociosidade da sala 8 de cirurgia é de aproximadamente 40%, há 98 horas disponíveis para realizar várias outras cirurgias, as quais diminuiriam a fila de espera. 7- Os equipamentos para exames de ultrassom, ecocardiograma com doppler, holter, raio X contrastado e teste ergométrico são subutilizados; 8- Os pacientes necessitam de atendimento especializado, tornando necessária a qualificação dos profissionais, pois a demanda é constante. Não pode existir uma emergência que somente atenda a pacientes transferidos, trazidos pelo Samu ou pelos Bombeiros ao hospital, pois os demais pacientes também têm direito a esse atendimento; 9- A questão de falta de profissionais e dificuldade de contratação foi um assunto muito debatido; 10- Pediram a melhoraria da gestão dos hospitais no Estado; 11-O secretário Estadual de Saúde se comprometeu publicamente em mandar consertar imediatamente o aparelho de endoscopia do hospital que está quebrado. 35 5 - CONSIDERAÇOES FINAIS O relatório ora apresentado demonstra que a saúde em Santa Catarina apresenta diversos problemas, sejam eles de gestão, de financiamento, de recursos humanos ou de controle social. Devemos dizer que o SUS não é um problema, e sim a solução com problemas. O SUS é a maior conquista social do povo brasileiro desde a 8ª Conferência Nacional de Saúde em 1986, que delineou os encaminhamentos para a elaboração do capítulo da saúde na Constituição de 1988. A universalidade, a equidade e a integralidade devem ser uma busca permanente na construção do nosso sistema público de saúde, bem como o aperfeiçoamento da gestão, a otimização do financiamento, a valorização dos recursos humanos e o fortalecimento do controle social. Por outro lado, a regionalização das ações e serviços é outro norte permanente. Mas, se o SUS é o caminho da saúde devemos também rever o seu modelo assistencial incluindo práticas integrativas e complementares tais como: Homeopatia, Acupuntura, Plantas Medicinais e outras. Devemos também cada vez mais ampliar as ações de promoção da saúde, educação em saúde e prevenção que constituem junto com a assistência e reabilitação o verdadeiro sentido da integralidade na saúde. Nas audiências realizadas ficou evidenciado a importância de ampliar a cooperação mútua entre o estado e os municípios na Estratégia de Saúde da Família, como grande porta de entrada do SUS, facilitando o acesso e praticando o acolhimento. A dedicação do município à atenção básica, incluindo a Estratégia de Saúde da Família, as Unidades de Pronto Atendimento(UPAs) e programas específicos de saúde é fundamental para o atendimento à população evitando a sobrecarga das emergências hospitalares. Vamos destacar outros principais problemas identificados nas audiências públicas e que exigem a atenção especial do Governo do Estado: necessidade de apoio ao custeio dos hospitais; vocacionamento dos pequenos hospitais nas diferentes regiões do estado; dar autonomia administrativa e financeira aos hospitais públicos do Estado, tornando-os unidades de planejamento, orçamento e gestão; capacitar gestores especialistas para a administração dos hospitais próprios do Estado; descentralização de alta complexidade em pediatria, nas áreas de oncologia, cirurgia cardíaca, neurocirurgia e ortopedia; interiorização de profissionais da saúde, principalmente de médicos; leitos hospitalares pelo SUS para tratamento de dependentes químicos; necessidade de estudos urgentes sobre a situação dos agrotóxicos e seus efeitos para a saúde dos agricultores e a contaminação dos alimentos; estimular o consumo de alimentos saudáveis, agroecológicos, inclusive na merenda escolar; desenvolver forte campanha de prevenção e controle sobre os fatores de risco (tabagismo, sedentarismo, uso abusivo de álcool, e alimentação não saudável) principais causas das doenças crônicas não-transmissíveis (câncer, diabetes, doenças cardiovasculares e doenças respiratórias crônicas). 36 Todos esses assuntos foram apontados e debatidos exaustivamente nas audiências públicas, por isso esperamos que o Governo do Estado através da Secretaria Estadual de Saúde e das demais Secretarias, pela transversalidade das ações, tome as providências necessárias para a melhoria da saúde do povo catarinense. A Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa está pronta para continuar colaborando com o Governo do Estado nesta importante missão. Abaixo subscrevem os membros da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa: Deputado Sargento Amauri Soares Deputado Dado Cherem Deputado Jorge Teixeira Deputado Mauro de Nadal Deputado Valmir Comim Deputado Carlos Chiodini Vice-presidente da Comissão de Saúde Deputado Volnei Morastoni Presidente da Comissão de Saúde 37 6– ANEXOS 38 ATA DA AUDIÊNCIA CRICÍÚMA PÚBLICA – “DESCENTRALIZAÇÃO EM ALTA COMPLEXIDADE EM PEDIATRIA E A SAÚDE NA REGIÃO SUL” 39 1ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 17ª LEGISLATURA COORDENADORIA DE TAQUIGRAFIA DAS COMISSÕES - CTC COMISSÃO DE SAÚDE EVENTO: audiência DATA: 30/3/2011 LOCAL: Auditório Ruy pública HORA: 9h Hülse, da Unesc/Criciúma SUMÁRIO: debate sobre a descentralização em alta complexidade em pediatria e a saúde na região sul PRESIDENTE: Deputado Estadual Volnei Morastoni, Presidente da Comissão de Saúde PARTICIPANTES DA MESA: Deputado Estadual Volnei Morastoni, Presidente da Comissão de Saúde; Deputado Estadual Dado Cherem; Deputado Estadual Valmir Comin; Deputado Estadual Dóia Guglielmi; Deputado Estadual Jorge Teixeira; Clésio Salvaro, Prefeito de Criciúma; Hélio Luiz Bunn, Prefeito de Lauro Müller e presidente da Amrec; Luiz Antônio Fabro, Secretário Municipal de Saúde de Urussanga e presidente do Colegiado de Saúde da Amrec; Walter Vicente Gomes Filho, superintendente de Planejamento da Secretaria de Estado da Saúde; Silvio Ávila Junior, Secretário Municipal do Sistema de Saúde de Criciúma; Gildo Volpato, Reitor da Unesc. REGISTRO DE PRESENÇA: Nilso Bortolatto, Prefeito de Cocal do Sul; João Reus Rossi, Prefeito de Treviso; Vereador Ivan Roberto Westphal (Camisa), Vice-Presidente da Câmara Municipal de Criciúma; Eduardo Merêncio (Chico), Vereador de Araranguá; Santina Izé Rosa, Secretária Municipal de Saúde de Nova Veneza; Paulo Conti, Secretário Municipal de Saúde de Orleans; Sônia S. Rocha da Silva, Secretária Municipal de Saúde de Morro da Fumaça; Rangel Loch, Secretário Municipal de Saúde de Forquilhinha; José Rogério dos Santos, Vice-Prefeito de Urussanga; Daníria Natália da Rocha, Secretária Municipal de Saúde de Lauro Müller; Dalvania Cardoso, Secretária Municipal de Saúde de Siderópolis; Carmen Yône Raiser da Cruz, Secretária Municipal de Saúde de Praia Grande; Maria de Lurdes Sprícigo Freccia, Secretária Municipal de Saúde de Treviso; Vilmar Leandro, Secretário Municipal de Saúde de Maracajá; Gislane Dias da Cunha, Secretária Municipal de Saúde de Sombrio; Vereador Gelvânio Búrigo, de Criciúma; Sidney de Oliveira, Secretário Municipal de Saúde de Cocal do Sul; irmã Cecília Martinello, diretora do Hospital São José, de Criciúma; Evelyn Elias, Secretária Municipal de Saúde de Araranguá; Flávio Darós, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Criciúma; Alice Vieira Duminelli, da Rede Feminina de Combate ao Câncer (RFCC); Teresinha de Jesus Thomas, conselheira Tutelar de Criciúma; Kely Cristina Ferreira, Secretária Adjunta Municipal do Sistema de Saúde de Criciúma; Maria Madalena Domingos Nunes, Secretária Municipal de Saúde de Imbituba; Christian Prado, diretor Técnico do Hospital Materno-Infantil Santa Catarina, de Criciúma; Vereadora Romanna Remor, de Criciúma; Edgar Generoso, coordenador da CUT/Regional Sul; Tiago Rodrigues Nava, pediatra e oncologista do Hospital São José; Vereadora Thatianne Ferro Teixeira, de Criciúma; Margarete Maria Pasetto Biléssimo, representando a 21ª Gerência Regional de Saúde. MANIFESTAÇÕES: Clésio Salvaro, Prefeito de Criciúma; Deputado Estadual Valmir 40 Comin; Deputado Estadual Dóia Guglielmi; Deputado Estadual Jorge Teixeira; Hélio Luiz Bunn, Prefeito de Lauro Müller e presidente da Amrec; Luiz Antônio Fabro, Secretário Municipal de Saúde de Urussanga e presidente do Colegiado de Saúde da Amrec; Walter Vicente Gomes Filho, superintendente de Planejamento da Secretaria de Estado da Saúde; Deputado Estadual Dado Cherem; irmã Cecília Martinello, diretora do Hospital São José, de Criciúma; Christian Prado, diretor Técnico do Hospital MaternoInfantil Santa Catarina, de Criciúma; Tiago Rodrigues Nava, pediatra e oncologista do Hospital São José; Edgar Generoso, coordenador da CUT/Regional Sul; Jucélia Vargas Vieira de Jesus, do Sindicato dos Servidores Públicos de Criciúma e Região; Silvia Salvador do Padro, servidora pública estadual, lotada na 21ª Gerência Regional de Saúde; Júlio Rocha, membro do Conselho Municipal de Saúde; Alessandra Cechinel Darela, diretora Clínica do Hospital Materno-Infantil Santa Catarina, de Criciúma; Vereadora Romanna Remor, de Criciúma; Vereadora Thatianne Ferro Teixeira, de Criciúma; Deputado Estadual Volnei Morastoni, Presidente da Comissão de Saúde. 1ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 17ª LEGISLATURA COORDENADORIA DE TAQUIGRAFIA DAS COMISSÕES - CTC ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PROMOVIDA PELA COMISSÃO DE SAÚDE PARA DEBATER SOBRE A DESCENTRALIZAÇÃO EM ALTA COMPLEXIDADE EM PEDIATRIA E A SAÚDE NA REGIÃO SUL DO ESTADO DE SANTA CATARINA, REALIZADA NO DIA 30 DE MARÇO DE 2011, ÀS 9H, NO AUDITÓRIO RUY HÜLSE, NA UNESC, EM CRICIÚMA. Aos trinta dias do mês de março de 2011, às 9h, realizou-se no Auditório Ruy Hülse, da Unesc, em Criciúma, a audiência pública com o objetivo de debater sobre a descentralização em alta complexidade em pediatria e a saúde na região sul do Estado de Santa Catarina, incluindo os Municípios da região da Amrec, da Associação dos Municípios da Região Carbonífera e da Associação dos Municípios do Extremo Sul Catarinense, das quais fazem parte as cidades-polo de Criciúma e Araranguá. A audiência pública, promovida pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, foi proposta pelo senhor Deputado Estadual Dado Cherem e presidida pelo senhor Deputado Estadual Volnei Morastoni, que abriu os trabalhos justificando inicialmente que nos convites estava incluída a região da Amurel, de Tubarão, mas que posteriormente, numa reunião com o Deputado Estadual Dado Cherem, foi decidido realizar uma audiência na região de Tubarão, porém acrescentou que se houvesse algum representante da região de Tubarão, ele poderia se manifestar. Em seguida, convidou para tomarem assento à mesa as seguintes autoridades: Deputado Estadual Dado Cherem, proponente da audiência; Deputado Estadual Valmir Comin; Deputado Estadual Jorge Teixeira; Deputado Estadual Dóia Guglielmi; senhor Clésio Salvaro, Prefeito de Criciúma; senhor Hélio Luiz Bunn, Prefeito de Lauro Müller e presidente da Amrec; senhor Luiz Antônio Fabro, Secretário Municipal de Saúde de Urussanga e presidente do Colegiado de Saúde da Amrec; senhor Walter Vicente Gomes Filho, superintendente de Planejamento da 41 Secretaria de Estado da Saúde; senhor Silvio Ávila Junior, Secretário Municipal do Sistema de Saúde de Criciúma; e o senhor Gildo Volpato, Reitor da Unesc. Ato contínuo, agradeceu a presença e registrou as seguintes autoridades: senhor Nilso Bortolatto, Prefeito de Cocal do Sul; senhor João Reus Rossi, Prefeito de Treviso; Vereador Ivan Roberto Westphal (Camisa), Vice-Presidente da Câmara Municipal de Criciúma; Vereador Eduardo Merêncio (Chico), da Câmara Municipal de Araranguá; senhora Santina Izé Rosa, Secretária Municipal de Saúde de Nova Veneza; senhor Paulo Conti, Secretário Municipal de Saúde de Orleans; senhora Sônia Rocha da Silva, Secretária Municipal de Saúde de Morro da Fumaça; senhor Rangel Lock, Secretário Municipal de Saúde de Forquilhinha; senhor José Rogério dos Santos, VicePrefeito de Urussanga; senhora Daníria Natália da Rocha, Secretária Municipal de Saúde de Lauro Müller; senhora Dalvania Cardoso, Secretária Municipal de Saúde de Siderópolis; senhora Carmem Yône Raiser da Cruz, Secretária Municipal de Saúde de Praia Grande; senhora Maria de Lurdes Sprícigo Freccia, Secretária Municipal de Saúde de Treviso; senhor Vilmar Leandro, Secretário Municipal de Saúde de Maracajá; senhora Gislaine Dias da Cunha, Secretária Municipal de Saúde de Sombrio; senhor Gelvânio Búrigo, Vereador da Câmara Municipal de Criciúma; senhor Sidney de Oliveira, Secretário Municipal de Saúde de Cocal do Sul; irmã Cecília Martinello, diretora do Hospital São José, de Criciúma; senhora Evelyn Elias, Secretária Municipal de Saúde de Araranguá; senhor Flávio Darós, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Criciúma; senhora Alice Vieira Duminelli, da Rede Feminina de Combate ao Câncer (RFCC); senhora Teresinha de Jesus Thomas, conselheira Tutelar de Criciúma; senhora Kely Cristina Ferreira, Secretária Adjunta Municipal do Sistema de Saúde de Criciúma; senhora Maria Madalena Nunes, Secretária Municipal de Saúde de Imbituba. A seguir, deu boas-vindas a todos, especialmente ao Reitor pela cedência do espaço, registrou também a presença da professora Luciane Bisognin Ceretta, diretora de Ensino da Unidade Acadêmica de Ciências da Saúde/Unesc e esclareceu que nem todos os Deputados que fazem parte da Comissão de Saúde puderam comparecer, pois tinham compromissos assumidos anteriormente. Agradeceu a presença da equipe de taquigrafia, da TVAL, da imprensa, comunicando que essa audiência, assim como todas as outras que ocorrerão em várias regiões do Estado sobre esse tema, será gravada e confeccionada uma ata contendo todos os encaminhamentos pertinentes, os quais serão levados ao Secretário Estadual da Saúde e ao Governador do Estado visando a obter resultados concretos. Comentou que os Deputados, além de realizarem um trabalho de fiscalizar, também indiretamente realizam um trabalho de assessoramento ao governo, visto que quando os Deputados fazem uma audiência pública estão colhendo informações, dados de uma realidade e colaborando com o governo do Estado para melhorar a saúde da população e fortalecer o SUS. Prosseguindo, comunicou que a audiência precisava terminar até as 11h30min, visto que, à tarde, haveria sessão plenária na Assembleia e os Deputados precisariam estar presentes. Sendo assim, disse que era necessário objetivar a audiência e para isso explicou que primeiro iria passar a palavra aos membros da mesa e posteriormente a abriria para a assembleia. Feito isso, esclareceu que primeiro passaria a palavra ao Prefeito de Criciúma, visto que uma pessoa de sua família havia falecido e ele teria que se ausentar. Fazendo uso da palavra o senhor Clésio Salvaro, Prefeito de Criciúma, inicialmente, agradeceu aos Deputados Estaduais por terem escolhido a cidade para realização da audiência pública, saudou todas as autoridades da mesa, os demais presentes e a Unesc pela cedência do espaço. Contou que durante dez anos, como Deputado Estadual, teve a oportunidade de conviver numa Casa que, além de fiscalizar, votar e melhorar os projetos que vêm do Executivo, cumpre um papel muito importante ao auxiliar o governo. Disse acreditar que a audiência pública realizada em Criciúma tem um papel muito importante. E avaliou que a Comissão de 42 Saúde estava muito bem representada, através do Deputado Estadual Dado Cherem, que foi secretário de Estado da Saúde por quase oito anos, e dos Deputados Estaduais Volnei Morastoni e Jorge Teixeira, que são médicos, para discutir a saúde, em especial a situação do Hospital Materno-Infantil Santa Catarina, que, na verdade, até hoje não chegou a ser um hospital, pois não existe a maternidade. Informou que hoje, nesse hospital, há um prontosocorro, que atende em torno de 70% da população de Criciúma e 30% da população da região, e uma UTI neonatal, que atende 20% da população de Criciúma e 80% da população estadual. Discorreu que o investimento que foi feito na área da saúde em Criciúma já ultrapassa a 25% do total de arrecadação do Município, e afirmou que por mais esforço que se faça para ter uma gestão eficiente, ainda assim, pela condição do Município ser cidade-polo, não há condições de atender toda a região. Disse que a estrutura da Secretaria Municipal da Saúde não comporta o atendimento de toda uma região e de parte do Estado, de pessoas que vêm de outras regiões do Estado. Lembrou que para o Orçamento de 2011, no final do ano passado, em que estiveram presentes Deputados, junto com lideranças políticas e empresariais da região de Tubarão, Criciúma e Araranguá, foi votada uma emenda no valor de R$ 3 milhões para manutenção e custeio do Hospital Materno-Infantil Santa Catarina, avaliando que esses recursos poderão melhorar a qualidade dos serviços oferecidos à população. Registrou o esforço que a Secretaria Municipal tem feito para melhorar a área da saúde, notadamente no que diz respeito ao índice de mortalidade infantil, que já foi de 23 mortes para cada mil nascidos vivos até um ano de idade, e que hoje esse índice é de 10 mortes, e ressaltou que a meta estabelecida é trazer esse índice de mortalidade para um dígito, lembrando que estão falando em vidas, e não em números. Dito isso, pediu ajuda aos Deputados e à Comissão de Saúde para conseguir chegar a esse índice através de recursos e, no seu entender, com o auxílio de uma gestão mais eficiente, porque avaliou que não é só com o dinheiro que se vai atingir essa meta, mas sim com a informatização do sistema, usando melhor o dinheiro do contribuinte. Finalizando, parabenizou a Comissão de Saúde pela realização da audiência pública na cidade, que estava de luto pelo falecimento do grande líder político ex-Deputado Nereu Guidi, e pediu licença a todos para se retirar. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, registrou a presença do doutor Christian Prado, diretor técnico do Hospital Materno-Infantil Santa Catarina, de Criciúma, e passou a palavra ao senhor Deputado Estadual Valmir Comin, que saudou as autoridades da mesa e todos os presentes. Disse que o tema da audiência era muito importante, que estavam ali para ouvir, e que o momento era oportuno para fazer sugestões, encaminhamentos e tirar as dúvidas para buscar a descentralização no atendimento de pediatria e oncologia ao povo da região. Informou que no mês de abril o Governador do Estado irá percorrer todas as regiões catarinenses para ouvir o clamor das lideranças e conhecer as prioridades dos Municípios. Concluindo, agradeceu o uso da palavra. Ato contínuo, fez uso da palavra o senhor Deputado Estadual Dóia Guglielmi, que saudou todos os presentes e disse da sua alegria em participar da audiência pública. Avaliou que já foram feitas algumas colocações que eram de fundamental importância, principalmente quando se refere à saúde da região. Afirmou que de Florianópolis a Porto Alegre, Criciúma é polo da região, é a maior cidade do sul do Estado de Santa Catarina, e que há algumas situações no Município que têm que ser olhada com carinho. Expôs que são atendidas basicamente oitocentas mil pessoas que passam pela região. Além disso, a região é cortada por uma das maiores rodovias do Brasil e do Estado de Santa Catarina, e pela SC-444. Por isso, disse acreditar que essa audiência pública vem ao encontro tanto da questão pediatria e oncologia quanto da questão rodovias. Parabenizou a Comissão de Saúde por realizar a audiência, e disse que estavam ali mais para ouvir e colocar sugestões, porque era interessante para eles 43 conhecerem a situação da região, chegar a uma conclusão e ajudar o povo [Taquígrafarevisora: Ana Rita Moriconi de Souza.]. Adiante, rapidamente se manifestou o senhor Deputado Estadual Jorge Teixeira, que, depois de cumprimentar os presentes e os trabalhadores envolvidos na área da saúde, parabenizou o Deputado Estadual Dado Cherem por ter proposto esta audiência pública. Colocou, ainda, que ele estava ali presente para ouvir os pedidos de todos e ajudar a levá-los à Alesc e ao Poder Executivo do Estado. Ao final, agradeceu a presença de todos. Na sequência, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, disponibilizou a palavra ao senhor Hélio Luiz Bunn, Prefeito de Lauro Müller e presidente da Amrec, para suas colocações. O senhor Prefeito saudou as autoridades da mesa e os demais presentes e fez um desabafo: disse que os Prefeitos não têm mais de onde conseguir recursos para atender a saúde dos Municípios. Lembrou que a lei obriga um repasse para a saúde de, no mínimo, 15%, mas que o seu Município estabeleceu o repasse de 21%, só que, mesmo assim, não é suficiente. Por isso, considerou que descentralizar a pediatria em alta complexidade é importante, mas, sobretudo, é preciso que os recursos também sejam descentralizados, pois os Municípios acabam pagando a conta dos programas, que são criados quase sozinhos. Citou como exemplo o PSF (Programa Saúde na Família), para o qual é repassado uma migalha. Falou que no seu Município há um hospital 100% público o qual não pode cobrar nenhum centavo do cidadão, pois o Ministério Público fiscaliza e a Justiça obriga o atendimento. Inclusive, disse que o hospital tem que fornecer muitos medicamentos devido a determinações judiciais, já que, do contrário, são submetidos a uma multa diária de R$ 1.000,00. Dito isso, pediu aos deputados presentes que levem o problema ao Governador em busca de ajuda ao setor. Concluiu parabenizando a Alesc por estar presente descentralizando suas atividades ao ouvir a comunidade e os Municípios da região e desejando a todos uma manhã produtiva de trabalho. Dando seguimento, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, passou a palavra ao senhor Luiz Antônio Fabro, Secretário Municipal de Saúde de Urussanga e presidente do Colegiado de Saúde da Amrec. Após os cumprimentos, o senhor Luiz Antônio Fabro colocou que o Colegiado tem trabalhado de forma coesa e citou algumas conquistas obtidas: no ano de 2010, foi feito o SVO (Sistema de Verificação de Óbito); os hospitais e Prefeituras fizeram a contratualização do Hospital São José, de Criciúma, e da mesma forma a do Hospital São Roque, do Morro da Fumaça; trabalhou-se intensamente pela constituição do Consórcio Intermunicipal de Saúde da região da Amrec o qual dará início ao seu funcionamento depois que tiver a sua primeira diretoria eleita. Contudo, considerou que existem mais problemas que soluções, como dificuldades em ofertar profissionais nas mais diversas especialidades. Mencionou também o PSF e o quanto é difícil contratar profissionais tanto em função da carga horária como do salário. Segundo ele, a cada R$ 1,00 enviado pelo governo federal para pagar os salários e encargos sociais, o Município tem que desembolsar R$ 1,54. Dentre outras dificuldades apontadas pelo Secretário está a de manter os plantões 24 horas nos hospitais, que geralmente são bancados pelas Prefeituras; a de conseguir o sobreaviso dos médicos; e a de vocacionar os hospitais no sentido de desafogar principalmente o Hospital São José e viabilizar os hospitais da região que, na grande maioria, são filantrópicos. Feitas essas observações, finalizou frisando que há duas soluções para a saúde: gestão e recursos. Prosseguindo, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, passou a palavra ao senhor Walter Vicente Gomes Filho, superintendente de Planejamento da Secretaria de Estado da Saúde, representante do senhor Secretário Dalmo de Oliveira, que, depois de saudar os membros da mesa, especialmente o Deputado Estadual Dado Cherem, mostrou-se sensível às questões dos recursos e de gestão da saúde de Criciúma. Falou, também, que acredita que desta audiência pública poderão emergir soluções para, em 44 conjunto, construir o SUS que todos desejam. Ato contínuo, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, fez alguns registros de presença e, em seguida, passou a palavra ao senhor Deputado Estadual Dado Cherem, propositor desta audiência pública, que após cumprimentar as autoridades e os demais presentes, disse que a questão da saúde é um processo construtivo, permanente, cuja gestão, que é tripartite, deve ser realmente compartilhada entre a União, o Estado e o Município. Inclusive, colocou que se algum deles tiver dificuldade nesse processo, o peso vai sobrar para o outro. Por isso, acredita que o trabalho tem que ser construído de maneira transparente e com muita vontade. Dito isso, questionou qual o objetivo de todos nesta audiência pública, afirmando que ninguém quer criar expectativas falsas, pois o debate não irá resolver o problema da saúde da noite para o dia. Nesse sentido, falou que todos devem saber se querem construir um processo na pediatria que contemple essa região. Além disso, considerou que é preciso saber se temos condições, capacidade física adequada, profissionais, determinação e vontade política para isso. Indagou, por último, de que maneira isso seria construído. Adiante, citou o exemplo da irmã Enedina, de Tubarão, que lutou pelo serviço de tratamento do câncer no Hospital Nossa Senhora da Conceição, de Tubarão, e citou, ainda, o Hospital São Braz, de Porto União, onde ninguém acreditava que o serviço seria implantado. Diante disso, enalteceu a importância de ouvir outros Municípios onde também serão realizadas audiências públicas, ocasião em que a Comissão poderá se reunir com uma equipe da Secretaria Estadual da Saúde, com algum representante do Colegiado das regiões e com o Governador no sentido de evoluir o debate. Falou que poderiam questioná-lo o porquê de ele não ter implantado esse processo à época em que foi Secretário, sobre o que ele responderia que quando foi iniciada a descentralização em 2004, o solo fértil era a alta complexidade adulta e que antes não havia capacidade física nem profissionais para realizar o serviço, mas que, atualmente, já existem condições e especialistas que querem ofertá-lo em várias regiões. Encerrando sua participação, salientou que estava na audiência para ouvir todos os envolvidos a fim de construir um diagnóstico sobre o tema. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, retomou a palavra dizendo que havia questionado o Deputado Estadual Dado Cherem no sentido de saber quais as especialidades da alta complexidade seriam pertinentes ao debate, no que se definiu pela área da oncologia, como uma das prioridades, da neurocirurgia, e da cirurgia cardíaca pediátrica. Em seguida, fez outros registros de presença e justificou a ausência de alguns convidados. Feito isso, disponibilizou a palavra ao senhor Sílvio Ávila Júnior, Secretário Municipal de Criciúma, que cumprimentou os membros da mesa, as autoridades da área da saúde e os demais presentes. Dando início à sua participação, fez breve relato sobre a situação do Hospital Materno-Infantil Santa Catarina, o qual tem hoje um caráter regional mantido pela Prefeitura de Criciúma. Afirmou que 30% do atendimento no pronto-socorro do hospital são de toda região e que a dificuldade no atendimento não é apenas nesse hospital, mas em toda a rede, em especial nas unidades 24 horas e nas de referência, como a da Criança Saudável e a da Saúde da Mulher, dentre outras. Com o auxílio do PowerPoint, iniciou sua exposição dizendo que o Hospital Materno-Infantil Santa Catarina foi fundado em 1961 como uma entidade privada, mas que, em 1998, foi adquirido pelo Município, época em que nele foi instalado um pronto-atendimento infantil 24 horas, já que não existia esse serviço no Município. A partir disso, falou que o hospital passou a ser referência para toda a macrorregião em termos de pediatria. Informou que, em novembro de 2005, foi implantada a UTI neonatal e pediátrica ofertando dez leitos, sendo três pediátricos e sete neonatais. Quanto ao pronto-atendimento infantil 24 horas, registrou que lá são atendidas hoje aproximadamente 250 pacientes/dia, reiterando que 30%, ou seja, sessenta pacientes, são da região. Ainda informou que são oferecidos dezoito leitos para observação por até 24 horas, além de serem 45 realizados procedimentos de pequenas cirurgias e de reanimação cardiopulmonar; atendimentos para politraumatismos, convulsões, cetoacidose diabética, intoxicação endógena e exógena; serviços de raio-x, de coletas de exames e de fluidoterapia. Sobre o corpo técnico, disse que é composto por 26 médicos, sendo 4 deles mantidos pela Prefeitura de Criciúma, por meio da Secretaria Municipal de Saúde; 3 enfermeiros; 62 técnicos de enfermagem; além de nutricionistas, farmacêuticos, e equipe de higienizadores, o que totaliza 120 funcionários. Em relação à folha de pagamento, registrou um total de R$ 273.088,97, já incluídos os encargos financeiros. Destacou que os médicos da UTI não estão nessa folha e geram um custo de R$ 56.420,00, e os médicos do pronto-socorro geram R$ 91.512,00. Quanto aos números de produção hospitalar, citou que a produção mensal do pronto-socorro e da UTI totalizou R$ 247.051,69 no último mês, com um teto financeiro de R$ 115.272,93, ficando uma diferença de R$ 131.778,76. Já a produção ambulatorial totalizou R$ 62.573,96, sendo o teto financeiro de R$ 49.481,00 e a diferença de R$ 13.092,96, tudo constando no sistema. A respeito, registrou que o Estado tem atendido bem, mas que alguns números terão de ser revistos a partir de agora. Salientou que desde setembro de 2010 são repassados ao hospital R$ 400 mil/mês, sendo que o convênio assinado com o Hospital São José previa R$ 660 mil/mês. Esse repasse, segundo ele, sai da Prefeitura e isso diminui a capacidade de investir na saúde do Município. Explicou que o valor do repasse foi diminuído, porque quando assinado o contrato com o Hospital São José, o valor de R$ 660 mil era previsto para a manutenção de toda a área física, incluindo as áreas que hoje não estão em funcionamento. Essa decisão pela diminuição do repasse, segundo ele, ocorreu em comum acordo numa reunião, no ano passado, em que ele esteve presente, com a direção do Hospital São José e com o Comitê Gestor. Desse modo, disse que o contrato continua sendo rediscutido por ambas as partes estando a discussão bem avançada [Taquígrafa-revisora: Sibelli D’Agostini.]. Comentou que é necessário reativar alguns convênios estaduais e federais para os serviços serem adequados, explicando que no convênio estadual já existe um projeto para adequação dos serviços, já aprovado pela Vigilância Sanitária do Estado, mas que o convênio venceu e foram devolvidos R$ 500 mil para o governo. Disse ainda que a celebração do convênio está sendo aguardada para terminar o berçário e o centro obstétrico e que o custo total desse projeto é de R$ 2 milhões 200 mil. Acrescentou que após o término da primeira etapa teria a oportunidade de ativar a ala, que já está concluída, do alojamento conjunto com 31 leitos liberados, sendo um para isolamento; a clínica cirúrgica feminina com 25 leitos, um para isolamento e o banco de leite, ressaltando que esta parte está pronta, mas que dependia da conclusão do centro obstétrico para ser ativado. Lembrou que no ano de 2009 receberam cinco convênios federais, que quatro estão vencidos e um está em vigor; que vai ser pedida a prorrogação do convênio e uma readequação do objeto do convênio e até agora o Ministério da Saúde não tinha respondido, explicando que com a reativação dos cinco convênios, os cinco setores poderão ser concluídos, que são: o CME, o centro cirúrgico, o departamento de nutrição, o refeitório, a lavanderia, o depósito, a caldeira, o setor de manutenção e a internação pediátrica. Informou ainda que, para esses convênios, estão sendo pleiteados, no Ministério da Saúde, R$ 5 milhões para o término das obras do Hospital Materno-Infantil, e que após a sua conclusão poderiam ser implantadas de imediato a maternidade, a pediatria e a cirurgia pediátrica com as suas subáreas. Comunicou que no ano de 2009 e 2010 o Comitê Temático da Saúde aprovou as verbas em torno de R$ 1,5 milhão, porém nenhum pagamento dos recursos foi repassado. Mencionou que aprovaram para o Orçamento do Estado uma verba de R$ 3 milhões por ano para auxiliar no custeio e manutenção da estrutura do Materno-Infantil, aliviando assim o caixa da Secretaria Municipal de Saúde e das Secretarias da região, pois estão negociando com os Prefeitos e com os Secretários para ajudarem na 46 conta, porque o hospital atende crianças de outra região. Esclareceu que 70% do atendimento no pronto socorro do Hospital Materno-Infantil são crianças de Criciúma e 30% são de outros Municípios; que na UTI do hospital, de setembro do ano passado a janeiro de 2011, dos dez leitos, dois eram ocupados por crianças de Criciúma e oito por crianças de outros Municípios. Avaliou que o índice de mortalidade infantil de toda a história de Criciúma é o menor e isso passa pela ativação dos serviços no Hospital Materno-Infantil Santa Catarina em especial pela UTI; que Criciúma ultrapassa as metas de imunização em todas as faixas etárias, principalmente na pediatria. Dito isso, expôs que buscam para a região a descentralização dos serviços, mas se as obras não forem concluídas, 100% dos serviços que podem ser oferecidos no Materno-Infantil não serão disponibilizados. Afirmou que o Hospital São José está com a sua capacidade esgotada e não há como colocar mais serviços novos lá dentro, por isso é importante terminar a estrutura, para poder regionalizar e atender a macrorregião. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, agradeceu ao senhor Silvio Ávila e afirmou ser importante o panorama da situação do Hospital Materno-Infantil Santa Catarina. Disse que todos os pleitos serão incorporados porque ao término das audiências poderão tratar com o Secretário Estadual de Saúde e com o Governador sobre os pleitos. Em seguida passou a palavra à irmã Cecília Martinello, diretora do Hospital São José, de Criciúma, que cumprimentou todos. Revelou que, como o Secretário já colocou a situação do Hospital Materno-Infantil Santa Catarina, iria apenas dizer que alta complexidade é necessária para a região, mas que mais serviço implica em mais recursos, frisando que não é possível administrar um hospital sem recursos suficientes. Agradeceu a todos. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, concedeu a palavra ao senhor Christian Prado, diretor técnico do Hospital Materno-Infantil Santa Catarina, que saudou todos os presentes. Disse que seria breve e pediu permissão para fazer uma apresentação com PowerPoint. Mostrou, através de fotos, o espaço físico do hospital. Comunicou que o hospital atende várias crianças da região; que o pronto atendimento e a UTI estão funcionando, que o hospital tem uma equipe médica especializada e que os aparelhos estão bem conservados. Frisou que o hospital tem pacientes de vários Municípios e por isso têm grandes dificuldades na área da internação. Utilizando slides, explicou que no ano passado houve 237 internações na emergência, sendo vários pacientes de outra região; e na UTI foram 143 internações. Ressaltou que a grande preocupação do hospital é o que vai oferecer às crianças; que o hospital é um local de ensino por onde passam vários estudantes da Unesc e de outras instituições da região nas várias especialidades. Destacou que a grande necessidade hoje é ampliar a UTI ao invés de ser feita uma semi-intensiva, implantar a maternidade de alto risco, revelando que todas essas habilitações trariam mais referências, responsabilidade e mais recursos para o hospital. Aclarou que o pronto atendimento tem especialistas de várias áreas; que o hospital possui equipamentos de ponta e que por estarem sem funcionamento poderão estragar, complementando que hoje, com todos os recursos que existem, um paciente que é operado pode ir para casa depois de duas horas sem nenhum risco. Colocou que a habilitação como hospital-dia, um projeto do Ministério da Saúde, é interessante para o hospital. Avaliou que a implantação do projeto Hospital Amigo da Criança, a implantação do Unacon pediátrico é o mais factível, porque se não houver uma equipe motivada não se constrói nada; mas que o hospital possui equipe médica especializada e motivada e o projeto pode se tornar realidade. Expôs que no futuro vão ter residência médica em terapia intensiva em neonatologia, em pediatria e ginecologia. Quanto à questão do transplante renal pediátrico falou que o Hospital São José está no processo, só estão esperando terminar as obras do hospital, que existe uma equipe interessada e já estão em contatos com hospitais de São Paulo para fazer treinamento. Especificou que a médio e longo prazo seria a cirurgia vascular; que o São José faz bastante 47 cirurgia cardíaca e uma equipe do Pequeno Príncipe está interessada em trabalhar aqui. Revelou que um projeto futuro é a habilitação como Centro de Treinamento de lábio palatal, que o único centro hoje fica em Joinville e que é difícil para a criança e seus familiares sair daqui e ir para Joinville. Afirmou que esse projeto é mais para o futuro e dependeria de uma série de adequações. Reiterou que a preocupação é fazer algo regional que garanta o atendimento em todas as especialidades às crianças, principalmente as que saem da UTI. Citou o caso de uma criança que precisava fazer diálise e que ficou três semanas dentro da UTI dialisando para poder ser transferida para Florianópolis. Avaliou que a implantação da Policlínica Materno-Infantil é um sonho. Comentou que quando o hospital ficar pronto e na medida em que for oferecido serviços de alta complexidade irá aumentar o número de internações; que a longo prazo é necessário planejar uma unidade maior com mais dez ou quinze leitos pediátricos e mais oito de oncologia. Especificou que a dificuldade hoje é com o adolescente, porque ele não é um adulto nem criança e o hospital não tem espaço para eles. Que é necessário ter uma unidade oncológica com vários leitos, inclusive para adolescentes, pois uma boa parte deles fica solta em todas as unidades do Estado, inclusive no Joana de Gusmão. Agradeceu a todos. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, disse ser importante pensar assim, estar dentro de um planejamento {Taquígrafa-revisora: Jacqueline de O.V. Bitencourt} de ações de curto prazo e outras de longo prazo; reafirmou que o objetivo é proceder às reuniões com o Governador e o Secretário de Estado da Saúde para que a descentralização se torne realidade. Realçou que uma das palavras de ordem na saúde hoje é humanização! Porque quando se promove essa descentralização e se pode dotar as regiões dessas capacidades físicas, está se fazendo a humanização e combatendo a “ambulancioterapia”. Referindo-se à colocação do Deputado Dado Cherem, que primeiro foram os adultos a serem beneficiados, pontuou que agora são as crianças que serão contempladas com a descentralização. Informou que as inscrições para fazer uso da palavra estavam abertas e concedeu a palavra ao doutor Tiago Rodrigues Nava, pediatra e oncologista do Hospital São José, que desejou bom-dia a todos e agradeceu, de forma especial, a presença do Grupo pela Unidade Infanto-Juvenil de Onco-hematologia da Região de Criciúma (Guido) - apoiado pelos Anjos de Rosa, que são da Rede Feminina de Combate ao Câncer, e pelos pais de pacientes que fazem tratamento oncológico na região. Disse que o papel dele é puxar a brasa para que se traga a alta complexidade para Criciúma. Contou que vive a alta complexidade no dia a dia e focou que a alta complexidade em Criciúma já existe e o que falta é o aparato necessário para tratar essas crianças. Comentou que nos últimos doze meses, quando do início da Unidade, diagnosticaram 25 crianças para alta complexidade, das quais 3 são de Criciúma, e que tratam crianças de Braço do Norte, de Araranguá, de Tubarão, enfatizando que a descentralização do Hospital Joana de Gusmão é uma realidade na região de Criciúma. Comunicou que não há condições adequadas para tratamento desses pacientes, mas possuem autorização para tratá-los. Quanto aos comentários anteriores referente aos recursos, falou que os recursos foram aumentados em 30%, pelo Ministro Temporão, para atendimento ambulatorial. Discorreu que, quando chegou a Criciúma, as crianças de Criciúma e região viajavam a Florianópolis para receber o tratamento de quimioterapia e voltavam vomitando para casa. Uma semana depois - quando a quimioterapia faz efeito - o paciente está sem defesa e com febre, e recorre ao Hospital Santa Catarina. Dito isso, relatou que todo o custo da alta complexidade continua sendo gasto em Criciúma, enquanto todo o repasse da Apac (Autorização de Procedimento de Alta Complexidade) fica centralizado em Florianópolis. Informou que atualmente as coisas estão melhorando e 50% dos pacientes estão em tratamento em Criciúma, que inclusive recebem pacientes encaminhados pelo Hospital Joana de Gusmão. Questionou: agora a Unidade é referência? E respondeu: vamos dizer que 48 agora eles confiam no médico daqui, mas a unidade não existe. Descreveu que contam com dois quartos, que estão sendo reformados pelo Hospital São José, com o apoio do MAC Dia Feliz, e falou que agora as condições estão melhorando, mas atendimento técnico adequado, acompanhamento técnico adequado, fundamentais numa unidade de alta complexidade, não existem. Registrou que o Guido, formado por pais, amigos e técnicos da oncologia pediátrica, briga por essa unidade, e que ela contenha um ambulatório policlínico, porque, geralmente, o paciente que faz quimioterapia precisará de outro especialista pediátrico. Disse que é paulista, de nascimento, com formação em Porto Alegre e chegou a Criciúma com um olhar discriminativo, porque encontrou vários especialistas separados pelos serviços de Criciúma, dando assistência naquilo que podem, e que não estão juntos numa proposta de atendimento à alta complexidade. Falou que isso é triste para quem vem de fora porque essas crianças ficam vagando. Como o doutor Christian, ressaltou a importância de um ambulatório na Unidade Infanto-Juvenil de Onco-hematologia. Conforme anteriormente comentado, detalhou que em Criciúma, juntamente com Tubarão e Braço do Norte, são 260 mil crianças e adolescentes abaixo de 19 anos, das quais 25% estão entre 15 anos e 19 anos, ou seja, adolescentes que não são contemplados pelo Hospital Joana de Gusmão, e que pelos textos técnicos dos oncologistas pediátricos e pelo protocolo de quimioterapia devem ser tratados como criança. Anunciou que o próprio Ministério da Saúde no procedimento de alta complexidade paga o mesmo código de Apac até 19 anos incompletos. Comentou que esses pacientes são atendidos pelas Unacon, Unidades de Alta Complexidade, ambulatorialmente, só que ao sair, se tiver febre, eles devem procurar um hospital adulto. Denunciou que isso é uma desarticulação absurda, porque não existe um protocolo único, porque não tem um serviço que trata só dos adolescentes, e anunciou que essa é a proposta para a unidade, que seja infanto-juvenil. Quanto ao acompanhante, disse que um adolescente de 16 anos vai para o hospital geral e que pela lei tem direito a um acompanhante, mas o hospital não tem estrutura para esse acompanhante. Ressaltou a importância da humanização no processo, dizendo que a parceria com os pais oferece um escopo voltado para o tratamento global do paciente. Defendeu Criciúma por ser uma cidade central, geograficamente, por ter o único hospital pediátrico público com UTI e emergência, que é exatamente o que um Unacon pediátrico precisa, e conta com quase todas as especialidades pediátricas. Agradeceu o convite para participar da audiência e pelo espaço. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, parabenizou-o pela sua visão, pelo seu entendimento. Comentou que a Comissão de Saúde visitava o Hospital Infantil Joana de Gusmão e quando falaram à equipe de lá sobre as audiências públicas que discutiriam a descentralização da alta complexidade em pediatria, na área de oncologia, a equipe de oncologia presente manifestou o entendimento de que na área de oncologia pediátrica é preciso um trabalho de equipe multidisciplinar e infra-estrutura, para que se tenha um tratamento global do paciente. Parabenizou o doutor Christian e o doutor Tiago por essa visão humana e correta do atendimento global. Após, concedeu a palavra ao Deputado Estadual Dado Cherem, que reverenciou a fala do Silvio, do Christian, do Tiago e da irmã, porque retrata o dia a dia, tira a frieza da estatística e traz para a realidade o drama das pessoas que necessitam do tratamento e, muitas vezes, tem dificuldade de acesso a esse tratamento. Parabenizou-os pela sensibilidade e concordou com a irmã ao dizer que atrás de serviços tem custo, há responsabilidade solidária de todos, e comentou que em todos os lugares que esteve há necessidade de investimento e de custeio. Alertou que o grande desafio é de que maneira se fará isso. Observou que surgiu um fato novo na fala do doutor Christian, que trata da possibilidade de instalar uma maternidade de alto risco. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, passou a palavra ao senhor Edgar Generoso, coordenador da CUT/ Regional Sul, que parabenizou a iniciativa da Comissão 49 de Saúde da Alesc ao realizar esta audiência pública, discorrendo que é bom quando o Poder Legislativo procura se aproximar da população na busca da melhor solução para os problemas. Pediu à mesa cópia do material apresentado a respeito dos hospitais, porque os interessa enquanto movimento social. Disse que acham importante discutir a alta complexidade da pediatria e da oncologia, elementos que realmente precisam ter na estrutura hospitalar pública, e distinguiu que trazem a voz popular para a audiência. Falou que o Hospital Materno-Infantil Santa Catarina é público, municipal, e que, de1998 até 2009, era de administração pública, e através de um processo muito conturbado, envolvendo dois incêndios, a gestão foi transferida para o Hospital São José. Detalhou que no momento o movimento social e sindical se colocou contra a entrega, porque entendeu não ser necessária a privatização da administração, uma vez que as reclamações com relação ao Hospital Santa Catarina eram poucas. Fez menção às matérias publicadas nos veículos de comunicação, de um princípio de tumulto que ocorreu no pronto-socorro do Hospital Santa Catarina devido à demora nos atendimentos. Salientou que isso é atenção básica e que se deve levar em consideração, e reforçou que essa situação se agravou após a entrega da administração pública para a privada. Chamou atenção para a intenção do governo municipal de abrir o Hospital Santa Catarina para atendimento de planos de saúde e particulares, a qual o movimento sindical e social da cidade se coloca contra, e enfatizou que se há perspectiva de um investimento público à alta complexidade, que seja gratuito, pelo SUS. Frisou a sugestão que o movimento sindical traz para a audiência: manter o Hospital Santa Catarina com atendimento 100% pelo SUS. Disse que não entendem que o Estado invista dinheiro para privilegiar atendimento, e que todos sabem como funcionam as portas de entrada de qualquer hospital: aquele que paga é atendido primeiro; aquele que não paga espera. Concluiu dizendo que se a situação do Hospital Santa Catarina está agravada desse modo, só tenderá a piorar. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, convidou o Reitor Gildo Volpato, da Unesc, para compor a mesa, e relembrou o agradecimento que fez a ele no início da audiência, pela acolhida para a realização da audiência pública. Passou a palavra à senhora Jucélia Vargas Vieira de Jesus, do Sindicato dos Servidores Públicos de Criciúma e Região, que disse que é professora e atua no movimento sindical, por isso dialoga muito com os gestores da região e conhece os problemas da saúde. Referindo-se à colocação do Deputado Dado Cherem, de que devem questionar e colocar o que querem, corrigiu que a expressão não é o querem, mas o que precisam! Acrescentou que todas as vezes que a população vai às urnas, ela não deposita um voto, ela deposita uma expectativa de melhoria de vida. Frisou que quem tem dinheiro pode comprar, mas quem não tem precisa de políticas públicas. Parabenizou a Comissão e colocou o movimento sindical à disposição para reivindicar melhores condições na saúde. Enfatizou que a saúde pública passa mal e precisa de encaminhamentos. Sugeriu aos Deputados que dialoguem com o Ministro da Saúde e com a Comissão de Educação para que, juntamente com as universidades, formem cada vez mais médicos para clinicar nos postos de saúde, o que é a grande dificuldade dos Prefeitos da região. Parabenizou os doutores Christian e Fábio que estão na saúde pública. Sinalizou que enquanto o País não colocar o dedo na formação de profissionais para que cada vez mais médicos ligados à população estejam sendo formados para realmente trabalharem na saúde pública, estarão em grandes dificuldades. Estimou que a audiência obtenha bons encaminhamentos no sentido de dar um salto na qualidade da saúde, e que o investimento na saúde pública seja feito pelo governo estadual e federal. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, passou a palavra à senhora Sílvia Salvador do Padro, servidora pública estadual, que disse que trabalha na 21ª Urgência Regional de Saúde e teceu considerações ao que o doutor Christian falou. Com relação a um centro de atendimento 50 especializado em partos de alto risco, colocou que no ano passado, na Amrec, tiveram quatro óbitos maternos. Desses, se fossem atendidos numa unidade de referência, metade deles poderia ter sido evitada. O senhor Deputado Estadual Dado Cherem questionou se após a instalação da UTI neonatal houve algum óbito, obtendo como resposta que os óbitos existem. Esclareceu que não acompanha muito a questão da mortalidade infantil em Criciúma porque o Município tem uma equipe muito bem estruturada, porém os óbitos se deram em crianças prematuras, por falta de leitos nas UTIs, por não ter um local de referência na região. Colocou que o óbito infantil é muito forte na região (Taquígrafa-revisora: Sabrina Roberta Schmitz.). Disse que tudo que o doutor Christian Prado falou pode ser comprovado entrando em contato com a gerência estadual e pedindo as estatísticas de como se encontra a saúde em Criciúma. Registrou que a Regional de Saúde também trabalha com DST/Aids e que, embora não seja a sua área, identifica muitos problemas - durante as conversas com os colegas - com adolescentes e crianças com dependência química, salientando que não existe um local adequado para atender essa clientela. Afirmou que nem o IPQ nem o Joana de Gusmão querem aceitar adolescentes de 13 anos, 14 anos ou mais, acrescentando que ouviu dos trabalhadores do Joana de Gusmão que eles não têm estrutura física nem de trabalho para atender esses adolescentes e que inclusive muitos profissionais são agredidos por eles. Solicitou que também fosse colocada a questão da dependência química para criança e adolescente e informou que Criciúma vai abrir o CAPSi e consequentemente vão verificar que precisarão de uma referência para internação de crianças e adolescentes com essa especialidade. A seguir, o senhor Júlio Rocha, médico e membro do Conselho Municipal de Saúde, fez uso da palavra para agradecer aos Deputados da Alesc a iniciativa de ouvir a comunidade numa audiência e solicitou a atenção deles para os custos e para os benefícios dos serviços prestados na Capital em relação ao custo e benefício no interior, lembrando que nos hospitais públicos da Capital o prédio, os equipamentos, a folha de pagamento são mantidos pelo Estado, e também pela famigerada tabela do SUS e que, no interior, onde não se tem hospitais públicos do Estado, recebe-se apenas a famigerada tabela do SUS e, eventualmente, alguma doação ou algum recurso que exaustivamente foi solicitado pela comunidade; que examinem essa situação quando os representantes dos Municípios apresentarem projetos e ideias que necessitam de recursos. Frisou que, na sua opinião, está na hora de se pensar em eliminar os tetos, pois eles geram filas que geram mortes. Encerrou reforçando a atenção dos Deputados para esses pontos e agradecendo a oportunidade. Na sequência, a doutora Alessandra Cechinel Darela, pediatra, neonatologista e também diretora clínica do Hospital Materno-Infantil Santa Catarina, iniciou sua fala agradecendo a realização da audiência pública por entender que o Hospital Santa Catarina merece a atenção de todos (do Município, do Estado e da União). Respondeu ao questionamento do Deputado Dado Cherem dizendo que todos os médicos querem que dê certo, mesmo trabalhando o tempo todo em situações muito adversas. Falou que o corpo clínico do Hospital Santa Catarina quer que ele dê certo para melhorar a qualidade de vida das crianças. Finalizou agradecendo a oportunidade. Prosseguindo, fez uso da palavra a senhora Vereadora Romanna Remor, de Criciúma, parabenizando a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa pela iniciativa da audiência e disse que esse assunto tem sido o cerne das discussões mais intensas e das situações mais adversas também. Salientou que não só o corpo clínico, não só as Secretarias Municipais de Saúde querem que dê certo, mas principalmente os pais e as crianças torcem para que melhore o atendimento. Ressaltou que o momento é muito oportuno devido à gravidade da situação e que a senhora Silvia tinha tocado em um ponto muito importante porque enquanto existirem gargalos na rede pública dificilmente a alta complexidade vai conseguir dar conta para atender à questão infanto-juvenil e contou, como exemplo, que havia 51 visitado o CAPSi, no Bairro Pio Correia, que era uma casa maravilhosa, alugada desde outubro do ano passado, com profissionais que todos os dias vão lá e cumprem horário e não podem atender ninguém; que saiu de lá apavorada porque há situações de crianças nessa faixa etária (infanto-juvenil) que têm dificuldade de atendimento - que têm algum tipo de transtorno mental grave ou gravíssimo - e que o CAPS tem o objetivo de substituir a internação hospitalar. Afirmou que veio dinheiro do Ministério da Saúde numa parcela única; que o local foi adaptado para pessoas portadoras de necessidades especiais; que os consultórios estão montados; que é uma estrutura maravilhosa, toda mobiliada, e o pai de uma criança com necessidades especiais, em crise, vai lá e não pode ser atendido e acaba batendo no Hospital Santa Catarina. Disse que situações como essa é que geram filas de doze horas e estresse na equipe médica. Ressaltou que o foco está perfeito, mas que não adianta ter o foco na alta complexidade se a rede pública tem problemas e, por mais que se invista, esses gargalos são intransponíveis, são intermináveis. Deixou como encaminhamento que fosse tomada alguma providência para que o CAPSi, que é o Centro de Atendimento Psicossocial Infanto-Juvenil, possa dar um atendimento adequado às crianças e aos adolescentes que precisam. Finalizou suas colocações parabenizando todos pela audiência. Por sua vez, a senhora Vereadora Thatianne Ferro Teixeira, de Criciúma, ao fazer uso da palavra cumprimentou os presentes e parabenizou a Alesc pelo ato de pensar Saúde. Afirmou que falar do Hospital Santa Catarina deixava-a emocionada porque ele é da cidade e querem que dê certo. Contou que há vinte dias esteve no Hospital Santa Catarina conversando com o doutor Christian e com o senhor Silvio Ávila, Secretário de Saúde do Município, sobre a situação do hospital, que tem um papel importante para a cidade e para a região, mas que hoje não está cumprindo a sua missão como deveria. Colocou que é necessário que a Secretaria tenha vontade de que a engrenagem funcione, pois é uma questão de urgência e de emergência o atendimento de alta complexidade. Salientou que acredita ser preciso melhorar muito o atendimento básico nos postos de saúde, nos quais tem que ter um pediatra disponível para atender as mães nos casos que não são urgentes. Declarou que chamou sua atenção a angústia, na fala do doutor Christian, dos profissionais do Hospital Santa Catarina, que têm um cronograma para a abertura do atendimento com equipamentos de primeiro mundo fechados e estragando. Registrou que isso é um desrespeito com o dinheiro público investido lá e precisa ser revisto e alguma atitude tem que ser tomada para que as crianças não fiquem na fila quatro horas, cinco horas esperando; que os profissionais querem que dê certo. Fez um pedido de socorro para o Hospital Santa Catarina e, respondendo ao Deputado Dado Cherem, disse que com certeza querem que dê certo, porque a região e a cidade precisam, mas que a Assembleia Legislativa tem fundamental papel na busca de recursos para o hospital. Finalizando, lembrou a questão do adolescente que está à mercê da sorte e fez um encaminhamento para que se pense no atendimento voltado para o adolescente. Agradeceu a oportunidade e parabenizou a Alesc pela iniciativa. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, falou que a visão da Vereadora era importante; que estavam discutindo alta complexidade nos hospitais, mas que a saúde tem que ser vista como um todo e a questão da atenção básica é fundamental para melhorar a situação dos hospitais. Que em todo o nosso Estado isso está diretamente ligado com a questão da atenção básica, com a questão dos atendimentos à saúde da família, de todos os programas e tudo que perfaz a atenção básica na saúde. A seguir, concedeu a palavra ao Deputado Valmir Comin, para as suas considerações finais. O senhor Deputado Estadual Valmir Comin, agradeceu a presença de todos e corroborou com tudo que foi colocado. Parabenizou a explanação feita pelo doutor Christian, pelo Secretário Silvio e pelo doutor Tiago Rodrigues Nava. Contou que presenciou, em muitas ocasiões, crianças que saíam da região sul às três horas, às quatro horas da manhã, 52 perfazendo a bendita BR-101 até Florianópolis, para fazer cinco minutos de sessão de radioterapia e, depois, ter que voltar novamente para Criciúma correndo risco de vida; que é terrível para os pais que vivenciam essa situação. Registrou sua emoção com a fala do doutor Christian ao colocar o orgulho que sente de sua equipe de trabalho; com seu lado afetivo, com seu lado humano que precisa ser enaltecido e valorizado. Felicitou o pessoal da CUT e disse que estavam ali para trabalhar em busca de facilitar as condições de acessibilidade às pessoas que têm menos condições, através da rede pública porque é dinheiro público. Lembrou que a Comissão de Saúde vai perfazer o Estado fazendo audiências para ter um diagnóstico da saúde em Santa Catarina. Falou que a reunião acontece num momento oportuno e afirmou que sempre diz, nas reiteradas reuniões com as entidades, Acit, Acic, Aciva, que manda quem tem voto e que hoje 25% dos Deputados da Assembleia Legislativa são do sul; que três Deputados Federais são da região, assim como o Vice-Governador e que se tem que fazer valer essa condição que o povo delegou. Analisou que é preciso ouvir especialmente os técnicos e anotar todas as suas colocações e levar ao Secretário e ao governo para mostrar o débito que têm (todos os governos) com o sul do Estado que muito contribuiu e está contribuindo para o desenvolvimento de Santa Catarina. Encerrou parabenizando a todos e agradecendo a oportunidade. Por sua vez, o senhor Deputado Estadual Jorge Teixeira disse que foi bem esclarecedor o diagnóstico feito na região sul, em Criciúma, e que o Christian foi muito feliz em suas colocações. Contou que é neurocirurgião da cidade de Rio do Sul e que, até dia 1º de maio do ano passado, atendia no Hospital Regional e no ambulatório do SUS (atendia sempre pelo SUS); que lá eles fizeram o que deviam e que, em sua opinião, são punidos pela qualidade, pois, como exemplo, cobram pela alta precoce. Registrou que na pediatria se realiza procedimentos que poderiam ser feitos num PSF. Falou que esse diagnóstico acontece, acredita, em todo o Estado. Ressaltou a necessidade da alta complexidade em pediatria na região de Criciúma e deu a sugestão para oficializar o serviço de residência médica, que foi feito em Rio do Sul, em cirurgia geral, e o profissional está sendo fixado na região. Prosseguindo, o senhor Deputado Estadual Dado Cherem agradeceu a presença de todos e todas e disse que quando fez a proposta das audiências públicas por todo o Estado quis começar pela região de Criciúma porque conhece a realidade de Santa Catarina. Contou que em 2009 esteve reunido com o Prefeito Clésio Salvaro, com o Deputado Comin e com o doutor Christian no Hospital Santa Catarina e chamou a sua atenção a grandiosidade do trabalho que teriam pela frente se tivessem determinação e que, ao escutar todos hoje, cada vez mais materializava esse convencimento. Lembrou, ao escutar as palavras do doutor Tiago, que em 2004, quando assumiu pela primeira vez a Secretaria Estadual de Saúde, estava em Canoinhas e escutou o depoimento de uma mulher, que era presidente da Associação dos Portadores de Câncer daquela região (Apoca), já falecida, parecido com o do doutor Tiago. Que viajavam 500 quilômetros para fazer quimioterapia em uma Kombi, que, quando voltavam, a viagem demorava o dobro, porque tinham de parar a cada momento por causa dos efeitos colaterais da quimioterapia; que a partir daquele dia assumiu o compromisso, como Secretário, de levar o serviço para a região do planalto norte, e o Governador sensibilizado autorizou em Porto União; que essa sensibilidade não se pode perder. Reiterou as palavras do Deputado Volnei que sem humanização a saúde não vale nada. Reafirmou que acredita no propósito da audiência e, por todas as manifestações que ouviu, que vão percorrer um longo caminho, mas que o primeiro passo já foi dado. Encerrou agradecendo ao Deputado Volnei a presteza da Comissão de Saúde e aos funcionários da Assembleia que se dedicaram na realização da audiência pública. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, disse que como médico pediatra durante toda a sua vida, tanto na atividade clínica como no Parlamento, tem vivenciado essa situação relatada ali, assim como o doutor Jorge, 53 neurocirurgião, hoje Deputado, e o ex-Secretário Dado Cherem, hoje Deputado, e que eles têm o compromisso e a sensibilidade de ir desatando esses nós e avançando nesse processo de descentralização e de humanização da saúde. Reiterou as palavras do Deputado Valmir Comin, que transmitiu muito bem, com todo vigor, com toda a força, o sentimento que traduz a importância da região sul capitaneada por Criciúma, por Araranguá e por Tubarão, e que se precisa resgatar essas dívidas sociais em todas as áreas públicas. Analisou a importância da reunião porque grande parte dos problemas se conhece, mas se precisa trazer à tona para que sejam avivados e se possa traçar um plano de trabalho em curto, em médio e em longo prazo em busca de resultados. Colocou que está convencido que a palavra de ordem na saúde é humanização; que a descentralização é essencialmente importante para a humanização, mas tem que vir acompanhada de recursos. Discorreu que a Comissão tem agendada uma audiência pública para discutir a tabela do SUS e que não se limita apenas ao âmbito da Assembleia, do governo do Estado, mas abre uma interlocução com o governo federal. Ressaltou a importância da Emenda Constitucional 29 que está no Congresso Nacional esperando regulamentação e que será fundamental para definir qual é a quarta parte da União (querem que seja no mínimo 10% de toda arrecadação destinada para a saúde), os 12% do Estado, os 15% do Município (hoje os Municípios estão investindo 20%, 25% ou mais da sua arrecadação na saúde). Afirmou que o debate é amplo com discussão sobre o modelo assistencial, sobre a questão da atenção básica, sobre média e alta complexidade com atenção hospitalar, quer dizer, que um está intrinsecamente ligado ao outro e que o compromisso de todos é levar avante essa luta. Informou que o relatório da audiência pública vai registrar tudo que foi tratado ali e que será importante na audiência que a Comissão terá com o Secretário de Estado, doutor Dalmo de Oliveira, com o Governador do Estado e com o Vice-Governador, que foi convidado para a audiência, mas que em função de compromissos assumidos não pode estar presente, mas já antecipou seu desejo de receber o relatório e de participar da audiência que irá tratar desses pleitos. Nada mais havendo a tratar, agradeceu, mais uma vez, a Reitoria da Unesc pela cessão do espaço, a todos os servidores da Assembleia Legislativa o apoio técnico, a todos os presentes, e deu como encerrada a presente audiência pública. [Taquígrafa-Revisora: Almerinda Lemos Thomé.] DEPUTADO ESTADUAL VOLNEI MORASTONI PRESIDENTE DA COMISSÃO DE SAÚDE 54 ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA FLORIANÓPOLIS “ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE NOS MUNICÍPIOS DA GRANDE FLORIANÓPOLIS” 55 1ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 17ª LEGISLATURA COORDENADORIA DE TAQUIGRAFIA DAS COMISSÕES - CTC COMISSÃO DE SAÚDE EVENTO: audiência DATA: 06/04/2011 LOCAL: Plenário Osni Régis pública HORA: 9h40min (Alesc) SUMÁRIO: Atenção Básica em Saúde nos Municípios da Grande Florianópolis PRESIDENTE: Deputado Estadual Volnei Morastoni, Presidente da Comissão de Saúde PARTICIPANTES DA MESA: Deputado Estadual, Ismael dos Santos Deputado Estadual Jorge Teixeira, membro da Comissão de Saúde Renato Hining, Secretário de Estado de Desenvolvimento Regional da Grande Florianópolis Deputado Mauro de Nadal, membro da Comissão de Saúde Professor Carlos Alberto Justo da Silva, magnífico Reitor da UFSC Walter Gomes Filho, representando o Secretário de Estado da Saúde, Dalmo Claro de Oliveira. Sonia Piardi, Promotora de Justiça da Defesa da Saúde do Município de Florianópolis Kliver Schmidt, Diretor de Atividades Especiais do Tribunal de Contas de SC Clecio Espezim, Secretário de Saúde de Florianópolis em exercício Maurício Pessutto, Procurador da República, da Procuradoria da Saúde do Ministério Público Federal Antônio Miranda, Diretor do Hospital Nereu Ramos Deputado Estadual Valmir Comin, membro da Comissão de Saúde Edileusa Garcia Fortuna, Presidente do Sindicato dos Funcionários da Saúde de SC REGISTRO DE PRESENÇA: Claudia Lopes da Costa, presidente da Associação Beneficente e Cultural Gente da Gente de Coloninha; José Nilton da Silva, Secretário Municipal de Saúde, do Município de Angelina; Ari Dutel, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Município de Palmitos; Jocélio Voltolini, Secretário de Saúde de São Bonifácio e coordenador do Colegiado de Secretários; Libório Soncini, Superintendente dos Hospitais Públicos do Estado de SC; Salvio Osmar Tonini, Secretário Municipal de Saúde de São João Batista; Edio Fernandes, representando a Associação Amigos do Estreito; Lucas dos Santos Ferreira, assessor parlamentar, neste ato representando a Deputada Estadual Angela Albino; Irmã Maria Heerdt, representando o Hospital e Maternidade Nossa Senhora da Conceição do Município de Angelina; Michele Vitória Silvestre, neste ato representando o Departamento de Fisioterapia do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte da UFSC; Rosangela Passig Turnes, Secretária Municipal de Saúde de Santo Amaro da Imperatriz; Daniela Raquel Rabelo de Oliveira, Secretária Municipal de Saúde de São José; Antonio Battisti, Presidente do Sindicato dos Servidores Estaduais (Sintespe) MANIFESTAÇÕES: Presidente (Deputado Estadual Volnei Morastoni); Gilberto Henrique Godoi; Deputado Estadual Jorge Teixeira; Renato Hining, Secretário de Estado de Desenvolvimento Regional da Grande Florianópolis; Deputado Estadual Valmir Comin; Deputado Estadual Mauro de Nadal; Reitor Carlos Alberto Justo da Silva, UFSC; Walter Gomes Filho, representando o Secretário de Estado da Saúde, Dalmo Claro de Oliveira; Clecio Espezim, Secretário Municipal de Saúde, de Florianópolis, em exercício; Edileusa Garcia Fortuna, Presidente do Sindicato dos Funcionários da Saúde de SC; Kliver Schmidt, Diretor de Atividades Especiais do Tribunal de Contas de SC; Sonia Piardi, Promotora de Justiça da Defesa da Saúde do Município de Florianópolis; Mauricio Pessutto, Procurador da 56 República, da Procuradoria da Saúde do Ministério Público Federal; Leoni Margarida Simm, presidente da Amuc (Associação Brasileira de Portadores de Câncer); Deputada Estadual Angela Albino; doutor Ricardo Camargo Vieira, Vereador de Florianópolis; Luiz Antônio da Silva, do Fórum Popular Estadual de Saúde (Fopes); Deputado Estadual Sargento Amauri Soares; Maria Estela da Conceição, Instituto Arco-Íris e agente de saúde; Maria Ligia dos Reis Bellaguarda, Coren/ SC; Claudia Lopes dos Santos; Antônio Battisti; Vivian Costa Fermo (enfermeira); Anoeli Giombelle; Karin Cristine Geller (Diretora de Regulação, Controle Avaliação e Auditoria SMS - Florianópolis); Rita de Cássia Franz Vieira (funcionária pública estadual Cepon); Zenaide Olga Viera; Jocélio Voltolini (Secretário de Saúde São Bonifácio); Édio Fernandes (Amigos do Estreito); Mauri Antonio da Silva; Pedro Gabriel da Silva (funcionário público); Leon de Paula (Diretor Presidente da Fundação Açoriana para Controle da AIDS); Sálvio Torini. ENCAMINHAMENTOS: 1. A defesa da gestão pública dos hospitais. 2. A Comissão e as entidades presentes irão se debruçar sobre manifestações, propostas, críticas e sugestões e encaminhá-las ao governo do Estado. 1ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 17ª LEGISLATURA COORDENADORIA DE TAQUIGRAFIA DAS COMISSÕES - CTC ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA REALIZADA PELA COMISSÃO DE SAÚDE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SANTA CATARINA, NO DIA 06 DE ABRIL DE 2011, ÀS 9 HORAS, NO PLENÁRIO OSNI RÉGIS, PARA DISCUTIR A ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE NOS MUNICÍPIOS DA GRANDE FLORIANÓPOLIS. Aos seis dias do mês de abril do ano dois mil e onze, realizou-se no Plenário Osni Régis da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc), a audiência pública promovida pela Comissão de Saúde para discutir a atenção básica em saúde nos Municípios da Grande Florianópolis. Dando início à audiência, o senhor Presidente Deputado Estadual Volnei Morastoni agradeceu a presença de todos e chamou para fazer parte da mesa as seguintes autoridades: Deputado Estadual Ismael dos Santos; Deputado Estadual Jorge Teixeira, membro da Comissão de Saúde; Deputado Estadual Valmir Comin, membro da Comissão de Saúde; Renato Hining, Secretário de Estado de Desenvolvimento Regional da Grande Florianópolis; Deputado Mauro de Nadal, membro da Comissão de Saúde; Professor Carlos Alberto Justo da Silva, magnífico Reitor da UFSC; Walter Gomes Filho, representando o Secretário de Estado da Saúde, Dalmo Claro de Oliveira; Sonia Piardi, Promotora de Justiça da Defesa da Saúde do Município de Florianópolis; Kliver Schmidt, Diretor de Atividades Especiais do Tribunal de Contas de SC; Clecio Espezim, Secretário de Saúde de Florianópolis em exercício; Maurício Pessutto, Procurador da República, da Procuradoria da Saúde do Ministério Público Federal; Antônio Miranda, Diretor do Hospital Nereu Ramos. Registrou as seguintes presenças: Claudia Lopes da Costa, presidente da Associação Beneficente e Cultural Gente da Gente de Coloninha; José Nilton da Silva, Secretário Municipal de Saúde, do Município de Angelina; Ari Dutel, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Município de Palmitos; Jocélio Voltolini, Secretário de Saúde de São Bonifácio e 57 coordenador do Colegiado de Secretários; Libório Soncini, Superintendente dos Hospitais Públicos do Estado de SC; Salvio Osmar Tonini, Secretário Municipal de Saúde de São João Batista; Edio Fernandes, representando a Associação Amigos do Estreito; Lucas dos Santos Ferreira, assessor parlamentar, neste ato representando a Deputada Estadual Angela Albino; Edileusa Garcia Fortuna, Presidente do Sindicato dos Funcionários da Saúde de SC; Irmã Maria Heerdt, representando o Hospital e Maternidade Nossa Senhora da Conceição do Município de Angelina; Michele Vitória Silvestre, neste ato representando o Departamento de Fisioterapia do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte da UFSC; Rosangela Passig Turnes, Secretária Municipal de Saúde de Santo Amaro da Imperatriz; Daniela Raquel Rabelo de Oliveira, Secretária Municipal de Saúde de São José; Antonio Battisti, Presidente do Sindicato dos Servidores Estaduais (Sintespe). A seguir, propôs que a audiência pública homenageasse o Dia Mundial da Saúde, comemorado no dia seguinte (sete de abril). Fundamentou a realização da audiência pela necessidade de avaliarem qual a verdadeira situação da saúde na Grande Florianópolis, considerando os programas da atenção básica, especialmente a estratégia Saúde da Família, as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e a correlação com os hospitais. Informou que a Comissão de Saúde da Alesc visitou o Hospital Regional São José e o Hospital Infantil Joana de Gusmão, e que realizará uma extensa programação de audiências públicas pelo Estado, propostas pelo Deputado Dado Cherem, para discutir a descentralização da alta complexidade em pediatria e a saúde em geral; que após as visitas aos hospitais a Comissão decidiu realizar a audiência púbica para conferir a saúde como um todo na região, e analisou que não tem como discutir a situação dos hospitais se estiver dissociada da atenção básica, da Saúde da Família, a grande porta de entrada no SUS. Comentou que a direção do Hospital Regional São José alegou que os seiscentos atendimentos diários na emergência poderiam ser atendidos nos Municípios de origem se a atenção básica estivesse funcionando de acordo, se tivessem equipes da Saúde da Família suficientes, se tivessem Unidades de Pronto Atendimento; da mesma forma o Hospital Infantil Joana de Gusmão, que atende 60% dos atendimentos da emergência provenientes da Grande Florianópolis e 40% de outras regiões do Estado. Disse que a Comissão sabe dos problemas da saúde, que vem de longa data, que são os mesmos problemas de dez anos, mas estão cada vez mais agravados. Comentou que as manchetes dos jornais estampam, mais uma vez, a espera sem fim por atendimentos pelo SUS. Mostrou o relatório elaborado pelo Tribunal de Contas do Estado, contendo auditorias nos hospitais e no Fundo Municipal de Saúde dos Municípios, um trabalho importante e substancial que o TC realiza, contribuições que servirão para um diagnóstico da saúde. Citou um princípio da Medicina: o melhor tratamento é o diagnóstico! Comparou que esse princípio aplica-se na saúde, porque a partir dos elementos adquiridos nas audiências pelo Estado terão embasamento para efetivamente ter um balanço da realidade e apresentar soluções para a saúde. Sinalizou que o SUS é o caminho! É uma minoria que pode dispor de planos privados, dos quais a lógica perversa é o lucro e os profissionais de saúde ficam aquém do que deveriam ficar, em termos de reconhecimento. Reforçou que o SUS é o caminho, mas o modelo assistencial tem que ser revisto; que devem fortalecer conquistas que já existem, como a Saúde da Família. Disse que gostaria de apresentar um relato da situação dos Municípios, mas não foi possível. Informou que o relatório do TC apresenta a situação de São José, Biguaçu e Palhoça, contendo auditorias dos programas da Saúde da Família, da Atenção Básica e do Samu. Destacou que, no final de todas as audiências, sistematizando as informações, a Comissão estará com o Governador para encaminhar esses temas. Falou que o Governador eleito herda uma situação e tem que responder, e estimou que, a mensagem que ele encaminhou à Alesc - que a saúde é a prioridade do seu governo, e que as pessoas estão em primeiro lugar - seja cumprida. Citou a 58 inscrição que estava na porta da faculdade de Medicina que cursou: a Saúde é a suprema lei! Alertou que devem fazer uma inflexão. Agradeceu novamente a presença de todos e disse que a Comissão é suprapartidária, porque trabalha pelo interesse maior da saúde do catarinense. Por solicitação, concedeu a palavra ao senhor Gilberto Henrique Godoi, que disse que é paciente de saúde mental em Itajaí, e estranhou que a presidência chamou autoridades para a mesa, deixando de contemplar com os usuários, que é o lado mais interessado. O senhor Presidente Deputado Estadual Volnei Morastoni admitiu que o orador acima estava com razão, e para contemplá-lo, convidou a senhora Edileusa Garcia Fortuna, Presidente do Sindicato dos Funcionários da Saúde de SC, para compor a mesa. Comunicou que a Comissão recebe muitos documentos que falam dos vários problemas de saúde, e passou a palavra aos membros da mesa, começando pelo senhor Deputado Estadual Jorge Teixeira, membro da Comissão de Saúde, que saudou os presentes e optou por abster-se de falar, em virtude de que o Presidente da audiência teceu as considerações iniciais para realização do evento, que é representativo, e frisou que ouviria as reivindicações da plenária. Por sua vez, o senhor Renato Hining, Secretário de Estado de Desenvolvimento Regional da Grande Florianópolis, cumprimentou os presentes, parabenizou o trabalho que a Comissão está fazendo, que é de fundamental importância para discussão da saúde e busca de caminhos para minimizar os problemas da saúde. Contou que assumiu a Secretaria em março e está tomando conhecimento das várias atuações do órgão, e que numa reunião com os prefeitos, para iniciar um debate sobre o que seria focado como ação da Secretaria, o assunto sobre a saúde dominou a reunião. Disse que ainda em abril ou maio pretende fazer uma nova reunião com os Secretários de Saúde dos Municípios e com a Secretaria de Estado da Saúde para debater em profundidade esse tema. Falou que é administrador e tem experiência em gestão pública, e como político adquiriu experiência do que é bom e do que não é, do que deve ou não ser feito, e pelas informações que tem colhido, enfatizou que devem mudar a lógica de raciocínio em alguns casos. Complementando o que o Presidente falou, afirmou que na Grande Florianópolis há vários hospitais que precisam ser mantidos em diversos Municípios pequenos e que o custo é elevado. Questionou se essa lógica não deve ser mudada para que se busquem alternativas. Admitiu não saber qual o caminho, mas sente que devem avançar nesse sentido. Comentou que fez questão de estar presente na audiência para adquirir maiores informações, e como gestor afirmou que quer contribuir com planos de ações e estabelecer metas de curto, médio e de longo prazo, de forma coerente e planejada. [Taquígrafa-revisora: Sabrina Roberta Schmitz] O senhor Presidente Deputado Estadual Volnei Morastoni estimou que o Secretário Renato, que está em um importante posto para a Grande Florianópolis, possa tomar a saúde com garra de prioridades, e passou a palavra ao Deputado Estadual Valmir Comin, que, após cumprimentar os membros da mesa e os demais presentes, disse que já teve a oportunidade de debater o tema proposto ao percorrer a região sul do Estado em uma audiência pública realizada em Criciúma e que depois desta audiência também irá percorrer a região do planalto serrano e do oeste catarinense. Ao fazer uma reflexão sobre a arrecadação do Estado, informou que nos últimos dez anos os valores aumentaram nove vezes, subindo de R$ 167 milhões para R$ 1,3 bilhão, mas que, contudo, os problemas vêm se agravando cada vez mais. Nesse sentido, disse que se fala muito em diminuir as filas do atendimento básico, só que, ao mesmo tempo, não se promove uma verdadeira correção no ajuste da tabela do SUS. Para ele, tudo é uma questão de gestão e, evidentemente, isso envolve recursos. Falou que o SUS, embora seja o maior programa de saúde do mundo, infelizmente está totalmente defasado. Por isso, ponderou que se não existir uma tabela adequada à realidade dos padrões dos técnicos, dos médicos deste País, essa situação irá se prolongar por muito tempo. Mencionou que o governo tem percorrido todo o 59 Estado elencando quais as prioridades de investimento e que deverá haver um caixa de R$ 1 bilhão, R$ 1,2 bilhão de investimento. Diante disso, considerou esta audiência pública como um momento oportuno para se debater e ouvir a exposição de todos os envolvidos com a questão da saúde, tentar adequar a situação à legislação, e cobrar uma ação efetiva por parte do governo. Adiante, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, aproveitou para informar que será feita uma audiência pública sobre a questão do financiamento e da tabela do SUS, enaltecendo a importância da regulamentação da Emenda Constitucional nº 29 para que a União cumpra com o seu percentual da quota-parte na saúde. Em seguida, disponibilizou a palavra ao senhor Deputado Estadual Mauro de Nadal que, depois de cumprimentar todos os presentes, disse que seu objetivo maior é colher informações para que o Parlamento possa contribuir com o SUS do Estado. Ponderou que há alguns pontos de estrangulamento no dia-a-dia dos hospitais que, ao final, resumem-se a recursos financeiros, além da falta de profissionais. A respeito, afirmou que os Municípios, principalmente os pequenos, estão fazendo o seu tema de casa. Citou o Programa Saúde da Família – PSF, para o qual é repassado do governo federal mais ou menos o valor de R$ 8 mil, entendendo que com esse valor não é possível pagar um médico. Questionou, então, de que forma se pode servir à saúde. Considerou que é preciso votar a EC nº 29 para tornar obrigatório que o governo federal invista em saúde. Ainda disse que esse compromisso não deve ser repassado somente aos Municípios, pois, segundo ele, além de isso não resolver o problema, esse compromisso também é do Estado catarinense com a contrapartida do governo federal. Nesse sentido, disse que não há um único Município em Santa Catarina que gaste menos de 15% em saúde e que o apoio estadual e federal proporcionará os avanços que a sociedade precisa. Encerrando, parabenizou o presidente da Comissão de Saúde pela presteza na condução dos trabalhos e desejou que bons encaminhamentos sejam retirados desta audiência pública. Na sequência, fez uso da palavra o senhor Carlos Alberto Justo da Silva, magnífico Reitor da Universidade Federal do Estado de Santa Catarina que saudou as autoridades da mesa na pessoa do senhor Deputado Estadual Volnei Morastoni. Ponderou que o conceito da ONU sobre saúde é o bem-estar físico, mental e social é um conceito muito difuso diante da necessidade de se saber como atendê-lo. Salientou que será preciso um grande esforço do Parlamento para rever a questão do financiamento da saúde. Segundo ele, hoje, quando se faz comparações sobre saúde pública e saúde suplementar, fala-se de um sistema de R$ 90 bilhões para financiar 160 milhões de pessoas e de outro sistema que tem R$ 100 bilhões para financiar 40 milhões de pessoas. Explicou que normalmente o SUS é comparado com outro sistema que tem quatro vezes mais recursos para prestar o mesmo nível de atenção, com o agravante de que quando o custo é alto vem-se para o sistema público fazer transplantes ou serviço de alta complexidade. Dito isso, acrescentou que o conceito ampliado de saúde e a demanda da população fazem com que seja necessário pensar em saúde com seriedade neste país. Mencionou o PSF que foi implantado com razoável grau de sucesso em vários países ao constituir uma equipe para cada mil indivíduos, mas que no Brasil já se deparou com uma equipe para cinco mil indivíduos, o que torna difícil o atendimento com qualidade e com eficácia. Por isso, falou que é preciso aplicar modelos de forma correta. Por outro lado, falou que é sabido que para cada cinco equipes deve existir uma Unidade Básica de Saúde - UBS. Explicou que, muitas vezes, a UBS e a PSF são confundidas passando a ideia de que não funcionam. Continuando, disse que para cada cinco UBSs deve haver uma policlínica regional e para cada duas UBSs é preciso existir um hospital terciário, que não existe ou existe e não tem condições de atendimento. Isso, segundo ele, passa por uma revisão completa do que é saúde e do é o sistema. Manifestou que se orgulha quando anda pelo País, pois muitos têm inveja do sistema catarinense, isso porque os indicadores demonstram que 60 Florianópolis é referência em saúde no Brasil. E mesmo assim disse que ninguém está satisfeito, assim como na Finlândia e na Suíça ninguém está. Ilustrou que o dia em que um médico ou um cientista descobrir uma pílula que proporcione viver 150 anos sem nenhuma doença, logo viria um dia em que alguém iria querer viver 151 anos e assim por diante. Desse modo, disse que é preciso definir os recursos e ampliar a questão do financiamento e tratá-los com eficácia, já que dos R$ 90 bilhões arrecadados para a saúde, somente R$ 18 bilhões atendem a média complexidade. Complementou dizendo que para cada R$ 1,00 que o governo paga na tabela para atendimento em saúde, há um custo de R$ 2,60 para quem presta o atendimento. Por isso, considerou difícil a manutenção dos financiamentos de diversas instituições. Sugeriu que o PSF precisa ter indicadores para saber se a eficácia está sendo atingida, pois se a equipe for para meras triagens a fim de pedir exames, será gasto posteriormente um dinheiro desnecessário para resolver os problemas. Reiterou que é preciso criar indicadores de resolubilidade da atenção primária, das UBSs, da atenção secundária e da terciária. Para ele, isso significa melhorar a gestão não esquecendo que há falta de profissionais, em quantidade e qualidade, e de motivação. Também destacou a importância da questão salarial ligada a essa motivação. Adiante, falou que enquanto elemento formador, cabe à academia formar profissionais e que a academia veio até esta audiência pública tentar saber dos usuários do sistema o que querem que façam as instituições aqui representadas. Nesse sentido, mostrou-se disposto a fazer com que a academia alcance todos os anseios. Lembrou que saúde é um atendimento em rede e que o ponto mais forte dessa rede será dado pelo ponto mais fraco, seja ele um hospital, uma unidade de atenção primária ou um PSF, pois tratar saúde significa tratá-la de forma integrada para dar conta dos seus pontos mais frágeis. Mencionou que na UFSC os profissionais se formam em toda a rede de atenção em saúde do Município para, na prática, aprenderem a resolubilidade dentro de uma unidade de atenção primária, dentro de uma equipe de um PSF ou dentro de uma UBS e, assim, atenderem a demanda dos usuários. Por último, falou que o maior hospital de Florianópolis tem cerca de 300 leitos e que o número de leitos desativados de todos os hospitais juntos chega a 300. Por isso, segundo ele, em vez de se construir novos hospitais é melhor dar condições de funcionamento para aqueles que já existem. Colocou-se à disposição de todos para a busca de soluções para a saúde. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Volnei Morastoni, enalteceu a importância de convidar os dirigentes das universidades que são formadoras dos profissionais da área da saúde e de todas as áreas e, além disso, informou que há dez ou onze escolas de medicina no Estado, perfazendo uma media de 300 médicos formados por ano. Em seguida, fez alguns registros de presença para então disponibilizar a palavra ao senhor Walter Gomes Filho, representando o Secretário de Estado da Saúde Dalmo Claro de Oliveira. Antes, porém, disse que entende que a Secretaria estadual não pode estar em um andar superior e os Municípios em um andar inferior, e sim estarem lado a lado. Segundo ele, cabe à Secretaria um importante papel para fazer esse trabalho técnico, financeiro, lembrando que, muitas vezes, os pequenos Municípios não dão conta de determinadas tarefas de planejamento ou de projetos. Questionou, então, onde está a Secretaria e qual o seu papel nessa parceria com os Municípios para construir esse Sistema Único de Saúde, pois, para ele, esse é um dos pontos mais importantes nesse debate. Além disso, indagou quanto que a Secretaria compartilha com os Municípios, pois vê-se que os 12% ainda não estão sendo cumpridos ao passo que os Municípios estão cumprindo 15%, 20%. Informou, ainda, que há Estados que compartilham até 60% da receita com os Municípios. Reiterou a necessidade de uma estreita relação de planejamento do Estado com os Municípios para que seja possível superar essa realidade. Fazendo uso da palavra, o senhor Walter Gomes Filho saudou as autoridades e os demais presentes. Iniciou dizendo que muitos dos 61 assuntos que ele gostaria de falar já foram abordados e que grande parte dos problemas da saúde é conhecida. Desse modo, falou que a dificuldade está em transformar esse conhecimento em ações que venham ajudar a nossa população. Mencionou que esse é o seu papel na Secretaria de Estado da Saúde onde desempenha essa atividade de planejamento na qualidade de superintendente de gestão e planejamento. Sobre o financiamento, disse que os Municípios são hoje os responsáveis pelo único dinheiro novo que entrou nos últimos tempos no SUS, e que realmente não há Município que aplique menos de 20%. Falou que o Estado, nos últimos anos, tem aplicado, sim, os 12% que lhe são devidos; no entanto, disse que a União se nega a aplicar a sua parcela da EC 29 sempre alegando a falta de regulamentação. Por isso, explicou que as necessidades da alta e da média complexidade acabam ficando em segundo plano. Disse que há uma grande concentração da prestação desse tipo de serviço na área litorânea do Estado, sobretudo na área de Florianópolis, onde há nove hospitais próprios de um total de quatorze espalhados pelo Estado. Segundo ele, isso dificulta um pouco a atuação que é feita junto ou complementarmente com os gestores municipais. Destacou que há algumas dificuldades em recursos humanos, sobretudo na fixação de profissionais com qualidade, lembrando que muitos deles acabam se fixando a centros maiores por conta até mesmo da falta de oportunidade que há no interior do Estado. Acha que isso tem mudado nos últimos anos, mas que é preciso criar políticas públicas que fixem esses profissionais no interior do Estado. (Taquígrafa-revisora: [D’Agostini]) Também afirmou que há alguns problemas, até ameaças, que não nasceram com esse objetivo, surgiram como forma de ajudar a população, mas que hoje em dia encontram-se bastante questionáveis, sobretudo do ponto da efetividade, quer dizer, presta-se determinado tipo de auxílio, mas não se consegue avaliar se realmente foi auxílio ou não à população, como é o caso da “judicialização” em saúde. Disse que se entende, sim, que a saúde é dever do Estado, mas não se para aí, pois a própria Constituição afirma que é dever do Estado mediante aplicação de políticas públicas com essa finalidade, mas que, infelizmente, boa parte do Judiciário não entende o SUS como política pública de saúde. Ainda registrou que, infelizmente, hoje em dia patrocina-se até a indústria farmacêutica, por concessão de liminares, fornecendo medicamentos que sequer possuem registro na Anvisa, muitas vezes não se conseguindo medir a efetividade da utilização desses medicamentos. Citou que outra grande ameaça ao SUS são os consórcios públicos de saúde, que têm se proliferado pelo nosso Estado e têm que ser objeto de estudo e de reflexão, não por parte somente do Estado, mas também dos gestores municipais, revelando que em alguns lugares os consórcios públicos de saúde começaram a praticar tabelas diferenciadas, e ao fazer isso está matando o SUS em determinadas regiões. Continuando, declarou a importância do Programa Saúde da Família (PSF), mas que se entende que o programa tem que ser tripartite; não é efetivamente um programa do governo federal, pois este banca a menor parcela do PSF. Informou que, hoje, com relação ao Programa Saúde da Família, é destinado ao Município em torno de R$ 10 mil (sabe-se que os agentes comunitários de saúde compõem o PSF) e mais alguma contraprestação do Estado, mas que cada equipe do Saúde da Família custa ao Município algo como R$ 30 mil, pelo menos, e não se tem como manter essa discrepância, a ponto de inviabilizar o programa. Disse que é de cunho popular que a saúde não tem preço, mas o custo da saúde não é pequeno e vem aumentando cada dia por conta da maior complexidade, do aumento do acesso da população aos serviços de saúde. Complementando, lembrou a frase do professor Paraná: “Mas o que é saúde?”, observando que, prevalecendo a lógica de hoje em dia, sobretudo a da “judicialização”, daqui a pouco se vai imaginar que promoção à saúde é educação, moradia, sistemas de higiene, de esgoto, de limpeza, de nutrição, já que todos esses problemas levam, de alguma forma, a problemas de saúde, e tem que se lutar por todas as conquistas da população e por outras que virão. Posto isso, comentou 62 que o Deputado Valmir Comin foi muito pertinente quando falou das Unidades de Pronto Atendimento (UPA), da distribuição da atenção básica entre os Municípios, da efetividade dessas ações e da parceria entre Estados e Municípios (o Deputado Volnei Morastoni também citou essa relação), pois a relação é estabelecida na própria concepção do SUS, em esferas de discussão, em eternas câmaras técnicas e no próprio debate que existe através da Comissão Intergestores Bipartite – há representação do Estado e dos Municípios –, definindo políticas públicas para a área da saúde. Encerrando, registrou que esses são pontos que devem vir à tona durante o debate e agradeceu a todos por poder se manifestar. A seguir, o senhor Clécio Antônio Espezim, Secretário Municipal de Saúde de Florianópolis em exercício, cumprimentou o Deputado Estadual Volnei Morastoni, Presidente da Comissão de Saúde, os demais membros da mesa, as autoridades, os usuários e em especial os Secretários Municipais de Saúde presentes. Em seguida, disse que hoje, na mídia, nas rádios, muitas questões estão sendo debatidas contra a problemática da saúde pública, mas é muito importante resgatar e falar que o Sistema Único de Saúde (SUS) veio para ficar e tem que ser cada vez mais fortalecido, pois se sabe que o SUS, como proposta política para o País, é um ganho muito grande tendo em vista os seus princípios organizativos e normativos, tais como a universalidade, a equidade, o controle social, a integralidade. Observou que não se pode esquecer que antes de 1988 havia pequena parcela da população que era beneficiada pelo setor público – trabalhadores filiados à Previdência, ao INPS –, e hoje se atende cerca de 190 milhões de brasileiros. Citou que o Estado de Santa Catarina, desde 1990, já internou mais de 1 milhão de pessoas e mais de 500 milhões de procedimentos já foram efetivados de 1990 a 2002, mas que se desejava que isso não acontecesse, que se queria que o trabalho fosse direcionado para a promoção e a prevenção da saúde. Registrou que o Brasil é campeão em transplantes, nas questões das doenças preventivas, em relação muito mais às DSTs, à Aids; que no Brasil o Estado é campeão e exemplo para os trabalhos de vacinação, em que as Secretarias Municipais de Saúde, os Municípios, esmeram-se nisso e cumprem essa tarefa. Ainda, salientou que o SUS tem vários desafios e problemas que têm que ser resolvidos, que é preciso ter mais Brasil, mais saúde, mais eficiência, mais honestidade e muito mais dinheiro, mas que o dinheiro sem gestão também não tem como poder administrar. Por isso, afirmou que é preciso que haja gestores comprometidos e gestores profissionais, mas que, infelizmente, na legislação do SUS não se coloca o perfil do gestor municipal de saúde, que o gestor tem que, no mínimo, ter conhecimento técnico, administrativo e, muito mais, sensibilidade no ato de administrar, de trabalhar, de receber as pessoas, principalmente aqueles que procuram as nossas unidades, pois nesse momento os pacientes estão no lado mais sensível da sua condição humana. Continuando, trouxe à tona que o SUS tem uma tríade muito grande, que é o seu coração e a sua alma: a promoção, a proteção e a reabilitação. Lembrou que a reabilitação é mexer com aqueles que não estão bem, é fazer o cuidado, comentando que a promoção e a prevenção em saúde são fundamentais, o grande eixo das Leis Orgânicas da Saúde, a grande alma da reforma sanitária de 1986, que tem que ser cada vez mais observada. Comentou que os Municípios vêm desenvolvendo muito essas ações de promoção na medida em que vão atuando e que é necessário ter maior apoio das esferas federal e estadual, para que possam promover cada vez mais essas ações. Destacou que o Município de Florianópolis tem 420 mil pessoas, 101 equipes de Saúde da Família e cobertura populacional de 85%; que é muito baixa a taxa de internação por AVC, diabetes, hipertensão e outras causas perfeitamente evitáveis – uma das menores dos três Estados do Sul; que a mortalidade infantil está em um dígito – 8.7 por mil nascidos vivos; e que esses são exemplos de que se tem que investir na promoção e na prevenção em saúde. Registrou que o Ministério repassa para o Município R$ 6.300,00 por equipe de Saúde da Família, mas que se gasta 63 muito mais; que Florianópolis, com 101 equipes, e outros Municípios, com 5, 10, 20, 30 equipes, gastam muito mais por profissional médico; que uma equipe é composta por dois técnicos de enfermagem, um médico, enfermeiro, agentes comunitários de saúde, uma grande equipe que tem que estar não somente na sua unidade como na sua área de abrangência. Comunicou que o Município de Florianópolis recebe esse aporte do Ministério, mas que o Estado não dá contrapartida, e não tem nada que o obrigue a dar, não tem legislação sobre isso, mas que essa parceria com o Estado é questão de sensibilidade para isso. Revelou que este Município tem duas Unidades de Pronto Atendimento; que a UPA Norte faz de 600 a 650 atendimentos/dia e a UPA Sul faz de 400 e 450 atendimentos/dia; que quando chega dezembro, janeiro e fevereiro as UPAs chegam a 1 mil, 1.120 atendimentos por dia; que a produção anual de 2010 (o relatório foi enviado para a Assembleia Legislativa) na UPA Norte foi de 128 mil atendimentos e na UPA Sul foi de 118 mil atendimentos, superior aos hospitais da Grande Florianópolis. Ainda, expôs que o Município tem quatro policlínicas de atendimento e cada uma chega a ter, dependendo da demanda, do perfil epidemiológico, 17, 27 especialidades, chegando a mais de 500 mil atendimentos somente nas especialidades médicas. Colocou que muitos Municípios, como o de Florianópolis, também vêm se desenvolvendo dentro das suas condições orçamentárias e financeiras, mas que a questão do dinheiro é muito importante, porque não tem nenhum Município no Estado que aplique menos do que é exigido (15%), sendo que o Município de Florianópolis aplica 21% na saúde, 31% na educação, porém, em questões sociais, aplica 51%. Em seguida, disse que muito vem se falando em hospital, em construção de hospital, e, vendo o doutor Libório nesta audiência, lembrou que sempre diz que é fácil ser Secretário de Estado da Saúde, principalmente no Estado do Paraná e do Rio Grande do Sul, onde não se tem quase nenhum hospital para administrar, mas que a Secretária de Estado da Saúde tem cerca de treze hospitais, mais os hospitais terceirizados, o que é uma complexidade muito grande. Salientou que o Município de Florianópolis, pelos dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), tem 1.219 leitos pelo SUS e 361 que não são do SUS, totalizando 1.580 leitos, o que dá o parâmetro de 3.85 leitos por 1.000 habitantes, quando o Ministério da Saúde, que se guia pela Organização Mundial de Saúde (OMS) – está muito bem colocado em algumas portarias –, estabelece que sejam considerados de 2.5 a 3 leitos por 1.000 habitantes para que se possa implantar mais hospitais, o que quer dizer que Florianópolis, com 3.85 leitos, ultrapassa a média direcionada pelo Ministério da Saúde, pela OMS, e a Grande Florianópolis, com 3.120 leitos, perfazendo o parâmetro de 3.12 leitos, também tem o suficiente. Ainda, colocou que a saúde não se faz com problemas estruturais, não se faz construindo hospital; que se deseja, na verdade, que haja gestão mais profissionalizada; e que se precisa que nessas unidades hospitalares estejam gestores que tenham observada a sua ficha, a sua carreira, o seu comprometimento com a causa pública, seja na área administrativa, na área técnica, para que cada vez mais se tenha eficiência hospitalar. Afirmou que na questão hospitalar outro ponto importante é a vocação, pois é preciso dar aptidão aos hospitais, citando o Hospital Governador Celso Ramos, considerado colcha de retalhos, pois não há conhecimento do que realiza ou não, mas sabe-se que lá tem atendimento. Disse que é preciso discutir algumas questões, perguntando por que não se faz do Celso Ramos um grande pronto socorro, semelhante ao de Porto Alegre, para que atenda a Grande Florianópolis; por que não se ativa os leitos do Hospital Infantil, que tem 196, faltando 96 leitos; por que não se trabalha com a gestão estadual para que o Cepon passe a ser efetivamente hospital de referência do câncer – existe há tempo e nada se fez até agora; por que não se apta ou municipaliza o Hospital de Florianópolis, pois isto está no termo de compromisso de gestão, quando Florianópolis assumiu. Prosseguindo, registrou que é preciso ter boa gestão hospitalar, dar aptidão aos 64 hospitais, trabalhar as unidades hospitalares existentes no Estado, pois em torno de 60% têm menos de 50 leitos e não possuem resolubilidade nenhuma, somente consomem os recursos, afirmando ser preciso grande política, planejamento, trabalho hospitalar para que se desenvolvam as ações necessárias. Também perguntou por que o Estado não faz parceria público-privada com os hospitais, que é outra parceria importante e que tem a ver com o Estado, dando como exemplo o de Santo Amaro da Imperatriz, para aqui no Sul dar mais segurança à BR-282, à BR-101; por que não faz parceria com o hospital de Biguaçu, recentemente instalado, para que se possa dar maior segurança aos usuários; e por que não faz mais parcerias com os Municípios de São José e Palhoça, que estão construindo unidades de pronto atendimento. Também registrou que o Município de Florianópolis tem duas unidades de pronto atendimento e recebe recursos na ordem de R$ 165 mil, mas mensalmente gasta, pela produção, R$ 1 milhão 120 mil; que 95% são somente para a folha de pagamento de cada UPA, porque a UPA florianopolitana tem, 24 horas, dois clínicos gerais, dois pediatras e um cirurgião, e tem atendimento odontológico. Concluindo o assunto, questionou se para administrar hospitais é necessário fazer mágicas, trabalhar com unidades organizacionais, as OSs – Organizações Sociais –, etc., afirmando que, com gestão efetiva, com contrato de meta estabelecido, com metas físicas dizendo quantos atendimentos, quantas cirurgias, com contrato de gestão, com assinatura de termo de compromisso, se pode descentralizar “orçariamente” as unidades hospitalares, para que elas possam captar recursos, ter melhor poder de compra, avaliar diretamente, a fim de que cada vez mais se desenvolva as ações pertinentes a isso. Finalizando, disse que é preciso menos hospitais e mais gestão e mais saúde. Dando seguimento à audiência pública, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, agradeceu ao Secretário em exercício Clécio Antônio Espezim pela manifestação, dizendo que, em sua opinião, o senhor Clécio citou alguns problemas importantes. Posto isso, anunciou a presença das Deputadas Estaduais Angela Albino e Luciane Carminatti; do doutor Celso Luiz Dellagiustina, Secretário Municipal de Saúde de Bombinhas e que até recentemente era o presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde; do Deputado Estadual Sargento Amauri Soares, membro da Comissão de Saúde da Alesc, a quem convidou para compor a mesa; e da senhora Teresinha Niehues, da Associação dos Municípios da Grande Florianópolis, conhecedora da saúde desta região. Prosseguindo, para organizar o andamento da audiência pública, anunciou que a próxima oradora é a senhora Edileuza Garcia Fortuna, presidente do Sindsaúde; na sequência, o doutor Cliver Schmidt, diretor do Tribunal de Contas de Santa Catarina; depois, a Promotora Sônia Maria Demeda Groisman Piardi, da Promotoria de Justiça do Estado; em seguida, o Procurador da República Maurício Pessuto, da Procuradoria de Saúde do Ministério Público Federal; e, após essa etapa, a Deputada Estadual Angela Albino e o Deputado Estadual Sargento Amauri Soares, para, a seguir, a palavra ficar aberta a todos os presentes. Ainda, explicou ser importante as pessoas falarem livremente, mas pediu para cada um controlar o tempo, manifestando-se por uns quatro minutos, a fim de que se possa ter o máximo de participantes, já que atenderam ao convite da Comissão. Feitas essas considerações, o senhor Presidente passou a palavra à senhora Edileuza Garcia Fortuna, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde Privado e Público Estadual (Sindsaúde), que cumprimentou todos os presentes; o Deputado Volnei Morastoni pela iniciativa, e em seu nome os componentes da mesa; e a Promotora de Justiça Sônia, assim saudando os profissionais da saúde e os usuários do SUS, pois entende que a doutora Sônia cumpre muito bem o papel na defesa do Sistema Único de Saúde. Afirmou que inicialmente foi contemplada com muitas manifestações anteriores, como a do Secretário Clécio – até certo ponto. Porém, salientou que se precisa garantir que o financiamento do SUS seja 100% público e reforçou 65 que o SUS é uma conquista popular e precisa ser fortalecido dia a dia, dizendo que esse é o papel de todos como usuários e profissionais da saúde. Prosseguindo, registrou que o Sistema Único de Saúde vem sendo colocado como calvário, que os trabalhadores dos hospitais públicos, especialmente da Grande Florianópolis, são os cristos da vida. Destacou a realidade, já conhecida, de alguns hospitais, como o Nereu Ramos, que teve o Centro Cirúrgico fechado 100%, o Centro de Material improvisado numa salinha e a Ala 5, que era HIV, derrubada e todos foram colocados juntos em outra ala. Com relação ao Hospital Regional, leu parte do documento entregue à direção do hospital pelos funcionários da Emergência que diz que em várias ocasiões houve debates para fazer um melhor atendimento, mais humanizado, e que chegaram à conclusão de que são muitas as necessidades, mas que uma das principais é a falta de pessoal; que em todos os níveis encontram dificuldades relacionadas aos recursos humanos, mas em termos de nível técnico estão chegando ao extremo, uma vez que os profissionais atuando nessa realidade encontram-se na máxima exigência do seu potencial, onde encontram alguns esgotamentos físicos e psicológicos.” Também citou um relatório de 2009 a respeito da falta de profissionais, que é imensa, dizendo que o senhor Luiz sabe muito bem disso porque trabalha lá. Ainda relacionado ao Hospital Regional, registrou que não há leito desativado, mas que, hoje, doze leitos do quarto andar, onde é a maternidade de alto risco e o puerpério, estão sendo usados para clínica médica e oftalmologia, sendo que os pacientes do Centro Obstétrico e da Triagem Obstétrica esperam mais de 24 horas na sala de parto porque não há vaga nesse andar. Contou que no Instituto de Cardiologia falta espaço físico, pois os melhores profissionais da área atuam nesse Instituto. Expôs que no Hospital Celso Ramos 67 leitos foram fechados e que somente na Enfermagem faltam 123 servidores. Informou que no Hospital Infantil Joana de Gusmão desativaram 96 leitos e que há falta de servidores em todas as áreas. A respeito do Hospital Florianópolis, disse que em 2009 eram 14.000 atendimentos e hoje são 4.000 atendimentos, somente na Emergência; que em 2009 eram 80 leitos e hoje são 6 leitos; que eram 506 servidores e hoje não chegam a 200 servidores. Ainda, explicou que os servidores foram remanejados em razão de que o hospital está quase totalmente fechado (funcionam 6 leitos de observação) devido à reforma, necessária, mas que agora há mobilização porque parece que o Florianópolis fechará 100%. Continuando, enfatizou a necessidade imediata de contratação (no próximo dia 16 de abril vence o concurso público para a contratação de servidores) a fim de haver a abertura desses leitos desativados, ociosos, porque os leitos estão assim por falta de servidor. Citou que todo dia ouve-se o calvário, a dificuldade, a falta de investimento no SUS e que, na avaliação do servidor, dos profissionais da saúde, essa exibição da deficiência, da falta de qualidade, tem objetivo – explicará em seguida. Disse que na semana anterior foi noticiada no Globo Repórter uma médica que trabalha 241 horas por semana e que essa é a realidade da maioria dos profissionais, mas que a pergunta é como essa médica consegue trabalhar 241 horas em uma semana, sendo 34 horas por dia, porque se trabalha (na Grande Florianópolis) mais de 45 horas por semana, com uma qualidade difícil de dizer. [Taquígrafa-revisora: Denise V. Silva] Destacou o que está escancarado é a entrega dos 11 hospitais públicos, e não somente daqui, mas também os HUs e todos os hospitais para a iniciativa privada dizendo que funciona. Citou que o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo expôs que 37% dos órgãos públicos produzem mais do que a iniciativa privada. Contou que num seminário realizado sobre organização social, para debater a realidade de São Paulo e Minas Gerais se destacou que o problema está na burocracia do Sistema Único de Saúde para licitação. Avaliou faltar na Secretaria de Saúde planejamento para licitação, execução de obras e planejamento de pessoal, explicando que esse problema já acontece a muitos anos em todos os Estados do País e precisa ser resolvido, observando que a transferência dos hospitais públicos para a iniciativa 66 privada não resolve o problema da burocracia se o problema for a licitação; se for tratado direto com o fornecedor acabará com a impossibilidade e os estudos mostram que a haverá corrupção. Sobre a questão do Hemosc e do Cepon comentou que ambos são exemplos de OS (organização social) em Santa Catarina. Relatou que na enfermaria tem 37 pessoas, 14 estão afastados por tratamento de saúde e a direção do Cepon e da Falhece já foi informada, porém não resolveram o problema até hoje. Informou que no hospital existem 36 leitos, seis estão fechados; que os pacientes chegam com a doença em estágio avançado; que as intervenções terapêuticas e a marcação de exame demoram; que os pareceres cirúrgicos e a cirurgia demoram. Relatou ainda que o Cepon não possui centro cirúrgico; que tem problemas de gastrostomia; que não possui serviço de emergência; não possui Raio X, não tem intensivita e nem UTI e que muitas vezes os pacientes morrem na fila de espera, e tudo isso ocorre na organização social, na filantropia e na iniciativa privada. Ressaltou que há médicos com mais de um vínculo empregatício, do Estado e da Fahece, trabalhando lá dentro. Destacou que a Fahece, que administra sem licitação e sem burocracia, não conseguiu terminar o Hospital do Cepon; que em julho de 2010 o governo do Estado garantiu repasse de R$ 4 milhões para terminar o centro cirúrgico e inaugurar o hospital no Itacorubi, mas isso não se realizou. Finalizou reafirmando há necessidade de fortalecer e debater o Sistema Único de Saúde e afirmou que são contra a organização social porque o Hospital do Cepon serve de exemplo. O senhor Presidente, Deputado Volnei Morastoni, agradeceu à senhora Edileusa e registrou a presença do Deputado Estadual Dirceu Dresch, da Deputada Ana Paula e do Vereador, doutor Ricardo Camargo Vieira. Em seguida passou a palavra ao senhor Cliver Schmidt, Diretor de Atividades Especiais do Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina, que cumprimentou todos e esclareceu que o Tribunal de Contas está intensificando as suas atividades no âmbito da fiscalização da saúde nos últimos três anos e que trabalha na forma de diretrizes para encaminhamento das auditorias desde 2007. Comunicou que desde 2009 o Samu possui o programa Saúde da Família nos Municípios de Palhoça, São José e Biguaçu. Comentou que apesar de algumas situações que ocorreram em 2009 pudessem estar alteradas, citou que à época 2.700 pessoas aguardavam para ser atendidas na ortopedia de Palhoça e 1.200 pessoas esperavam para ser atendidas na oftalmologia, em São José. Com relação à infra-estrutura mencionou que foram levantadas várias questões, principalmente em relação às normas da vigilância sanitária, pois o material de limpeza era guardado junto com os medicamentos em diversas unidades. Discorreu sobre as equipes médicas afirmando que muitas delas não tinham médico como o Município de Biguaçu que tem 14 equipes e uma está sem médico; que em Palhoça das 24 equipes, cinco estavam sem médico e no Município de São José das 40 equipes, 12 estavam sem médico e que isso compromete o atendimento da população. Noticiou ainda que o valor repassado do financiamento federal é de R$ 6.440 e o valor estadual é de R$ 804,00 e todo o excedente é financiado com o recursos próprios do Município. Em relação aos hospitais expôs que o Tribunal tem intensificado as auditorias pontualmente em algumas atividades como lavanderia e alimentação. Citou que no ano passado foi feita uma auditoria operacional no Hospital Regional Hans Dieter Schimidt, em Joinville, onde a gestão é feita por meio de indicadores, e o Tribunal de Contas e a equipe definiu aquele Hospital como referência de gestão no Estado comprovando assim que é possível ter uma gestão pública eficaz no âmbito público. Com relação a OS e as terceirizações falou que em março do ano passado foi formada a rede de controle de gestão pública com representantes do Ministério Público Federal e Estadual, do Tribunal de Contas do Estado, da União, da CGU e de outros segmentos, esclarecendo que o grupo de trabalho vai começar atuar esse ano, que vai tratar do assunto terceirização e vai traçar algumas diretrizes de atuação dos órgãos de controle. Salientou que precisa ser definida a natureza 67 complementar, que a Constituição fala, e disse não saber se a intenção do legislador é de que saúde púbica seria a complementar, substitutiva ou não. Esclareceu que em relação aos valores o Tribunal de Contas, que na análise das contas do governo está demonstrado que a aplicação da saúde no Estado, ao cumprimento dos 12% constitucional, está sendo utilizada para o pagamento dos inativos, mas isso não será mais possível a partir de 2011. Explicou que se juntarem os exercícios anteriores ficará em torno de R$ 50 milhões por ano, e se somar a desvinculação da receita com a ampliação do Fundo Social, que em média gera em torno de R$ 50 milhões, será um total de R$ 100 milhões a serem aportados no âmbito da saúde a partir de 2012. Expôs que os valores da “judicialização” só no âmbito estadual chegam a R$ 100 milhões, ultrapassando os valores de gastos do Hospital Regional, para o atendimento de oito mil pessoas, fornecendo médicos por via judicial. Agradeceu e colocou-se a disposição de todos. A seguir, a doutora Sonia Piardi, Promotora de Justiça da Defesa da Saúde do Ministério Público Estadual, que saudou a todos. Analisou que a lógica da saúde precisa ser mudada, saindo do foco da doença para ir ao foco da prevenção. Afirmou que o Programa Saúde da Família, ao ser criado, deveria ser completo, com médicos, enfermeiros, dentistas, e quando houvesse a demissão de um profissional o mesmo deveria ser substituído rapidamente. Em relação à estruturação de atenção básica disse não ser possível admitir falta de médicos e pronto atendimento nos Municípios. Comentou que as policlínicas fazem parte da atenção básica e devem operar adequadamente para resolverem os 80% de resolutividade nos casos que estão apresentados. Observou que as emergências estão sempre lotadas, principalmente a do Hospital Regional pela falta de estrutura no Município de São José, alegando que um Município que vive trocando 15, 16 vezes de Secretário da Saúde em um ou dois anos não pode funcionar, que assim não há gestão no Município. Afirmou que com o protocolo de Manchester as prioridades têm que ser as urgências, por isso a necessidade de um pronto atendimento para não recarregar o Hospital Regional e também por isso há necessidade das unidades básicas, por isso é necessário que as equipes médicas funcionem pelo menos até as vinte e duas horas. Comentou estar feliz com a fala do professor Carlos Alberto ao dizer que os acadêmicos de medicina estão trabalhando na saúde coletiva, que através de um convênio os acadêmicos trabalham nas unidades básicas de saúde, mas ressaltou a importância de os planos estadual, municipal e regional não serem esquecidos porque lá estão as reais necessidades da população. Corroborou com o doutor Clecio Espezim, Secretário de Saúde de Florianópolis em exercício, ao falar da necessidade em se ter mais gestão na saúde e menos hospitais. Explanou que há falta de dinheiro, mas se o dinheiro fosse corretamente aplicado as deficiências seriam menores e se os funcionários inativos da saúde fossem retirados da folha de pagamento da saúde, porque e obrigação é do Tesouro, o Estado teria mais dinheiro, em torno de R$ 50 milhões, e poderia ser feito muita coisa. Analisou que a “judicialização” desestrutura qualquer organização, principalmente na área de exames e de medicamentos. Frisou que alguns medicamentos requeridos através de ações judiciais não têm a sua comercialização registrada na Anvisa, por isso é contrabando, pois obrigam o Estado, o Município e a União a comprar. Declarou que é impossível abrir licitação de medicamentos que tem a sua licença já cancelada na Anvisa. Enfatizou que se algumas medidas fossem tomadas em relação aos pacientes que recebem medicamento do Estado como a fiscalização aos pacientes que tomam o remédio para ver a efetividade do mesmo, se realmente é necessário a continuidade do remédio porque muitas vezes o tratamento é temporário, se essas medidas fossem tomadas não oneraria ainda mais os cofres públicos. Comunicou que hoje é necessário apresentar receitas periódicas para continuar recebendo o medicamento. Concluiu convidando o senhor Libório Sansini, Superintendente dos Hospitais Públicos do Estado de SC, e o doutor Valmor para fazerem um acordo referente a ação civil pública, do Ministério 68 Público Estadual de Santa Catarina, para adequado dimensionamento dos profissionais da saúde nos hospitais da Grande Florianópolis, esclarecendo que essa ação está tramitando porque o Sindicato dos Médicos entende que deve ser um número, sendo que o Coren, o Cremers, a Associação Médica e a Secretaria entendem que devem ser outros números, por isso é necessário sentarem todos juntos, chamando as entidades, para chegarem a um denominador comum e quantificar funcionários para capacidade instalada, porque se o Poder Público destinou 300 leitos para o hospital é porque havia necessidade dos 300 leitos e um terço ou a metade não pode estar desativado; se as salas cirúrgicas são 10, não podem funcionar quatro ou cinco, seja por não ter anestesistas ou equipamentos para realizar a cirurgia. Elogiou a iniciativa do Ministério Público Federal ao entrar com uma ação no HU para que fossem admitidos os profissionais necessários para ativar toda a capacidade estrutural instalada no Hospital Universitário. Analisou que essa ação tem o mesmo viés, tanto é que uma liminar foi concedida para que todas as salas cirúrgicas do Hospital Regional fossem atendidas e que fosse contratado mais um ortopedista para emergência daquele hospital. Lembrou que a escala de trabalho dos médicos tem que estar exposta e se os profissionais não aparecem para trabalhar a chefia é responsável. Cobrou o cumprimento de uma ação que foi recomendada no ano de 2006, e aceita pelo Estado, que solicitava a desocupação dos espaços públicos irregulares e ilegalmente. Acrescentou que não ampliam o Centro de Cardiologia do São José porque falta espaço, mas se a floricultura, a lanchonete e a revistaria saírem daquele espaço, poderão ampliar. Sobre a questão das irregularidades sanitárias nos hospitais da Grande Florianópolis esclareceu que também existe uma ação civil pública, pois as autuações da vigilância sanitária não estão sendo cumpridas pelo Poder Público, mas que também podem sentar à mesa para discutir. [Taquígrafa-revisora Jacqueline de O.V. Bitencourt.] Detalhou que quando precisa ajuizar uma ação já perdeu 50% do que se propunha, visto que o foco de atuação do Ministério Público Estadual sempre foi defender na Associação Nacional do Ministério Público de Defesa da Saúde (Ampasa), da qual é fundadora e atualmente vice-presidente, a resolução extrajudicial. Narrou que está à frente da Promotoria desde que ela foi criada em 2008 e pode contar nos dedos se teve de ajuizar cinco ações, visto que, primeiro, a negociação vai até as últimas consequências e, segundo, porque judicializando não quer dizer que o problema esteja resolvido. Externou que existe muita lentidão por parte do Judiciário ao julgar as ações civis públicas, havendo preferência por julgar questões que envolvam bancos com vara específica. Finalizou agradecendo pela oportunidade. Retomando a palavra, o senhor Presidente parabenizou a Promotora de Justiça Sonia Piardi pela sua posição muito determinada frente à Promotoria e passou a palavra ao senhor Procurador da República Maurício Pessuto, que inicialmente cumprimentou os componentes da mesa e os demais presentes e disse que a realização de audiências públicas para tratar do sistema de saúde é de fundamental importância. Lembrou que existe uma previsão legal de que as Secretarias Estadual e Municipais de Saúde têm de prestar periodicamente aos membros do Poder Legislativo contas da execução dos serviços, não só do que foi produzido e do gasto do dinheiro público, como também prestar esclarecimentos acerca das condições atuais. Observou que nas audiências públicas tem que estar prevista e assegurada a ampla participação popular. Observou que esses momentos devem ser não só de recebimento de informações, mas de apresentação de novas demandas e dos problemas existentes para que haja um efetivo debate entre os usuários e as instituições responsáveis com vistas ao aperfeiçoamento de um serviço de fundamental importância que está previsto na Constituição da República em capítulo específico. Externou que Santa Catarina é um dos Estados que apresenta maior quantitativo de ações judiciais que tratam da referida matéria. Deixou claro 69 que não gosta de usar a via de judicialização, que a acha ruim, mas é um fenômeno que está posto e que demonstra, por outro lado, a existência de certa inoperância no serviço. Fez coro ao que havia sido mencionado anteriormente a respeito da importância do Sistema Único de Saúde, dos avanços proporcionados à sociedade brasileira de modo geral pela inclusão do princípio da universalidade e pela disponibilidade de serviços, mas opinando que não é perfeito, por isso a importância de se trabalhar para sua evolução. Ainda em relação a essa experiência de judicialização do serviço de saúde, disse que de fato existe uma demanda reprimida no Estado, fato comprovado pelo Tribunal de Contas de Santa Catarina a partir de uma pesquisa técnico-científica que mostra o grande número de filas de espera para a realização de cirurgias eletivas. Relatou que quando se perquire a respeito da produtividade de cirurgias eletivas, percebe-se que o quantitativo produzido é insuficiente para atender o aumento nas filas no mesmo período. Clareou que os hospitais de importância da Grande Florianópolis são foco de atendimento em função de deficiência de atendimento em outras localidades e que, em razão disso, o Ministério Público Federal solicitou informações a respeito dessas dificuldades por que passam, mencionando exemplificativamente o Hospital Regional São José e o Hospital Governador Celso Ramos. Revelou que alguns Municípios da Grande Florianópolis têm se destacado nessa atuação com um trabalho digno de exemplo, já outros têm sido apontados pela simples inexistência de atendimento, encaminhando aos hospitais situações que poderiam ser resolvidas nos postos de saúde, nas unidades de prontoatendimento. Prosseguindo, expôs que a Secretaria da Saúde do Estado recentemente apresentou dados que confirmam o que o Tribunal de Contas havia mencionado, divulgando que o Hospital Regional recebe na sua emergência 70% de casos que poderiam ser resolvidos nas unidades de pronto-atendimento e o Hospital Governador Celso Ramos recebe 80%. Deixou claro que sabe que recursos para a Saúde são necessários, mas que a discussão não é apenas recursos e sim a gestão deles, que neste momento talvez tenha mais importância do que a própria reanálise da questão orçamentária. Explicou que existem limites a respeito do que se pode e do que não se pode fazer para tornar o trabalho produtivo, pedindo, para tanto, que o que não seja atribuição estadual e municipal seja buscado em nível federal; quanto ao que é possível, sugeriu como encaminhamento uma avaliação a respeito de custos e a criação de unidade de pronto-atendimento na região metropolitana da Grande Florianópolis. Finalizou dizendo que sabe da existência de outras questões de saúde que ultrapassam a questão da atenção básica, sugerindo ao Deputado Volnei Morastoni audiência para tratar o assunto em outra oportunidade. Retomando a palavra, o senhor Presidente informou que a Comissão já estava pronta para iniciar as audiências públicas trimestrais nas quais a Secretaria Estadual de Saúde deve apresentar os relatórios de gestão. Em seguida, comunicou a todos que o prazo pré-estabelecido para a audiência havia terminado, mas como muitas pessoas ainda queriam se manifestar, sugeriu permanecerem reunidos por mais trinta minutos. Com a aquiescência de todos, destinou, então, três minutos para cada participação. Ato contínuo, passou a palavra à senhora Leoni Margarida Simm, presidente da Associação Brasileira de Portadores de Câncer (AMUC), que saudou os presentes e registrou sua preocupação em relação ao termo judicialização, que, em sua opinião, coloca a questão de forma de que tudo é igual. Disse que muitos medicamentos e tecnologias específicos da área do câncer foram pleiteados mas a Anvisa não liberou, mostrando sua certeza de que se fossem disponibilizados aos pacientes diminuiriam consideravelmente os custos na área da saúde, sendo evitadas internações, por exemplo. Em seguida, lembrou que um dos palestrantes havia dito que saúde não tem preço mas tem custo, bem como que não sabia se estavam salvando vidas e questionou os dados apresentados, ao que disse, em nome da Amuc, que o gestor tem obrigação de ter dados e informações, caso contrário, qualquer conotação que faça é questionável. Prosseguindo, 70 contou da necessidade de técnicos capacitados para equacionar tais problemas. Voltando à judicialização, disse que o Estado de São Paulo encontrou uma saída que Santa Catarina poderia copiar, qual seja, o fornecimento de medicamento de alto custo através de processo administrativo, desde que com protocolos previamente acordados. Finalizando, expôs que o usuário não estava sendo ouvido suficientemente, havendo necessidade de mais diálogo em relação a um problema que conhece a fundo. Por sua vez, a senhora Deputada Estadual Angela Albino registrou que havia feito um planejamento de intervenção, mas em virtude do pouco tempo entraria direto na questão de partirem do pressuposto de defesa do SUS como ferramenta de promoção do povo e da necessidade de se congregar esforços em torno da aprovação da Emenda nº 29, mas como lhe cabia tratar apenas da questão estadual, contou que a reforma administrativa da Casa teve um impacto de R$ 11 milhões e não consta sequer uma linha sobre servidor público. Continuando, lembrou que durante a reunião havia sido falado sobre a fixação do servidor no interior do Estado, mas que muitos devem lembrar que em 2010 foi feita uma grande batalha no sentido de evitar a aprovação de uma gratificação só para os que trabalham no prédio da Secretaria da Saúde. Expôs que por ser este um governo de continuidade ele tem que adotar outra postura. Em seguida, reportou-se a um relatório do Tribunal de Contas do Estado que diz que na estratégia Saúde da Família o Estado deveria contribuir com R$ 1.600, que são 25% do valor que a União contribui, R$ 6.400 por equipe, mas contribui com apenas R$ 804, portanto, abaixo do que a estratégia determina. Disse, ainda, que querem a área da penitenciaria pública, sim, mas não para um hospital, visto que já existem hospitais na região, que o que se precisa é de equipamentos e que seja feito concurso público, pois não é com prédios que se constrói saúde. Lamentou que o governo, que é um agente público por excelência, diga que os agentes públicos não têm condições de dirigir as organizações públicas e que portanto precisa de organizações sociais, o que não passa de um termo chique para a palavra privatização. Finalizando, fez o seguinte encaminhamento: acompanharem, juntamente com o Secretário do Desenvolvimento Regional Renato Hinnig, o cumprimento da determinação do Tribunal de Contas do Estado sobre a Saúde da Família e envidarem esforços no sentido de resolver o problema do prazo do concurso público dia 16 de abril próximo. Na continuidade, fez uso da palavra o senhor Vereador Ricardo Camargo Vieira, da Câmara de Vereadores de Florianópolis, que cumprimentou todos os presentes e falou de algumas percepções em relação ao que chega à Câmara de Vereadores e ao que vivencia no dia a dia como trabalhador da saúde. Colocou claramente que a presente discussão traz os mesmos pilares de enfrentamento da época da criação do SUS, que é a discussão do modelo de saúde, se é curativo, se é preventivo e, por outro lado, se é privatista ou público. Expôs que a precarização dos hospitais públicos está sendo discutida por conta da precarização da atenção básica. Disse que os gestores têm que entender que a luta pela saúde deve começar no local onde as pessoas vivem, nos postos de saúde, caso contrário, remará sempre contra a maré. Contou que Florianópolis tem em torno de 350 médicos na Secretaria da Saúde e falta corpo médico para a atenção básica; que em São José, Palhoça e Biguaçu a situação é lastimável, todos os paciente são encaminhados para o Hospital Florianópolis, que está sendo entregue de bandeja para a organização social. Falou que enquanto não for rompida a lógica de que saúde é promover saúde e evitar problemas de saúde, continuará havendo discussão sobre a falta de leito hospitalar, de estrutura hospitalar. Explicou que a solução dos problemas é a radicalização dos princípios das diretrizes do SUS, principalmente o respeito ao controle social e o fortalecimento dos conselhos estadual e municipais de saúde. Ato contínuo, o senhor Luiz Antônio da Silva, do Fórum Popular Estadual de Saúde (Fopes), cumprimentou todos e disse que gostaria de reforçar determinada questão, qual seja, a lógica mercantilista da saúde. Explanou que quando se ouve a própria gestão dizer que é ineficiente, 71 que há necessidade de o Estado ficar mais perto das pessoas, ele tem nome, sobrenome e CPF. Expôs que a lógica da entrega está dentro do Estado e que se tem que prestar atenção que ela é exatamente no sentido do capital, do lucro fácil. Disse que o Hospital Regional está atendendo mais de trezentas mil pessoas por ano, questionando como é possível fazer tantos atendimentos com R$ 7 milhões de investimentos. Opinou que é fundamental radicalizar os princípios, romper a lógica do lucro fácil, tendo em vista que mais da metade do dinheiro da Saúde vai para a média e alta complexidade. [Taquígrafa-revisora: Dulcinéia Maria Goulart.] Fazendo uso da palavra, o senhor Deputado Estadual Sargento Amauri Soares cumprimentou os membros da mesa e os demais presentes e comentou que estimulado pelo Deputado Volnei Morastoni tem visitado algumas instituições de saúde e se emocionado diversas vezes: algumas pela situação de impotência, indignação e revolta que provocam, outras pela abnegação e pelo entusiasmo dos servidores (médicos, enfermeiros, técnicos e setores da direção) que nelas trabalham. Comentou também que nas conversas com o Deputado Jorge Teixeira, concluíram que a saúde só irá bem quando for 100% gratuita, em outras palavras: for proibido cobrar. Explicou que dessa forma também reduziriam a burocracia na área da saúde, estabelecida através do imenso número de convênios e da papelada originada das autorizações e restrições. Afirmou que isso não é um sonho, pois em países sob diversos aspectos mais pobres do que o Brasil isso já é uma realidade, e exemplificou citando Cuba. Objetivou como encaminhamento a contratação de servidores, assim como, a valorização dos que estão atuando. Finalizou, pontuando que o Estado precisa posicionar-se sem represálias frente àqueles que se manifestam contrários à situação atual. Dando continuidade, a senhora Maria Estela da Conceição, do Instituto Arco-Íris e também agente comunitária da Secretaria de Saúde do Município, cumprimentou o Presidente da Alesc, Deputado Estadual Gelson Merisio, os senhores Deputados, e, destacadamente, a Deputada Ana Paula Lima. Como conselheira municipal, sinteticamente, estimou que o Município atende mais de 80% das ações de responsabilidade do Estado. Ou seja, o Estado não cumpre as suas responsabilidades e as repassa ao Município, o que evidenciou considerando que o número de atendimentos realizados pelas UPAs é bem maior do que o número de atendimentos realizados pelos hospitais do Estado. Com relação à audiência pública, observou que a mesa fez muitas falas em um tempo considerável, enquanto os usuários ficaram para o fim com um tempo reduzidíssimo. Considerando a metodologia um desrespeito, lembrou que o objetivo da audiência pública é tratar o usuário como ele deve ser tratado. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, acatou a observação da senhora Maria Estela e garantiu que nas próximas audiências a Comissão irá distribuir o tempo de forma mais equitativa. Em seguida, passou a palavra à senhora Maria Ligia dos Reis Bellaguarda, assessora da câmara técnica do Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina, que avaliando ser consenso a compreensão das fragilidades da área da saúde em âmbito nacional, apontou a importância desse espaço para o debate entre autoridades, funcionários e usuários. Informou que o Conselho Regional de Enfermagem aprovou, em reunião ordinária, posição contrária a transferência da gestão pública para as organizações sociais. Reafirmou a defesa do Conselho ao Sistema Único de Saúde pela sua proposta de integralidade, universalidade e controle social. Repudiou a entrevista do presidente da Federação dos Hospitais de Santa Catarina, concedida ao jornal Diário Catarinense, onde diz que as OS (organizações sociais) visam à redução do quantitativo de pessoal, aumentando a jornada e reduzindo os salários. Avaliou essa postura como exploração do trabalho qualificado e alertou sobre os prejuízos ao atendimento. Prosseguindo, a senhora Claudia Lopes dos Santos, representante da Associação Gente da Gente, da Coloninha, iniciou afirmando que o Estado tem seus compromissos, mas que pelo pacto os postos de saúde 72 ficaram sob responsabilidade do Município. Salientou que no posto da Coloninha havia três médicos, mas hoje contam apenas com um, que está de férias. Quanto à questão dos hospitais, disse que brigaram muito pela reforma do Hospital Florianópolis, sobretudo pela sua importância ao Continente. Relatou que em inúmeras reuniões a Secretaria da Saúde garantiu o seu devido funcionamento, porém, o que tem presenciado é a iminência do seu fechamento. Advertiu que as organizações irão se manifestar contra o fechamento, assim como à possibilidade de privatização. Reafirmou a urgência de concurso, pois há muitos anos os hospitais sofrem com a falta de pessoal. Finalizou desejando a concretização da promessa de UPA no Continente com atendimento de ortopedia, hoje inexistente. Dando sequência, senhor Vereador Antônio Battisti, presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Estadual, após os cumprimentos relatou que o Hospital Infantil de Joinville é administrado por uma organização social que realiza, segundo foi informado, apenas atendimentos de média complexidade, aqueles de menor custo, e os atendimentos de alta complexidade, aqueles de maior custo, são encaminhados para Florianópolis ou para outros centros de referência. Com isso a organização social estaria economizando recursos, já que os valores são predeterminados. Feita a contextualização, sugeriu que a Comissão solicitasse à Gerência de Avaliação e Controle da Secretaria de Saúde as seguintes informações: quais os tipos de atendimento que o referido hospital realiza (capacidade de instalação versos atendimento realizado); quanto representa, em percentual, a demanda de alta complexidade atendida em Joinville, porém encaminhada para fora do domicilio; por que o hospital de Joinville não se capacita para atender às demandas de alta complexidade. Sugeriu, ainda, que a Comissão de Saúde realizasse a mesma audiência pública no Município de Joinville, e um seminário para debaterem a defesa ao SUS versus gestão das organizações sociais. Aproveitando a oportunidade, informou aos presentes do seminário que acontecerá em Lages, nos próximos dias 20 e 21, para discutir as organizações sociais e como enfrentar a precarização e o ataque ao SUS através dessas organizações. Finalizando, passou às mãos do Presidente da audiência, Deputado Estadual Volnei Morastoni, o relatório do Promotor de Justiça, que apresenta um relato sintético das carências do sistema de saúde em São José, tendo como referência relatos dos representantes do Conselho Municipal de Saúde; denúncia do Sindicato dos Médicos e parecer do Tribunal de Contas. A seguir, a senhora Vivian Costa Fermo, representante da Associação dos Portadores de Epilepsia de Florianópolis, cumprimentou os presentes e, dirigindo-se especificamente ao representante da Secretaria Municipal de Saúde, perguntou quando os concursados serão chamados. Argumentou que os contratados (em caráter temporário) deveriam ficar no máximo seis meses e inúmeras unidades continuam descobertas. O Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, sugeriu que os representantes da Secretaria se pronunciassem ao final sobre o respectivo questionamento. Na sequência, a palavra foi concedida à senhora Anoeli Giombelle, representante dos Portadores de Epilepsia do Estado, que, pontualmente, indagou o que o Estado pretende fazer com os portadores de epilepsia que se internavam no Hospital Santa Teresa, em São Pedro de Alcântara. Indignada, relatou que o portador de epilepsia em crise que procura atendimento é orientado a procurar colônias psiquiátricas. Enfatizou que o portador de epilepsia não precisa de colônias psiquiátricas, mas de tratamento neurológico adequado. Antes de finalizar, entregou à mesa documento da Associação Nacional de Epilepsia repudiando o encerramento do trabalho desenvolvido naquele hospital. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, agradeceu a manifestação e colocou a Comissão à disposição da Associação dos Portadores de Epilepsia, para discutirem os encaminhamentos necessários. Em seguida, concedeu a palavra a senhora Karin Cristine Geller, Diretora de Regulação, Controle, Avaliação e Auditoria da Secretaria Municipal de 73 Saúde de Florianópolis, que após parabenizar as intervenções da mesa e dos participantes, destacou a importância da questão do acesso. Afirmou que nos últimos seis anos o SUS vem organizando fortemente ações e diretrizes de regulação de acesso no âmbito nacional, estadual e municipal. Lembrou que em 2006, quando Florianópolis assumiu a gestão pelo pacto de saúde, assumiu também a implantação do complexo regulador. Garantiu que não é possível reduzir filas de espera sem a garantia de acesso regulado, equânime, organizado, com oferta disponível e fila única. Chamando atenção para essa questão, colocou a Secretaria à disposição para que todos conheçam como funciona a regulação do acesso na região da Grande Florianópolis. Após lhe ser concedida a palavra, a senhora Rita de Cássia Franz Vieira apresentou-se como funcionária pública estadual, lotada há 15 anos no Cepon, e lembrou que esse hospital já nasceu pequeno. Ou seja, com apenas trinta e nove leitos, sem centro cirúrgico, sem UTI e tendo como porta de entrada dos seus pacientes a emergência dos outros hospitais, em especial do Hospital Celso Ramos. Comparando dados relacionados ao crescente aumento da incidência de casos ao número reduzido de leitos oferecidos, Ressaltou que dos trinta e nove leitos existentes seis estão bloqueados e outros quatro estão na iminência de bloqueio, por conta da falta de profissionais. Comentou que foi construída a estrutura física do Complexo no Itacorubi, para a qual o Governo passado havia prometido recursos que, mesmo sendo insuficiente para a conclusão do complexo, não foram repassados. Esclareceu que o Cepon é gerido por uma organização social, a Fahece, com a qual estão estabelecendo a mesma discussão, embora ainda não tenha nenhuma resolução. Continuando, a senhora Zenaide Olga Viera, usuária do Sistema, relatou que está há 40 anos se tratando de epilepsia e manifestou sua indignação. Indagou aonde os epilépticos, as velhinhas com lepra e todos aqueles doentes vão continuar o tratamento. [Taquígrafa-revisora: Sandra Coelho] O senhor Presidente Deputado Estadual Volnei Morastoni anunciou que a Comissão já havia recebido o apelo de outros usuários do Hospital Santa Tereza para que o doutor Paulo Bittencourt, neurologista, fosse mantido naquela instituição, e informou que levarão esse pleito ao Secretário Estadual. O senhor Jocélio Voltolini, Secretário Municipal de Saúde de São Bonifácio, saudou os presentes e pontuou quatro tópicos. Primeiro, a revisão do financiamento do SUS, enaltecendo que não deve ser pensado através da lógica do pagamento do procedimento, mas do custeio do Sistema, porque os Municípios investem muito para cobrir seus gastos com o SUS. Pediu, então, a regulamentação da Emenda 29, urgentemente. Segundo, quanto ao teto financeiro de média complexidade nos Municípios, falou que a oferta desses procedimentos pelo Estado não está chegando para os Municípios. Terceiro, quanto aos serviços hospitalares, disse que, quando se credencia um serviço hospitalar de média complexidade no Hospital Nossa Senhora da Conceição, de Tubarão, por exemplo, é exigido do hospital a oferta de procedimentos, e esse hospital cobra que os hospitais privados se adaptem para ter credenciamento, mas não está cobrando da própria casa. Quarto, falou que os Municípios fazem seu dever de casa, pela criatividade com a qual os Municípios fazem ações de saúde, destacando que o grande gargalo hoje é a assistência médica e os procedimentos, e criticou que pouco se vê o que os Municípios estão fazendo para a prevenção da dengue. O senhor Édio Fernandes, Presidente da Associação Amigos do Estreito, cumprimentou todos e observou que muitas estatísticas foram colocadas. Contou que é líder comunitário e publicitário, e informou que tem um jornal no Estreito e está elaborando uma reportagem sobre a Policlínica do Continente, que não regula nada. Falou que no Continente o usuário vai ao posto de saúde, é encaminhado à Policlínica e lá entra para o Sistema de Regulação (Sisreg), podendo ser consultado no norte da Ilha. Disse que, se o usuário é um idoso, ou ele leva um acompanhante ou então desiste. Discorreu que nesses casos o idoso tira a vaga de outro usuário e o especialista fica de braços cruzados porque não tem ninguém para atender. 74 Alertou que não tem remarcação automática e que esse idoso tem que voltar ao posto de saúde para fazer a remarcação. Sintetizou que o grande problema da Policlínica é o Sisreg, que não está regulando nada. Quanto à UPA, comentou que para agosto de 2011 está prevista a sua inauguração, solicitando que seja agilizada. O senhor Mauri Antônio da Silva, secretáriogeral da Adessc (Associação dos Docentes do Ensino Superior de Santa Catarina), disse que é usuário do SUS no Itacorubi e somou-se à indignação dos presentes pela ausência de representantes dos usuários do SUS na mesa inicial da audiência. Enfatizou a falta de atendimento adequado no setor das especialidades e a demora nas consultas desses especialistas. Denunciou a falta de remédios no posto do Itacorubi e pediu que a Secretaria de Saúde do Município resolva rapidamente, já que é um direito constitucional e saúde é um direito de todos e um dever do Estado. Quanto aos encaminhamentos, opinou que devem entrar num consenso quanto à manutenção do caráter público de todos os hospitais de SC, vedando a iniciativa do Governador de privatizá-los através das OS (Organizações Sociais), entendendo que essa medida por parte do governo vai ampliar a privatização dos serviços e impossibilitar um adequado atendimento à saúde. Solicitou que a Secretaria de Estado da Saúde realizasse urgentemente concurso público para suprir o SUS com especialidades para resolver os gargalos nos atendimentos da média e alta complexidade. Exigiu do governo Federal o fim imediato da Desvinculação das Receitas da União (DRU), que é a retirada de 20% anual do orçamento da seguridade social, para pagamento dos juros da dívida interna e externa dos banqueiros que sugam os recursos da Nação em função da deterioração da qualidade de vida da população. Exigiu da audiência o repúdio à Medida Provisória 520/2010, que privatiza os UHs. O senhor Pedro Gabriel da Silva, funcionário público, disse que o ex-Vice-Presidente da República, recentemente falecido, lembrou de agradecer ao pessoal da saúde, frisando que todos são usuários do SUS, porque quando ocorre um acidente na BR101, por exemplo, a pessoa desacordada é levada para a emergência do Hospital Regional. Referindo-se à colocação da promotora, quanto à retaguarda, lembrou que o cirurgião da emergência também precisa de retaguarda. Comentou que o setor que trabalha está sem aparelho de pressão, que custa R$ 100,00. Salientou que só há um problema na saúde: gestão! O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, informou que a Comissão de Saúde já havia identificado no Hospital Regional de São José os aspectos comentados pelo senhor Pedro e informou que encaminharam requerimento ao Governador pedindo mais profissionais para o plantão daquele hospital. Quanto ao concurso público para chamada de pessoal, disse que ao final passará a palavra ao Secretário Municipal e Estadual de Saúde para esclarecer essa questão. O senhor Pedro Gabriel da Silva, funcionário público, adicionou que o setor no qual trabalha não tem ducha higiênica para atender os pacientes que não podem se levantar. O senhor Leon de Paula, diretor Presidente da Fundação Açoriana para Controle da AIDS, cumprimentou todos e disse que é um usuário do SUS, talvez um cliente, talvez um paciente. Mencionou que as palavras investimentos e custos, ditas na audiência, são palavras que giram em torno de cifras, e salientou que falam de vidas, e não de cifras. Lembrou que Santa Catarina é conhecida pela excelência nos serviços. Disse, ainda, que, se existe excelência nos serviços em outras áreas, deve-se lutar pela melhoria da excelência do atendimento do SUS no Estado. Conclamou a todos para que façam uma frente de defesa do SUS. Citou o filósofo Noah Chomsky: o problema muitas vezes é gerado exatamente para que a situação, tornando-se insuportável, alguém apresente uma solução deídica, e então o problema que está posto deve ser consertado. Comparou que na Idade Média, quando os doentes tinham os membros extirpados, o mal era cortado; no Renascimento, tinham recuperação e hoje se trabalha pela prevenção. Citou ainda o dramaturgo Berthold Brecht: nós, é uma coisa; a outra é você e eu. Reforçou que é usuário do SUS e disse que defende 75 aquele Sistema para que não se retroceda vinte anos. O senhor Sálvio Torini, Secretário Municipal de Saúde, de São João Batista, saudou todos e falou que os que vivem distante da capital, da qual necessitam muito, tem dificuldades, como a transferência inter-hospitalar. Comentou que os cidadãos de São João Batista vêm a Florianópolis através da Saúde, quando agendados para consultas ou numa transferência inter-hospitalar. Pediu que olhem com atenção para o Samu avançado e que acabem com o Samu básico, porque há necessidade de uma UTI móvel. Disse que sabe que é mais oneroso manter essa UTI móvel, mas enfatizou que é mais fácil para cada Município trabalhar com a sua unidade básica do Samu, do que dispor de mais Samu avançado. Reiterou que olhem com carinho para os reguladores do Samu, discorrendo que não se pode esperar acabar o expediente para depois buscar um paciente. Comentou um fato de que pediu para uma reguladora do Samu que buscasse uma paciente às 18h25min e ela respondeu que trocariam de turno às 19h e teriam que esperar, fazendo com que improvisassem o atendimento a essa paciente com AVC, que uma semana depois faleceu. Salientou que devem fazer política de saúde e não política com a saúde. Perguntou onde estão os critérios técnicos da época em que foi implantado o Samu em Santa Catarina e como será feita a manutenção de uma UPA, que é alta. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, para responder quanto ao concurso público, passou a palavra ao senhor Walter Gomes Filho e ao senhor Clécio Espezim, iniciando pelo senhor Walter Gomes Filho, que esclareceu sobre o concurso público realizado no âmbito de 2006, dizendo que a data final para os cargos de nível médio é dia 16 de abril do corrente ano, e para os cargos de nível superior, em maio. Anunciou que é desejo da Secretaria de Estado da Saúde chamar os concursados, em virtude da necessidade profissional. Esclareceu que chamamentos já foram feitos nas diversas áreas da saúde e outros serão feitos ainda este mês. O senhor Clécio Espezim, Secretário Municipal de Saúde de Florianópolis, em exercício, salientou que o salário do enfermeiro, em Florianópolis, inicia em R$ 5 mil. Quanto à questão do médico, disse que, em 2006, eram 95 médicos e hoje são 350, isso significa que houve um aumento de 370%, porém salientou que a cada dia há baixas, que hoje há 65 licenças de médicos na rede, e isso faz com que, muitas vezes, ocorra problema em algumas unidades pela falta desses profissionais. Informou que do concurso público realizado já estão chamando quinze médicos, e já se tem uma preliminar que desses, apenas três vão assumir. Contou que foi feito concurso para enfermeiro e que foram chamados 47 candidatos, e agora se está esperando para aumentar as vagas no quadro, para que possam ser chamados mais profissionais. Para tanto, informou que entraram com um projeto de lei na Secretaria de Administração para ser encaminhado à Câmara de Vereadores, para aumentar não só o número de vagas para médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, auxiliar administrativo, mas também para outras categorias que necessitavam ser repostas. Com relação ao processo seletivo, informou que há uma lei municipal, aprovada pela Câmara de Vereadores, que dá amparo para suprir a falta do profissional, sendo que a vaga pode ser renovada por três meses até um ano para que a rede pública não fique desabastecida. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, agradeceu a paciência de todos pela longa duração da audiência. Constatou que houve muitas manifestações, desde a atenção básica da saúde e da família, da alta e média complexidade, da situação dos hospitais, até a relação do Estado com os Municípios e das diversas instituições que participaram. Informou que tudo que foi debatido durante a audiência será transformado num documento que vai servir à Comissão de Saúde, para fazerem muitos encaminhamentos, e também vai ficar à disposição de todos os participantes que quiserem cópia do relatório. Avaliou que, das dezenas de audiências públicas que estão sendo realizadas e as que já foram realizadas, os problemas são semelhantes. Disse que, no momento oportuno, os integrantes da Comissão de 76 Saúde irão comunicar as entidades participantes da audiência para despachar esse documento com o Secretário Estadual da Saúde e com o Governador do Estado. Analisou que esta audiência não foi em vão, visto que a Assembleia Legislativa, além de fiscalizar, também tem um papel muito importante que é contribuir com o Executivo. Comunicou que no relatório constará como encaminhamento a defesa da gestão pública dos hospitais. Relatou que a Comissão visitou alguns hospitais e foram identificados dois problemas principais: um de gestão, salientando que todos os diretores, das várias áreas, dos hospitais foram convidados para a audiência, e a maioria não compareceu, visto que os hospitais não têm autonomia administrativa e financeira para isso, pois é a Secretaria que está representando os hospitais. Relatou que o Estado nunca se preocupou em formar uma elite de dirigentes, de gestores hospitalares, e nesse sentido disse acreditar que o Estado foi omisso ao longo dos anos, e que hoje a proposta seria resolver esse problema. O segundo problema seria com relação à falta de pessoal e ao índice de abstenção. Disse que os profissionais estão trabalhando sobrecarregados, e informou que no Hospital Joana de Gusmão a abstenção de profissionais ficava entre 15% a 20%, e perguntou por que esse índice é tão alto. Avaliou que há muito tempo não há um sistema de reconhecimento, de valorização dos servidores. Dito isso, afirmou que não adianta o Estado terceirizar para resolver o problema. E exemplificou contando que na sua cidade, em Itajaí, o Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen é do Estado, e foi terceirizado desde a década de 1970, mas a cada ano que passa o Estado tem que aumentar os recursos para ampliar as instalações. Comentou que há um colega de profissão que trabalha nesse hospital e não atende pelo SUS, mesmo o hospital sendo mantido por recursos públicos. Disse que os problemas relatados até então estavam muito claros, que eles faziam parte do sistema de gestão dos hospitais, problemas esses que têm que ser resolvidos antes de qualquer proposta, a qual poderá simplesmente encaminhar esses hospitais para administração terceirizada. Revelou que sobre a possível terceirização dos hospitais, por parte do governo do Estado, a Comissão de Saúde provavelmente realize audiências públicas para debater sobre esse assunto. Afirmou que o relatório estava rico em manifestações, propostas, críticas e sugestões, e que a Comissão e as entidades presentes irão se debruçar sobre ele para tirar as propostas, e encaminhá-las ao governo do Estado. Reportou-se a fala de um participante que propôs que se fizesse uma grande frente em defesa do SUS, e refletiu que aquilo que estão fazendo ali já era uma defesa do SUS, que foi criado a partir da 8ª Conferência Nacional da Saúde e da Constituição de 1988. Registrou que o sistema privado estava coexistindo de forma complementar ao sistema público, e não de forma substitutiva, afirmando que esse é um princípio importante que tem que estar presente em defesa do SUS. Colocou que a Assembleia Legislativa irá compartilhar os encaminhamentos com os presentes, para continuar o movimento. Reportando-se à doutora Sônia, disse que para uma boa parte dos problemas, enquanto se tomam políticas públicas definitivas e necessárias para a saúde do Estado, terá que se realizar mutirões para poder diminuir a lista de espera nos hospitais. Revelou que no Hospital Joana de Gusmão tem crianças na lista de espera há mais de cinco anos, e com o agravante que a partir dos 15 anos de idade, que é a idade-limite estipulada para atendimento pediátrico do hospital, saia da lista das crianças, porque com essa idade deixa de ser criança. Lembrou que, em Criciúma, foi debatida a necessidade de descentralizar a alta complexidade em pediatria, porque quando uma criança com câncer completa 15 anos de idade não tem mais como ser atendida na pediatria do Hospital Joana de Gusmão, e aí ela entra na lista comum dos pacientes adultos. Dessa forma, reafirmou que não há como fugir de um grande pacto, em que o SUS poderia colocar as condicionantes, com os trabalhadores, com os usuários, com o Tribunal de Contas, o Ministério Público Federal e Estadual, as universidades, e todas as entidades sociais, para resolver transitoriamente os 77 problemas. Por fim, disse que ficava o compromisso da Comissão de Saúde e de todos os presentes de fazerem os encaminhamentos pertinentes a partir da confecção do relatório da audiência. Nada mais havendo a tratar, agradeceu a participação de todos e encerrou a reunião. [Taquígrafa-revisora: Ana Rita Moriconi de Souza.] DEPUTADO ESTADUAL VOLNEI MORASTONI PRESIDENTE DA COMISSÃO DE SAÚDE 78 ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA TAIÓ - “A ATUAL SITUAÇÃO DO HOSPITAL E MATERNIDADE DONA LIZETE” 79 1ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 17ª LEGISLATURA COORDENADORIA DE TAQUIGRAFIA DAS COMISSÕES - CTC ATA TAQUIGRÁFICA COMISSÃO DE SAÚDE EVENTO: audiência DATA: 18/04/2011 LOCAL: Câmara Municipal pública HORA: 10h de Taió SUMÁRIO: A atual situação do Hospital e Maternidade Dona Lizette PRESIDENTE: Deputado Estadual Volnei Morastoni, Presidente da Comissão de Saúde PARTICIPANTES DA MESA: Deputado Estadual Volnei Morastoni, Presidente da Comissão de Saúde; Deputado Estadual Jailson Lima, membro da Comissão de Saúde da Alesc; Deputado Estadual Jorge Teixeira, membro da Comissão de Saúde da Alesc; Vereador Volnei Sandri, Prefeito em exercício do Município de Taió; Vereadora Maria Clarice Gomes Mateucci, Presidente da Câmara de Vereadores de Taió; Hugo Lembeck, Secretário de Estado de Desenvolvimento Regional de Taió; Klaus Dieter Diel, Secretário Municipal de Saúde de Taió; Ursula Hosang, presidente do Hospital e Maternidade Dona Lizette; Horst Schoenfelder, agricultor; Maria Luiza Kestring Liebsch, Prefeita do Município de Mirim Doce. REGISTRO DE PRESENÇA: Cleiton Mário Schwab, presidente do Conselho Municipal de Saúde; Vereador Ademir Valle, do Município de Taió; Vereador Aristides Eloi Valentini, do Município de Taió; Vereadora Maria Zenaide Stringari, do Município de Taió; Vereadora Rosecler Poleza Círico, do Município de Taió; Vereador Edson Krüeger, do Município de Taió; Narciso José Broering, Secretário de Indústria, Comércio, Turismo e Desenvolvimento Sustentável; Ingo Woelfer, Secretário de Agricultura do Município de Taió; Rozi de Souza, Secretária de Educação do Município de Taió; Celso Bagatoli, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Município de Taió; Gesi Peters, presidente do Sindicato dos Funcionários Públicos do Município de Taió; Fábio Peicher, presidente da Associação Comercial, Industrial e Agrícola do Município de Taió; Sidney Engels, presidente da CDL de Taió; Rolf Huscher, presidente da Paróquia Evangélica e Luterana do Município de Taió; Valtraudt Krüeger, agricultora e presidente do Clube de Mães do Ribeirão do Salto; Guido Bauer, Vice-Prefeito do Município de Agrolândia; Jocelino de Souza, ex-Vereador do Município de Taió; Osório Schimitz, representando o Deputado Estadual Jean Kuhlmann; Agnaldo Santo Júnior, representando o Deputado Federal Onofre Santo Agostini; Alex Hartmann, vice-presidente do Hospital e Maternidade Dona Lizette; Celomar Strelow, diretor-clínico do Hospital e Maternidade Dona Lizette; Vereador Rodrigo Preis, do Município de Rio do Campo; Alzerino Volinger dos Santos, Secretário de Saúde do Município de Santa Terezinha; Vereadora Iara Mariza Bonin, do Município de Taió; e Carlos Liebsch, Secretário de Saúde do Município de Mirim Doce. MANIFESTAÇÕES: Deputado Estadual Volnei Morastoni; Deputado Estadual Jailson Lima; Deputado Estadual Jorge Teixeira; Vereador Volnei Sandri; Vereadora Maria Clarice Gomes Mateucci; Hugo Lembeck; Maria Luiza Kestring Liebsch; Guido Bauer; 80 Horst Schoenfelder; Ursula Hosang; Klaus Dieter Diel; Celomar Strelow; Jocelino de Souza; Celso Bagatoli; Valtraudt Krüeger; Sidney Engels; Augustinha Carara; Cleiton Mário Schwab; Lindomir Novaes dos Santos; Jurandir Jordo Zonta. ENCAMINHAMENTOS: não houve encaminhamentos ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PROMOVIDA PELA COMISSÃO DE SAÚDE PARA DISCUTIR SOBRE A ATUAL SITUAÇÃO DO HOSPITAL E MATERNIDADE DONA LIZETTE, REALIZADA NO DIA 18 DE ABRIL DE 2011, ÀS 10H, NA CÂMARA DE VEREADORES DO MUNICÍPIO DE TAIÓ. Aos 18 dias do mês de abril de 2011, às 10h, realizou-se, na Câmara de Vereadores do Município de Taió, audiência pública com o objetivo de discutir sobre a atual situação do Hospital e Maternidade Dona Lizette. A audiência foi proposta pela Comissão de Saúde da Alesc, na pessoa do Deputado Estadual Jailson Lima, e presidida pelo Deputado Estadual Volnei Morastoni, Presidente da Comissão de Saúde. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, abriu os trabalhos desejando boas-vindas a todos e convidou para tomarem assento à mesa as seguintes autoridades: Deputado Estadual Volnei Morastoni, Presidente da Comissão de Saúde; Deputado Estadual Jailson Lima, membro da Comissão de Saúde da Alesc; Deputado Estadual Jorge Teixeira, membro da Comissão de Saúde da Alesc; Vereador Volnei Sandri, Prefeito em exercício do Município de Taió; Vereadora Maria Clarice Gomes Mateucci, Presidente da Câmara de Vereadores de Taió; Hugo Lembeck, Secretário de Estado de Desenvolvimento Regional de Taió; Klaus Dieter Diel, Secretário Municipal de Saúde de Taió; Ursula Hosang, presidente do Hospital e Maternidade Dona Lizette; Horst Schoenfelder, agricultor; Maria Luiza Kestring Liebsch, Prefeita do Município de Mirim Doce. Explicou como se desenvolveria a audiência pública, lembrando que a Comissão de Saúde vinha realizando audiências no Estado de Santa Catarina, tendo como foco principal a questão da descentralização da saúde no Estado e, em, seguida, registrou a presença de: Cleiton Mário Schwab, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Taió; Ademir Valle, Vereador do Município de Taió; Aristides Eloi Valentini, Vereador do Município de Taió; Maria Zenaide Stringari, Vereadora do Município de Taió; Rosecler Poleza Círico, Vereadora do Município de Taió; Edson Krueger, Vereador do Município de Taió; Narciso José Broering, Secretário de Indústria, Comércio, Turismo e Desenvolvimento Sustentável; Ingo Woelfer, Secretário de Agricultura do Município de Taió; Rozi de Souza, Secretária de Educação do Município de Taió; Celso Bagatoli, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Município de Taió; Gesi Peters, presidente do Sindicato dos Funcionários Públicos do Município de Taió; Fábio Peicher, presidente da Associação Comercial, Industrial e Agrícola do Município de Taió; Sidney Engels, presidente da CDL de Taió; Rolf Huscher, presidente da Paróquia Evangélica e Luterana do Município de Taió; Valtraudt Krueger, presidente do Clube de Mães do Ribeirão do Salto; Guido Bauer, VicePrefeito do Município de Agrolândia; Jocelino de Souza, ex-Vereador do Município de Taió; Osório Schimitz, representando o Deputado Estadual Jean Kuhlmann; Agnaldo Santo Júnior, representando o Deputado Federal Onofre Santo Agostini; Alex Hartmann, vice-presidente do Hospital e Maternidade Dona Lizette; Celomar Strelow, diretor-clínico do Hospital Dona Lizette; Rodrigo Preis, Vereador do Município de Rio do Campo; Alzerino Volinger dos Santos, Secretário de Saúde do Município de Santa Terezinha; Iara Mariza Bonin, Vereadora do Município de Taió; e Carlos Liebsch, Secretário de Saúde do Município de Mirim Doce. 81 Afirmou a importância dos pequenos e médios hospitais de Santa Catarina, lembrando que eles têm importância fundamental na saúde, pois ao fazerem um bom trabalho de prevenção e de saúde básica, não trarão futuros congestionamentos nos hospitais regionais e nos hospitais de Florianópolis. Disse que a Alesc não tem o poder de decisão, mas sim o papel de fiscalizar as políticas públicas adotadas no Estado. Lembrou que o papel dos Deputados Estaduais é o de ouvir os anseios da população e, a partir disso, encontrar as soluções cabíveis. Afirmou que daquela audiência pública seria retirado um relatório que seria encaminhado às autoridades pertinentes, e a partir disso seriam determinados os devidos encaminhamentos. Falou que a grande maioria da população não tem condições de pagar por um convênio particular de atendimento médico, e que o SUS deve ser gratuito, eficiente e acessível a toda população. Passou a palavra ao senhor Deputado Estadual Jailson Lima, que disse ser aquela a primeira vez que a Comissão de Saúde se deslocava à cidade de Taió, afirmando que a Comissão está trabalhando com afinco e seriedade, havendo coesão e unificação entre os partidos políticos no sentido de resolver e dar prioridade às questões da saúde no Estado. Lembrou que muitas vezes há divergências políticas, inclusive entre Prefeituras e administrações de hospitais, mas que isso não pode ocorrer, pois a luta por uma saúde de qualidade está acima de meras questões políticas e partidárias. Afirmou que devia ser estabelecida a importância estratégica do Hospital de Taió na microrregião, o que reduziria o número de pacientes que vão buscar atendimento no Hospital Regional de Rio do Sul e em Florianópolis, e que muitas vezes esses pacientes não são atendidos por conta da superlotação dos hospitais. Enalteceu a presença do senhor Celomar Strelow, médico, pois são os verdadeiros profissionais da saúde que devem participar das reuniões e audiências públicas, pois são eles que conhecem a total dimensão dos problemas existentes e os que mais auxiliam no encontro das possíveis soluções. Disse que o Estado deve ter estratégias microrregionais para melhorar o atendimento nos hospitais de todo o Estado, acabando com as chamadas “ambulancioterapia” e “onibusterapia”, que levam pacientes de toda Santa Catarina aos hospitais de Florianópolis e aos hospitais regionais, superlotando e saturando as suas emergências e salas de espera. Colocou que se houvesse condições adequadas, o Hospital de Taió poderia atender aos pacientes dos Municípios de Santa Terezinha, Salete, Rio do Campo e Mirim Doce, num total de aproximadamente 50 mil pessoas, descentralizando a saúde e desafogando o atendimento em outros hospitais do Estado. O senhor Presidente passou a palavra ao senhor Deputado Estadual Jorge Teixera, que disse que Taió tem que adotar e mostrar a sua liderança regional, pois os Municípios de Santa Terezinha, Pouso Redondo, Salete e Mirim Doce dependiam do Hospital de Taió. Segundo o Deputado, esses Municípios devem prestar o atendimento básico aos pacientes, enquanto que Taió deve ter a atitude de assumir o atendimento de média complexidade, pois tem o maior número de especialistas da região. Convocou o Conselho Municipal de Saúde para uma discussão, para que tome uma postura nesse sentido. Afirmou que deve existir uma interiorização de especialistas, cabendo ao governo do Estado a criação de incentivos para que médicos especialistas fossem para o interior de Santa Catarina, sendo esta a maior dificuldade existente nas microrregionais de Saúde, a falta de médicos especialistas. Falou que o Governador Raimundo Colombo pediu aos Secretários Estaduais que estes fizessem a interiorização da assistência médica através de policlínicas regionais, e que esse pedido seria cobrado no seu mandato [Taquígrafo-revisor: Eduardo Delvalhas dos Santos]). O senhor Presidente passou a palavra ao senhor Vereador Volnei Sandri, Prefeito em exercício do Município de Taió, que cumprimentou todos e agradeceu aos Deputados Jailson Lima e Jorge Teixeira por terem conseguido realizar a audiência pública em Taió. Registrou que aquele Município tem um dos melhores hospitais da região e parabenizou a senhora Diva que fez do Hospital Maternidade um dos hospitais de 82 primeiro mundo. Contou que naquele fim de semana, fazendo uma visita, ficou sabendo de um parto que havia sido feito pelo doutor Antônio, pelo SUS. Disse que aquele é um grande trabalho que a presidente Ursula tem feito, com contato sério junto ao Secretário Klaus; que estão a um passo de formalizar 100% de nascituro das crianças em Taió; que ainda há a falta de um pediatra, mas que a senhora Ursula e o Secretário Klaus já estão brigando por isso; que o grande problema é arrumar um especialista, mas que existe um grande esforço por parte dos doutores Celomar, Francisco, Antônio e outros para que isso aconteça em Taió, mas que dependem da legalidade. Enfatizou que houve muito esforço de sua parte, bem como das Vereadoras Iara Bonin e Maria Stringari, que correram a Câmara colhendo assinaturas para fazer acontecer a primeira audiência pública em Taió; que o povo é o grande responsável por isso e que tem que fazer as reivindicações aos Deputados Volnei Morastoni, Jailson Lima e Jorge Teixeira, bem como à presidente Ursula, ao Secretário Hugo, à Vereadora Maria Clarisse e ao Secretário Municipal de Saúde de Taió, senhor Klaus Diel; que o povo deve ser o dono da palavra. Mencionou que o Governador tem como princípio descentralizar a saúde e criar mini pólos de saúde, dando incentivo para os especialistas se instalarem nas microrregiões. Falou que sabem da grande importância da democracia em Santa Catarina, pois que o representante do Município de Taió na Assembleia não é do Partido dos Democratas, mas sim do PT, que é o Deputado Jailson Lima, que em noventa dias, como Secretário da Mesa, fez grandes transformações. Parabenizou o Deputado pela sua competência, e disse que Taió está bem representado na Alesc pelos Deputados Jorge Teixeira, Aldo Schneider e Jean Kuhlmann. Elogiou o Deputado Volnei Morastoni pela sua índole séria e por presidir uma das principais Comissões da Assembleia Legislativa. Afirmou que a última coisa que falta acontecer em Taió é a melhoria na saúde, e desejou que a mesma tome o caminho certo. Disse acreditar que os pedidos da população na audiência serão ouvidos e atitudes serão tomadas; que espera, como Vereador, agora como Prefeito em exercício, que Taió realmente tome o rumo certo. Agradeceu à presidente da Câmara de Vereadores de Taió, Vereadora Clarisse, por ter organizado a reunião, aos Vereadores, à equipe da Alesc que enviou convites para todos os Municípios da região, a todas as autoridades e a todos os presentes. Desejou que a reunião fosse muito produtiva e declarou que audiência pública não é para político fazer campanha, é para o povo fazer reivindicações. Prosseguindo, o senhor Presidente passou a palavra à Vereadora Maria Clarice Gomes Mateucci, Presidente da Câmara de Vereadores do Município de Taió, que cumprimentou todos e disse ver com importância a saúde de Taió; que muitas vezes, em sessão na Câmara, comentou que precisariam da interferência do Estado; que os Vereadores, o Prefeito e o hospital não conseguiam mais o entendimento; que devem aproveitar a reunião e fazer com que os pedidos levados pela comunidade, representada pelo senhor Horst, agricultor, sejam atendidos a fim de que Taió consiga uma saúde com qualidade. Questionou onde está sendo aplicado o dinheiro que é do contribuinte e o que têm de retorno. Afirmou que todos os Vereadores estão juntos na luta com os Deputados e com as autoridades para conseguir saúde de qualidade para Taió e região. Na sequência o senhor Presidente passou a palavra ao senhor Hugo Lembeck, Secretário de Estado de Desenvolvimento Regional de Taió, que saudou todos e disse saber das dificuldades que têm os hospitais em seus Municípios; que os Municípios de Mirim Doce e de Santa Terezinha não têm nenhuma dificuldade com hospital porque eles não têm hospital; que nesses Municípios a população tem atendimento em outros, como Salete, Rio do Campo e Taió; que existe dificuldade de manutenção nos demais hospitais. Contou que foi presidente de hospital em Salete, que é uma entidade da comunidade, e todos ajudavam vendendo pasteis, fazendo jantares, bingos e vendendo rifas; que a Receita Federal está ajudando bastante; que a senhora Ursula falará 83 sobre isso mais adiante; que quando chega a Páscoa, e o comércio tem oportunidade de vender um pouco mais, existem as dificuldades, devido aos bazares beneficentes; que o presidente da CDL, que estava presente, poderia afirmar. Disse não ser contra os bazares, e afirmou que os hospitais devem se manter sozinhos e ter um atendimento de boa qualidade. Apontou como dificuldades no hospital a baixa remuneração dos serviços pelo sistema de saúde, o acúmulo de consultas e de exames especializados. Expôs que existem duas ressonâncias à disposição da Secretaria pelo SUS; que hoje em dia os médicos têm pedido bastante exames. Narrou que foi criado o Cis-Amavi e que agora começou melhorar um pouco com os Municípios pagando um preço um pouco melhor do que o SUS em algumas consultas e exames especializados na região; que para diminuir a “ambulancioterapia” ou o “onibusterapia” é preciso regionalizar e fortalecer pequenos pólos; que Taió poderia ser um pólo microrregional de atendimento, deixando Rio do Sul, Blumenau e Florianópolis como pólos regionais. Argumentou que o Governador Raimundo Colombo, quando candidato, falou que a sua primeira, segunda e terceira prioridade seria a saúde, então que agora Sua Excelência e o seu Vice, Eduardo Pinho Moreira, não se furtarão disso e que ele, como Secretário de Desenvolvimento Regional, não ficará omisso nessa situação. Falou que a grande dificuldade é com relação a médicos no interior; que o Município de Salete tem um PSF que quer concentrar tudo em um lugar só devido a essa dificuldade. Contou que leu uma notinha no jornal que dizia que o Deputado Peninha pensava em fazer um projeto de lei relacionando o tempo de curso de uma universidade pública com o atendimento público, ou seja, se uma pessoa cursar faculdade pública deve trabalhar no serviço público. Expôs a sua opinião dizendo que os anos trabalhados no serviço público devem ser os mesmos anos cursados na universidade: se um estudante cursou cinco anos de faculdade, deve trabalhar cinco anos no serviço público; se estudou três na particular e dois na pública, deve trabalhar dois anos no serviço público, e todos remunerados. Salientou que tem Municípios que pagam muito bem, como é o exemplo de Mirim Doce, onde o salário de um médico deve estar quase R$ 15 mil; que outros pagam R$ 12 mil, R$ 10 mil e que mesmo assim tem dificuldades muitas vezes em levar médicos para o interior; que as pessoas preferem ficar no litoral, nas grandes cidades enquanto nessas outras o atendimento fica à mercê devido às dificuldades apresentadas. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, continuando, chamou para fazer parte da mesa o Vice-Prefeito de Agrolândia, Guido Bauer e, em seguida, passou a palavra à senhora Maria Luiza Kestring Liebsch, Prefeita de Mirim Doce, que cumprimentou todos e parabenizou a senhora Diva pela batalha em favor do Hospital de Taió. Disse que é de grande importância colaborar, ajudar na manutenção e no funcionamento a fim de manter as portas abertas do Hospital e Maternidade Dona Lizette funcionando porque encurta distância para os pacientes, pois quanto mais próximo o hospital, menos ele sofre; que antes tinham quatro carros e que hoje têm seis, mas que ainda não são suficientes e virou “ambulancioterapia”. Contou que no final do ano passado participou do encontro, na Fecan, dos Prefeitos e que lá um especialista da cidade de São Paulo apresentou várias alternativas que funcionariam no Estado de Santa Catarina; que lá eles trabalham com metas, ou seja, que o Município, o Estado, consorcia com os hospitais particulares e assim fortalece esses hospitais; que lá fazem convênio entre Prefeitura e hospital, entre Estado e hospital e pagam por metas. Disse que seria interessante pagar por meta para o hospital; que até 90% seria um valor fixo e que os outros 10% dependeria do rendimento do hospital; que esse rendimento seria a qualidade no atendimento, ou seja, não haver mortalidade infantil e diminuição dos dias de internação do paciente. Falou que tem que encontrar uma alternativa para fortalecer o hospital a fim de que ele sirva de base para Salete; que trazendo a média complexidade hospitalar para Taió desafogaria Rio do Sul e Rio do Campo; que o Município de Pouso 84 Redondo também vai ter o hospital funcionando e que em Mirim Doce os partos estão sendo feitos em Rio do Sul por não existir garantia de levar para Taió e ter atendimento. Narrou que os pacientes do Pronto Socorro de Rio do Sul ficam esperando atendimento por várias horas, como aconteceu com o Secretário de Transportes e Obras do Município de Taió, quando sofreu um acidente de carro e foi atendido em Mirim Doce às nove horas da noite e encaminhado para Rio do Sul, ficando lá até o outro dia de manhã, com muita dor. Confirmou que se regionalizar o atendimento será muito mais eficiente e que não adianta estar como está e não estar sendo funcional. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, agradeceu e informou que na Assembleia deu entrada um projeto de lei, de autoria do Deputado Dado Cherem, ex-Secretário da Saúde, propondo a carreira de Estado para médico; que isso seria uma forma de se discutir a interiorização do médico; que irá servir como pretexto para um grande debate no Estado sobre a necessidade da interiorização dos médicos; que o número de escolas de medicina e de formandos em Santa Catarina também seria tema de debate, bem como a relação desses com as reais necessidades do Estado catarinense. Disse que quando se fala em carreira de Estado para o médico seria como é para o promotor e para o juiz que fazem concurso público e seguem pelo Estado fazendo carreira até se aposentar; que esse assunto será levado a debate ainda porque o pessoal da enfermagem acha que não pode ficar restrito ao médico. Afirmou que a saúde é um trabalho de equipe. Dando sequência à reunião, passou a palavra ao senhor Guido Bauer, Vice-Prefeito de Agrolândia e exSecretário de Saúde do Município, que cumprimentou todos e concordou com o que já foi falado anteriormente, ou seja, sobre as dificuldades que as Prefeituras e os Municípios têm encontrado hoje na área da saúde; que é um trabalho desgastante para todos os funcionários, para todos os agentes públicos da área da saúde; que tal fato não pode continuar. Parabenizou todos e compartilhou do esforço para que Taió e toda a região dêem suporte, principalmente o governo do Estado. Continuando, o senhor Presidente passou a palavra ao senhor Horst Schoenfelder, agricultor, representando a comunidade em geral, que agradeceu por terem lhe convidado para fazer parte da mesa. Na sequência, o senhor Presidente passou a palavra à senhora Ursula Hosang, Presidente do Hospital e Maternidade Dona Lizette, que igualmente cumprimentou todos e se disse muito feliz com a realização da audiência pública porque existem muitas distorções entre o Hospital e Maternidade Dona Lizette, o povo de Taió e o Município. Deixou claro de que o Hospital e Maternidade Dona Lizette não passa por dificuldades financeiras nem administrativas; que gostaria que o hospital fosse um pólo cirúrgico, pois estão tendo muitas cirurgias pelo SUS, como cirurgias gerais, proctológicas e ginecológicas. Afirmou que nesta audiência poderão entrar em verdades e colocar as necessidades do Município com o hospital e que esse está de portas abertas para internamentos e cirurgias. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, comunicou à plenária que se houver algum documento que seja encaminhado, após as reivindicações, à Comissão para ser anexado no relatório [Taquígrafa-revisora: Maria de Fátima da Rocha]. Em seguida passou a palavra ao senhor Klaus Dieter Diel, Secretário Municipal de Saúde de Taió, que iniciou sua manifestação pedindo à plenária uma salva de palmas aos Deputados médicos presentes, em agradecimento à realização da audiência pública em Taió, afirmando que pelo fato de estarem descentralizando as ações, acreditava que a reunião seria muito importante, já que tanto o Hospital e Maternidade Dona Lizette, como a Secretaria Municipal de Saúde de Taió esbarravam na questão financeira para conseguir as especialidades necessárias à comunidade. Citando números, disse que o Município de Taió ultrapassa o percentual que lhe é devido com gastos na saúde, e exemplificou que no mês de março o gasto foi de 21,26% da arrecadação, quando legalmente deveria ser de 15%; e reportando-se ao que disse o Deputado Jailson Lima sobre as 85 “ambulancioterapias”, hoje “onibusterapias”, afirmou que o gasto para manter os veículos é grande, porque mesmo não estando velhos em idade, acabam se deteriorando por rodarem muito, e que se deixa de aplicar em saúde para manter a estrutura andando. Fez referência às constantes reuniões realizadas para discutir a saúde da região no sentido de diminuir as dificuldades vividas pela comunidade quando precisa de atendimento médico, e citou como exemplo que um paciente de Santa Terezinha percorre 60 quilômetros até Taió para ser atendido, mas que se precisar de maternidade, percorrerá mais 60 quilômetros até Rio do Sul, concluindo ser necessário valorizar o Hospital e Maternidade Dona Lizette como um grande centro para a região a fim de diminuir a demanda de pessoas sendo deslocadas para atendimento em outros Municípios. Falou que, quando Vereador, pode constatar que a maioria dos discursos proferidos na Câmara Municipal dizia respeito ao Hospital e Maternidade Dona Lizette e à saúde do Município, e que apesar do trabalho desenvolvido pelo hospital e pela municipalidade, existe ainda uma lacuna que precisa ser melhorada. Destacou o problema vivido em relação aos partos, citando como exemplo o caso de uma gestante que teve a bolsa rompida e foi levada a Rio do Sul, mas que chegando lá, em função da demanda existente, não pode ser atendida e teve que voltar, e registrou que ele e a senhora Ursula estavam envidando esforços para trazer com urgência um pediatra para Taió. Fazendo referência à luta desenvolvida pelo hospital para manter o caixa em ordem, disse que debatem com o senhor Sidney Engels, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Taió, o fato de o hospital estar vendendo produtos que vieram da Receita e que isso estaria prejudicando o comércio, mas que a luta é intensa e que muitas vezes é necessário agir dessa forma. Concluiu desejando a todos um bom dia e dizendo que acreditava que o Estado estava ali representado e desempenhando um papel muito importante, que era o de receber as reivindicações da comunidade, principalmente sobre a média complexidade, e que todos os profissionais de saúde envolvidos estavam realizando um belo trabalho, dentro do que era possível fazer, mas que era necessário melhorar a qualidade da saúde, principalmente em relação às maternidades e às especialidades. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, disse ao Secretário que de todas as manifestações, havia ficado claro a necessidade de pediatria, e perguntou se ginecologia e obstetrícia também, sendo respondido que na montagem da equipe estariam todos os profissionais envolvidos. Em seguida, comentou que, constitucionalmente, os Municípios têm que aplicar no mínimo 15% de sua receita em saúde, mas que muitos aplicam mais, porque os encargos estão em número cada vez maior e não existe a correspondência da descentralização crescente de recursos, e que o Estado deve aplicar 12%, o que nem sempre acontece, mas que pela Emenda 29 o Estado não pode mais incluir o pagamento dos inativos no cálculo dos 12%, sobrando assim recursos para serem aplicados diretamente na saúde. Argumentou que no debate o desejo é que a União também se comprometa com 10% da arrecadação nacional na saúde, e que depois, com todo esse compartilhamento dos recursos, seja trabalhada principalmente a questão de formação do quadro de gestores de alto nível, seja de hospitais públicos, privados, comunitários, etc., e o desenvolvimento de políticas para os trabalhadores dos hospitais. Concluiu dizendo que de todas as discussões necessárias na área da saúde, a mais importante refere-se à humanização, base de todo o debate. Na sequência abriu a palavra à plenária, restringindo o tempo a três minutos, e informou que quem desejasse se manifestar poderia se inscrever com a assessoria. Como primeiro inscrito, fez uso da palavra o doutor Celomar Strelow, diretor clínico do Hospital e Maternidade Dona Lizette, que cumprimentou os presentes, especialmente seus colegas médicos que representam a Assembleia Legislativa, e afirmou que os problemas já foram levantados e as respectivas soluções para a região de Taió apontadas, sendo necessárias atitudes para a concretização das soluções. Reportando-se ao que falou o doutor Jorge 86 Teixeira, sobre a importância do Hospital Dona Lizette para o atendimento dos cinco Municípios da região (Pouso Redondo, Mirim Doce, Taió, Salete e Santa Terezinha), disse que era necessário registrar que muitas vezes recebiam pacientes de outros Municípios em busca dos serviços médicos. Fazendo uma avaliação sobre as várias reuniões realizadas para tratar do problema da saúde da região, ressaltou que vê como grande dificuldade a falta de resolutividade das reuniões, pois não basta conhecer os problemas, é preciso haver atitude para fazer as mudanças, a fim de que nas próximas reuniões os Prefeitos e Secretários de Saúde da região consigam dar o suporte para efetivar as mudanças e suprir as carências existentes que já foram diagnosticadas. Lamentou que um hospital mantenha suas portas abertas à custa de produtos de contrabando, afirmando que saúde pública não se faz com caminhão da Receita Federal, mas com dotação orçamentária específica; e assinalou que se a saúde não é possível pelos recursos destinados aos Municípios, cabe aos Deputados buscar outras esferas para suprir esses recursos. Finalizou afirmando que a situação é muito difícil e que a solução passa pela tomada de atitudes concretas. Em seguida, o senhor Presidente concedeu a palavra ao senhor Jocelino de Souza, ex-Vereador de Taió, que saudou os presentes, especialmente o Deputado Volnei Morastoni e o Secretário Hugo Lambek, com os quais foi Vereador no passado, e falou que gostaria de dar o seu testemunho sobre o que vivencia na área da saúde, e que isso serviria a todos os Municípios e aos Secretários de Saúde presentes, podendo ajudar os demais usuários da saúde. Questionou o fato de servidores da saúde não saberem o que o colega de trabalho ao lado faz, muitas vezes dando orientação errada ao munícipe, fazendo-o andar de um lado para outro, o que faz com que o paciente desanime a não seja atendido. Em relação aos agentes de saúde do PSF, disse que eles precisam orientar melhor aquele paciente que precisa de remédio de uso contínuo onde encontrar mais barato, caso não tenha no posto de saúde, porque muitas vezes tem remédio na Farmácia Popular e a pessoa acaba pagando mais caro ou deixando de comprar. Em relação ao Hospital e Maternidade Dona Lizette e à área da saúde municipal, apelou que seja resolvido o problema da saúde pública de Taió e região, porque muitas pessoas necessitam desses serviços, e citou o exemplo da mulher em trabalho de parto que foi a Rio do Sul e voltou sem ser atendida. Encerrou pedindo aos Deputados que olhem para a região e afirmando que muitas vezes a burocracia atrapalha, perdendo-se muito tempo com papeis. Na sequência, manifestou-se o senhor Celso Bagatoli, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Taió, dizendo que não poderia deixar de se manifestar para agradecer a realização de tão importante audiência, principalmente por terem ouvido durante a campanha política de candidatos a Deputado e ao governo que se empenhariam com a comunidade de Taió e Municípios vizinhos no sentido de transformar o hospital em regional, e afirmou que o Hospital e Maternidade Dona Lizette já fez a sua parte, estando reformado e com um dos melhores centros cirúrgicos do Estado. Falou que todos conhecem os problemas, onde eles estão e qual a maneira de resolvê-los, e perguntou quantos reais são gastos para levar os pacientes até Florianópolis, esclarecendo que muitas vezes o estresse de uma viagem é tão grande que o paciente tem que ser internado por depressão e não pelo problema de saúde que gerou a viagem. Deixou claro a sua indignação pelo fato de Taió e região não ter pediatra, afirmando que muitas promessas foram feitas até o momento e nada foi resolvido. Reafirmou que os problemas são conhecidos, sendo necessárias as soluções. Concluindo, colocou que se a circulação de ambulâncias pelas estradas for cortada e as especialidades forem implementadas no Município, o problema da região estará resolvido, principalmente de Mirim Doce, que tem sofrido com as cheias, tendo em vista que o dinheiro gasto com as viagens será investido no PSF da comunidade, na prevenção. Prosseguindo, o senhor Presidente passou a palavra à senhora Valtraudt Krüeger, agricultora e presidente do Clube de Mães de 87 Ribeirão do Salto, que saudou os presentes, disse que era esposa do Vereador Edson Krüeger e afirmou que como mãe e avó também se preocupava com as gerações futuras, e que se o hospital estava preparado, o governo tinha que fazer a sua parte. Encerrou conclamando todos a irem a luta, porque no final tudo daria certo. Após, a palavra foi concedida ao senhor Sidney Engels, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Taió, que cumprimentou todos os presentes e falou que, com relação ao bazar, conforme já falado à dona Ursula, o governo do Estado deveria prover os recursos necessários, o governo federal, porque não é função de um hospital vender mercadorias contrabandeadas, tornando uma coisa ilícita em lícita, além de prejudicar o comércio e, por consequência, os Municípios, pois interfere na arrecadação, já que na venda desses produtos não são emitidas notas fiscais. Com relação à questão de saúde em Taió, disse que pela sua avaliação está se caminhando para um entendimento, tendo em vista que há muito tempo divergências pessoais e políticas atrapalhavam a resolução dessa questão. Contou que na semana anterior seu pai precisou de atendimento médico, caiu e quebrou o braço, mas como tem condições levou-o diretamente a Blumenau, e questionou quantas pessoas não têm essa condição, como o exemplo de um paciente que ficou esperando atendimento na emergência de Rio do Sul por sete horas, estava com o dedo quebrado, e acabou voltando para casa. Argumentou que as questões pessoais e políticas devem ser deixadas no passado para que juntos transformem Taió um polo regional de saúde, fazendo com que cessem as viagens de ambulância que levam risco a todos, como o ocorrido com a pediatra do Município, que perdeu a vida numa dessas viagens. Finalizando, reportou-se ao que foi falado sobre os médicos cumprirem serviço no interior, afirmando que a sua filha está fazendo cursinho para tentar faculdade de Medicina e que com certeza vai trabalhar em Taió. E disse também que o fato de pessoas de outros Estados fazerem faculdade de graça em Santa Catarina acaba tirando a oportunidade do cidadão catarinense. Na sequência, a palavra foi concedida à senhora Augustinha Carara, costureira aposentada de Taió, que agradeceu a presença do médico Deputado Jorge Teixeira, por quem já foi muito bem atendida em Rio do Sul, e disse que queria falar a respeito do atendimento dos médicos do postinho. Esclareceu que pelo fato de ter ido a um médico de Florianópolis e tomar remédio controlado, cada vez que precisa da receita tem que voltar a Florianópolis, porque o médico do postinho não autoriza em função de ser remédio controlado, avaliando que por essa razão não é bem recebida. Em seguida, o senhor Presidente passou a palavra ao senhor Cleiton Mário Schwab, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Taió, que cumprimentou os membros da mesa e os demais presentes e esclareceu, para que não houvesse dúvida, que toda a arrecadação proveniente dos produtos da Receita serviu para melhorar as instalações do hospital, para equipá-lo, deixando-o em condições de atender a população, e não para pagar dívida, pagar funcionário ou outras despesas [Taquígrafarevisora: Siomara G. Videira.]. Referente à saúde, avaliou que tanto no Município como na região, do Estado de Santa Catarina e do País, não há fórmula mágica para resolver a questão da saúde, mas o que existe, sim, é a boa vontade. Disse que desde o início da audiência foi comentado que foi feito um acordo com o Cis-Amavi para os Municípios serem atendidos no Regional ou em outros Municípios, no qual o SUS daria duas ou três consultas por mês para viabilizar o atendimento da população. Afirmou que o Município de Taió não tem condições de arcar com todas as despesas de contratação de médicos e especialistas para fazer sozinho uma parceria com o hospital. Comentou que se quer fazer um polo regional no Município de Taió, mas lembrou que também há outros Municípios que necessitam ser atendidos na área da saúde, como Mirim Doce, Rio do Campo, Santa Terezinha e Salete. Então, nesse sentido, sugeriu que fosse feita uma parceria entre todos os Municípios da região do Vale Oeste, com os Secretários e os Prefeitos da região, porque se cada um der um pouco, esse pouco cresce e 88 há condições de pagar melhor o profissional da saúde, talvez até se consiga um pediatra, um anestesista, que é a especialidade mais importante quando se realiza uma cirurgia de média e alta complexidade. Contou que faz parte da diretoria do hospital, e afirmou que o hospital está pronto, mas lembrou que é impossível o hospital contratar os médicos e arcar com as despesas, avaliando que se isso ocorrer ele vai falir, e isso não é interessante nem para o governo, nem para as autoridades, nem para o povo. A seguir, fazendo uso da palavra o senhor Lindomir Novaes dos Santos, agente de saúde de Ribeirão Bom Jesus e Laranjeiras, disse que como todo pessoal do interior torce para que haja compreensão das autoridades sobre a necessidade de um hospital, e desejou que todos se unissem para melhorar a saúde da comunidade de Taió. Traçou uma comparação entre as pessoas com poder aquisitivo, que podem pagar por uma consulta, e as pessoas humildes, que não têm condições de pagar por uma consulta, e salientou que a Prefeitura faz o que pode para melhorar a saúde das pessoas humildes. Disse que faz parte da equipe do Programa Saúde da Família (PSF) de Passo Manso, e respondendo a uma pergunta informou que há remédio de uso contínuo no postinho, e quando não tem o remédio a equipe é orientada para dizer em qual Farmácia Popular a pessoa pode encontrar o remédio de graça, e mostrou a sua agenda onde estava anotado que os remédios de uso contínuo são medicamentos disponibilizados gratuitamente pela Farmácia Popular. Finalizando, contou que leva o remédio na casa das pessoas humildes que não têm condições de buscar no postinho, e agradeceu a todos a oportunidade de se manifestar. Em seguida, o senhor Jurandir Jordo Zonta, assessor do Deputado Estadual Jailson Lima, inicialmente cumprimentou todos da mesa e as demais autoridades presentes. Manifestou alegria pela oportunidade de participar da audiência e disse compartilhar da experiência, que teve em Salete, com as pessoas que vivem na direção do Hospital Dona Lizette, porque sabe que a pressão sofrida é muito grande. Dirigindo-se ao senhor Cleiton, contou que, no Município de Salete, se apelou para a Receita para pagar a dívida, assim como fazem outros hospitais, deixando claro que o dinheiro não foi para o investimento. Continuando, disse que, segundo seu ponto de vista, os hospitais comunitários foram sempre grandes cabos eleitorais na busca de votos. Com relação à saúde, pediu, como cidadão da região, para todos os Municípios do Vale Oeste, menos ênfase à questão política e mais ênfase à questão administrativa, porque senão pode se confundir as áreas, pessoas podem morrer por omissões, sendo que, muitas vezes, elas podem ser facilmente tratadas nas enfermarias. Prosseguindo, pediu que as Câmaras de Vereadores pudessem compartilhar da regulamentação da Emenda 29, que está parada na Câmara Federal, através de movimentos sociais, e lembrou oportunamente que se indiquem as fontes de financiamento, uma vez que não dá para ficar remanejando recursos de uma área para outra, tirar da educação, da área social que hoje está estruturada, da área de infraestrutura, e simplesmente se fazer o debate da carga tributária, do aumento da arrecadação, e na questão da saúde não se apontar fonte de financiamento viável, segura e que dê estabilidade ao sistema como um todo. Terminando, agradeceu pela oportunidade de se manifestar e conclamou todos para seguirem em frente. Retomando a palavra, o senhor Presidente comunicou que as inscrições estavam encerradas e passou a palavra, para as considerações finais, aos integrantes da mesa. Usando a palavra, o senhor Deputado Estadual Jorge Teixeira avaliou que a maior dificuldade de uma comunidade é segurar o profissional de assistência médica na sua localidade, porque já passaram por isso em Rio do Sul, que construiu a assistência médica com muito trabalho comunitário da parte dos profissionais, dos hospitais e da municipalidade. Sugeriu que quando um profissional médico queira se estabelecer na cidade, o Município o contrate, o hospital e o corpo clínico abram as suas portas para que esse profissional possa atuar também dentro do hospital; e que outros Municípios possam dar um suporte para se conseguir manter o 89 profissional dentro da cidade e da região. Contou que conversando com o doutor Jair Teixeira, que é preceptor de uma residência médica em Rio do Sul, pediu que ele encaminhasse alguns profissionais formados naquele Município para Taió, e informou que o doutor Luciano Mezzomo, que é cirurgião geral, já estava trabalhando em Taió, e que o pessoal da cirurgia geral estava vindo para Taió. Lembrou que alguém manifestou que era difícil conseguir um anestesista, e disse que tem conhecimento disso, e que em Rio do Sul não era diferente, e, nesse sentido, avaliou que era necessário formar mais anestesistas. Concluindo, manifestou que é a força da comunidade que vai fazer a saúde e a assistência médica funcionarem adequadamente na microrregional, e agradeceu a todos colocando-se à disposição dos presentes. A seguir, o senhor Deputado Estadual Jailson Lima salientou que se conseguir anestesista para um Município era infinitamente mais difícil do que um pediatra, e lembrou que ali no Município havia anestesista, ou seja, o que poderia vir a ser um grande problema já não era mais. Avaliou que foi debatido, na audiência, conteúdo de prioridade estratégica para funcionamento do Estado, para se reduzir transporte de paciente, e lembrou que há também o problema de gestão local, assim como há em Pouso Redondo, em Agrolândia, em Mirim Doce e em Salete. Citou, como exemplo, que para resolver o problema de receita da dona Augustinha dava para ter na Secretaria da Saúde o monitoramento de todos os pacientes que usam medicação crônica, dessa forma o agente de saúde iria saber o dia que estaria acabando o medicamento dela, e agendaria uma consulta antecipadamente para a prescrição da receita. Manifestou que se há um hospital, há a maternidade, há uma estrutura física, como a descrita, e existe o problema de repentinamente não ter um pediatra, sugeriu que um clínico geral fizesse uma pós-graduação em neonatologia, e em seis meses ele estaria apto a atender no hospital nessa área, visto que qualquer médico pode fazer qualquer atendimento médico independente da responsabilidade, porque o médico assume essa responsabilidade. Dessa forma, avaliou que o importante era ter um profissional com qualificação e bom senso para não fazer bobagem. Com relação à gestão, disse que cabe fazer um planejamento estratégico, com a participação dos Secretários Municipais da região, e direcionar os pacientes para Taió, porque hoje muitos pacientes acabam fazendo cirurgia de hérnia, de vasectomia, de varizes e laqueadura em Rio do Sul. Informou que há, na Assembleia, um projeto de lei em que o Poder Público pode fazer vasectomia e laqueadura só com o planejamento familiar, e colocou-se à disposição para debater sobre esse assunto. Em seguida, parabenizou a direção do hospital por buscar recursos através de leilão dos produtos apreendidos pela Receita Federal, produtos que poderiam ir para outro lugar e acabaram se tornando recurso para a comunidade. Deixou claro que se é contra o contrabando do produto para gerar saúde, mas avaliou que esse recurso não foi para o bolso de ninguém, nem do contrabandista, há a Polícia Federal atuando muito mais do que atuava, e isso gerou um benefício para a comunidade. Lembrou, tranquilamente, que até no governo Lula o material contrabandeado, apreendido pela polícia, ou era destruído, ou ia para o ralo ou era vendido. A partir de 2004 esses produtos apreendidos passaram a ser utilizados prioritariamente em leilões com entidades públicas, assim como tem carros, tem ônibus que muitas vezes a polícia pega, e as Prefeituras vão buscar para usá-los no interesse público. Nesse sentido, disse que quem faz gestão tem que buscar alternativas e ter criatividade, e avaliou que era dessa forma que estava fazendo o Hospital de Taió, que atualmente não tem problema de estrutura física, que teve durante tanto tempo, e que hoje estava ocorrendo uma junção de esforços na busca de caminhos para atender melhor a região. Referindo-se ao que o senhor Jordo falou sobre a Emenda 29, explicou que ela está no Congresso Nacional, e determina a União colocar 10% do seu Orçamento na área da saúde, os Municípios e os Estados 15%, e acrescentou que basicamente todos os Municípios do País já fazem isso, e muito mais. Informou que em Taió, em Agrolândia, em Mirim Doce e em Pouso 90 Redondo estão-se gastando mais do que 15% na área da saúde, mas que a maioria dos Estados não estava gastando o seu percentual. Comunicou que, no ano passado, o Estado de Santa Catarina, segundo o Tribunal de Contas, gastou 12% na área da saúde, e vai ter que chegar a 15%, e que a União não gastou os seus 10% para a saúde. Manifestou que essa emenda vai ter que ser aprovada no Congresso para também garantir o investimento dos 10% da União para a área da saúde, e disse que com certeza não faltará recursos, porém salientou que era necessário aprimorar a gestão. Referindo-se à senhora Iara e ao Vereador Volnei Sandri, disse que o seu papel, como Deputado, era trazer este debate para Taió, ser protagonista do desenvolvimento e do debate político para fazer mudar o contexto, não apenas do Estado, mas também do País. Concluindo, agradeceu os presentes e, mais uma vez, a Comissão de Saúde. Usando a palavra o senhor Vereador Volnei Sandri, Prefeito em exercício do Município de Taió, agradeceu ao Deputado Estadual Jailson, que era um homem brilhante e estava sempre disposto a atender todos os Municípios, e ao Deputado Estadual Jorge Teixeira, que é uma pessoa dinâmica. Em seguida, referindo-se ao Deputado Estadual Volnei Morastoni, contou que houve uma reunião, no final do mês passado, em que foi elaborado um contrato, que ainda depende da legalidade, com a empresa do senhor Antônio e do senhor Francisco, para acertar o nascituro das crianças, e oportunamente informou que já tem os profissionais aptos, mas que estão esbarrando na burocracia. Disse que já tem autorização do Prefeito Ademar e dos demais Vereadores, em que a Câmara irá repassar uma parte, e a outra parte cabe à Prefeitura repassar, salientando que esse projeto de lei já foi aprovado por unanimidade pela Câmara. Disse acreditar que no início do mandato de senhor Ademar já estará pronto o nascituro. Avaliou que o Brasil, às vezes, peca pelos seus empecilhos da lei. Parabenizou o Deputado Estadual Jailson porque tem certeza que as viagens dele para a China foram um brilhante negócio, uma vez que o Brasil e que o Estado de Santa Catarina vão exportar carne de porco para aquele País, lembrando que lá fora o produto é valorizado. Prosseguindo, também parabenizou a Presidente Dilma por ter aberto o mercado suíno de Santa Catarina. Afirmou que, quando pediu para realizar uma audiência na cidade, foi atendido pelos Deputados que hoje se fazem presentes na audiência, e ressaltou que a cidade continuará a ter orgulho de apoiá-los porque se fazem presentes quando o Município de Taió pede. Concluindo, agradeceu à população, e disse que era por causa dela que as coisas aconteciam, que quando o povo pede o Vereador e os Deputados se apresentam, e que era um orgulho para a comunidade, pela primeira vez, sediar uma audiência pública. A seguir, o senhor Hugo Lembeck, Secretário de Estado de Desenvolvimento Regional de Taió, falou que muitas vezes falta diálogo, falta discutir os problemas de forma regional, e que uma das funções da Secretaria de Desenvolvimento Regional era buscar subsídios para fomentar o desenvolvimento na região. Após, colocou-se como o agente que vai discutir com a comunidade e com os Municípios a questão do hospital. Disse que o governo do Estado foi e estava sendo parceiro na construção do centro cirúrgico, nas reformas, e informou que há R$ 300 mil do governo do Estado que foi repassado, através de convênio, para que as obras pudessem adequar o hospital. Manifestou que se o hospital está pronto, então que se discuta com a sociedade e com os Municípios como vão ser encaminhados alguns problemas, porque avaliou que não há como resolver todos os problemas, mas sim diminuí-los. Terminando, agradeceu a todos e disse que é mais uma força para se juntar à comunidade e discutir as ações. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, esclareceu que o trabalho da Comissão de Saúde é para se somar ao da Secretaria Regional, ao das Prefeituras e ao da Câmara de Vereadores, salientando que a Comissão não quer vender nenhuma ilusão que os problemas serão resolvidos num passe de mágica no dia seguinte. Porém, disse saber que os problemas estão acumulados há muito tempo, e, nesse sentido, 91 avaliou que era necessário traçar uma linha de tempo das ações que serão a curto prazo, a médio prazo, e outras que talvez demore um pouco mais. Lembrou que o Governador Raimundo Colombo se comprometeu, em campanha, com a área da saúde dizendo que a prioridade número um, dois e três do seu governo seria a saúde e também cunhou a frase as pessoas em primeiro lugar. Dito isso, analisou que, se conjugar prioridade na área da saúde com as pessoas em primeiro lugar, se terá uma ligação muito forte, e todos vão se somar nesse sentido para que possa se equacionar a situação da saúde no Estado. Informou que além dos problemas que estão sendo discutidos ali, em que algumas regiões precisam de pediatras, de médicos da atenção básica, também estão debatendo a descentralização da alta complexidade em pediatria. Comunicou que a descentralização para o adulto, em determinadas regiões, já vem ocorrendo, mas ainda tem que se avançar na descentralização em oncologia, em pediatria, em cirurgia cardíaca e também em ortopedia, e para isso informou que estão ocorrendo audiências pelo Estado, já que é necessário o Estado avançar nesse sentido. Pediu para as pessoas imaginarem uma criança portadora de câncer tendo que vir do extremo oeste ou extremo sul do Estado para se tratar em Florianópolis, uma viagem longa, e depois voltando para a sua casa com dificuldades. Dito isso, analisou que era preciso descentralizar essas especialidades também em pediatria. Para tanto é necessário que cada região seja estruturada, tenha os serviços, para que possa abrigar os pacientes e que haja uma equipe de especialista para o atendimento. Observou que em todos os debates sempre apareceu a questão do financiamento, que é necessário mais dinheiro para a saúde, mas também há a questão da humanização que precede tudo, que é a palavra-chave na saúde e em todos os programas dessa área, do atendimento hospitalar ao ambulatorial. Com relação à Emenda 29, disse que era necessário que a União investisse mais dinheiro na área da saúde. Comentou que escutou do Ministro da Saúde que ele anunciará em breve recursos para a saúde, que a tabela do SUS deverá sofrer um reajuste importante, já que isso é uma reivindicação geral em todos os serviços dos Municípios e dos hospitais. Contou, inclusive, que na semana passada, quando ele esteve em Brasília, o Ministro estava prestando informações na Comissão de Saúde da Câmara Federal sobre o momento da saúde e anunciando propostas com relação à área da saúde no Brasil. Manifestou que a relação do Estado com os Municípios tem que se fortalecer cada vez mais, porque muitas vezes o Estado pode dar um suporte importante não só no planejamento, mas tem que haver uma integração maior entre eles, também compartilhada com recursos. Comentou que o relatório da audiência, com todas as manifestações ocorridas, era muito importante, que depois irão encaminhá-lo para todas as entidades que participaram, e que a Comissão de Saúde irá sentar com o Secretário de Estado da Saúde e com o Governador, para que possam analisar o relatório e chegar a uma solução para tudo o que foi colocado na reunião. Afirmou que da parte da Comissão de Saúde vão envidar todos os esforços para extrair o máximo de encaminhamentos e para que, na prática, os encaminhamentos sejam abraçados pelo governo do Estado, lembrando que também tem que se exigir do governo federal cada vez mais investimento na área da saúde. Finalizando, agradeceu toda a equipe da Assembleia Legislativa, da Prefeitura, da Câmara de Vereadores de Taió, e a presença da comunidade, e não havendo mais nada a tratar encerrou a audiência pública [Taquígrafa-revisora: Ana Rita Moriconi de Souza.]. DEPUTADO VOLNEI MORASTONI PRESIDENTE 92 ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA – CHAPECÓ “DESCENTRALIZAÇÃO EM ALTA COMPLEXIDADE EM PEDIATRIA E A SAÚDE NA REGIÃO OESTE” 93 1ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 17ª LEGISLATURA COORDENADORIA DE TAQUIGRAFIA DAS COMISSÕES - CTC ATA TAQUIGRÁFICA COMISSÕES DE EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO EVENTO: Audiência DATA: 02/05/11 LOCAL: Chapecó pública HORA: 10h SUMÁRIO: Audiência pública para debater a descentralização em alta complexidade em pediatria e a saúde na região oeste do Estado. PRESIDENTE: Deputado Estadual Volnei Morastoni PARTICIPANTES DA MESA: Deputado Estadual Dado Cherem, membro da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa; Deputado Estadual Mauro de Nadal, membro da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa; Deputada Estadual Luciane Carminatti; Deputado Estadual Dirceu Dresch; Deputado Estadual Neodi Saretta; Deputado Estadual Padre Pedro Baldissera; Deputado Federal Pedro Uczai; senhor Eldimar Cláudio Jagnow, Secretário de Desenvolvimento Regional de Chapecó; professor Fernando Benke, representando o Reitor Aristides Cimadon, da Unoesc; senhor Severino Teixeira Filho, diretor do Hospital Regional do Oeste; senhor Marino Daga, Prefeito do Município de Águas Frias, representando os Prefeitos da região; senhora Sônia Teresinha Franzoi Bodanese, Secretária Municipal de Saúde de Vargeão, representando o Colegiado de Gestão Regional Extremo Oeste III; senhora Izelda Teresinha Oro, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Chapecó; senhor Américo do Nascimento Júnior, Secretário Municipal de Saúde de Chapecó; senhor Edgar Kramer, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar em Chapecó e Região; doutor Rajá Elias, representante do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina; senhor Nelson Foss da Silva, Prefeito de São Miguel do Oeste; senhor Erno Menzel, Prefeito de Cunhataí; senhor Alcimar de Oliveira, Prefeito de São Domingos; João Girardi, Prefeito de Concórdia; e Vilmar Foppa, Prefeito de Caxambu do Sul. REGISTRO DE PRESENÇA: Adierson Carlos Bussolaro, Prefeito de Lindóia do Sul; Alcimar de Oliveira, Prefeito de São Domingos; Alcir Luza, Secretário Municipal de Saúde de Jupiá; Ana Beatriz Sengik Saez, professora do curso de Medicina da Unochapecó; Angelin Pereira, Secretário Municipal de Saúde de Barra Bonita; Beatriz Soares, Secretária Municipal de Saúde de São Miguel do Oeste; Carlos Alberto Frozza, Secretário Municipal de Saúde de Nova Erechim; Carmem Munarini, diretora de organização do Movimento de Mulheres Camponesas de Santa Catarina; Celso Wilmer, diretor de Saúde do Município de Cunha Porã; Cleomar Weber Kuhn, Secretário Municipal de Saúde de São Carlos; Danilo Germano Rockenbach, Secretário Municipal de Saúde de Guaraciaba; Darci Cabral de Medeiros, Prefeito de Coronel Martins; Dilair Menin, Vice-Prefeito de Caibi; Egídio Gritti, Prefeito de Itá; Eliezer Comachio, Secretário Municipal de Saúde de São Domingos; Elisandra Schlindwein, Secretária Municipal de Saúde de Calmon; Elizete Esposito Vortmann, Secretária Municipal de Saúde de Paial; Erno Menzel, Prefeito de Cunhataí; Euclides da Silva, assessor do Deputado Estadual Dirceu Dresch; Evandro Agostini, coordenador do Conselho Tutelar de Caxambu do Sul; Flademir Adauto da Silva, Secretário Municipal de Saúde de Xavantina; Genir Loli, Secretário Municipal de Saúde de Lindóia do Sul; Geraldo Azzolini, apoiador técnico do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Santa Catarina (Cosems); Gilberto 94 Badalotti, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Chapecó; Gilberto da Silva, gerente de Vigilância Sanitária de São Lourenço do Oeste; Gimar Picolli, gerente de Saúde da Secretaria de Desenvolvimento Regional de Seara; Iléia Fátima Iaroszeski de Souza, Secretária Municipal de Saúde de São Miguel da Boa Vista; India Nara Turmina Santeti, Secretária Municipal de Saúde de Coronel Martins; Jacir Lírio Bonissoni, Secretário Municipal de Saúde de Ipumirim; Janir Luiz Bach, Secretário Municipal de Saúde de Santa Terezinha do Progresso; João Girardi, Prefeito de Concórdia; Jobert Peruzzo, Prefeito de Sul Brasil; José Vicente, Secretário Municipal de Saúde de Águas Frias; Juceli Stela Caovilla Alberti, Secretária Municipal de Saúde de Arvoredo; Kerstin Neli Lohmann, Secretária Municipal de Saúde de Seara; Leide Mara Bender, Secretária Municipal de Saúde de Itá e coordenadora do Colegiado de Saúde da região da Amauc; Leni Aparecida Sabei Zampieri, representando o senhor Adair José Ceron, Secretário Municipal de Saúde de Herval do Oeste; Léo Migliavaca, Secretário Municipal de Saúde de Formosa do Sul; Leoclides Corrêa Netto, Secretário Municipal de Saúde de Caxambu do Sul; Leonardo Petry, Secretário Municipal de Saúde de Arabutã; Leonora Vidal Spiller, Secretária Municipal de Saúde de Xaxim; Lisiane Thomé Rukhaber, Secretária Municipal de Saúde de Belmonte; Luana Dondé Strada, Secretária Municipal de Saúde de Pinhalzinho; Luciara Menzel, Secretária Municipal de Saúde de Cunhataí; Lucimar Bombieri, diretora de Humanização e Relacionamento da Saúde de São Lourenço do Oeste; Luiz Carlos Puntel, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Itá; Luzia Vacarin, Prefeita de Cunha Porã; Maira Tellechea da Silva, diretora da área de Ciências da Saúde da Unochapecó; Márcia Rodrigues de Lima Cattani, cooredenadora do colegiado da Amosc, do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e do Conselho Tutelar; Maria Ângela Bortoluzzi, da comissão de acompanhamento do Plano Operativo do Hospital São Paulo, em Xanxerê; Maria de Lourdes Mendes, coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Nova Itaberaba; Maria Salete Cross, tesoureira do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde de Chapecó e Região; Marli Agostini, apoiadora do Cosems de Maravilha; Mateus Tadioto, representando o senhor Gilberto João Badalotti, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Chapecó; Mauro Francisco Risso, Secretário Municipal de Saúde de Jardinópolis; Nelson Foss da Silva, Prefeito de São Miguel do Oeste; Noeli Veller Daborda, do Movimento de Mulheres Camponesas; Ones Michelin, representando a Pastoral da Saúde de Chapecó; Ovildo Moschen, diretor do Hospital de São Lourenço; Paulo Roberto Munarini; Pedro Kielb, Vice-Prefeito de Coronel Martins; Rodrigo Bet, diretor de Saúde de Planalto Alegre; Rogério Acácio Mascarello, Secretário Municipal de Saúde de Novo Horizonte; Rosalina da Silva, do Movimento de Mulheres Camponesas; Roseli Tessaro, presidente da Cooperativa de Crédito da Agricultura Familiar de Chapecó (Cresol); Sadi Baron, secretário executivo do Projeto Alto Uruguai; Sandra Bergamin, presidente da Cooperativa Alternativa da Agricultura Familiar de Chapecó e Região; Selani Inês Dorigon Bruch, Secretária Municipal de Saúde de Mondaí; Selsi Inês Weimer, diretora de Saúde de Cunha Porã; Sidnei Bellé, Secretário Municipal de Saúde de Caibi; Silvio Mocelin, presidente da Associação Hospitalar Beneficente de Pinhalzinho; Tanara Zunkowski, Secretária Municipal de Educação de Nova Erechim; Terezinha Chitolina Siviero, Secretária Municipal de Saúde de Lageado Grande; Valmir Luiz Maboni, membro da diretoria da Acanor de São Lourenço do Oete; Valmor Busnello, diretor administrativo do Hospital Regional de São Miguel do Oeste; Vereador Adilson Perazoli, da Câmara Municipal de São Lourenço do Oeste; Vereador Airton Miotto, da Câmara Municipal de Iporã do Oeste; Vereador Celso Natal Berté, da Câmara Municipal de 95 Xaxim; Vereador Daniel Rodrigo Hippler, da Câmara Municipal de São Lourenço do Oeste; Vereador Dirceu Ribeiro de Candido, Presidente da Câmara Municipal de Jupiá; Vereador Geldecir Mariani, da Câmara Municipal de Coronel Martins; Vereador Gilberto Accorsi, da Câmara Municipal de Jupiá; Vereador Itamar Agnoletto, Presidente da Câmara Municipal de Chapecó; Vereador Marcelino Chiarello, da Câmara Municipal de Chapecó; Vereador Nelson João Krombauer, da Câmara Municipal de Chapecó; Vereador Pedro João Royer, da Câmara Municipal de São Carlos; Vereador Valderi Zortéa, da Câmara Municipal de Pinhalzinho; Vereador Valmir Luiz Maboni, da Câmara Municipal de São Lourenço do Oeste; Vereadora Angela Moreira Vitória, da Câmara Municipal de Chapecó; Vereadora Verene Inez Ceolin, Presidente da Câmara Municipal de Iporã do Oeste; Vilmar Foppa, Prefeito de Caxambu do Sul; Volmir Eleandro Ceccon, VicePrefeito de Bom Jesus do Oeste; Wilson Estefen de Lima, Secretário Municipal de Saúde de Bom Jesus do Oeste. MANIFESTAÇÕES DA PLENÁRIA: Deputado Estadual Volnei Morastoni; Deputada Estadual Luciane Carminatti; Deputado Estadual Mauro de Nadal; Deputado Estadual Dirceu Dresch; Deputado Estadual Neodi Saretta; Deputado Estadual Padre Pedro Baldissera; Vereadora Angela Moreira Vitória, da Câmara Municipal de Chapecó; Sandra Bergamin, presidente da Cooperativa Alternativa da Agricultura Familiar de Chapecó e Região; Vereador Daniel Rodrigo Hippler, da Câmara Municipal de São Lourenço do Oeste; Deputado Federal Pedro Uczai; Eldimar Cláudio Jagnow, Secretário de Desenvolvimento Regional de Chapecó; Vereador Itamar Agnoletto, Presidente da Câmara Municipal de Chapecó; Noeli Veller Daborda, do Movimento de Mulheres Camponesas; Sônia Teresinha Franzoi Bodanese, Secretária Municipal de Saúde de Vargeão, representando o Colegiado de Gestão Regional Extremo Oeste III; Deputado Estadual Dado Cherem; Geraldo Azzolini, apoiador técnico do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Santa Catarina (Cosems); Izelda Teresinha Oro, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Chapecó; Américo do Nascimento Júnior, Secretário Municipal de Saúde de Chapecó; Alcimar de Oliveira, Prefeito de São Domingos; Rosalina da Silva, do Movimento de Mulheres Camponesas; Vereador Valmir Luiz Maboni, da Câmara Municipal de São Lourenço do Oeste; Paulo Roberto Munarini; Rajá Elias, representante do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina; Nelson Foss da Silva, Prefeito de São Miguel do Oeste; Euclides da Silva, assessor do Deputado Estadual Dirceu Dresch; Leide Mara Bender, Secretária Municipal de Saúde de Itá e coordenadora do Colegiado de Saúde da região da Amauc; Vereador Marcelino Chiarello, da Câmara Municipal de Chapecó; Erno Menzel, Prefeito de Cunhataí; João Girardi, Prefeito de Concórdia; Ones Michelin, representando a Pastoral da Saúde de Chapecó; Maria Ângela Bortoluzzi, da comissão de acompanhamento do Plano Operativo do Hospital São Paulo, em Xanxerê; Terezinha Chitolina Siviero, Secretária Municipal de Saúde de Lageado Grande; Valmor Busnello, diretor administrativo do Hospital Regional de São Miguel do Oeste; Marli Agostini, apoiadora do Cosems de Maravilha; Luzia Vacarin, Prefeita de Cunha Porã; Maira Tellechea da Silva, diretora da área de Ciências da Saúde da Unochapecó. ENCAMINHAMENTO: 1. Analisar os documentos entregues pelas entidades e deles retirar encaminhamentos e reivindicações, que serão levados ao governo do Estado. A partir de então, outras reuniões e debates surgirão naturalmente, de acordo com os temas propostos. 96 ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PROMOVIDA PELA COMISSÃO DE SAÚDE PARA DEBATER A DESCENTRALIZAÇÃO EM ALTA COMPLEXIDADE EM PEDIATRIA E A SAÚDE NA REGIÃO OESTE DO ESTADO, REALIZADA NO DIA 02 DE MAIO DE 2011, ÀS 10H, EM CHAPECÓ. Aos dois dias do mês de maio de 2011, às 10 horas, realizou-se no Auditório da Unoesc, em Chapecó, audiência pública com o objetivo de debater a descentralização em alta complexidade em pediatria, proposta pelo Deputado Estadual Luiz Eduardo Cherem, e a saúde na região oeste do Estado, proposta pela Deputada Estadual Luciane Carminatti. A audiência foi presidida pelo senhor Deputado Estadual Volnei Morastoni, Presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, abriu a audiência pública e convidou para compor a mesa as seguintes autoridades: Deputado Estadual Dado Cherem, membro da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa; Deputado Estadual Mauro de Nadal, membro da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa; Deputada Estadual Luciane Carminatti; Deputado Estadual Dirceu Dresch; Deputado Estadual Neodi Saretta; Deputado Estadual Padre Pedro Baldissera; Deputado Federal Pedro Uczai; senhor Eldimar Cláudio Jagnow, Secretário de Desenvolvimento Regional de Chapecó; professor Fernando Benke, representando o Reitor Aristides Cimadon, da Unoesc; senhor Severino Teixeira Filho, diretor do Hospital Regional do Oeste; senhor Marino Daga, Prefeito do Município de Águas Frias, representando os Prefeitos da região; senhora Sônia Teresinha Franzoi Bodanese, Secretária Municipal de Saúde de Vargeão, representando o Colegiado de Gestão Regional Extremo Oeste III; senhora Izelda Teresinha Oro, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Chapecó; senhor Américo do Nascimento Júnior, Secretário Municipal de Saúde de Chapecó; senhor Edgar Kramer, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar em Chapecó e Região; doutor Rajá Elias, representante do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina. Ato contínuo, justificou a ausência do senhor Walter Gomes, representante do senhor Dalmo Claro de Oliveira, Secretário de Estado da Saúde, devido à falta de teto no aeroporto. Explicou que a audiência por ele presidida faz parte de uma série de audiências que estão sendo realizadas em todo o Estado para discutir a descentralização em alta complexidade em Pediatria e, aproveitando o debate, abriu-se para uma discussão mais ampla acerca da saúde em geral. Afirmou que a descentralização é importante na saúde e em todas as áreas, para que os serviços e os profissionais não fiquem concentrados apenas em Florianópolis, Grande Florianópolis e Joinville, complementando que, atualmente, aproximadamente 70% dos médicos atua nessas regiões. Avisou que a descentralização já avançou em diversos aspectos, principalmente no atendimento a adultos, mas que ainda deixa muito a desejar no que se refere ao atendimento a crianças, especialmente em quatro grandes áreas de alta complexidade: a oncologia pediátrica, a neurocirurgia pediátrica, a cirurgia cardíaca pediátrica e a ortopedia pediátrica. Reiterou que pretende aproveitar o debate para abordar a saúde como um todo, envolvendo as questões dos hospitais regionais e municipais, e lembrou de outro fórum criado na Assembleia e presidido pelo Deputado Estadual Mauro de Nadal, justamente para analisar a situação dos pequenos hospitais no Estado. Considerou que os problemas dos grandes hospitais jamais serão resolvidos se, antes, não forem sanados os problemas dos pequenos hospitais. Citou hospitais no Estado que já estão terceirizados, como o Hospital Regional de Chapecó, e falou do problema da atenção básica nos pequenos hospitais municipais, que enfrentam sobrecarga na emergência, questionando a estratégia de saúde no Estado. Estabeleceu o andamento dos trabalhos, determinando o tempo de 97 manifestação de cada participante, e pediu aos que estavam na posse de documentos que os encaminhassem à mesa de trabalhos para serem anexados ao relatório da Comissão. Em seguida, passou a palavra à senhora Deputada Estadual Luciane Carminatti, que saudou os presentes e disse que o objetivo da audiência também é abrir o debate da saúde como um todo. Para tanto, informou que a região oeste catarinense é composta por 124 Municípios distribuídos em oito microrregiões, possuindo hospitais públicos regionais, hospitais municipais, serviços da iniciativa privada e universidades públicas e privadas com cursos na área da saúde. Citou a Constituição Federal, que garante o acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde e enfoca a descentralização, o atendimento integral e a participação da comunidade. Alertou para o fato de que a área da saúde enfrenta muitos problemas na região oeste, comentando que em uma viagem apenas que fez a Florianópolis pôde contar 25 ambulâncias na estrada, deslocando-se até lá. Avisou que 57% dos profissionais contratados pelo Estado estão alocados em Florianópolis e em torno de 16% em Joinville, restando, portanto, cerca de 30% para atender o resto de Santa Catarina. Explicitou que isso tudo demonstra a má distribuição dos recursos, a centralidade da saúde e seu uso político partidário em detrimento de um uso técnico, baseado em indicadores e necessidades, sem dar enfoque à Constituição e ao princípio de distribuição igualitária da saúde como um todo. Falou que das treze promessas levantadas pelo governo atual, quatro referem-se a ações na região da Grande Florianópolis, demonstrando, mais uma vez, problemas de centralização, fato inclusive reportado em matéria do Diário Catarinense do dia 1º de maio. Relatou grandes necessidades da região oeste de Santa Catarina, tais como: discutir a relação dos hospitais estatais; construir hospitais de referência em alta complexidade; ter uma policlínica especializada a cada cem mil habitantes, segundo palavras do próprio Governador; e ninguém a mais de uma hora de carro de um grande hospital, também segundo palavras do Governador do Estado, relatadas em matéria do Diário Catarinense do dia 1º de maio. Expôs que o grande desafio da audiência pública em curso é apontar a direção a ser tomada para que se olhe o Estado como um todo, com critérios técnicos e indicadores, distribuindo especialidades e serviços nas diferentes regiões. Perguntou por que os moradores da região oeste do Estado precisavam deslocar-se até Florianópolis para serem atendidos, e por que não tem sido possível descentralizar serviços e ter os hospitais municipais com mais atendimentos, com mais cirurgias eletivas e com mais procedimentos nos próprios Municípios. Alertou para a necessidade de haver políticas para que os hospitais municipais recebam recursos de acordo com sua demanda e potencial, e também para que cumpram metas e indicadores. Falou que o Hospital Regional de Chapecó precisa ter sua estrutura física ampliada, com mais equipamentos e pessoal, informando que ele atende 76 Municípios e que foi construído em 1986. Avisou que não houve qualquer ampliação desde então, e enumerou o que é preciso ser aprimorado: mais serviços de oncologia pediátrica, bem como serviços cardiovasculares e de transplantes de órgãos; mais leitos psiquiátricos e espaço para dependentes químicos; política de RH para os centros de alta complexidade em oncologia; política para os profissionais que atendem no Samu, discutindo a relação emergência, urgência, Samu e Corpo de Bombeiros; política de redução de filas de cirurgias eletivas; e política de Estado para enfocar a saúde de todos aqueles que trabalham na área da saúde, pois estão ficando doentes. Observou que no grande oeste catarinense a economia é baseada na agroindústria e voltada à agricultura familiar, fazendo menção a muitos casos que têm surgido de agricultores com câncer, sendo que o Estado não produz ciência e não faz pesquisas que indiquem o uso do agrotóxico como um dos prováveis agentes causadores da doença. Apontou tal discussão como uma necessidade premente da região oeste do Estado. Concluiu afirmando que gostaria que todas as lideranças se manifestassem para que fossem levantadas as dificuldades das Prefeituras e dos usuários do 98 sistema, em busca de uma saúde de melhor qualidade para todos. Em seguida, o senhor Presidente aproveitou a oportunidade para agradecer ao serviço de assessoramento da Assembleia Legislativa, explicando que todas as manifestações estavam sendo registradas para sua posterior compilação em um relatório contendo todos os encaminhamentos a serem enviados ao Secretário Estadual da Saúde e ao próprio Governador. Ato contínuo, passou a palavra ao senhor Deputado Estadual Mauro de Nadal, membro da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, que saudou todos e disse que o tema saúde traz grande sensibilidade a todos, tanto comunidade em geral como administradores de Municípios e de unidades hospitalares, pois todos gostariam de ter um modelo de excelência no que se refere à área. Analisou, entretanto, que tudo isso é um processo de construção, pois o modelo de saúde que se pretende obter no Estado ainda precisa ser aprimorado, adiantando que tal construção passa, obrigatoriamente, pela discussão. Nesse sentido, enfatizou que a Comissão de Saúde do Parlamento catarinense saiu na frente, pois está permitindo que a sociedade venha sugerir proposições sobre o que espera para a saúde no Estado. Observou que há diversos problemas pontuais, sendo que o maior deles é o excesso de pacientes encaminhados do interior do Estado para Florianópolis em busca de tratamento para suas enfermidades, fazendo com que os leitos não sejam suficientes para atender toda a demanda existente. Avisou que propuseram, na Assembleia Legislativa, a criação do Fórum Parlamentar Catarinense para entender a situação dos hospitais nos pequenos Municípios, analisando que, dessa forma, contribuirão bastante para o processo de descentralização da saúde, pois poderão utilizar a estrutura já existente e criar um projeto viável para o Estado. Dito isso, despediu-se de todos anunciando que o objetivo maior da audiência pública é ouvir a população para, ao final, fazer os encaminhamentos que serão enviados ao governo do Estado e, quiçá, ao governo federal. Prosseguindo, o senhor Presidente convidou para compor a mesa o senhor Nelson Foss da Silva, Prefeito de São Miguel do Oeste; o senhor Erno Menzel, Prefeito de Cunhataí; o senhor Alcimar de Oliveira, Prefeito de São Domingos; João Girardi, Prefeito de Concórdia; e Vilmar Foppa, Prefeito de Caxambu do Sul. Registrou, ainda, a presença da senhora Terezinha Chitolina Siviero, Secretária Municipal de Saúde de Lageado Grande; da senhora Luana Dondé Strada, Secretária Municipal de Saúde de Pinhalzinho; do senhor Jobert Peruzzo, Prefeito de Sul Brasil; do senhor Adierson Carlos Bussolaro, Prefeito de Lindóia do Sul; do senhor Egídio Gritti, Prefeito de Itá;do senhor Dilair Menin, Vice-Prefeito de Caibi; do senhor Volmir Eleandro Ceccon, Vice-Prefeito de Bom Jesus do Oeste; da Vereadora Angela Moreira Vitória, da Câmara Municipal de Chapecó; do Vereador Valderi Zortéa, da Câmara Municipal de Pinhalzinho; do Vereador Nelson João Krombauer, da Câmara Municipal de Chapecó; do Vereador Itamar Agnoletto, Presidente da Câmara Municipal de Chapecó e presidente da União dos Vereadores de Santa Catarina (Uvesc). Na sequência, fez uso da palavra o senhor Deputado Estadual Dirceu Dresch, que cumprimentou os presentes e aproveitou o momento para afirmar que a saúde começa na família, na comunidade, nos Municípios. Disse que lida com agricultura familiar e produção de alimentos, complementando que há grandes desafios pela frente e que é preciso avançar na área preventiva, inclusive de formação e capacitação, salientando que não se pode discutir somente a parte curativa da saúde. Falou que tanto o alimento consumido quanto a forma como é consumido geram doenças, elencando como nocivos o alto índice de agrotóxicos na produção de alimentos, a transgenia dos alimentos e o modo de vida das pessoas, que vivem doentes, estressadas e com pouco lazer. Frisou que essa questão é fundamental e precisa ser discutida no serviço público, com urgência. Com relação ao tratamento local, avaliou que muitas vezes aquilo que pode ser tratado nos Municípios acaba indo para a microrregião ou para hospitais regionais, sendo esse outro grande desafio do tratamento curativo. Considerou que o problema 99 não está na falta de hospitais, mas em suas condições de atendimento e na qualificação dos profissionais contratados. Citou o caso verídico de um agricultor que chegou a seu gabinete pedindo ajuda, pois seu médico lhe havia pedido R$ 30 mil para fazer uma cirurgia, e disse que essa é uma situação absurda para uma pessoa que mal tem dinheiro para sobreviver. Em contrapartida, contou que um médico custa ao Município cerca de R$25 mil para ficar no posto de saúde em tempo integral, analisando que isso também está fora da realidade dos pequenos Municípios. Reiterou que o debate da saúde é muito complexo e amplo, mas precisa haver iniciativa para resolver tudo o que está sendo cobrado. Parabenizou a Comissão de Saúde pelo trabalho, externando que o oeste de Santa Catarina precisa urgentemente de mais investimentos e que o Estado não cumpriu a aplicação do orçamento no último período. Falou que estão na luta pela Emenda 29 e despediu-se frisando que se não fizerem um grande trabalho formativo preventivo não haverá futuro para as crianças. O senhor Presidente registrou a presença do Vereador Adilson Perazoli, da Câmara Municipal de São Lourenço do Oeste; do Vereador Celso Natal Berté, da Câmara Municipal de Xaxim; do Vereador Marcelino Chiarello, da Câmara Municipal de Chapecó; da senhora Kerstin Neli Lohmann, Secretária Municipal de Saúde de Seara; do senhor Carlos Alberto Frozza, Secretário Municipal de Saúde de Nova Erechim; da senhora Leide Mara Bender, Secretária Municipal de Saúde de Itá e coordenadora do Colegiado de Saúde da região da Amauc; do senhor Leoclides Corrêa Netto, Secretário Municipal de Saúde de Caxambu do Sul; do senhor Genir Loli, Secretário Municipal de Saúde de Lindóia do Sul; do senhor Eliezer Comachio, Secretário Municipal de Saúde de São Domingos; e da senhora Lisiane Thomé Rukhaber, Secretária Municipal de Saúde de Belmonte. Em seguida, a palavra foi passada ao senhor Deputado Estadual Neodi Saretta, que saudou todos e disse que o debate é fundamental, sendo que uma das grandes questões a serem discutidas é a de como financiar a saúde. Explicou que já se foi o tempo em que os limites constitucionais de financiamento eram suficientes, avisando que a grande maioria dos Municípios já ampliou de forma significativa seu limite de 15%. Citou a discussão, em nível nacional, da importância da regulamentação da Emenda 29. Mencionou os hospitais regionais e expôs a questão dos hospitais municipais que acabam exercendo funções de regionais, como o Hospital São Francisco, localizado em Concórdia, que atende pacientes de todo o entorno da cidade. Afirmou que esses hospitais precisam receber maior atenção e que tem que se achar um meio para garantir que as diversas especialidades possam ir para os hospitais do interior do Estado. [Taquígrafa-Revisora: Carla Greco Granato] Disse que o problema do deslocamento do doente é ocasionado pela falta das especialidades. Falou sobre o credenciamento do SUS, citando locais com atendimento de excelência em oncologia, mas sem credenciamento. Afirmou que têm que se achar mecanismos para resolver o problema do credenciamento, do financiamento para a saúde, do incentivo para os profissionais das diversas especialidades e dos equipamentos de ponta para os hospitais. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, comunica que as falas serão intercaladas entre os componentes da mesa e os participantes da plenária. Dando continuidade, registra a presença do senhor Angelin Pereira, Secretário Municipal de Saúde de Barra Bonita; do senhor Danilo Germano Rockenbach, Secretário Municipal de Saúde de Guaraciaba; do senhor Gimar Picolli, gerente de Saúde da Secretaria de Desenvolvimento Regional de Seara; da senhora Tanara Zunkowski, Secretária Municipal de Educação de Nova Erechim; da senhora Luciara Menzel, Secretária Municipal de Saúde de Cunhataí; do senhor Sidnei Bellé, Secretário Municipal de Saúde de Caibi; do senhor Léo Migliavaca, Secretário Municipal de Saúde de Formosa do Sul; do senhor Mauro Francisco Risso, Secretário Municipal de Saúde de Jardinópolis; do senhor Flademir Adauto da Silva, Secretário Municipal de Saúde de Xavantina; do senhor Jacir Lírio Bonissoni, Secretário Municipal de 100 Saúde de Ipumirim; e da senhora Luzia Vacarin, Prefeita de Cunha Porã. Em seguida, passou a palavra ao senhor Deputado Estadual Pedro Baldissera, que cumprimentou todos e elogiou a Comissão de Saúde pela realização da audiência pública que percorre o Estado, ouvindo e acolhendo as muitas demandas da população; que muitas delas irão avançar, que outras serão um desafio no que diz respeito à saúde. Disse saber da importância dos hospitais e que os mesmos não conseguem dar conta de toda a demanda; que sabe da correria dos Municípios para levar seus doentes para outras regiões; que o grande gargalo é a necessidade das diferentes especialidades da medicina nas regiões a fim de atender todas as demandas. Afirmou que os recursos são escassos e que conversou com o Deputado Estadual Dado Cheren, antes da reunião, e viram da necessidade de disponibilizar mais dinheiro para melhor atender as demandas; que o Tribunal de Contas, já há dois, três anos, vem apontando, devido à própria legislação, que está desobrigado a investir os 12% na saúde e os 25% na educação; que o Tribunal de Contas apontou que de 1995 a 2009 tem deixado de investir R$ 110 milhões na saúde e R$ 235 milhões na educação; que estes recursos poderiam estar ajudando a ampliar o número de especialidades oferecidas nos Municípios do interior catarinense. Contou que ele e o ex-Deputado Estadual Décio Góes, no ano passado, entraram na Assembleia Legislativa com um projeto pedindo a desvinculação desses recursos; que desarquivaram o projeto e que agora está tramitando. Almejou que a Comissão de Saúde, nas audiências públicas que estão sendo realizadas, pudesse apontar também esse assunto para que, através da aprovação do projeto de lei, pudessem ter mais recursos para as áreas da saúde e da educação. Desejou a todos uma boa audiência e que dela possam apontar as principais demandas para levá-las ao governo do Estado e ao governo federal a fim de que a população do interior do Estado seja melhor atendida. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, passou a palavra à senhora Vereadora Ângela Moreira Vitória, da Câmara Municipal de Chapecó. A senhora Vereadora Ângela Moreira Vitória, de Chapecó, cumprimentou todos e disse da alegria que a Assembleia Legislativa proporciona com a oportunidade da audiência pública; que o principal desafio é identificar em qual ponto do processo de construção do Sistema Único de Saúde já chegaram ao oeste catarinense e para aonde ainda precisa avançar. Questionou uma fala, que disse ser muito comum em alguns gestores da saúde, no sentido de que quanto mais se abre portas para oferecer consulta médica, mais a população vai consultar e que, de certa forma, não adianta ampliar serviços porque a população vai estar sempre insatisfeita, que isso vai ser sempre insuficiente. Contrapôs-se a tal fala e disse que a mesma não é verdadeira; que têm diversos pesquisadores na área de gestão de saúde e que estão cada vez mais se aproximando dos critérios que dizem o que é necessidade real de saúde. Contou que têm uma Portaria de 2001 do Ministério da Saúde que diz que o ideal é que a rede básica de saúde ofereça 2,34 consultas por habitantes por ano; que em Chapecó são oferecidas duas; que ainda é insuficiente porque as filas continuam nas unidades de saúde, inclusive no Hospital Regional. Acredita que estão no ponto próximo de atender a demanda; que têm que lançar o desafio e resolver o problema. Afirmou que não é verdadeira a afirmação de que os problemas na saúde são insolúveis. Lembrou que quando o Deputado Federal Pedro Uczai era Prefeito de Chapecó tinham problemas nos exames básicos; que isso foi resolvido naquele momento quando foi ampliado o laboratório público municipal; que isso aconteceu porque existiu um estudo de demanda dizendo o que é necessário e o Poder Público implantou; que os outros problemas de demanda na área da saúde têm que ser tratado da mesma forma a fim de resolvê-los. Disse que a fila não é ruim para todo mundo porque aquele profissional, cujo exemplo foi dado pelo Deputado Dirceu Dresch, que cobrou R$ 30 mil por uma cirurgia, não cobraria se não existissem filas pelo SUS; que se a demanda fosse atendida pelo SUS esses problemas diminuiriam cada vez 101 mais. Afirmou que os políticos do País, os representantes das Secretarias Municipais da Saúde, bem como os representantes de várias entidades ligadas à saúde têm que tentar resolver os problemas nessa área; que uma das soluções é ampliar as especialidades no Hospital Regional do Oeste; que existem dificuldades na gestão daquele hospital; que reduziram a pesquisa com os prontuários a uma por ano; que isso não é política da direção do hospital; que dentro do Hospital existem espaços de micro poder que acabam tomando decisões que não passam pela direção do mesmo; que os problemas da gestão do Hospital Regional, no momento, podem acabar sendo transferidos para a gestão do Hospital Materno Infantil. Disse saber que existem alternativas para a gestão do Hospital Materno Infantil no sentido de que não seja apenas a mesma equipe que faz a gestão do Hospital Regional; que a Unochapecó se qualificou para fazer a gestão do Hospital Materno Infantil. Alegou que o Estado precisa tomar mais cuidado com relação à política de recursos humanos nos centros de alta complexidade, como no Samu, que tem deixado a desejar e tem estimulado a alta rotatividade dos profissionais e com isso ocasionando a falta de continuidade dos programas, perdendo assim a qualidade. Dando seguimento, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, registrou a presença do senhor Vereador Pedro João Royer, de São Carlos; da senhora Juceli Stela Caovilla Alberti, Secretária Municipal de Saúde de Arvoredo; do senhor José Vicente, Secretário Municipal de Saúde de Águas Frias; do senhor Leonardo Petry, Secretário Municipal de Saúde de Arabutã; da senhora Leonora Vidal Spiller, Secretária Municipal de Saúde de Xaxim; do senhor Wilson Estefen de Lima, Secretário Municipal de Saúde de Bom Jesus do Oeste e do senhor Rogério Acácio Mascarello, Secretário Municipal de Saúde de Novo Horizonte. Feito os registros, passou a palavra à senhora Sandra Bergamin, da Cooperativa Familiar de Cordilheira Alta, que cumprimentou todos e agradeceu a oportunidade de a população estar opinando sobre a saúde, pois que é muito importante para a região oeste. Levantou os seguintes pontos: a importância de aprimorar e melhorar a saúde preventiva nos Municípios; a existência de Conselhos Municipais de Saúde nos Municípios onde não existem esses Conselhos, visto que é um espaço importante para a população opinar e ajudar a construir a saúde pública dentro deles; a formação de novos profissionais comprometidos com a saúde pública, por isso é fundamental a Universidade Federal estar também na região oeste; o investimento de 12% a 15% na saúde pública no Estado; a descentralização, a especificação e a qualificação no atendimento. Sobre esse último item disse que deve ser uma meta a ser cumprida na região oeste, porque é desumano levar doentes até à capital do Estado e que é inadmissível o Hospital Regional do Oeste não ser capaz de cumprir com o seu papel e resolver os problemas de saúde. Afirmou que a saúde em Chapecó está deixando muito a desejar; que em reuniões nas comunidades os agricultores e a população em geral têm reclamado muito e que o Hospital Regional está sobrecarregado. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, passou a palavra ao senhor Vereador Daniel Rodrigo Hippler, de São Lourenço do Oeste, que cumprimentou todos e disse acreditar que o SUS foi criado para atender os mais carentes; que nos dias atuais vê-se muitas pessoas que podem pagar uma consulta usando o SUS. Pergunta aos Deputados Federais se não existe uma maneira de fazer um levantamento de dados para saber se alguma pessoa da família, que tenha um poder aquisitivo maior, possa ajudar o SUS contribuindo financeiramente para consultas ou cirurgias, porque caso contrário vai aumentar mais o número de consultas e de cirurgias e o sistema público vai ficar cada vez mais deficiente. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, registrou a presença da senhora Elizete Esposito Vortmann, Secretária Municipal de Saúde de Paial; da senhora Leni Aparecida Sabei Zampieri, representando o senhor Adair José Ceron, Secretário Municipal de Saúde de Herval do Oeste; do senhor Geraldo Azzolini, apoiador técnico do 102 Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Santa Catarina (Cosems); do senhor Luiz Carlos Puntel, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Itá e do senhor Mateus Tadioto, representando o senhor Gilberto João Badalotti, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Chapecó. Passou a palavra, em seguida, ao Deputado Federal Pedro Uczai, que cumprimentou todos e parabenizou as autoridades pela audiência. Afirmou que a saúde tem que ser um direito e que sendo um direito é obrigação do Estado concedê-la. Respondeu a questão feita pelo Vereador Daniel Rodrigo Hippler sobre o SUS, dizendo que se pode fazer dois cortes, sendo um corte sócio-econômico; que essa é uma maneira de se pensar política pública. Explanou sobre o SUS, dizendo ser um direito universal e que todos devem ser atendidos gratuitamente. Desejou saber o diagnóstico da saúde nos Municípios; que visitou Guaraciaba, Caxambu, Descanso, Maravilha e viu que tem leito de UTI sem uso; que gostaria de saber como está a situação desses hospitais e qual sua a relação entre média e alta complexidade. Sobre o financiamento, falou que se deve tirar um documento para regulamentar a PEC 29, dizendo ser solidário à ampliação do financiamento na saúde. Disse que as audiências também devem tomar uma posição política nesse sentido, para ampliar o financiamento no País. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, em seguida registrou a presença do senhor Ovildo Moschen, diretor do Hospital de São Lourenço; do senhor Silvio Mocelin, presidente da Associação Hospitalar Beneficente de Pinhalzinho; da senhora Maira Tellechea da Silva, diretora da área de Ciências da Saúde da Unochapecó; da senhora Ana Beatriz Sengik Saez, professora do curso de Medicina da Unochapecó; da senhora Maria de Lourdes Mendes, coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Nova Itaberaba. Feito isso, passou a palavra ao senhor Eldimar Cláudio Jagnow, Secretário de Desenvolvimento Regional de Chapecó, que saudou todos os presentes e disse estar feliz em poder participar da audiência pública como também porque os Deputados tiraram seu tempo para visitar o Hospital Regional, hoje administrado pela Associação Hospitalar Leonir de Vagas Ferreira. Cumprimentou o diretor daquela Associação, senhor Rajá Elias, bem como o diretor executivo, senhor Severino Teixeira da Silva Filho. Demonstrou-se satisfeito em dizer que o primeiro convênio que assinou, frente à Secretaria, foi a renovação do convênio quanto a Associação Hospitalar Leonir de Vargas Ferreira; que é um convênio que o governo está mantendo em dia e que agora estão dando mais avanços junto àquele hospital, entregando mais seis leitos na UTI. Adiantou que estão no trabalho, junto com a Secretaria Municipal de Saúde e com a Associação Hospitalar, para o devido credenciamento; que tem a palavra do Secretário de Estado que já está articulando essa questão a fim de colocar, de imediato, à disposição da região o credenciamento junto ao SUS; que esse documento já está sendo acompanhado. Falou que numa parceria entre o governo do Estado e a Secretaria Municipal da Saúde, haverá a abertura do Hospital Materno Infantil no dia 16 de maio; que precisam trabalhar muito para dar o incremento àquele hospital e que foi feito um grande acerto para que a Associação Leonir de Vargas Ferreira administre o Hospital Materno Infantil. Contou que, conversando com o Deputado Estadual Padre Pedro Baldissera, perceberam que a saúde, bem como os hospitais, nos Municípios, precisa de atenção especial. Comunicou que estará sempre atento a essa questão e colocou-se à disposição. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, passou a palavra ao senhor Vereador Itamar Agnoletto, Presidente da Câmara Municipal de Chapecó, que saudou todos e manifestou, em nome da União dos Vereadores do Estado de Santa Catarina, preocupação com relação ao transporte das pessoas doentes para Florianópolis. Solicitou que os Deputados continuassem tomando uma atitude em relação a isso. Contou que em uma viagem a Rio do Sul percebeu o mau estado dos veículos que fazem esse transporte; que estavam sem condições de uso. Desejou, em nome da União dos Vereadores do Estado, que os Deputados, 103 através da Comissão de Saúde, da Assembleia Legislativa, fiscalizem as Secretarias Municipais através dos Prefeitos, para que cuidem do transporte dessas pessoas. Parabenizou a iniciativa da Comissão de Saúde por estarem realizando audiências públicas tratando sobre esse assunto em diversos Municípios. Pede a participação dos Vereadores nas audiências. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, registrou a presença da senhora Sandra Bergamin, presidente da Cooperativa Alternativa da Agricultura Familiar de Chapecó e Região; da senhora Elisandra Schlindwein, Secretária Municipal de Saúde de Calmon e do senhor Sadi Baron, secretário executivo do Projeto Alto Uruguai. Em seguida passou a palavra à senhora Noeli Veller Daborda, do Movimento de Mulheres Camponesas, que cumprimentou todos e disse que vem do Município de Tunápolis e concordou com vários discursos proferidos pela manhã, principalmente sobre a descentralização e sobre os atendimentos especializados. Manifestou preocupação com relação ao modelo de agricultura e de sociedade que se vive hoje devido ao uso intensivo dos agrotóxicos e dos venenos nos alimentos; que esse debate é de é fundamental importância. Alegou ser necessário a pesquisa na busca das causas das doenças; que saúde é também ter água potável, alimentação e ambiente saudáveis para se viver; que saúde engloba muita coisa. Frisou que a preocupação do Movimento de Mulheres Camponesas é sobre a forma como os alimentos estão sendo produzidos e o que eles estão causando para a saúde da população. Afirmou que o grande índice de morte é causado pelo câncer provocado pelo agrotóxico. Disse ser urgente haver pesquisas e estudos sobre as causas das doenças no Estado catarinense, bem como um atendimento mais humanizado. [Taquigrafa-revidora: Iwana Lúcia Lentz] O senhor Presidente, passou a palavra à senhora Sônia Teresinha Franzoi Bodanese, Secretária Municipal de Saúde de Vargeão, representando o Colegiado de Gestão Regional Extremo Oeste III, que saudou todos e se apresentou como representante de um grupo de Secretários de Saúde de vinte e um Municípios que formularam um documento - que foi entregue às autoridades presentes - o qual pedia empenho da classe política em relação às questões da Saúde, além de apresentar problemas e propor solução às questões da Saúde no Estado. Lembrou que existe a instância do Cosems, Conselho de Secretários Municipais de Saúde, que se reúne mensalmente, pedindo que a Alesc participasse das reuniões deste Conselho, pois estaria assim mais informada sobre os problemas da Saúde em Santa Catarina. Comentou sobre um grave problema que aflige aquela região: a falta de médicos pediatras, em todas as especialidades desta modalidade médica, além da falta de leitos especializados, direcionados a crianças. Reclamou da longa espera por consultas e procedimentos cirúrgicos, afirmando que algumas cirurgias levam até três anos para serem realizadas, o que é um tempo de espera absurdo. Citou que a criação de uma Policlínica de Especialidades Regionais seria um passo importante no sentido de resolver os problemas da Saúde da região, afirmando que o grande vazio na atividade médica em Santa Catarina é a medicina de média complexidade, e não a medicina de alta complexidade tampouco a atenção básica. Neste momento o Deputado Estadual Dado Cherem questionou à senhora Sônia Teresinha Franzoi Bodanese se havia médicos otorrinolaringologistas suficientes atendendo pelo SUS na região, e esta afirmou que não, dizendo que houve um mutirão de cirurgias, realizado em São Lourenço do Oeste, realizado por uma equipe de Curitiba, e que esta ação tem resolvido o problema de alguns pacientes. Concluindo, disse que a tabela do SUS, que estabelece o valor de R$ 11,00 por consulta especializada, deve ser revista, pois um valor tão baixo não valoriza e nem atrai médicos ao Sistema Único de Saúde, enfatizando que deve ser aumentado o custeio da atividade médica, valorizando o trabalho dos profissionais da Saúde. O senhor Presidente, passou a palavra ao senhor Geraldo Azzolini, apoiador técnico do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Santa Catarina (Cosems), que afirmou ser importante 104 que todas as autoridades políticas tenham em mente qual é o modelo de Saúde ideal a ser implantado e seguido no País, Estados e Municípios, afirmando que há uma confusão muito grande neste sentido, pois existem opiniões diversas a respeito do tema e muita politicagem, havendo a necessidade de uma unificação de esforços. Comentou também a necessidade de implantação de uma política de Estado estratégica por parte da classe política representativa, o que acarretará na melhoria dos serviços prestados pela saúde pública no Brasil e em Santa Catarina. Na questão dos setores de urgência e de emergência, afirmou que a grande maioria dos profissionais que atuam nesta área tem feito um bom trabalho, mas que a falta de recursos impossibilita um atendimento mais eficiente, dizendo que a imprensa denuncia estes profissionais e os serviços prestados sem ter conhecimento desta carência de recursos. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, registrou a presença de Selani Inês Dorigon Bruch, Secretária Municipal de Saúde de Mondaí; Alcir Luza, Secretário Municipal de Saúde de Jupiá; Beatriz Soares, Secretária Municipal de Saúde de São Miguel do Oeste; Pedro Kielb, Vice-Prefeito de Coronel Martins e de Darci Cabral de Medeiros, Prefeito de Coronel Martins. Passou a palavra à senhora Izelda Teresinha Oro, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Chapecó, que agradeceu ao Secretário Municipal de Saúde de Chapecó, por este ser um gestor que não interfere no Conselho Municipal de Saúde, pois assim os conselheiros podem trabalhar e discutir as questões da Saúde, propondo que em todos os Municípios do Estado ocorra a mesma coisa, pois em outros Municípios há uma alienação dos Conselheiros Municipais de Saúde. Afirmou que os trabalhadores não estão sendo bem atendidos, pois os profissionais da Saúde não têm interesse na saúde do trabalhador e que estes merecem um tratamento mais digno, pois o País deve continuar crescendo. Disse que a Saúde não pode ser tratada como um comércio, mas sim como um serviço público, prestando um atendimento adequado e sem distinções quaisquer. Comentou sobre a questão da oncologia pediátrica no Município de Chapecó, afirmando que há falta de profissionais desta especialidade na região, dizendo que esta falta deve ser suprida, pois muitas mães precisam ir até Florianópolis para serem atendidas, e isso dificulta a vida destas pessoas. Concluindo, afirmou que os médicos formados pelas universidades públicas devem atuar no serviço público, pois muitos se formam no ensino público e depois optam por atuarem no setor privado, pois este é muito mais lucrativo. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, registrou a presença de: Vereador Gilberto Accorsi, da Câmara Municipal de Jupiá e do Vereador Dirceu Ribeiro de Candido, Presidente da Câmara Municipal de Jupiá. Passou a palavra ao senhor Américo do Nascimento Júnior, Secretário Municipal de Saúde de Chapecó, que afirmou que todas as autoridades presentes sabiam das dificuldades enfrentadas pela Saúde em Santa Catarina, citando que Chapecó era um exemplo disso. Comentou sobre a superlotação dos hospitais daquela cidade, pois havia muitas pessoas – provenientes dos mais diversos Municípios – procurando os serviços de saúde do Município e que a descentralização da Saúde seria o caminho para a solução deste problema. Lembrou que o Hospital Regional de Chapecó atende a mais de cem Municípios e que a política pública deve ser fortalecida, chamando os gestores e entes que trabalham a questão da saúde ao desafio de qualificar e resolver os problemas do setor, afirmando que a Prefeitura de Chapecó, a Universidade de Chapecó, as associações regionais e a população estão lutando por isso e que devem permanecer unidas neste intuito. O senhor Presidente, registrou a presença de Gilberto João Badalotti, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Chapecó; Maria Salete Cross, tesoureira do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde de Chapecó e Região e do Vereador Geldecir Mariani, da Câmara Municipal de Coronel Martins. Passou a palavra ao senhor Alcimar de Oliveira, Prefeito de São Domingos, que disse que estava preocupado com o tema da saúde, pois vinha há muito tempo ouvindo os problemas e as angústias da 105 população da região que procura os serviços da saúde pública, dizendo que isto era fruto da ausência por parte do Governo do Estado, nas áreas de média e alta complexidade em saúde. Afirmou que a população procura os postos de atendimento e que os Secretários de Saúde têm feito esforços grandiosos no sentido de prestar o atendimento necessário, mas que as dificuldades são muitas, dando como exemplo a dificuldade de se manter os médicos nas cidades pequenas, pois a maioria prefere atuar nas grandes cidades. Pediu às autoridades que dessem atenção ao relatório produzido pelos Secretários Regionais do Oeste, pois ali estava o testemunho das pessoas que realmente vivenciavam as realidades da região. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, registrou a presença de: India Nara Turmina Santeti, Secretária Municipal de Saúde de Coronel Martins; Iléia Fátima Iaroszeski de Souza, Secretária Municipal de Saúde de São Miguel da Boa Vista; Cleomar Weber Kuhn, Secretário Municipal de Saúde de São Carlos; Janir Luiz Bach, Secretário Municipal de Saúde de Santa Terezinha do Progresso e de Lucimar Bombieri, diretora de Humanização e Relacionamento da Saúde de São Lourenço do Oeste. Passou a palavra à senhora Rosalina da Silva, do Movimento de Mulheres Camponesas, que disse que a saúde deve ser tratada de maneira ampla e geral, havendo a necessidade do seu resgate integral, afirmando que tem observado - tanto nas cidades quanto nas propriedades rurais - a questão de não haver uma alimentação saudável por parte da população e nem a produção de alimentos de qualidade, tampouco um investimento no cultivo de plantas medicinais, afirmando que estas seriam medidas preventivas necessárias à saúde da população. Contou que há um projeto, intitulado Plantando Saúde, e que desde 2007 está a espera de recursos para implementar este projeto, mas que até agora o Governo Estadual não enviou esses recursos. O senhor Presidente, passou a palavra ao senhor Vereador Valmir Luiz Maboni, da Câmara Municipal de São Lourenço do Oeste, que saudou todos e falou da possibilidade de Chapecó construir um hospital municipal para atender à população da região, desafogando o Hospital Regional e prestando um melhor atendimento à população. Pediu que fossem feitos maiores investimentos nos hospitais municipais da região oeste, favorecendo os Municípios pequenos, pois grande parte dos pacientes não precisariam mais deslocar-se aos hospitais das grandes cidades. (Eduardo Delvalhas dos Santos – taquígrafo-revisor) Concluiu afirmando que a contribuição de São Lourenço do Oeste contendo sugestões já havia sido entregue à mesa e mais uma vez cumprimentou a Assembleia Legislativa pela realização da audiência pública. Na sequência, a palavra foi concedida ao senhor Paulo Roberto Munarini, que cumprimentou os presentes e registrou o descontentamento pelo fato de terem transferido todo o trabalho do Hospital Regional para o Hospital Materno-Infantil, fazendo com que este deixasse de cumprir o seu projeto inicial. Avaliou que a prevenção é o melhor remédio para a saúde e que para resolver as questões dessa área é necessário trabalhar de forma conjunta, envolvendo Secretaria da Saúde, Secretaria da Educação, Secretaria da Agricultura, Secretaria do Desenvolvimento Econômico e sociedade civil organizada num amplo debate sobre os vários pontos a serem tratados, com o intuito de traçar um plano estratégico para o futuro. Mencionou a questão das ambulâncias, que mais parecem carroças transportando pacientes, salientando que os veículos com mais de cinco anos que transportam suínos são tirados de circulação, e encerrou dizendo que cabia às lideranças políticas provocarem o debate a fim de que sejam construídas propostas no coletivo, pois de forma isolada nada será conseguido. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, registrou a presença das seguintes pessoas: Celso Wilmer, diretor de Saúde do Município de Cunha Porã; Roseli Tessaro, presidente da Cooperativa de Crédito da Agricultura Familiar de Chapecó (Cresol); Evandro Agostini, coordenador do Conselho Tutelar de Caxambu do Sul; Márcia Rodrigues de Lima Cattani, coordenadora do colegiado da Amosc, do Conselho 106 Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e do Conselho Tutelar; Carmem Munarini, diretora de organização do Movimento de Mulheres Camponesas de Santa Catarina; Vereadora Verene Inez Ceolin, Presidente da Câmara Municipal de Iporã do Oeste; Vereador Airton Miotto, de Iporã do Oeste; Rodrigo Bet, diretor de Saúde de Planalto Alegre; e Evandro Agostini, coordenador do Conselho Tutelar de Caxambu do Sul. Em seguida, passou a palavra ao senhor Deputado Estadual Dado Cherem, um dos proponentes da audiência pública, que saudou todos os presentes e dirigiu-se à Deputada Luciane Carminatti, anfitriã, dizendo que era uma imensa alegria ver uma plenária lotada com pessoas preocupadas em promover saúde pública. Ressaltou que a meta da Comissão de Saúde é traçar um diagnóstico da região a fim de se avançar mais nas questões relacionadas à saúde pública, e que pelo fato de não ser da região, de viver outra realidade, não havia se dado conta do quanto o manuseio dos produtos usados na lavoura poderia prejudicar a saúde pública. Esclareceu que pela experiência adquirida quando foi Secretário Municipal de Saúde e depois como Secretário de Estado da Saúde, não tem dúvida em afirmar que o desejo de todos é a regionalização do atendimento e que a humanização do atendimento representa parte do tratamento médico, ponto muito defendido pelo Deputado Volnei Morastoni. Disse que para regionalizar a saúde existem alguns desafios a serem enfrentados, como manter os serviços, pois os recursos para investimento até se consegue, mas o problema é manter depois as estruturas; manter os serviços com qualidade; e manter os serviços com qualidade e resolutividade, avaliando que é inadmissível que uma pessoa espere três anos por uma consulta, um exame, uma cirurgia. Reportando-se à pactuação feita há alguns anos, perguntou por que não fazer uma pactuação com o Paraná ou com o Rio Grande do Sul, transferindo teto de Santa Catarina para um Município desses Estados, a fim de que os médicos possam atender as crianças do oeste de Santa Catarina, se a distância entre um Município do oeste e um Município do Paraná ou do Rio Grande do Sul é menor que até Florianópolis. Falou que as pessoas poderiam questionar o fato de ter sido Secretário de Estado e não ter levado a descentralização em alta complexidade em pediatria, mas explicou que naquela época havia campo e recursos humanos para fazer o adulto e não pediatria, e que atualmente acredita que ainda haja dificuldade, mas que é necessário dar o primeiro passo e que o Hospital MaternoInfantil talvez esteja pronto para começar um trabalho neste sentido. Disse ser necessário um trabalho conjunto dos parlamentares no sentido de mostrar ao governador que é mais importante para o Estado transferir teto financeiro para Chapecó fazer o atendimento do que mandar uma criança para o Joana de Gusmão, mas que em função de o Estado também precisar desses recursos para fazer seus investimentos, torna-se necessário um novo teto financeiro, um novo credenciamento para a região, falando especificamente em pediatria. Classificando saúde pública como complexa e difícil e analisando que os problemas sempre acontecem no Executivo municipal, que é o poder mais próximo da população, disse ser importante a união das três instâncias (Município, Estado e União), porque a responsabilidade é de todos. Concluiu reafirmando que as audiências públicas ligadas à alta complexidade em pediatria da Comissão de Saúde visam fazer um diagnóstico da situação no Estado e encontrar caminhos para superar as dificuldades. Dando seguimento, o doutor Rajá Elias, representante do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina, parabenizou a Comissão de Saúde pela realização da audiência pública e disse que foram colocados muitos pontos de vista em relação à questão da prevenção e da promoção da saúde, mas que era necessário ver o que estava se passando em termos de saúde mundial, tomando como exemplo Canadá, França, Inglaterra, que são modelos em termos de saúde pública. Sobre a qualificação dos profissionais, disse que esta é uma grande preocupação e que se torna necessário um trabalho nessa linha, e exemplificou com dados de uma pesquisa do Ministério da Educação 107 que mostram que 30% das escolas médicas brasileiras formam mal o médico e que dos 350 mil médicos no Brasil, 40% não têm qualificação em termos de residência médica e de especialização. Dirigindo-se ao Deputado Federal Pedro Uczai, disse que tramita no Congresso Nacional projeto de lei no sentido de fazer Medicina como carreira de Estado, possibilitando a inserção dos médicos nos pequenos Municípios do interior, tendo em vista que a maioria dos médicos se concentra nos grandes centros. Reportando-se ao trabalho realizado pela doutora Marta, do Conselho Regional de Medicina, sobre as urgências e emergências do Estado de Santa Catarina, e do qual todos os delegados do Conselho participaram, citou que apenas 30% das urgências e emergências estão em condições de fazer um atendimento adequado, e que este é um ponto que também deve ser trabalhado. Avaliou que não falta médico no Brasil, o que está faltando é uma interiorização dos médicos, em todas as especialidades médicas. Falou que outro problema que precisa ser discutido se refere à judicialização na saúde, que muitas vezes onera os Municípios e o Estado de uma maneira descontrolada. Em relação à questão do financiamento, disse ser preciso clarear que o Município aplica 15%, o Estado 12%, e a União aplica um percentual muito pequeno, menor que alguns países pobres, como Peru, Venezuela; sobre a questão da gestão, afirmou que os Prefeitos devem escolher bem seus Secretários, não necessariamente precisam ser da área da saúde, mas pelo menos precisam ser assessorados; e sobre a questão da tabela do SUS, disse que há vários anos a tabela não tem aumento, o que está onerando os hospitais. Para concluir, respondendo à senhora Izelda Teresinha Oro, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Chapecó, sobre denúncias formuladas ao Conselho Regional de Medicina, esclareceu que toda denúncia formalizada é encaminhada ao Conselho, mas que infelizmente nem todas são formalizadas. Continuando, fez uso da palavra o senhor Nelson Foss da Silva, Prefeito de São Miguel do Oeste, que saudou todos os presentes e disse que se o desejo é ter uma saúde pública comprometida com a população, são necessárias políticas públicas de formação dos profissionais da área, pois considera inadmissível que profissionais permaneçam no sistema para captar clientes para seus consultórios particulares, para as suas atividades particulares. E encerrou dizendo que era fundamental que o Estado e a União, através de suas universidades, promovessem cursos descentralizados, a fim de que os alunos não saíssem dos Municípios do interior, onde está atualmente a grande demanda. Ato contínuo, o senhor Presidente passou a palavra à Deputada Estadual Luciane Carminatti para que a mesma citasse os vários documentos entregues à mesa a fim de conferir se todos haviam sido entregues. Fazendo uso da palavra, a Deputada Estadual Luciane Carminatti elencou os documentos que haviam sido entregues à mesa pelas seguintes entidades: do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Chapecó; do Colegiado Gestor do Extremo Oeste; do Bairro Vila Real, de Chapecó; da Câmara de Vereadores de São Lourenço do Oeste; da Prefeitura de Jupiá; do Posto de Saúde do Bairro São Cristovão; da Prefeitura de Caxambu do Sul; da FCD de Chapecó; da comunidade Rodeio Bonito, interior de Chapecó; do Movimento de Mulheres Camponesas; do Distrito de Marechal Bormann, Chapecó; da Prefeitura de Águas Frias; da Prefeitura de Xaxim e de vários outros setores; da Secretaria Municipal de Saúde de Planalto Alegre; de Novo Horizonte; da Amosc; da Macrorregião do Meio-Oeste, Concórdia; da Prefeitura de Seara; da Prefeitura de Cunha Porã; da Prefeitura de Pinhalzinho; da Secretaria Municipal de Saúde de São Miguel do Oeste; e do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde. Sobre este último, disse que pelo fato de os trabalhadores do serviço público da saúde estarem em estado de greve e pedirem a intervenção da Comissão de Saúde, avaliava que era um encaminhamento a ser tratado com o hospital. Concluiu dizendo que a ideia é que todos os documentos façam parte do relatório final do diagnóstico feito, junto com todos os discursos proferidos, a fim de que na sequência sejam dados os encaminhamentos necessários a cada 108 um. Em seguida, a palavra foi concedida ao senhor Euclides da Silva, assessor do Deputado Estadual Dirceu Dresch, que cumprimentou os presentes e parabenizou a mesa por ouvir a população. Disse já haver sido contemplado pela fala de algumas pessoas, mas que gostaria de pedir à mesa que nas próximas audiências fossem disponibilizados mais dados a respeito, por exemplo, das doenças respiratórias e dos problemas causados pelo trânsito, que só de Chapecó encaminha ao Hospital Regional muitas pessoas. Referindo-se à CPMF, afirmou ouvir de muitos Secretários que faltam recursos para a saúde, mas que muitos deles estão subscrevendo uma frente contra a CPMF, o que é contraditório, porque esse dinheiro viria da CPMF. E concluiu citando outro problema que precisa ser debatido, que é a mudança num curto período de tempo de Secretários de Saúde dos Municípios. Continuando, a senhora Leide Mara Bender, Secretária Municipal de Saúde de Itá e coordenadora do Colegiado de Saúde da região da Amauc, disse estar satisfeita por discutir a saúde da região e que o momento era importante por reunir Secretários, Deputados e gestores num mesmo ambiente. Afirmou que o Hospital São Francisco é referência em muitas atividades na região, mas que existem dificuldades pontuais que precisam ser resolvidas, como a média complexidade, pois o hospital não está focado só na atenção básica. Informou que estão tentando viabilizar consórcio na região, mas sem sucesso; que não conseguem formar série histórica para fazer parte do processo, havendo necessidade de comprar consulta especializada por R$ 150,00, por R$ 200,00; que em relação às cirurgias eletivas não estão tendo acesso pelo SUS, concluindo que as dificuldades vividas são muito grandes. A respeito dos consórcios, esclareceu que estão aderindo ao Consórcio Intermunicipal de Saúde do Oeste de Santa Catarina, o CIS-Amosc, através do qual conseguem resolver algumas questões, mas que é necessário fortalecer a região. Informou que possuem referência em ortopedia e em neurologia e que o atendimento para a região é no Hospital São Francisco, de Concórdia, no qual conseguem acesso pela urgência e emergência, mas que a parte eletiva fica descoberta. Outra reivindicação elencada no documento entregue refere-se à necessidade de criação de políticas de incentivo aos pequenos hospitais, pois considerou que nesse local são resolvidas muitas questões, porém esses hospitais estão ficando a cargo dos Municípios, que estão tendo dificuldades em mantêlos, e lançou a seguinte pergunta: se os hospitais pequenos fecharem, para onde vão todos os pacientes que lá são atendidos. Frisou que atualmente têm como referência em gestão de alto risco a cidade de Florianópolis, mas avaliou que fica difícil encaminhar uma gestante a Florianópolis para atendimento, e ponderou que foi solicitado ao Estado a criação do serviço na região de Concórdia, recebendo com resposta que nenhum serviço novo seria criado no Estado, sendo então encaminhado que a referência seja Chapecó, a fim de ficar mais próximo. Para concluir, considerou necessário o financiamento para as políticas de prevenção e promoção de saúde a fim de que se possa ter projetos nessa área, e sobre a questão da dificuldade de profissionais, disse que muitos se formam com financiamento público e que há necessidade da contrapartida após a formação no compromisso com o Sistema Único de Saúde. Em seguida, falou o senhor Vereador Marcelino Chiarello, de Chapecó, que cumprimentou os presentes e reportou-se ao que já havia sido falado, dizendo concordar com vários pontos: que é necessário reajustar a tabela SUS; que a regulamentação da PEC 29 deve acontecer a fim de se ter mais financiamento para a saúde; que na reforma tributária conste um percentual direcionado à saúde; que o Estado de Santa Catarina seja mais parceiro do Regional de Chapecó e invista mais recursos, disponibilize mais serviços e se responsabilize pelos serviços prestados, fazendo com que receba o mesmo tratamento que o Hospital Regional de São José, que o Hospital Celso Ramos, da Capital. A respeito dos pequenos hospitais, disse ser necessário discutir o seu papel, que não é o de promover jantares a fim de angariar recursos para se manter. E dirigindo-se ao senhor Américo, Secretário Municipal de 109 Saúde de Chapecó, disse que era preciso que o Município assumisse os serviços básicos, pois que não podem comprometer 70% dos serviços do Hospital Regional do Oeste, que é de toda a região oeste do Estado. Concluiu falando da implantação da Universidade Federal na região e lançou um desafio: que a Federal tenha um curso de Medicina na região com vocação para a saúde da família, a fim de que se tenha mais profissionais compromissados, e com uma legislação determinando que o formando terá que retribuir à sociedade local o ensino gratuito e de qualidade recebidos. Na sequência, o senhor Presidente informou que, em virtude do adiantado da hora, abriram mão de falar os Prefeitos de Caxambu do Sul e de Águas Frias e o representante da Unoesc, que se encontravam na mesa. Logo após, passou a palavra ao senhor Erno Menzel, Prefeito de Cunhataí, que cumprimentou os presentes e disse que muitas vezes existiam dúvidas de que maneira seriam resolvidos os problemas da saúde ao se trabalhar preventivamente, mas avalia que um cidadão tem saúde quando tem amor pelo que faz, pelas pessoas ao seu redor e quando tem consciência de que a doença não surge da noite para o dia, que ela é construída no dia a dia. Disse também que os pequenos Municípios da região estavam fazendo o seu trabalho, estavam atendendo, fazendo atenção básica, investindo mais de 15%, mais do que a lei os obrigava, e que o Hospital Regional não estava conseguindo fazer principalmente a alta complexidade, tendo em vista que os pequenos hospitais não conseguiam atender a média complexidade, sobrecarregando o Hospital Regional. Concluiu parabenizando a Comissão de Saúde por buscar caminhos, ao invés de somente criticar o governo, que muitas vezes não faz a sua parte. Em seguida, o senhor Presidente passou a palavra ao senhor João Girardi, Prefeito de Concórdia, que saudou todos os presentes e disse que ao longo dos anos foram sendo criadas muitas estruturas nos pequenos Municípios, principalmente pequenos hospitais, que são muito importantes para os Municípios e para a região, tendo em vista ser lá que o cidadão tem seu primeiro atendimento. [Taquígrafa-revisora: Siomara G. Videira] Solicitou que seja feito um raio-X da estrutura existente atualmente, no sentido de saber quais os equipamentos necessários para fazer o atendimento básico. Relatou que se vem gastando demais em combustível e em compra de ambulâncias, sendo que isso tudo pode ser convertido para os Municípios através de melhores equipamentos para os hospitais. Fez um apelo para que sejam revisadas as estruturas dos hospitais e encerrou parabenizando o trabalho da Comissão de Saúde da Alesc. A seguir, o senhor Ones Michelin, representando a Pastoral da Saúde de Chapecó, pediu à Assembleia Legislativa e ao governo do Estado para que fiquem, por uma semana, instalados no oeste catarinense, ao menos duas vezes por ano, para resolverem as questões da região. Encerrou agradecendo a oportunidade de se manifestar. A senhora Maria Ângela Bortoluzzi, da comissão de acompanhamento do Plano Operativo do Hospital São Paulo, em Xanxerê, complementou algumas falas, dizendo da importância do hospital de Xanxerê. Afirmou que os hospitais filantrópicos contratualizados com o SUS têm mecanismos legais para exigir ou condicionar os médicos do seu corpo clínico a realizarem o percentual mínimo de suas ações pelo SUS, medida que visa melhorar o acesso às cirurgias eletivas, pequenos procedimentos e, consequentemente, qualifica os serviços locais. Comentou que os médicos não querem realizar essas cirurgias eletivas, e para detalhar o assunto fez uso da palavra a senhora Terezinha Chitolina Siviero, Secretária Municipal de Saúde de Lageado Grande, que complementou afirmando que estão enfrentando problemas com os médicos, pois eles não querem se comprometer para fazer determinados procedimentos e cirurgias, e lamentou não dispor de medidas legais que façam esses profissionais atenderem ao percentual de atendimentos pelo SUS, que é de 60%. Solicitou o credenciamento para a cardiologia pediátrica e expôs que o hospital possui estrutura para tal, mas os recursos não são aplicados adequadamente. Complementou que os hospitais regionais e filantrópicos devem atender a 110 região toda e isso não vem acontecendo, pois estão atendendo somente os Municípios sede. O senhor Valmor Busnello, diretor administrativo do Hospital Regional de São Miguel do Oeste, falou da necessidade de incentivo para os pequenos hospitais, para melhorar a qualidade do atendimento e desafogar os hospitais regionais. Com relação aos médicos, afirmou que está sendo necessário pagar R$ 30 mil para trazer médicos para o oeste, e uma das razões se deve à falta de formação de médicos para atuar no interior do Estado. Falou ainda da dificuldade de conseguir anestesistas e pediatras para a região. A senhora Marli Agostini, apoiadora do Cosems de Maravilha, sugeriu encaminhamentos aos Deputados com relação ao orçamento. Citou que o Hospital de Maravilha está há três anos com dez leitos estruturados, com verbas do governo federal e estadual, mas não estão em funcionamento porque a tabela SUS não é viável e não suporta a demanda, razão pela qual a administração desse hospital teme fazer o credenciamento e começar o atendimento. Pediu que o Estado e a União repassem dinheiro, além da tabela SUS, para aquelas UTIs que estão em dificuldades, através de previsão orçamentária. Ainda disse que a atenção básica de Dionísio Cerqueira a Joaçaba é muito bem feita nesses Municípios e concordou com as colocações anteriores de que a atenção básica é o caminho. Enfatizou que a Emenda Constitucional nº 29 é cumprida pelos Municípios e encerrou falando que a tabela SUS precisa ser revista. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, adiantou que o Ministro Alexandre Padilha em breve anunciará o reajuste da tabela SUS. Prosseguindo, passou a palavra para a senhora Luzia Vacarin, Prefeita de Cunha Porã, que disse que o problema está na demora do atendimento. Requereu a valorização dos hospitais e a descentralização dos atendimentos. Comentou que paga R$ 80 por uma consulta pelo SUS, e que, como prefeita, deve cumprir os 15% ditados pela Lei de Responsabilidade Fiscal, o que não acontece com os governantes da esfera estadual e federal. Mencionou a UTI de Maravilha e pediu que fossem repensadas as estruturas hospitalares. Falou das ações judiciais e que não há como cumprir todas as decisões, complementando que o Rio Grande do Sul está muito mais adiantado. Encerrou sugerindo uma audiência com o Judiciário para esclarecer esses pontos. A senhora Maira Tellechea da Silva, diretora da área de Ciências da Saúde da Unochapecó, informou que vem aprovando projetos na tentativa de redirecionar a formação dos profissionais. Enfatizou que há tempo discutem os consórcios para atendimento de média complexidade e que o Estado ainda se exime de fazer essa política. Reiterou que o recurso da PEC 29 está sendo usado e que precisam criar alternativas para garantir financiamento novo na saúde. Chamou atenção para o fato de que há dez anos discutem o PDR e o PDI e comentou sobre uma pesquisa realizada que averiguou que os serviços de saúde do Estado estão concentrados no litoral e na região norte. Frisou que antes de fazer um Plano Estadual de Saúde devem garantir a verba no PPA e na LDO. Propôs que um membro da Comissão de Saúde da Alesc participe da discussão do Plano Estadual de Saúde a ser apresentado pelo governo do Estado. O senhor Deputado Estadual, Dirceu Dresch, falou do reajuste da tabela SUS e da aplicação de recursos, que o Estado somente aplicou 7,66% dos 12%. Criticou que os 12% oriundos do Fundo Social não são repassados para a saúde nem para a educação; que os recursos da SC Parcerias não são vinculados aos recursos do SUS; e que os recursos do Prodec também não são repassados. Dito isso, anunciou a proposição de uma lei que determina que o percentual do ICMS do Prodec seja repassado aos Municípios na primeira parcela. Pediu um levantamento a respeito do impacto do uso de agrotóxicos, pois hoje não há dados sobre o que significa isso tanto para a saúde dos agricultores, que lidam com ele, como para quem consome o que é produzido. A senhora Deputada Estadual Luciane Carminatti agradeceu àqueles que ficaram até o final na audiência pública. Falou que será dado encaminhamento a todos os temas complexos que foram tratados e sugeriu seminários temáticos na região, para 111 dissecar temas polêmicos. O senhor Presidente despediu-se de todos, colocando a ata taquigráfica à disposição. Avisou que tudo seria levado para uma reunião com o Secretário e com o Governador do Estado. Falou que a maioria da população depende do SUS e ele precisa ser fortalecido. Observou que a humanização do serviço médico é tão importante quanto às demais propostas; que a saúde deve ser vista de forma holística; e que os pequenos hospitais são fundamentais na rede de atendimento à saúde. Falou que visitaram pela manhã o Hospital Materno Infantil e o Hospital Regional São José. Nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e deu por encerrada a audiência pública. [Taquígrafa-revisora: Ione Terezinha Reis Melo] DEPUTADO ESTADUAL VOLVEI MORASTONI PRESIDENTE DA COMISSÃO DE SAÚDE 112 ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA – LAGES “DESCENTRALIZAÇÃO EM ALTA COMPLEXIDADE EM PEDIATRIA E A SAÚDE NA REGIÃO SERRANA” 113 1ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 17ª LEGISLATURA COORDENADORIA DE TAQUIGRAFIA DAS COMISSÕES - CTC ATA TAQUIGRÁFICA COMISSÃO DE SAÚDE EVENTO: audiência pública DATA: 12/05/2011 HORA: 15h LOCAL: auditório do CAV (Centro de Ciências Agroveterinárias) – Lages/SC. SUMÁRIO: debate sobre a descentralização em alta complexidade em pediatria e a saúde na região Serrana do Estado de Santa Catarina. PRESIDENTE: Deputado Estadual Volnei Morastoni, Presidente da Comissão de Saúde. PARTICIPANTES DA MESA: Deputado Estadual Dado Cherem, proponente da audiência e membro da Comissão de Saúde da Alesc; Deputado Estadual Volnei Morastoni, Presidente da Comissão de Saúde da Alesc; Walter Gomes Filho, superintendente de Planejamento e Gestão, representando o senhor Dalmo Claro de Oliveira, Secretário Estadual da Saúde; Promotor Giancarlo Rosa Oliveira, representando o Ministério Público Estadual; Juliano Polese Branco, Secretário Municipal de Saúde de Lages, representando o Prefeito de Lages, senhor Renato Nunes de Oliveira; Sandra Maria Ferraz, representando a Diretoria de Ensino do Centro de Ciências Agroveterinárias; Natividad Brizuela, representando o Presidente do Hospital Infantil Seara do Bem, senhor Frederico Manoel Marques; e José Antonio de Melo, Prefeito de Bom Retiro. REGISTRO DE PRESENÇAS: Beatriz Bleyer Rodrigues Montemezzo, Secretária Municipal de Saúde de Urupema; Dilmar Ribeiro Pereira, Secretário Municipal de Saúde de Correia Pinto; Francine Aparecida Formiga, representando o Secretário Municipal de Saúde de Palmeira, senhor Rui Tadeu Andrade; Gerson Eduardo Macedo, Secretário Municipal de Saúde de Urubici; Gislaine Aparecida Arruda Padoim, Presidente da Câmara Municipal de Rio Rufino; Ivone Zambam Koech, representando o diretor-geral do Hospital Geral e Maternidade Tereza Ramos, senhor Osmar Guzatti Filho; Jane Maria Gerber Neves, representando o Prefeito do Município de Cerro Negro, senhor Janerson José Delfes Furtado; Mariléia da Costa Mello, Secretária Municipal de Saúde de Bocaina do Sul; Marta Regina Góss, Prefeita do Município de Bocaina do Sul; Saulo Ramos Neto, representando o Consórcio Intermunicipal de Saúde da Amures; Sebastião Blévio Proença e Amilton da Silva, representando a 27ª Gerência Regional de Saúde; Sisi Blind, Secretária Municipal de Saúde de São Cristóvão do Sul, representando o Prefeito de São Cristóvão do Sul, senhor Jaime Cesca; Vereador Antônio Carlos Paes de Oliveira, Presidente da Câmara Municipal de São José do Cerrito; Vereador Ivo Adolfo Werlich, do Município de Bom Retiro; Vereador Landoaldo José Freiberger, do Município de Bom Retiro; Vereadora Laurita Emília Besen, Presidente da Câmara Municipal de Bom Retiro. MANIFESTAÇÕES: Deputado Estadual Dado Cherem; Walter Gomes Filho; Promotor Giancarlo Rosa Oliveira; Prefeito José Antonio de Melo; Secretário Juliano Polese 114 Branco; Natividad Brizuela; doutor Raniero Magnabosco Laghi; Sebastião Blévio Proença; Saulo Salustiano Ramos Neto; Secretária Sisi Blind; Deputado Estadual Volnei Morastoni. OBSERVAÇÃO: o Deputado Estadual Volnei Morastoni está percorrendo o interior do Estado de Santa Catarina com o objetivo de levantar os problemas que cada região apresenta na área da saúde, para confeccionar um relatório sobre o tema em questão. Depois, explicou que a Comissão de Saúde da Alesc vai estudar os relatórios para tirar os encaminhamentos pertinentes de cada região. Feito isso, a Comissão marcará uma audiência com o Governador Raimundo Colombo e com o Secretário de Estado da Saúde para apresentar os encaminhamentos elencados em cada região. ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PROMOVIDA PELA COMISSÃO DE SAÚDE PARA DEBATER SOBRE A DESCENTRALIZAÇÃO EM ALTA COMPLEXIDADE EM PEDIATRIA E A SAÚDE NA REGIÃO SERRANA DO ESTADO DE SANTA CATARINA, REALIZADA NO DIA 12 DE MAIO DE 2011, ÀS 15H, NO AUDITÓRIO DO CENTRO DE CIÊNCIAS AGROVETERINÁRIAS, EM LAGES. Aos doze dias do mês de maio de 2011, às 15h, realizou-se no Auditório do Centro de Ciências Agroveterinárias, em Lages, audiência pública com o objetivo de debater sobre a descentralização em alta complexidade em pediatria e a saúde na região serrana do Estado de Santa Catarina. A audiência, promovida pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, foi proposta pelo Deputado Estadual Dado Cherem, e presidida pelo senhor Deputado Estadual Volnei Morastoni, que imediatamente convidou para tomarem assento à mesa as seguintes autoridades: Deputado Estadual Dado Cherem, proponente da audiência e membro da Comissão de Saúde da Alesc; Walter Gomes Filho, superintendente de Planejamento e Gestão, representando o senhor Dalmo Claro de Oliveira, Secretário Estadual da Saúde; Promotor Giancarlo Rosa Oliveira, representando o Ministério Público Estadual; Juliano Polese Branco, Secretário Municipal de Saúde de Lages, representando o Prefeito de Lages, senhor Renato Nunes de Oliveira; Sandra Maria Ferraz, representando a Diretoria de Ensino do Centro de Ciências Agroveterinárias; Natividad Brizuela, representando o presidente do Hospital Infantil Seara do Bem, senhor Frederico Manoel Marques; e José Antonio de Melo, Prefeito de Bom Retiro. A seguir, informou que o Deputado Estadual Elizeu Mattos chegará mais tarde, visto que está numa audiência com o Governador do Estado, e registrou as seguintes autoridades: Sebastião Blévio Proença e Amilton da Silva, representando a 27ª Gerência Regional de Saúde; Jane Maria Gerber Neves, representando o Prefeito do Município de Cerro Negro, senhor Janerson José Delfes Furtado; Vereadora Laurita Emília Besen, Presidente da Câmara Municipal de Bom Retiro; Vereador Antônio Carlos Paes de Oliveira, Presidente da Câmara Municipal de São José do Cerrito; Gislaine Aparecida Arruda Padoim, Presidente da Câmara Municipal de Rio Rufino; Beatriz Bleyer Rodrigues Montemezzo, Secretária Municipal de Saúde de Urupema; Dilmar Ribeiro Pereira, Secretário Municipal de Saúde de Correia Pinto; Gerson Eduardo Macedo, Secretário Municipal de Saúde de Urubici; Francine Aparecida Formiga, representando o Secretário Municipal de Saúde de Palmeira, senhor Rui Tadeu Andrade; Vereador Ivo Adolfo Werlich, do Município 115 de Bom Retiro; e Vereador Landoaldo José Freiberger, do Município de Bom Retiro. Em seguida, acusou o recebimento de justificativa de ausência dos Deputados Estaduais Jorge Teixeira e Sargento Amauri Soares, por compromissos assumidos anteriormente. Ato contínuo, informou que a audiência pública realizada no Município de Lages faz parte de uma série de audiências que está sendo realizada, através da Comissão de Saúde, em todo o Estado, como foi em Criciúma, na Grande Florianópolis e em Chapecó, e outras audiências agendadas que serão realizadas em vários Municípios. Contou que esteve esta semana com o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em Brasília, para convidá-lo a participar de uma audiência, no mês de junho, para discutir sobre o financiamento da saúde, a tabela do SUS, a Emenda Constitucional 29, a qual tramita no Congresso Nacional, pois são questões que sempre aparecem em todas as audiências, e para saber o que o Ministério está pensando para a área da saúde, no que obteve uma resposta positiva. Em seguida, informou que o Deputado Estadual Dado Cherem, conhecedor da realidade nessa área, como ex-Secretário da Saúde, propôs à Comissão de Saúde da Alesc audiências públicas para debater a necessidade da descentralização em alta complexidade em pediatria. Avaliou que, se a alta complexidade para os adultos estava mais avançada, embora ainda haja muito que fazer, na pediatria ainda estava muito aquém, principalmente em quatro áreas pediátricas: oncologia, neurocirurgia, cirurgia cardíaca e ortopedia. Manifestou que gostaria de saber como estão as condições dos hospitais, no interior do Estado, para receber a descentralização nessas áreas que requerem especialistas, infraestrutura e assim por diante. Citou, por exemplo, que a área de oncologia pediátrica requer um trabalho de equipe, requer uma infraestrutura hospitalar de UTI. E lembrou que muitas crianças que vêm do extremo sul, do oeste, do planalto serrano, geralmente para a Capital, para fazer quimioterapia, que centraliza esse serviço pediátrico, depois retornam com mais dificuldades ainda. Nesse sentido, disse ter certeza que todos ali concordavam que era preciso avançar com mais rapidez na descentralização desse tipo de serviço, assim como em outros serviços. Manifestou que era preciso aproveitar a oportunidade para colher dos Prefeitos, dos Vereadores, dos Secretários Municipais de Saúde, sugestões, avaliações ou documentos sobre a situação na área da saúde nos hospitais e as suas principais necessidades em cada Município do Estado. Após, explicou que será elaborado um documento, no qual a Comissão de Saúde da Alesc irá estudar a realidade ali retratada para tirar as propostas e, depois, será marcada uma audiência com o Governador e com o Secretário de Estado da Saúde para apresentar os encaminhamentos pertinentes. Informou que o relatório desta audiência estará disponível a todos os interessados, e que ele será enviado na íntegra ao Governador e ao Secretário de Estado da Saúde para que as suas assessorias possam analisálo, e destacou que independente disso a Comissão de Saúde vai extrair ações concretas em curto, médio e longo prazos, para melhorar a situação na área da saúde no Estado de Santa Catarina. Em seguida, explicou a metodologia da audiência, estipulando um tempo de manifestação para as autoridades que compunham a mesa e para a assembleia. Ato contínuo, passou a palavra ao Deputado Estadual Dado Cherem, membro da Comissão de Saúde da Alesc e proponente da audiência, que inicialmente cumprimentou todas as autoridades da mesa e todos os participantes. Disse da sua alegria de estar participando com todos para, conjuntamente, sociedade civil e Poder Público, fazer alguns encaminhamentos pertinentes e importantes para toda a região na área de pediatria, mais especificamente na área da descentralização em alta complexidade. Manifestou que a sua experiência, enquanto Secretário Estadual da Saúde, mostrou-lhe algumas situações, algumas frustrações, algumas angústias, mas que, acima de tudo, ensinou que o Município, o Estado e a União têm que estar juntos com a sociedade civil para resolverem os problemas. Avaliou que nada mais injusto, 116 mais perverso que separar uma criança de sua família num período de dor, de sofrimento. Nesse sentido, disse que, mais do que nunca, era necessário dar uma resposta o mais rápido possível para esse problema na área da saúde. Comentou que a qualificação na área da saúde hoje, por parte das regiões, é diferente em comparação há dez anos, em que havia várias dificuldades de toda sorte, como de recurso, de RH, de capacidade física, de tecnologia, e avaliou que à medida que a área da medicina avança a população vai exigindo mais saúde pública. Comentou que ele e a Deputada Federal Carmen Zanotto, profunda conhecedora do sistema público de saúde, avançaram naquilo que racionalmente foi-lhes permitido de acordo com as suas gestões, considerando que conseguiram avançar muito para o interior do Estado na descentralização em alta complexidade para adulto na área de cardiologia, oncologia, ortopedia e neuro. E que agora, como Deputado Estadual, quer dar a sua contribuição na área da pediatria, e avaliou que o grande desafio agora é ofertar serviço com qualidade, porque muitas vezes há o serviço, mas não existe resultado prático daquilo que foi conquistado, o que acaba frustrando a população. Reportou-se ao Deputado Estadual Volnei Morastoni quando ele citou as especialidades na área da saúde, e lembrou que em tese elas não são permanentes, mas foram as especialidades que se conseguiram chegar, e salientou que cada cidade tem a sua peculiaridade regional. Dito isso, citou que a comunidade, na cidade de Chapecó, por exemplo, propôs uma UTI neonatal, já na cidade de Criciúma foi sugerida uma maternidade de gestão de alto risco. Prosseguindo, acrescentou que estavam em Lages para ouvir qual a proposta da comunidade na área da saúde, para depois levar a sugestão ao Governador Raimundo Colombo e ao Secretário de Estado da Saúde. Opinou que a comunidade de Lages tem uma grande oportunidade pela frente, visto que o Governador é dali e tem um carinho todo especial pela região. Nesse sentido, disse que a sua contribuição era ajudar a construir essa estrada, às vezes difícil de ser construída, mas desejou que todos pudessem caminhar juntos. Por isso, destacou que estavam ali mais para ouvir do que para falar. Em seguida, explicou que a audiência foi marcada para o período da tarde porque ele e o Deputado Volnei tiveram sessão no período da manhã, na Assembleia Legislativa. Finalizando, agradeceu a presença de todos e desejou uma boa-tarde. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, registrou as seguintes presenças: Saulo Ramos Neto, representando o Consórcio Intermunicipal de Saúde da Amures; Ivone Zambam Koech, representando o diretor-geral do Hospital Geral e Maternidade Tereza Ramos, senhor Osmar Guzatti Filho; Sisi Blind, Secretária Municipal de Saúde de São Cristóvão do Sul, representando o Prefeito de São Cristóvão do Sul, senhor Jaime Cesca; Marta Regina Góss, Prefeita do Município de Bocaina do Sul; e Mariléia da Costa Mello, Secretária Municipal de Saúde de Bocaina do Sul. A seguir, passou a palavra ao senhor Walter Gomes Filho, superintendente de Planejamento e Gestão, representando o senhor Dalmo Claro de Oliveira, Secretário Estadual da Saúde, que cumprimentou todos da mesa e a comunidade que se fazia presente na audiência. Em seguida, revelou que o Estado de Santa Catarina, ao longo dos últimos anos, tem colocado, através de incentivos, algum dinheiro, algum financiamento nos hospitais infantis. Acrescentou que no Hospital Infantil de Lages foram colocados valores bastante substanciais, embora sabendo que sejam valores insuficientes para as atividades realizadas na unidade, e ponderou que hoje havia uma diminuição no histórico das internações clínicas por conta da atenção básica que estava sendo desenvolvida, principalmente nos Municípios. Afirmou que se estava estudando, juntamente com o Colegiado dos Secretários Municipais de Saúde, uma nova proposta, uma reestruturação para o hospital da região. Referindo-se ao Deputado Estadual Volnei Morstoni, contou que na semana passada participou de uma reunião, juntamente com o Ministério da Saúde, onde foram encaminhadas demandas, as quais foram fruto de outras audiências públicas no Estado, 117 promovidas pela Assembleia Legislativa. E o Ministério sinalizou uma nova proposta, em não fazer mais o mesmo, mas, sim, fazer diferente, de refinanciar e investir, sobretudo na área materno-infantil, ao qual a Presidenta e o seu staff nomeou de Rede Cegonha. Opinou que essa proposição poderia ser uma saída para o Hospital Seara do Bem, assim como para os outros hospitais infantis do Estado. Nesse sentido, disse acreditar que deve sair uma portaria nova do Ministério da Saúde, em julho, e comentou que estava participando incansavelmente das reuniões e de todo o debate para que esse dinheiro aporte logo no Estado de Santa Catarina. Desejou que se pudesse, juntamente com o colegiado de gestão regional, com os gestores municipais da saúde, trazer soluções para esses hospitais, com propostas novas de incremento de novos serviços. Manifestou ter conhecimento, especificamente em Lages, de um grupo de abnegados homens livres, de bons costumes, que fazem a gestão do Hospital Infantil, e que trazem em seu âmago todo o bem que esse hospital faz para a comunidade, e expôs que estava bem sensível quanto a essa questão. Concluindo, parabenizou a Assembleia pela iniciativa, e reportou-se ao que disse o Deputado Estadual Dado Cherem, que eles estão ali para escutar e registrar os anseios da comunidade naquilo que cabe à alta complexidade no Hospital Infantil. Ato contínuo, fez uso da palavra o Promotor Giancarlo Rosa Oliveira, representando o Ministério Público Estadual, que cumprimentou todos e informou que estava na audiência representando o Procurador-Geral de Justiça, Lio Marcos Marin, e a Promotoria da Infância e Juventude, na qual atualmente trabalha. Entendeu ser produtiva e necessária a presença do Ministério Público na audiência, porque o Ministério, muitas vezes, depara-se com determinadas situações relacionadas à saúde no Município, e essas demandas chegam de uma forma tão emergencial ao Ministério que ele acaba tomando algumas medidas, de certa forma, urgentes, visando resguardar o interesse da pessoa que procura o serviço, mas principalmente para buscar a solução e a obtenção de um serviço que poderia ser disponibilizado de forma mais tranquila se existisse uma estrutura elaborada. Com relação à questão da alta complexidade, disse acreditar que as necessidades de atendimentos emergenciais possam diminuir, se os hospitais da cidade forem equipados, principalmente o Hospital Infantil. [Taquígrafa-revisora: Ana Rita Moriconi de Souza.] Em seguida, parabenizou a iniciativa da Assembleia Legislativa e colocou-se à disposição para esclarecer eventuais dúvidas sobre as questões relacionadas à saúde no Município. O senhor José Antônio de Melo, Prefeito de Bom Retiro, saudou os presentes e falou da importância da discussão da alta complexidade, salientando que é do conhecimento dos Prefeitos o alto custo do tratamento de alta complexidade longe do domicílio. Disse da preocupação acerca do atendimento emergencial nos hospitais da região e entregou à Presidência da Comissão uma reportagem publicada no Correio Lajeano, contendo uma entrevista do doutor Nazareno Jorgealem Wolff, Procurador da República em Lages, sobre o tema discutido. Agradeceu o convite e se colocou à disposição para os futuros debates. O senhor Presidente abriu as inscrições para quem quisesse se manifestar e concedeu a palavra ao senhor Juliano Polese Branco, Secretário Municipal de Saúde de Lages, que cumprimentou as autoridades e os participantes da audiência. Apresentou slides retratando a saúde no Hospital Infantil Seara do Bem, hospital filantrópico que tem contratualizado o atendimento da média complexidade, cirúrgica e clínica, e retratando a situação da atenção básica na região polo da serra catarinense, a saber: foram repassados para a média complexidade R$ 1.788.000,00, que corresponde a 104% da meta de produção pactuada; para os procedimentos ambulatoriais R$ 594.000,00, que corresponde a 109%; para a alta complexidade em ortopedia R$ 44.000,00, que corresponde a 48% - sinalizando que o hospital necessita de anestesistas, visto que o recurso está garantido para a execução dos procedimentos, os anestesistas estão dispostos a trabalhar, porém a carga horária contratada é inferior à real necessidade. Através do auxílio 118 municipal foram repassados R$ 870.000,00; de recursos próprios do Município foram repassados R$ 1.020.000,00; de Incentivo à Contratualização Estadual foram R$ 152.000,00, repassados pela Secretaria de Estado da Saúde; de Incentivo à Contratualização Federal foram R$ 120.000,00, repassados pelo Ministério da Saúde; e do Integrasus foram R$ 316.000,00. Relatou a participação dos três Entes Federados, a saber: R$ 1.890.000,00 da Secretaria Municipal de Saúde, equivalendo a 38,5%; R$ 152.000,00 da Secretaria de Estado da Saúde, equivalendo a 3%; e R$ 2.862.000,00 do Ministério da Saúde, equivalendo a 48,5%; num total de recursos repassados na ordem de R$ 4.904.000,00. Além disso, informou que o hospital conta com a receita de convênios, de atendimentos particulares e de doações. Comunicou que o perfil dos pacientes mudou em virtude do trabalho realizado pelas 38 Equipes de Saúde da Família; pelas 6 Equipes de Agentes Comunitários da Saúde; pelas 4 NASF’s; e pela Coordenação Saúde da Criança. Comentou que o hospital conta com 23 médicos pediatras, sendo o ideal 30; foram oferecidas 22.572 consultas em pediatria em 2010; e houve redução de 46% na mortalidade infantil. Fez uma comparação, que a serra catarinense está para Santa Catarina assim como o Nordeste está para o Brasil, em relação à mortalidade infantil. Acreditou que há viabilidade da oncologia pediátrica ser implantada no Hospital Infantil; que conversando com os neurologistas que atuam no Hospital Nossa Senhora dos Prazeres podem trazer alguns deles para o Hospital Infantil; assim como futuramente poderão implantar a cardiologia pediátrica, ampliando o atendimento à alta complexidade. Contou que o hospital pediu R$ 392 mil para custeio dos serviços, e enfatizou que precisam de R$ 170 mil por mês, além dos recursos do Município, para manter o hospital atendendo a região serrana. Colocou-se à disposição para eventuais esclarecimentos. A senhora Natividad Brizuela, representando o presidente do Hospital Infantil Seara do Bem, senhor Frederico Manoel Marques, pediu ao doutor Raniero Magnabosco Laghi, cirurgião ortopedista do Hospital Infantil, que fizesse colocações a respeito das demandas judiciais que determinam que o hospital realize cirurgias de alta complexidade; do teto salarial para essas cirurgias; e da situação financeira pela qual a ortopedia está passando. O senhor Raniero Magnabosco Laghi, cirurgião ortopedista do Hospital Infantil, desejou boa-tarde a todos e comentou que o último convênio assinado discrimina a abrangência de 1 milhão e 110 mil habitantes, e protestou que somente um ortopedista pediátrico atuando na região torna o trabalho inviável e gera uma demanda reprimida. Contou que no dia anterior esperavam por atendimento quase oitenta pacientes, ressaltando que é desumano tanto para o paciente como para a equipe médica. Também pontuou que estão avalizados a realizar sete cirurgias por mês, mas não as fazem por falta de espaço físico dentro do hospital. Exemplificou uma cirurgia de escoliose que demanda oito horas, mas não a realizam porque o anestesista cumpre carga horária de quatro horas. Além da questão financeira, que para quatro cirurgias recebem recursos na ordem de R$ 7 mil, mas, na realidade, uma cirurgia de escoliose está na faixa de R$ 40 mil. Em razão disso, falou que recebem ações judiciais obrigando o hospital a cumprir o que está contratualizado. Enalteceu que somando tudo isso é impossível fazer Medicina, pelo menos, humana. Pediu que as autoridades olhassem para essa situação. Solicitou que, ao ser firmando um convênio, unam as partes e façam um acordo em conjunto. Frisou que a Medicina da região merece e precisa maior atenção, que tem profissional disposto a trabalhar, mas deve haver lógica nos procedimentos. Focou que existe uma demanda reprimida de consultas e de cirurgias, mas que pode ser solucionada se houver boa vontade de todos. O Deputado Estadual Dado Cherem, para esclarecer uma dúvida, comentou sobre o valor de R$ 7 mil na realização de uma cirurgia de coluna, ao passo que, o senhor Raniero Magnabosco Laghi, cirurgião ortopedista do Hospital Infantil, respondeu que o convênio os obriga a atender uma população de 1 milhão de habitantes; a fazer 50 consultas por mês; e 119 realizar 4 cirurgias de alta complexidade por mês, sendo que para cada 1 cirurgia de alta complexidade exigem que se faça 12 cirurgias de média complexidade, num total de 52 cirurgias, tendo como teto o valor de R$ 7,5 mil. Fazendo uso da palavra, o senhor Juliano Polese Branco, Secretário Municipal de Saúde de Lages, esclareceu que a pactuação das quatro cirurgias é somente da alta complexidade e que os recursos da média complexidade estão dentro do teto financeiro dos 138 mil, e admitiu que mesmo assim o recurso é insuficiente. O senhor Raniero Magnabosco Laghi, cirurgião ortopedista, frisou que junto com essas quatro cirurgias de alta complexidade, o convênio obriga a fazer doze cirurgias de média complexidade. [Taquígrafa-revisora: Sabrina Roberta Schmitz.] Continuando com as suas considerações, o Deputado Estadual Dado Cherem perguntou se o pactuado entre o hospital e a Secretaria de Estado da Saúde, entre média e alta complexidade, seria impossível cumprir, obtendo uma resposta afirmativa por parte do doutor Raniero, e perguntou se o dinheiro para a órtese ou a prótese a ser colocada na coluna também não viria. O doutor Raniero Magnabosco Laghi respondeu que, conforme dados passados pela administração do hospital, essas cirurgias eram feitas até o ano passado no Hospital Nossa Senhora dos Prazeres e que o governo pagava de forma administrativa, mas que da metade do ano passado em diante não pagaram mais, havendo um déficit em torno de R$ 600 mil no final de 2010, e como quem estava suportando isso era o próprio hospital, eles disseram que não fariam mais. Continuando com as suas interpelações, o senhor Deputado Estadual Dado Cherem perguntou como havia ficado a questão da psiquiatria em relação ao hospital, sendo explicado pelo doutor Juliano Polese Branco, Secretário Municipal de Saúde de Lages, que existe um projeto para a construção de um novo pronto-atendimento, no qual o Estado investiu algo em torno R$ 800 mil, tendo sido confirmados mais R$ 250 mil pelo Governador para a obra de interligação entre o prédio e o interior do hospital, e tão logo seja transferido o prontoatendimento, que atualmente fica na parte baixa do hospital, o espaço será transformado em ala psiquiátrica, até como forma de agregar recursos ao Hospital Infantil. Sobre a fala do doutor Raniero Magnabosco Laghi, lembrou que o Estado já está auditando a diferença entre o que existia pactuado e a produção das altas complexidades existente nas contas, tanto de ortopedia quanto de neurocirurgia, e que esperava que nos próximos meses o Estado dirimisse quaisquer dúvidas existentes em relação às contas e pagasse o valor atrasado. Esclareceu que o Município de Lages, desde setembro de 2009, quando passou a entender melhor como funcionava o sistema da alta complexidade, encaminhou ofício aos hospitais dizendo que só poderia arcar com os custos até o limite financeiro recebido do Ministério da Saúde em alta complexidade, e assim transferiu todos os recursos federais que vieram, porém para o Hospital Nossa Senhora dos Prazeres, aí abrangendo também as cirurgias do Infantil, que eram realizadas no Nossa Senhora dos Prazeres por falta de estrutura no Hospital Infantil, mais de R$ 1 milhão ficou pendente, mas que está sendo encaminhado através da Secretaria de Estado para pagamento nos próximos meses. Disse que essa situação aconteceu em 2009, em 2010, e que provavelmente acontecerá em 2011, porque as metodologias de pagamento e de trabalho continuam sendo as mesmas, avaliando que é hora de se buscar uma solução definitiva para essa situação do subfinanciamento, que tem origem na tabela do SUS. Novamente fez uso da palavra o senhor Deputado Estadual Dado Cherem para perguntar se a falta de anestesistas é um problema específico da ortopedia ou da cirurgia pediátrica de modo geral, sendo respondido pelo senhor Juliano Polese Branco, Secretário Municipal de Saúde de Lages, que o Município tem treze anestesistas que trabalham no Hospital Tereza Ramos, que tem dois centros cirúrgicos (obstetrícia e geral); em duas ou três salas, dependendo do momento, no Hospital Nossa Senhora dos Prazeres; no Hospital Infantil Seara do Bem, para ser suprido com escala de 24 horas por doze profissionais, porque um se dedica 120 exclusivamente a um hospital privado da região; e numa outra maternidade. Explicou que o grupo montou uma empresa, um grupo fechado, mas que vem tendo dificuldades, tanto de negociação por parte dos hospitais, quanto de manter outros profissionais que queiram vir para a região, visto que a peculiaridade e a especificidade da anestesiologia não permitem que um único profissional consiga se manter sozinho dando suporte, e exemplificou dizendo que o Hospital Infantil sofreu isso num passado recente, quando trouxe um profissional de fora que acabou indo embora, porque não suportou o excesso de trabalho para dar atendimento 24 horas àquele nosocômio. O senhor Deputado Estadual Dado Cherem disse que gostaria de fazer um esclarecimento em relação ao que foi colocado, de maneira transparente, pelo Secretário, de que o Hospital Seara do Bem recebe uma certa quantia e o Hospital MaternoInfantil Dr. Jeser Amarante Faria, em Joinville, recebe R$ 5 milhões por mês. Explicou que o Jeser Amarante é materno-infantil, um hospital do Estado, e que através de uma licitação, de uma publicização foi entregue a uma organização social, prestando serviços para o Estado, ou seja, foi descentralizado o imóvel por certo período para que oferte o serviço para toda a região norte. Dirigindo-se ao doutor Ranieri Magnabosco Laghi, ortopedista, disse que provavelmente a pactuação feita na ortopedia aconteceu em cima de uma série histórica, em cima da demanda de serviço até então existente, através da qual vêm os recursos para a região, e que se está havendo uma demanda maior do que a oferta de serviço, é preciso fazer uma repactuação ou um novo estudo a respeito. Concluindo, perguntou se na média complexidade também há muita demanda reprimida na questão da otorrino, da oftalmologia, nos procedimentos hospitalares. Fez uso da palavra o senhor Juliano Polese Branco, Secretário Municipal de Saúde de Lages, que respondeu afirmativamente, dizendo que os próprios Secretários que estavam na plateia já haviam respondido ao assentirem positivamente com a cabeça. Ressaltou que atualmente vivem a problemática do que vem depois, se o serviço ou o dinheiro, tendo em vista que os profissionais querem o dinheiro na frente para prestar o serviço, e a proposta existente é a de que primeiro se produza, que se faça a série histórica, para depois chegar o recurso financeiro. Avaliando ser esta a grande oportunidade de o novo governo sentar e pactuar entre as partes, com todos os envolvidos, disse também que era necessário que todos dessem mais um crédito para que se conseguisse efetivar o serviço. Retomando a palavra, o senhor Deputado Estadual Dado Cherem informou aos Secretários Municipais presentes que no dia anterior, conversando com a Deputada Federal Carmen Zanotto, havia recebido a notícia de que no dia 4 de maio tinha sido assinada a portaria credenciando o Hospital Universitário a fazer o implante coclear, que era uma luta de muitos anos. Em seguida, fez uso da palavra o senhor José Antonio de Melo, Prefeito de Bom Retiro, que afirmou que todos os Municípios da região serrana participavam da alta complexidade, de uma forma ou de outra, tendo em vista existir um pacto entre Lages e os demais Municípios no sentido de que todos os recursos que aportem nos Municípios em alta complexidade sejam direcionados ao Município de Lages. Em relação à reportagem que havia citado anteriormente, a fim de que fique registrado nos anais, disse que a mesma referia-se ao fato de que a estrutura física do Hospital Nossa Senhora dos Prazeres era do Estado, tendo sido cedida para que terceiros executassem o funcionamento do hospital, e que era perguntado por que o Estado não regionalizava os hospitais de Lages transformando-os num só, sob seu comando, da mesma maneira como existe na Grande Florianópolis. Retomando a palavra, o senhor Presidente disse que a matéria do Correio Lageano, de 11 de maio de 2011, à qual se referia o Prefeito de Bom Retiro, dizia que o Estado deveria assumir o Hospital Nossa Senhora dos Prazeres. Ato contínuo, passou a palavra ao doutor Walter Gomes Filho, superintendente de Planejamento e Gestão da Secretaria de Estado da Saúde, representando o Secretário Dalmo Claro de Oliveira, que com o intuito de complementar 121 as palavras do Secretário Municipal de Saúde de Lages, doutor Juliano Polese Branco, disse que era importante deixar registrado que o Estado não se negava a pagar os R$ 600 mil que estariam pendentes ao Hospital Nossa Senhora dos Prazeres, mas como haviam sido identificados alguns problemas nas contas, as mesmas estavam sendo auditadas, e que tão logo o estudo fosse finalizado, o pagamento seria feito. Em seguida, fez uso da palavra o senhor Sebastião Blévio Proença, representando a 27ª Gerência Regional de Saúde, que atende também a 28ª Regional, dizendo que era importante deixar registrado que o ponto central é o melhoramento da tabela do SUS, pois somente com melhores recursos é que se vai trazer o profissional. Considerou importante que o Ministério olhe, e rapidamente, para essa questão da tabela, colocando inclusive que se preocupa com o futuro do SUS, apesar de achar que é uma coisa que veio para ficar, mas ressaltou que algumas coisas têm que ser repensadas. Em relação ao colocado pelo doutor Raniero, disse que o valor que está no termo não é fixo, é uma média, devido à série histórica que ele tem, pois o hospital não fazia os procedimentos. Exemplificou dizendo que o Hospital Nossa Senhora dos Prazeres, que já tem uma série histórica, recebe um valor de AIH, que o Tereza Ramos recebe outro valor e que o Hospital Infantil um valor bem abaixo, e que pela sua complexidade avalia que o termo está defasado, mas que por outro lado a remuneração se dá através do procedimento, ou seja, se não fizer procedimento, não entra recurso, sendo necessário então avaliar os dois lados. Reforçou sua posição de que é necessário melhorar imediatamente a tabela do SUS e que o problema também é de profissional, em função da dificuldade de renovar os quadros de profissionais, tendo em vista que conforme acontece com o consórcio no Município, muitos profissionais atendem somente no consórcio por pagar uma tabela diferenciada, contrariando as normas do sistema, mas que esse ponto seria para uma outra análise. Concluiu dizendo à diretora do Hospital Infantil Seara do Bem que, quanto aos procedimentos, a AIH pode começar num valor e terminar em outro valor bem acima, e citou como exemplo as endovasculares, que começam em R$ 10 mil, R$ 12 mil e chegam a R$ 33 mil, R$ 35 mil, dependendo dos procedimentos que o médico fizer. Fazendo uso da palavra, o senhor Deputado Estadual Dado Cherem afirmou que pelo tempo que lida com o sistema público de saúde pode dizer que, atualmente, a questão do SUS é estrutural. E disse que se houver realmente a oportunidade de conversar com o Ministro da Saúde, que acredita ser um homem público sensível, seria necessário elencar três pontos: que a regulamentação da Emenda 29 é fundamental e sobre a qual muito se fala e não se cumpre, tendo em vista que o acréscimo em saúde vai ser na ordem de R$ 60 bilhões, mas que também é necessário saber de onde vem esse dinheiro; que era necessário o desenvolvimento de uma política nacional voltada aos conveniados com a rede SUS, caso do Seara do Bem, do Nossa Senhora dos Prazeres, com tabela de remuneração, tendo em vista que as instituições não querem mais trabalhar pelo SUS, porque a receita e a despesa não fecham no final do mês; e que também era necessário avaliar a questão do pagamento dos profissionais médicos, avaliando que era um desestímulo trabalhar para o serviço público, sem falar em SUS, e para que todos os participantes da audiência tivessem uma ideia da situação, disse que o Prefeito de São Domingos relatou que pagava R$ 20 mil, R$ 22 mil para um médico e não conseguia esse profissional. Finalizou dizendo que enquanto se estava discutindo alta complexidade e neurocirurgia naquele momento, no Norte do País havia hospitais fechados ou em muitos lugares nem tinham hospitais, ressaltando que a questão do sistema público era muito mais profunda do que as questões pontuais da região. Apesar disso, falou que sobre as questões globais a decisão não estava em suas mãos, mas que com as questões locais poderiam contribuir. O senhor Sebastião Blévio Proença, representando a 27ª Gerência Regional de Saúde, novamente fez uso da palavra para dizer que havia sido muito oportuna a colocação do Deputado Dado 122 Cherem, mas que na sua avaliação existiam problemas a serem resolvidos a médio e a longo prazos e outros resolvidos de imediato, e que o Ministério da Saúde teria que olhar rapidamente para isso. Ato contínuo, o senhor Presidente teceu breves considerações a respeito do financiamento na saúde, citando ser fundamental a regulamentação da Emenda Constitucional 29, tendo em vista que atualmente a maioria dos Municípios já coloca mais do que determina a lei, em torno de 20%, 25%, 28%; que o Estado tem que colocar os 12%, já tendo sido também compromissado com os Secretários da Fazenda e da Saúde do Estado que a folha de pagamento dos inativos seria retirada do cálculo dos 12%, com isso sobrando mais alguns milhões para serem aplicados na saúde; que estudos sobre a cota-parte do Fundo Social estão sendo feitos no sentido de que também sobre a saúde teria que incidir um percentual; e que o percentual do governo federal, que não está regulamentado, seja no mínimo de 10% da sua receita. A respeito da vinda do Ministro da Saúde a Santa Catarina, citou itens que estão prestes a serem demandados pelo Ministério, como o financiamento da saúde; a tabela do SUS; os programas que estão sendo implementados pelo Ministério, inclusive com novo enfoque para poder repassar recursos extra-teto diretamente para os hospitais ou para os Municípios, como o Programa Rede Cegonha, que poderá ter um incremento de recursos nessa área materno-infantil e em várias outras áreas, como no Estratégia de Saúde da Família, agora com uma nova proposta do Ministério no sentido de que os Municípios que consignarem a sua adesão tenham mais 20% e, dependendo de uma avaliação da qualificação desses serviços, do grau de comprometimento das equipes do programa municipal com o Estratégia de Saúde da Família, poderiam receber mais 60%, mais 100% dos recursos; as novas contratualizações em várias áreas para atender determinadas demandas reprimidas em certas especialidades, como cirurgias; e na área de urgência e emergência também a possibilidade de contratualização para novos repasses de recursos. Esclareceu que o Ministro se dispôs, no mês de junho, a participar de uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, mas num primeiro momento apôs alguns comentários no sentido de que um simples reajuste da tabela do SUS representaria um encargo muito grande e não garantiria efetivamente o atendimento na ponta. Concluiu dizendo que exatamente sobre esse ponto o convite foi feito ao Ministro, e que quando estiver confirmado o dia todos também seriam convidados para o debate. Após essas considerações, o senhor Presidente disse que a palavra continuava livre. Fez uso da palavra o senhor Saulo Salustiano Ramos Neto, representando o Consórcio Intermunicipal de Saúde da Amures, que se manifestou acerca do comentário feito pelo senhor Blévio, no sentido de que o Consórcio paga aos profissionais médicos um valor maior do que é determinado pelo SUS. [Taquígrafa-revisora: Siomara G. Videira.] Afirmou que isso ocorre não somente pelo valor pago a mais, cerca de cinco reais, mas pela garantia de receber pelo serviço e por motivos de negociação. Afirmou que cada vez que o Município não consegue atender um paciente, isto acaba custando muito alto para o Município, sendo mais barato ao Município prestar os devidos serviços. O senhor Walter Gomes Filho, superintendente de Planejamento e Gestão, representando o senhor Dalmo Claro de Oliveira, Secretário Estadual da Saúde, colocou que realmente há problemas na tabela SUS, mas que entende que o valor da consulta pago pelo SUS não é baixo, inclusive comparando ao valor pago pelos planos suplementares. Disse que no valor cobrado num consultório privado estão embutidos os valores gastos com aluguel de consultório, pagamento de secretárias e material de consulta, sendo que no SUS o médico não tem esse tipo de despesa, pois todo o suporte necessário é disponibilizado pelo SUS. Lembrou que mesmo assim, muito ainda deve ser feito para que o SUS preste um melhor serviço à comunidade. O senhor Juliano Polese Branco, Secretário Municipal de Saúde de Lages, disse que o consórcio é um sistema complementar, mas que atualmente é um concorrente do SUS, pois 123 paga duas vezes o valor da consulta SUS e mais 20% de taxa sobre os serviços prestados. Apresentou dados do Hospital Infantil, dizendo que o pronto atendimento do hospital atende mais de quatro mil crianças, ressaltando a importância desses serviços à comunidade serrana. Explanou que houve uma diminuição no número de internações, no total de 50%, afirmando que a atenção básica realizada na região era responsável por essa evolução. Lembrou que a região precisa da ajuda do Estado, pois é uma região que passa por mudanças climáticas radicais e que isso aumenta muito a demanda de atendimentos a crianças com dificuldades respiratórias e doenças pulmonares. O senhor Saulo Salustiano Ramos Neto acrescentou que os 20% cobrados pelo consórcio é uma taxa de administração, pois este não recebe nenhuma ajuda do governo; e que o consórcio não tem condições de contratar especialistas de todas as modalidades médicas, afirmando que quando o governo suprir todas as necessidades médicas da população, o consórcio não precisará mais existir. O senhor Presidente passou a palavra à senhora Sisi Blind, Secretária Municipal de Saúde de São Cristóvão do Sul, que afirmou que todos deveriam unir as forças no sentido de descentralizar a saúde do Estado, pois devem ser trazidas especialidades à região; disse que o consórcio é um mal necessário, pois o SUS não consegue dar conta de toda a demanda que a região tem. Falou que deixou de ser religiosa para virar “bandida”, eis que era pastora e assumiu a Secretaria de Saúde, pois quando as pessoas estão sofrendo ela paga profissionais particulares – o que é proibido pelo SUS – para que os pacientes possam ser atendidos. Pediu união e trabalho, dizendo que todos devem trabalhar juntos, resultando numa maior informação e na descentralização dos serviços médicos no Estado. Externou que muitos dependem do SUS para viver e que todos devem lutar para que ele possa ser forte e eficiente nos serviços que presta. O senhor Presidente passou a palavra ao senhor José Antonio de Melo, Prefeito de Bom Retiro, que solicitou que os Deputados estudassem bem o assunto, pois este é importante e acomete todo o Estado, lembrando que os pequenos hospitais das pequenas cidades de Santa Catarina precisam de ajuda. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, lembrou que existia um fórum na Alesc, presidido pelo Deputado Estadual Mauro de Nadal, criado especificamente no sentido de ajudar os pequenos hospitais do Estado. Disse que iria percorrer o Estado tratando do assunto, trazendo ajuda e soluções aos problemas desses pequenos hospitais, pois do bom funcionamento desses hospitais menores depende o bom funcionamento dos grandes hospitais de Santa Catarina. O senhor Presidente passou a palavra à senhora Natividad Brizuela, representando o presidente do Hospital Infantil Seara do Bem, senhor Frederico Manoel Marques, que afirmou sentir que há um caminho de diálogo, pois está havendo um novo momento, mas que os problemas estão sendo discutidos no sentido de achar soluções. Expôs que os hospitais da região têm tido problemas com relação a profissionais anestesistas, e que esses problemas estão sempre ligados à questão financeira, dizendo que o anseio da comunidade é resolver este impasse, citando que outras especialidades, como a neurocirurgia pediátrica, a oncologia e outras especialidades também enfrentavam o mesmo dilema. Afirmou que haveria como o Município absorver cirurgias de alta complexidade, mas que a questão financeira impossibilitava essa hipótese. Discorreu que o hospital tinha interesse em enfrentar a situação da alta complexidade, mas que enfrentava dificuldades; todavia, buscava atender à demanda reprimida utilizando os recursos existentes. Segundo ela, o hospital contava com grandes profissionais, que absorveriam a alta complexidade de diversos procedimentos, mas que falta de recursos era sempre o principal entrave. O senhor Presidente passou a palavra ao senhor Juliano Polese Branco, Secretário Municipal de Saúde de Lages, que pronunciou que estaria presente à audiência com o Ministro Padilha para tratar das questões da saúde do Estado; afirmou que a tabela SUS tem problemas, mas que ela paga valores justos à maioria dos procedimentos. Disse que muitas vezes os gestores 124 são acusados de culpados pela superlotação dos hospitais, afirmando que isto ocorre porque a atenção básica não está sendo bem realizada. Colocou que o Hospital Infantil Seara do Bem é importante para a região, pedindo que o Estado invista no hospital para que o mesmo continue cumprindo seu importante papel. O senhor Presidente passou a palavra ao Deputado Estadual Dado Cherem, que agradeceu às autoridades presentes as importantes manifestações que ajudaram a compor aquela audiência pública. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, disse que o relatório que seria produzido a partir daquela reunião seria compartilhado com todos, principalmente com a Secretaria Estadual de Saúde e com o Governador, afirmando que a saúde era uma tríplice aliança entre União, Estados e Municípios. Lembrou que o Governador Raimundo Colombo prometeu que a saúde seria a prioridade do seu governo, dizendo que a Alesc estava fazendo um trabalho de cooperação com o governo do Estado, para que todos pudessem trabalhar unidos no sentido de melhorar a condição da saúde em Santa Catarina. Agradeceu a presença de todos e encerrou a audiência pública. {Taquígrafo-revisor: Eduardo Delvalhas dos Santos.} DEPUTADO ESTADUAL VOLVEI MORASTONI PRESIDENTE DA COMISSÃO DE SAÚDE 125 ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA – RIO DO SUL “DESCENTRALIZAÇÃO EM ALTA COMPLEXIDADE EM PEDIATRIA E A SAÚDE NA REGIÃO DA AMAVI” 126 1ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 17ª LEGISLATURA COORDENADORIA DE TAQUIGRAFIA DAS COMISSÕES – CTC ATA TAQUIGRÁFICA COMISSÃO DE SAÚDE EVENTO: Audiência DATA: 03/6/2011 LOCAL: Unidavi em Rio do Pública HORA: 9h Sul. SUMÁRIO: discutir sobre a descentralização em alta complexidade em pediatria, hospitais e atenção básica em saúde na região da Amavi. PRESIDENTE DA COMISSÃO DE SAÚDE: Deputado Estadual Volnei Morastoni COMPOSIÇÃO DA MESA: o Deputado Estadual Jorge Teixeira, o Deputado Estadual Sargento Amauri Soares; o Vereador Cláudio Cimardi, Presidente da Câmara de Vereadores do Município de Rio do Sul; o senhor Alcino Pereira, Prefeito do Município de José Boiteux; o senhor Marcelo Mengarda, Promotor de Justiça, neste ato representando o doutor Lio Marcos Marin, Procurador-Geral de Justiça do Ministério Público de Santa Catarina; o senhor Vilson Schulle, Presidente da Fundação de Saúde do Alto Vale do Itajaí; o senhor Osmar Cattoni, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Município de Agronômica; a senhora Sueli de Oliveira, Secretária de Saúde do Município de Rio do Sul; o senhor Walter Gomes Filho, Superintendente de Planejamento de Gestão da Secretaria de Estado de Saúde; o senhor Valdemiro Aví, Prefeito do Município de Laurentino; o senhor Osni Francisco de Fragas, Presidente da Associação de Municípios do Alto Vale do Itajaí – Amavi – e Prefeito de Ituporanga. REGISTRO DE PRESENÇA: doutora Marlou Cristiane Dalri, Chefe da UTI Pediátrica do Hospital Regional do Alto Vale do Itajaí; senhor Paulo Roberto Tschumi, Diretor do Consórcio Municipal de Saúde do Alto Vale do Itajaí – CIS-AMAVI; senhor Hary Spiess, Presidente do Hospital de Trombudo Central; senhor Moacir Sebastião Pivatto, Diretor Administrativo do Hospital e Maternidade Santa Terezinha do Município de Salete; senhora Vera Lúcia Matteussi Doering, Presidente da Fundação Hospitalar Alex Krieser do Município de Agrolândia; senhor Giovani Nascimento, 1º Vice-Presidente do Hospital Regional do Alto Vale; senhor José Braulio Inácio, Prefeito do Município de Chapadão do Lageado; senhora Iara Mariza Bonin, Vereadora do Município de Taíó; senhora Maria Zenaide Stringari, Vereadora do Município de Taió; senhor Márcio Maciel, Secretário de Saúde do Município Chapadão do Lageado; senhor Leandro Zunino, Secretário de Saúde do Município de Pouso Redondo; senhora Rosana Baade Leonhardt, Secretária de Saúde do Município de Braço do Trombudo; senhor José Carlos de Farias, Secretário de Saúde do Município de Ituporanga; senhor Rodrigo Tabarelli, Secretário de Saúde do Município de Vidal Ramos; senhor Klaus Dieter Diel, Secretário de Saúde do Município de Taió; senhora Ana Merilin Bertoldi de Carvalho, Secretária de Saúde do Município de Rio do Oeste; senhor Darci Bonatto, Coordenador, neste ato representando o Colegiado de Secretários de Saúde do Alto Vale do Itajaí; senhor Clóvis Braatz, Secretário de Saúde do Município de Ibirama; senhor Aristides Borghesen, Secretário de Saúde do Município de Salete; senhor Orlando Jacó Paulo, Secretário de Saúde do Município de Witmarsun, neste ato representando o senhor Fridolino Nitz, Prefeito de Witmarsun; senhora Altéia 127 Ferrari Coelho, Gerente de Saúde da Secretária de Desenvolvimento Regional do Município de Ibirama; senhora Elísia Zanella, Coordenadora, neste ato representando o senhor Paulo Corrêia, Secretário de Saúde do Município de Rio do Campo; senhora Alanan Goedert, Enfermeira, neste ato representando a senhora Maria de Fátima Marquez Capistrano, Secretária de Saúde do Município de Imbuia; senhor Maicon Jahn, Diretor de Saúde do Município de Agronômica; senhora Vanderléia Aparecida Sebold Fermino, Gerente de Saúde do Município de Ituporanga; senhor Ivanor Boing, Prefeito do Município de Vitor Meireles; senhora Maria Luiza Kestring Liebsch, Prefeita do Município de Mirim Doce; senhor Irineu Felizário, Vereador do Município de Mirim Doce; senhor Carlos Liebsch, Secretário de Saúde do Município de Mirim Doce; senhora Lilian Carla Hillesheim, Agente Administrativa da Associação Hospitalar Angelina Menghelli do Município de Vitor Meireles; senhora Martina Zucatelli, Prefeita do Município de Lontras; senhora Edelir Stupp; Diretora do Hospital Bom Jesus do Município de Ituporanga; senhor Osni Kuhnen, Vereador do Município de Salate; senhor Odair José Círico, Vereador do Município de Salete; senhora Edileuza Garcia Fortuna, Presidente do Sindicato dos Servidores de Saúde de Santa Catarina; senhora Andrea Cristiane Borba, Gerente de Controle e Avaliação da Secretaria Estadual de Saúde; e do Tenente-Coronel PM senhor Carlos Roberto Fogaça Bueno, Comandante do 13º Batalhão. MANIFESTAÇÕES: Deputado Estadual Volnei Morastoni; Deputado Estadual Jorge Teixeira; Deputado Estadual Sargento Amauri Soares; Valter Gomes Filho; Marcelo Mengarda; Osni Francisco de Fragas; Vereador Cláudio Cimardi; Sueli Oliveira; Osmar Catoni; Vilson Schulle; Edileuza Garcia Fortuna; Vereadora Iara Boning; José Carlos Farias; Darci Bonatto; Maria Luiza Kestring Liebsch; Ivanor Boing; Moacir Sebastião Pivatto. ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PROMOVIDA PELA COMISSÃO DE SAÚDE PARA DISCUTIR SOBRE A DESCENTRALIZAÇÃO EM ALTA COMPLEXIDADE EM PEDIATRIA, HOSPITAIS E ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE NA REGIÃO DA AMAVI, REALIZADA NO DIA 03 DE JUNHO DE 2011, ÀS 9H, NA UNIDAVI, EM RIO DO SUL. Ao terceiro dia do mês de junho de 2011, às 9 horas, realizou-se na Unidavi, em Rio do Sul, audiência pública promovida pela Comissão de Saúde, atendendo ao requerimento do Deputado Estadual Jorge Teixeira, para discutir a descentralização em alta complexidade em pediatria, hospitais e atenção básica em saúde na região da Amavi. Dando início à audiência o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, convidou para compor a mesa dos trabalhos o Deputado Estadual Jorge Teixeira, o Deputado Estadual Sargento Amauri Soares; o Vereador Cláudio Cimardi, Presidente da Câmara de Vereadores do Município de Rio do Sul; o senhor Alcino Pereira, Prefeito do Município de José Boiteux; o senhor Marcelo Mengarda, Promotor de Justiça, neste ato representando o doutor Lio Marcos Marin, Procurador-Geral de Justiça do Ministério Público de Santa Catarina; o senhor Vilson Schulle, Presidente da Fundação de Saúde do Alto Vale do Itajaí; o senhor Osmar Cattoni, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Município de Agronômica; a senhora Sueli de Oliveira, Secretária de Saúde do Município de Rio do Sul; o senhor Walter Gomes 128 Filho, Superintendente de Planejamento de Gestão da Secretaria de Estado de Saúde; o senhor Valdemiro Aví, Prefeito do Município de Laurentino; o senhor Osni Francisco de Fragas, Presidente da Associação de Municípios do Alto Vale do Itajaí – Amavi – e Prefeito de Ituporanga, a quem agradeceu o apoio dado para a realização da audiência. A seguir, registrou a justificativa de ausência do Deputado Estadual Jailson Lima, que está em viagem a Brasília, mas se faz representar na pessoa do senhor Tarcísio Koch, assessor parlamentar, e a ausência do Deputado Estadual Aldo Schneider, devido a compromisso assumido anteriormente, frisando que os dois são Deputados da região. Logo após, fez o registro das seguintes presenças: doutora Marlou Cristiane Dalri, Chefe da UTI Pediátrica do Hospital Regional do Alto Vale do Itajaí; senhor Paulo Roberto Tschumi, Diretor do Consórcio Municipal de Saúde do Alto Vale do Itajaí – CIS-Amavi; senhor Hary Spiess, Presidente do Hospital de Trombudo Central; senhor Moacir Sebastião Pivatto, Diretor Administrativo do Hospital e Maternidade Santa Terezinha do Município de Salete; senhora Vera Lúcia Matteussi Doering, Presidente da Fundação Hospitalar Alex Krieser do Município de Agrolândia; senhor Giovani Nascimento, 1º Vice-Presidente do Hospital Regional do Alto Vale; senhor José Braulio Inácio, Prefeito do Município de Chapadão do Lageado; senhora Iara Mariza Bonin, Vereadora do Município de Taíó; senhora Maria Zenaide Stringari, Vereadora do Município de Taió; senhor Márcio Maciel, Secretário de Saúde do Município Chapadão do Lageado; senhor Leandro Zunino, Secretário de Saúde do Município de Pouso Redondo; senhora Rosana Baade Leonhardt, Secretária de Saúde do Município de Braço do Trombudo; senhor José Carlos de Farias, Secretário de Saúde do Município de Ituporanga; senhor Rodrigo Tabarelli, Secretário de Saúde do Município de Vidal Ramos; senhor Klaus Dieter Diel, Secretário de Saúde do Município de Taió; senhora Ana Merilin Bertoldi de Carvalho, Secretária de Saúde do Município de Rio do Oeste; senhor Darci Bonatto, Coordenador, neste ato representando o Colegiado de Secretários de Saúde do Alto Vale do Itajaí; senhor Clóvis Braatz, Secretário de Saúde do Município de Ibirama; senhor Aristides Borghesen, Secretário de Saúde do Município de Salete; senhor Orlando Jacó Paulo, Secretário de Saúde do Município de Witmarsun, representando o senhor Fridolino Nitz, Prefeito de Witmarsun; senhora Altéia Ferrari Coelho, Gerente de Saúde da Secretária de Desenvolvimento Regional do Município de Ibirama; senhora Elísia Zanella, Coordenadora, representando o senhor Paulo Correia, Secretário de Saúde do Município de Rio do Campo; senhora Alanan Goedert, Enfermeira, representando a senhora Maria de Fátima Marquez Capistrano, Secretária de Saúde do Município de Imbuia; senhor Maicon Jahn, Diretor de Saúde do Município de Agronômica; senhora Vanderléia Aparecida Sebold Fermino, Gerente de Saúde do Município de Ituporanga; senhor Ivanor Boing, Prefeito do Município de Vitor Meireles; senhora Maria Luiza Kestring Liebsch, Prefeita do Município de Mirim Doce; senhor Irineu Felizário, Vereador do Município de Mirim Doce; senhor Carlos Liebsch, Secretário de Saúde do Município de Mirim Doce; senhora Lilian Carla Hillesheim, Agente Administrativa da Associação Hospitalar Angelina Menghelli do Município de Vitor Meireles; senhora Martina Zucatelli, Prefeita do Município de Lontras; senhora Edelir Stupp; Diretora do Hospital Bom Jesus do Município de Ituporanga; senhor Osni Kuhnen, Vereador do Município de Salate; senhor Odair José Círico, Vereador do Município de Salete; senhora Edileuza Garcia Fortuna, Presidente do Sindicato dos Servidores de Saúde de Santa Catarina; senhora Andrea Cristiane Borba, Gerente de Controle e Avaliação da Secretaria Estadual de Saúde; e do TenenteCoronel PM senhor Carlos Roberto Fogaça Bueno, Comandante do 13º Batalhão. Depois do registro das presenças, agradeceu a acolhida ao convite da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Santa Catarina para participarem da audiência e comentou que ali estava um grupo seleto da área da Saúde. Informou que a reunião fazia parte de uma série de reuniões 129 que estão ocorrendo em diversas regiões do Estado (Criciúma, Grande Florianópolis, Chapecó, Lages, Taió) e que na próxima sexta-feira será na Baixo Vale do Itajaí, encerrando este primeiro ciclo de audiência pública na área da Saúde; que será feito um balanço de cada uma delas; cada uma dessas audiências resulta numa ata, num relatório minucioso que pode ser compartilhado com todos que desejarem, basta pedir uma cópia à Comissão. Agradeceu, de antemão, a toda a equipe da Assembleia que trabalha incansavelmente na realização das audiências. Ponderou que a partir de agora a própria Comissão de Saúde da Assembleia vai se debruçar sobre a ata de cada uma dessas audiências públicas para extrair os encaminhamentos que deverão ser entregues ao Secretário de Estado de Saúde e ao Governador do Estado em uma audiência pública. Registrou que a Secretaria de Saúde do Estado sempre está presente acompanhando os trabalhos e que o senhor Walter Gomes Filho a representa, porque se quer que ao final todo esse trabalho resulte em ações concretas para melhorar o atendimento da saúde no Estado. Relembrou que o Governador compartilhou que a saúde seria prioridade número um, dois e três em seu governo e que as pessoas estariam em primeiro lugar, assim sendo, conjugando essas duas forças de prioridades, com certeza a saúde precisa de uma série de cuidados em todo o Estado. Informou que a Assembleia Legislativa criou um Fórum que irá iniciar outro circuito de reuniões pelo Estado só para avaliar a situação dos pequenos hospitais do Estado, com menos de cinquenta leitos, de como eles estão funcionando, pois são fundamentais para a rede hospitalar de Santa Catarina e, na maioria das vezes, estão sobrevivendo com o apoio e a união da comunidade. Enfatizou a necessidade de se ter uma política estadual também para os pequenos hospitais, mas que não adianta fazer uma avaliação isolada, porque a atenção básica nos Municípios já está no limite; que muitos Prefeitos estão aplicando mais de 15%, 20%, 25% na saúde na qualidade desse atendimento. Questionou como estão os programas de Estratégia de Saúde da Família e se tem unidade de prontoatendimento nesses hospitais menores. Disse que vão visitar os hospitais para verificar se os programas de saúde estão funcionando na atenção básica. Reiterou que ao final a intenção é fazer uma avaliação global de toda a saúde em cada um dos Municípios verificando principalmente a situação de todos os hospitais do Estado, administrados pelo Estado ou não. Analisou que nas visitas que realizaram encontraram problemas básicos nos hospitais gerenciados pelo próprio Estado e que um deles é de gerenciamento (os hospitais não têm autonomia administrativa e financeira); que o Estado formou ao longo do tempo um corpo de elite em gestão hospitalar; que tem problema de pessoal (falta de pessoal e sobrecarga do pessoal que está trabalhando); que não há uma política adequada de valorização do pessoal. Afirmou que a saúde precisa de humanização e que essa humanização é uma via de mão dupla, ou seja, humanizar todos os envolvidos na saúde, os pacientes, seus familiares e também a valorização e o reconhecimento daqueles que trabalham com a saúde. Enfatizou que essas questões estão em jogo e que a Comissão de Saúde quer contribuir com esse diagnóstico no Estado. A seguir informou as próximas audiências públicas já, que são: relatório de gestão da Secretaria de Estado de Saúde do SUS (em que há relatórios atrasados); diabetes tipo 1, a pedido do Ministério Público Federal; sobre o Hospital Florianópolis, na próxima quarta-feira à noite, atendendo a requerimento do Deputado Estadual Sargento Amauri Soares; sobre cirurgias eletivas, na quinta-feira, a pedido do Deputado Estadual Antonio Aguiar, em comum acordo com o Governador; e audiência para debater sobre a tabela do SUS no dia 8 de julho, com a presença do Ministro Padilha, que ainda falta confirmar, na Assembleia Legislativa. Explicou que nesta última será debatido sobre reajuste, financiamento e alguma outra proposta que o Ministro possa trazer; que num primeiro momento o Ministro acha que só reajustar a tabela do SUS não resolve o problema, porque a repercussão é muito grande. Adiantou que a audiência deveria terminar às 12h e explicou a 130 metodologia de desenvolvimento da reunião. Disse que daria o tempo de três minutos para cada componente da mesa se pronunciar oportunizando assim a participação de todos. Assim sendo, concedeu a palavra aos integrantes da mesa começando pelo Deputado Estadual Jorge Teixeira, que iniciou a sua fala agradecendo ao Deputado Estadual Volnei Morastoni por ter atendido a solicitação do Prefeito e Presidente da Amavi, Osni Francisco de Fragas, para a realização da audiência na região do Alto Vale do Itajaí para se discutir a saúde e a descentralização em alta complexidade em pediatria, hospitais e atenção básica em saúde na região da Amavi. A seguir, cumprimentou os componentes da mesa e demais presentes e explicou que o Alto Vale do Itajaí é uma região metropolitana composta de 28 Municípios nos quais se tem 22 unidades hospitalares; que houve um tempo em que isso era muito interessante porque os sindicatos rurais conseguiam verba, através do Funrural, e construíam os hospitais; que isso era interessante numa época em que não se tinha uma boa locomoção e um bom sistema viário em nível de Alto Vale do Itajaí; que hoje os Prefeitos têm uma carga financeira muito grande para a manutenção desses hospitais; que normalmente são hospitais com baixa resolutividade que precisam ser direcionados para algum serviço específico e é importante que a Secretaria de Estado da Saúde faça esse trabalho com eles, pois o Alto Vale do Itajaí está maduro para isso e receberá com carinho essa orientação. Registrou que tem alguns hospitais que podem atender assistência hospitalar secundária de média complexidade como o de Taió, Ibirama e Ituporanga e deixaria para o de Rio do Sul a alta complexidade em cirurgia cardíaca, neurocirurgia, ortopedia e pediatria, pois é um hospital de referência. Registrou que possuem falta de profissionais na área de assistência médica, como em todo o Estado, e que o último incentivo que tiveram para a interiorização da assistência médica foi com os PSFs. Solicitou que o Estado verifique de que maneira poderá financiar, junto com os Municípios, a média complexidade e alguns especialistas para que o sistema ambulatorial funcione nas regionais do Alto Vale, porque esses serviços seriam prestados perto da comunidade onde esses hospitais atendem. Disse que espera que todos dêem a sua opinião a respeito do sistema de saúde da região. Agradeceu a oportunidade e a presença de todos. Dando seguimento, o Deputado Estadual Sargento Amauri Soares cumprimentou os presentes e teceu muitos elogios ao Deputado Volnei Morastoni na condução da Presidência da Comissão de Saúde, porque é a Comissão Temática da Assembleia Legislativa que mais tem trabalhado, com uma média de duas audiências por semana. Explicou que além de ser membro da Comissão de Saúde também faz parte de outras cinco Comissões: CCJ, Finanças, Saúde, Segurança e Educação; que não tem jeito de participar de todas as reuniões. [Taquígrafa-revisora:Almerinda Lemos Thomé] Disse que não poderia deixar de acompanhar a discussão, porque o Alto Vale é a sua região de origem. Mencionou que os problemas na saúde do Estado são bastante graves e que há dificuldades de financiamento. Inclusive, falou que estão querendo acabar com a “ambulancioterapia”, a qual já está se transformando em “vanterapia’. Nesse sentido, disse que é preciso haver uma política de soluções, até porque a Grande Florianópolis não está mais dando conta de atender a demanda da região. Sobre isso, acrescentou que as pessoas internadas ficam nos corredores dos hospitais, desmistificando o fato de muitas delas acharem que ir para Florianópolis significa encontrar um médico e a cura necessária. Disse que são necessários mais investimentos na saúde tanto por parte do governo federal, como dos governos estaduais e, na medida do possível, dos governos municipais. Por isso, considerou legítimo discutir a questão da tabela do SUS e investir no serviço público para fortalecer o sistema. Ao final, agradeceu a oportunidade e se colocou à disposição para ouvir aqueles que trabalham na área da saúde diariamente. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, registrou a presença da senhora Martina Zucatelli, Prefeita de Lontras, e da Irmã Idelir Stupp, diretora do Hospital Bom Jesus do Município de Ituporanga. 131 Em seguida, fez uso da palavra o senhor Walter Gomes Filho, superintendente de gestão da Secretaria de Estado da Saúde, que, após os cumprimentos, disse que queria ouvir a comunidade para trazer a ela um alento sobre o tema saúde pública. Fez menção à fala do Deputado Estadual Jorge Teixeira sobre a situação dos hospitais públicos do Estado e sobre a maneira compartilhada que é preciso adotar para resolver ou melhorar a qualidade, a gestão e o processo desses hospitais, bem como as suas relações como o SUS. No que tange à relação como o Ministério da Saúde, disse que este tem uma política-proposta, que é a política de redes de atenção à saúde, ou seja, é a ideia de reforçar a lógica regional e dentro dela vocacionar as atividades de cada hospital. Como ponto-chave do problema, apontou a questão do subfinanciamento, dizendo que as prefeituras ultrapassam os seus 15% que são repassados para a saúde, porque sabem da importância desses repasses. Referiu-se ao governo do Estado que repassa 12% e agora está tirando os inativos da sua parcela, o que trará um volume maior de recursos financeiros para os serviços de saúde e afirmou que o governo federal não repassa nem 5% dos 10% que deveria repassar. Por isso, destacou que é preciso unir forças para buscar recursos para a saúde e melhorar aquilo que é hoje o maior gargalo do Estado: a média e a alta complexidade. Complementou falando que sabe que os municípios estão exercendo bem o seu papel; que a atenção básica funciona bem na grande maioria dos municípios, assim como as especialidades básicas associadas; que as equipes da saúde da família fazem corretamente o seu trabalho; e que o Estado criou um Nasf estadual para municípios menores desenvolverem suas atividades, mas que ainda assim os municípios não conseguem evoluir na oferta de serviços especializados, sobretudo de média e alta complexidade. Além disso, disse que sabe que é difícil fixar os profissionais onde deveriam ser fixados, pois o Estado não consegue pagá-los adequadamente. Tudo isso, segundo ele, ocorre em função do subfinanciamento. Disse que está ali presente para discutir conjuntamente essas questões, uma vez que o SUS não é uma proposta de um único ente federativo. Por isso, agradeceu à Assembleia Legislativa pela oportunidade de fazer essa discussão com as comunidades de todo o Estado. Na sequência, falou o senhor Marcelo Mengarda, Promotor de Justiça, neste ato representando o doutor Lio Marcos Marin, Procurador-Geral de Justiça do Ministério Público de Santa Catarina, que após cumprimentar os integrantes da mesa e demais presentes, também parabenizou a Alesc pela iniciativa de ouvir o cidadão. Falou que o Ministério Público se faz presente para colaborar com as autoridades e fazer com que a saúde seja garantida. Disse, ainda, que é Promotor da Infância e da Juventude e que acha importante trazer os atendimentos pediátricos para próximo das famílias. Falou que a questão do atendimento básico e do Programa de Saúde da Família é um termômetro para os municípios e um eliminador de gargalos que prejudicam o atendimento da comunidade. Para ele, se o Programa de Saúde da Família funcionasse bem, já se eliminariam muitos outros atendimentos em outros hospitais. Enalteceu a preocupação do Ministério Público com pequenos atendimentos e com a questão da contratação de profissionais, já que há a necessidade, por pediatras na região, de trabalhar em plantões permanentes nos hospitais, como é o caso do Hospital Regional. A respeito disso disse que se não houver pediatra, a legislação do SUS pode cortar aquilo que o Hospital Regional tem como referência e assim se perderá um trabalho em alta complexidade. Finalizando, destacou esse plantão pediátrico como um grande problema no Alto Vale e disse que será preciso chegar a uma resolução a respeito, porque não se pode exigir o corte do atendimento em alta complexidade no Hospital Regional por falta do cumprimento de uma regra básica, que é a pediatria em plantão permanente. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, retomou a palavra enfatizando que essa necessidade por médicos pediatras foi constatada em Lages, em Chapecó e no sul do Estado. Destacou que a criança é um ser em desenvolvimento e exige um 132 atendimento especializado de um profissional que está em falta no Estado. Questionou, então, como será suprida a questão da interiorização dos médicos, principalmente dos pediatras. Lembrou que uma das propostas de discussão da audiência é a descentralização em alta complexidade em pediatria, como a oncologia pediátrica, a neurocirurgia pediátrica, a oncologia pediátrica, a cirurgia cardíaca pediátrica, e a ortopedia pediátrica. Para isso, frisou que é preciso os hospitais terem infraestrutura. Ademais, falou que também gostaria de ouvir o posicionamento dos participantes com relação ao tema. Em seguida, passou a palavra ao senhor Osni Francisco, Prefeito de Ituporanga e presidente da Associação dos Municípios do Alto Vale do Itajaí (Amavi). Inicialmente o Prefeito cumprimentou as autoridades presentes, especialmente o Deputado Estadual Jorge Teixeira. Após, disse que a discussão é ampla e tem trazido a todos muita preocupação. Falou que os prefeitos gastam além do que podem e a demanda só aumenta; que as receitas dos municípios estão caindo e não há o que fazer. Também manifestou preocupação com a falta de recursos e o fato de os profissionais da área reivindicarem aumento de salário. Citou o Hospital Bom Jesus, dizendo que ele é superlotado e que se não houver uma administração integrada da saúde com o poder público, o hospital pode acabar fechando a exemplo de outros. Enalteceu a importância da audiência pública para que haja uma definição e disse que os deputados presentes devem levar a questão ao governador do Estado, pois não se pode permitir que hospitais fechem. Falou que reconhece o programa federal e que os 28 municípios têm tentado cumpri-lo, mas isso é pouco, porque a população aumenta. Considerou deprimente a situação das ambulâncias, principalmente no que diz respeito às más condições das rodovias. [Taquígrafa-revisora: Sibelli D’Agostini] O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, passou a palavra ao senhor Cláudio Cimart, Presidente da Câmara de Vereadores de Rio do Sul, que cumprimentou todos e observou que a Constituição diz que a saúde tem que vir em primeiro lugar, seguido da educação e da segurança; que nada mais justo do que a Assembleia e as Câmaras Municipais darem apoio às audiências públicas a fim de discutir assuntos sobre a saúde; que não será em breve que o problema da saúde será resolvida, porque as doenças apareçam cada vez mais e o dinheiro é curto; que essa é uma iniciativa para tentarem resolver todos juntos sobre os problemas urgentes da saúde em todo o Estado. Cumprimentou o Presidente da Comissão e todos os Deputados por estarem naquela região trazendo tal assunto. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, contou que no dia anterior, na sessão na Assembleia Legislativa, o assunto que prevaleceu foi que se precisa juntar mais a medicina, a saúde com a agricultura; que há dois dias ocorreu um café agroecológico naquele local em que se discutiu sobre a agricultura ecológica e os alimentos orgânicos; que em várias audiências públicas pelo Estado, muitas comunidades, principalmente as do oeste, levantaram o problema dos agrotóxicos e a repercussão disso na saúde; que há necessidade de mais estudos e pesquisas. Disse que tem que haver cada vez mais assistência, mais tecnologia; que a saúde tem quatro pilares, sendo um deles a educação em saúde; que prevenção é outro pilar; que estão falando sobre apenas um pilar que é o tratamento e a reabilitação; que na base disso tudo há várias questões que precisam ser discutidas, como a importância da alimentação saudável. Narrou que quando começou como médico pediatra há trinta anos, a preocupação maior era a desnutrição infantil, mas que hoje é a obesidade e que isso ocorre cada vez mais precocemente. Concordou com o Presidente da Câmara de Vereadores de Rio do Sul quando falou que cada vez mais as doenças aparecem e o dinheiro não é suficiente. Afirmou que para mudar essa realidade têm que voltar a debater os temas da promoção em saúde, como a alimentação saudável, começando pelos cursos na área da saúde a fim de que o futuro seja diferente do que é hoje. Em seguida passou a palavra à senhora Sueli de Oliveira, Secretária de Saúde do Município de Rio do Sul, em 133 exercício, que cumprimentou todos e disse que, conversando com alguns secretários antes de começar o evento, percebeu que a preocupação dos Secretários de Saúde são quase iguais em relação à alta e média complexidade, não só com relação à pediatria, mas também com a ortopedia; que Rio do Sul é referência para outras cidades onde alguns pacientes ficam até dois anos na fila esperando por um procedimento, por um atendimento. Contou que no Município conseguiram com a atenção básica, nos PSF, fazer a contratação de médicos diminuindo a fila não só do pronto-socorro, como nos atendimentos na policlínica. Percebeu que o hospital local é referência para vários Municípios, mas tem problemas nos plantões. Contou que tiveram uma reunião com o pessoal do hospital e alguns médicos da atenção básica fizeram alguns dias de plantão no hospital; que falta recurso do governo federal e do Estado; que pediram socorro ao Deputado Estadual Jorge Teixeira para a hemodiálise porque estavam sem recursos para isso. Disse que é impossível às vezes a Prefeitura e o Município suportarem uma demanda tão grande de doentes. Cumprimentou a Assembleia Legislativa e o Deputado Estadual Volnei Morastoni por realizar a audiência pública no Município de Rio do Sul. Em seguida a palavra foi dada ao senhor Osmar Cattoni, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Município de Agronômica, que afirmou que não é especialista em saúde, mas sabe que deveria haver educação preventiva também nas escolas. Desejou que da reunião saíssem com propostas concretas a respeito do assunto e agradeceu a todos os participantes presentes. Na sequência, o Presidente passou a palavra ao senhor Vilson Schulle, presidente da Fundação de Saúde do Alto Vale do Itajaí, que cumprimentou todos e endossou as palavras do Deputado Estadual Jorge Teixeira, afirmando que o que ele falou é o que acontece hoje com a saúde do Alto Vale do Itajaí. Contou que a região da Amavi tem 28 Municípios e que naquela semana haviam contado 26 ambulâncias na frente do Hospital Regional. Disse que o primeiro problema é a dispersão de recursos; que os recursos finais não acabam chegando à saúde; que o grande investimento é feito em publicidade; que os administradores não têm calculado o custo do atendimento médico; que qualquer profissional da área da saúde é capaz de ajudar a fazê-lo; que nesse cálculo tem que ser incluído todos os custos que um hospital tem, incluindo custo administrativo, custo com energia elétrica e outros; que se não houver o pagamento justo pelo preço do serviço prestado com certeza não se evolui na luta; que se não houver a locação dos recursos, especificamente na saúde, não haverá sucesso. Afirmou que o Hospital hoje é uma entidade atípica; que vieram da iniciativa privada e que quanto mais trabalham mais lucro geram, que quanto maiores forem os recursos, maiores serão os investimentos; que quanto mais atende, mais prejuízo tem; que não há conta de chegada se não houver um pouco mais de responsabilidade política nesse processo. Destacou que o Estado hoje investe mais de R$ 2 milhões no hospital de Ibirama e que não investe nada no hospital do Rio do Sul. Neste momento o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, perguntou quanto que o governo do Estado repassa para o Hospital Regional Alto Vale, o que foi respondido pelo senhor Vilson Schulle que o governo do Estado repassa zero como recurso para custeio e para investimento. Discorreu que o Hospital tem pagado os serviços prestados, mas como esse tipo de serviço tem sido feito com prejuízo, o Hospital tem comprometido as suas 23 entidades sem fins lucrativos. Ressaltou que hoje todos os diretores do Hospital Regional Alto Vale não têm remuneração, que são todos voluntários; que consideram ter uma administração enxuta; que existe o custo alto em função da dispersão desses recursos; que aquele Hospital recebe pessoas de unidades do interior; que as UTIs estão lotadas; que o Samu traz as pessoas e o hospital tem que ir buscar outros lugares para levar os pacientes; que não têm deixado os pacientes no corredor e nem na maca; que têm dado um atendimento razoável. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni disse que receberam algumas 134 informações preliminares em relação ao Hospital Regional Alto Vale. Citou que no relatório de dados daquele Hospital consta 197 leitos, sendo 171 leitos de internação, 10 leitos de UTI geral, 10 leitos de UTI coronária, 6 leitos de UTI pediátrica; que tem 521 funcionários e 126 médicos no corpo clínico; que no Alto Vale do Rio do Peixe e na região Serrana tem todas as especialidades médicas, com referência em cirurgia cardíaca e vascular, bem como neurocirurgia para o Alto Vale e atendimentos e pronto atendimento, internamento, cirurgias, partos, atendimento ambulatoriais em cardiologia, ortopedia, neurologia, hemodinânima, atendimentos pediátricos e internações pediátricas. Seguindo no relatório, mostrou como déficit financeiro mensal, no primeiro trimestre de 2011, uma média de R$ 345.000,00. O senhor Vilson Schulle, presidente da Fundação de Saúde do Alto Vale do Itajaí retomou a palavra e acrescentou que no mês de abril apresentaram um déficit de R$ 436.000,00 porque tiveram o reajuste dos profissionais de sindicato, que é obrigatório o repasse anual, e para que mantivessem o serviço de plantão funcionando também tiveram que reajustar, juntamente com a Secretaria Municipal de Saúde, o preço/hora plantão para R$ 80,00. Contou ainda que tiveram títulos protestados e que buscaram financiamento bancário para poder limpar a conta, limpar o nome da entidade e que isso vem comprometer as 23 entidades sem fins lucrativos, que estão ajudando a gerir o Hospital Regional. Afirmou que têm, além desse relatório, uma estatística do Hospital que podem passar para o presidente da Comissão de Saúde. O Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, disse que seria importante ter os dados de todos os hospitais porque os documentos serão anexados ao relatório, o que vai ajudar na análise dos dados e nas proposições que serão feitas ao governo do Estado. Falou que, pelo que o presidente da Fundação narrou, já passa de R$ 1.500.000,00 o déficit mensal, acumulado neste ano. Chamou sua atenção o Hospital não receber nenhum recurso direto do governo do Estado porque vários hospitais recebem, como o Hospital Marieta Konder Bornhausen, de Itajaí, que hoje recebe R$ 222.000,00/mês de repasse e outras verbas extraordinárias passadas pelo governo do Estado. Contou que participou de uma audiência porque aquele hospital precisa passar para R$ 500.000,00/mês. Declarou que terão que ajustar uma política no Estado que seja equânime, igualitária para os hospitais porque existem hospitais do Estado geridos pelo Estado, hospitais do Estado cedidos para terceiros, como é o caso do hospital de Rio do Sul e outros e que esse tipo de política é necessária; que não adianta terceirizar a administração e o Estado ficar ausente; que é preciso ter uma política também para os pequenos hospitais. Informou que fizeram uma audiência em Taió e que o funcionamento do hospital daquela cidade, que tem cinqüenta leitos, é fundamental, porque se ele não estiver amparado vai refletir no Hospital Regional de Rio do Sul; que assim vai acontecer em relação aos pequenos hospitais de outros Municípios. O senhor Vilson Schulle, retomando a palavra, colocou que o Hospital Regional hoje está muito bem equipado; que tem aparelhos de última geração; que o recurso para o investimento, no momento, tem se conseguido com emendas parlamentares e outros. Afirmou que o problema é o custeio, é o procedimento; que se não houver um repasse de recursos para suprir esse custo a fim de que a entidade possa continuar funcionando, não adianta discutir saúde. O senhor Presidente, exprimiu que o hospital tem todo o custo de hotelaria e a complexidade dos serviços de saúde; que essas coisas se somam; que é aí que há a importância de o Estado ter uma política de gerenciamento para os hospitais dando apoio, amparo e suporte. Apontou os dados recebidos do Hospital Bom Jesus, de Ituporanga: atende as especialidades de clínica médica, ginecológica e obstetrícia, clínica cirúrgica, cardiológica, ortopédica, psiquiátrica, clínica pediátrica, neonatologia, gastroenterologia, traumatologia, endoscopia, cirurgia geral, radiologia, vídeolaroscopia, videoartroscopia; possui sessenta leitos, vinte médicos, atende dez Municípios da região, mil e setecentos atendimentos de emergência/urgência por mês, 135 sendo 90% pelo SUS, cento e cinco funcionários, mas não tem cirurgia pediátrica, não tem UTI neonatal, tem dificuldades financeiras, a tabela do SUS não é reajustada, a Prefeitura ajuda na hora/plantão e não tem oncologia. Falou que o Hospital Miguel Couto relatou que tem cem leitos, atende a maioria pelo SUS, tem pediatria, não tem UTI neonatal, não tem oncologia, tem falta de profissionais, dez leitos de UTI não estão funcionando por falta de profissionais, faz cirurgia geral, menos cardíacas (os pacientes, neste caso, são encaminhados para Rio do Sul), tem maternidade, faz algumas cirurgias pediátricas, mas não tem cirurgião pediátrico. Solicitou que os demais hospitais com representatividade presente também enviassem documentos relatando sua situação a fim de anexar no relatório. Informou que vai começar um novo circuito através de um fórum, presidido pelo Deputado Estadual Mauro de Nadal, e que também vai participar; que esse fórum vai percorrer todo o Estado, chamando todos os pequenos hospitais para analisar a sua situação. Em seguida explicou que todos os registros, bem como as propostas são importantes para que os encaminhamentos junto ao governo do Estado possam fazer frente a todas as situações. Falou que a Emenda Constitucional n° 29, que está no Congresso Nacional, precisa ser regulamentada. Concordou com o disse o senhor Walter sobre a lei já estabelecer para os Municípios 15% da sua receita em saúde e 12% para o Estado. Afirmou que o Estado tem realmente que aplicar os seus 12%; que estarão acompanhando e fiscalizando; que a folha dos inativos tem que sair dos 12%. Contou que o Secretário da Fazenda já se comprometeu, na Assembleia em uma audiência, que de imediato os pagamentos dos inativos da Saúde não serão mais computados nos 12% que o Estado tem que aplicar; que isso vai fazer sobrar mais alguns milhões de reais para serem aplicados em saúde. Expressou que com esse dinheiro extra que o Estado terá, deverá encontrar uma forma de compartilhar com os Municípios, bem como ter uma política para atender os pequenos hospitais. Desejou que o Estado não deixe para o último trimestre para completar os 12%, mas que vá aplicando 5% 6% 7% durante o ano ter uma uniformidade na aplicação dos 12%. [Taquígrafa-revisora: Iwana L. Lentz] Disse que até agora o primeiro trimestre o governo aplicou em torno de 7% dos 12% em saúde; que é abaixo do que deve aplicar. Destacou a importância do repasse dos recursos aos hospitais, por parte do governo do Estado, ser mês a mês, e não uma única vez no final do ano, como acontece, e adicionou que a Emenda Constitucional nº 29 deve estabelecer qual a cota cabível à União para financiamento da saúde. Após, concedeu a palavra aos inscritos. Primeiramente fez uso da palavra a senhora Edileuza Garcia Fortuna, Presidente do Sindicato dos Servidores da Saúde em Santa Catarina, que desejou bom-dia a todos e parabenizou a Comissão pela iniciativa da audiência pública. Pontuou que os secretários de Saúde sabem o valor repassado para toda a equipe do PSF (Programa Saúde da Família), e frisou que para garantir que a atenção básica funcione e, consequentemente, diminua o atendimento hospitalar, é necessário que esse programa seja eficaz nos Municípios. Como defensora do SUS e funcionária pública do Estado, pediu que os Municípios façam o seu dever de casa na conferência municipal e estadual de saúde, para que as reivindicações da regulamentação da Emenda Constitucional nº 29 e da revisão da tabela do SUS cheguem à conferência nacional, garantindo o repasse de recursos e o bom funcionamento da saúde como um todo. Colocou alguns questionamentos a serem levados à Secretaria de Estado da Saúde, como a situação do Hospital Miguel Couto de Ibirama, que recebe recursos públicos, que conta com profissionais da área médica, mas não tem demanda porque os pacientes se dirigem ao hospital de Rio do Sul. Diante do fato de o Estado ceder hospitais aos Municípios, a exemplo do hospital de Chapecó e de São Miguel do Oeste, sugeriu que o Estado retome a administração desses hospitais, assumindo seu compromisso com o SUS; que os Municípios invistam os seus 15% e que o Estado invista os seus 12% de maneira igualitária em toda Santa Catarina. Mesmo sabendo que existe a defesa 136 de que o hospital não pode voltar para o Estado, sugeriu ainda que o hospital de Ibirama fique sob a administração das fundações e a alta complexidade sob a administração do Estado, a exemplo do Hospital Celso Ramos, do Hospital Regional de São José e outras unidades hospitalares. A senhora Iara Boning, Vereadora do Município de Taió, cumprimentou todos e fez menção às falas anteriores que se referiram à falta de recursos, ao profissionalismo, à agricultura sem agrotóxico, e questionou onde fica a educação. Falou que o governo do Estado incentiva a profissionalização ofertando cursos durante oito anos para a área médica. Sugeriu que se pense uma política para que, após a conclusão do curso, esses profissionais possam exercer no Estado serviços remunerados pelo mesmo tempo que o Estado investiu na educação deles. Quanto à “ambulancioterapia”, frisou que é uma questão política. Reforçou que se busque formas de fazer com que os profissionais, bancados pelo Estado, tragam resultados para Santa Catarina, e que se busque junto aos Municípios o custo da manutenção das ambulâncias. O senhor José Carlos Farias, Secretário da Saúde do Município de Ituporanga, cumprimentou os presentes e, quanto à preocupação da administração do hospital quanto ao não repasse dos recursos do Estado, disse que o Estado não repassa para nenhum hospital porque paga por produção. Comentou que, em Ituporanga, as internações disponíveis giram em torno de 80 AIHs (Autorização de Internação Hospitalar), mas a demanda é de 120 internações. Colocou que os papeis da responsabilidade dos Municípios estão invertidos, uma vez que os recursos colocados por eles para a média e a alta complexidade são muito altos, enquanto que, na verdade, deveria focar somente a atenção básica, ficando a responsabilidade da média e da alta complexidade com o Estado e com a União. Denunciou que o consórcio da CIS-Amavi cobra serviços de alta complexidade, fazendo com que os Municípios tirem recursos da atenção básica, que é da sua competência, para atender aquilo que não é da sua alçada. Adicionou que é indispensável o debate do subfinanciamento para que o Ministério corrija suas tabelas, uma vez que é impossível contratar médicos pagando R$ 10 por uma consulta, enquanto que o profissional cobra R$ 300 no seu consultório particular. Complementou que a Emenda Constitucional nº 29 virou novela mexicana, e disse não entender porque não a regulamentam para que realmente o recurso do Ministério para a saúde seja corretamente calculado. Disse que a lógica do Estado de constatar qual a funcionalidade e a resolutividade de cada hospital nas regiões é uma forma de melhorar a saúde. Parabenizou a iniciativa da audiência, e encerrou incitando que, quando o hospital assina termo de compromisso de acesso a determinada responsabilidade, o Estado esteja presente e faça com que essa adesão seja colocada em prática. O senhor Bonatto, Coordenador, neste ato representando o Colegiado de Secretários de Saúde do Alto Vale do Itajaí, desejou bom-dia e cumprimentou os presentes. Sinalizou que quando se fala em SUS é preciso pensar como se dará funcionalidade a ele. Disse que o Alto Vale discute saúde com propriedade, em razão do resultado do resgate da regionalização e da funcionalidade do SUS pelo colegiado dos secretários de Saúde, conforme preconiza o Sistema. Salientou que esse fato é devido ao mérito dos secretários de saúde do Alto Vale que discutem a saúde como um todo, juntamente com as autoridades em saúde. Comentou que o número de internações disponível é inferior à demanda, evidenciando que a atenção básica pode dar conta de muitos atendimentos. Protestou que futuramente tirarão dinheiro da atenção básica para pagar o consórcio CIS-Amavi, e evidenciou que estão de mãos atadas, ou seja, se assim não o fizerem os pacientes perderão a vida. Falou que o SUS, dentro do capitalismo, dá um montante de dinheiro e diz: gastem bem! Disse que a responsabilidade do gestor é saber gastar bem o dinheiro público e deixou claro que os secretários da Saúde da região estão trabalhando pelo melhor para o usuário da saúde pública. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, passou a palavra para a senhora Maria Luiza Kestring Liebsch, Prefeita de 137 Mirim Doce, que cumprimentou os presentes e reportando-se às colocações feitas pelo presidente da Amavi, quanto às responsabilidades dos 28 Municípios da região, disse que os papeis estão invertidos nas responsabilidades pela saúde; que os prefeitos, sob pena de cassação de mandato, têm que cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, e que o Estado e a União também devem cumprir o seu papel. Discordou com alguns que colocaram que estão fazendo politicagem na saúde, quando na verdade estão atendendo os pacientes que batem na porta da casa do Prefeito e querem atendimento médico. Frisou que, como prefeitos, procuram gastar o dinheiro público com responsabilidade e que o déficit nos hospitais é em razão de que fazer saúde gera custo. Falou da importância dos hospitais estarem em funcionamento e da necessidade de unirem forças para buscar soluções. Elogiou a realização da audiência e frisou que só se faz saúde com investimentos. Comentou que os Municípios não conseguem realizar a prevenção em saúde, porque estão sempre correndo contra o tempo, curando os pacientes. Encerrou dizendo que o governo deve investir mais e fortalecer as equipes para se chegar a um bom encaminhamento da saúde. O senhor Ivanor Boing, Prefeito de Vitor Meireles, cumprimentou os presentes e falou que a região tem 28 Municípios e 22 hospitais. Comentou que o prédio do hospital de Vitor Meireles era do Estado, mas hoje a titularidade do prédio passou para o Município. Complementou que a gestão do hospital é feita por uma associação hospitalar da comunidade e quem paga a conta é a Prefeitura, senão o hospital não teria condições de atender o público. [Taquígrafa-revisora: Sabrina R. Schmitz] Salientou que é importante saber o que permanecerá sendo assumido enquanto ESF; qual é o destino dos hospitais pequenos; o que poderá ser encaminhado ao Hospital Regional, no caso de Ibirama; o que vai ser encaminhado para o hospital de Rio do Sul e como será financiado a conta. Agradeceu a todos. O senhor Moacir Sebastião Pivatto, Diretor Executivo do Hospital e Maternidade de Santa Terezinha, em seguida, fez uso da palavra e cumprimentou todos. Relatou que é diretor de um hospital pequeno e quer mantê-lo funcionando, comentando que se o hospital continuar fazendo atenção básica e manter a clínica ajudará a comunidade e aliviara nos hospitais regionais, mas para isso acontecer é necessário que o governo municipal, estadual ou federal ajudem. Informou que o município tem 42 AIHs e repassa para o hospital 25 AIHs, pagas pelo SUS. Indagou quem pagaria as restantes porque durante o mês são internadas 52 pessoas, elucidando que hoje o município paga. Perguntou se existe política do Estado de curto prazo para ajudar os hospitais, pois estão preocupados com o dia a dia e requereu que o governo do Estado participasse no custeio também dos hospitais pequenos. Agradeceu a todos. O senhor Vilson Schulle, presidente da Fundação de Saúde do Alto Vale do Itajaí, explicou que o Hospital Regional não é uma concessão do Estado. É uma fundação instituída por 23 entidades sem fins lucrativos, como a Amavi, a Associação Comercial, a Loja Maçônica, entre outras, que mantêm o Hospital Regional funcionando. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, esclareceu que a senhora Edileuza quis dizer que o hospital é do Estado, mas a administração é feita pelas entidades e associações. O senhor Vilson Schulle, presidente da Fundação de Saúde do Alto Vale do Itajaí, contrapôs que o hospital não é propriedade do Estado, aclarando que o terreno é doado pela prefeitura à Fundação Hospital do Alto Vale do Itajaí. O senhor Marcelo Mengarda, em seguida, descreveu que é uma pessoa jurídica de direito privado, que parece mista porque houve a entrega do patrimônio público para uma entidade mantenedora, mas continua sendo pessoa jurídica de direito privado. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, disse que achava, segundo informações, que o hospital era do Estado e que a sua administração está cedida para terceiros. Alegou que agora está esclarecido. O senhor Walter Gomes Filho, da Secretaria da Saúde, explanou que o menos pior na tabela do SUS é o que fica na região porque é o que as entidades conseguem fazer com menos prejuízo e 138 aquilo que efetivamente não dá lucro e é mais difícil, é realizado nos hospitais públicos do Estado, comentando que parte da demanda, do fluxo, vai para Florianópolis, interpretando que a alta complexidade está nos hospitais públicos de Santa Catarina. Ilustrou que a presidente do Sindicato citou o artigo 196 da Constituição, mas esclareceu que muitas vezes o Judiciário não reconhece o SUS como política pública de saúde ao colocar simplesmente que é dever de Estado. Afirmou que a presidente está correta em defender, mas os gestores públicos têm que garantir o acesso da população ao serviço de saúde, apesar de o sindicato ter a sua posição política, porém nem sempre o político vem ao encontro do que a população necessita. Lembrou que o que a população pede aos Prefeitos e às lideranças municipais é o acesso e a garantia do serviço prestado. Em relação ao serviço de residência médica afirmou que o Estado gasta muito com isso e que, infelizmente, 70% da formação é feita por escolas privadas. Afirmou que as questões das referências sempre vão existir, pois os serviços estão aonde devem estar e não onde queremos, acrescentando que a “ambulancioterapia” também sempre vai existir. Explicou que não existe sistema público de saúde sem fila e cabe ao gestor estadual ou municipal regular o serviço para garantir o acesso e entender que os casos de maior prioridade têm que passar na frente dos que têm menos prioridade. Ressaltou que o financiamento é curto e, que, às vezes se descobre um para cobrir outro, e é preciso aumentar a tabela. Apostilou que ninguém gosta de ver o hospital de seu município fechar, mas garantir que as 20 AIHs fiquem no município não expressa a garantia de acesso, porque a AIHs devem ficar onde o paciente precisa, esclarecendo que o dinheiro deve acompanhar o paciente e não a unidade hospitalar. Expôs que os hospitais pequenos não podem continuar funcionar como a época do Inamps, que tinha outra lógica de funcionamento. Comentou que o pacto pela vida, que teve seu início em 2006, determina que é preciso haver um contrato com os hospitais onde serão colocados os deveres e as obrigações de quem contrata e do contrato para depois serem cobrados, se houver necessidade. Alegou que muitos hospitais não querem fazer o contrato e que o governo criou um incentivo àqueles que assinam o contrato de obrigação com o Estado, dando dinheiro. Finalizando, esclareceu que o Estado mantém um aporte de recurso com o hospital de Rio do Sul, e tentando minimizar o problema o Estado se comprometeu, e tem cumprido, com produções acima do teto no Hospital de Rio do Sul. O senhor Deputado Estadual Jorge Teixeira, comentou que a reunião foi proveitosa, vários assuntos foram esclarecidos, mas restou o desafio de o SUS ser construído na sua plenitude em Santa Catarina com financiamento e descentralização de assistência médica junto ao governo do Estado. Agradeceu a todos. O senhor Deputado Estadual, Sargento Amauri Soares, parabenizou todos e destacou o importante trabalho realizado pela Comissão em ouvir a sociedade, as entidades, as associações e os gestores municipais a respeito dos problemas existentes. Agradeceu a todos. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, convidou todos para as seguintes audiências: dia 15 de junho, sobre o programa estadual de cirurgias eletivas; dia 8 de julho, com o Ministro da Saúde, para debater a tabela e outros assuntos do SUS; e dia13 de julho com o tema Diabetes tipo um, explicando que com a próxima audiência o ciclo será encerrado e será realizada uma sistematização de todas as audiências. Comentou que o diagnóstico tem que ser preciso para dar o remédio certo, elucidando que ouvindo os Prefeitos, os dirigentes, as instituições e o Ministério Público ajudará na construção de um diagnóstico objetivo e concreto da situação para melhorar a saúde para todos. Agradeceu, e nada mais havendo a tratar encerrou a presente audiência pública. [Taquígrafa-revisora:Jacqueline de Oliveira V. Bitencourtt. DEPUTADO ESTADUAL VOLNEI MORASTONI PRESIDENTE DA COMISSÃO DE SAÚDE 139 ATA DA AUDIÊNCIA FLORIANÓPOLIS PÚBLICA- “A ATUAL SITUAÇÃO HOSPITAL FLORIANÓPOLIS” DO 140 1ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 17ª LEGISLATURA COORDENADORIA DE TAQUIGRAFIA DAS COMISSÕES – CTC ATA TAQUIGRÁFICA COMISSÃO DE SAÚDE EVENTO:audiência pública DATA: 8/6/2011 LOCAL: Plenário Osni HORA: 19h Regis/Alesc SUMÁRIO: debate sobre a atual situação do Hospital Florianópolis PRESIDENTE: Deputado Estadual Volnei Morastoni, Presidente da Comissão de Saúde PARTICIPANTES DA MESA: Deputado Estadual Volnei Morastoni, Presidente da Comissão de Saúde; Deputado Estadual Sargento Amauri Soares, proponente da audiência e membro da Comissão de Saúde; Pedro Paulo das Chagas, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde Privado e Público do Estado de Santa Catarina (SindSaúde) e presidente eleito; Francisco Carlos Posich, presidente da Associação dos Moradores do Bairro Coloninha; Cláudia Lopes Costa, presidente da Associação Gente da Gente do Bairro Coloninha; Sérgio Luiz Piazza, coordenador do Conselho de Saúde do Estreito; Ari do Nascimento, presidente da Associação dos Moradores do Estreito (AME); Vereador Célio Bento, de Florianópolis; Vereador Ricardo Vieira, de Florianópolis; Vereador Marcos Aurélio Espíndola, Badeko, de Florianópolis; Deputada Estadual Angela Albino; e Vereador Romeu Franzoni Júnior, de Florianópolis. REGISTRO DE PRESENÇA: Odair Rogério da Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (Sintaema/SC); Anderson Geraldo, diretor do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano Rodoviário da Região Metropolitana da Grande Florianópolis; Tânia Ramos, vice-presidente da Associação dos Moradores do Bairro Coloninha e coordenadorageral dos Projetos Sociais da Coloninha; Vera Lúcia da Silva Santos, diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência do Serviço Público Federal no Estado de Santa Catarina (Sindprevs/SC); Onildo Estevão da Silva, conselheiro de Assistência Social do Município de Florianópolis. MANIFESTAÇÕES: Deputado Estadual Volnei Morastoni; Deputado Estadual Sargento Amauri Soares; Vereador Ricardo Vieira; Pedro Paulo das Chagas; Francisco Carlos Posich; Cláudia Lopes Costa; Ari do Nascimento; Vera Lúcia da Silva Santos; Deputada Estadual Ângela Albino; Jeferson Rodrigues; Aurélio Carlos Pereira de Souza; Cláusio Pedro Vitorino; Simone Hogemann; Edileuza Garcia Fortuna; Mário Jorge Maia; José Marcelo Büchele; Tânia Ramos; Gilmar Salgado; Odair Rogério da Silva; Reginaldo Gertrudes; Adriana Carvalho; Anésio S. Botelho; José Alberto Luchtenberg; Valdete Paes Marcon Santos; Santino de Andrade. ENCAMINHAMENTOS: 1. realizar visita às obras do Hospital Florianópolis no dia 9/6/2011, às 9h30min; 2. marcar audiência com o Secretário de Estado da Saúde e com o Governador do Estado, após a confecção da ata da audiência, para a entrega da documentação, em 141 conjunto com a Câmara Municipal de Florianópolis; 3. solicitar ao Governador ou ao Secretário da Saúde que realizem sindicância para apurar responsabilidades sobre a depredação da Emergência do Hospital Florianópolis após as obras reformadas; 4. discutir a criação de um fórum parlamentar catarinense em defesa da saúde pública. OBSERVAÇÃO: 1. foram apresentadas pela senhora Tânia Ramos várias fotos mostrando a depredação causada ao setor de Emergência do Hospital Florianópolis, após a conclusão da obra; 2. foram apresentadas as seguintes sugestões de encaminhamento: - pelo senhor Anésio Botelho foi sugerida uma ação judicial a ser aplicada ao Secretário de Estado da Saúde de multa diária pelo atraso na entrega das obras do Hospital Florianópolis; - pela Deputada Estadual Angela Albino foi sugerida que a Comissão de Saúde apresente em plenário uma moção de apoio à ADIn nº 1.923, que contesta a legalidade das organizações sociais como gestores do serviço público de saúde; - pelo senhor Jeferson Rodrigues, representando a Deputada Estadual Ana Paula Lima, foram sugeridos uma campanha na mídia prestando esclarecimentos sobre os modelos de gestão do SUS e os riscos das OSs como forma de gestão; a institucionalização pela Comissão de Saúde da Alesc de uma comissão ou fórum de acompanhamento das obras de reforma do Hospital Florianópolis; uma auditoria nas contas públicas via Tribunal de Contas do Estado; um parecer técnico ao Secretário de Estado da Saúde sobre o modelo de gestão a ser aplicado no Hospital Florianópolis; que o Hospital Florianópolis seja pauta permanente nos Conselhos de Saúde, estadual e municipais; a divulgação de uma carta pública à sociedade salientando a situação mercantil do Hospital Florianópolis às vésperas de eleições nas quais o Governador seja candidato, para que ela não esqueça o que está sendo feito com a saúde do Estado. ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PROMOVIDA PELA COMISSÃO DE SAÚDE PARA DEBATER A ATUAL SITUAÇÃO DO HOSPITAL FLORIANÓPOLIS, REALIZADA NO DIA 8 DE JUNHO DE 2011, ÀS 19H, NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SANTA CATARINA. Aos oito dias do mês de junho de 2011, às 19h, no Plenário Deputado Osni Régis, realizou-se audiência pública para debater a situação atual do Hospital Florianópolis. A audiência foi promovida pela Comissão de Saúde, presidida pelo Deputado Estadual Volnei Morastoni (PT), e proposta pelo Deputado Estadual Sargento Amauri Soares. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, abriu os trabalhos desejando boas-vindas a todos e convidando para tomarem assento à mesa as seguintes autoridades: Deputado Estadual Sargento Amauri Soares, membro da Comissão de Saúde; Francisco Carlos Posich, presidente da Associação dos Moradores do Bairro Coloninha; Cláudia Lopes Costa, presidente da Associação Gente da Gente do Bairro Coloninha; Sérgio Luiz Piazza, coordenador do 142 Conselho de Saúde do Estreito; Ari do Nascimento, presidente da Associação dos Moradores do Estreito (AME); Vereador Célio Bento, de Florianópolis; Vereador Ricardo Vieira, de Florianópolis; Pedro Paulo das Chagas, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde Privado e Público do Estado de Santa Catarina (SindSaúde); e Vereador Marcos Aurélio Espíndola, Badeko, de Florianópolis. Ato contínuo, fez questão de registrar que continuariam aguardando a presença do doutor Elcio André Madruga, diretor do Hospital Florianópolis, a quem havia convidado pessoalmente para participar da audiência pública, bem como do representante da Secretaria de Estado da Saúde, tendo em vista que o Secretário o havia informado que não poderia estar presente, mas que mandaria um representante. Em seguida, registrou a presença do senhor Odair Rogério da Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (Sintaema/SC); do senhor Anderson Geraldo, diretor do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano Rodoviário da Região Metropolitana da Grande Florianópolis; da senhora Tânia Ramos, vice-presidente da Associação dos Moradores do Bairro Coloninha e coordenadora-geral dos Projetos Sociais da Coloninha; da senhora Vera Lúcia da Silva Santos, diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência do Serviço Público Federal no Estado de Santa Catarina (Sindprevs/SC); e do senhor Onildo Estevão da Silva, conselheiro de Assistência Social do Município de Florianópolis. Feito o registro, informou que os Deputados Estaduais Valmir Comin e Ciro Roza haviam justificado a ausência em função de compromissos assumidos anteriormente. A seguir, fez um resumo sobre a situação atual do Hospital Florianópolis, lendo dados sobre o mesmo: possui 6 leitos de internação normal (antes da reforma contava com 92 leitos de internação) e 3 para internação de médio e alto risco; não possui UTI, UTI Neonatal, nem UTI Pediátrica; tem especialidades médicas em emergência, pediatria, clínica médica e cirurgia geral; não possui alta complexidade; são feitos em torno de 6 mil atendimentos por mês na emergência, sendo que 57% são moradores de Florianópolis e 43% dos Municípios da Grande Florianópolis; não atende particular, a exclusividade é do SUS; atende todos os 22 Municípios que compreendem a Grande Florianópolis; recebe verba do governo do Estado e possui servidores do Ministério da Saúde; entre as maiores dificuldades, destaca-se o esvaziamento progressivo de recursos humanos; são realizados em torno de 700 atendimentos ambulatoriais por mês, sendo 32% de Florianópolis e 68% de Municípios da Grande Florianópolis. Sobre os problemas vividos atualmente, citou os administrativos, com muitos servidores em fase de aposentadoria; a decadência de profissionais médicos; a iminência da não prestação do atendimento em nível emergencial; e a estratégia para atendimento da população do Estreito. Na sequência, fez a leitura das informações encaminhadas pelo doutor Rui Toebe, diretor clínico do Hospital Florianópolis, que traçou um histórico sobre o hospital dizendo que em 1974 ele havia sido adquirido pelo extinto INPS como o antigo Hospital e Maternidade Sagrada Família, mas que passou por uma ampla reforma e iniciou suas atividades no dia 6 de julho de 1979, já como Hospital Florianópolis. Era o único hospital próprio da Previdência Social no Estado e em 1989, através de convênio firmado entre os governos federal e estadual, passou a ter como gestor a Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina. Ponderou que o hospital está situado no bairro Estreito e funciona como hospital geral, atendendo 46% da população de Florianópolis, 32% da de São José, 9% da de Biguaçu, 4% da de Palhoça e 7% da população de outros Municípios do Estado. Disse também que o Hospital Florianópolis executava, em média, 11 mil atendimentos por mês no setor de Emergência e 2 mil atendimentos no Ambulatório, sendo que em internações eram 350 por mês e em cirurgias 200 por mês; e que antes de iniciar a reforma contava com 92 leitos de internação, 5 leitos de UTI, 5 leitos de observação adulto, 5 leitos de observação pediátrica e centro cirúrgico, relacionando todas as 143 especialidades e os serviços prestados pelo hospital. Esclareceu que após o início da reforma, que tinha a finalidade de readequação da estrutura física do prédio, o cumprimento de normas exigidas pela Anvisa e a possibilidade da ampliação do número de leitos, havia sido necessária a transferência de parte dos servidores para outras unidades hospitalares da rede de saúde do Estado na Grande Florianópolis, mas que mesmo com um efetivo reduzido os atendimentos em caráter emergencial foram feitos e alguns atendimentos ambulatoriais, que para as condições atuais eram em número e qualidade significativas. Porém, afirmou que em função da evasão progressiva dos servidores (transferência, aposentadoria, ausências legais), a situação atual estava beirando a insustentabilidade em função da dificuldade de fechamento das escalas de trabalho, registrando a sua preocupação em função de o hospital trabalhar, atualmente, com seis leitos de internação, observação de pacientes e medicação, além de três leitos com atendimentos de média e alta complexidade. Encerrou ressaltando mais uma vez a importância da responsabilidade social para com a comunidade, tendo em vista que dentro do perfil de mobilidade urbana atual o Hospital Florianópolis se localiza em um ponto estratégico para o atendimento médico de média e alta complexidade em nível emergencial da população abrangida, que vê no Hospital Florianópolis um ponto fundamental de apoio ao desenvolvimento socioeconômico da região, não podendo com isso deixar a saúde e a segurança de um atendimento qualificado serem relegados a um segundo plano. O senhor Presidente concluiu a leitura dizendo que na sequência haviam sido acrescentados vários gráficos estatísticos demonstrando os atendimentos ocorridos e a procedência dos pacientes. Isso posto, salientou que a Comissão de Saúde estava desenvolvendo várias ações pelo Estado, dentre elas as audiências públicas, com o intuito de coletar informações para fazer um diagnóstico da situação da saúde, baseado em dados reais, a fim de colaborar com o governo do Estado (e acreditava ser este o papel da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa) para que encontre uma solução para a saúde do Estado e para os hospitais. Para exemplificar quais ações estavam sendo feitas pela Comissão, citou que a próxima audiência será realizada para discutir a necessidade de se traçar um plano estadual para as cirurgias eletivas, tendo em vista que milhares delas se encontram represadas em todos os hospitais no Estado; que estão aguardando a vinda do Ministro da Saúde para uma audiência pública a fim de discutir financiamento da saúde/defasagem da tabela do SUS; que foi criado um fórum para discutir a situação dos pequenos hospitais em todo o Estado, que são estratégicos para o sistema hospitalar catarinense; e que foi realizada naquele dia uma reunião emergencial extraordinária da Comissão de Saúde para discutir a situação do Hospital Materno-Infantil Santa Catarina, de Criciúma, referência para o sul do Estado. Concluiu dizendo que defende que os hospitais públicos estaduais continuem sob a gestão do Estado, apesar de haver a intenção de transferir para terceiros, como o Hospital Florianópolis, que poderia ser o primeiro a ter gestão OS, avaliando que esta não é a solução. Feitas essas considerações, explicou que a partir daquele momento a palavra seria concedida aos membros da mesa, por até três minutos, e que logo após seria aberta à plenária. Assim sendo, de imediato passou a palavra ao senhor Deputado Estadual Sargento Amauri Soares, proponente da audiência pública e membro da Comissão de Saúde, que cumprimentou os membros da mesa e os demais presentes e afirmou que se sentia alegre por estarem presentes várias entidades do movimento sindical do Estado, como SindSaúde, Sindprevs, Sintaema, Sintraturb e Sindicato dos Trabalhadores Gráficos de Santa Catarina. Esclareceu que o seu trabalho no processo de discussão do Hospital Florianópolis foi acompanhar as reuniões através do seu gabinete e por ser usuário dos serviços do hospital, além do fato de que sua companheira, a senhora Edileuza Garcia Fortuna, ser servidora lotada no hospital. Afirmou que aquela audiência estava acontecendo em função da boa vontade do Deputado Volnei Morastoni, tendo em vista o curto espaço de 144 tempo entre o recebimento da demanda encaminhada pela comunidade e pelas organizações populares e a sua realização, o que havia dificultado uma maior mobilização. Observou que tem falado sobre o assunto Hospital Florianópolis há quase dois anos, desde o momento em que surgiram as primeiras notícias da intenção da Secretaria de Estado da Saúde em fechar o Hospital Florianópolis, mesmo período em que foi fechada a Emergência do Hospital Celso Ramos e como anteriormente havia sido fechada a Emergência do Hospital Regional de São José, afirmando que os objetivos alegados para o fechamento eram sempre muito estranhos. [Taquígrafa-revisora: Siomara G. Videira.] Continuando lembrou que da mesma forma fechou, no mesmo período, a Emergência do Hospital Celso Ramos, assim como fechou no período anterior a Emergência do Hospital Regional de São José, e analisou que os objetivos sempre foram muito estranhos. Citou que há pouco mais de um ano havia somente a Emergência do Hospital Regional de São José funcionando efetivamente em toda Grande Florianópolis. Referindo-se ao Deputado Estadual Volnei Morastoni, disse que a realidade vista no Hospital Regional de São José, quando foi feita uma visita, assim como é do Hospital Governador Celso Ramos, Hospital Nereu Ramos, do Hospital Universitário, e de outros, é pela iniciativa de fechar o Hospital Florianópolis. Disse que não entende por que tem que fechar gradualmente o Hospital até ser totalmente fechado para que possa haver a reforma. Comentou que os servidores do almoxarifado foram trabalhar na Emergência para poder atender à sociedade, evidentemente em condições cada vez mais precárias. Questionou o que há por trás desse processo inteiro de abandono de 70% da população catarinense e brasileira que não podem pagar um plano de saúde privado, que estão largadas à própria sorte para morrerem em casa, ou, os que têm sorte, morrerem numa maca nos corredores dos hospitais. Avaliou que há no fundo disso tudo a intenção de continuar entregando o serviço público para os interesses privados, e essa lógica está se aprofundando no Estado de Santa Catarina, no serviço público em geral, mas especialmente na área da saúde com argumento de defesa, inclusive no Legislativo, que se privatizar o serviço ficará melhor. E analisou que em médio e longo prazo, senão a curtíssimo prazo, o serviço ficará pior, visto que nenhuma empresa privada irá investir sem ganhar algum lucro, e acrescentou que, na verdade, a empresa não vai investir, pois vai usar dinheiro público para aplicar no mercado financeiro, deixando a população sem o atendimento. Dito isso, avaliou que o Hospital Florianópolis foi fechado com esse objetivo. Disse que muito se fala em municipalizar, e, no seu entender, é o mesmo passo de se privatizar. Informou que os trabalhadores do hospital foram, ao poucos, remanejados para outros estabelecimentos de Florianópolis, acrescentando que, muitas vezes, os trabalhadores foram com resistência e, agora, já estão achando melhor o ambiente onde estão trabalhando. Prosseguindo, disse que se a reforma do Hospital estivesse pronta hoje não haveria servidores para trabalhar, e comentou que quando o mesmo ficar pronto o governo irá alegar, assim como fez em outros casos, que não há tempo de fazer concurso, e então irá entregar o estabelecimento para a iniciativa privada. Contou que em Joinville houve uma demora de três décadas para fazer o hospital, e quando foi aberto se deram conta que não foi feito concurso público e não dava mais tempo para realizá-lo. Disse que o seu mandato e a sua luta era pelo serviço público, pela reabertura no Hospital Florianópolis, público, 100% SUS, atendendo toda a população que o procure de forma universal, sem restrição, e sem o pedido de carteirinha de plano de saúde. E acrescentou que isso era uma necessidade da população do Bairro Estreito, da área continental de Florianópolis, e da Grande Florianópolis, e do Estado de Santa Catarina. Afirmou que era fundamental que o Estado e a Secretaria da Saúde percebessem a necessidade de prover servidores para a reabertura integral do Hospital Florianópolis, e que se espera, depois da reforma, que a estrutura funcione melhor. Porém, avaliou que se a sociedade não se manifestar o serviço prestado à população vai ficando cada 145 vez pior. Disse que, com o processo de privatização, haverá duas filas: uma dos que possuem plano de saúde e dinheiro e, outra, dos que não possuem. Por fim, colocou-se à disposição de todos para debater. Retomando a palavra, o senhor Presidente informou que a Deputada Estadual Angela Albino encaminhou à Comissão de Saúde um requerimento para a realização de audiência pública, a fim de discutir a situação do Hospital Florianópolis nos seguintes tópicos: transformação dos hospitais públicos estaduais em instituições filantrópicas; não atendimento de encaminhamentos propostos pelos servidores ao que se refere à condução de obras; esvaziamento do quadro funcional da saúde estadual; precarização das relações de trabalho nos hospitais; e terceirização inconsequentes de setores hospitalares. Em seguida, para falar em nome dos Vereadores presentes, concedeu a palavra ao Vereador Ricardo Vieira, de Florianópolis, que inicialmente cumprimentou todas as autoridades e a plenária. Após, agradeceu a todos os Vereadores que atenderam ao seu pedido e se fizeram presente na Casa Legislativa, compondo também uma reunião ampliada da Comissão do Trabalho, visto que um dos maiores problemas relacionadas à condição de atendimento do Hospital Florianópolis se materializa na falta de condição de trabalho dos servidores que lá exercem as suas profissões. Pediu desculpas aos Vereadores porque além de falar em nome da Câmara de Vereadores, também vai falar como médico do Hospital Florianópolis, ou do que sobrou dessa instituição. Ressaltou a importância do Hospital para a região continental e metropolitana de Florianópolis, visto que as estatísticas mostram que em torno de 60% do atendimento são para cidadãos de Florianópolis, 31% para os de São José, 6% para os de Biguaçu e 3% para os de Palhoça. Informou que o Hospital atende a região inteira da Grande Florianópolis. Em seguida, destacou que a redução do atendimento externo foi mínima desde o momento que o Hospital foi fechado, o que mostrou o valor do trabalho dos servidores e o valor que a população dá à instituição, visto que mesmo na condição precária que os profissionais atendem, a população continua procurando o serviço, inclusive valorizando a necessidade de se fazer o restabelecimento do atendimento no Hospital Florianópolis. Apontou a necessidade de todos tomarem uma decisão que leve a uma ação concreta, no sentido de restabelecer o atendimento do Hospital. Contou que já houve várias audiências públicas no conjunto das duas Casas Legislativas na cidade, a estadual e a municipal, que redundaram na situação de hoje, que é um hospital fechado e com uma Emergência funcionando “meia boca”. Dessa forma, reiterou a necessidade de restabelecer o funcionamento integral do Hospital, pela dignidade da população e dos trabalhadores que lá exercem a sua profissão. Informou que a Associação Amigos do Hospital Florianópolis pagou uma quantia de praticamente R$ 400 mil por um projeto de ampliação para ele voltar a atender 100% SUS, com gestão pública, com gestão da Secretaria de Saúde do Estado de Santa Catarina. Finalizando, disse acreditar que se possa, a partir dessa reunião, traçar um objetivo concreto, no sentido de chamar os Secretários Estadual e Municipal da Saúde, com intuito de, no menor prazo possível, restabelecer o funcionamento do Hospital Florianópolis. Fazendo uso da palavra o senhor Pedro Paulo das Chagas, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde Privado e Público do Estado de Santa Catarina (SindSaúde) e presidente eleito, parabenizou e agradeceu a oportunidade de participar da audiência ao Deputado Estadual Volnei Morastoni e a todos os presentes. Disse que o SindSaúde está sempre à disposição para defender os trabalhadores, que são do Estado e trabalham no Hospital Florianópolis, para defender a sociedade, e também para discutir o tema. Comentou que iria fazer um pequeno relato do que foi o Hospital e como ele está agora. Contou que, no dia 25 de agosto de 2006, a sua mãe estava no HPM e teve que ser transferida para a UTI do Hospital Florianópolis, mas não obtiveram o resultado esperado, e, na ocasião, foi ao jornal parabenizar os trabalhadores daquele Hospital 146 pelo atendimento prestado, lembrando que a UTI era pública e que todo atendimento prestado foi pelo SUS. Avaliou que os presentes têm por obrigação fazer com que o hospital volte a funcionar o mais breve possível, para que todas as pessoas, do Continente, da Grande Florianópolis e do interior do Estado, sejam atendidas. Dessa forma, disse para todos os servidores que a reforma do Hospital se faz necessária, mas lembrou que ele tem que ser 100% SUS. Comunicou que há uma moção do Ministério Público do Trabalho, de autoria da Procuradora do Trabalho Dulce Maris Galle, dizendo que essa ação civil pública foi transitada em julgada em 2005, e que irá deixar com o Deputado Estadual Volnei o documento para que se possa fazer valer, com as autoridades do Estado, a determinação da Justiça, que é contra a OS. Salientou que não é contra a OS dentro do espaço privado, mas o espaço público tem que ser público, e acrescentou que a saúde não é mercadoria, e que ela requer respeito. Finalizando, afirmou que é totalmente a favor do serviço público. Em seguida, o Presidente disse que se mais alguém tivesse algum documento, ele poderia ser encaminhado para ser anexado à ata da audiência. Em seguida, passou a palavra ao senhor Francisco Carlos Posich, presidente da Associação dos Moradores do Bairro Coloninha, que agradeceu aos Deputados Estaduais, Volnei, Angela e Sargento Amauri, pela cedência do espaço e a presença dos Vereadores, analisando que isso demonstrava quem de fato tinha interesse em fazer alguma coisa para que o Estado e os Municípios melhorassem, visto que dos quarenta Deputados Estaduais, apenas três estavam presentes, e são sempre eles que estão tentando fazer alguma coisa boa. Analisou que as pessoas fazem tudo na correria, ninguém nunca tem dinheiro para se estruturar. Lamentou que o tempo de três minutos para detalhar um universo de coisas que aconteceram durante todo o período. Informou que tinha em mãos um abaixoassinado, que irá deixar com o Presidente, dizendo o que a população do Continente sente com relação ao Hospital Florianópolis e o que quer dele, até porque ele só será um exemplo com o que vier no futuro. Disse que se não brigarem pelo Hospital, vai acontecer o que está ocorrendo em todo o sistema de saúde. Salientou a importância da presença dos Vereadores e disse que havia a intenção do governo de transformar a penitenciária em um hospital. Comentou sobre um estudo apresentado em uma rede de televisão que dizia que se fossem reformados os que se tem, com todas as vagas atuais que se tem nos hospitais e fossem dadas condições de manutenção a eles, 70% dos problemas da saúde do Estado estariam resolvidos. Questionou sobre a necessidade de se entregar um patrimônio de R$ 130 milhões para iniciativa privada construir um hospital se - já é questão de Município - tem problemas com sistema viário; que a região do Continente não quer. Disse que estão querendo transferir a administração do governo do Estado para o Continente (Estreito) em função do sistema viário e do impacto de vizinhança que causa; que vai piorar o sistema viário no Centro. Analisou a situação das OSs e que não existe a necessidade de construir um novo hospital; que é preciso se manter na luta para fazer com que o Hospital Florianópolis funcione 100% público; que é um direito de cada um, pois se paga por isso e vai-se continuar pagando o SUS sem se ter um atendimento de saúde público e gratuito. Frisou que a área onde querem construir o hospital poderá ser utilizada para outra coisa que de fato a comunidade do Bairro Trindade precise. Dando prosseguimento, fez uso da palavra a senhora Cláudia Lopes da Costa, presidente da Associação Gente da Gente (bairro Coloninha), que cumprimentou os presentes e informou que a situação do Hospital Florianópolis começou quando ele fazia parte de outra associação, em 2007, e com a retiradas dos médicos contratos do Hospital, devido determinação do Ministério Público que exigia concurso público; que a luta pela reforma do Hospital teve início com uma audiência pública, no Clube 6 de Janeiro, naquela época; que fizeram várias reuniões na Secretaria (tem a ata); que a dona Terezinha se comprometeu com a reforma da Emergência do Hospital, com a ampliação e com todo o seu funcionamento; que 147 não é que está acontecendo desde àquela época até hoje o Hospital Florianópolis continua do mesmo jeito ou até pior. Questionou a falta funcionários, o remanejamento deles e outras situações que contribuem para que a situação do Hospital Florianópolis seja uma vergonha. Afirmou que o Hospital Florianópolis era para ser um hospital de referência, mas que não é por que o governo do Estado não cumpre sua parte para dar qualidade de atendimento ao povo. Reafirmou que a cobrança vem desde 2007 e que até agora não houve uma decisão concreta. Enfatizou que várias audiências públicas já aconteceram com a mobilização da comunidade, das lideranças, dos funcionários, dos sindicatos e a coisa não acontece. [Taquígrafa-revisora: Ana Rita Moriconi de Souza.] Observou que a Comissão de Saúde tem a responsabilidade de cobrar uma decisão final para que o Hospital Florianópolis volte a ser como era, 100% SUS. Concluiu dizendo que como liderança se sente revoltada por participar de movimentos e o Hospital Florianópolis continuar na mesma situação desde 2007, o que é um desrespeito com o usuário. Na continuidade, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, destinou a palavra ao senhor Ari do Nascimento, presidente da Associação dos Moradores do Estreito (AME), que, após cumprimentar os presentes, manifestou seu descontentamento com a situação de abandono por que passa o Hospital Florianópolis. Deixou claro que a comunidade e o movimento não vão deixar fechar a referida instituição, vão ficar atentos até as autoridades competentes tomarem uma decisão a favor da população. Dando seguimento, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, informou que o senhor Sérgio Luiz Piazza, coordenador do Conselho de Saúde do Estreito, abriu mão da palavra, passando-a, portanto, à senhora Vera Lúcia da Silva Santos, diretora da Secretaria-Geral do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência do Serviço Público Federal no Estado de Santa Catarina (Sindprevs/SC), que saudou todos os participantes da reunião e informou que iria se pronunciar como servidora aposentada do Hospital Florianópolis. Contou que foi da turma que inaugurou o Hospital em 1979 e que já em 1990 ele foi passado para o SUS, ocasião em que já se percebia o descaso com que o Estado o tratava, diferentemente de quando estava nas mãos do Inamps, quando tinha manutenção quase que anualmente. Expôs, ainda, o descaso da Secretaria da Saúde com os trabalhadores e com a população; que a direção do Sindprevs, juntamente com o SindSaúde, fez tudo que estava a seu alcance em diversas audiências na Secretaria da Saúde, desde a época da Secretária Carmen Zanotto. Externou a sua emoção ao falar da instituição, que, de certa forma, foi sua casa, visto que passou ali toda sua vida funcional. Concluindo, considerou que a população também tem que se mobilizar no sentido de pedir a continuidade do Hospital Florianópolis, não deixar essa tarefa só com o sindicato. Ato contínuo, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, passou a palavra à senhora Deputada Estadual Angela Albino, que cumprimentou todos e parabenizou o empenho do Deputado Volnei Morastoni para realizar a audiência pública. Feito isso, lamentou de forma contundente a ausência do governo do Estado, especificamente do Secretário da Saúde, que sequer mandou representante, o que considera um desrespeito com os catarinenses. Contou que nasceu no Continente e sabe da importância do Hospital para a região. Voltando-se ao Deputado Volnei Morastoni, contou que um Parlamentar havia dito na tribuna que o Estado brasileiro não é mais forte que os Estados Unidos, que não consegue pagar a saúde pública para todo mundo, portanto, é preciso repensar esse modelo, por isso o debate precisa ser travado. Encaminhou que a Comissão de Saúde deve apresentar em plenário, assim como fez o Conselho Nacional de Saúde, uma moção de apoio à ADIn nº 1.923, que contesta a legalidade das organizações sociais como gestores do serviço público de saúde. Por fim, parabenizou a comunidade, organizada através de associações de bairros, bem como os sindicatos, pela ampla participação, pelo empenho no sentido de mudar a história do Hospital Florianópolis, visto 148 que se não fosse dessa forma ele já estaria completamente fechado. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, passou a palavra aos membros da plenária, sendo o primeiro inscrito o senhor Jeferson Rodrigues, representando a Deputada Estadual Ana Paula Lima, que inicialmente justificou a ausência da Deputada, que está preparando a chegada da Presidenta Dilma a Santa Catarina. Externou que a ela é parceira nessa luta desde 2008, dando como exemplo que no mês de março, por solicitação de algumas lideranças da comunidade do Estreito, mais especificamente da Coloninha, expediu dois documentos, um ao Governador Colombo e outro ao Ministério Público Estadual, questionando o prazo para o encerramento das obras do Hospital e os planos da Secretaria de Estado da Saúde em termos do futuro da instituição. Contou que a resposta do Governador em exercício Eduardo Pinho Moreira foi lida na 43ª sessão plenária da Alesc, qual seja, que o término da obra está previsto para janeiro de 2012, conforme termo aditivo, e que a SES estuda possibilidades para o futuro do Hospital, garantindo a melhora de assistência à população. Quanto à resposta do Ministério Público Estadual, como era ampliada, sintetizou que foram lavrados cinco autos de infração, os quais serão anexados à ata da presente audiência pública. Em seguida, refletiu que o Legislativo, a sociedade, os sindicatos e as associações estão mobilizados, só que a resposta da Secretaria de Estado da Saúde é sempre a mesma, pedindo paciência. Prosseguiu questionando o porquê de tanta demora, dando como resposta que significa a elaboração e a aplicação de um projeto político perverso mudando o modelo de gestão da instituição, de SUS para organização social, o que significa privatização, o que poderá acontecer também com outros hospitais. Externou que o discurso do Secretário da Saúde de que esse modelo de gestão não cabe mais para o Hospital Florianópolis pode ser refletido em um desafio para o próprio gestor, que se diz um homem qualificado para exercer tal função. Na sequência, encaminhou que deveria ser pensada uma campanha na mídia prestando esclarecimentos sobre os modelos de gestão do SUS e os riscos das OSs como forma de gestão; que a Comissão de Saúde da Alesc institucionalize uma comissão ou fórum de acompanhamento das obras de reforma do Hospital Florianópolis, com visitas e relatórios periódicos; auditoria nas contas públicas via Tribunal de Contas do Estado; solicitação de parecer técnico ao Secretário de Estado da Saúde sobre o modelo de gestão a ser aplicado no Hospital Florianópolis; que o Hospital Florianópolis seja pauta permanente nos Conselhos de Saúde, estadual, municipais e locais; divulgação de uma carta pública à sociedade salientando a situação mercantil do Hospital Florianópolis às vésperas de eleições nas quais o Governador seja candidato para que ela não esqueça o que está sendo feito com a saúde do Estado. Prosseguindo, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, passou a palavra ao senhor Aurélio Carlos Pereira de Souza, da Associação de Moradores do Estreito (AME), que externou que a preocupação com o Hospital pelo visto iria continuar, em função da covardia do governo, que não foi capaz de mandar à audiência pública um representante para prestar os devidos esclarecimentos à sociedade. Contou que há uns setenta dias foi enviado documento ao Secretário pedindo autorização para visitar a obra, o que foi aceito, mas até agora não foram recebidos. Finalizou pedindo aos Deputados e Vereadores presentes que continuassem juntos na luta. Ato contínuo, a senhora Deputada Estadual Angela Albino assumiu momentaneamente a direção dos trabalhos, visto que o Deputado Volnei Morastoni teve de atender à imprensa, e passou a palavra ao senhor Cláusio Pedro Vitorino, vice-presidente do SindSaúde/SC, que saudou todos e disse que como acompanha as audiências públicas tem percebido uma cobrança muito grande à mesa. Dito isso, deixou claro que respeita muito o trabalho da senhora Cláudia, mas gostaria de reiterar que as autoridades presentes não precisam ser convencidas, visto que estão em defesa do serviço público. Continuando, reiterou as palavras da Deputada Angela Albino, qual seja, que a 149 população tem que fazer uma cobrança muito pesada em cima do governo do Estado, questionar por que as autoridades da Secretaria da Saúde não estão na reunião. Com relação às OSs, expôs que participou da reunião do Hospital Florianópolis que tratou do remanejamento dos servidores, ocasião em que questionou o representante da Secretaria da Saúde sobre o destino da instituição e foi impedido de falar. Contou que a Secretaria da Saúde simplesmente fez um teatro de remanejamento dos servidores e em nenhum momento disse o que de fato acontecerá com o Hospital Florianópolis. Encerrou dizendo que o SindSaúde tem feito diversas denúncias na imprensa sobre o descaso com a saúde pública em Santa Catarina, citando como exemplo o caso dos cacos de vidro encontrados na alimentação do Hospital Regional e a falta de manutenção nos aparelhos de ar-condicionado nas instituições do Estado. Na continuidade, a senhora Presidente, Deputada Estadual Angela Albino, passou a palavra à senhora Simone Hogemann, diretora do SindSaúde, que cumprimentou os integrantes da mesa e agradeceu a presença dos servidores e da comunidade à reunião. Explicou que representa o Sindicato no Conselho Estadual de Saúde e recebeu decisão do Ministério Público do Trabalho, a qual tem que ser pautada, visto que é uma decisão que já transitou em julgado. Explanou que a referida decisão proíbe o Estado de contratar novas organizações sociais; obriga a Secretaria da Saúde a cancelar o contrato com a Fahece, organização social que hoje administra o Hemosc/Cepon; e proíbe a substituição de trabalhadores contratados por trabalhadores concursados. Continuando, evidenciou que a decisão impõe multa ao Estado de cinco mil reais por dia para cada descumprimento. Expôs que o governo, que tem de dar exemplo, está descumprindo uma decisão judicial, está vendendo para o povo uma imagem de que o serviço público não funciona com o intuito de privatizar. Opinou que o serviço público funciona sim, a exemplo do SUS, que atende mais de quinhentas mil pessoas no país inteiro por dia de modo gratuito. Continuando, analisou que as OSs são um modelo falido, dando como exemplo o que ocorre em São Paulo, que nas várias instituições financiadas por organização social tem uma série de denúncias do Tribunal de Contas de superfaturamento e diminuição de atendimento. Questionou, a seguir, se o Hemosc/Cepon é uma OS que deu certo, se realmente é referência no Estado. [Taquígraforevisor: Dulcinéia M. Goulart]. Disse que a Fahece estava para construir o novo hospital do Cepon há pelo menos cinco anos, mas não construíram, e os pacientes esperam por atendimento nos corredores dos hospitais gerais, pois o Cepon não tem UTI, não tem Emergência, não tem centro cirúrgico. Questionou a agilidade da Fahece que recebe dinheiro público e o seu paciente continua sendo atendido no Celso Ramos. Citou a situação do Hospital Infantil de Joinville, que também é uma OS, e recebe cinco milhões por mês do governo do Estado, mas não atende pacientes que necessitam de quimioterapia; que a quimioterapia, o atendimento da pediatria oncológica, ainda é feito no Hospital Infantil de Joinville. Afirmou que o atual modelo de saúde do Estado não funciona, dizendo que o único objetivo é entregar dinheiro público à iniciativa privada. Em seguida falou a senhora Edileuza Garcia Fortuna, presidente do SindSaúde, que parabenizou o Deputado Volnei Morastoni pela agilidade em realizar a audiência pública em uma semana e agradeceu aos servidores presentes pois estes já trabalharam juntos e dedicaram vários anos de sua vida, cuidando da comunidade presente. Agradeceu aos sindicatos presentes porque defendem esse modelo de saúde pública. Reforçou o que foi dito pelo Deputado sobre as várias clínicas que o Hospital Florianópolis atende, sendo elas nefrologia, ginecologia, cardiologia, neurologia, bem como sobre os cem leitos fechados e lamentou o que vem ocorrendo. Citou que a lavanderia do Hospital Florianópolis foi privatizada e isso gerou infortúnios, pois quando precisavam, de madrugada, de lençóis tinham que ir buscar em outro lugar; que o laboratório também foi privatizado e que antes disso o resultado do exame chegava em trinta minutos e 150 agora leva mais de três horas porque tem que ir primeiro para o Hospital Regional e depois voltar. Disse que vinha observando o desmantelamento do Hospital Florianópolis, dizendo que este atualmente funciona com apenas seis leitos; que o Hospital conta com 170 funcionários administrativos e que a Secretaria de Saúde afirmou que não existe mais a necessidade destes funcionários estarem lá; que em reunião do SindSaúde com o Iprev, com funcionários do Hospital e a Secretaria de Saúde, foi colocado que o Hospital Florianópolis precisava ser esvaziado, advertindo que este fecharia em menos de um ano e que a Secretaria de Saúde, sabendo disso, não estava ali presente; que o Sindicato não tem mais a força necessária, e pediu que a comunidade o ajudasse, juntamente com a classe política. Lembrou que foi através da luta do Sindicato que o Hemosc/Cepon não foi privatizado, afirmando que a luta era no sentido de garantir que os funcionários públicos do Hospital Florianópolis fossem realocados nos seus antigos postos de trabalho, não ocorrendo o que ocorreu no Hospital Regional de Joinville, onde todos os funcionários públicos saíram. Pediu ajuda ao Poder Legislativo, Estadual e Municipal, no sentido de poder vencer aquela luta. Em seguida, a palavra foi passada ao senhor Mário Jorge Maia, do Sinergia, que disse que como eletricitário também havia sofrido com as privatizações que começaram nos anos 80 e chegaram em Santa Catarina em 98. Falou que atualmente as privatizações não são feitas simplesmente com a venda de empresas, mas com parcerias público-privadas, sociedades de propósitos específicos e OSs. Disse que o Sinergia e o Sindiprev haviam estreado recentemente um programa na TV Floripa, sendo que este tratava do tema Saúde do Trabalhador, lembrando que no programa que tratava especialmente sobre as OSs o presidente da Fahece disse que toda a sua diretoria trabalhava voluntariamente. Explicou que estes indivíduos, apesar de serem voluntários, metiam a mão no dinheiro público, desviando recursos de investimentos voltados à população e à Saúde Pública. Afirmou ser contra a privatização do Hospital Florianópolis, pedindo que todos apoiassem a defesa dos bens públicos e que estes fossem geridos pelo povo, dizendo que se fosse necessário lutaria pelo ressurgimento do Movimento Unificado Contra a Privatização, o Mucap, que defendeu instituições públicas catarinenses contra o interesse do interesse privado. Ato contínuo, falou o senhor José Marcelo Büchele, do Sinergia, que questionou como o governo administraria o Estado se não tem capacidade para gerir um hospital. Repudiou a transformação do Hospital Florianópolis em uma OS, indagando se esta transformação não era motivada por interesses sorrateiros, pois a inexistência de licitações e de concursos públicos facilitaria a ação de agentes corruptos, abastecendo os hospitais do Estado com pessoas incapazes de prestarem o atendimento devido à população. Atentou para o fato de que a população está aumentando ao mesmo tempo em que o número de hospitais está diminuindo - manifestando sua tristeza em notar a ausência da bancada governista na audiência pública, pois esta deveria estar presente a tão importante reunião, ouvindo as manifestações da plenária contra o fechamento dos hospitais públicos de Santa Catarina. Na sequência, falou a senhora Tânia Ramos, vicepresidente da Associação dos Moradores do Bairro Coloninha e coordenadora-geral dos Projetos Sociais da Coloninha, que parabenizou os funcionários do Hospital Florianópolis e perguntou qual seriam as condições de se entrar com uma sindicância, ilustrando sua indagação ao mostrar fotos da recém-reformada Emergência do Hospital Florianópolis, onde foram quebrados os registros de água, causando um grande alagamento. Pediu posterior investigação ao Poder Público, dizendo que não poderia acusar ninguém, mas que tal ato de vandalismo realizado na Emergência era suspeito, pois apresentava indícios de uma provável sabotagem, atentando para o fato de que nada foi roubado. Lembrou que a Emergência voltaria à reforma, sendo um caso claro de desperdício do dinheiro público. Convidou todos a participarem, todas as quartas-feiras, às 19h, no Colégio Otília Cruz, das reuniões de apoio à 151 luta contra as organizações que querem destruir o Hospital Florianópolis. Logo após falou o senhor Gilmar Salgado, que afirmou que situação do Hospital Florianópolis é decorrente dos oito anos em que o Senador Luiz Henrique da Silveira esteve no governo do Estado, falando que o atual Governador Raimundo Colombo segue a mesma política. Disse que o Secretário da Saúde, Dalmo de Oliveira, privilegia o setor privado em detrimento ao setor público, e que a política do governo mostra que este quer o Hospital Florianópolis fechado ou entregue a interesses privados. Disse repudiar os processos de privatização de instituições e de serviços prestados pelo Estado, afirmando que esta prática ainda é bem presente na realidade do País, apesar de muitos acharem que as privatizações só ocorriam no passado. Lembrou que há pouco houve uma vitória, que foi a de derrotar a MP 520, que criava uma empresa que administraria os HUs do Brasil. Disse que todos devem cobrar do Governador e do Secretário de Saúde a reabertura do Hospital Florianópolis, sendo este totalmente administrado pelo SUS, pois todos estavam cansados de verem os trabalhadores morrerem nas filas dos hospitais. Denunciou a “ratoterapia” no Hospital Celso Ramos e as carnes podres do Hospital Regional de São José, exigindo que as instituições legais investiguem as irregularidades e denúncias apresentadas naquela audiência pública, cobrando das autoridades a reabertura imediata do Hospital Florianópolis. Finalizou dizendo que Santa Catarina tem renunciado impostos para dar dinheiro a grandes empresários, afirmando que R$ 4,2 bilhões deixaram de ser arrecadados no Estado, sendo dado de subsídio ao setor privado. Logo após, fez uso da palavra o senhor Odair Rogério da Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (Sintaema/SC) que disse que quem conhecia o projeto do ex-Governador Luiz Henrique sabia que este era realizado na mesma linha do Governo Raimundo Colombo, dizendo que o “DNA” do governo Colombo é ainda mais neoliberal do que o do governo anterior. Afirmou ser aquele o momento de criar caminhos, sendo necessária a criação, por parte da Alesc, de um fórum parlamentar catarinense em defesa da saúde pública, propondo reuniões com o Governador e o Secretário de Estado, procurando conhecer melhor os problemas e os planos do governo, estabelecendo prioridades e estratégias a serem seguidas, concatenando ações dos Poderes Legislativo e Judiciário no sentido de estabelecer melhores condições à Saúde do Estado. A palavra foi passada ao senhor Reginaldo Gertrudes, que colocou à disposição uma cadeira na Comissão Permanente da Saúde para que um dos membros da Comissão de Saúde da Alesc pudesse participar das reuniões daquela Comissão e assim estar a par de tudo o que ocorre no seu âmbito, somando esforços e estabelecendo um encaminhamento unificado, pois encaminhamentos diversos em diversas áreas do mesmo tema acabam não gerando um resultado positivo. Após isso, falou a senhora Adriana Carvalho, que disse que quando iniciou sua participação no grupo que luta em defesa do Hospital Florianópolis 100% SUS, ficou sabendo, para sua tristeza, que o Colégio Otília Cruz iria ser fechado, e que no seu lugar seria criado um reformatório para menores infratores. [Taquígrafo-revisor: Eduardo Delvalhas dos Santos] Quis saber que sociedade é essa que fecha hospital público para abrir no lugar um mercado de saúde que torne a vida ou a morte das pessoas um produto que gere lucro. Concordou com quem disse que nem os Estados Unidos têm condições de financiar 100% a saúde pública, pois qualquer Estado que apoia aqueles que produzem visando o lucro e não o atendimento às necessidades reais da humanidade não tem como disponibilizar os serviços de saúde pública para todos. Dito isso, perguntou por que as pessoas não citam Cuba como exemplo, que é um país pequeno, pobre, onde não existe saúde privada, mas atende qualquer pessoa, em qualquer unidade de saúde, a qualquer hora, independendo da complexidade. Disse que é preciso refletir sobre isso; que enquanto não se mudar esse sistema, onde tudo que é produzido é para o lucro de 5% e não para as reais necessidades da 152 humanidade, não serão superados todos os problemas. Em relação à questão do Hospital Florianópolis e da saúde pública como um todo, informou que o desafio é construir uma lei de iniciativa popular que derrube a lei das OSs, que proíba as OSs. Comunicou que quando tinham organizado o Movimento Unificado pelas Privatizações (Mucap), iniciaram esse projeto, porém não tiveram forças suficientes para levar adiante porque realmente precisa de muito trabalho. Informou que a proposta não é sua, mas de vários sindicatos da saúde e da comunidade para que fosse pensado sobre a questão. Agradeceu a todos. Em seguida, o senhor Anésio Botelho, da Associação Amigos do Hospital Florianópolis, que cumprimentou os presentes e relatou que a Associação Amigos do Hospital Florianópolis foi fundada em 1987, com o objetivo de dar suporte aos pacientes carentes do Hospital Florianópolis; que em 2008 a Secretaria da Saúde solicitou que a Associação pagasse os projetos de reforma do Hospital e que acataram esse pedido; que no dia 12/05/2009 ficou pronto o projeto da Emergência; que no dia 22/04/2010 ficou pronto o projeto dos segundo e terceiro pavimentos do Hospital Florianópolis; que em outubro de 2010 chamaram a atenção da Secretaria da Saúde em relação à empresa que foi contratada para reformar aquele Hospital porque ela já estava reformando o Hospital Infantil e o Hospital Celso Ramos e o processo estava sendo protelado por mais de um ano e, no segundo caso, há quase dois anos. Contou ainda que quando iniciaram a reforma do segundo e terceiro pavimentos, quebraram paredes com marretas ao invés de utilizarem equipamentos modernos; que chamaram a atenção da autoridade competente, através de um ofício datado de 27 de outubro de 2010, em que continha um laudo de um engenheiro dizendo que em determinados fatos as coisas são elementares. Afirmou que não tiveram a competência de fechar as prumadas do Hospital e os registros de gaveta e, por conseqüência desse ato, em outubro de 2010 a Emergência estava danificada; que a Associação pagou para fazer a reforma. Comentou que foi mostrado no telão os fatos pelos quais já tinham alertado anteriormente. Relatou que através do ofício datado de 27 de outubro de 2010 e está tudo documentado. Disse que têm o direito de falar porque contribuíram para que o Hospital fosse reformado; que falta um remédio jurídico, ou seja, uma ação judicial contra o Secretário da Saúde, aplicando com uma multa diária pelo atraso na entrega do Hospital Florianópolis. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, solicitou ao senhor Anésio Botelho que entregasse os documentos para serem anexados aos demais. Aclarou que o papel da Assembleia, assim como o da Câmara de Vereadores, que também está nesta luta, é realizar um trabalho intermediário e conduzir os encaminhamentos da audiência ao governo do Estado ou aos órgãos responsáveis. Convidou os Deputados, os Vereadores e todas as entidades para irem visitar o Hospital Florianópolis no dia seguinte, às 10 horas. O senhor Ricardo Vieira, Vereador de Florianópolis, perguntou se não poderia ser antes das 10 horas, pela quantidade de problemas que existem no Hospital e aconselhou que fosse às 9h. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, respondeu que poderia ser às 9h30min, tendo em vista a reunião plenária começar às 9h. O senhor José Alberto Luchtenberg, perguntou ao Presidente, Deputado Volnei Morastoni, se a direção do Hospital Florianópolis vai abrir as portas do Hospital para que os Deputados e os demais entrem. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, respondeu que o que está sendo falado não é nada em segredo; que a audiência está sendo transmitida pela TVAL para todo o Estado, porém a visitação será de improviso, no entanto quando estiverem a caminho do Hospital poderiam comunicar Secretaria de Saúde sobre a visita e convidar os representantes. Informou que a audiência também está sendo taquigrafada e tudo está registrado; que será elaborado um relatório, um documento que ficará à disposição de todos; que será agendado uma audiência com o Secretário de Saúde e com o Governador do Estado para, numa comissão da Assembleia, da Câmara de Vereadores e com 153 representantes da comunidade, fazer a entrega do documento. Disse que destacou alguns pontos: a necessidade da agilidade na conclusão das obras de reforma, pela importância do Hospital Florianópolis; investigar o porquê das obras que estavam prontas terem sido danificadas; retomada do funcionamento do Hospital a 100% pelo SUS; e gestão do mesmo pela Secretaria Estadual de Saúde, pois todas as manifestações ocorridas na audiência pública foram contrárias a entrega do Hospital a qualquer organização social na saúde e contrárias à terceirização da administração. Acrescentou que o Estado deve reassumir a sua responsabilidade com os seus hospitais; que existem problemas de gestão que deverão ser resolvidas; que muitas dessas unidades do Estado têm problemas de gestão porque não têm autonomia administrativa e nem financeira; que o Estado, ao longo dos anos, não se preocupou em formar um grupo de especialistas devidamente capacitados em hospitais; que a gestão do hospital é uma especialidade, porque além de todo o serviço de hotelaria tem todo o serviço de saúde, inclusive com falta de pessoal ou com pessoal sobrecarregado; que os profissionais devem ser qualificados, preparados para esse tipo de gestão. A senhora Valdete Paes Marcon Santos, falando fora do microfone pede que na visita esteja presente uma pessoa da construtora que está fazendo a reforma, porque a obra está parada e lá só tem duas pessoas. O senhor Presidente respondeu que como a visita será no dia seguinte que num outro momento a Comissão de Saúde poderá chamar representantes da empresa. Na sequência, a senhora Deputada Estadual Angela Albino, lembrando as falas da senhora Tânia e do senhor Anésio sobre a Emergência do Hospital Florianópolis, solicita que Governador ou ao Secretário de Saúde instale imediatamente uma sindicância para apurar a responsabilidade pela depredação da Emergência, que já estava reformada. Comunicou que no dia 21 de junho, às 14 horas, será realizada uma audiência pública, no âmbito da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, para discutir sobre as escolas do Centro e do Estreito, em Florianópolis, que foram esvaziados pelo governo do Estado e hoje não tem mais alunos. Lembrou que a Escola Básica Antonieta de Barros virou um estacionamento, a Escola Básica Otília Cruz não tem mais alunos, e o Colégio Celso Ramos foi devolvido pela Assembleia, em abril, depois de toda aquela celeuma. Convidou a todos para estarem presente nessa audiência da Comissão de Educação. A senhora Tânia Ramos informou que a Escola Básica Otília Cruz continua na resistência com os projetos sociais. O senhor Odair José da Silva, usando da palavra, insistiu na proposta de se criar um fórum parlamentar, pela Assembleia Legislativa, pois além de ter peso político tem interlocução com o Tribunal de Justiça, com o Ministério público, com o Executivo, com o secretariado e poderá ainda contar com os Parlamentares da Alesc e as entidades do movimento social. Sugeriu que seja apresentado um requerimento, em uma sessão ordinária da Casa, solicitando a criação desse fórum parlamentar; que as pessoas poderão se mobilizar a fim de que o mesmo seja aprovado, já que não é só o Hospital Florianópolis que está com problemas, uma vez outros problemas se avizinham. Disse que insiste nessa proposta. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, relatou que já tinha anotado a proposta, com destaque, para dar um encaminhamento em relação à criação do fórum parlamentar catarinense em defesa da saúde pública. Destacou os seguintes encaminhamentos: realizar visita às obras do Hospital Florianópolis no dia 9/6/2011, às 9h30min; a marcar audiência com o Secretário de Estado da Saúde e com o Governador do Estado, após a confecção da ata da audiência, para a entrega da documentação, em conjunto com a Câmara Municipal de Florianópolis; solicitar ao Governador ou ao Secretário da Saúde que realizem sindicância para apurar responsabilidades sobre a depredação da Emergência do Hospital Florianópolis; e discutir a criação de um fórum parlamentar catarinense em defesa da saúde pública. A senhora Tânia Ramos, em seguida, disse para não estranharem quando chegarem ao Hospital Florianópolis e 154 encontrarem as obras de vento em polpa, mas que na hora em que todos forem embora, eles irão junto. O senhor Reginaldo Gertrudes explanou que na Escola Professora Otília Cruz funciona um projeto social, com 150 adolescentes que estão sendo encaminhados para trabalho e indagou o que será feito com as crianças se o Estado fechar a escola. Convidou a Casa para conhecer tais projetos. O senhor Santino de Andrade, contou que o Secretário de Saúde havia aceitado a formação de uma comissão de acompanhamento da obra; que o doutor Ricardo e membros da comunidade já haviam entregado a listagem dessa comissão; que essa comissão está sendo protelada e sugeriu cobrar da Secretaria a sua efetivação, ou seja, que tal comissão acompanhe a reforma do Hospital Florianópolis. O senhor Ricardo Vieira, Vereador de Florianópolis, esclareceu que algumas reuniões com o Secretário da Saúde já foram realizadas e que ficou determinado constituir uma comissão composta por servidores, sindicatos e usuários do Sistema de Saúde para fazer junto com a Secretaria o acompanhamento das obras. Solicitou que a secretaria da Comissão envie à Câmara de Vereadores e para os autos da Comissão do Trabalho todo o registro das falas e dos encaminhamentos da audiência pública. [Taquígrafa-revisora: Jacqueline de O. V Bitencourt] O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, falou que a ata da audiência estará à disposição de todos. O senhor Anésio Botello, comunicou que Associação dos Amigos do Hospital Florianópolis financiou os projetos, mas que em outubro de 2010 foram proibidos de entrar no Hospital, quando levaram o engenheiro para ver a uma infiltração, colocaram cadeado e proibiram a Associação de entrar. Ressaltou a importância de se tomar providencias em relação a isso, pois estão fazendo todos de bobo. Agradeceu a todos. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, confirmou o convite para a visitação ao Hospital de Florianópolis às 9h30min. Agradeceu a todos pela presença. E não havendo mais nada a declarar, encerrou a presente audiência pública. [Taquígrafa-revisora: Almerinda Lemos Thomé] DEPUTADO ESTADUAL VOLNEI MORASTONI PRESIDENTE DA COMISSÃO DE SAÚDE 155 ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA ITAJAÍ “A ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE, ESTRATÉGIA EM SAÚDE DA FAMÍLIA, UPAs, MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE E HOSPITAIS NA REGIÃO DA AMFRI” 156 1ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 17ª LEGISLATURA COORDENADORIA DE TAQUIGRAFIA DAS COMISSÕES - CTC ATA TAQUIGRÁFICA COMISSÃO DE SAÚDE LOCAL: Auditório Nestor C. de Carvalho, o Curso de Direito da Univali SUMÁRIO: Audiência pública para discutir sobre "Atenção Básica em Saúde, Estratégia de Saúde da Família, UPAs, Média e Alta Complexidade e Hospitais na Região da Amfri". PRESIDENTE: Deputado Estadual Volnei Morastoni COMPOSIÇÃO DA MESA: Deputado Estadual Volnei Morastoni, Presidente da Comissão de Saúde; Deputados Estaduais Dado Cherem, Jorge Teixeira e Sargento Amauri Soares, membros da Comissão de Saúde da Alesc; Walter Gomes Filho, representante do Secretário de Estado da Saúde, senhor Dalmo Claro de Oliveira; Evandro Eredes dos Navegantes, Prefeito Municipal de Penha e Presidente da Amfri; Dalva Maria Anastácio Rhenius, Vice-Prefeita e Secretária Municipal de Saúde de Itajaí; Juliano de Maria, Secretário Municipal de Saúde de Navegantes; Celso Luiz Dellagiustina, Secretário Municipal de Saúde de Bombinhas e representante do Prefeito Municipal de Bombinhas, Manoel Marcílio dos Santos; Arlete Besen Soprano, representante do magnífico Reitor da Univali Mário Cesar dos Santos; Áttela Provesi, diretora-geral do Hospital Universitário Pequeno Anjo do Município de Itajaí; Vereador Nikolas Reis Moraes dos Santos, da Câmara Municipal de Itajaí; irmã Sandra Pedrinha Zanotto, diretora-geral do Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen do Município de Itajaí; João José da Silva, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Itajaí. REGISTRO DE PRESENÇA: Vereador Luiz Peixe, Presidente da Câmara Municipal de Ilhota; Vereador Alcionei Tridapalli, da Câmara Municipal de Itapema; José Roberto Spósito, Secretário Municipal de Saúde de Balneário Camboriú; Lírio Eing, coordenador técnico da Secretaria Municipal de Saúde de Itajaí; Antônio Ballestero Garcia Junior, Secretário Municipal de Saúde de Porto Belo; Edite Scola, Secretário Municipal de Saúde de Luís Alves; Rafael Felipe de Souza, neste ato representando a Deputada Estadual Ana Paula Lima e o Deputado Federal Décio Lima; José Bezerra da Silva Filho, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Itapema; Fernando Brito, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Balneário Camboriú; José Dada, presidente da CDL de Itajaí; Denise Souza, representante do Secretário Municipal de Saúde de Penha; Guido Renato Miranda, representante da Associação Empresarial de Itajaí; Roberto Ruiz, Secretário Municipal de Saúde de Itapema; Angelo Marchi. representante da Unimed Litoral; Rita de Cássia Teixeira Rangel, Secretária Municipal de Saúde e Bem Estar Social de Balneário Piçarras; José Monestel Montoya, diretor técnico do Hospital Universitário Pequeno Anjo de Itajaí; Edson Bianor de Lima, presidente da Fundação Hospitalar de Camboriú. MANIFESTAÇÕES: Deputados Estaduais Dado Cherem, Jorge Teixeira e Sargento Amauri Soares, membros da Comissão de Saúde da Alesc; Walter Gomes Filho, EVENTO: Audiência pública DATA: 10/06/11 HORA: 9h 157 representante do Secretário de Estado da Saúde, senhor Dalmo Claro de Oliveira; Evandro Eredes dos Navegantes, Prefeito Municipal de Penha e Presidente da Amfri; Dalva Maria Anastácio Rhenius, Vice-Prefeita e Secretária Municipal de Saúde de Itajaí; Juliano de Maria, Secretário Municipal de Saúde de Navegantes; Celso Luiz Dellagiustina, Secretário Municipal de Saúde de Bombinhas e representante do Prefeito Municipal de Bombinhas, Manoel Marcílio dos Santos; Arlete Besen Soprano, representante do magnífico Reitor da Univali Mário Cesar dos Santos; Áttela Provesi, diretora-geral do Hospital Universitário Pequeno Anjo do Município de Itajaí; Vereador Nikolas Reis Moraes dos Santos, da Câmara Municipal de Itajaí; irmã Sandra Pedrinha Zanotto, diretora-feral do Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen do Município de Itajaí; João José da Silva, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Itajaí; José Roberto Spósito, Secretário Municipal de Saúde de Balneário Camboriú; José Dada, presidente da CDL de Itajaí; professor Airlon Jaques, da Associação Itajaiense de Kung-Fu; Anderson Beluzzo, representante da OAB/SC de Balneário Camboriú; Roberto Carlos Ruiz, Secretário Municipal de Saúde de Itapema; Willian Diógenes Meister, professor da Rede Municipal de Itajaí; Antônio Ballestero Garcia Junior, Secretário Municipal de Porto Belo; Edson Lima, presidente do Conselho deliberativo do Hospital de Balneário Camboriú; Felipe Botelho, fisioterapeuta domiciliar da Secretaria Municipal de Saúde de Itajaí; Priscila Helena Martins, de Navegantes; Leonardo Silva Vianna, diretor da Secretaria Municipal de Saúde de Navegantes; Tarcila Martins Campos, Conselho Municipal de Itapema. SOLICITAÇÕES E SUGESTÕES: - ser incluído no rol de necessidades do governo o que está pendente na Secretaria de Estado da Saúde, como exames e alguns procedimentos que não são feitos na região; - fortalecer os trabalhos das equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) e atualizar a tabela do SUS - implantar um hospital regional 158 ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PROMOVIDA PELA COMISSÃO DE SAÚDE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SANTA CATARINA PARA DEBATER A ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE, ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA, UPAs, MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE E HOSPITAIS NA REGIÃO DA AMFRI, REALIZADA NO DIA 10 DE JUNHO DE 2011, ÀS 9H, NO AUDITÓRIO DO CURSO DE DIREITO DA UNIVALI, NO MUNICÍPIO DE ITAJAÍ Aos dez dias do mês de junho de 2011, às 9 horas, no Auditório do Curso de Direito da Univali, no Município de Itajaí, realizou-se audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina para debater a atenção básica em saúde, Estratégia de Saúde da Família (ESF), UPAs, média e alta complexidade e hospitais na região da Amfri. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, abriu os trabalhos e convidou para compor a mesa as seguintes autoridades: Deputados Estaduais Dado Cherem, Jorge Teixeira e Sargento Amauri Soares, membros da Comissão de Saúde da Alesc; senhor Walter Gomes Filho, representante do Secretário de Estado da Saúde de Santa Catarina, Dalmo Claro de Oliveira; senhor Evandro Eredes dos Navegantes, Prefeito de Penha e presidente da Amfri; senhora Dalva Maria Anastácio Rhenius, Vice-Prefeita de Itajaí e Secretária Municipal de Saúde do Município; senhor Juliano de Maria, Secretário Municipal de Saúde de Navegantes; senhor Celso Luiz Dellagiustina, Secretário Municipal de Saúde de Bombinhas, neste ato representando o Prefeito do Município, Manoel Marcílio dos Santos; senhora Arlete Besen Soprano, representante do Reitor da Univali, Mário Cesar dos Santos; senhora Áttela Provesi, diretora-geral do Hospital Universitário Pequeno Anjo, no Município de Itajaí; Vereador Nikolas Reis Moraes dos Santos, da Câmara Municipal de Itajaí; irmã Sandra Pedrinha Zanotto, diretora-geral do Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen, no Município de Itajaí; senhor João José da Silva, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Itajaí. Em seguida, o senhor Presidente justificou a ausência de três Deputados-membros da Comissão de Saúde, por estarem cumprindo agenda pelo Estado, ressaltando que a maioria dos membros dessa Comissão estava presente. Informou que esta audiência pública faz parte da série de audiências públicas que a Comissão de Saúde está realizando por todo o Estado, salientando que hoje está se encerrando o primeiro ciclo delas. Lembrou que o ciclo das audiências públicas iniciou em Criciúma, para se discutir a questão da saúde em todo o sul do Estado e a necessidade da descentralização da alta complexidade em pediatria; que em Itajaí, através do Deputado Estadual Dado Cherem, também já foi realizada uma audiência pública no final do ano passado para se discutir esse tema; assim como em outras regiões do Estado. Comentou que a alta complexidade, principalmente para os adultos, já avançou bastante no Estado, mas que em relação à pediatria ainda se tem muito a fazer. Salientando a dificuldade de atendimento a crianças portadoras de câncer, que têm que se deslocar do extremo oeste, ou do planalto serrano, ou do sul do Estado para fazer quimioterapia na Grande Florianópolis, no Hospital Joana de Gusmão, ou em Joinville e Blumenau, reiterou que é preciso descentralizar a alta complexidade em pediatria, seja nas especialidades de oncologia, neurocirurgia, cirurgia cardíaca, seja na de ortopedia. Dito isso, apresentou a dinâmica dos trabalhos, explicando que os membros da mesa teriam menos tempo para expor suas ideias e que os participantes teriam mais tempo para se manifestar e discutir a situação da saúde em nosso Estado. Em seguida, evidenciou a importância de se ouvir como estão, em cada região, a atenção básica, os programas da Estratégia de Saúde da Família (ESF), os outros programas, as UPAs, os grandes hospitais de referência, como o Hospital Marieta Konder Bornhausen, o Hospital Universitário Pequeno Anjo, de Itajaí, os outros hospitais da região, como o Santa Inês e o Ruth Cardoso, e outros pequenos hospitais, 159 como os de Camboriú, Itapema, Navegantes, Penha e Luís Alves. Mencionou que estão colhendo informações em todo o Estado sobre esses pequenos hospitais para ver qual será o destino deles e a relação do Estado com eles, destacando que foi criado na Alesc o Fórum dos Pequenos Hospitais, coordenado pelo Deputado Estadual Mauro de Nadal, e que estão iniciando em todas as regiões do Estado um grande circuito para reunir somente os pequenos hospitais, a fim de se discutir a situação deles. Disse que a ata de cada audiência vai constar de um relatório e que os dados colhidos pela Comissão de Saúde serão sistematizados e enviados à Secretaria de Estado da Saúde e ao Governador do Estado, salientando que são documentos importantes que retratam a saúde de Santa Catarina. Contou que no dia anterior foi realizada uma reunião extraordinária para atender o Prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, que discutiu com toda a Câmara de Vereadores e a Secretaria de Saúde daquele Município a situação do Hospital Materno-Infantil de Criciúma, porque o Município está repassando R$ 600 mil por mês para manter esse hospital e R$ 100 mil para manter o Hospital São José, não tendo mais condições de arcar com valores tão elevados, haja vista que a maioria dos Municípios já aplica na saúde mais de 15%, 20% ou 25%. Registrou, ainda, que no dia 8 do corrente mês foi realizada uma audiência extraordinária para discutir-se a situação do Hospital Florianópolis, que pode ser entregue, após a reforma, que se arrasta há muitos anos, para a gestão de uma organização social, conforme prenunciou o governo do Estado. Destacando que há todo um debate sobre os hospitais do Estado serem administrados por organizações sociais de saúde, perguntou se isso é uma solução ou não. Disse que na ocasião em que visitaram os Hospitais São José e Joana de Gusmão constataram superlotação das emergências e que isso retrata a situação de outros hospitais no Estado. Informou que os hospitais reclamam que os Municípios não têm atenção básica organizada, que os programas da família não funcionam como deveriam e que eles não têm UPA, citando como exemplo o Município de São José, onde as UPAs são as emergências dos hospitais. Dito isso, frisou que a atenção básica é fundamental porque se ela não estiver funcionando convenientemente, isso se reflete nos hospitais, e vice-versa, e pediu que todos contribuíssem para o relatório, que é uma parceria da Alesc com o governo de Santa Catarina e que tem como interesse maior a saúde do nosso Estado, para fortalecer o SUS. Em seguida, registrou a presença do Vereador Luiz Peixe, Presidente da Câmara Municipal de Ilhota; do Vereador Alcionei Tridapalli, da Câmara Municipal de Itapema; do Secretário Municipal de Saúde de Balneário Camboriú, José Roberto Spósito; do senhor Lírio Eing, coordenador técnico da Secretaria Municipal de Saúde de Itajaí; do Secretário Municipal de Saúde de Porto Belo, Antônio Ballestero Garcia Junior; de Edite Scola da Secretária Municipal de Saúde de Luís Alves; do senhor Rafael Felipe de Souza, representando a Deputada Estadual Ana Paula Lima e o Deputado Federal Décio Lima; do senhor José Bezerra da Silva Filho, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Itapema; do senhor Fernando Brito, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Balneário Camboriú; do senhor José Dada, presidente da CDL de Itajaí; da senhora Denise Souza, representante do Secretário Municipal de Saúde de Penha; do senhor Guido Renato Miranda, representante da Associação Empresarial de Itajaí; do Secretário Municipal de Saúde de Itapema, Roberto Carlos Ruiz; do senhor Angelo Marchi, representante da Unimed Litoral; da Secretária Municipal de Saúde e Bem-Estar Social de Balneário Piçarras, Rita de Cássia Teixeira Rangel; do senhor José Monestel Montoya, diretor-técnico do Hospital Universitário Pequeno Anjo, de Itajaí; do senhor Edson Bianor de Lima, presidente da Fundação Hospitalar de Camboriú. Feito o registro, passou a palavra ao Deputado Estadual Dado Cherem, membro da Comissão de Saúde da Alesc, que cumprimentou todos e frisou a importância de se ouvir as necessidades apontadas pelos gestores. Disse que, como Secretário Municipal e depois como Secretário Estadual da Saúde, viu crescer a cada dia as 160 dificuldades no sistema público de saúde e lamentou que quanto mais recursos os Prefeitos e gestores estão colocando nessa área, mais as dificuldades aumentam. Informou que depois de terem o diagnóstico completo das regiões, o objetivo da Comissão de Saúde da Alesc, junto com o Governador do Estado e a Secretaria de Estado da Saúde, é propor medidas políticas e administrativas que possam ajudar a resolver ou equilibrar essa conta entre o Estado, os Municípios e a União. Finalizando a sua manifestação, deixou claro que estava ali para contribuir e dividir essa responsabilidade. Ato contínuo, o senhor Presidente passou a palavra ao Deputado Estadual Jorge Teixeira, membro da Comissão de Saúde da Alesc, que cumprimentou todos os presentes e disse que era de suma importância a participação e a colaboração de todos, através de informações, porque o relatório a ser feito pela Assembleia Legislativa será enviado ao Poder Executivo do Estado, acrescentando que, a pedido do Presidente da Comissão de Saúde, possivelmente o Ministro da Saúde também participará de uma reunião da referida Comissão para receber os pleitos do Estado de Santa Catarina e, obviamente, para tratar do aumento da tabela do SUS. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, informou que o Ministro da Saúde pediu para adiar para o mês de agosto a sua vinda a Santa Catarina para debater o financiamento da saúde, salientando que também é preciso debater a Emenda constitucional 29 e os novos programas de saúde. A seguir, usou da palavra o Deputado Estadual Sargento Amauri Soares, membro da Comissão de Saúde da Alesc, que saudou todos e mencionou que a maioria das pessoas presentes é gestor de saúde. Avaliou que a Comissão de Saúde, presidida pelo Deputado Estadual Volnei Morastoni, vem desenvolvendo um excelente trabalho e afirmou que é a Comissão que mais trabalha na Alesc, destacando que nesta semana foram realizadas três audiências públicas só dessa Comissão, graças ao apoio de toda a equipe técnica da Casa, e avaliando que se a Comissão de Saúde continuar nesse ritmo, iremos ter uma saúde nova no Estado de Santa Catarina, porque estão sendo mobilizadas pessoas que trabalham nessa área, que se preocupam, e porque os problemas estão sendo levados às autoridades dos Poderes Executivos estadual e federal. Disse estar feliz por sentir a utilidade e a importância de ser Deputado e poder contribuir para que as coisas aconteçam, afirmando que estão aqui para ouvir os gestores regionais e para formar uma ideia mais aproximada da sociedade de Santa Catarina. [Taquígrafa-revisora: Ione Terezinha Reis de Melo.] Na sequência, fez uso da palavra o senhor Walter Gomes Filho, representando o Secretário de Estado da Saúde, que cumprimentou os membros da mesa e os demais presentes e elogiou o trabalho feito pelos Prefeitos e Secretários Municipais de Saúde em relação à atenção básica na região. Disse que na semana anterior esteve em Florianópolis participando de um seminário sobre planejamento e avaliação do SUS em Santa Catarina, no qual foram apresentadas algumas pesquisas, entre elas uma feita pela UFSC, que destaca a macrorregião da Foz do Rio Itajaí como a mais efetiva. Em seguida, comentou o trabalho dos Prefeitos e o dinheiro que eles têm colocado para que seja efetivado um bom nível de atenção básica nos Municípios da região. Dirigindo-se ao Deputado Volnei Morastoni, afirmou que grande parte do que será discutido na reunião tem a ver, sim, com o subfinanciamento, salientando que os Municípios têm colocado, historicamente, um percentual bastante grande dos seus orçamentos na área de saúde. Prosseguindo, destacou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de autoria do Deputado Dado Cherem, que prevê a retirada dos gastos com inativos do cálculo do percentual de 12% da saúde. Observou que cabe ao Congresso Nacional regulamentar a questão, visto que desde 2000, quando foi aprovada a Emenda nº 29, que fixa os percentuais mínimos a serem investidos em saúde pela União, Estados e Municípios, a proposta não evoluiu em Brasília. Opinou que fazer saúde pública num país do tamanho do Brasil e com a qualidade que os catarinenses exigem não é muito fácil, mas que a Secretaria Estadual da 161 Saúde está engajada no processo de construir uma saúde pública melhor. Por último, parabenizou a Comissão pelas audiências públicas que tem feito pelo Estado, destacando que já participou de cinco ou seis, as quais tiveram resultado bastante intenso em volume de dados e discussões. Em seguida, manifestou-se o senhor Evandro Eredes dos Navegantes, Prefeito do Município de Penha, que registrou a importância que a região da Amfri está dando para a questão saúde, discutindo-a quase que semanalmente. Afirmando que para todo gestor público existe uma grande barreira a ser rompida, qual seja, a questão do investimento na saúde, lembrou que a Constituição Federal determina que sejam aplicados, no mínimo, 15% na saúde por cada Município, advertindo que somente a folha de pagamento dos Municípios da região gira em torno de 20%, o que dificulta muito o investimento na referida área, sendo necessário buscar-se recursos nos governos estadual e federal. Expôs que por mais que esses recursos venham, na maioria das vezes eles entram como investimento, num primeiro momento, para se construir um pronto-atendimento ou ganhar-se uma ambulância, por exemplo, afirmando que, com o passar do tempo, isso também vira custeio e dificulta ainda mais a vida do gestor público. Evidenciando a importância do entendimento em se buscar a melhor solução para a saúde, destacou que essa área merece a atenção de todos os gestores públicos no sentido de se melhorar a qualidade de vida das pessoas. Observou que nos dias atuais a avaliação que se faz de um gestor público é muito voltada para a questão de obras e ponderou que é preciso haver mudança desse conceito, aceitando-se que o grande investimento deve ser na saúde das pessoas, para se conseguir avançar mais nessa área. Ato contínuo, fez uso da palavra a senhora Dalva Maria Anastácio Rhenius, Vice-Prefeita e Secretária Municipal de Saúde de Itajaí, que saudou os participantes da audiência pública e disse que a região é muito feliz por ter o apoio, a dedicação dos Deputados Dado Cherem e Volnei Morastoni na questão saúde. Na sequência, avaliou que quando procedimentos são ampliados, a exemplo da urologia e da oncologia, que não constam na tabela do SUS, isso causa uma preocupação enorme para o Município, porque o usuário, não conseguindo ser atendido, busca resolver o problema através de ação judicial, o que sobrecarrega o Município. Aproveitou a oportunidade para dizer que em Itajaí as unidades de pronto-atendimento estão sendo implantadas num espaço muito mais adequado, embora ainda haja dificuldade em relação a equipamentos, pedindo ajuda nesse sentido. Em seguida, manifestou-se o senhor Juliano de Maria, Secretário Municipal de Saúde de Navegantes, que saudou todos e revelou que, assim como os demais Secretários de Saúde, às vezes tem a impressão de que suas lamúrias não ecoam como gostaria, afirmando que a presença dos Deputados na região estimula todos a continuarem na luta. Registrou as dificuldades por que passam em relação à estrutura dos serviços de saúde e informou que os aprovados em concurso feito em seu Município, em diversas especialidades médicas e outras categorias, foram convocados mas não assumiram. Destacou que são poucos os profissionais em Navegantes, mesmo tendo esse Município o privilégio de ser vizinho de uma universidade e de estar situado numa região litorânea, ao contrário dos Municípios do interior do Estado, que naturalmente anseiam por uma política de incentivo à formação de profissionais. Avaliou que como a população cobra muito a presença do médico e do dentista na unidade de saúde, de certa maneira isso gera um leilão, por assim dizer, visto que o Município acaba dando um incremento salarial para não perder esse profissional. Dito isso, manifestou a sua certeza de que ouvirá dos demais colegas as mesmas questões que colocou, haja vista que todos anseiam que a audiência pública faça os encaminhamentos necessários para que haja melhoria na área da saúde. Em seguida, contou que nas reuniões de colegiado, principalmente no que se refere à atenção básica, todos os Municípios têm se motivado cada vez mais em ampliar sua rede, em realizar ações. Reportando-se ao Deputado Dado Cherem, considerou que o leque de ações da saúde 162 aumentou bastante, citando itens como fraldas geriátricas e óculos, lembrando que o financiamento não tem sido na mesma velocidade e volume. Finalizou dizendo que a população precisa de respostas, até porque os gestores, quando nomeados por seus Prefeitos, assumiram esse desafio, cabendo a eles agora lutar para conseguirem avançar em ações nessa área. Na sequência, usou da palavra o senhor Celso Luiz Dellagiustina, Secretário Municipal de Saúde de Bombinhas, que teceu comentários sobre a NOB 96, que tem como foco central a redefinição do modelo de atenção à saúde. Disse que a atenção básica não é sinônimo de Estratégia de Saúde da Família e que se deve ter em mente que isso não é responsabilidade exclusiva de Município, mas sim dos três níveis de governo. Afirmou que o fortalecimento da atenção básica é o eixo principal para se evitar problemas na média e na alta complexidade e que se for feita uma atenção básica resolutiva, certamente haverá menos problemas nos hospitais de média e alta complexidade. Prosseguindo, informou que na próxima semana deverá ser aprovada uma minuta que irá alterar parte da Portaria nº 648, assim sendo, o Município que tem cem equipes de Saúde da Família e hoje recebe R$ 6.400,00 por cada equipe poderá chegar, dependendo do seu desempenho, a 100% de aumento no investimento federal; caso contrário, se não houver desempenho, permanecerá em R$ 6.400,00. Destacou, em seguida, que sem uma atenção básica fortalecida não se chegará a nenhum lugar e alertou que as unidades intermediárias de atenção à saúde, isoladamente, podem trazer mais problemas que benefícios, acrescentando que fora do contexto de uma rede de atendimento, elas podem competir com a atenção básica, visto que na UPA haverá laboratório, pediatra, todas as situações de acesso. Complementou dizendo que a UPA não pode ficar isolada, que ela tem que estar dentro da hoje chamada Rede de Urgência e Emergência, que tem que fazer parte de todo um contexto. [Taquígrafa-revisora: Dulcinéia Maria Goulart.] Afirmou que hoje não temos redes de assistência e que pelo sistema criado ao longo dos anos há inúmeros Municípios com pequenas unidades não resolutivas que consomem muitos recursos financeiros, os quais poderiam ser mais bem aplicados dentro do SUS. Disse que esses hospitais terão que obrigatoriamente ser “revocacionados” ou ficarem como hospitais de retaguarda, citando como exemplo os Hospitais Marieta Konder Bornhausen e Pequeno Anjo, nos quais determinadas pessoas sem muitas possibilidades terapêuticas estão ocupando leitos de alta complexidade, quando apenas precisam de um leito, de uma enfermeira e de carinho humano. Afirmou que para aproveitar os hospitais de pequeno porte na atenção da saúde mental é preciso dividir por colocação os hospitais com menor ou maior densidade tecnológica, numa formação de rede e determinando os compromissos que podem ser feitos, acrescentando que isso deve ser pactuado, já que o fato de não haver regulação suficiente para que essa rede funcione é um dos grandes problemas de gestão. Registrou que o Ministério da Saúde, pela primeira vez, vem apresentando sumariamente um diagnóstico atacando três problemas: o da atenção básica, com uma solução de financiamento, cuja portaria deverá ser aprovada na semana que vem; o da Rede de Urgência e Emergência e o da Rede Cegonha, que ficarão para o mês seguinte. Ao encerrar a sua manifestação, disse que o esquema tripartite está preocupado em oferecer à comunidade um SUS que todos desejam e que isso está sendo defendido, na questão de acesso, nas conferências municipais sobre saúde. Fazendo uso da palavra, a senhora Arlete Besen Soprano, representante do Reitor da Univali, Mário Cesar dos Santos, cumprimentou todos os integrantes da mesa e expressou a honra da instituição em recebê-los para a discussão de um tema tão importante. Discorrendo sobre a Univali, citou os onze cursos do Centro de Ciências da Saúde, que contam com aproximadamente 400 professores e 3.500 alunos matriculados, informando que, quanto à estrutura, há 85 laboratórios e uma unidade de saúde em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, que possui ambulatórios de especialidades. Explicou que a Univali 163 absorve grande quantidade de profissionais da rede de saúde entre os seus docentes e qualifica o serviço, aproximando a universidade da comunidade. Sobre o papel da instituição, deu ênfase à formação de profissionais generalistas, que seguem as diretrizes nacionais e o alinhamento com as políticas do Ministério da Saúde e do MEC. Para garantir essa formação, destacou a integração do ensino/serviço com a parceria da Secretaria Municipal de Saúde em 2003, que viabilizou a concretização da já mencionada unidade de saúde. Em relação ao tema da atenção básica, disse que uma das dificuldades é atingir um grau de resolubilidade de 80% e que a causa principal disso é a deficiência na formação de um profissional generalista, devido à estruturação curricular em disciplinas muitas vezes estanques, sem a devida articulação, e a um ensino às vezes descontextualizado, fora da prevalência epidemiológica local e nacional. Salientou que a Univali, para manter uma formação de vanguarda alinhada à atenção básica, tem participado ativamente de todas as políticas implementadas pelo Ministério da Saúde em parceria com o Ministério da Educação, destacando, nesse sentido, dois programas: o Pró-Saúde e o PET-Saúde. Após explicar cada um desses programas, frisou que o objetivo, seja no âmbito do ensino, seja no âmbito de projetos de extensão ou de pesquisas realizadas, é a qualificação da atenção básica, explicando que a participação da Univali no projeto está condicionada a um processo de seleção mediante edital público do Ministério da Saúde e que uma das exigências é a existência de estágios regulares na rede de atenção básica, ou seja, que exista integração ensino/serviço. Disse que não existe custeio nem para as atividades de estágio curricular nem para os projetos de intervenção ou extensão, pois os projetos devem ser criados dentro da lógica das necessidades locais e a partir de estágios regulares, lembrando, porém, que o PET-Saúde fornece bolsas de iniciação científica para os alunos, tutores, acadêmicos e preceptores do serviço. Contou que a Secretaria Municipal de Itajaí, além de parceira, é proponente e executora do projeto juntamente com a Univali, que disponibiliza suas instalações e seus profissionais de saúde, ressaltando que atualmente ela conta com 5 grupos tutoriais, 10 unidades de saúde envolvidas, 9 equipes de saúde da família, 5 docentes-tutores e um coordenador, 30 profissionais de serviço, 62 alunos bolsistas, 90 alunos voluntários, totalizando 186 pessoas envolvidas. Sobre os dois programas anteriormente referidos, disse que eles têm contribuído para o planejamento de uma gestão compartilhada do processo de integração ensino/serviço com eventos de socialização, articulação e avaliação dos trabalhos realizados, destacando que são vários os resultados a serem comemorados em função dos avanços, como a abertura do campo de estágio, a inclusão de conteúdos programáticos vinculados ao SUS nos planos de ensino da universidade, a qualificação dos profissionais da rede, inclusive para pesquisa, entre outros. Salientou que com o incremento do PET-Saúde fomentou-se uma demanda de pesquisas voltadas à qualificação da atenção básica, para as quais se criou, como auxílio, um laboratório de epidemiologia, e afirmou que houve inserção dos alunos da graduação nos cenários de prática, que vivenciam o processo de trabalho da estratégia da saúde da família, a proximidade existente entre o serviço e a academia, a articulação com o núcleo do Pró-Saúde e o PETSaúde, a apresentação e discussão dos resultados referentes às políticas públicas de saúde, entre outros. Prosseguindo a sua manifestação, disse que o movimento dentro das unidades de saúde tem apresentado resultados muito expressivos, trazendo avanço na formação do profissional de saúde, uma vez que os órgãos públicos, os conselhos e a comunidade acreditaram nesse avanço. Reconhecendo que mudar a formação é algo muito difícil, avaliou que isso está sendo muito positivo, citando como exemplo o credenciamento da alta complexidade do serviço de atenção auditiva, manifestando o seu orgulho por ter empenhado muito esforço nesse sentido e por poder atender agora 53 Municípios do Estado. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, disse que uma das 164 preocupações da Comissão é a relação dos cursos de saúde com a formação dos profissionais da área, registrando que o médico pediatra é o profissional que mais falta em todas as regiões do Estado, pois são poucos os que se formam e têm interesse pela área. Dito isso, enalteceu o papel da Univali a respeito. Em seguida, passou a palavra à irmã Sandra Pedrinha Zanotto, diretora-geral do Hospital Marieta Konder Bornhausen, que salientou existir no Hospital o resultado prático de toda teoria que se tenta aplicar. Disse que o próprio Deputado Volnei Morastoni, à época Prefeito de Itajaí, ajudou bastante com verbas para a ampliação do prontosocorro, tanto que na Emergência, além da implantação do serviço de raio-X, foi multiplicado o número de leitos, contudo, depois de três meses a Emergência já estava superlotada, e por não haver mais espaço, há muita reclamação. Advertiu que falta resolução nos postos e na rede básica para ajudar no atendimento, por isso o fechamento de qualquer hospital aumenta a demanda pelo Hospital Marieta, que, tendo 420 leitos entre pacientes internados e em observação, não dá conta de atender toda a Amfri, citando como exemplo a obstetrícia, que de um dia para outro passou de cinquenta para cem partos. Disse que embora o Hospital não seja referência em gestantes de alto risco, vários casos são encaminhados para lá e têm que ser recebidos. Lamentou a situação precária do Hospital, onde há equipes trabalhando com muita responsabilidade, e informou que há um plano de contingência para a construção de um novo prédio com heliporto, já que, na época da enchente, essa necessidade foi constatada. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, contou que ele e o Deputado Dado Cherem estiveram em audiência com o Secretário Dalmo para falar sobre o Hospital Marieta, ocasião em que foram apresentadas duas principais reivindicações: que o convênio atual do Estado, que é de R$ 222 mil/mês, fosse dobrado para R$ 500 mil/mês, e em relação à obra do anexo. [Taquígrafa-revisora: SibelliD’Agostini.] Destacou que também há projetos em andamento, numa estimativa de R$ 7 milhões, e disse que o Secretário ficou de analisar a questão e de ir pessoalmente aos Hospitais Marieta e Pequeno Anjo. Comentou que foi realizada audiência pública para tratar da questão da alta complexidade em pediatria, acrescentando que o Hospital Pequeno Anjo foi um dos postulantes a essa graduação de atendimento. A senhora Áttela Provesi, diretora-geral do Hospital Universitário Pequeno Anjo do Município de Itajaí, discorreu sobre a situação do Hospital que administra, salientando que o pronto-socorro daquele nosocômio vinha sendo o grande gargalo no atendimento à população. Informou que estava finalizando uma primeira etapa de reforma e ampliação e que o Hospital agora está credenciado a receber serviços de alta complexidade em neurocirurgia e em cirurgia cardíaca infantil. Revelou que ao longo dos últimos nove anos o Hospital acumulou um déficit de R$ 30 milhões, adiantando que há um convênio com a Prefeitura, que ajuda para o custeio da instituição, além do voluntariado da sociedade civil, que também ajuda o Hospital a continuar a existir. Reiterou o pedido de ajuda, afirmando que o Hospital Pequeno Anjo é também uma escola que serve bem à comunidade e que deve ter o aporte de recursos necessários ao seu funcionamento. Destacando que o referido Hospital atende crianças de toda a região, pediu apoio aos Municípios adjacentes, como Balneário Camboriú e Penha, lembrando que na alta temporada a demanda por atendimento é muito maior e, por isso, o atendimento fica comprometido. Disse que estava aguardando recursos no valor de R$ 10 milhões para o início da segunda etapa da reforma e solicitou ao governo a liberação imediata desses recursos. Fazendo uso da palavra, o senhor João José da Silva, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Itajaí, manifestou o seu entendimento no sentido de que deveriam ser tratados na reunião não somente os problemas da Saúde, mas também as soluções. Em seguida, apontou soluções para os três principais problemas que acometem a Saúde no Estado: atualização da tabela do SUS, que está defasada; resolução dos problemas de alta e média complexidade; e intensificação dos trabalhos na atenção básica e na 165 Estratégia da Saúde da Família. O Vereador Nikolas Reis Moraes dos Santos, da Câmara Municipal de Itajaí, lembrou que são os Vereadores que escutam as reclamações da população e, assim sendo, recolhem importantes informações sobre os Municípios. Salientou que a Câmara Municipal de Itajaí tem realizado boas iniciativas e projetos na área da saúde, como o Itajaí Ativo e o Estratégia Saúde da Família, que trouxeram soluções a problemas que afligiam os profissionais da saúde no Município. Lembrou que os hospitais de Itajaí absorvem a demanda dos onze Municípios que compõem a microrregião e advertiu que isso compromete a qualidade do atendimento prestado à população. Afirmou que a Câmara de Vereadores de Itajaí é parceira do governo e da Assembleia Legislativa de Santa Catarina e que oferece os seus serviços ao bom funcionamento da Saúde no Estado. Na sequência, usou da palavra o senhor José Roberto Spósito, Secretário Municipal de Saúde de Balneário Camboriú, que informou que, do plano nacional do governo, cada equipe na Estratégia Saúde da Família tem um custo por volta de R$ 34 mil, sendo R$ 9 mil subsidiados pelo governo e R$ 25 mil pagos pela Prefeitura de Balneário Camboriú, o que demonstra que é um programa bancado principalmente pelos Municípios. Lembrou que o futuro já chegou e recomendou que todos arregacem as mangas imediatamente. Avaliou que a atenção básica deveria ser resolutiva e considerou indispensável a parceria com as universidades, alertando Estados e Municípios que é na universidade que estão os profissionais que construirão o SUS que todos esperam. Opinou que deve haver uma fixação dos médicos na Estratégia da Saúde da Família e salientou a dificuldade dos gestores públicos em atrair médicos ao serviço de saúde pública. Mencionando o problema sério de sazonalidade na região, informou que Balneário Camboriú recebe na alta temporada aproximadamente 400 mil pessoas, o que triplica a população da cidade, por isso entende que o Município deve receber atenção especial nesse sentido para poder atender a população nos momentos em que a demanda por serviços médicos aumenta em demasia. Contou que estava ocorrendo em Balneário Camboriú a terceirização dos serviços médicos e que essa prática estava aliada aos serviços médicos públicos, consolidando-se em uma “lua de mel” bem atrativa e trazendo resultados satisfatórios ao Município. Disse que o Hospital Santa Inês, mesmo tendo a solidariedade dos que lutaram para que ele continuasse ativo, sofreu uma requisição judicial sem nenhum tipo de meta, declarando que uma medida que deveria ser solução ao Município tornou-se um grande encargo e uma grande dor de cabeça. Sobre as PPIs, comentou que elas abrem portas mas oferecem recursos e serviços que cobrem uma parte ínfima da demanda do Município, acrescentando que um consórcio ajudava comprando serviços em bloco e pagando valores acima da tabela do SUS, pois ninguém quer trabalhar com os valores dessa tabela. Dito isso, contou que fez uma chamada pública para uma série de itens de prestação de serviços médicos para a Secretaria Municipal de Saúde, convocando médicos e serviços de alta e média complexidade, e que ninguém se habilitou a atender essa chamada, acrescentando que naquele momento estava surgindo a proibição, por parte das Secretarias de qualquer nível de Estado, da contratação de serviços acima da tabela do SUS. Alertou que além de haver de um lado a restrição à oferta e de outro a restrição financeira, há uma terceira restrição que decretou a morte da Secretaria Municipal de Saúde: a impossibilidade de contratar por um preço diferenciado, mesmo quando o edital, em forma de chamada pública, é vazio. Sobre a judicialização do SUS, considerou-a estratosférica, haja vista que gastou em cinco meses o triplo do que foi gasto em 2010. [Taquígrafo-revisor: Eduardo Delvalha dos Santos.] Contou que no dia anterior recebeu um fax da Procuradoria do Município solicitando que, em 24 horas, fosse marcada uma consulta especializada com um cardiologista infantil para uma criança com Síndrome de Down e má formação cardíaca e que, caso necessário, em cinco dias fosse marcada uma cirurgia, solicitação que protestou por ser inviável. Afirmou que as regiões 166 não são resolutivas, desde a atenção básica até os hospitais de alta complexidade, e comunicou a ativação do Hospital Municipal Ruth Cardoso em setembro deste ano, para o qual pediram ajuda para custeio a todos os níveis de governo. Salientou que os hospitais públicos estaduais e municipais que estão sob a administração de associações beneficentes ou de ONGs precisam de ajuda para custeio e disse que o governo do Estado estava equivocado ao pensar que o Município não ajudaria nisso, haja vista que sem ajuda não haverá atendimento. Sobre as organizações sociais administrarem o Hospital Ruth Cardoso, avaliou que isso levará os hospitais a atingir metas de cirurgias, de atendimentos e outras, e como o pagamento será feito por metas e não por ato médico, deixou a sugestão de que o pagamento seja por resolutividade e por atendimento à demanda regional. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, trouxe à tona a posição do governo do Estado quanto ao custeio: se ceder para um hospital, deverá ceder para os outros. Prenunciou que abrirão esse capítulo com um grande debate com o Secretário de Estado da Saúde e com o Governador do Estado, como resultante do trabalho da Comissão de Saúde. O senhor José Dada, presidente da CDL de Itajaí, comentou que a segurança pública de Itajaí está fazendo um trabalho relacionado aos usuários de drogas e considerou que esse trabalho deve ser tratado pela saúde pública. Pediu melhorias nos hospitais e nos postos de atendimento, para recuperação dos viciados. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, esclareceu que a Comissão de Saúde também acolhe essa proposição e informou que o Fórum de Prevenção e Combate às Drogas da Alesc está debatendo esse assunto e as suas vertentes em toda Santa Catarina. O professor Airlon Jaques, da Associação Itajaiense de Kung-Fu, saudou os presentes e disse que a entidade atende trezentos jovens através do projeto de artes marciais. Pontuou que a audiência não falou em prevenção e destacou que o esporte é uma das melhores formas de se prevenir os problemas relacionados à saúde, inclusive a drogas. Salientando que o projeto social é voluntário, sem custo algum para a comunidade, lamentou não contar com o apoio devido para fazer o projeto crescer. Mencionou que a Associação oferece, além das artes marciais aos jovens, tai chi chuan à terceira idade e manifestou o seu desejo de expandir o projeto para toda Itajaí e região. Contou que, por intermédio do Deputado Jorge Teixeira, a Associação encaminhou projetos à Alesc, entre eles um que pede para transformar a Associação em entidade de utilidade pública estadual, solicitando aos Parlamentares que, ao se depararem com esses projetos, entendam que são para atender os jovens e a terceira idade, contribuindo para a saúde da região. Em seguida, usou da palavra o senhor Anderson Beluzzo, representante da OAB/SC de Balneário Camboriú, que informou que no dia 1º de julho próximo o OAB será anfitriã de um encontro com o Conselho da comunidade, presidido pelo Juiz de Direito da Vara de Execução Penal, doutor Roque Cerutti, que traz o diagnóstico de que 85% dos presos são alcoolistas e toxicômanos. Relatou que o atendimento ambulatorial a esses pacientes é feito por convênios, não oferece acesso universal e que os Municípios não têm estratégia para tratar deles. Pediu, em seguida, que fosse incluído no relatório da Comissão de Saúde o capítulo da drogadição, para não ficar à margem a estratégia de atendimento a esses doentes. Contou que o Núcleo Assistencial Humberto de Campos, do qual é assessor jurídico, dispõe de apenas quarenta atendimentos através de convênio, esclarecendo que o atendimento para os internados é feito essencialmente através de iniciativas da sociedade civil, e não por política governamental. Reforçou a importância de ser inserido no relatório da Comissão de Saúde um capítulo sobre a questão das drogas e solicitou que isso seja tratado com a mesma relevância com que tratam os hospitais. Finalizando a sua manifestação, constatou que nenhuma das temáticas abordadas terá solução se não forem pensadas para a região da Foz do Rio Itajaí, que abriga 500 mil habitantes, seja no atendimento hospitalar ou na atenção aos alcoolistas e 167 dependentes químicos. O senhor Presidente frisou que a Comissão está incorporando as sugestões ao seu relatório e passou a palavra ao senhor Roberto Carlos Ruiz, Secretário Municipal de Saúde de Itapema, que evidenciou que quando um mandato democrático traz à sociedade o tema saúde, muda a ideia da população quanto aos políticos. Do ponto de vista da atenção básica, avaliou ser fundamental a Estratégia da Saúde da Família em razão da responsabilidade colocada sobre ela e da criação de vínculos entre os envolvidos. Do ponto de vista da média e da alta complexidade, trouxe à tona os hospitais abandonados, como o de Itapema, frisando ser essencial dar atenção a eles, já que na alta temporada a região vive a sazonalidade, o que aumenta a sua população de 45 mil habitantes para 500 mil habitantes. Apontou o trecho Itajaí, Balneário Camboriú e Itapema como o mais violento da BR-101, por consequência, frisou ser fundamental dar atenção ao Hospital Marieta, assim como aos pequenos hospitais da região. Disse que quem manda no sistema é o médico de plantão, razão pela qual devem pensar a reorganização do sistema de modo que o gestor pactue, vocacione, haja financiamento e se avance na melhoria do atendimento à saúde. [Taquígrafa-revisora: Sabrina Roberta Schmitz.] Em relação à drogadição, comentou que antes de fechar o Hospital de Itapema, o Centro Social Psicossocial (CAPS) fez uma experiência internando os usuários de crack por cinco dias para desintoxicação e levando-os depois para o CAPS para fazerem tratamento intensivo, relatando que os resultados foram excelentes. Salientou que os problemas daqui se repetem em outras regiões e que, do ponto de vista da gestão básica, a Amfri ficou em primeiro lugar. Concluindo a sua fala, informou que há uma discussão na região sobre a constituição de um centro de diagnóstico, com gestão regional, considerando isso importante para a região e perguntando sobre a possibilidade de se retomar essa discussão. O senhor Willian Diógenes Meister, professor da rede municipal de Itajaí, manifestou-se para afirmar que o Conselho de Saúde não diz respeito apenas à cura dos doentes e à resolução do problema das drogas, mas também à prevenção, enfatizando que, como professor, acredita que a saúde começa na formação e na educação. Disse que na escola que trabalha tem alunos com traumas cognitivos e com problemas de saúde sérios em decorrência da irresponsabilidade dos pais, que são usuários de drogas, e advertiu que nem através do sistema de saúde público nem através da educação se conseguirá recuperá-los, ponderando que a transformação poderá acontecer se o professor tiver autonomia dentro da sala de aula e se o professor de Educação Física tiver autoridade em relação ao tema saúde dentro da escola. Dito isso, convidou todos para participarem de atos públicos com a sociedade e manifestarem as suas ideias, lembrando que o sistema público é para todos. O senhor Antônio Ballestero Garcia Junior, Secretário Municipal de Porto Belo, esclareceu que a atenção básica depende de gestão, articulação, bolsa de recursos estaduais e federal, técnicos que desempenhem um papel apropriado, complementando que o fortalecimento da atenção básica é a política do governo federal, advertindo que com a nova portaria, na qual está prevista o Termo de Ajustamento Sanitário (TAS), o gestor que reclamava da atenção básica vai reclamar mais ainda. Informou que o Estado de Santa Catarina recebeu nos últimos seis anos apoio em relação à atenção básica, como o NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família), acrescentando que já conversou com a Acib e com o Cosems sobre a permanência desse núcleo. Discorreu sobre a gestão básica em Porto Belo, dizendo que enfrentam a judicialização do SUS e problemas no assentamento e fixação dos médicos. Afirmou que o grande problema está na área hospitalar e que o Hospital Santa Inês está com os serviços de obstetrícia e ortopedia quase parados, fato que sobrecarrega o Hospital Marieta Konder Bornhausen. Concluiu reiterando que o problema do Município está ligado à gestão do Secretário e à vontade política dos Prefeitos. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, concordou que realmente há problemas em relação ao acesso de pacientes 168 ao Hospital Santa Inês e afirmou que isso desrespeita as pactuações. Manifestando-se, o senhor Edson Lima, presidente do Conselho Deliberativo do Hospital de Balneário Camboriú, esclareceu que a Fundação Hospitalar de Camboriú é pequena e atende a baixa complexidade, acrescentando que o Hospital tem problemas em relação ao teto fixo orçamentário porque o teto é mais patético do que a tabela do SUS. Disse que realizam o serviço mas que, em função do teto, não recebem e que as AIHs ficam represadas, por isso estão com um déficit de R$ 100 mil, que está se acumulando, salientando que os serviços do pronto-atendimento têm um custo de R$ 50 mil mas o SUS repassa apenas R$ 27 mil, o que, além de causar um déficit, torna a instituição inviável. Trouxe à tona também o problema de acesso à média complexidade, contando que o médico de plantão, que não está preocupado nem com a pactuação nem com o PPI, nega o encaminhamento de pacientes para o Hospital Santa Inês. Diante disso, apontou a necessidade de os administradores conversarem para resolver essa questão, caso contrário, afirmou, a média complexidade na região será inviabilizada. Em seguida, usou da palavra o senhor Felipe Botelho, fisioterapeuta domiciliar da Secretaria Municipal de Saúde de Itajaí, que registrou que há cinco anos trabalha como terapeuta domiciliar e trata dos pacientes acamados, relatando que esse programa é pioneiro e que foi implantado na época em que era Prefeito de Itajaí o Deputado Volnei Morastoni. Opinou que é preciso fortalecer a atenção básica para não superlotar os hospitais e reforçou a importância da implantação dos Núcleos de Apoio da Saúde a Família (NASF), afirmando que deveria ser cobrada a implantação desses NASF nos Municípios que ainda não o implantaram. A auxiliar de dentista Priscila Helena Martins, de Navegantes, destacou a importância da odontologia na saúde. Disse que pacientes especiais, como os que têm paralisia cerebral, devem fazer cirurgia odontológica num hospital, pois precisam ser sedados, e lamentou que nos Municípios da Amfri não haja nenhum hospital em que se possa realizar esse serviço. Destacou que na atenção básica se cobra muito a produção e não a prevenção e que na odontologia também é preciso prevenir. [Taquígrafa-revisora: Jacqueline de O. V. Bitencourt.] Dito isso, solicitou apoio para a sua área, principalmente no que tange às crianças especiais, e afirmou que existem profissionais excelentes que tentam lutar por esse serviço, mas encontram barreiras no Estado, na Secretaria. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, informou que o Hospital Marieta Konder Bornhausen e o Hospital Universitário Pequeno Anjo realizam essas cirurgias. A seguir, perguntou à senhora Áttela Provesi e à irmã Sandra Pedrinha Zanotto se poderiam confirmar se esse atendimento também poderia ser referenciado, tendo a senhora Áttela Provesi respondido que o Hospital Universitário Pequeno Anjo atendeu tempos atrás e que já estavam contratando com a Secretaria de Saúde de Itajaí, acrescentando que estão disponibilizadas uma manhã e três tardes por mês e que o centro cirúrgico está disponível com profissional contratado para a realização de procedimentos em crianças especiais. A senhora Priscila Helena Martins perguntou como poderia ser feito esse encaminhamento, visto que estava se referindo ao Município de Navegantes, obtendo como resposta da senhora Áttela Provesi que seria através da Secretaria de Saúde. Em seguida, usou da palavra o senhor Juliano de Maria, Secretário Municipal de Saúde de Navegantes, que informou que a Secretaria faz esse encaminhamento através da sua regulação. Aproveitou ainda a oportunidade para responder aos anseios de algumas pessoas sobre o Hospital Santa Inês, informando que no dia 15 próximo haverá uma reunião do colegiado de gestão de saúde da Amfri com o objetivo de discutir as problemáticas que o Hospital vem apresentando. Manifestando-se, o senhor Leonardo Silva Vianna, diretor da Secretaria Municipal de Saúde de Navegantes, fez um adendo em relação à conversa da senhora Priscila, moradora de Navegantes. Informou que o hospital de Navegantes está finalizando a habilitação para, em 169 breve, expor esse tratamento. Dito isso, afirmou que o Ministério da Saúde, nos últimos meses, tem fomentado a atenção à odontologia de forma geral e publicado diversas portarias incentivando a odontologia no SUS, habilitando hospitais a realizarem procedimentos em pacientes especiais, como acontece no Pequeno Anjo. Registrou que na semana anterior havia participado de um seminário em que foram discutidas as políticas públicas voltadas à gestão do trabalho, ocasião em que foram colocadas as dificuldades existentes em relação à contratação de profissionais. Considerou que para essa política se sustentar é muito importante que a Alesc esteja ao lado das Secretarias Municipais e da Secretaria de Estado da Saúde. Ainda em relação ao seminário, disse que ouviu um palestrante falar que o SUS não é um problema sem solução, mas uma solução com problemas, por isso, a importância do trabalho em conjunto. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, agradeceu ao senhor Leonardo e destacou a importância da participação de todos nas conferências de saúde que acontecerão durante o ano. Em seguida, passou a palavra à última inscrita, a senhora Tarcila Martins Campos, do Conselho Municipal de Itapema, que inicialmente cumprimentou os componentes da mesa e os demais presentes e informou que é técnica em saúde do trabalhador. Opinou que a tabela do SUS precisa ser revisada, haja vista que há uns dez anos já era insuficiente. Finalizou a sua manifestação mostrando a necessidade de um hospital regional para atender a região, o que desafogaria o hospital de Itajaí e outros hospitais. Ato contínuo, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, registrou que na próxima quarta-feira será realizada na Alesc audiência pública sobre um programa estadual de incentivo às cirurgias eletivas, proposta pelo Deputado Antônio Aguiar, a qual contará com a participação do Secretário de Estado da Saúde; que ainda em junho haverá uma audiência pública para a apresentação do relatório trimestral de gestão da Secretaria de Estado da Saúde; que em julho, a pedido do Ministério Público Federal, ocorrerá uma audiência pública para tratar sobre o diabetes tipo 1 e os análogos da insulina, considerados pelo Ministério Público Federal o maior caso de judicialização em Santa Catarina. Feitos os registros, informou que a ata da presente audiência pública ficará à disposição de todos, destacando que o referido documento servirá de base para os governos. Declarou, a seguir, que a Comissão de Saúde vai se debruçar sobre tudo o que aqui foi apresentado, visto que as audiências públicas têm proporcionado uma riqueza muito grande de informações, salientando que os referidos documentos serão analisados pela Comissão e pelo governo do Estado. Contou que esteve conversando com o Ministro Padilha sobre os novos programas do SUS, principalmente em relação à atenção básica, Estratégia de Saúde da Família, Rede de Urgência e Emergência, Rede Cegonha e outros programas que deverão trazer recursos extratetos. Confidenciou que a grande preocupação do Ministro é que uma pura e simples recomposição da tabela do SUS por si só não trará resultados, é preciso por em prática os programas e haver acompanhamento de desempenho. Prosseguindo, lembrou que é preciso continuar a luta em relação à Emenda Constitucional nº 29, para que, além do Município, que tem que aplicar no mínimo 15% na saúde, o Estado aplique 12%. Informou que a Comissão está acompanhando o desempenho da Secretaria, que por enquanto não está nos 12%, ainda está abaixo, por volta de 8% a 9% nesse primeiro quadrimestre, propondo que esses 12% sejam repassados de forma linear, para que haja certo equilíbrio no repasse desses recursos. Aproveitou para falar sobre a problemática das drogas, assunto levantado durante a reunião, e disse que a Alesc está realizando uma sequência de audiências públicas em todo o Estado sobre o referido problema. Concluiu dizendo que embora grande parte da audiência pública se atenha a questões de tratamento, que é um dos pilares da saúde, a promoção da educação e da saúde em termos de prevenção não pode ser esquecida. Revelou que a Comissão de Saúde da Alesc e a Comissão de Agricultura já estão fazendo estudos no sentido 170 de aprofundar o debate da alimentação saudável e salientou um princípio da Medicina que sempre cita nas audiências públicas, qual seja, que o melhor tratamento é o diagnóstico, querendo dizer com isso que as audiências públicas realizadas pela Comissão proporcionam um melhor diagnóstico para que sejam adotadas as medidas necessárias. Dito isso, perguntou se mais alguém gostaria de fazer uso da palavra, tendo a senhora Dalva Maria Anastácio Rhenius, Vice-Prefeita e Secretária Municipal de Saúde de Itajaí, solicitado que fosse incluído no rol de necessidades do governo o que está pendente na Secretaria de Estado da Saúde, como exames e alguns procedimentos que não são feitos na região. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, disse que o senhor Walter Gomes Filho, representante do Secretário de Estado da Saúde, poderia levar o encaminhamento à Secretaria, lembrando que os encaminhamentos oficiais estarão registrados na ata. Nada mais havendo a tratar, o senhor Presidente agradeceu a todos a presença e encerrou a audiência pública. [Taquígrafa-revisora: Dulcinéia Maria Goulart.] DEPUTADO ESTADUAL VOLNEI MORASTONI PRESIDENTE DA COMISSÃO DE SAÚDE 171 ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA – FLORIANÓPOLIS “CRIAÇÃO DE UM PROGRAMA ESTADUAL DE INCENTIVO ÀS CIRURGIAS ELETIVAS” 172 1ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 17ª LEGISLATURA COORDENADORIA DE TAQUIGRAFIA DAS COMISSÕES - CTC ATA TAQUIGRÁFICA COMISSÃO DE SAÚDE EVENTO: Audiência DATA: 15/6/2011 LOCAL: Plenário Pública HORA: 9h Osni Régis (Alesc) SUMÁRIO: Criação do Programa Estadual de Incentivo às Cirurgias Eletivas PRESIDENTE: Deputado Estadual Volnei Morastoni, Presidente da Comissão de Saúde PARTICIPANTES DA MESA: Deputado Estadual Volnei Morastoni, Presidente da Comissão de Saúde; - Deputado Estadual Antônio Aguiar; - Lester Pereira, superintendente de Serviços Especializados e Regulação, representando o Secretário de Estado da Saúde, Dalmo Claro de Oliveira; - Walter Gomes Filho, superintendente de Planejamento e Gestão da Secretaria de Estado da Saúde; - Dário Clair Staczuk, diretor-presidente da Associação de Hospitais de Santa Catarina (Ahesc); - Darci Ferreira Costa Filho, da Confederação de Hospitais e do Hospital de Caridade São Braz; - Sálvio Osmar Tonini, Secretário de Saúde do Município de São João Batista, representando o Conselho Estadual de Secretários Municipais da Saúde; - Iberê do Nascimento, diretor de Média e Alta Complexidade, representando o senhor João José Cândido da Silva, Secretário de Saúde do Município de Florianópolis; - Saulo Weiss, Prefeito do Município de Anitápolis, representando os Prefeitos do Estado; e - Valdir José Ferreira, representando a categoria dos Médicos. REGISTRO DE PRESENÇA: - João Maria Roque, Vice-Prefeito de Entre Rios; - José Alfonso Monestel Montoya, diretor técnico do Hospital Pequeno Anjo, do Município de Itajaí; - Darci Bonatto, Secretário de Saúde e Bem Estar Social do Município de Laurentino e presidente do Colegiado de Gestão Regional de Secretários Municipais de Saúde do Alto Vale do Itajaí; - Valter Brasil Konell, diretor do Hospital e Maternidade Carlos Corrêa; - Atilano Junk Laffin, representando o senhor Hellmuth Danker, presidente do Conselho Diretor do Hospital Misericórdia de Blumenau; - Augusto Amilton Lohn, Diretor Administrativo do Hospital São Francisco de Assis, do Município de Santo Amaro da Imperatriz; - Edson Jair Dagostin, gerente de Apoio aos Municípios, representando o Secretário de Articulação Nacional; - Jaqueline Elza Serafim Pacífico, Secretária de Saúde do Município de Jaguaruna; - Nilda Edite Banhuki Galvão, Secretária de Saúde do Município de Irineópolis; - Darci Rodrigues Fortes, Secretário de Saúde do Município de Entre Rios; 173 - Rudimar Breda, Secretário de Saúde do Município de Itaberaba; - Maria Margarete da Silva Gorges, Secretária de Saúde do Município de Bom Retiro; - José Nilton da Silva, Secretário de Saúde do Município de Angelina; - Juliano de Maria, Secretário de Saúde do Município de Navegantes; - Francisco Airton Garcia, Secretário de Saúde do Município de Jaraguá do Sul; - Marcio Maciel, Secretário de Saúde do Município de Chapadão do Lageado; - José Vicente, Secretário de Saúde do Município de Águas Frias; - Sueli de Oliveira, Secretária Adjunta de Saúde do Município de Rio do Sul; - Leni Aparecida Sabei Zampieri, controladora de Políticas da Saúde, representando o senhor Adair José Ceron, Secretário de Saúde do Município de Herval do Oeste; - Vânia Raquel Gwiggner, chefe de gabinete, representando a Secretaria de Saúde do Município de Treze Tílias; - Cintia Muller de Aguiar, representando o Secretário de Saúde do Município de Canoinhas; - Maria Calesso Doré, representando o senhor Jair Lorenzeti, Secretário da 7ª SDR; - Selsi Inês Weimer, representando a Secretaria de Saúde do Município de Cunha Porã; - Ana Luiza Totti; representando a Secretaria de Saúde do Município de Itajaí; - Darli Antônio Schiochet, Secretário de Saúde do Município de Alto Bela Vista; - Sônia Antunes Fernandes André, representando a Secretaria de Saúde do Município de Siderópolis; - Evelin Aparecida de Souza, assessora, representando o Município de Correia Pinto; - Ivonete de Souza Batista Moraes, representando o Município de São José do Cerrito; - Jair Giraldi, representando o Sistema de Saúde do Município de Porto União; - Vanderléia Aparecida Sebold Fermino, representando a 13ª Gerência de Saúde do Município de Ituporanga; - Belmir Dótta, Secretário de Saúde do Município de Água Doce; - Sônia Maria Machado de Souza, Secretária Adjunta do Município de São José; - Dário Clair Staczuk, diretor-presidente da Associação de Hospitais de Santa Catarina; - Darci Ferreira Costa Filho, administrador do Hospital de Caridade São Braz; - Adriana de Souza, Secretária de Saúde do Município de Bela Vista do Toldo; - Lilian Vaz Martinho, coordenadora do Grupo de Apoio às Mulheres Mastectomizadas (Gama); - Mário Sebastião Pedro, Secretário de Saúde do Município de Balneário Gaivota; - Lúcia Terezinha Giordani Volpato, Secretária de Saúde e Saneamento Básico do Município de Braço do Norte; - Deputado Estadual Mauro de Nadal; - Maicon Jahn, Secretário de Saúde do Município de Agrolândia; - Elisandra Schlindwein, Secretária de Saúde do Município de Calmon; - Darli Antônio Schiochet, Secretário de Saúde do Município de Alto Bela Vista; - Braz Vieira, Diretor Executivo da Associação e Federação dos Hospitais (SC); - Irmã Maria Heerdt, do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Município de Angelina. MANIFESTAÇÕES: - Deputado Estadual Volnei Morastoni, Presidente da Comissão de Saúde; - Deputado Estadual Antônio Aguiar; - Deputado Estadual Mauro de Nadal; - Lester Pereira; 174 - Walter Gomes Filho; - Dário Clair Staczuk; - Darci Ferreira Costa Filho; - Sálvio Osmar Tonini; - Iberê do Nascimento; - Saulo Weiss; - Valdir José Ferreira; - Lilian Vaz Martinho; - Darli Antônio Schiochet; - Braz Vieira; - Selsi Inês Weimer; - Sônia Maria Machado de Souza; - irmã Maria Heerdt; - Lúcia Terezinha Giordani Volpato; - Nilda Edite Banhuki Galvão; - Darci Bonatto; e - Augusto Amilton Lohn. ENCAMINHAMENTOS: 1. senhor Deputado Estadual Antônio Aguiar, que fariam uma proposta à Secretaria de Estado da Saúde, não só em relação aos anestesistas, mas para que aumente o número de médicos residentes e de especialistas também nas outras áreas. 2. Senhor Sálvio Osmar Tonini, propôs que nos repasses aos hospitais o gestor municipal estivesse envolvido e, se possível, até gerenciando a transferência de recursos do fundo, porque aí ele acompanharia todos os passos e poderia cobrar do órgão, se fosse o caso, o resultado final ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PROMOVIDA PELA COMISSÃO DE SAÚDE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SANTA CATARINA PARA DISCUTIR A CRIAÇÃO DO PROGRAMA ESTADUAL DE INCENTIVO ÀS CIRURGIAS ELETIVAS, REALIZADA NO DIA 15 DE JUNHO DE 2011, ÀS 9 HORAS, NO PLENÁRIO OSNI RÉGIS. Aos quinze dias do mês de junho de 2011, às 9h, realizou-se no Plenário Osni Régis, na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc), audiência pública com o objetivo de discutir a criação do Programa Estadual de Incentivo às Cirurgias Eletivas. A audiência pública foi proposta pelo Deputado Estadual Antônio Aguiar e promovida pela Comissão de Saúde da Alesc. Dando início à audiência, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, agradeceu a todos pela presença e convidou para compor a mesa as seguintes pessoas: Deputado Estadual Antônio Aguiar; Lester Pereira, superintendente de Serviços Especializados e Regulação, representando o Secretário de Estado da Saúde, senhor Dalmo Claro de Oliveira; Walter Gomes Filho, superintendente de Planejamento e Gestão da Secretaria de Estado da Saúde; Dário Clair Staczuk, diretor-presidente da Associação de 175 Hospitais de Santa Catarina; Darci Ferreira Costa Filho, da Confederação de Hospitais e do Hospital de Caridade São Braz; Sálvio Osmar Tonini, Secretário de Saúde do Município de São João Batista, representando o Conselho Estadual de Secretários Municipais de Saúde; Iberê do Nascimento, diretor de Média e Alta Complexidade, representando o senhor João José Cândido da Silva, Secretário de Saúde do Município de Florianópolis; Saulo Weiss, Prefeito do Município de Anitápolis, representando os Prefeitos do Estado; e Valdir José Ferreira, representando a categoria dos Médicos. Ato contínuo, registrou a presença dos seguintes participantes: João Roque, Vice-Prefeito do Município de Entre Rios; José Alfonso Monestel Montoya, diretor técnico do Hospital Pequeno Anjo, do Município de Itajaí; Darci Bonatto, Secretário de Saúde e Bem Estar Social do Município de Laurentino e presidente do Colegiado de Gestão Regional de Secretários Municipais de Saúde do Alto Vale do Itajaí; Valter Brasil Konll, diretor do Hospital e Maternidade Carlos Corrêa; Atiliano Junk Laffin, representando o senhor Hellmuth Danker, presidente do Conselho Diretor do Hospital Misericórdia de Blumenau; Augusto Amilton Lohn, diretor Administrativo do Hospital São Francisco de Assis, do Município de Santo Amaro da Imperatriz; Edson Jair Dagostin, gerente de Apoio aos Municípios, representando o Secretário de Articulação Nacional; Jaqueline Elza Serafim Pacífico, Secretária de Saúde do Município de Jaguaruna; Nilda Edite Banhuki Galvão, Secretária de Saúde do Município de Irineópolis; Darci Rodrigues Fortes; Secretário de Saúde do Município de Entre Rios; Rudimar Breda, Secretário de Saúde do Município de Itaberaba; Maria Margarete da Silva Gorges, Secretária de Saúde do Município de Bom Retiro; José Nilton da Silva, Secretário de Saúde do Município de Angelina; Juliano de Maria, Secretário de Saúde do Município de Navegantes; Francisco Airton Garcia, Secretário de Saúde do Município de Jaraguá do Sul; Marco Maciel, Secretário de Saúde do Município de Chapadão do Lageado; José Vicente, Secretário de Saúde do Município de Águas Frias; Sueli de Oliveira, Secretária Adjunta de Saúde do Município de Rio do Sul; Leni Zampieri, controladora de Políticas da Saúde, representando o senhor Adair José Ceron, Secretário de Saúde do Município de Herval do Oeste; Vânia Raquel Gwiggner, chefe de gabinete, representando a Secretaria de Saúde do Município de Treze Tílias; Cíntia Muller de Aguiar, representando o Secretário de Saúde do Município de Canoinhas; Maria Calesso Doré, representando o senhor Jair Lorenzeti, Secretário da 7ª SDR; Selsi Inês Weimer, representando a Secretaria de Saúde do Município de Cunha Porã; Ana Luiza Totti; representando a Secretaria de Saúde do Município de Itajaí; Darli Antônio Schiochet, Secretário de Saúde do Município de Alto Bela Vista; Sônia Fernandes André, representando a Secretaria de Saúde do Município de Siderópolis; Evelin Aparecida de Souza, assessora, representando o Município de Correa Pinto; Ivonete de Souza Batista Morais, representando o Município de São José do Cerrito; Jair Giraldi, representando o Sistema de Saúde do Município de Porto União; Vanderléia S. Fermino, representando a 13ª Gerência de Saúde do Município de Ituporanga; Belmir Dótta, Secretário de Saúde do Município de Água Doce; e Sônia Maria Machado de Souza, Secretária Adjunta do Município de São José. Feito os registros, o senhor presidente passou a palavra ao senhor Deputado Estadual Antônio Aguiar, colega médico e proponente da audiência pública, que agradeceu a todos pelo comparecimento e saudou aos presentes. Disse que apesar de o tema não ser novo é preciso que se torne realidade e que a presença de todos os Secretários Municipais de Saúde de Santa Catarina na audiência reflete a necessidade de as cirurgias represadas serem realizadas. Comentou que foram poucas as cirurgias eletivas realizadas em mutirões no Estado, informando que, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde, há 19.600 cirurgias represadas, as quais deverão ser amparadas pelo Governo do Estado, e comunicando que o Governo do Estado está criando o Fundo de Saúde, em trâmite na Alesc, através da Secretaria 176 da Fazenda – Projeto Revigorar –, para pagar as cirurgias. Expôs que para as cirurgias serem feitas é preciso remunerar melhor os médicos e os hospitais, pois pela tabela do SUS não é possível realizar a cirurgia eletiva, acrescentando que a maioria dos profissionais não faz as cirurgias porque não tem estimulo financeiro, sendo necessário que o governo Federal disponibilize recursos financeiros para Santa Catarina e também para outros Estados. Ainda contou que o Fundo de Saúde está sendo criado pelo Estado para pagar a diferença da cirurgia pelo SUS e esclareceu que é necessário discutir a porcentagem de cada cirurgia a ser paga e como será paga. Informou que uma das propostas é dobrar o valor pago pelo SUS, esclarecendo que é imprescindível diferenciar cirurgias eletivas da média complexidade e da alta complexidade. Dito isso, registrou que as decisões tomadas nesta audiência serão encaminhadas ao Governador do Estado e à Secretaria da Saúde para que se tenha um ajuste financeiro em relação ao pagamento de cada cirurgia, e que, por isso, é preciso conhecer as idéias de todos, saber qual o valor e qual a demanda de cada Município. Finalizou dizendo que saúde é feita em conjunto com os Municípios, com a Assembleia, com os médicos, com os Secretários de Saúde e com a comunidade de Santa Catarina. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, agradeceu ao Deputado Estadual Antônio Aguiar pela manifestação e parabenizou-lhe pela iniciativa. Explanou que a Comissão de Saúde está realizando audiências em todo o Estado, que o primeiro ciclo está se encerrando e que em seguida será encaminhado ao Governador do Estado e ao Secretário de Estado da Saúde um relatório da situação dos hospitais e dos pequenos hospitais, que são fundamentais. Citou que o governo Federal e a União têm a sua responsabilidade porque o SUS é um tríplice compromisso do Município, do Estado e da União, e que é preciso afirmar essa aliança. Dito isso, registrou a presença da senhora Adriana de Souza, Secretária de Saúde do Município de Bela Vista do Toldo, e do Deputado Estadual Mauro de Nadal, presidente do fórum dos pequenos hospitais, que a partir de oito de julho realizará reuniões no Estado para avaliar a situação dos pequenos hospitais. [Taquígrafa-revisora: Jacqueline de Oliveira V. Bitencourt] Prosseguindo com a audiência, concedeu a palavra ao senhor Deputado Estadual Mauro de Nadal, que cumprimentou os presentes e externou ser gratificante ao Parlamentar poder tratar de assuntos que envolvem a saúde do povo de Santa Catarina. Baseado na experiência adquirida nas administrações municipais, o Parlamentar evidenciou as angústias vivenciadas pelos hospitais e elogiou a iniciativa do Deputado Antônio Aguiar em realizar esta audiência pública para discutir alguns encaminhamentos práticos, destacadamente em relação às cirurgias eletivas. Relatou que, reunido com o Governador, teve a grata satisfação de ouvir que alguns encaminhamentos acerca das reivindicações apresentadas começam a dar os primeiros frutos, destacando a criação do fórum para tratar da situação financeira e manter funcionando os hospitais dos pequenos Municípios. Ainda, comunicou que a partir de 8 de julho do corrente ano os Municípios do Estado de Santa Catarina serão visitados, iniciando-se por São Miguel do Oeste, quando haverá reunião com colaboradores objetivando indicar e dimensionar os pontos que dificultam o funcionamento dos hospitais e objetivando tentar viabilizar os atendimentos nessas instituições. Acrescentou que na reunião do dia anterior o Governador reafirmou o compromisso com o Fundo de Saúde, encaminhado à Alesc para avaliação dos Parlamentares, buscando solucionar os problemas encontrados. Retomando a questão central, as cirurgias eletivas, considerou não ser tão grande o investimento para atender a demanda de dois ou três anos e avaliou que a solução será rápida e que ouvir os envolvidos será o pontapé inicial. Alegou que os Municípios estão dispostos a fazer parceria, a dar a sua contribuição financeira ou laboral; que o governo estadual já manifestou o seu interesse; e que não acredita em qualquer obstáculo por parte do governo federal. Por fim, reiterou os cumprimentos ao Deputado Antônio Aguiar, declarando 177 que a Comissão de Saúde tem muito a contribuir. Dando seguimento à audiência, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, agradeceu ao Deputado Estadual Mauro de Nadal pela manifestação e registrou a presença da senhora Lilian Vaz Martinho, coordenadora do Grupo de Apoio às Mulheres Mastectomizadas (Gama). A seguir, concedeu a palavra ao senhor Lester Pereira, superintendente de Serviços Especializados e Regulação, representando o Secretário de Estado da Saúde, Dalmo Claro de Oliveira, que cumprimentou os presentes e refletiu sobre como é importante ter na Assembleia Legislativa profissionais da área da saúde, parabenizando-os pela presença na audiência pública. Relembrou que o Governador priorizou a saúde, entre tantas outras prioridades, e que há aproximadamente trinta dias determinou o início do levantamento acerca das cirurgias eletivas represadas, tendo em vista sua intenção em criar um fundo para financiar e resolver definitivamente esse problema extremamente angustiante para os gestores estaduais e municipais. Ressaltou a importância de que desta audiência pública se organize um verdadeiro mutirão para resolver o problema da cirurgia eletiva. Encerrou pontuando que os representantes do Governo do Estado vieram a esta audiência pública com a incumbência de registrar todas as sugestões apresentadas a fim de que o governo possa constituir o seu plano para imediatamente resolver o problema das vinte mil cirurgias represadas. Prosseguindo com a audiência, foi concedida a palavra ao senhor Walter Gomes Filho, superintendente de Planejamento e Gestão da Secretaria de Estado da Saúde, que cumprimentou os presentes, destacadamente os Deputados Antônio Aguiar e Volnei Morastoni. Refletiu que não existe sistema de saúde no mundo que não tenha filas, no entanto, reconheceu como intenção de todos, sobretudo do Governador Raimundo Colombo, minimizar o sofrimento das pessoas e zerar as filas de espera para cirurgias eletivas por meio de mutirão. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, registrou a presença do senhor Mário Sebastião Pedro, Secretário de Saúde do Município de Balneário Gaivota, e do senhor Vanderlei Amboni, Secretário de Saúde do Município de Jacinto Machado. Na sequência, concedeu a palavra ao senhor Dário Clair Staczuk, diretor-presidente da Associação de Hospitais de Santa Catarina, que, após os cumprimentos, relatou que a AHESC/FEHOESC congrega em torno de 6.724 estabelecimentos de serviço de saúde, entre hospitais, clínicas e laboratórios; estimou que 82% dos hospitais são privados e filantrópicos; e que dos 15.191 leitos, 77% estão nessas instituições. Em seguida, passou a ler o texto produzido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Saúde, considerando-o apropriado para o momento: “Não há paz e desenvolvimento onde a vida é um valor menor, onde a saúde é considerada uma mercadoria que mais terá quem mais poder pagar. Não há justiça social onde a atenção à saúde depende da capacidade e do esforço individual. Não há futuro para uma sociedade sem bens coletivos sólidos e perenes.” Feito o registro, considerou o Estado, nas três esferas de governo, o grande guardião da saúde pública, principalmente na questão do financiamento, e o SUS um dos programas de inclusão social mais bonito e perfeito do mundo. Manifestou ser angustiante para todos aqueles que atuam na área não ver cumprido o preceito constitucional, visto que somente seis milhões de catarinenses têm acesso à porta de entrada das ações e dos serviços de saúde, concluindo que existem muitas cirurgias eletivas represadas exatamente porque a porta de acesso está com dificuldades. Exemplificou ilustrando a situação do Hospital São Vicente de Paula, em Mafra, que tem quatro médicos oftalmologistas, centro cirúrgico com cinco salas, porém, tem duzentas cirurgias de cataratas represadas. Afirmou que o hospital está pronto, mas a porta de entrada não é o hospital, a porta de entrada é o serviço público. Finalizou expressando a disposição das entidades que representa em participarem ativamente de todas as discussões, principalmente sobre a questão que entendem ser a geradora dos problemas, ou seja, relacionada ao acesso, bem como em participarem desse mutirão de 178 discussão do diagnóstico e do tratamento da saúde dos catarinenses. Dando continuidade à audiência, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, registrou a presença do senhor Maicon Jahn, Secretário de Saúde do Município de Agrolândia, e concedeu a palavra ao senhor Darci Ferreira Costa Filho, da Confederação de Hospitais e do Hospital de Caridade São Braz, que cumprimentou todos e agradeceu-lhes pela presença. Disse que como detentores de 77% dos leitos dos hospitais privados em Santa Catarina estão abertos para discutir todos os problemas, a fim de que juntos possam encontrar soluções. Ao final, agradeceu por essa oportunidade e colocou-se à disposição de todos. Ato contínuo, o senhor Sálvio Osmar Tonini, Secretário de Saúde do Município de São João Batista, representando o Conselho Estadual de Secretários Municipais de Saúde, registrou seu contentamento com as iniciativas desta Casa relacionadas à questão dos hospitais, dos corredores cheios, das resolutividades hospitalares e desta audiência pública solicitada pelo Deputado Aguiar para discutir as cirurgias eletivas. Manifestou-se surpreso com o registro apresentado pelo Deputado, não pelo número, mas pela informação de 19.600 cirurgias eletivas. Relatou que na Grande Florianópolis, no ano passado, os que utilizam o SUS tiveram o lançamento das AIHs eletivas para cirurgias ortopédicas. [Taquígrafa-revisora: Sandra Mara Coelho] Porém, lamentavelmente, afirmou que isso foi muito aquém do planejado, por dois motivos: primeiro, porque uma campanha desta natureza deve ofertar estrutura adequada para que a resolutividade aconteça, exemplificando o insucesso ocorrido com a ortopedia, para a qual jogaram as AIHs eletivas mas não havia prestadores para executá-las; e, segundo, porque a remuneração cirúrgica deve ser no seu conjunto e não somente para a, b ou c. Comentou o lançamento do programa das cirurgias eletivas ortopédicas e a contrariedade a esse projeto por parte dos Secretários de Saúde dos Municípios porque a gratificação contemplava as cirurgias a mais, não levando em consideração as cirurgias das outras áreas médicas. Por isso, alertou para terem cuidado, caso contrário obterão represamentos em outras áreas e terão dificuldades em executar as cirurgias não contempladas pelo pacote. Declarou estar surpreso com a informação de que a lista não está na mão da regulação, do Secretário, do gestor hospitalar, mas na mão do médico, e recordou que o Estado assumiu o compromisso de obter essa lista de espera. Definiu que cabe ao médico dar o diagnóstico, a urgência para a execução, e defendeu que a lista não deve estar na agenda particular do médico, tem que ser pública e transparente e tem que rodar principalmente por quem é de direito – os gestores. Frisou a necessidade de normas a serem seguidas pelos gestores, evitando os furos na lista de espera, e adicionou que o SUS deve ser endireitado por inteiro. Prosseguindo a explanação, contou que no Município de São João Batista a fila andou após a contratação de profissionais que fazem a parte clínica e a parte cirúrgica. Questionou quantos Municípios têm a oportunidade de fazer isso; duvidou que algum Município invista menos de 20% dos seus recursos na saúde; e observou que o grande gargalo cirúrgico se chama ortopedia. Louvou a atitude dos Deputados pela iniciativa da audiência, destacando que é a primeira vez que vê na Alesc uma Comissão de Saúde realmente querendo fazer algo concreto pela saúde, comentando que, numa audiência pública na gestão parlamentar passada, citou a situação da saúde e que havia um Deputado médico que fez piadas quanto seu comentário. Hipotecou apoio às palavras do presidente do Cosems, senhor Eloi Trevisan, trazendo à tona que estão presentes para ajudar, e pediu cautela nas decisões para que haja avanços na saúde. Ainda, pediu às autoridades que consigam a lista de espera da ortopedia, chamando atenção para, além das cirurgias eletivas, a especialidade cabeça e pescoço e advertindo que há 35 consultas por mês no Hospital Universitário para atender os 293 Municípios de Santa Catarina. Sugeriu que o doutor Dalmo Claro de Oliveira, Secretário de Estado da Saúde, reúna-se com os colegiados para ouvir as demandas do segmento, realçando que os gestores podem contribuir 179 muito em decorrência da experiência adquirida no dia a dia e podem amenizar os efeitos negativos do represamento. Concluindo, desejou que os Secretários de Saúde dos Municípios executem o slogan do Governador do Estado: “Primeiro a gente!”. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, teceu comentários sobre a audiência pública ter a finalidade de ampliar a discussão acerca de determinado assunto e esclareceu que a solução para o impasse das cirurgias eletivas será construída juntamente com a sociedade catarinense. Informou que o relatório extraído de cada audiência pública será encaminhado ao governo do Estado para que os pontos necessários sejam atendidos. Defendeu que é o Secretário de Saúde do Município, o gestor, quem deve ter em mãos a lista de espera para cirurgias eletivas. Após registrar a presença da senhora Lúcia Terezinha Giordani Volpato, Secretária de Saúde e Saneamento Básico do Município de Braço do Norte, concedeu a palavra ao senhor Iberê do Nascimento, diretor de Média e Alta Complexidade, representando o senhor João José Cândido da Silva, Secretário de Saúde do Município de Florianópolis, que desejou bom-dia a todos e colocou que cada vez mais os Municípios vivem o momento no qual suas atribuições em relação ao SUS aumentam com as atividades de média e alta complexidade, ao mesmo tempo em que passam pelos procedimentos da atenção primária. Comentou que a atenção básica do Município de Florianópolis, desenvolvida pela equipe da Saúde da Família, é reconhecida nacionalmente porque cobre 86% do seu total, com indicadores de resolutividade de primeiro mundo, mas que, no entanto, essa resolutividade está esbarrando no atendimento cirúrgico. Adicionou que o Município de Florianópolis tentou solucionar o problema conveniando hospitais e tentando fazer a fila andar, principalmente no protocolo desenvolvimento em relação ao planejamento familiar, mas esbarra numa fila de cerca de quinhentas mulheres para fazer laqueadura e de cem homens para fazer vasectomia. Frisou que há um bloqueio da resolutividade dentro do sistema e que não se pode separar cirurgia dos procedimentos anteriores à cirurgia. Concordou que o problema é de financiamento, mas também de gestão do acesso, que passa pela regulação, pela transparência da lista de espera e pela disponibilização de ofertas para resolução. Por fim, externou que a posição do Município é de congratulação pela iniciativa dos Parlamentares e pontuou que a grande questão é a resolutividade nas cirurgias. Em seguida, a palavra foi concedida ao senhor Saulo Weiss, Prefeito do Município de Anitápolis, representando os Prefeitos do Estado, que cumprimentou os presentes e mencionou que os Municípios pequenos estão à frente da saúde e conhecem as necessidades dos munícipes em relação à saúde. Assinalou que as incumbências do Município vêm crescendo ao atender não somente a atenção básica, também a média e a alta complexidade. Reportando-se ao orador anterior, analisou que foi muito bem colocada a problemática da gestão do sistema. Registrou as dificuldades do pequeno hospital de Anitápolis, citando que a ocupação média é de 10% e não dispõe de recursos para atender a demanda. Ainda informou sobre as dificuldades que os cidadãos enfrentam ao precisarem de um exame ou de uma cirurgia e que por um motivo ou outro não conseguem realizar, muitas vezes tendo que se deslocarem para outras cidades. Pediu que a Secretaria da Saúde vá ao encontro das Secretarias Municipais para estruturar os pequenos hospitais municipais, diminuindo assim a fila de espera na Capital. Reforçou que seja regulamentada a Emenda Constitucional n° 29, para que os Municípios tenham recursos e atendam as demandas dos seus cidadãos. Encerrando, agradeceu pela iniciativa da audiência pública e torceu para que as autoridades encaminhem soluções para todo o Estado. Dando seguimento à audiência, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, registrou a presença da senhora Elisandra Schlindwein, Secretária de Saúde do Município de Calmon, e abriu as inscrições para a manifestação da plenária, posteriormente. Ato contínuo, concedeu a palavra ao doutor 180 Valdir José Ferreira, representante da categoria dos Médicos, que cumprimentou todos e disse que a questão das cirurgias eletivas é contraditória no sentido de que, em tese, não deveria haver da forma como existe. Reportando-se à manifestação do senhor Walter, ressaltou que filas existem em todos os sistemas de saúde do mundo e que é impossível resolver tudo ao mesmo tempo e de forma emergencial, fundamentando que um dos fatores essenciais ao acúmulo de cirurgias eletivas é justamente as cirurgias de emergências. Comentou que no Hospital Celso Ramos, por ser referência estadual, muitas cirurgias eletivas são canceladas no dia em que estão marcadas quando chega um politraumatizado, com trauma de crânio, que precisa de intervenção cirúrgica imediata. [Taquigrafa-revisora: Sabrina R. Schmitz] Segundo o senhor Valdir, é óbvio que o paciente que está correndo risco de perder a sua vida necessariamente precisa entrar no centro cirúrgico, mas a cirurgia do outro paciente, que muitas vezes já estava agendada há um ano ou até dois anos, precisa ser cancelada para salvar aquela vida e remarcada, sendo este um dos fatores que gera o acúmulo de cirurgias. Disse que o problema das cirurgias eletivas não era um problema estanque, mas sim dinâmico, e que seria reconstruído na medida em que o tempo fosse passando, informando que deveriam ser estabelecidos critérios técnicos no sentido de humanizar essa fila de espera. Continuando, citou a rede de atenção, ou rede de cuidados, que vai desde a atenção básica – quando o paciente entra no Sistema de Saúde –, passando por procedimentos de regulação, até chegar à cirurgia e ao processo pós-cirúrgico, dizendo que a saúde deve ser vista e tratada de maneira ampla, não se atendo somente a pontos isolados. Saudou ao Deputado Volnei Morastoni pela iniciativa, lembrando que o Programa de Mutirão de Cirurgias Coletivas é um grande projeto, sendo esse um passo muito importante no sentido de resolver problemas represados, formando um sistema de atuação mais adequado. Afirmou que os valores da Tabela SUS estavam defasados, lembrando que até procedimentos simples – mas que exigem a internação do paciente – custam valores altos, o que torna o valor final recebido pelos profissionais da Saúde muito abaixo do esperado. Finalizando, pediu que os Parlamentares lutassem junto à União no sentido de alocar recursos que tornem mais qualificadas as condições de atendimento à população, clamando para que a Tabela SUS fosse atualizada o quanto antes. Neste momento o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, passou a palavra às pessoas inscritas, começando pela senhora Lilian Vaz Martinho, coordenadora do Grupo de Apoio às Mulheres Mastectomizadas (Gama), que iniciou sua manifestação afirmando que estava ali em nome das catarinenses mastectomizadas à espera da cirurgia de reconstrução de mama, em especial em nome do Grupo Gama. Disse que quando a paciente recebe o diagnóstico de câncer é como um soco, e que depois se deve enfrentar o doloroso tratamento e a posterior mastectomia, lembrado que o câncer de mama traz lembranças visíveis e sempre presentes da mutilação, havendo necessidade da reconstrução da autoestima das mulheres que passam por esse processo. Concluindo, afirmou que a cirurgia seletiva é vista como de emergência para pacientes em sofrimento intenso, questionando o que seria este sofrimento intenso, pois as mulheres que passam por mastectomia também sofrem em demasia com o processo e que isso gera depressão em muitas pacientes, acarretando elevados recursos ao SUS. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, registrou a ausência da senhora Leoni Margarida Simm, presidente da Associação Brasileira de Portadores de Câncer (AMUCC), por estar participando de importante reunião na ONU, em Nova York. Contudo, discorreu sobre a luta e o apoio irrestrito desta senhora às mulheres mastectomizadas de Santa Catarina no combate contra o câncer de mama. Na sequência, passou a palavra ao senhor Darli Antônio Schiochet, Secretário de Saúde do Município de Alto Bela Vista, que afirmou que o serviço da Saúde dever ser fortalecido nas regiões de saúde, dizendo que o Município que está 181 com a gestão plena não dá nada aos Municípios pequenos. Por fim, disse que uma solução devia ser encontrada, citando que na sua região nem nas consultas de especialidades ele estava conseguindo ser atendido, quem dera nas cirurgias eletivas. Em seguida, manifestou-se o senhor Braz Vieira, Diretor Executivo da Associação e Federação dos Hospitais (SC), que afirmou que há vinte anos trabalha e viaja pelo interior do Estado e vê ambulâncias cruzando Santa Catarina trazendo pacientes dos mais variados pontos aos grandes centros hospitalares dos grandes Municípios; disse que a rede hospitalar particular tem espaços ociosos e bem equipados; e alertou que o grande problema está na remuneração dos médicos. Registrou que em um pequeno Município há um hospital que possui albergue, que abriga pacientes à noite, sendo que na madrugada estes são levados de ambulância à Florianópolis para serem atendidos. Disse que os recursos devem ser investidos na descentralização da Saúde, fortalecendo a Saúde de todas as regiões e diminuindo a angústia dos indivíduos que esperam nas longas filas. Encerrando, pediu projetos que incentivassem os médicos a permanecerem em suas regiões de origem, abastecendo os hospitais dos pequenos e médios Municípios de profissionais e de serviços especializados em todas as áreas de atendimento. Ato contínuo, discursou a senhora Selsi Inês Weimer, representando a Secretaria Municipal de Saúde de Cunha Porã, que comentou que na sua cidade, com dez mil habitantes, há ortopedista, mas o hospital não oferece o suporte necessário às cirurgias de média complexidade. Disse que no dia em que as cirurgias estão marcadas estas são negadas, pois é dada prioridade às cirurgias eletivas. Comentou que estavam ocorrendo as Conferências Municipais da Saúde, cujo tema é o SUS de todos, a política pública, afirmando que haverá propostas relativas às cirurgias eletivas nas futuras reuniões. Ao final, informou que a sua equipe faz um bom trabalho na saúde básica, confessando que devem ser feitos maiores investimentos na estrutura hospitalar e pedindo, encarecidamente, às autoridades atenção a este fato. A seguir, manifestou-se a senhora Sônia Maria Machado de Souza, Secretária Adjunta do Município de São José, que registrou que vinha discutindo os assuntos tratados naquela audiência pública no Colegiado de Gestão Regional; disse que no caso de São José as filas se encontram nas mãos dos médicos; e afirmou que os gestores não tinham para si a regulação daquele processo, citando que tentou ter acesso à lista de espera dos pacientes que precisam de cirurgia e que não teve sucesso, pois é impossível. Sobre as AIHs, disse que estas não resolveriam a questão da Saúde, pois os médicos dificilmente operam pacientes sem que antes estes passem por consultas preliminares, havendo também a necessidade do acompanhamento do pré e do pós-operatório dos pacientes. Comentou sobre a situação das AIHs no seu Município citando que há uma ortopedia com várias pessoas esperando por cirurgias, mas que este setor estava estagnado, pois o Município não tinha acesso às consultas e aos exames anteriores, indispensáveis à cirurgia. Informou que os pequenos hospitais não conseguem dar conta de tudo, havendo necessidade de se criar hospitais que atendam a especialidades eletivas vocacionais, pois um hospital atendendo a todas as especialidades fica sobrecarregado e não dá conta dos atendimentos e das cirurgias. Finalizando, disse que é enorme a fila da laqueadura em São José, mas que os procedimentos de vasectomia vêm ocorrendo nos ambulatórios e que neste caso não há fila de espera. Ato contínuo, fez uso da palavra a Irmã Maria Heerdt, do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Município de Angelina, que disse que o hospital que representava contava com 51 leitos, 46 do SUS, sendo o mínimo reservado a convênios particulares. Afirmou que o referido hospital é contratualizado, realiza cirurgias de média complexidade e possui médicos qualificados, pedindo atenção à falta de médicos anestesistas naquele Município, o que é um grande problema, e lembrando que, como o hospital é contratualizado, este possui metas a serem cumpridas. Registrou que o hospital não vinha fazendo as cirurgias eletivas porque não 182 possuía as AIHs, mas atendia nas quatro áreas básicas, que são clínica médica, pediatria, maternidade e cirurgia, dizendo que se houvesse disponibilidade de anestesistas poderia prestar maiores serviços à população. Citou haver um consórcio, iniciado pelo gestor municipal, com o esforço comum de cinco Municípios – Antônio Carlos, Garopaba, Angelina, Rancho Queimando e São Pedro de Alcântara –, que unidos estão realizando consultas e ajudando os hospitais a pagarem os médicos, num trabalho que tem feito muito pela saúde de toda a região. Disse que como o Hospital excedeu no número de cirurgias acabou ficando sem o envio de recursos por parte do Governo, pedindo que este acerto com o Estado seja resolvido imediatamente. Por fim, solicitou atenção à questão dos anestesistas, pois estes são indispensáveis ao trabalho dos médicos. [Taquígrafo-revisor: Eduardo Delvalhas dos Santos] Ato contínuo, fez uso da palavra a senhora Lúcia Teresinha Giordani Volpato, Secretária de Saúde e Saneamento Básico do Município de Braço do Norte, que cumprimentou os presentes e parabenizou o Deputado Volnei Morastoni pela iniciativa, afirmando que a questão das cirurgias eletivas é uma das angústias dos Secretários Municipais da Saúde do Estado de Santa Catarina. Citando como exemplo o Município de Braço do Norte, afirmou que possui alguns prestadores, porém como não tem AIH acaba por tirar as AIHs para internação a fim de poder fazer algumas cirurgias, e considerou ser inaceitável que um Município com menos de trinta mil habitantes possua atualmente mais de cem pessoas em fila de espera. Disse que também concorda que a lista fique com o gestor, porque muitas vezes a Secretaria fica dias, semanas ou até meses sem conseguir marcar uma cirurgia e de repente é marcada para uma pessoa, sem que se consiga saber quem liberou isso, restando apenas pagar as AIHs. Avaliou ser necessário que o processo inicie pelo local certo, que são os PSFs, já que tanto se fala em atenção básica e pelo fato de os Secretários serem cobrados todos os dias para que se tenha uma boa atenção básica nos Municípios, porém, quando passa desse nível, o comando deixa de ser da Secretaria, tornando difícil o trabalho. Outra questão colocada diz respeito às consultas de especialidades, que não são respeitadas pelos Municípios sem a gestão plena, e novamente citou seu Município como exemplo, dizendo que lá há vinte consultas/mês de cardiologia, no Município que é referenciado, mas que é muito difícil conseguir uma consulta a cada sessenta dias, não se sabendo para aonde estão indo. Também citou o caso do paciente que vai fazer uma cirurgia e precisa antes de uma consulta com o cirurgião, com o anestesista, tendo em vista que nenhum médico entra numa sala de cirurgia sem ter visto o paciente, questionando quem paga a consulta pré-anestésica. Considerando que os Municípios acabam arcando com esse ônus, acredita que atualmente nenhum Município investe menos de 22% na Saúde, o que faz com que os Municípios acabem deixando de fazer outros investimentos também necessários. Concluiu parabenizando a Comissão de Saúde pela realização da audiência e dizendo que tinha certeza que a partir daquele momento conseguiriam mudar alguma coisa da realidade vivida até ali. Na sequência, a palavra foi concedida à senhora Nilda Edite Banhuki Galvão, Secretária de Saúde do Município de Irineópolis, que cumprimentou os membros da mesa e os demais presentes, especialmente o Deputado Antônio Aguiar pela iniciativa de propor a realização da audiência pública, e afirmou que acreditava que juntos conseguiriam resolver a situação das cirurgias eletivas que tanto afligia os gestores. Esclareceu que no seu Município tinha sessenta cirurgias eletivas, sendo que a grande demanda era em coluna por ser um Município essencialmente agrícola, e que os agricultores estavam numa fila de espera de três anos a quatro anos, avaliando ser uma situação comovente diante do sofrimento dos agricultores que diariamente perguntam se a cirurgia foi marcada. Salientou que os problemas levantados são vividos por quase todos os gestores, pedindo encarecidamente que a questão fosse resolvida, e esclareceu que já havia tomado a iniciativa de encaminhar ofício à Secretaria de Estado da Saúde 183 solicitando que fossem atendidos nas questões das referências. Aproveitou a oportunidade para agradecer ao senhor Darci pelo atendimento prestado nas cirurgias eletivas, que, segundo suas palavras, se davam “em forma de caridade” em função de o valor que repassavam não cobrir a despesa do hospital. Concluiu agradecendo mais uma vez pela iniciativa da realização da audiência, que oportunizava a todos procurar em conjunto uma solução para os pacientes. A seguir, fez uso da palavra o senhor Darci Bonatto, Secretário de Saúde e Bem Estar Social do Município de Laurentino e presidente do Colegiado de Gestão Regional de Secretários Municipais de Saúde do Alto Vale do Itajaí, que saudou aos presentes e disse que como coordenador do Colegiado estava satisfeito em participar das audiências públicas, como a que houve em Rio do Sul na semana anterior, sobre os hospitais, e aquela sobre as cirurgias eletivas, porque era a oportunidade que se tinha de expor a angústia que se vem sofrendo, principalmente os 28 Municípios do Alto Vale do Itajaí, que se constitui, na sua grande maioria, de pequenos Municípios. Informou que Laurentino é pequeno, possui 6.005 habitantes, tem 100% de cobertura da Estratégia Saúde da Família com duas equipes e tem sobra de AIHs (mesmo sendo ilegal, mas legítimo, doam essas sobras de AIHs para os Municípios vizinhos que possuem hospital, já que Laurentino não tem isso), mas possuem 30 cirurgias eletivas represadas. Explicando que foi averiguar o que estava acontecendo, verificou que o hospital não tem controle das salas cirúrgicas, de quem marca cirurgia e se esta é particular ou por convênio, que o médico está desestimulado e que o gestor pleno não cumpre a PPI (Programação Pactuada e Integrada), afirmando que se a meta é implantar um dos preceitos do SUS, que é a regionalização da saúde, é necessário ter um protocolo. Continuando, relatou que em uma conversa com o gestor do hospital este havia dito que os médicos estavam fazendo reserva de mercado, pois dentro do hospital 40% dos médicos se achavam deuses e 60% tinham certeza que eram deuses, afirmando que havia comprovado essa situação. Explicou que mesmo sem recursos contratou um cardiologista para a sua unidade a fim de ver se realmente comprovava a questão do “médico-Deus” e a fila de consultas e de exames, de cateterismo, de angioplastia e de cirurgia cardíaca terminou, exemplificando que tinha cateterismo há dois anos na fila e o médico resolveu em uma semana, mas que tão logo perdeu esse profissional, porque não tinha mais recursos, já que tem que atender atenção básica, a fila novamente começou a se formar. Salientou que, em todas as intervenções feitas, no privado se faz um monte de dinheiro para depois gastar e no público se pega o monte pronto, tendo que aprender a gastar bem, e que esse é o valor essencial do SUS. Encerrou afirmando que todo o recurso financeiro que entra na Prefeitura é dinheiro do contribuinte, é imposto, e que isso é SUS, por isso é necessário ter responsabilidade, ocupar toda a rede, e o Estado, a Federação e os Municípios trabalharem em conjunto a fim de buscar o melhor para a população, que paga os impostos. Prosseguindo a audiência, a palavra foi passada ao senhor Augusto Amilton Lohn, diretor Administrativo do Hospital São Francisco de Assis, de Santo Amaro da Imperatriz, que saudou aos membros da mesa e aos demais presentes e frisou que para se ter um programa de cirurgias eletivas é necessário, primeiramente, equipar os hospitais, avaliando que não adianta lançar um programa se o hospital não tem estrutura ou se já está atuando na sua capacidade máxima, como é o caso do Hospital São Francisco de Assis, que em 2009 fazia noventa cirurgias, com três salas cirúrgicas, e atualmente faz, em média, trezentas cirurgias pelo SUS. Sobre a remuneração, disse que as outras cirurgias vão ficar na fila de espera, pois o médico vai querer fazer as eletivas e deixar as outras de fora, continuando o transtorno da fila de espera. Finalizando, afirmou que hospitais equipados contribuem para diminuir a lista de espera de cirurgias eletivas, e ilustrou a sua afirmação dizendo que possuem convênio com o Hospital Regional e com o Hospital Celso Ramos de empréstimo de equipamento, mas que naquela semana o 184 Arco em C do Hospital Celso Ramos havia quebrado e que se foi pegar o que estava no Hospital São Francisco de Assis, tendo sido necessário cancelar as cirurgias ortopédicas já marcadas. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, informou que não havia mais inscritos e que a palavra seria devolvida aos membros da mesa para os encaminhamentos finais. Antes, porém, registrou que alguns Municípios entregaram documentos: Águas Frias, Jaraguá do Sul, Laurentino, Alto Bela Vista, Mafra, Herval d’Oeste, Bom Jesus do Oeste, Bom Retiro, Canoinhas, Xaxim e Xanxerê. Lembrou que os documentos também poderiam ser encaminhados aos gabinetes, à Comissão de Saúde, através do endereço eletrônico [email protected], ou diretamente à Secretaria de Estado da Saúde, esclarecendo que, se as listagens forem para a Comissão de Saúde, estas serão apensadas ao relatório, que depois será encaminhado ao Secretário de Estado da Saúde e ao Governador do Estado. Para as suas considerações finais, a palavra foi concedida ao senhor Deputado Estadual Antônio Aguiar, proponente da audiência pública, que afirmou ser importante sair da audiência com um compromisso quanto às cirurgias eletivas. Disse que várias colocações haviam sido feitas sobre as dificuldades existentes, como a questão dos anestesistas, mas que fariam uma proposta à Secretaria de Estado da Saúde não só em relação aos anestesistas, mas para que aumente o número de médicos residentes, de especialistas também nas outras áreas. Afirmou que o cumprimento da pactuação das consultas, das especialidades, é importante, porque delas serão geradas as cirurgias eletivas de cada Município, e que os Secretários de Saúde dos Municípios têm que dar prioridade ao atendimento de cirurgias eletivas. Explicou que na criação do programa de incentivo a cirurgias eletivas está a Secretaria de Estado da Saúde, mas que o trabalho desenvolvido será acompanhado de perto, e que o governo do Estado acenou com o principal, que é a parte financeira, criando o Fundo Estadual de Saúde, a fim de que se tenha dinheiro para complementar essas cirurgias. Disse que foi autor da lei na Assembleia Legislativa que autoriza o Poder Executivo e o Estado a firmarem convênio com os hospitais e com as entidades afins para o pagamento complementar de exames e cirurgias eletivas represadas, portanto, já existindo o conhecimento do governo do Estado de que tem que se ter autorização para pagar essas cirurgias eletivas a todos os hospitais e a todas as entidades, inclusive às do interior que tenham condições de realizar cirurgia de média complexidade, evitando a vinda para a Capital. Reputando aquele momento da audiência como importante, em função de o governo sinalizar a criação do Fundo Estadual de Saúde, disse que já estava tramitando na Assembleia Legislativa o Revigorar, que é um projeto da Secretaria de Estado da Fazenda que vai arrecadar mais recursos para o Fundo Estadual de Saúde. Continuando, aproveitou o momento para pedir ao doutor Lester Pereira, representante da Secretaria de Estado da Saúde, que a referida Pasta gerencie melhor as cirurgias eletivas, tendo em vista que a AIH também tem que ser disponibilizada para cirurgia eletiva. Esclareceu que o programa não é só AIH, é de pagamento complementar, e para isso é necessário ter a noção de qual porcentagem dar às cirurgias, se vai ser o dobro da tabela do SUS, se vai ser um percentual a ser estudado pela Secretaria da Saúde para servir de referência, já que as cirurgias eletivas serão realizadas se tiver também o interesse do médico. Como não havia representante de sindicato médico nem de associação médica na audiência, apelou à classe médica de maneira geral para que faça as cirurgias eletivas, ajudando os pacientes e fazendo com que o ser humano seja valorizado. Questionando à plenária qual a Secretaria mais importante no Governo do Estado, disse que era a da Saúde, porque sem saúde não se faz nada, e definiu que a cirurgia eletiva fazia parte da saúde do homem. Concluiu afirmando que o Governador Raimundo Colombo e o Vice Pinho Moreira já haviam empenhado a palavra em relação à criação do Fundo Estadual de Saúde, de onde seriam feitos os repasses para as cirurgias eletivas. Retomando a palavra, o 185 senhor Presidente perguntou se mais alguém da mesa gostaria de se manifestar em relação aos encaminhamentos, ao que o senhor Sálvio Osmar Tonini, Secretário Municipal da Saúde de São João Batista, representando o Conselho Estadual de Secretários Municipais de Saúde, propôs que nos repasses aos hospitais o gestor municipal estivesse envolvido e, se possível, até gerenciando a transferência de recursos do fundo, porque aí ele acompanharia todos os passos e poderia cobrar do órgão, se fosse o caso, o resultado final. Por sua vez, o senhor Deputado Estadual Antônio Aguiar manifestou-se dizendo que os gestores eram os Secretários Municipais, devendo assumir a gestão, e que por direito deveriam fazer as filas e encaminhar os pacientes às cirurgias, lembrando que para isso era necessário bom entendimento com os médicos. Fazendo uso da palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, citou outros Municípios que encaminharam suas relações de cirurgias represadas: Irineópolis, Cunha Porã, Entre Rios, Imbuia, Balneário Gaivota, Calmon, Petrolândia, Salete, Trombudo Central, Ituporanga, Braço do Trombudo, Bela Vista do Toldo, Siderópolis, Treze Tílias, Porto União, São José do Cerrito e Nova Itabeiraba. [Taquígrafa-revisora: Siomara G. Videira] Também informou que novas listagens poderão ainda ser encaminhadas à Comissão de Saúde ou aos gabinetes, para serem anexadas ao relatório. Em seguida, lembrou que a audiência pública estava sendo devidamente registrada em ata e frisou ser esta um documento importante para a Comissão fazer encaminhamentos ao governo do Estado, devendo ser entregue, na íntegra, ao Secretário de Estado da Saúde e ao Governador Raimundo Colombo, estando também à disposição dos participantes da audiência através da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa. Salientou a importância do compromisso do governo do Estado, através do Secretário e do Governador, de destinar recursos extraordinários e de compor um fundo com a finalidade de subsidiar as cirurgias eletivas. Observou ser essa apenas uma parte do processo, complementando que a Comissão de Saúde irá juntar todas as informações em um diagnóstico para que todos, juntos, encontrem caminhos para a Saúde no Estado. Prosseguindo, citou a urgência na tramitação da Emenda Constitucional n° 29, informando ser necessária essa regulamentação porque os Municípios já estão no limite das suas capacidades, aplicando mais de 20% de seus recursos na Saúde e tendo cada vez mais encargos e compromissos. Quanto à estratégia de Saúde da Família, disse que o Ministério da Saúde também está encaminhando novas propostas importantes, com a possibilidade de os Municípios acessarem mais recursos extraordinários. Mencionou o binômio acesso-acolhimento, avaliando que todas as pesquisas em relação ao SUS mostram a satisfação da maioria dos usuários quando consegue ter acesso, concluindo que o problema todo está justamente em as pessoas conseguirem ter esse acesso ao SUS, sendo a estratégia de Saúde da Família a grande porta de entrada. Comunicou que o Ministro da Saúde compartilha da ideia de que o simples reajuste da tabela do SUS talvez não resolva o problema, pois não há como garantir que o atendimento seja realizado. Apesar disso, opinou que algumas situações da tabela precisam ser revistas e informou que o Ministro aponta para novos programas que trazem recursos extrateto. Frisou que a questão do financiamento é fundamental, sendo necessários mais recursos para a Saúde e que, no que tange ao Estado, precisa-se do cumprimento dos 12%, complementando que os inativos da Saúde, a partir de janeiro de 2011, já estão fora do cálculo dos 12%, o que demonstra um grande avanço. Mencionou estar debruçado sobre o problema, tentando analisar a receita e as despesas do Estado, com o intuito de descobrir como poderão ser apresentadas mais propostas para alocar mais recursos para a Saúde. Analisou que o fórum dos pequenos hospitais, que está iniciando um circuito no Estado, também será importante para levantar essa situação e apresentar propostas concretas, como a de vocacionar os pequenos hospitais para determinados tipos de procedimentos. Relatou a necessidade de interiorização de profissionais, citando também o 186 problema da falta de anestesistas e pediatras, bem como da baixa remuneração. Registrou a intenção da Comissão de abrir um debate com os cursos da área da saúde no Estado para poder discutir uma política de interiorização dos profissionais, acrescentando que havia adentrado na Casa um projeto do Deputado Dado Cherem para discutir a carreira de Estado para o médico, mas que acabou sendo retirado da pauta. Explicou que, em grande parte, o problema da interiorização dos profissionais está diretamente relacionado à precarização de sua remuneração. Assinalou que a audiência pública era um compromisso importante da Comissão de Saúde e da Assembleia Legislativa para que se dê seguimento aos encaminhamentos propostos, estabelecendo prazos para que propostas como a do programa estadual possam ter início e ir ao encontro das necessidades da população. Dito isso, despediu-se dos presentes agradecendo-lhes pela participação e nada mais havendo a tratar deu por encerrada a audiência pública. [Taquígrafa-Revisora: Carla Greco Granato] _______________________________________ Deputado Estadual Volnei Morastoni Presidente da Comissão de Saúde 187 ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA – FLORIANÓPOLIS “APRESENTAÇÃO DOS RELATÓRIOS TRIMESTRAIS DE GESTÃO DO SUS PELA SES – 3º E 4º TRIMESTRES DE 2010 E 1º TRIMESTRE DE 2011” 188 1ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 17ª LEGISLATURA COORDENADORIA DE TAQUIGRAFIA DAS COMISSÕES – CTC EMENTA TAQUIGRÁFICA Comissão de Saúde EVENTO: Audiência Pública DATA: 11/07/2011 LOCAL: Plenário Osni Régis, HORA: 9h30min da Alesc SUMÁRIO: Apresentação dos Relatórios Trimestrais de Gestão do SUS pela Secretaria de Estado da Saúde (terceiro e quarto trimestres de 2010 e primeiro trimestre de 2011). PRESIDENTE: Deputado Estadual Volnei Morastoni, Presidente da Comissão de Saúde PARTICIPANTES DA MESA: Deputado Estadual Sargento Amauri Soares, membro da Comissão de Saúde; Dalmo Claro de Oliveira, Secretário de Estado da Saúde; André Stefani Bertuol, Procurador-Chefe Substituto da Procuradoria da República em Santa Catarina, representando o Ministério Público Federal; Maurício Pessuto, Procurador da República do Ministério Público Federal; João Pedro Carreirão Neto, chefe do Serviço de Auditoria do Ministério da Saúde; Allan Rodrigo Alcântara, presidente da Federação da Associação dos Moradores do Estado de Santa Catarina e coordenador da Comissão de Acompanhamento Orçamentário do Conselho Estadual de Saúde; e Clécio Antônio Espezim, Secretário Adjunto da Saúde do Município de Florianópolis. REGISTRO DE PRESENÇA: Cláudio Cristani, Procurador da República do Ministério Público Federal; Rosina Moritz dos Santos, Secretária Adjunta de Estado da Saúde; Walter Gomes Filho, superintendente de Planejamento e Gestão da Secretaria de Estado da Saúde; Clóvis Coelho Machado, auditor interno, representando a Diretoria de Auditoria-Geral do Estado; Winston Luiz Zomkowski, superintendente de Vigilância em Saúde, da Secretaria de Estado da Saúde; Dulce Quevedo, gerente de planejamento da Secretaria de Estado da Saúde; João Daniel Filho, diretor de Recursos Humanos da Secretaria de Estado da Saúde; Maria de Lourdes Vogel de Souza, representando o Conselho Estadual de Saúde – CCBB; Sônia de Fátima Souza, representando o presidente do Conselho Municipal de Saúde de Lages; Iovalda Kuntz Dias, voluntária do Grupo de Apoio Desperta Mulher; Hilário Dalmann, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Jaraguá do Sul; Helga Engelmann, representando o Fundo Municipal de Saúde de Jaraguá do Sul; Maicon Jahn, Secretário de Saúde do Município de Agronômica; José Menegatti, Prefeito de Agronômica; Helena Lima Pires, presidente do Gapa; Estela Conceição, do Fórum Catarinense ONG/Aids – Conselho Municipal de Saúde de Florianópolis; Irma Manuela Paso, representando o Fórum ONG/Aids; Hilário Dalmann, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Jaraguá do Sul; Gilberto Scussiato, do Conselho Estadual de Saúde; Deputado Estadual Moacir Sopelsa, Vice-Presidente da Alesc; Deputado Estadual Dirceu Dresch; e Deputado Estadual Jorge Teixeira. 189 ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PROMOVIDA PELA COMISSÃO DE SAÚDE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SANTA CATARINA PARA DEBATER A APRESENTAÇÃO DOS RELATÓRIOS TRIMESTRAIS DE GESTÃO DO SUS PELA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE (TERCEIRO E QUARTO TRIMESTRES DE 2010 E PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2011), REALIZADA NO DIA 11 DE JULHO DE 2011, ÀS 9H30MIN, NO PLENÁRIO OSNI RÉGIS, DA ALESC Aos onze dias do mês de julho de 2011, às 9h30min, no Plenário Osni Régis, da Alesc, realizou-se audiência pública da Comissão de Saúde para debater a apresentação dos relatórios trimestrais de gestão do SUS pela Secretaria de Estado da Saúde (terceiro e quarto trimestres de 2010 e primeiro trimestre de 2011). O senhor Presidente, Deputado Volnei Morastoni, convidou para compor a mesa dos trabalhos o senhor Deputado Estadual Sargento Amauri Soares, membro da Comissão de Saúde; o senhor Dalmo Claro de Oliveira, Secretário de Estado da Saúde; o senhor André Stefani Bertuol, Procurador-Chefe Substituto da Procuradoria da República em Santa Catarina, representando o Ministério Público Federal; o senhor Maurício Pessutto, Procurador da República do Ministério Público Federal; o senhor João Pedro Carreirão Neto, chefe do serviço de auditoria do Ministério da Saúde; o senhor Allan Rodrigo Alcântara, presidente da Federação da Associação dos Moradores do Estado de Santa Catarina e coordenador da Comissão de Acompanhamento Orçamentário do Conselho Estadual de Saúde; e o senhor Clécio Antônio Espezim, Secretário Adjunto da Saúde do Município de Florianópolis. Após a composição da mesa, registrou a presença dos senhores Deputados Estaduais Moacir Sopelsa, Vice-Presidente da Alesc, Jorge Teixeira e Dirceu Dresch; do senhor Cláudio Cristani, Procurador da República do Ministério Público Federal; do senhor Flávio da Silveira, Procurador da República do Ministério Público Federal; da senhora Rosina Moritz dos Santos, Secretária Adjunta de Estado da Saúde; do senhor Walter Gomes Filho, superintendente de Planejamento e Gestão da Secretaria de Estado da Saúde; do senhor Clóvis Coelho Machado, auditor interno, representando a Diretoria de Auditoria-Geral do Estado; do senhor Winston Luiz Zomkowski, superintendente de Vigilância em Saúde, da Secretaria de Estado da Saúde; do senhor Lester Pereira, superintendente da Secretaria de Estado da Saúde; da senhora Dulce Quevedo, gerente de planejamento da Secretaria de Estado da Saúde; do senhor Paulo Orsini, diretor de Educação Permanente da Secretaria de Estado da Saúde; do senhor João Daniel Filho, diretor de Recursos Humanos da Secretaria de Estado da Saúde; da senhora Maria de Lourdes Vogel de Souza, representando o Conselho Estadual de Saúde – CCBB; da senhora Sônia de Fátima Souza, representando o presidente do Conselho Municipal de Saúde de Lages; do senhor Maicon Jahn, Secretário de Saúde do Município de Agronômica; do senhor José Menegatti, Prefeito de Agronômica; da senhora Helena Lima Pires, presidente do Gapa; da senhora Estela Conceição, do Fórum Catarinense ONG/Aids – Conselho Municipal de Saúde de Florianópolis; da senhora Irma Manuela Paso, representando o Fórum ONG/Aids; do senhor Gilberto Scussiato, do Conselho Estadual de Saúde. Na continuidade, informou que a presente audiência pública atende rotina que a Alesc, através da sua Comissão de Saúde, deve promover com a Secretaria de Estado da Saúde, mas atende, especialmente, ofício do Ministério Público Federal do dia 25 de abril. Em seguida, complementou lendo o artigo 12 da Lei nº 8.689, de 27 de julho de 1993, que diz o seguinte: “Art. 12 O gestor do Sistema Único de Saúde, em cada esfera de governo, apresentará, trimestralmente, ao Conselho de Saúde correspondente e, respectivamente, em audiência pública, às Câmaras de Vereadores, às Assembleias Legislativas e às duas Casas do Congresso Nacional, relatório circunstanciado referente à sua atuação naquele período”. A 190 seguir, passou a palavra ao senhor Dalmo de Oliveira, Secretário de Estado da Saúde, que, após os cumprimentos, disse que estava presente para apresentar o relatório de gestão do SUS na esfera do Estado relativo aos terceiro e quarto trimestres do ano de 2010 e o relatório do primeiro trimestre do ano de 2011. Prosseguindo, declarou que esperava em breve apresentar os relatórios do segundo trimestre. Em seguida, convidou a gerente de planejamento, a senhora Dulce Quevedo, para fazer a apresentação dos referidos relatórios. Fazendo uso da palavra, a senhora Dulce Quevedo, com o auxílio de PowerPoint, iniciou a apresentação lendo que as audiências públicas de prestação de contas da gestão do SUS atendem ao disposto na Lei nº 8.689, de 27/07/1993, artigo 12, e no artigo 9º do Decreto Federal nº 1.651, de 28/09/1995. Em seguida, disse que dentro da Governança Eletrônica foram orçados R$ 7.365.000,00, empenhados R$ 7.353.967,84 e liquidados R$ 7.235.074,40, fechando mais de 90% dentro da Fonte 100, que é a fonte do Tesouro; nas demais fontes, foram orçados R$ 2.100.000,00, empenhados R$ 2.070.000,00 e liquidados R$ 2.070.000,00. No bloco de Vigilância em Saúde, foram orçados R$ 6.422.289,75, empenhados R$ 6.418.370,61 e liquidados R$ 6.195.635,05, fechando 96,47% na Fonte 100; nas demais fontes, orçados R$ 36.132.899,62, empenhados R$ 22.745.480,47 e liquidados R$ 20.484.396,13. No programa Estratégia de Saúde da Família (Programa 420) foram orçados R$ 58.754.522,92, empenhados R$ 58.048.326,85 e liquidados R$ 57.962.326,85, fechando 98,65% na Fonte 100; nas demais fontes, orçados R$ 12.270.058,25, empenhados R$ 11.800.908,63 e liquidados R$ 11.752.634,96. Na Descentralização da Média e Alta Complexidade (Programa 430) foram orçados R$ 351.596.731,53, empenhados R$ 335.249.054,36 e liquidados R$ 307.152.328,85, na Fonte 100; nas demais fontes foram orçados R$ 645.644.242,47, empenhados R$ 500.548.955,55 e liquidados R$ 479.401.677,04. Na Educação Permanente para o Sistema Único de Saúde (Programa 440) foram orçados R$ 7.033.506,70, empenhados R$ 6.729.425,22 e liquidados R$ 6.590.061,88, na Fonte 100; nas demais fontes foram orçados R$ 20.601.826,79, empenhados R$ 5.058.632,54 e liquidados R$ 4.959.487,43. Quanto aos Novos Valores (Programa de Estágio do Governo), foram orçados R$ 1.263.000,00, empenhados R$ 1.260.847,77 e liquidados R$ 1.260.847,77. Em relação à Comunicação do Poder Executivo, informou que havia um orçamento, mas no ano de 2010 não estava presente, tendo em vista que essa ação, que são as campanhas, acaba sendo paga e liquidada pela Secretaria de Estado da Administração. Já na Gestão Administrativa do Poder Executivo, declarou que foram orçados R$ 634.257.188,44, empenhados R$ 631.302.835,54 e liquidados R$ 627.419.848,50, na Fonte 100; nas demais fontes, orçados R$ 41.574.880,33, empenhados R$ 34.797.035,22 e liquidados R$ 33.677.616,19, ficando o Orçamento Geral do Estado, no ano de 2010, na Fonte 100, o seguinte: R$ 1.066.707.419,01 e liquidados R$ 1.013.816.123,30; nas demais fontes, orçados R$ 758.323.907,46 e liquidados R$ 552.346.311,75. No quadro seguinte, mostrou as ações que foram descentralizadas para as Secretarias de Desenvolvimento Regional, mais precisamente para as Gerências de Saúde. Na área de Vigilância em Saúde, nas outras fontes, que vêm de convênios e repasses do Ministério da Saúde, foram descentralizados R$ 920.623,13, empenhados R$ 820.087,42 e devolvidos ao Estado R$ 98.412,19. No Programa Estratégia de Saúde da Família, que atende a parte da adequação da área física da Rede de Atenção Básica, foram descentralizados R$ 23.339.160,46, empenhados R$ 18.806.077,78 e devolvidos para o Estado R$ 4.524.154,71. Na área de Descentralização da Média e Alta Complexidade foram descentralizados R$ 21.528.780,11, empenhados R$ 15.539.559,13 e devolvidos para o Estado R$ 5.082.927,61, na Fonte 100; nas demais fontes, descentralizados R$ 6.223.236,44, empenhados R$ 4.718.306,60 e devolvidos R$ 1.330.824,04. Explicando a questão do devolvido, disse que a Secretaria de Estado descentraliza o recurso para a Gerência de Saúde, para a Secretaria de 191 Desenvolvimento Regional, que o utiliza empenhando, sendo que o que não foi utilizado, até por um convênio que não ocorreu, tem de ser devolvido para a Secretaria, para poder remanejar no Orçamento e atender às outras áreas. Voltando à tabela, passou à área de Educação Permanente para o Sistema Único de Saúde, na qual foram descentralizados R$ 1.310.348,43, empenhados R$ 822.728,49 e devolvidos R$ 165.369,90, na Fonte 100; nas demais fontes, descentralizados R$ 1.573.539,09, empenhados R$ 547.255,16 e devolvidos R$ 1.023.920,80. Na Comunicação do Poder Executivo foram descentralizados R$ 8.000.000,00, empenhados R$ 4.384.820,33 e devolvidos R$ 3.615.179,67. Já na Gestão Administrativa do Poder Executivo, foram descentralizados R$ 4.887.374,96, empenhados R$ 3.268.562,00 e devolvidos R$ 1.574.791,30, na Fonte 100; nas demais fontes, descentralizados R$ 455.096,11, empenhados R$ 102.903,56 e devolvidos R$ 268.257,03, ficando um total geral do Estado descentralizado, da Fonte 100, no valor de R$ 59.065.663,96, empenhados R$ 42.821.747,73 e devolvidos R$ 14.962.423,19; nas demais fontes, descentralizados R$ 9.172.494,77, empenhados R$ 6.188.552,74 e devolvidos R$ 2.721.414,06. Fazendo uma pequena explicação de como todo esse recurso foi utilizado, falou que na área da Diretoria de Educação Permanente, dentro da Gerência da Escola de Formação em Saúde, foram feitos dois cursos técnicos em vigilância em saúde, que terminou em dezembro de 2010; uma turma de técnico em saúde bucal, que também terminou em dezembro de 2010; dezoito turmas de técnico em saúde bucal, com término em dezembro de 2011; uma turma de especialização em saúde mental, com término em 2011; uma turma de especialização em saúde do idoso, com término em 2011; quarenta turmas de informática básica, com término em setembro de 2010; dez turmas de informática avançada, com término em dezembro de 2010; e uma turma de técnico em enfermagem, com término em dezembro de 2011. Na Gerência da Escola de Saúde Pública, curso de pós-graduação lato sensu, com início em 2010 e término em 2011, quais sejam: especialização em saúde pública, especialização em saúde mental e atenção psicossocial; especialização em gestão do trabalho e educação em saúde; e manutenção do sistema referente à base de dados de arquivos de biblioteca – web mark arquivo e web mark biblioteca. Na questão das auditorias, terceiro e quarto trimestres, foram recebidos 87 novos processos, sendo 77 concluídos e arquivados; um processo encaminhado ao Ministério Público; um processo encaminhado aos órgãos de classe; emitidas cinco notificações e estão em andamento 443 processos. Já as auditorias e vistorias realizadas in loco pela Equipe Central, foram no total de 27. Quanto ao Samu, durante o ano de 2010, referente ao terceiro e quarto trimestres, foram recebidas 307.769 chamadas e gerados 152.408 atendimentos. Na ampliação e renovação da frota das Unidades de Suporte Avançado do Samu, no ano 2010, foram recebidas 26 unidades de saúde básica; oito unidades de saúde avançada e adquiridas quatro caminhonetes. No que se refere a transplantes, no terceiro e quarto trimestres foram cinquenta doações efetivas e 505 o número total de transplantes realizados no ano – 236 transplantes de córnea, 32 doações de rim de doador vivo, 31 doações de rim de doador falecido, quatro transplantes de rim/pâncreas, 47 transplantes de fígado, 22 transplantes ósseos, 39 transplantes de esclera e 34 transplantes de medula óssea. Na Telemedicina (implantação do Projeto de Telemedicina em Apoio à Atenção Primária), foram definidos 86 pontos de teledermatoscopia, sendo que até a presente data foram instalados seis pilotos nos Municípios de Santa Rosa de Lima, Calmon, Canoinhas, Águas Mornas, Vargem Bonita e Xanxerê – os demais aparelhos já foram adquiridos, estavam só aguardando as definições quanto aos médicos laudadores. Dentro dos Complexos Reguladores, na questão do transporte aéreo para transplante, constam 19 pacientes em táxi aéreo e 356 atendimentos de transporte aéreo. Na manutenção do complexo regulador do acesso aos procedimentos de média e alta complexidade, tratamento fora do 192 domicílio, que seria transporte para fora do domicílio, para fora do Estado, foram atendidas 2.995 pessoas, para dentro do Estado 2.698 e CNRAC 254 atendimentos. Já na área do Laboratório Central, nos exames de biologia médica, exames realizados nos terceiro e quatro trimestres, na área da virologia foram 17.204 no terceiro trimestre e 14.672 no quarto trimestre; bacteriologia, 1.531 no terceiro trimestre e 1.871 no quarto trimestre; micologia, 818 no terceiro trimestre e 753 no quarto trimestre; imunologia, 22.201 no terceiro trimestre e 14.314 no quarto trimestre; biologia molecular (H1N1), 414 no terceiro trimestre e 130 no quarto trimestre; leptospirose, 498 no terceiro trimestre e 460 no quarto trimestre; hanseníase, 444 no terceiro trimestre e 468 no quarto trimestre; malária, 138 no terceiro trimestre e 135 no quarto trimestre; tuberculose, 4.277 no terceiro trimestre e 4.413 no quarto trimestre; análises neonatais (teste do pezinho), 122.814 no terceiro trimestre e 114.568 no quarto trimestre. Dentro da área Produtos e Meio Ambiente foram realizados os seguintes exames: água para consumo humano, 13.078 no terceiro trimestre e 15.166 no quarto trimestre; na questão de alimentos e medicamentos, 754 no terceiro trimestre e 1.087 no quarto trimestre. Na área Vigilância Sanitária, na questão da descentralização das avaliações dos projetos nos estabelecimentos de saúde na área de alta complexidade, foram analisados pela Diretoria de Vigilância Sanitária, no terceiro trimestre, cinquenta processos para construção, reforma e ampliação de estabelecimentos de saúde, sendo 11 aprovados; no quarto trimestre, 56 processos para construção, reforma e ampliação de estabelecimentos de saúde, sendo 20 aprovados. Quanto aos estabelecimentos inspecionados, na área de produtos foram 60 no terceiro trimestre e 31 no quarto trimestre; na área de serviço de saúde foram 12 no terceiro trimestre e 11 no quarto trimestre; e na área de fiscalização do meio ambiente, 22 no terceiro trimestre e 55 no quarto trimestre; ainda quatro da hemorrede e dez da Hemodiálise no terceiro trimestre e um da hemorrede e seis da hemodiálise no quarto trimestre. Na área de Assistência Farmacêutica, no Programa de Medicamentos Excepcionais, são as seguintes as ações realizadas: 73.680 pacientes atendidos no terceiro trimestre e 76.800 pacientes atendidos no quarto trimestre. Na questão das obras e manutenções do Estado, no ano de 2010, reforma da Ouvidoria (iniciada); reforma da copa e transporte, na área da Secretaria; Hospital Governador Celso Ramos, reforma em diversos setores (empenhado) e projeto preventivo de incêndio e torre (empenhado); Laboratório Central, reforma da cobertura do teste do pezinho (aguardando data de início); Hospital Infantil Joana de Gusmão, reforma do centro cirúrgico, UTI e centro de material esterilizado (Sicop). Quanto às obras em andamento no quarto trimestre, Maternidade Carmela Dutra, reformas diversas (25% executados); Hospital Governador Celso Ramos, reforma da emergência geral (30% executados), projeto preventivo de incêndio e torre (em andamento) e reforma em diversos setores (30% executado); Hospital Infantil Joana de Gusmão, obras diversas (60% executado), reforma do centro cirúrgico, UTI e centro de material esterilizado (10% executado); Hospital Florianópolis, reforma do 2º e 3º andar (10% executado); Lacen, reforma do recebimento de amostras (concluída) e reforma da cobertura do teste do pezinho (80% executado). Dando andamento à apresentação, passou à parte do Orçamento do Estado do primeiro trimestre de 2010. Na questão da Governança Eletrônica, orçados R$ 8.480.000,00, empenhados R$ 3.284.019,12 e liquidados R$ 708.462,45. Nas ações de Vigilância em Saúde, orçados 30.521.350,00, empenhados R$ 9.540.634,54 e liquidados R$ 2.625.127,36, na Fonte 100; nas demais fontes, orçados R$ 20.595.833,00, empenhados R$ 4.504.152,53 e liquidados R$ 744.327,66. No Estratégia de Saúde da Família, na Fonte 100, foram orçados R$ 82.220.188,00, empenhados R$ 36.122.144,05 e liquidados R$ 14.005.971,80; nas outras fontes, orçados R$ 323.600,00 e empenhados R$ 90.600,00 – até o fechamento da prestação do primeiro trimestre não havia sido liquidado. No Programa 430, Descentralização da Média 193 e Alta Complexidade, orçados R$ 446.688.093,13, empenhados R$ 224.149.971,24 e liquidados R$ 57.660.081,49; nas demais fontes, orçados R$ 659.704.291,79, empenhados R$ 402.995.734,65 e liquidados R$ 90.285.412,57. No Programa 440, Educação Permanente para o Sistema Único de Saúde, na Fonte 100, orçados R$ 14.827.036,00, empenhados R$ 6.860.821,23 e liquidados R$ 2.058.567,36; nas demais fontes, orçados R$ 9.644.024,00, empenhados R$ 2.653.282,71, liquidados R$ 1.476.300,00. Nos Novos Valores, orçados R$ 2.000.000,00, empenhados R$ 1.500.000,00 e liquidados R$ 337.597,85. Na Comunicação do Poder Executivo não tinha orçamento e na Gestão Administrativa do Poder Executivo, na Fonte 100, orçados R$ 696.498.249,19, empenhados R$ 184.501.667,84 e liquidados R$ 158.875.233,52; nas demais fontes, orçados R$ 33.261.637,00, empenhados R$ 7.205.359,44 e liquidados R$ 6.673.389,33. No Orçamento Geral do Estado para o ano de 2011, na Fonte 100, R$ 1.281.234.916,32, empenhados R$ 465.959.258,02 e liquidados R$ 236.271.041,83; nas demais fontes, orçados R$ 724.829.385,79, empenhados R$ 417.449.129,33 e liquidados R$ 99.179.429,56. Prosseguindo, informou que no primeiro trimestre não houve descentralização, a não ser na área da média e alta complexidade, descentralizados R$ 6.978.877,27, empenhados R$ 1.382.706,12, liquidados R$ 280.982,46 e devolvidos R$ 1.577.176,40, na Fonte 100; nas outras fontes, descentralizados R$ 1.063.532,14, empenhados R$ 395.289,23, liquidados R$ 75.235,58 e devolvidos R$ 94.359,93. Na Gestão Administrativa do Poder Executivo, na Fonte 100, descentralizados R$ 1.531.182,57, empenhados R$ 744.752,57, liquidados R$ 144.487,70 e devolvidos R$ 153.593,76. No total geral, foram descentralizados, R$ 13.912.310,84, empenhados R$ 2.449.708,69, liquidados R$ 425.470,16 e devolvidos R$ 1.700.730.770,16; nas demais fontes, descentralizados R$ 1.067.512,14, empenhados R$ 398.869,23, liquidados R$ 78.815,58 e devolvidos R$ 94.359,93. Na Diretoria de Educação Permanente, foram formadas as turmas da Escola de Formação em Saúde, sendo 18 turmas de curso técnico em saúde bucal, com término em dezembro de 2011; uma turma de especialização em saúde mental, com término em 2011; uma turma de especialização em saúde do idoso, com término em 2011; e uma turma de técnico em enfermagem, com término em 2011. Na Escola de Saúde Pública, os mesmos cursos que começaram em 2010 (citados no slide anterior) e cursos de capacitação, qualificação de gestores do SUS, manutenção do sistema referente à base de dados de arquivo de biblioteca – web mark arquivo e web mark biblioteca. Na área de Auditoria, foram 65 novos processos, sendo concluídos e arquivados 68; apenas um encaminhado ao Ministério Público; nenhum encaminhado aos órgãos de classe e nenhuma notificação emitida. Quanto às auditorias e vistorias realizadas in loco pela Equipe Central, constam cinco no primeiro trimestre de 2011. Na questão do Samu, foram 76.678 chamadas e 68.038 atendimentos, mais orientações médicas e transferências, dando um total de 75.833. Em relação às doações efetivas de múltiplos órgãos, um total de 33 doações, e na questão das doações de tecidos, um total de 102 doações, sendo 62 transplantes de córneas, sete de rins de doador vivo, 45 de rins de doador falecido, dois de rins/pâncreas, 21 de fígado de doador falecido, três transplantes ósseos, 17 de esclera e 14 de medula óssea, totalizando 171 transplantes. Na Telemedicina, identificada a rede secundária de atenção (especificamente a rede assistencial própria da SES) e definida a coordenação do projeto no âmbito da SES, como Atenção Básica e o início da implantação pela macrorregião da Foz do Rio Itajaí. No que se refere ao transporte para transplantes, foram atendidos 183 pacientes através de transporte aéreo. No transporte fora do domicílio, no Estado, 1.197 pessoas; fora do Estado 412; e 42 na CNRAC. Mostrando um pouquinho da questão das intoxicações registradas no Centro de Informações Toxicológicas de Santa Catarina, foram 2.873 casos em humanos notificados no trimestre, dentre eles, animais peçonhentos, intoxicação por medicamentos, animais não peçonhentos, produtos 194 químicos e agrotóxicos. Na área da Biologia Médica, foram realizados os seguintes exames: virologia, 17.767 mil; bacteriologia, 2.591; micologia, 1.189; imunologia, 14.741; biologia molecular (H1N1), 3.558; leptospirose, 1.916; hanseníase, 826; malária, 188; tuberculose, 5.965; e teste do pezinho, 194.076, totalizando 242.817 exames no primeiro trimestre. Para produtos e meio ambiente, um total de 20.129 exames, sendo desses 18.139 para água de consumo humano e 1.990 para produtos, alimentos e medicamentos. Na questão da Cobertura Vacinal, foram 46,76% na BCG, 61,43% na hepatite B, 60,07% na pólio, 60,75% nas vacinas tetravalente, 39,59% no rotavírus e 61,77% na tríplice viral, no primeiro trimestre. Quanto à atividade de vigilância no controle do Aedes aegypti, no primeiro trimestre foram visitadas 261.093 armadilhas; 55.216 postos e 129.231 imóveis em áreas de foco. Na área da Vigilância Sanitária, foram analisados, no primeiro trimestre, 43 processos para construção, reforma e ampliação de estabelecimentos, sendo dez deles aprovados; inspecionados oito estabelecimentos na área de produtos, 12 de serviço de saúde, 98 fiscalizações na área do meio ambiente, totalizando 118 inspeções, sendo ainda cinco da hemorrede, onze da hemodiálise e sete para coleta de água da hemodiálise. No Programa de Medicamentos Excepcionais, foram atendidos no primeiro trimestre 80.000 pacientes. Na área da Gerência de Obras e Manutenção consta o seguinte: Maternidade Carmela Dutra, reformas diversas (previsão de término para 7 de junho); Hospital Governador Celso Ramos, reforma geral da emergência (previsão de término para 7 de junho), projeto preventivo de incêndio e torre (em andamento) e reformas em diversos setores (previsão para 8 de abril); Hospital Infantil Joana de Gusmão, obras diversas (previsão para 12 de abril), reforma do centro cirúrgico, UTI e centro de material esterilizado (previsão para janeiro de 2012); Hospital Florianópolis, reforma do segundo e terceiro andar (previsão para janeiro de 2012); Laboratório Central, reforma geral (iniciada) e reforma da cobertura do teste do pezinho (concluída); Escola de Formação em Saúde, construção (iniciada); Hospital Nereu Ramos, reformas diversas (iniciada). Terminada a apresentação, colocou-se à disposição para qualquer questionamento. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Volnei Morastoni, devolveu a palavra ao senhor Secretário Dalmo de Oliveira, Secretário de Estado da Saúde, que disse que a apresentação é bastante sucinta para uma gama muito grande de processos que a Secretaria da Saúde do Estado desenvolve, opinando que deveria ser modificada, inclusive podendo receber sugestões no sentido de que as informações sejam mais dirigidas para um ou outro aspecto. Colocou-se à disposição para responder dúvidas, questionamentos, o que considera importante para a condução dos trabalhos daqui para frente. [Taquígrafa-revisora: Dulcinéia Goulart.] Prosseguindo, o senhor André Stefani Bertuol, Procurador-Chefe Substituto da Procuradoria da República em Santa Catarina, representando o Ministério Público Federal, saudou os componentes da mesa e demais presentes, e disse ser uma satisfação poder estar ali para conhecer, em parte, os números da saúde no Estado. Avaliou ser essa uma preocupação bastante grande do Ministério Público Federal, adiantando que a iniciativa servirá como o começo de um contato permanente, o que é demonstrado pela presença, em audiência, de quatro Procuradores da República, diversos do interior. Falou que na Capital há a rede de controle, composta por representantes do Tribunal de Contas do Estado e da União, da Corregedoria-Geral da União, da Secretaria da Fazenda, do Ministério Público Federal e Estadual, e da própria Assembleia Legislativa, onde se começou a discutir a terceirização da saúde, tendo sido montado um grupo de discussão coordenado pelo doutor João Pedro Carreirão Neto. Avisou que um dos objetivos que gostariam de trabalhar seria conhecer melhor os números do que está ocorrendo em termos de terceirização no Estado com relação, por exemplo, aos hospitais e seus gastos, quais estão sendo terceirizados e quais critérios estão sendo utilizados. Citou outro acompanhamento em nível nacional, que é o da 195 terceirização em termos de fundações estatais e outras entidades, acrescentando que o Ministério Público Federal tem uma posição contrária à proposta nacional desde 2007, havendo trabalhos técnicos distribuídos ao Congresso, um deles de sua autoria. Sobre o tema, informou ser relator especial no Ministério Público Federal, na área do patrimônio público, tendo encaminhado ao então Procurador-Geral da República Antonio Fernando uma representação, que foi enviada ao Congresso. Esclareceu que um dos problemas é que falta a lei complementar de normas gerais para tratar da matéria, qual seja, o PL 1992, de 2007, ainda não aprovado. Elucidou, ainda, que a Lei de Responsabilidade Fiscal determina que os controles públicos sejam aplicados integralmente a todo recebimento de verbas públicas e, nesse sentido, o Ministério Público Federal entende não ser compatível com o sistema que esses controles públicos e limitações constitucionais como o teto remuneratório não sejam aplicados quando utilizadas verbas públicas. A respeito dos hospitais universitários, citou a Medida Provisória 520, que pretendeu concentrar a administração de todos os hospitais federais em uma estatal, em Brasília, medida esta que foi derrubada no Senado, apesar da reapresentação de um projeto de lei no mesmo sentido. Comentou querer avaliar sistematicamente o funcionamento do SUS no que diz respeito a horário e remuneração de médicos, planos de carreira, profissionalização da carreira de médico e sua inserção de forma mais relevante nas carreiras públicas de Estado, profissionalização de gestão de hospitais e capacitação de gestores. Reiterou serem esses alguns aspectos preocupantes e que trazem a presença do Ministério Público Federal tanto à audiência pública como aos próximos encontros. O senhor Presidente, em seguida, passou a palavra ao senhor Procurador da República Maurício Pessutto, membro do Ministério Público Federal em Santa Catarina, que cumprimentou em especial o Deputado Estadual Volnei Morastoni por ter acolhido o pedido do Ministério Público Federal a respeito da designação e realização de uma audiência pública para a prestação de contas das atividades da Secretaria de Estado da Saúde. Disse ter sido esse um ato de fundamental importância, não apenas por se tratar de um atendimento a uma determinação legislativa, mas também por representar um ato de cidadania e de prestação de contas perante os usuários e demais interessados, apresentando uma oportunidade para que sejam feitos questionamentos sempre com vistas ao aperfeiçoamento dos serviços. Cumprimentou o Secretário Dalmo Claro de Oliveira e fez suas as palavras do colega André quando falou da importância do tema saúde pública para o Ministério Público. Informou terem tido uma reunião, recentemente, com os Procuradores Regionais dos Direitos do Cidadão, uma instituição dentro do Ministério Público Federal responsável, especialmente, pela promoção e defesa dos direitos humanos, tendo sido apontado que o assunto mais demandado e que tem apresentado mais preocupações para a população é a saúde. Expressou sua vontade de que oportunidades como a audiência pública se repitam com periodicidade, inclusive em temas mais específicos. Dirigindo-se ao Secretário Dalmo, considerou estarem retomando uma rotina antiga que tende a se aperfeiçoar com a periodicidade que se implantará, avisando ser bastante importante que se possa trazer, junto com os dados mais abstratos do orçamento, uma comparação com a demanda que o serviço de saúde apresenta ao Estado e o quanto dessa demanda está sendo atendida, para que a leitura da prestação de contas possa ser mais compreensível e o controle mais eficiente. Perguntou como a Secretaria de Estado da Saúde e o Estado, como prestador e gestor estadual de saúde, estão se organizando para o cumprimento da aplicação orçamentária do mínimo constitucional, agora diante da nova sistemática apontada pelo Tribunal de Contas de exclusão da conta dos inativos, acrescentando ser o orçamento um dos pilares essenciais para que o serviço de saúde possa ser prestado com eficiência. Perguntou também como o Estado tem agido de forma a incentivar, a cobrar e a buscar a ampliação da Atenção Básica; como ele tem se relacionado 196 com as Secretarias Municipais de Saúde para que assumam a Atenção Básica e sejam cada vez mais resolutivas no atendimento da saúde; no plano da Atenção Básica, como o Estado tem se portado no amparo às Secretarias Municipais de Saúde, com vistas a buscar a implementação das necessárias equipes de Saúde da Família e levando em conta o quantitativo populacional; como tem sido o apoio, nesse sentido, e a troca de informações e de experiências, especialmente porque Santa Catarina é um Estado muito organizado em hospitais públicos e muitos deles recebem um quantitativo de atendimento básico nas suas emergências que poderia ser resolvido nas unidades de saúde de Atenção Básica; em alguns Municípios em especial, como o Estado tem se portado para buscar uma solução para esse problema; como o Estado tem agido, em termos de política pública de saúde, na prestação do serviço de saúde nas unidades prisionais e nas penitenciárias; como têm se formado as equipes de saúde dentro das unidades de execução penal e nas de prisão cautelar. Informou que o Ministério Público Federal esteve em algumas unidades dessa natureza há duas semanas e constatou dificuldades importantes que representam deficiência grave no serviço de saúde, a implicar, talvez, uma conversa mais específica para que se possa analisar o assunto de forma mais centrada. Perguntou, ainda se referindo aos presídios, como podem ser montadas as equipes de saúde; e como o Estado e a Secretaria de Estado da Saúde têm se aproximado dos Municípios que têm em seus territórios unidades prisionais para que eles façam sua adesão ao Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário. Assinalou que esse plano nacional já foi normatizado, declarando, entretanto, que não houve adesão da maioria dos Municípios de Santa Catarina, em que pese existir previsão normatizada de um repasse significativo de recursos pelo governo federal para o atendimento a essas equipes, repasse este inclusive maior que o destinado às equipes da Saúde da Família de modo geral. Perguntou também como o Estado, na gestão dos hospitais públicos, tem se organizado para que as filas de atendimento de cirurgias eletivas sejam atendidas dentro de um prazo razoável adequado; e que prazos adequados e razoáveis têm sido fixados como meta pela Secretaria da Saúde para atendimento. Afirmou saber que várias especialidades de cirurgias, principalmente as eletivas, acabam ficando em filas permanentes em que o paciente não é atendido num prazo razoável, acarretando a judicialização da saúde. Com relação às cirurgias de artroscopia, mencionou haver uma série de ações judiciais em andamento na Justiça Federal com a informação de que existem equipamentos adquiridos na Secretaria de Estado da Saúde à disposição dos hospitais, mas que não estão totalmente em operação por falta de insumos de uso não permanente, e indagou como podiam encaminhar soluções nesse sentido, já que esse é um dos tópicos que tem trazido várias ações individuais em andamento no Poder Judiciário. Quanto às cirurgias de lipodistrofia para pacientes com HIV usuários de antirretrovirais, avisou terem uma ação civil pública em andamento, já julgada na primeira instância com sentença de procedência para que o Estado e a União, em conjunto, promovam o serviço de saúde nesse aspecto. Explicou que os pacientes com HIV ou com Aids desenvolvida que fazem uso de antirretrovirais têm como sequela referente ao uso dessas medicações alterações na gordura corporal e, por consequência, baixa autoestima seguida de discriminação social. Apesar da especificidade da matéria, registrou ser essa uma questão importante que já mereceu, por parte do Ministério da Saúde, uma portaria estabelecendo que as cirurgias e o tratamento da lipodistrofia são obrigações do Estado e estão previstos nas tabelas do Sistema Único de Saúde, acrescentando que, inobstante isso, em Santa Catarina esses procedimentos não vêm sendo realizados. Frisou existir uma ação civil pública do Ministério Público Federal em andamento, com sentença de procedência, que foi ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região onde, em sede de apelação, foi mantida a decisão. Complementou que essa decisão está hoje em plena exequibilidade, com seus efeitos vigentes, mas ainda não se conseguiu implantar no 197 Estado o seu cumprimento, sendo apenas prestado, atualmente, o serviço de recomposição facial através da inserção de uma substância artificial, enquanto que as cirurgias específicas não vêm sendo realizadas. Passando a discorrer acerca da descentralização do tratamento do glaucoma, explicou ser o glaucoma uma questão de saúde pública bastante importante por ser ele a segunda maior causa de cegueira no Brasil, sendo seu atendimento previsto em atos normativos do Ministério da Saúde, inclusive com protocolo clínico e diretrizes terapêuticas com lista de medicamentos. Disse que, até bem pouco tempo, não vinha sendo prestado o atendimento no Estado, tendo iniciado somente no final de 2010, mas centralizado no Hospital Regional de São José Dr. Homero de Miranda Gomes. Frisou que o Hospital vem centralizando o atendimento de todo o Estado de Santa Catarina e que isso representa dificuldades, especialmente, para os pacientes do interior. Perguntou o que se pretendia fazer, pensando na possibilidade de descentralização desse tipo de política. Adiantou serem muitas as questões que se apresentam em termos de saúde pública e que, por isso mesmo, é preciso eleger prioridades. Observou, entretanto, que vários serviços já se encontram previstos, inclusive em atos normativos e portarias, e que esses, necessariamente, precisam ser atendidos. Deixou registrado que o Ministério Público pretende se colocar não apenas como fiscal da lei, exercendo seu papel constitucional de defensor da ordem democrática do Estado republicano e dos direitos humanos, mas também como aliados na busca de soluções. [Taquígrafa-revisora: Carla Greco Granato.] Falou de outro ponto específico que precisa ser debatido, e que o Deputado Volnei, sensível à causa, se propôs a realizar uma nova audiência para tratar sobre os análogos da insulina. Disse que o diabetes mellitus é uma das maiores causas de morbidade, de cegueira, de problemas renais, de amputação de membros, e acrescentou que os análogos da insulina é um dos objetos mais buscados no Poder Judiciário catarinense em ações individuais. Pontuou que existe um debate em relação aos pacientes com diabetes mellitus tipo 1, os insulinodependentes, especialmente aqueles que apresentam dificuldades de controle glicêmico com o uso das insulinas humanas, disponibilizadas pelo SUS, que são boas, importantes e necessárias, mas pela dificuldade de controle glicêmico e pelos frequentes episódios de hipoglicemia noturno em pacientes pediátricos, tem apresentado uma série de morbidades. Mencionou a inexistência no Estado do tratamento profilático para as hemofilias e comentou que existe uma ação civil pública do Ministério Público em andamento sobre esse assunto. Falou que a Secretaria Estadual da Saúde entende a necessidade desse tratamento, assim como o Ministério da Saúde, em que pese não haja uma normatização. Reiterou a diversidade das questões e afirmou que as audiências públicas dessa natureza trazem demandas e soluções. Mais uma vez agradeceu a iniciativa da Alesc, do Deputado Volnei, de realizar a audiência. O Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, disse que a audiência sobre a diabetes tipo 1, análogos da insulina, provavelmente será marcada para o início do segundo semestre, porque a Comissão está esperando que o Ministério da Saúde designe um representante para comparecer na ocasião. O senhor João Pedro Carreirão Neto saudou os presentes e contou que o grupo da terceirização começou na época de 1980, quando havia hospitais terceirizados e se pretendia construir hospitais regionais. Disse que alguns permaneceram públicos, como o Hospital Regional de São José e o Hospital Hans Dieter Schmidt de Joinville; no entanto os outros foram terceirizados, situação que perdura até hoje. Falou que esses hospitais têm dois contratos: o de manutenção em que o Estado de Santa Catarina, através da Secretaria de Estado da Saúde, mantém esses hospitais; e o contrato baseado na prestação de serviço. Como exemplo, citou os hospitais de Xanxerê, de Curitibanos, de Araranguá, de Chapecó e de Itajaí. Comentou a situação do Hospital Regional de Rio do Sul, que era regional mas hoje não se sabe se o patrimônio pertence ao Estado. Frisou que administrar hospitais novos, equipados, modernizados, é fácil; 198 mas administrar hospitais sucateados é um desafio. Fez várias perguntas, como: quanto o Estado gastou com a questão dos medicamentos nas demandas judiciais, e o que a Secretaria tem feito para diminuir essas demandas, que são fruto do mau planejamento do Estado; se foram sanadas as irregularidades na contratação de médicos para o Samu, que não foram contemplados pelo concurso público feito no ano passado; quanto o Estado gastou com horaplantão, com hora-sobreaviso, na Secretaria da Saúde. Pediu que a Dulce mostrasse, no primeiro trimestre, as fontes, aquilo que realmente se confirmou, porque o que está orçado nem sempre é transferido. Pediu que a Secretaria de Estado da Saúde também divulgue a audiência pública para que as entidades dos profissionais da saúde, por exemplo, também estejam presentes. O Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, diante do que foi colocado pelo orador anterior, afirmou que a Comissão de Saúde expediu mais de mil convites para os diversos setores que abrangem a Saúde. [Taquígrafa-revisora: Ione Terezinha Reis Melo.] Reconheceu que o grande número de audiências realizadas dificultava a participação das pessoas, mas especificamente sobre aquela audiência avaliou que se revestia de grande importância em função do seu objeto, que era a apresentação dos relatórios trimestrais de gestão do SUS pela Secretaria de Estado da Saúde. Concluiu concordando com o Secretário Dalmo de que era preciso realizar as próximas audiências para apresentação do relatório trimestral com mais frequência e contando com um número maior de participantes. Feito esse registro, o senhor Presidente passou a palavra ao senhor Allan Rodrigo Alcântara, presidente da Federação da Associação dos Moradores do Estado de Santa Catarina e coordenador da Comissão de Acompanhamento Orçamentário do Conselho Estadual de Saúde, que cumprimentou os presentes, especialmente os membros da Comissão que são usuários do Sistema Único de Saúde e representam a população catarinense no Controle Social dentro do Conselho, afirmando que falaria em nome do Controle Social em Saúde de Santa Catarina, na Comissão de Acompanhamento Orçamentário. Afirmou que era preciso avançar no controle social sobre o serviço público de saúde em Santa Catarina no sentido das parcerias e que o Conselho Estadual de Saúde deveria se aproximar mais da Assembleia Legislativa e do Poder Judiciário, mencionando que a Comissão de Acompanhamento já havia se colocado à disposição para ajudar nessa aproximação. Disse que a relação com o Executivo já acontece dentro do Conselho, mas que o desafio é que ela se dê para além dele, sendo por isso necessário o estabelecimento de fóruns cotidianos de diálogo. Assinalou que o aperfeiçoamento democrático do controle social também passava por uma adequação da própria Comissão e que talvez a rotina administrativa conduzida até o momento não tivesse ajudado no processo; e mencionou ser muito ruim o Conselho participar de uma audiência pública sem que tenha analisado e aprovado os relatórios dos últimos trimestres, avaliando que precisavam de ajuda para superar essa deficiência apresentada pelo Conselho e pelo Controle Social em Saúde. Esclareceu que o Conselho ficou praticamente cinco meses sem Controle Social em Saúde em Santa Catarina, o que os colocava num patamar de atraso e desorganização quanto à efetivação desse controle, e que apesar de a parceria com o Executivo ser receptiva, pelo menos com os técnicos e o Secretário da Saúde, era preciso avançar na mudança dos procedimentos colocados atualmente, e mencionou que o Secretário já havia sido informado que em função da forma de apresentação do relatório ser demasiadamente sintética e genérica, tinham dificuldades em analisar os relatórios de gestão e confrontar os dados apresentados com a realidade de Santa Catarina. Afirmou que sempre tem acompanhado as Conferências Municipais de Saúde (na semana anterior havia participado da Conferência Municipal de Saúde de Lages, já no processo de preparação para a 14ª Conferência Nacional) e pode verificar que é consenso a necessidade de um maior investimento do Poder Público federal para financiar a saúde na ponta, onde estão os 199 equipamentos e os serviços, onde está a maioria dos profissionais em saúde do País, e que em nível de Estado a crítica é dirigida em função da ausência do Poder Público estadual, não só na questão do financiamento, mas na parte da relação da assistência em saúde em Santa Catarina, e nesse quesito disse que o Controle Social em Saúde também estava à disposição. Explicou que, na sua avaliação, tanto para a Comissão quanto para o Conselho não tem sido problema analisar os itens apresentados nas prestações de contas trimestrais e nos relatórios anuais de gestão, e exemplificou dizendo que dos 26 itens analisados do relatório de gestão de 2010, 16 haviam sido atendidos, 9 parcialmente atendidos e apenas 1 havia recebido a indicação de não atendimento, ressaltando que o problema é o que não está contido no relatório ou não está claro como deveria, como a terceirização da saúde, e salientou que os conselheiros estaduais de saúde haviam recebido no mês anterior uma notificação recomendatória do Ministério Público do Trabalho, através da 12ª Região - Procuradoria Regional do Trabalho, sobre as condenações impostas ao governo do Estado de Santa Catarina a respeito da terceirização, principalmente do Hemosc e atividades fins. Explicou que o governo do Estado de Santa Catarina, através de uma ação civil pública, foi condenado em 28 de novembro de 2005 a apontar soluções para alguns problemas, dentre eles a transferência de atividades fins em prestação de serviço de saúde, a não contratação de servidores públicos, a contratação de ACTs em caráter não temporário e a atribuição de cargos em comissão de livre nomeação para pessoas que não têm cargos de direção, e que pelo descumprimento o governo teria uma punição diária de R$ 5 mil. Segundo a notificação recomendatória, os conselheiros não devem tomar nenhuma atitude que contrarie a decisão da ação civil pública, e por essa razão diz que vivem num impasse por não conseguirem aprovar o relatório de gestão, já que têm o entendimento, principalmente dos usuários, de que o procedimento do Ministério Público do Trabalho está correto. Avaliou que o Estado de Santa Catarina precisa se adequar à decisão que está transitada em julgado e deixou claro que o Conselho quer acompanhar, junto com o Executivo, com o Legislativo e com o Judiciário, o desenrolar da decisão, acreditando que esse encaminhamento deve ser tirado da audiência pública. Explicou que também existem gastos atribuídos ao financiamento da saúde que não são da saúde (não é um problema específico da Secretaria, mas de prestação de contas do governo, na Secretaria da Fazenda), como a folha de pagamento dos inativos, cuja desvinculação talvez aconteça somente no próximo ano. Citando que esteve recentemente representando o Conselho na plenária nacional das Comissões de Acompanhamento Orçamentário, observou que a Confederação Nacional dos Municípios apresentou um rol de vinculação de recursos atribuídos à saúde, onde aparece para Santa Catarina, em 2008, gasto com gabinete do Governador, com a administração do sistema prisional catarinense, com a administração da Polícia Militar e com a saúde suplementar do servidor público. Disse que era preciso saber se atualmente ainda havia importações sendo colocadas como gastos da saúde, acreditando que nesse ponto estava a resposta ao sentimento de ausência do governo do Estado de Santa Catarina que os Municípios têm em relação aos serviços na ponta. Reafirmou a disposição da Comissão em trabalhar em conjunto, principalmente para a resolução de dois desafios: gastos estranhos à saúde contabilizados dentro dos mínimos percentuais a serem investidos e a terceirização da saúde, que segundo o Governador do Estado de Santa Catarina, durante o processo eleitoral, seria o modelo de gestão a ser implementado no Estado. Concluiu afirmando que era necessário esclarecer à população se o Estado de Santa Catarina iria ou não trabalhar no processo da ilegalidade, tendo em vista que a sociedade concordava com o que havia sido definido pelo Ministério Público do Trabalho, qual seja, que governantes e gestores eram eleitos e indicados para assumir responsabilidade e não terceirizar, considerando que ficava muito fácil terceirizar aumentando o recurso para quem é 200 terceirizado. Na sequência, fez uso da palavra o senhor Clécio Antônio Espezim, Secretário Adjunto Municipal de Saúde de Florianópolis, que cumprimentou os membros da mesa e demais participantes e enalteceu a participação da Secretaria de Estado da Saúde e da Assembleia Legislativa por cumprirem dispositivos legais quanto à apresentação do relatório trimestral, o que caracterizava o poder da democratização e da transparência. Salientou que o Sistema Único de Saúde é o setor mais controlado e avaliado e que se destaca na atualidade como a maior proposta pública de saúde existente, ressaltando que o controle social é um dos itens importantes de todo o processo do SUS e que vem sendo trabalhado desde a 1ª Conferência Municipal de Saúde, em 1943, mas que foi legitimado somente em 1988. Teceu considerações a respeito das dificuldades em ser gestor, tanto na esfera federal, como estadual e municipal, afirmando que era mais fácil ser gestor estadual no Estado do Rio Grande do Sul do que em Santa Catarina, porque naquele Estado eles não tinham praticamente nenhum hospital a administrar enquanto que Santa Catarina tinha cerca de quatorze unidades hospitalares. Disse, também, que a responsabilidade de uma Secretaria de Estado da Saúde não era mais a de executar, mas de ter macrofunções de acompanhamento, de avaliação, de auditoria, de regulação, fato que não acontecia no Estado, pois a Secretaria ainda era executora, mas que gradativamente a política de saúde do Estado tendia a descentralizar, apesar dos questionamentos existentes, sendo necessário avaliar como proceder com a descentralização e fazer com que o Estado passe a desempenhar a sua macrofunção de avaliação e de acompanhamento. Referindo-se ao relatório apresentado pela Gerência de Planejamento da Secretaria, afirmou que era difícil sintetizar as grandes ações de um trimestre de uma Secretaria de Estado em poucos minutos, mas que era importante ao Conselho Estadual de Saúde ter o detalhamento das ações, tanto orçamentárias como financeiras, porém para uma audiência pública - e colocou para avaliação do Secretário Dalmo de Oliveira a sua ideia – os relatórios poderiam trazer as macrofunções do trimestre, identificando por bloco e centralizando as ações, dando oportunidade a todos de fazerem seus questionamentos e com isso aprimorar o processo democrático. Fez questão de destacar as grandes ações da Secretaria de Estado da Saúde: os transplantes (Santa Catarina é referência em nível nacional); a telemedicina; as ações epidemiológicas (o Estado é referência em nível nacional nos índices de cobertura vacinal em função do trabalho da Secretaria de Estado da Saúde de cobrança e avaliação das ações municipais); o trabalho desenvolvido pelo Centro de Informações Toxicológicas de Santa Catarina (CIT/SC), com mais de cinco mil atendimentos realizados nos terceiro e quarto trimestres de 2010 e primeiro de 2011; e os medicamentos excepcionais, citando que o Município de Florianópolis possui uma farmácia-escola e três outras farmácias consideradas referência em medicamento excepcional, em função da efetiva participação da Secretaria de Estado da Saúde nos Municípios. Reportando-se ao que foi colocado pela Promotoria sobre execução, disse que houve um engano, pois Secretaria de Município ou de Estado não pode executar ambulatório; que no Programa da Saúde Prisional, quem conhece a legislação sabe sobre isso, a responsabilidade maior é do Ministério da Justiça e da Secretaria de Segurança, pois é preciso possuir estrutura física e tecnológica nos ambulatórios para que os Municípios façam a sua execução, já que a responsabilidade do Estado em nível de planejamento é de coordenar, fazendo com que a Secretaria de Estado da Segurança Pública execute. Outra questão colocada pelo Promotor que foi rebatida pelo senhor Clécio Espezim diz respeito à questão das emergências das unidades hospitalares. O mesmo afirmou que a saúde não será concluída nunca, devendo ser cada vez mais fortalecida, que os Municípios estão cumprindo o seu papel, a exemplo de Florianópolis, que faz mais de oito mil atendimentos por dia, e que é preciso somente uma educação maior à população para que procure os centros de saúde e não as emergências dos hospitais. Colocou que considera de 201 suma importância a inserção na apresentação do percentual do Programa Estratégia de Saúde da Família que está sendo desenvolvido no Estado, citando que Florianópolis tem 106 equipes com 85% de cobertura da população, porque a Secretaria de Estado, com a macrofunção reguladora de todo o processo, tem que acompanhar e estimular os Municípios para que tenham cada vez mais equipes de Saúde da Família, até porque o Estado repassa recursos de complementação da Saúde da Família aos Municípios. Finalizando, disse que em relação ao estrangulamento existente ele não se apresenta na alta complexidade nem na atenção básica, mas na média complexidade, nas consultas especializadas que têm que ser incrementadas, implementadas e regionalizadas no Estado, e perguntou se existe algum planejamento que beneficie os Municípios em relação às cirurgias eletivas. Agradeceu mais uma vez a oportunidade e cumprimentou novamente todos os participantes do processo. [Taquígrafarevisora: Siomara G. Videira.] Ato contínuo, o senhor Presidente passou a palavra ao senhor Deputado Estadual Sargento Amauri Soares, que cumprimentou a todos. Parabenizou e agradeceu o Secretário de Saúde, Dalmo Claro de Oliveira, pela negociação com os servidores estaduais, impedindo com isso também uma greve na saúde pública do Estado, assim como deveria ter acontecido na educação, observando que o governo do Estado garantisse os direitos historicamente conseguidos. Informou que existe a Ação Civil Pública nº 57.772/2005, na Justiça Federal do Trabalho, determinando, sob pena de multa diária de R$ 5.000,00, que o Estado se abstenha de terceirizar a função fim, de contratar pela CLT e de realizar novos contratos para realização de atividade fim com as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips), além da decisão do cancelamento de contratos com a Fahece para administrar o Hemosc e o Cepon, deixando claro que essa é uma decisão transitada em julgado. Dito isso, perguntou: por que o Estado não está cumprindo essa determinação? Informou que na semana passada o Hemosc e o Cepon realizaram uma reunião com integrantes da Secretaria da Saúde e ficou decidido que será feito um investimento de mais dois milhões para a construção do Hospital do Cepon, no Itacorubi, dentro do mesmo contrato. Disse se tratar de algo ilegítimo e ilegal em prejuízo da sociedade, explicando que o contrato com a Fahece permite que ela invista recurso no mercado financeiro. Solicitou esclarecimentos sobre uma denúncia realizada, que necessita ser averiguada, onde recursos públicos estão sendo jogados fora, no Cepon, através da compra de equipamentos para serem utilizados na radioterapia, mas que não estão sendo utilizados, explicando que os equipamentos são caros e a manutenção é muito alta. Demonstrou sua preocupação quanto à contratação com a Organização Social, pois foi comentado que isso precisa de legislação para regulamentar mas continua sendo uma política de Estado. Encerrando, perguntou como está o andamento dessa questão e agradeceu a todos pela participação. O senhor Presidente, Deputado Volnei Morastoni, abriu a palavra para a plenária e informou que ao final da audiência pública o Secretário responderá aos questionamentos. Em seguida, passou a palavra à senhora Estela Conceição do Fórum Catarinense de ONGs/AIDS e do Conselho Municipal de Saúde de Florianópolis, que observou que o PAN não foi apresentado, comunicando que tem um atraso dos anos de 2009 e 2010 no repasse de verba para as ONGs. Fez um convite para que todos participem da 4ª Conferência Municipal de Saúde, nos dias 14, 15 e 16 de julho, na Escola Técnica, com a presença do Ministro Padilha. Falou para o senhor Maurício que é extremamente importante a situação do sistema prisional e não se pode deixar a responsabilidade somente para o Estado e para o Município, sendo importante a presença da Justiça, pois quando é chamada para participar ela não comparece. Relatou que a partir do momento em que há um plano operativo do sistema prisional implantado efetivamente no Estado de Santa Catarina conseguem resolver pelo menos 50% dos problemas dentro do sistema prisional. Fez um apelo para que a Justiça compareça às reuniões quando for 202 chamada, não só pelo Conselho Municipal como por outras entidades que se fazem presentes. A senhora Irma Manuela, representando o Fórum de ONGs/AIDS, desejou bom-dia a todos. Disse que perderam uma interlocução para trabalharem juntos em relação à ONG/AIDS em Santa Catarina. Relatou que há um ano tem dificuldades para conversar e que o repasse de fundo previsto em lei às Organizações da Sociedade Civil é fundamental para a organização. Falou que conseguiram a implementação da atividade de prevenção, de acompanhamento e de controle das pessoas com AIDS, com hepatite, com tuberculose e outras doenças. Falou que a epidemia da AIDS no Brasil tem se convertido no programa mais importante em nível internacional, entre outras questões, e nacional pela intervenção da sociedade civil organizada, que neste momento está ao lado do SUS e tem se manifestado contra o processo de privatização do atendimento hospitalar. Em relação ao plano operativo de assistência integral no sistema prisional, relatou que não é possível mais continuar esse caos no sistema prisional, que é importante implementar um atendimento, informando que o plano operativo de 2004 diz que os detentos são de responsabilidade da prefeitura, depois não, porém como o números de presos aumentou é preciso que haja um novo planejamento. Mencionou que o presídio feminino de Florianópolis tem 120 presas e não tem nenhum tipo de atendimento, mais duas voluntárias, uma é médica e outra enfermeira, que fazem todo o atendimento. Afirmou que a situação é grave e não dá para fechar os olhos para o que está acontecendo dentro dos presídios. O senhor Gilberto Scussiato, do Conselho Estadual de Saúde, cumprimentou a todos. Informou que fez um transplante de fígado pelo SUS em Santa Catarina. Ressaltou que o SUS deve ser valorizado, que o SUS é promoção, proteção e recuperação, registrando que não estão cumprindo o que o SUS diz que é a promoção, melhorar a Atenção Básica e a classificação de risco, observando que forças políticas e financeiras não querem que o SUS funcione dessa maneira. Finalizou, explicando que, através da Atenção Básica e da classificação de risco, as filas dos hospitais vai diminuir, mas que para isso acontecer é preciso vontade política, vontade dos conselheiros, da Assembleia, da gestão e dos profissionais para melhorar a questão das políticas públicas que o SUS precisa. Lembrou aos Deputados que o PPA está entrando na Assembleia e que através dele irão saber o que fazer pela saúde do Estado de Santa Catarina. Finalizou, convidando todos para a Conferência Nacional que acontecerá entre os dias 19 a 21 de outubro. O senhor Hilário Dalmann, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Jaraguá do Sul, cumprimentou o Deputado Estadual Volnei Morastoni, o Secretário de Saúde e a todos os presentes. Perguntou aos promotores se sabem como funciona o financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e o que poderá ser feito para melhorar esse financiamento. Relatou que 60% dos impostos ficam com o governo federal e 40% são destinados ao Estado e aos Municípios, perguntando se não haveria uma melhoria caso os valores fossem revertidos e também porque não é votada a nova emenda constitucional para ter novos recursos para a saúde. Concluiu que o problema do Sistema Único de Saúde é o financiamento. O senhor Dalmo Claro de Oliveira, Secretário de Estado da Saúde, falou que é médico e está formado há 33 anos. Comentou que desde a década de 70 e 80 a medicina de assistência à saúde da população teve avanços importantes no que se refere ao acesso da população a serviços públicos. Recordou que atendia os pacientes nos pronto-socorro, em hospitais, e que entre os pacientes pouquíssimos eram particulares, poucos tinham planos de saúde, uma maioria significativa era atendida pelo Inamps, exemplificando os que tinham carteira assinada, pois os demais eram chamados de indigentes porque não tinham recursos e nem vínculo trabalhista, mesmo que exercesse alguma atividade produtiva na sociedade. [Taquígrafa-revisora: Jacqueline de O. V Bitencourt.] Afirmou que teve uma evolução muito grande e por conta disso, e até por maior consciência da nossa sociedade, com maior esclarecimento e desenvolvimento educacional e 203 cultural, avaliou que as pessoas têm buscado mais recurso na saúde, e têm reivindicado mais, o que é uma coisa interessante porque permite o aprimoramento da saúde pública. Disse que, entre os Estados, Santa Catarina está no pelotão de frente no que tange a uma série de aspectos relacionados à saúde pública. Avaliou que a Atenção Básica no Estado é bem desenvolvida, e citou que todo o extremo oeste, nas regionais de Itapiranga, São Miguel do Oeste e Dionísio Cerqueira, há 100% de cobertura de Estratégia de Saúde da Família, e que Florianópolis hoje está com 85% de cobertura, o que demonstra o avanço na área da saúde. Com relação ao Samu, disse que a sua coordenação estava integrada para todo o Estado, e que até pouco tempo atrás era o único com essa cobertura. Comentou que há Estados próximos a Santa Catarina, em que a jurisdição de um Samu encerra numa determinada rua ou avenida, e ali começa a jurisdição do Samu da cidade vizinha, às vezes até começando numa metrópole, como até pouco tempo atrás no caso de Porto Alegre. Informou que o Samu começou no final de 2005, e que hoje é difícil imaginar ficar privado desse serviço, que ainda precisa de muito aprimoramento, mas que tem cumprido um papel importante, sendo reconhecido pela sociedade. Prosseguindo, comentou que Santa Catarina é líder em transplante e em doação de órgãos no País. Disse que a vigilância epidemiológica funciona muito bem, e citou como exemplo a dengue, informando que houve dois ou três casos que teriam sido contraídos no Estado em condições até um pouco folclóricas, mas são casos muito isolados. Porém, destacou que há o argumento que existe a doença por questões geográficas ou climáticas, e esclareceu que esse não seria o motivo, porque a dengue está endêmica no Paraná e no Rio Grande do Sul, e aqui não. Avaliou que existem ainda muitos desafios, todos muito justos, principalmente os elencados pelo Ministério Público e pelos representantes do Conselho Estadual da Saúde, e manifestou que é a quantidade de desafios que o motivou a ter aceitado o convite e a continuar no cargo que exerce. Quanto aos recursos, disse que por mais que tenham crescido muito nos últimos anos, eles são finitos, salientando que muitas vezes os gestores municipal, estadual e federal têm que fazer algumas escolhas e às vezes priorizar algumas coisas. Por outro lado, alguns programas devem receber uma atenção menor ou uma implantação mais delongada, por conta da Lei de Responsabilidade Fiscal. Deixou claro que outro desafio de gestão é reduzir o desperdício, de buscar realmente a utilização ótima de um recurso, avaliando que nenhum gestor público está isento de equívocos na destinação de recurso. Dito isso, pediu ajuda à sociedade, através de toda a sua organização, para que apontem os problemas, e manifestou que estará sempre aberto para receber as críticas, desde que com fundamentação, lembrando que infelizmente é comum uma denúncia vaga e às vezes lançada de uma forma até inadvertida na imprensa, causando um impacto na população, com um conceito que, por vezes, não se desfaz mais. Considerou que eles têm que se nortear pelas demandas da população, e acrescentou que há pontos extremamente questionados hoje. Continuando, disse que há uma defasagem muito grande no acesso da população, principalmente, na média complexidade, como, por exemplo, no transplante de fígado. Já para o transplante de córneas a fila é muito pequena em algumas cidades de Santa Catarina, muito menor que a fila da catarata, que é um procedimento muito mais simples. Dito isso, avaliou que a demanda reprimida é na média complexidade de consulta com especialistas, exames especializados e cirurgias eletivas. Em relação aos pontos levantados na audiência, disse que tentará resolver alguns, e depois continuará à disposição. Em seguida, discorreu sobre a aplicação dos 12%, dizendo que tinham destinado para o orçamento 12,2% da arrecadação prevista do Estado da receita líquida dos impostos. Porém, manifestou que não estava preocupado com isso, porque há uma lei aprovada na Assembleia Legislativa, por iniciativa do Deputado Estadual Dado Cherem, que determina que o pagamento dos inativos seja feito pelo Tesouro, ficando, dessa maneira, fora do orçamento da saúde. Informou que não tem 204 nenhum elemento que diga que estão com a folha dos inativos incluída no orçamento da saúde, e lembrou que o senhor Allan disse que o pagamento da folha talvez fosse aplicado em 2012, e gostaria que ele trouxesse algum subsídio sobre isso. Nesse sentido, manifestou que quando alguém denuncia alguma coisa ou faz referência a algo em ambiente público, tem que ter o mínimo de comprovação ou de fundamento. Lamentou que o senhor Allan tivesse se ausentado da reunião, e reiterou que o aguardará para que ele traga subsídios sobre o que falou, e, com isso em mãos, irá à Secretaria da Fazendo do Estado questionar esse fato, visto que existe uma lei, aprovada e promulgada, a ser cumprida. Com relação à Atenção Básica, do apoio do Estado e do papel dos Municípios, o SUS é uma construção de responsabilidade dos três níveis, federal, estadual e municipal. Salientou que algumas das ações são de foco mais preponderante da União, outras do Município, e algumas do Estado. A Atenção Básica tem como foco principal a execução por parte dos Municípios, mas têm verbas federais, programas, como o da Atenção Básica, que tem uma verba no Ministério da Saúde, o chamado PAB Fixo e PAB Variável. Prosseguindo, disse que no orçamento de 2011 o Estado de Santa Catarina tem R$ 80 milhões destinados a auxiliar os Municípios no financiamento de Atenção Básica, e acrescentou que isso tem aumentado de forma significativa, incluindo as ações de Estratégia da Saúde da Família, ações de custeio e de repasse direto para os Municípios. Considerou que os investimentos na Atenção Básica este ano estão um pouco reduzidos, e informou que o auxílio aos Municípios na construção de postos de saúde foi de R$ 8 milhões e 700 mil. Porém, opinou que há condições, se possível, de fazer algumas economias em outros setores e aumentar a capacidade de investimento do Estado na Atenção Básica, dando apoio aos Municípios. Quanto à saúde nas unidades prisionais, considerou que ainda é uma dificuldade, chega a ser até uma área nebulosa, e confessou que não tem um diagnóstico adequado da situação. Disse que Secretaria da Saúde participa, de alguma forma, no financiamento da saúde. A seguir, respondendo a um questionamento feito pelo senhor Allan, informou que até agora assinou um convênio, uma descentralização, para a Secretaria da Justiça e Cidadania no valor de R$ 400 mil para aquisição de medicamentos para as unidades prisionais do Estado. Dito isso, manifestou que gostaria que o senhor Allan repassasse, de uma forma concreta, onde se está financiando o sistema prisional em questões administrativas. Dando prosseguimento, esclareceu que existe demanda reprimida de cirurgia eletiva porque a tabela do SUS, que remonta de dez a vinte anos, na média complexidade, é muito baixa. Citou como exemplo que numa cirurgia de apendicite o SUS repassa para o hospital R$ 420,00, incluindo hotelaria, alimentação, o serviço de enfermagem, do cirurgião, do anestesista, os medicamentos e os anestésicos, para uma internação média de, pelo menos, dois dias, isso se tudo transcorrer de forma tranquila, sem infecção de abdômen. Citou que o valor de uma cesariana é R$ 430,00, e um parto normal é R$ 370,00; que um exame de eletroneuromiografia, que consiste na colocação de agulhas no órgão danificado para pesquisar a transmissão dos impulsos pelos nervos e a resposta muscular, custa em torno de R$ 20,00, valor que não cobre nem o custo da agulhas. Refletiu que não se pode pensar que o prestador de serviço vai fazer o trabalho se não há como ressarcir, no mínimo, os seus custos. Então, disse que isso tudo leva a uma demanda reprimida. Por outro lado, analisou que também há limitações do número de AIHs e do teto da média e da alta complexidade. Informou que o per capita para a média e a alta complexidade, do Ministério da Saúde do Estado de Santa Catarina, é significativamente menor do que o do Paraná e, principalmente, do que o do Rio Grande do Sul, com uma defasagem que chega perto de 50%. Destacou que as características étnicas, culturais, geográficas e climáticas são muito próximas nos três Estados do Sul, o que não justificaria essa defasagem. Contou que levaram esse critério ao Ministro, há três semanas, e a alegação foi de que a disponibilidade de leitos e de serviços do 205 Rio Grande do Sul e do Paraná é diferente da nossa. A seguir, disse não concordar com esse critério, porque a disponibilidade não quer dizer que a população não tenha demanda pelos serviços a serem prestados. Com relação às cirurgias ortopédicas por videoartroscopia, informou que estão tentando ter uma posição mais precisa sobre esse assunto, porém, salientou que existem ou existiram dificuldades, porque foi comprado material em caráter fixo, como as torres de vídeo para fazer as cirurgias, mas faltaram alguns materiais de consumo para determinados tipos de cirurgias de vídeo. Dando continuidade, levantou o problema relacionado à apatia de alguns profissionais em realizar procedimentos no serviço do SUS. Com relação às cirurgias para a lipodistrofia, comprometeu-se em aprofundar mais esse tema, comentando que não tinha muitos dados para passar, mas que isso deveria estar relacionado com tabelas do SUS, ou algumas limitações técnicas e de recurso. Disse que estão tentando regularizar a atenção ao glaucoma; que os análogos de insulina são uma discussão que está inserida em todo o contexto da judicialização; e que o tratamento profilático da hemofilia é complexo, inclusive porque há falta ou limitação desses produtos em nível nacional. Comunicou que o governo federal está construindo uma fábrica, parece que é em Pernambuco, para derivados de sangue, onde vai, possivelmente, tentar disponibilizar um pouco mais esse tipo de subproduto para o tratamento de hemofílicos. Comentou que existe um cartel mundial em que meia dúzia de produtores de hemoderivados domina o mercado mundial, sendo isso um sério problema no que diz respeito à quantidade a ao preço abusivo que esses produtos têm no mercado internacional. Com relação às terceirizações dos hospitais, opinou que era preciso um dia para falar sobre esse assunto. Destacou que hoje o Estado tem quatorze instituições hospitalares de gestão direta do Estado, citando as nove de Florianópolis que são: Hospital Governador Celso Ramos, Maternidade Carmela Dutra, Hospital Nereu Ramos, Hospital Infantil Joana de Gusmão, Hospital Florianópolis, Hospital Regional de São José, o Instituto de Cardiologia, que funciona anexo ao Hospital Regional de São José, o Instituto de Psiquiatria, em São José, e o Hospital Santa Tereza; e os cinco hospitais do interior: o Hospital Regional Hans Dieter Schmitd, de Joinville; a Maternidade Darcy Vargas, de Joinville; a Maternidade Dona Catarina Kuss, de Mafra, o Hospital Geral e Maternidade Tereza Ramos, de Lages, e Hospital Doutor Valdomiro Colautti, em Ibirama. Informou que há três hospitais com gestão terceirizada por OS, que é o Hospital Regional de Araranguá, o Hospital Regional de São Miguel do Oeste e o Hospital Materno-Infantil Dr. Jeser Amarante Faria, em Joinville; ainda há o Cepon, que é uma instituição que tem uma pequena estrutura hospitalar, porém mais de atendimento ambulatorial, terapêutica, e o Hemosc, que é a rede de hemoderivados. Contou que a Assembleia aprovou recentemente uma gerência de OS para fazer um acompanhamento mais adequado dessa terceirização, visto que ela não estava delineada na estrutura da Secretaria. Destacou que tem dificuldades nesse acompanhamento e ainda não tem uma análise completa disso, mas opinou que os resultados da terceirização de gestão devem ser analisados sem preconceito, observando que também existem as terceirizações de hospitais. Prosseguindo, disse que nas terceirizações de gestões cabe analisar o resultado nos hospitais e cotejar com a própria gestão. Dito isso, citou como exemplo o Hospital Materno-Infantil de Joinville, que funciona há dois anos e meio com gestão terceirizada, que já atingiu praticamente o nível de procedimentos e atendimentos do Hospital Infantil Joana de Gusmão, e recebe do Estado, entre o seu pagamento das AIHs, do serviço prestado via SUS e mais o complemento que o Estado faz, um total de R$ 3 milhões 600 mil por mês. O Hospital Infantil Joana de Gusmão consome quase R$ 6 milhões por mês, para uma mesma produção. Reafirmou que é necessário se desprover de preconceito e ver como pode se utilizar melhor o recurso público. Refletiu que cabem críticas à gestão deles, porém, destacou que é preciso ver quais são os limitantes na gestão do serviço em saúde pública, 206 acrescentando que é um material que quebra, é a demora para repor um equipamento, advindo de uma licitação com vícios. Falou que também há a situação do Estatuto do Servidor, e, oportunamente, lembrou que o Deputado Estadual Sargento Amauri Soares fez um comentário sobre os servidores da saúde e da educação. Comentou que tem hospitais que foram terceirizados, como o Hospital Regional de Rio do Sul, que foi construído pelo Estado e doado para uma fundação, e não recebe nenhum recurso do Estado para sua manutenção. Como todos os hospitais de caráter filantrópico, ele recebe do governo federal e estadual, quando da sua contratualização, um pequeno incentivo, porém atualmente enfrenta dificuldades muito grandes. Contou que já foi a três reuniões do hospital neste ano, e o déficit está em torno de R$ 400 mil porque atende basicamente o SUS e tem um forte componente de média complexidade, que é deficitário, tem trinta leitos de UTI, dez de UTI geral, dez de cardiologia, dez de UTI neonatal, destacando que a UTI é altamente deficitária para os hospitais. Revelou que agora saiu uma portaria do Ministério, da rede de urgência e emergência, que os hospitais integrados nessa rede receberão um reforço na diária das UTIs. Há outros hospitais terceirizados, como é o caso do Hospital Regional São Paulo, em Xanxerê, do Hospital Regional de Curitibanos e do Hospital Maternidade Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí, que recebem subsídios num volume muito menor, como se fosse 10% do que um hospital equivalente recebe do Estado. O Hospital São Paulo recebe quinhentos e poucos mil reais, o Hospital Maternidade Marieta Konder Bornhausen e o Hospital Regional de Curitibanos recebem também algo em torno disso. No que diz respeito aos medicamentos judiciais, comentou que se tem uma gama muito ampla de motivações para as ações judiciais, e discorreu alguns pontos. Disse que tem ações judiciais para procedimentos, os de caráter estético são concedidos pela Justiça, e, manifestou que além do questionamento da procedência deles sobre outros procedimentos que não sejam de caráter estético, ainda são obrigados a comprar o serviço de particulares a preços bastante elevados. Contou que há casos de profissionais que são servidores do Estado que, até por falta de algum equipamento ou de insumo, fazem esse serviço na rede privada, com valores de dez a vinte vezes superiores de honorário do que seria na tabela do SUS. Nesse sentido, disse que é uma questão que precisaria avançar, e comentou que se está tentando fazer as cirurgias, por exemplo, de artroscopia no Estado. Acrescentou que existem abusos por parte de prestadores quando estão envolvidos numa prestação de serviço, fruto de uma ação judicial, em que os preços são realmente abusivos. Em relação a medicamentos e alimentos, disse que ainda existem questionamentos e dúvidas, avaliando que não são poucas as demandas de fornecimento de produtos, que são concedidos pela Justiça, e que não são especificamente medicamentos. Refletiu que se isso se tornar obrigação do Estado, devem passar a cumprir. Porém, opinou que tem que ser discutido pela sociedade se o Estado deve fornecer protetor solar, creme e sabonete hidratantes, e quanto ao sabonete disse que cientificamente não hidrata nada, e mesmo assim são obrigados a dar numa quantidade não muito pequena. Mencionou que os alimentos são os mais diversos, como chocolates, bombons, e também alguns medicamentos que ele concorda que deveria ser obrigação do Estado e não o são porque o Ministério da Saúde não entende que isso deva entrar na lista dos medicamentos especializados ou excepcionais. [Taquígrafa-revisora: Ana Rita Moriconi de Souza.] Falou que em relação a isso têm constituído um grupo, que já está trabalhando, formado por médicos e por advogados da Secretaria e membros da Procuradoria-Geral do Estado, que têm contatos, tem realizado conversas e alguns encaminhamentos junto ao Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina com a finalidade de fazer a prevenção de alguns aspectos. Disse que devem estabelecer protocolos de fornecimento dos medicamentos, se necessários, e que podem negálos caso não tenha indicação, porque têm sérias suspeitas de que muitos medicamentos que 207 são obrigados a fornecer não são benéficos ao paciente. Informou que nos casos dos medicamentos que são adquiridos judicialmente eles têm pregões, com ata de registro de preço, e são comprados mediante o pregão; que um ou outro caso isolado, aqueles pouco comuns, são feitos com dispensa de licitação. Reconheceu que o cumprimento do Estado brasileiro muitas vezes falha no fornecimento de alguns serviços ou medicamentos por motivos diversos, seja por falta de condição, por dificuldade da compra do serviço ou até de se estruturar para isso, mas lembrou que a obrigação é muito ampla. Ponderou que se fizer a comparação com outros países mais desenvolvidos do que o Brasil, poderá ser visto que a obrigação em grande parte dos casos não é tão ampla quanto a do Estado brasileiro; que a Constituição de 1988 é bastante abrangente e compreensiva e que isso trouxe um grande desafio e uma grande dificuldade no seu cumprimento. Sugeriu a realização de uma audiência para discutir sobre o Samu, tendo em vista a sua importância. Contou que o Samu hoje emprega cerca de 1.500 profissionais no Estado e que as dificuldades são principalmente de pessoal. Exemplificou que poucos médicos suportam trabalhar numa emergência de um hospital movimentado por mais do que dez ou vinte anos; que pouquíssimos chegarão a trinta anos; que a atividade no Samu é muito mais estressante do que a atividade num prontosocorro de um hospital; que uma enfermeira que aos trinta anos de idade passa num concurso do Samu dificilmente vai conseguir trabalhar, nos próximos vinte e cinco ou trinta anos, naquela atividade contendo surtos psicóticos, recolhendo andarilhos atropelados na rua, motoqueiro com fraturas expostas, com perda de massa cerebral. Exemplificou ainda que uma enfermeira com 30 anos, com seis meses de Samu, está fazendo uma série de solicitações, inclusive por conta de influência política, para ser transferida para a Secretaria de Desenvolvimento Regional. Presumiu que se tiverem todas as enfermeiras e médicos concursados do Samu com estabilidade, vai se ter uma avalanche de pedidos para irem para trás de uma escrivaninha nas Secretarias de Desenvolvimento Regional. Avaliou que tem que achar uma solução para esse problema. Concordou com a questão de que se tem um número reduzido de médicos nos hospitais do Estado; que existem deficiências em vários setores, como existe falta de produtividade em outros setores; que existe excesso de horas-plantão, tanto por parte dos médicos como dos enfermeiros devido à falta de profissionais, mas que as horas-sobreaviso são necessárias em muitos casos de determinadas especialidades. Discordou do senhor Allan Rodrigo Alcântara quando o mesmo falou que a Secretaria de Estado da Saúde está ausente no interior do Estado. Contou que tem visitado muitas regiões e em todas fez reuniões com os Secretários Municipais da Saúde. Discordou ainda sobre as questões dos inativos e solicitou que ele fundamentasse o que disse. Sobre os gastos administrativos com a PM, contou que o Estado de Santa Catarina tem um convênio com o Corpo de Bombeiros e com o Samu de R$ 1,5 milhão, para a locação do helicóptero Arcanjo, que faz os resgates; que esses resgates são em número de dois por dia, sendo que esse número aumenta no verão; que fez a renovação desse contrato neste ano de 2011. Contou ainda que existia um convênio com o helicóptero da Polícia Militar para transporte de órgãos para fins de transplante, também no valor de R$ 1,5 milhão; que no ano passado foram feitos dez transportes e que ele não renovou o contrato. Disse estar à disposição para discutir com a PM. Explicou que não acha justo dar essa destinação ao recurso público de R$ 1,5 milhão para subvencionar o helicóptero que é para ação da Polícia Militar, por conta de fazer dez transportes; que para o Estado é mais fácil contratar terceiros para fazer dez transportes, porque com certeza vai se gastar menos que R$ 1,5 milhão. Disse não estar olhando o Estado, a Segurança Pública que tem todo o seu mérito, mas o orçamento da Saúde. Narrou que também havia uma solicitação de convênio ou de descentralização para Casa Civil ou Militar de mais R$ 1,5 milhão para as aeronaves do Estado que também fazem algum tipo de transporte de órgãos para transplante e 208 que também não assinou; que se houver novamente a solicitação vai levar ao Governador o pedido para que a frota de aeronaves do Estado faça esse transporte sem que seja necessário descentralizar esse recurso da Secretaria da Saúde. Sobre a ação civil pública da Justiça do Trabalho, disse que a informação que tem da PGE é que o Estado recorreu ao Superior Tribunal do Trabalho, e que, por conta disso, aguardaria esse último julgamento; que se não progredir nessa instância, o Estado vai ter de cumprir o determinado pela Justiça, mas será uma transformação dramática na estrutura. Sobre o Hemosc/Cepon, contou que não participou de nenhuma reunião, que desconhece alguma reunião nesse sentido e que não assinou nenhum repasse para o Cepon ou para o Hemosc; que acenaram com a possibilidade de concluir o Hospital do Hemosc, que está parado, que tem 40 apartamentos, sendo a maior parte deles equipados com leitos, e que não estão sendo utilizados; que falta um valor aproximado de R$ 1 milhão para concluir e colocar em funcionamento; que hoje os pacientes do Cepon estão internados numa unidade precária. Narrou que o Cepon também tem um prédio inacabado com UTI e com centro cirúrgico, mas que precisaria de cerca de mais R$ 1,5 milhão, de R$ 2 milhões para terminar a UTI; que os procedimentos cirúrgicos do Cepon são feitos no Hospital Celso Ramos e que acabam ocupando o seu espaço. Afirmou que o ideal seria que o dinheiro que foi investido recebesse um complemento para que pudesse ser utilizada a UTI ou o centro cirúrgico do Cepon. Disse que esses convênios, essa descentralização são feitos mediante a prestação de contas, mas que o bem continua sendo público. Expôs que a Secretaria tem recursos, repassados pelo Ministério da Saúde, que estão no banco, aplicados; que é um setor específico da Fazenda que cuida disso. Sobre o equipamento da radioterapia que custou R$ 400 mil e gasta R$ 40 mil por mês de manutenção, disse que desconhece essa situação; que vai apurar o fato para ver se está havendo algum desvio de recurso e para saber se há também algum equipamento que não esteja sendo utilizado. Já sobre o repasse para as ONGs comprometeu-se a estudar a situação e aceitou a solicitação dos representantes da sociedade para ver o que está ocorrendo. Disse que a situação da saúde no sistema prisional realmente é dramática, mas que é uma questão de dramaticidade de todo o sistema prisional; que conhece por dentro apenas o presídio de Joinville, que é um presídio comum, que deve ser a média dos presídios de Santa Catarina, mas que realmente é terrível. Afirmou que tem que se evoluir no sistema prisional; que o Governador Raimundo Colombo está muito sensibilizado com isso e tem se empenhado em buscar soluções para essa questão com organização e maiores investimentos para essa área. Sobre a Atenção Básica mencionou que tem que receber um maior cuidado - e tem recebido - do Estado. Disse que tem a convicção de que quanto mais se investir na Atenção Básica, mais qualidade de vida terá a população. Agradeceu a intervenção do presidente do Conselho Municipal de Saúde de Jaraguá do Sul falando sobre a tabela do SUS e confirmou que isso tem sido uma questão dramática porque dificulta muito a compra de certos serviços e tem ocasionado o retardo. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, questionou o Secretário sobre um questionamento do senhor João Pedro em relação a algum estudo feito pela Secretaria sobre a hora-plantão e a hora-sobreaviso. O senhor Dalmo Claro de Oliveira, Secretário de Estado da Saúde, respondeu que estão estudando. Falou que se tiverem mais profissionais, talvez possam reduzir a hora-plantão; que hoje teria que fazer a contratação de três mil profissionais entre médicos, enfermeiras e serviços gerais; que se contratarem mil ou mil e quinhentos irão conseguir reabrir alguns leitos que estão fechados, movimentar algumas salas cirúrgicas que estão inativas; que é preferível primeiro usar os novos contratados para reabrir algumas salas cirúrgicas e alguns leitos para só depois diminuir a hora-plantão. Adicionou a isso que a tabela do SUS para alta complexidade está bastante adequada, mas que na média complexidade está muito defasada; que a tabela do SUS não está defasada não só em valores 209 mas também na sua sistemática. Comunicou que estão lançando um programa, chamado de mutirão, para tentar reduzir a fila para as cirurgias eletivas; que inicialmente é um pacote de 20 mil cirurgias; que na região de Florianópolis serão mais de três mil cirurgias e na região de Blumenau pelo menos duas mil cirurgias. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, passou a palavra ao senhor André Stefani Bertuol, que parabenizou o Deputado Volnei Morastoni pela realização da audiência pública na Assembleia. Agradeceu as considerações do Secretário e a presença de todos. Disse que todos devem saber que não estava preparado, bem como a Secretaria, para apresentar todos os dados que se tem interesse, mas imagina que em outros momentos esses números e as considerações colocadas pela mesa e pela Secretaria serão comparados e levarão a uma orientação que seja satisfatória, se não imediatamente, mas a médio e longo prazo. Solicitou as notas taquigráficas e o vídeo da reunião para que possa disponibilizar pelo Estado as considerações que foram feitas. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, explicou ao doutor André que a ata da audiência pública vai estar à disposição de todos, pois tudo o que foi falado foi minuciosamente registrado pela taquigrafia e gravado pelo setor do som; que tudo isso ajudará para que a ata seja fidedigna. A seguir, o doutor Maurício Pessutto, fazendo uso da palavra, reforçou as palavras do doutor André e agradeceu a Comissão de Saúde pela realização do ato. Disse que o Ministério Público Federal espera que esse tipo de trabalho, que é um trabalho bastante produtivo e necessário, possa manter a sua periodicidade na forma prevista em lei para que se possa ter esses momentos de discussão. Afirmou que o controle social em saúde não é somente um princípio constitucional, mas um elemento fundamental no auxílio do funcionamento do próprio sistema. Disse que gostaria, em nome do Ministério Público Federal, de se aproximar para que pudesse ter contatos mais próximos, tanto com o Conselho Estadual de Saúde quanto com os conselhos municipais. Avaliou ser o debate uma coisa fundamental, visto que é uma troca de ideias; que o Ministério tem interesse em receber os convites para participar desses atos. Dirigindo-se ao Secretário Dalmo, disse que fica feliz em saber do mutirão para as cirurgias eletivas. Assegurou que no momento é necessário um ato enérgico, um ato que seja extraordinário a fim de alavancar o déficit atual, para que no ato seguinte possa ser estabelecido não mais como um mutirão extraordinário, mas como uma rotina de funcionamento periódico para que se possa trazer o tempo de espera para o tempo da razoabilidade. [Taquígrafa-revisora: Iwana L. Lentz.] Sugeriu discutir, talvez na sequência, para que seja definido, em diversas especialidades, o que seria o tempo razoável. Manifestou sua opinião de que o debate precisa ser ampliado devido a uma série de questões que são pontuais, menos generalistas e que precisam ser debatidas para encontrar soluções conjuntas. Reiterou que a ideia inicial é de colaborar na busca de soluções e na impossibilidade disso e na cobrança, na fiscalização como dever constitucional. Agradeceu a presença de todos e disse esperar que fosse estabelecida uma rotina de atuação de prestação de contas para que tenha sequência e participação de todas as entidades que trabalham e têm interesse na saúde, especialmente em relação ao usuário, dando uma amplitude maior para isso. Analisou que existem muitos avanços no Sistema Único de Saúde e, como tal, é um sistema a ser preservado, a ser aperfeiçoado; que é um sistema que merece ser reconhecido de fato como um aperfeiçoamento no Sistema de Saúde. Acrescentou que já se percebe melhorias na Atenção Básica, mas que também há muitas dificuldades para a obtenção de consultas médicas. Por fim, agradeceu a todos e desejou que o trabalho fosse mantido com periodicidade. Na sequência, o senhor João Pedro Carreirão Neto, agradeceu o Deputado Volnei Morastoni e a Assembleia Legislativa pela oportunidade; parabenizou o Ministério Público Federal pela iniciativa de fazer a cobrança; e agradeceu o Secretário Dalmo de Oliveira pela disponibilidade de ficar até o final da audiência pública dando esclarecimentos. 210 Disse concordar que os recursos sejam finitos e que deveriam ser aumentados, apesar de que, em 2004, eram em torno de R$ 400 milhões, R$ 450 milhões para a Saúde e hoje são mais de R$ 1,3 milhão, e descontando a inflação se tem um incremento importante; que isso de certa forma gerou o que se chama de dinheiro novo na saúde. Concordou que a tabela do SUS é o calcanhar de Aquiles, mas não de forma generalizada e lembrou que o Ministério da Saúde amarra os procedimentos aos seus recursos, e isso significa que tanto o Estado quanto os Municípios podem, eventualmente, pagar mais com seus recursos do que a tabela. Relatou que, em algumas circunstâncias, se paga TFD para levar pacientes para outro Município quando seria mais barato oferecer essa diferença com recursos próprios e custear no local. Reforçou que concorda e defende a elevação do valor per capita, mas isso foi produzido por uma série histórica, devido ao que o Estado de Santa Catarina oferecia e à necessidade instalada. Ponderou que hoje ainda não dá para fazer tratamento igualitário; que são exportados doentes devido à baixa capacidade instalada; que a produção de serviço é baixa e é praticamente impossível ou irracional que o Ministério iguale; que é justo reivindicar uma posição mais aproximada; que se tem de melhorar a capacidade instalada e instalar mais serviço. Retificou o Fundo do Ministério da Saúde tem de ser gerenciado pelo Secretário de Estado da Saúde e não pelo Secretário da Fazenda, complementando que não entendeu bem a questão dos recursos aplicados no mercado financeiro e administrado pela Secretaria da Fazenda; que isso deveria ser verificado por ser irregular na administração do Fundo. Por último, propôs que a Assembleia, a Secretaria e os presentes construam um seminário exclusivamente para tratar da terceirização, oportunizando o debate a todos e à própria sociedade. Encerrou agradecendo a oportunidade. Prosseguindo, o senhor Clécio Antônio Espezim, colocou que, em relação aos recursos financeiros e ao Sistema Único de Saúde, o SUS é uma filosofia totalmente socialista que está num país capitalista, e isso é uma dificuldade. Outra questão, a Costa Rica exporta banana e abacaxi e o per capita dela é maior do que o nosso; que se tem que trabalhar muito mais para que se possa, junto à esfera federal, aumentar os recursos. Falou aos presentes sobre a importância de se fazer uma audiência pública sobre a saúde prisional, com a participação de promotores públicos, da Secretaria de Segurança ou da Cidadania para que se possa mostrar quais são as competências de cada um. Encerrou cumprimentando a Secretaria de Estado da Saúde e agradecendo a oportunidade. Na sequência o senhor Gilberto Scussiato, em nome do Conselho Estadual da Saúde, agradeceu a Assembleia pelo convite para a audiência e relembrou a realização da Conferência da Saúde e a importância da participação popular. A seguir a senhora Helena Lima Pires, presidente do Gapa, disse que faz parte do Conselho Municipal de Saúde, do Conselho Estadual de Saúde e é presidente do Gapa e referiu-se ao senhor Secretário de Saúde dizendo que a questão da lipodistrofia esbarra na falta de hospitais credenciados em nível nacional para fazer essas cirurgias e que, às vezes, tem que apelar ao Ministério Público para que elas possam acontecer. Solicitou ao Secretário que tomasse providências no sentido de fazer com que Santa Catarina tenha um hospital credenciado para esse tipo de procedimento. Agradeceu pela oportunidade e parabenizou os membros da mesa e todos os presentes. Ato contínuo, o senhor Deputado Estadual Amauri Soares, reportou-se à questão dos recursos por considerar difícil de entender uma quantidade grande de dinheiro aplicada no mercado financeiro, enquanto faltam hemoderivados para atender a população. Contou um fato que ocorreu quando sua irmã estava internada, fazendo tratamento para leucemia e num domingo à tarde faltou plaqueta. Com relação à questão da OS e da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), quanto à terceirização ou privatização, disse que tudo isso ganhou outros nomes e passou a ser dito que essa era uma posição ideológica, mas privatizar também é posição ideológica; que foi trocada a expressão por preconceito; e teceu alguns comentários 211 sobre o preconceito de que o serviço público não funciona bem. Relembrou que em outro debate o Secretário citou como exemplo o Hospital Materno-Infantil de Joinville e o Hospital Joana de Gusmão aqui em Florianópolis, que, como não tinha os dados, não ia comentar. Falou que eles têm debatido muito sobre a penitenciária do Estado em Joinville e que se der a mesma estrutura construída com dinheiro público, as mesmas condições materiais, e se ainda puder escolher quais os presos que vão ser internados lá, o público também vai funcionar; que lá não se aceita nada além da carga para a qual o sistema foi construído; e que se fizer isso em qualquer estabelecimento público prisional vai funcionar tão bem ou um pouco melhor, com mais segurança. Enfatizou que gostaria de discutir a saúde no sistema prisional porque se desperdiça muito dinheiro por não ter estrutura. Enfatizou que cada Secretaria busca economizar na sua área e o Estado como um todo acaba gastando muito mais por conta de não ter uma estrutura apropriada para esse atendimento; que o problema da saúde no sistema prisional não está nas deficiências da saúde pública e, sim, na deficiência da Segurança Pública que não consegue nem fazer a escolta do detento, do sentenciado até o hospital. Disse esperar que o debate continuasse da forma mais correta possível; porque quanto às posições programáticas e ideológicas ninguém vai convencer do contrário. Retomando a palavra para as considerações finais, o senhor Dalmo Claro de Oliveira, Secretário de Estado da Saúde, disse que rapidamente iria abordar quatro pontos. Primeiro, que se esqueceu de comentar a respeito do cumprimento do orçamento dos 12%; que não está preocupado porque o Governador Raimundo Colombo tem reiterado que vai disponibilizar recursos além dos 12% orçados; que exemplo disso são os mutirões das cirurgias eletivas que está fora do orçamento da Secretaria e vai ser tirado do orçamento do Governador. Além disso, tem o projeto Revigorar tramitando na Assembleia, o qual irá disponibilizar alguns milhões de reais para a saúde, além dos 12%. Disse ao Deputado Soares, que quando falou dos presídios não se referiu à gestão, mas que é possível fazer um presídio com uma gestão boa; que todos os apenados deveriam ter oportunidade de cumprirem a pena ou mesmo aguardar o julgamento num lugar adequado; que não lembrou que lá tem uma terceirização parcial; que a gestão principal é de servidores comissionados do Estado, diretor, gerente; que quando falou do preconceito não se referiu aos que têm uma posição ideológica, pelo contrário, considerou importante fazer o debate e discutir esse assunto para que possam se aprofundar mais e achar um termo comum ou consensual como, por exemplo, até que ponto se deve terceirizar em algum aspecto, seja administrativo, seja de prestação de algum serviço e qual seria o limite disso. Ressaltou que vai chegar o momento em que isso tem que ser estabelecido e espera que não haja um bloqueio completo de tudo. Por último, considerou muito importante a participação da sociedade, do Ministério Público, da Assembleia, dos demais Poderes e disse que ele, particularmente, está sempre aberto às sugestões, às críticas, e às eventuais denúncias que alguém possa ter conhecimento. Solicitou aos participantes que as tragam críticas e sugestões para que não fiquem reféns de uma situação que desconhecem, explicando que a Secretaria de Estado da Saúde é muito grande; que tem hoje cerca de treze a quatorze mil pessoas trabalhando diretamente em todos esses hospitais e em uma série de programas estaduais e federais; que há alguns assuntos que acabam não dando uma atenção tão expressiva. Concluiu frisando que a contribuição de todos é sempre bem-vinda. A seguir, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, agradeceu a presença de todos e reiterou a importância da ata da audiência pública como um documento oficial, com informações da primeira prestação de contas que o Secretario Dalmo e sua equipe fez na Assembleia Legislativa. Informou ainda que além de remeter cópia da ata à Secretaria da Saúde, ao Ministério Público Federal, ao Ministério Público Estadual a ata também vai estar à disposição de todos que queiram compartilhar do documento. Por outro lado, apelou ao 212 Secretário para que doravante se regularize as audiências públicas para o relatório trimestral de gestão de forma mais amiúde para facilitar a apreciação. Sugeriu a avaliação de uma metodologia que possa facilitar a apresentação para todos. Disse, ainda, que o relatório sempre é apreciado primeiro pelo Conselho Estadual de Saúde, mas que pode ser estabelecida uma agenda para o próximo ano de tal forma que sejam realizadas essas audiências públicas aberta a todos, pois o próprio espectro democrático do SUS é reunir gestores, prestadores de serviço, trabalhadores do setor e usuários. Observou que além de ser uma oportunidade para os gestores estaduais também é um momento de construção e de fortalecimento do próprio Sistema Único de Saúde, principalmente neste ano em que acontecerá a 14ª Conferência da Saúde, ressaltando que houve uma longa caminhada desde que foi conquistado o Sistema Único de Saúde e que é o maior sistema público de saúde do mundo ocidental, do mundo capitalista, apesar dos percalços e dificuldades. Afirmou que não se vive sem o SUS; que neste ano da 14ª Conferência a questão do acesso e do acolhimento são duas premissas fundamentais e básicas que se precisa reportar sempre. Avaliou que a Comissão de Saúde da Assembleia concluiu o primeiro ciclo de audiências públicas realizadas por todo o Estado, num total de dez, e que o senhor Walter esteve representando a Secretaria Estadual da Saúde nessas audiências. Afirmou que agora estão sistematizando os dados importantes e analisando a saúde nos Municípios em cada ponto: na Atenção Básica, na Estratégia de Saúde da Família, nas Unidades de Pronto Atendimento, nos hospitais do Estado e nos hospitais do Estado cedidos para terceiros. Informou que foi dado início a outro circuito de audiências na última sexta-feira, em São Miguel do Oeste, que percorrerá o Estado para avaliar a situação dos pequenos hospitais: muitos estão ociosos ou com dificuldades; o papel reservado para esses pequenos hospitais que terão que ser reafirmados como tal ou vocacionados para outra ação e serviço dentro da própria saúde. Avaliou que por ser o ano da Conferência da Saúde, a saúde está em ebulição com muitas questões a serem debatidas, como a questão do financiamento, o subfinaciamento para a saúde; a questão da tabela do SUS defasada, principalmente para a média complexidade; a dificuldade de fixar profissionais principalmente nas especialidades; interiorização dos profissionais, dos médicos. Disse que a Comissão de Saúde tem intenção de abrir um debate com todos os cursos de saúde, com as escolas médicas do Estado e não só médicas, mas da área da saúde para discutir a questão da interiorização dos profissionais, a precarização dos vínculos no Saúde da Família. Reforçou que ainda existem muitos pontos já mencionados que precisam ser avaliados para depois buscar uma solução, como a questão do financiamento, o reajuste da tabela do SUS, que poderá ser reajustada, ressaltando que o Ministro já manifestou que um reajustamento puro e simples na tabela do SUS não garante que lá na ponta o atendimento vai ser garantido com resolutividade e com qualidade. Falou que há vários programas que estão sendo lançados ou reordenados com recursos extratetos; que não vão fugir da necessidade de readequar a tabela; que os debates sobre a Emenda Constitucional 29, que é fundamental para a regulamentação do financiamento da Saúde está na pauta do Congresso Nacional e que há reiterada manifestação do Presidente da Câmara dos Deputados de colocar em votação até setembro. Disse que poderá aportar muitos recursos para a saúde especialmente por parte da União e que todos concordam que o SUS é compromisso tríplice da União, dos Estados e dos Municípios em todos os aspectos e também no financiamento. Ressaltou a importância de o Estado cumprir o repasse dos 12% que têm que ser aplicados na saúde; da retirada dos inativos do percentual, que, segundo informação dada em reunião no Conselho Regional de Saúde, o Estado ainda está com dificuldade e o próprio Secretário da Fazenda se comprometeu em verificar a situação. Encerrando disse que todas as sugestões serão analisadas e incluídas na pauta dos temas que a Comissão de Saúde pretende debater com a Secretaria de Estado da Saúde e reiterou a importância da ata da 213 audiência pública. Por fim, agradeceu a todos pela presença e pela participação. Nada mais havendo a tratar encerrou a presente audiência pública. [Taquígrafa-revisora Almerinda Lemos Thomé.] ______________________________________________________ DEPUTADO ESTADUAL VOLNEI MORASTONI PRESIDENTE 214 ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA – ARARANGUÁ “SUTUAÇÃO DO HOSPITAL REGIONAL DE ARARANGUÁ 215 1ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 17ª LEGISLATURA COORDENADORIA DE TAQUIGRAFIA DAS COMISSÕES - CTC EMENTA TAQUIGRÁFICA Comissão de Saúde EVENTO: audiência pública DATA: 19/8/2011 LOCAL: Clube Grêmio HORA: 14h Fronteira/Araranguá SUMÁRIO: discutir a situação do Hospital Regional de Araranguá PRESIDENTE: Deputado Estadual Volnei Morastoni, Presidente da Comissão de Saúde PARTICIPANTES DA MESA: Deputado Estadual Volnei Morastoni, Presidente da Comissão de Saúde; Deputado Estadual José Milton Scheffer, proponente da audiência pública; Deputado Estadual Dóia Guglielmi; Deputado Estadual José Nei Ascari; Deputado Estadual Manoel Mota; Deputado Estadual Valmir Comin, membro da Comissão de Saúde; Mariano Mazzuco Neto, Prefeito de Araranguá e presidente da Associação dos Municípios do Extremo Sul Catarinense (Amesc); Sandro Roberto Maciel, Vice-Prefeito de Araranguá; Vereador José Hilson Sasso, Presidente da Câmara de Vereadores de Araranguá; Cláudio Alberto Damo, presidente da Associação Empresarial do Vale do Araranguá (Aciva); Marlei Paulo, Secretária Municipal de Saúde de Santa Rosa do Sul e presidente do Colegiado de Gestão Regional – Macrorregião Sul/Extremo Sul; Heriberto Afonso Schmidt, Secretário de Estado de Desenvolvimento Regional de Araranguá; Promotor de Justiça Diógenes Viana Alves, representando o Ministério Público de Santa Catarina; Rita de Cássia Premoli, diretora superintendente do Hospital Regional de Araranguá; Elizabeth Minatto, representando a Secretaria de Estado da Saúde. REGISTRO DE PRESENÇA: Adalberto Simon, representando a gerente de Saúde da SDR de Araranguá, senhora Patrícia Paladini; Adão Manoel de Oliveira, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Araranguá; Adeodato Tramontin, representando o Hospital São Roque, de Jacinto Machado; Agenor Biava, diretor-geral da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional de Araranguá; Andréa Silva, do Conselho Municipal de Saúde de Ermo; Arlindo Manente, presidente da Coopersulca; Carmen Yone Raiser da Cruz, Secretária Municipal de Saúde de Praia Grande; Cleber Ricardo da Silva Cândido, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Criciúma e Região (Sindsaúde); Cristiane Felisberto, representando a Secretaria Municipal de Saúde de Meleiro; Daniel Viriato Afonso, Secretário Municipal de Administração de Araranguá; Evandro Scaini, Prefeito de Balneário Arroio do Silva; Evelyn Elias, Secretária Municipal de Saúde de Araranguá; Flávio Colombo, presidente da Associação Comercial e Industrial de Balneário Gaivota; Gerson Luiz Barbosa, presidente da Associação de Moradores do Bairro Alto Feliz, de Araranguá; Gislaine Dias da Cunha, Secretária Municipal de Saúde de Sombrio; Hélio Rocho de Matos, diretor do Hospital São Joaquim, de Sombrio; Ivan Francisco Balthazar, representando o Crea de Araranguá; Jadna Zenilda Farias, presidente do Sindicato do Comércio Varejista do Vale do Araranguá; Jonnei Zanette, Prefeito de Meleiro; José Antônio Tiscoski da Silva, Prefeito de Sombrio; José da Silva Ramos, presidente da Associação Comercial e Industrial de Sombrio; José Luiz Bez Batti, representando o presidente da Cooperativa 216 de Eletrificação Sul Catarinense, de Turvo; José Luiz Oliveira, Secretário Municipal de Saúde e Bem-Estar Social de Balneário Arroio do Silva; Jucélia Costa Corrêa, diretora da Secretaria Municipal do Bem-Estar Social e habitação de Araranguá; Keite Coelho De Lavechia, Secretária Municipal de Saúde de Ermo; Laércio Peres da Rosa, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Santo Rosa do Sul; Leonardo Tiscoski, Secretário Municipal de Planejamento de Araranguá; Lídia Beatriz Perico Pirola, do Conselho Municipal de Saúde; Luiz Celso Frigo, Secretário Municipal de Obras de Araranguá; Maria Nair da Silva, presidente do Rotary Club de Araranguá; Mário Sebastião Pedro, Secretário Municipal de Saúde e Desenvolvimento Social de Balneário Gaivota; Martinho Ghizzo, ex-Deputado Estadual e médico do Hospital Regional de Araranguá; Milton Rosa da Silva, presidente da Associação dos Funcionários do Hospital Regional de Araranguá; Neri Francisco Garcia, diretor de Administração do Deter de Araranguá; Osmar Minatto, diretor do Hospital São Judas Tadeu, de Meleiro; Paulo Joel Bernhardt, presidente da Associação Mantenedora do Hospital Timbé do Sul; Pedro Paulo Pereira, venerável mestre da Loja Maçônica Perseverança e Fidelidade, de Araranguá; Ricardo Ghelere, diretor do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Amesc; Robson Adriano da Silva, representando o Lions Araranguá Centro; Sandra Mary de Souza, presidente de Região do Lions; Saulo De Luca, representando a Loja Maçônica Pedro Cunha; Sílvio Rogério Caldas, representando o Lions de Araranguá; Solene Feltrin, presidente da União das Associações de Moradores de Araranguá; Soraia Lummertz, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Araranguá; Valdir Valdivino dos Santos, representando o presidente do Sindicato dos Aposentados e Pensionistas de Araranguá; Vereador Ademir Bendo, de Jacinto Machado; Vereador Anísio Henrique Premoli, de Araranguá; Vereador Edir Batista (Tico), de Araranguá; Vereador Edmilson Aguiar da Silva, de Balneário Arroio do Silva; Vereador Eduardo Merêncio (Chico), de Araranguá; Vereador Enivaldo Duminelli, de Meleiro; Vereador Euclides Manoel Marcos, de Sombrio; Vereador Izaqueu Borges Mota, Presidente da Câmara de Vereadores de Sombrio; Vereador Jacinto Dassoler, de Araranguá; Vereador João Abílio Pereira, de Araranguá; Vereador Lourival João (Cabo Loro), de Araranguá; Vereador Luiz Brás Paulino (Lulu), de Araranguá; Vereador Natival José Recchia, de Meleiro; Vereador Paulo de Souza, de Balneário Arroio do Silva; Vereador Paulo Humberto Borges, de Sombrio; Vereador Rony da Silva, de Araranguá; Vereadora Ana Maria Back Machado, de Jacinto Machado, e representando a Associação das Voluntárias do Hospital São Roque; Vereadora Marli Alves Mastrascusa, de Balneário Arroio do Silva; Vilmar Leandro, Secretário Municipal de Saúde de Maracajá; Wagner da Rosa, Prefeito de Maracajá e presidente do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Amesc (CIS/Amesc); Wanda Grisard da Silva, Casa da Amizade do Rotary Club de Araranguá e da Associação Comunitária Vila São José; Wanderley Luiz Amboni, Secretário Municipal de Saúde e Saneamento de Jacinto Machado, representando o Prefeito Antônio João de Faveri; Wolni José Walter, presidente da Sicoob-Credija. MANIFESTAÇÕES: Deputado Estadual Volnei Morastoni; Deputado Estadual José Milton Scheffer; Deputado Estadual Manoel Mota; Deputado Estadual Valmir Comin; Deputado Estadual José Nei Ascari; Mariano Mazzuco Neto; Vereador José Hilson Sasso; Evelyn Elias; Diógenes Viana Alves; Cláudio Alberto Damo; Cleber Ricardo da Silva Cândido; Vicente Marcon; Celso de Souza; Heriberto Afonso Schmidt; Jorge Pereira da Cruz; José Ézio De Lucca; Sandro Roberto Maciel; Soraia Lummertz; Diogo Oliveira; Marlei Paulo; Vereador Eduardo Merêncio (Chico); Rita de Cássia Premoli. ENCAMINHAMENTOS: 1. Em audiência com o Governador e com o Secretário da Saúde, apresentar a proposta de implantação de uma organização social comunitária e regional para a administração do Hospital Regional de Araranguá; 2. Encaminhamento de projeto de revitalização do Hospital Regional de Araranguá. 217 ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PROMOVIDA PELA COMISSÃO DE SAÚDE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SANTA CATARINA PARA DEBATER A SITUAÇÃO DO HOSPITAL REGIONAL DE ARARANGUÁ, REALIZADA NO DIA 19 DE AGOSTO DE 2011, ÀS 14H, EM ARARANGUÁ. Aos dezenove dias do mês de agosto de 2011, às 14h, no Clube Grêmio Fronteira, em Araranguá (SC), realizou-se audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina para discutir a situação do Hospital Regional de Araranguá, proposta pelo Deputado Estadual José Milton Scheffer. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, abriu a audiência pública desejando boas-vindas a todos e convidou para compor a mesa dos trabalhos o Deputado Estadual José Milton Scheffer, proponente da audiência pública; o Deputado Estadual Dóia Guglielmi; o Deputado Estadual José Nei Ascari; o Deputado Estadual Manoel Mota; o Deputado Estadual Valmir Comin, membro da Comissão de Saúde da Alesc; o senhor Mariano Mazzuco Neto, Prefeito de Araranguá e presidente da Associação dos Municípios do Extremo Sul Catarinense (Amesc); o senhor Sandro Roberto Maciel, Vice-Prefeito de Araranguá; o Vereador José Hilson Sasso, Presidente da Câmara de Vereadores de Araranguá; o senhor Heriberto Afonso Schmidt, Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional de Araranguá; o Promotor de Justiça Diógenes Viana Alves, representando o Ministério Público de Santa Catarina; o senhor Cláudio Alberto Damo, presidente da Associação Empresarial do Vale do Araranguá (Aciva); a senhora Elizabeth Minatto, representando a Secretaria de Estado da Saúde; a senhora Marlei Paulo, Secretária Municipal de Saúde de Santa Rosa do Sul e presidente do Colegiado de Gestão Regional – Macrorregião Sul/Extremo Sul; e a senhora Rita de Cássia Premoli, diretora-superintendente do Hospital Regional de Araranguá. Em seguida, traçou um panorama dos trabalhos desenvolvidos pela Comissão de Saúde, afirmando que várias audiências vêm sendo realizadas pelo Estado com o objetivo de avaliar a real situação da saúde em Santa Catarina. Informou que mais de 90% dos problemas de saúde podem ser resolvidos através da rede de Atenção Básica em Saúde, como o Estratégia de Saúde da Família, as Unidades de Pronto Atendimento, advertindo que se a rede não funcionar adequadamente, os hospitais acabam sendo prejudicados, pois se transformam em porta de entrada do sistema de saúde. Comentou que a primeira audiência pública ocorreu no Município de Criciúma em março de 2011 foram convidados Araranguá, Tubarão e região e que depois se constatou que as audiências tinham que ser realizadas em separado e visando a questões específicas de cada região, exemplificando que da audiência pública realizada em Criciúma, depois de audiências com o Secretário de Estado da Saúde e com o Governador do Estado, se conseguiu encaminhar importantes pontos, inclusive em relação ao Hospital Materno-Infantil Santa Catarina. Citou os Municípios nos quais a Comissão de Saúde já tinha realizado audiência pública (Lages, São Miguel do Oeste, Rio do Sul, Itajaí, na Grande Florianópolis, Taió) e afirmou que várias outras reuniões também estavam ocorrendo pelo Fórum dos Pequenos Hospitais, que, junto com a Comissão de Saúde, já tinha realizado reuniões em São Miguel do Oeste e Ituporanga. Deu ciência da avaliação dos Deputados em marcar as reuniões em dias diferentes, para um assunto não interferir no outro, por isso esta audiência debaterá a situação do Hospital Regional de Araranguá e no próximo dia 26, às 9h, na sede da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional, estarão novamente em Araranguá para discutir a situação dos pequenos hospitais da região da Amesc. Avaliando que 218 o trabalho feito pelos hospitais comunitários e filantrópicos é importante para a saúde, ressaltou que os Municípios estavam assumindo a maioria dos pequenos hospitais, pois apesar da obrigação em aplicar 15% em saúde, a maioria aplicava até 20%, às vezes mais, o que os deixava exauridos e sem condições de assumir sozinhos os hospitais. Destacou que o trabalho que a Comissão de Saúde vem fazendo pelo Estado é realizado suprapartidariamente, em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde e com o governo do Estado, a fim de que em conjunto sejam resolvidos os problemas que envolvem a área, registrando que a partir de audiências com o Secretário e com o Governador algumas questões já haviam sido resolvidas, como o mutirão de cirurgias eletivas, concretizado com recursos do Revigorar III, obtidos da cobrança de dívida ativa, estimando uma arrecadação de até R$ 200 milhões. Salientou que um dos principais debates a ser feito com o Governador e com o Secretário de Estado da Saúde diz respeito não só a recursos para financiamento dos hospitais (construção, reforma, ampliação, equipamentos), mas também a recursos para custeio (despesas com água, luz, telefone, pessoal, despesas administrativas), tendo em vista existir mensalmente um déficit a ser coberto, avaliando ser necessário que o Governo do Estado também assuma a sua responsabilidade. Reportando-se ao compromisso de campanha do Governador Raimundo Colombo com a saúde, registrou que já teve a oportunidade de lhe dizer que se a intenção dele era colocar a saúde em primeiro lugar, precisaria discutir o custeio dos hospitais, salientando que não seria sanado o problema dos grandes hospitais se a questão da rede de pequenos hospitais não fosse resolvida, assim como não seria resolvido o problema de todos os hospitais se não fosse resolvido o problema da Atenção Básica. Afirmou que em todos os lugares por onde passa o principal problema levantado refere-se ao financiamento da saúde, que é uma responsabilidade tríplice - do governo federal, do governo do Estado e de cada Município - e que os Municípios estão fazendo muito mais do que podem, salientando que embora o Estado esteja no seu limite, ele que pode contribuir mais, e, para exemplificar essa possibilidade, relatou que o Estado retirou dos 12% destinados à Saúde a folha dos servidores inativos dessa área, significando isso mais uma parte de dinheiro a entrar. Registrou que a grande esperança de todos é que no segundo semestre de 2011 o Congresso Nacional vote a regulamentação da Emenda Constitucional 29, que trata do financiamento da Saúde, ou seja, do percentual que os Municípios, os Estados e a União têm que aplicar na Saúde, ressaltando que a importância da regulamentação se dá pelo fato de ser fixado o percentual de 10% para a União, que atualmente é variável e definido conforme a variação nominal do Produto Interno Bruto. Complementando, disse que se essa aprovação acontecer e a União entrar com a sua cota-parte, mais bilhões serão acrescentados ao financiamento da Saúde, o que possibilitará o desenvolvimento de mais ações na área. Contou que no dia anterior esteve com o Ministro Padilha, da Saúde, e soube que o Ministério da Saúde estava lançando vários programas, como o Programa Rede Cegonha e a Rede de Urgência e Emergência, ou readaptando os existentes, como o Estratégia de Saúde da Família, informando que o Município que a ele aderir terá 20%, podendo chegar a 100%. Sobre a tabela do SUS, disse ser importante a sua correção, principalmente pela defasagem existente na tabela da média complexidade, como era o caso do Hospital Regional de Araranguá, que tinha um grande atendimento nessa parte. [Taquígrafa-Revisora: Siomara G. Videira.] Comentou tratar-se de uma luta que enfrentarão ao longo do segundo semestre de 2011 para garantir a regulamentação da Emenda Constitucional 29. Em seguida, cumprimentou o público do Vale do Araranguá pela massiva participação e os servidores da Alesc pela presteza nos serviços. Em seguida, concedeu a palavra ao Deputado Estadual José Milton Scheffer, que destacou ser finalidade da audiência construir um entendimento sobre o futuro do Hospital Regional e unir forças. Justificou a presença dos representantes da Assembleia Legislativa e afirmou o seu intuito de 219 ouvir, dar sugestões e fomentar o debate para que, ao final, seja extraído um documento oficial que norteará o trabalho dos Deputados e chegará às mãos do Secretário da Saúde. Falou que o Vale do Araranguá precisa de um hospital que seja referência em atendimento médico hospitalar no extremo sul de Santa Catarina, complementando que quem fará isso serão os próprios cidadãos de Araranguá, em parceria com órgãos do governo do Estado e entidades sociais, comerciais e empresariais. Afirmou que tanto o Secretário de Estado da Saúde quanto o Governador Raimundo Colombo têm boa vontade com relação ao Hospital Regional de Araranguá e reiterou que o Vale está vivendo um momento único de união de forças empresariais e políticas. Agradeceu a participação dos presentes e desejou a todos uma audiência proveitosa, com grandes ideias e bons resultados para todos. Na sequência, o senhor Presidente registrou a presença de Wagner da Rosa, Prefeito de Maracajá e presidente do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Amesc (CIS/Amesc); Evandro Scaini, Prefeito de Balneário Arroio do Silva; Jonnei Zanette, Prefeito de Meleiro; Agenor Biava, diretor-geral da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional de Araranguá; Vereador Euclides Manoel Marcos, de Sombrio; Vereador Jacinto Dassoler, de Araranguá; Vereador Edir Batista (Tico), de Araranguá; Vereadora Marli Alves Mastrascusa, de Balneário Arroio do Silva; Vereador Ademir Bendo, de Jacinto Machado; e Vereador Luiz Brás Paulino (Lulu), de Araranguá. Feito o registro, a palavra foi concedida ao Deputado Estadual Manoel Mota, que disse almejarem para o Hospital Regional de Araranguá um trabalho de qualidade, com atendimento de média e alta complexidade. Afirmou que se 1993 cometeu um erro, foi com a melhor das intenções, lembrando que conseguiu a aprovação de uma emenda para entregar o Hospital de Araranguá a uma universidade, imaginando-o um hospital universitário que servisse de modelo para toda a região sul do Estado. Complementou que a Fucri e a Unesc vêm prestando o seu trabalho e salientou que se não alcançaram o objetivo, ao menos estão fazendo tudo o que podem, informando que o Conselho definiu que não vai mais ficar com o Hospital. Concluiu, dessa forma, que a missão é muito grande, sendo necessário ouvir a comunidade ligada ao Hospital Regional em nome da qualidade da saúde do Vale do Araranguá. Fazendo uso da palavra, o Deputado Estadual Valmir Comin externou a sua satisfação de poder fazer-se presente em um momento tão importante como aquele, que envolve cerca de duzentas mil pessoas do extremo sul de Santa Catarina em torno de uma reivindicação de mais de três décadas. Observou que toda essa movimentação vem ao encontro dos propósitos do próprio governo do Estado, que vem trabalhando acentuadamente para tentar amenizar o sofrimento dos que necessitam do trabalho da saúde, e mencionou que o importante exemplo do Hospital Regional de Chapecó Lenoir Vargas deve ser seguido e copiado. Citou o projeto Revigorar III, aprovado na Assembleia Legislativa, que destina uma arrecadação mínima de R$ 150 milhões e máxima de R$ 250 milhões para o custeio de instituições hospitalares. Concluiu a sua manifestação anunciando que, num somatório de esforços, ajudará a levar os encaminhamentos retirados da audiência ao Secretário da Saúde e ao Governador do Estado, para que a situação do Vale do Araranguá seja resolvida de uma vez por todas. Retomando a palavra, o senhor Presidente registrou a presença do Vereador Paulo Humberto Borges, de Sombrio; do Vereador Lourival João (Cabo Loro), de Araranguá; do Vereador Edmilson Aguiar da Silva, de Balneário Arroio do Silva; do Vereador Natival José Recchia, de Meleiro; do Vereador Anísio Henrique Premoli, de Araranguá; do Vereador Paulo de Souza, de Balneário Arroio do Silva; do Vereador Eduardo Merêncio (Chico), de Araranguá; do Vereador João Abílio Pereira, de Araranguá; do Vereador Rony da Silva, de Araranguá; e do Vereador Enivaldo Duminelli, de Meleiro. Informou que o Deputado Estadual Dóia Guglielmi não pôde aguardar a sua vez para manifestar-se na audiência em virtude de um compromisso assumido anteriormente e passou a palavra ao Deputado 220 Estadual José Nei Ascari, que cumprimentou todos, especialmente o Deputado Volnei Morastoni, por desenvolver um brilhante trabalho na área da saúde. [Taquígrafa-Revisora: Carla Greco Granato.] Considerou que o momento é de unidade, opinando que só serão alcançados os objetivos na área da saúde e nas demais áreas da região se houver união da classe política, da classe empresarial, das lideranças comunitárias e da imprensa. Fazendo um comparativo entre as regiões do Estado, disse que a região sul é a mais atrasada, que embora tenha muitas conquistas, tem também muitas necessidades, por isso é fundamental o debate. Lembrando que audiência pública é para ouvir e definir metas, ações, parabenizou a Comissão pela organização do evento e a comunidade pela participação. Finalizou desejando que brevemente seja encontrado o caminho que todos desejam para a Saúde na região. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, registrou a presença de Milton Rosa da Silva, presidente da Associação dos Funcionários do Hospital Regional de Araranguá; do Vereador Izaqueu Borges Mota, Presidente da Câmara de Vereadores de Sombrio; Valdir Valdivino dos Santos, representando o presidente do Sindicato dos Aposentados e Pensionistas de Araranguá; Carmen Yone Raiser da Cruz, Secretária Municipal de Saúde de Praia Grande; Jucélia Costa Corrêa, diretora da Secretaria Municipal do Bem-Estar Social e Habitação de Araranguá; Osmar Minatto, diretor do Hospital São Judas Tadeu, de Meleiro; Ricardo Ghelere, diretor do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Amesc; Vilmar Leandro, Secretário Municipal de Saúde de Maracajá; Wanderley Luiz Amboni, Secretário Municipal de Saúde e Saneamento de Jacinto Machado, representando o Prefeito Antônio João de Faveri; e Adeodato Tramontin, representando o Hospital São Roque, de Jacinto Machado. Feito o registro, passou a palavra ao senhor Mariano Mazzuco Neto, Prefeito de Araranguá e presidente da Associação dos Municípios do Extremo Sul Catarinense (Amesc), que registrou a importância da audiência pública, visto que é imprescindível achar um caminho seguro para o Hospital Regional o mais breve possível, salientando que o governo do Estado precisa considerar a opinião da população da Amesc para dar um bom encaminhamento ao Hospital, que em 25 anos pouco cresceu. Deixou claro que não é sua intenção criticar ninguém, acrescentando que na sua visão a solução tem que nascer da sociedade. Terminou sua manifestação dizendo que como presidente da Amesc conta com o apoio dos Prefeitos no sentido de a solução para o Hospital sair do seio da sociedade. Ato contínuo, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, registrou a presença de Keite Coelho De Lavechia, Secretária Municipal de Saúde de Ermo; José Luiz Oliveira, Secretário Municipal de Saúde e Bem-Estar Social de Balneário Arroio do Silva; Gislaine Dias da Cunha, Secretária Municipal de Saúde de Sombrio; Wanda Grisard da Silva, da Casa da Amizade – Rotary Club de Araranguá e da Associação Comunitária Vila São José; Lídia Beatriz Perico Pirola, do Conselho Municipal de Saúde; Cleber Ricardo da Silva Cândido, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Criciúma e Região (Sindsaúde); Evelyn Elias, Secretária Municipal de Saúde de Araranguá; Viriato Afonso, Secretário Municipal de Administração de Araranguá; Leonardo Tiscoski, Secretário Municipal de Planejamento de Araranguá; e Sílvio Rogério Caldas, representando o Lions Clube de Araranguá. Em seguida, passou a palavra ao Vereador José Hilson Sasso, Presidente da Câmara de Vereadores de Araranguá, que cumprimentou todos, especialmente o Deputado Estadual José Milton Scheffer, proponente da audiência pública, e manifestou o seu apoio ao movimento encabeçado pela Aciva, considerando ser inadmissível as pessoas se deslocarem para outros Municípios, como Criciúma e Tubarão, para fazer qualquer tipo de exame de baixa e média complexidade. Lamentou a situação em que se encontra o Hospital em questão, visto que leva o nome de uma pessoa que muito trabalhou pela região, o ex-Deputado Afonso Ghizzo. Declarou ser desejo de todos que uma 221 entidade da região, uma Oscip, administre o Hospital, enfatizando que se o governo não aceitar que assim seja, que ele de fato assuma o Hospital, porque a saúde das pessoas não pode esperar. Dirigindo-se aos Deputados presentes, agradeceu o apoio, afirmando que são eles que vão forçar o governo a olhar com mais atenção para a região mais pobre de Santa Catarina. Prosseguindo, contou que os Vereadores sempre recebem reclamação da comunidade em relação ao atendimento no Hospital, especificando que para as pessoas com melhores condições de vida o atendimento é muito bom e para os tem têm menos condições é muito difícil. Dirigindo-se ao Deputado José Milton Scheffer, agradeceu novamente a atenção dos Deputados, lembrando que nas eleições sempre podem contar com o apoio da região. Finalizou apelando aos Deputados que informem ao Governador o desejo da população de o Hospital ser administrado por uma organização civil de interesse público da região. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, registrou a presença de Martinho Ghizzo, ex-Deputado Estadual e médico do Hospital Regional de Araranguá; Wolni José Walter, presidente da Sicoob-Credija; Andréa Silva, do Conselho Municipal de Saúde de Ermo; José Luiz Bez Batti, representando o presidente da Cooperativa de Eletrificação Sul Catarinense, de Turvo; Luiz Celso Frigo, Secretário Municipal de Obras de Araranguá; José Antônio Tiscoski da Silva, Prefeito de Sombrio; e Mário Sebastião Pedro, Secretário Municipal de Saúde e Desenvolvimento Social de Balneário Gaivota. Em seguida, passou a palavra à senhora Evelyn Elias, Secretária Municipal de Saúde de Araranguá, que informou que iria apresentar o documento que subsidiou o projeto elaborado pela Aciva e outras entidades. [Taquígrafa-Revisora: Dulcinéia Maria Goulart.) Afirmou que os dados a ser apresentados haviam sido levantados em parceria com a diretora-superintendente do Hospital Regional de Araranguá, Rita de Cássia Premoli. Contou, utilizando os recursos do PowerPoint, da história do Hospital Regional, que foi construído com recursos de banco alemão em parceria com o Governo Federal em 1979, sendo concluído em 1986, com área total de quase 50 mil metros quadrados e uma área construída de 14 mil metros quadrados. Disse que o Hospital havia sido inaugurado com 106 leitos e que atualmente contava com 126 leitos, acrescentando que houve um avanço em dez leitos na UTI e seis na infectologia. Associou o financiamento do Hospital Regional ao financiamento SUS e disse que essa era a contratualização do Hospital desde o dia 30 de abril de 2011, cuja arrecadação totalizava R$ 1,35 milhão. Em seguida, mostrou números em relação aos itens assistência hospitalar e ambulatorial bem como em relação às AIHs, com média de R$ 800,00 por AIH e perfazendo um total de R$ 370 mil. Observou que embora o Hospital gastasse muito mais que isso em internações, só possuía pactuadas 450 AIHs. Comentou sobre os incentivos fixos, citando o Incentivo Hospitalar e o Integrasus, além do custeio da Secretaria Estadual da Saúde, que perfazem um total de R$ 1,35 milhão. Sobre as internações custeadas por AIHs, disse que estavam divididas em clínicas cirúrgicas, clínicas médicas, obstetrícia e pediatria. Apresentou o custeio do ambulatório, destacando as consultas de urgência e emergência, além dos procedimentos realizados em nível de pronto socorro, e disse que o Hospital ainda podia faturar R$ 80 mil em cirurgias de catarata, cirurgias-gerais hospitalares e de ortopedia, havendo aí fixado um teto pós-produção, ou seja, só se recebe mediante produção. Apresentou, ainda, dados sobre o custeio e a taxa de ocupação do Hospital, lembrando que a equipe do Hospital era composta para atender 100% dos leitos e afirmando que esses dados deveriam ser utilizados como critério para o planejamento de novas especialidades. Sobre os atendimentos de emergência, mostrou que 2.700 consultas estavam compactuadas em nível de pronto socorro e 4.849 em consultas de urgência, ressaltando que o Hospital vinha atendendo além desses números, o que demonstra a sua utilidade, pois vem suprindo ações que deveriam ser da Atenção Básica. Logo após, falou o 222 senhor Diógenes Viana Alves, Promotor de Justiça, representando o Ministério Público de Santa Catarina, que afirmou que o Ministério Público vinha acompanhando desde 2006 a situação do Hospital Regional de Araranguá, dizendo que havia feito levantamento na Promotoria e identificado a existência de um inquérito civil, instaurado em 2006, cujo objetivo era o de apurar as deficiências estruturais no atendimento do Hospital. Disse que, passados cinco anos, a resposta do MP era que muito ainda teria que ser feito, ressaltando que apesar disso muitos problemas já haviam sido sanados. Destacou que o Ministério Público apoiava a iniciativa da Alesc, pois era parceiro do Poder Público na resolução dos problemas do Estado, e lembrou que muitos projetos e leis eram bem elaborados mas ficavam somente no papel, pedindo a todos que lutassem para que os frutos daquela audiência pública se tornassem realidade para dar condições ao Hospital Regional de Araranguá prestar os serviços que a população necessita. Finalizando a sua manifestação, colocou a Promotoria à disposição e disse confiar que as decisões e os encaminhamentos decididos na audiência representariam a vontade da comunidade de Araranguá e da região. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, registrou a presença do senhor Flávio Colombo, presidente da Associação Comercial e Industrial de Balneário Gaivota; do senhor Saulo De Luca, representando a Loja Maçônica Pedro Cunha; do senhor Neri Francisco Garcia, diretor de Administração do Deter de Araranguá; do senhor Laércio Peres da Rosa, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Santa Rosa do Sul; e da senhora Soraia Lummertz, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Araranguá. Feito o registro, passou a palavra ao senhor Cláudio Alberto Damo, presidente da Associação Empresarial do Vale do Araranguá (Aciva), que disse ter a sociedade organizada do Vale do Araranguá comparecido à audiência com a esperança de ver resolvidos os seus anseios e as suas necessidades, informando que mais de vinte entidades estavam envolvidas naquele processo e que elas se reuniam frequentemente no sentido de garantir o funcionamento do Hospital Regional de Araranguá. Dito isso, leu na íntegra o editorial elaborado pela Aciva pela implantação de uma organização social, comunitária e regional, para administrar o Hospital Deputado Estadual Afonso Ghizzo: “Esta é uma oportunidade única para a região da AMESC encontrar a solução definitiva para o problema do Hospital Regional Affonso Ghizzo. Todos sabemos que a saúde é um dever constitucional do Estado, e que há enormes dificuldades para bem atender este serviço público. Em Santa Catarina, dos 19 hospitais públicos, somente 5 são atendidos diretamente pelo Estado. Os demais são administrados por organizações sociais, mediante repasses de verbas para custeio. O Hospital Regional de Araranguá foi implantado há 25 anos, e até agora não foi encontrado a melhor forma de atender às necessidades da população. Pois bem, a sociedade civil organizada, depois de exaustivos debates, em avaliando as inexitosas tentativas de encaminhamento da solução, decidiu tomar para si a responsabilidade de contribuir neste processo. Uma delegação regional foi a Chapecó e constatou o exemplo de sucesso da solução adotada para o Hospital Lenoir Vargas Ferreira, através de uma organização social, comunitária e regional, constituída paritariamente pelas forças vivas da sociedade, sem vinculação a partidos políticos, nem interesses pessoais e econômicos diretos, e vinculada ao Governo catarinense mediante convênio. Se lá foi possível, aqui também será. Se lá a comunidade abraçou a causa, aqui também haverá a união de esforços necessários. É isto que pretendemos fazer, senhores e senhoras! Assumir os destinos do Hospital Regional de Araranguá através de uma associação em convênio com o Estado. Que o Governo de Santa Catarina, empregando os meios legais possíveis, viabilize a constituição de uma organização social, uma associação beneficente, para administrar o Hospital Regional Affonso Ghizzo. Esta organização será composta por representações de todos os segmentos sociais da região, que, unidos amplamente, saberão melhor avaliar e decidir o que fazer e como fazer. Até este 223 momento é seguro dizer que, além da unanimidade das administrações municipais com mandatos vigentes e dos Secretários Municipais de Saúde, a posição ora exposta representa a vontade das entidades e seus milhares de associados, a seguir identificadas, cujos representantes aqui presentes também ratificarão individualmente suas posições.” Em seguida, pediu que levantassem e acenassem ao público os representantes da União das Associações dos Moradores de Araranguá (Uama); da Câmaras de Diretores Lojistas de Araranguá; das Associações Comerciais e Industriais dos Municípios de Balneário Gaivota, Sombrio, Turvo e Jacinto Machado; do Consórcio Intermunicipal de Saúde/Amesc; do Rotary Club de Araranguá; do Lions Club Araranguá Centro; do Lions Club Araranguá Sul; do Lions Club Águas Verdes; das Cooperativas do Sul do Estado: da Cersul, do Cejama, do Cooperja, do Sicoob Credija e da Coopersulca; da Loja Maçônica de Pedro Cunha; da Loja Maçônica Perseverança e Fidelidade; do Sindicato do Comércio Varejista do Vale do Araranguá (Sincovale); do Sindicato dos Contabilistas de Araranguá (Sindicont); do Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia (Crea); da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SC); do Lar Beneficente São Vicente de Paula. Finalizou a sua manifestação apresentando os representantes da Aciva, na pessoa do seu presidente e da diretoria, tendo sido aplaudido pela plenária. [Taquígrafo-Revisor: Eduardo Delvalhas dos Santos.] A senhora Evelyn Elias, Secretária Municipal de Saúde de Araranguá, deu continuidade à apresentação do presidente da Aciva apresentando, em PowerPoint, o projeto de revitalização do Hospital Regional de Araranguá, informando que foram elaborados quatro projetos em conjunto com todas as entidades. Mostrou que o primeiro projeto estava relacionado à recuperação do pronto-socorro do Hospital Regional, que tem 25 anos e nunca sofreu uma adequação, complementando que antigamente a população era de 150 mil habitantes e hoje é 300 mil habitantes, o que demonstra que o hospital está totalmente inadequado à situação que se encontra para o Sistema Único de Saúde. Disse que o objetivo da reforma é humanizar o serviço de pronto atendimento aos usuários do SUS na unidade de Urgência e Emergência do Hospital Regional, atentando para o fato de que quando se fala em humanização, não está implícito acolhimento, e sim tecnologia e recursos humanos. Continuando, apresentou o segundo projeto, relacionado à aquisição de equipamentos para lavanderia, UTI, esterilização, equipamentos complementares aos que já existem, raio-X, laboratório de análises clínicas, centro cirúrgico, salientando a necessidade de se ativar mais salas de cirurgias, pronto-socorro e unidade neonatal. Sobre o terceiro projeto, referente à reforma da unidade de administração, da biblioteca e do auditório, esclareceu que pelo fato de haver universidades ali instaladas, inclusive a Universidade Federal de Santa Catarina, o Hospital deve estar habilitado para campo de estágio para vários universitários, que trarão qualidade de atendimento às pessoas que se utilizarem da estrutura. Apresentou, em seguida, o quarto projeto, que trata da implantação dos serviços ambulatoriais de média complexidade nas especialidades médicas em Urologia, Ginecologia, Cardiologia, Otorrinolaringologia, Anestesiologia, Cirurgia Geral, Ortopedia e a inclusão de mais um médico que fizesse 12 horas num pronto-socorro, além do que hoje existe, com o objetivo de evitar o deslocamento para Florianópolis, Criciúma e outros Municípios. Explicou que esses projetos teriam por objetivo maior buscar os serviços de alta complexidade para a região, haja vista que eles trazem equilíbrio financeiro e de assistência à instituição. Por fim, disse que o Hospital Regional, pelo seu caráter de regionalização, tem a missão de fazer um serviço regionalizado de média e alta complexidade para oferecer assistência especializada e integrar os pacientes da região, podendo também ser referência para a região de Criciúma e Tubarão, objetivando fazer prevenção, promoção e a recuperação das pessoas que procuram sua estrutura. Retomando a palavra, o senhor Cláudio Alberto Damo, presidente da Associação Empresarial do Vale do Araranguá (Aciva), 224 passou às mãos do Presidente da Comissão de Saúde, Deputado Volnei Morastoni, o editorial e também o projeto, que já faz parte do material de trabalho para apoiar a causa. O senhor Presidente, afirmando já existir uma proposta concreta, disse que as demais propostas serão incorporadas à audiência pública e que irão agendar uma reunião com o Secretário de Estado da Saúde e com o Governador Raimundo Colombo para apresentar os encaminhamentos ali tirados. Registrou que a universidade não tem mais interesse em prosseguir na administração do Hospital e que cabe ao Estado, então, administrar diretamente os seus hospitais ou ceder a administração deles para terceiros. Dito isso, explicou a metodologia de trabalho dizendo que abriria a palavra ao público intercalando-a com as manifestações dos membros da mesa. Inicialmente, usou da palavra o senhor Cleber Ricardo da Silva Cândido, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Criciúma e Região (Sindsaúde/Criciúma e Região), que disse estar representando todos os trabalhadores do Hospital Regional de Araranguá. Informou que hoje o Hospital possui um quadro em torno de 310 funcionários, os quais, além de terem dedicado muito tempo àquele ambiente hospitalar, têm dependentes, entre eles filhos, netos, pais e cônjuges, perguntando qual será a postura e a ação da Comissão de Saúde, se irá defender esses funcionários para que recebam seus empregos de volta na nova administração. Prosseguindo, lembrou que hoje a política interna da Fucri, que administra o hospital, por ser filantrópica, ou seja, sem fins lucrativos, permite que seus funcionários e seus dependentes, depois de um ano, recebam uma bolsa de estudo, contando que no Hospital Regional em Araranguá há mais ou menos oitenta estudantes bolsistas que agora, por motivos políticos, terão os seus sonhos abruptamente ceifados se perderem essas bolsas de estudo. Citando alguns programas que oferecem bolsas aos estudantes, como o Artigo 170 e o ProUni, afirmou que nenhum deles oferece o mesmo benefício que a Unesc e perguntou o que a autoridade política pretende fazer a esse respeito. Por fim, perguntou como vai ser o acompanhamento da nova administração do Hospital Regional e qual vai ser a posição dela em relação ao complemento das normas regulamentadoras, como a NR 32 e as resoluções dos conselhos. O senhor Vicente Marcon, da Oscip federal MAEMC, por sua vez, perguntou quais os critérios a ser utilizados para a escolha da entidade que administrará o Hospital Regional de Araranguá. O senhor Presidente retomou a palavra para registrar a presença de Sandra Mary de Souza, presidente da Região do Lions Clube; Maria Nair, presidente do Rotary Club de Araranguá; Arlindo Manente, presidente da Coopersulca de Turvo; Francisco Balthazar, engenheiro, representando o Crea de Araranguá; e Solene Feltrin, presidente da União das Associações de Moradores de Araranguá. Em seguida, passou a palavra ao professor Celso de Souza, membro da executiva do Sinte Regional, que informou que o orçamento federal este ano está em torno de R$ 1,944 trilhão, afirmando que desse montante R$ 954 bilhões são somente para pagar banqueiro, enquanto o percentual para a Saúde é 3,5%. Deixou bem claro que se esse percentual não mudar, a Saúde não vai ter solução, porque não é prioridade para o Estado brasileiro, lembrando que a Saúde não foi prioridade no governo FHC, no governo Lula e não está sendo no governo Dilma. Destacou o efeito midiático na televisão tanto para saúde como para educação e enfatizou que saúde passa por prevenção, educação, saneamento e que isso tudo tem que entrar em todos os debates. Dito isso, manifestou a sua tristeza por ver que depois de trinta anos ainda se discute o Hospital Regional. Afirmou que a Evelyn é uma profissional honesta e que quer fazer acontecer e conjecturou que a própria Unesc deve ter largado a administração do Hospital por ela não ter dinheiro, argumentando que no sistema em que se vive as coisas não são feitas sem dinheiro. Disse que a nossa Constituição é rasgada todos dos dias em relação ao que diz o seu artigo 1º, segundo o qual todo o poder emana do povo e em seu nome é exercido, e perguntou se o povo foi ouvido, por exemplo, em relação a 225 fazer a Copa do Mundo e as Olimpíadas no Brasil, afirmando que é contra esses eventos serem feitos aqui porque, de modo geral, eles são para uma minoria, já que o povo vai continuar assistindo tudo pela televisão. Reiterando que o povo não é ouvido nas suas prioridades, citou um exemplo local, afirmando que não foram ouvidos com relação à ponte da barranca. Em seguida, disse acreditar na força, na vontade e no interesse das entidades que tomaram a iniciativa de realizar a audiência, pois elas têm as pessoas em primeiro lugar, e perguntou ao Deputado Volnei Morastoni se já haviam construído alguma policlínica ou algum centro de excelência. Finalizando, deixou registrada, como professor, a sua indignação pelo fato de a Assembleia ter rasgado o plano de cargos e salários dos professores ao aprovar o projeto, advertindo que se mantiver essa postura, a Saúde vai continuar do mesmo jeito. Na sequência, fez uso da palavra o senhor Heriberto Afonso Schmidt, Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional de Araranguá, que, afirmando que o governo do Estado quer buscar o melhor para o Hospital Regional, reafirmou o compromisso do Governador Raimundo Colombo em ter a Saúde em primeiro, segundo e terceiro lugar. Contou que os Deputados Manoel Mota e José Milton estiveram segunda-feira em Lages conversando sobre esta audiência pública e que aquela região está unida em buscar um administrador para o Hospital, como uma associação, uma representação de base, acrescentando que o Secretário da Saúde é favorável a isso e que se juridicamente isso for possível, o governo também é, caso contrário, irão buscar da melhor forma possível um administrador. Declarou não ter autoridade para responder algumas perguntas e, abordando a situação dos 314 funcionários do Hospital, disse que vai ser feita uma rescisão, que o novo administrador, a associação ou quem vier administrá-lo vai recontratar ou não todos eles. Explicou que deverá ser feito um credenciamento e que a própria Fucri poderá dar referência do trabalho desses funcionários a serem reaproveitados dentro do critério de quem for o gestor. [Taquígrafa-Revisora: Ana Rita M. de Souza.] A respeito da pergunta sobre bolsas de estudo, informou que o novo administrador terá de fazer as devidas avaliações, porque envolve recursos; que como a Fucri/Unesc tem um hospital, o sistema é diferente; e que esse assunto terá que ser bem estudado e com busca de alternativas. Contou que na semana passada houve audiência com o Secretário Dalmo de Oliveira, o Deputado Manoel Mota, a senhora Marlei e a senhora Patrícia, gerente de Saúde da SDR de Araranguá, e aproveitou a oportunidade para convidar todos para no dia 1º de setembro discutirem o edital de contratação do novo gestor. Posto isso, informou que a Secretaria da Saúde contratou um consultor de saúde especializado para discutir o que será colocado nas cláusulas da contratação de uma associação, local ou não, registrando que a sua preferência é que seja uma associação local e que todos serão comunicados do local e horário onde isso será feito. Reiterou que nesse debate já se discutirá o que se será colocado na cláusula e observou que já é certa a saída da Unesc porque o contrato com ela vai até abril do próximo ano, informando que a intenção da Secretaria de Estado da Saúde é publicar isso até final de setembro e definir a situação. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, registrou a presença de Pedro Paulo Pereira, mestre da Loja Maçônica Perseverança e Fidelidade, de Araranguá; Jadna Zenilda Farias, presidente do Sindicato do Comércio Varejista do Vale do Araranguá; Gerson Luiz Barbosa, presidente da Associação de Moradores do Bairro Alto Feliz, de Araranguá; Robson Adriano da Silva, representando o Lyons Araranguá Centro; Adalberto Simon, representando a gerente de Saúde da SDR de Araranguá, Patrícia Paladini; Adão Manoel de Oliveira, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Araranguá; Paulo Joel Bernhardt, presidente da Associação Mantenedora do Hospital Timbé do Sul; Cristiane Felisberto, representando a Secretaria Municipal de Saúde de Meleiro; Hélio Rocho de Matos, diretor do Hospital São Joaquim, de Sombrio; e Vereadora Ana Maria Back Machado, de 226 Jacinto Machado, representando a Associação das Voluntárias do Hospital São Roque. O senhor Jorge Pereira da Cruz, servidor público estadual e sargento do Corpo de Bombeiros, contou que conduz praticamente todos os dias diversos enfermos até o Hospital Regional de Araranguá e enfatizou ser importante a nova administração continuar a oferecer acesso à universidade aos funcionários do Hospital, advertindo que se o novo gestor não reassumir essa função, vai haver grande problema de ordem social, porque muitos funcionários estarão com metade da faculdade em andamento sem existir nenhuma garantia de que eles poderão dar prosseguimento à sua formação universitária. Encerrando, reiterou a importância do assunto e disse esperar uma solução nesse sentido. Fazendo uso da palavra, o Deputado Estadual José Milton Scheffer pediu sugestões de encaminhamento de todos, lembrando que isso será bom para Araranguá, para o Hospital. Sobre a questão dos funcionários, disse que não há como se ter resposta definitiva no momento mas que lutarão para defender os interesses deles e para que haja o máximo possível de aproveitamento desses funcionários, registrando que o senhor Milton, da Associação dos Funcionários, participa da audiência e que isso vai ser construído. Sobre o financiamento da Saúde, citado nesta audiência, afirmou que realmente o governo federal tem que cumprir a obrigação dele. Disse que os Prefeitos cumprem isso, que o governo do Estado também cumpre e que o governo federal coloca somente 3,5% no recurso da Saúde, reforçando a importância de ser votada a Emenda Constitucional 29. Afirmou que a Aciva e as demais entidades são corajosas e que todos têm que ajudar a encontrar uma solução, reiterando que gostaria de ouvir sugestões de encaminhamento, entre elas, que especialidade as pessoas acham que o Hospital pode cumprir na região e o que pode ser feito nesse sentido. Dando seguimento à audiência, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, considerando as mais de duas horas de reunião, pediu a colaboração e atenção de todos porque ainda iriam ouvir dois inscritos e o membros da mesa antes de a reunião ser encerrada. Dito isso, passou a palavra ao senhor José Ézio De Lucca, presidente da Associação de Moradores do Centro de Araranguá, que ao presidente do Sindicato dos Funcionários dos Hospitais disse que como cidadão, como pessoa que usa a saúde pública, se preocupa com a situação de todos, acrescentando que falava em nome dos moradores da Associação que preside, que sabem o que se vive nesse momento. Solidarizou-se com as palavras do professor Celso quando falou da visão do cidadão sobre a saúde pública do Brasil e do sentimento do professor, lembrando a todos que o objetivo da audiência hoje é tentar encontrar um novo caminho para a gestão do Hospital Regional. Nesse sentido, apelou ao Deputado Morastoni, como Presidente da Comissão de Saúde da Assembleia, e ao Secretário Regional Heriberto Afonso Schmidt, como representante do Governador, para que a sociedade civil organizada do sul catarinense dessa vez tivesse oportunidade de gerir o seu próprio destino através dessa comissão que está sendo encabeçada pela Aciva e que conta com o apoio das mais diversas representatividades do sul catarinense. Finalizando a sua manifestação, reforçou o pedido aos representantes das pessoas que decidem as coisas em Santa Catarina de intercederam como for possível para que realmente se encontre uma maneira de passar a administração do Hospital Regional para essas entidades do sul catarinense. Ato contínuo, foi passada a palavra ao senhor Sandro Roberto Maciel, Vice-Prefeito de Araranguá, que, refletindo sobre os três entes federados, quais sejam, Municípios, Estados e governo federal, afirmou que nesse ponto específico tem que se falar do Estado porque o Hospital é do Estado, observando que há muito tempo esse ente federado tem fugido da sua responsabilidade, assim como o Hospital Regional e outros órgãos estaduais. Reiterando que o Hospital é do governo do Estado de Santa Catarina e que a discussão dos problemas não vem de hoje, ilustrou essa afirmação contando que a sua filha de 20 anos é turvense de nascimento porque há vinte anos o Hospital de Araranguá estava 227 fechado. Em seguida, disse que os Municípios ajudam a pagar a Epagri, os hospitais, a polícia, os bombeiros, entre outros; que já começou a municipalização da educação e que todo o ensino fundamental passará para os Municípios. Lamentou que o Estado esteja deixando de lado o seu papel de gerir aquilo que consta na Constituição e avaliou que é muito mais fácil entregar, ou privatizar, ou terceirizar, ou “oscipizar as Oscips. Abordando a questão dos funcionários do Hospital, disse que é outra razão social que virá para administrá-lo e que torcerão para que eles permaneçam, salientando que se tem uma coisa de que não existe é reclamação com relação ao grupo de funcionários do Hospital. Considerou uma bela política a de recursos humanos da Unesc, entendendo que isso não sensibiliza as pessoas neste momento porque agora se está tratando da gestão propriamente dita. Afirmou que não estava na audiência somente para criticar, constatou serem muito fortes o movimento social, o movimento popular e o movimento empresarial de Araranguá e do Vale, dizendo não saber se há no Estado de Santa Catarina uma organização tão forte, crítica e participativa como há nessa região. Sobre o Plano Diretor, contou que o debatem, há mais ou menos dois anos, toda semana, destacando que é um grupo muito forte, muito organizado e muito crítico que participa desse debate, na sua grande maioria, de maneira voluntária. Prosseguindo a sua manifestação, enfatizou, na linha do que a Associação Empresarial levanta, em conluio com todas essas entidades destacadas na audiência, que os movimentos comunitário, popular, empresarial do Vale do Araranguá precisam ter papel de relevo na condução dos destinos do Hospital Regional, argumentando que, embora haja o aspecto técnico, não interessa à população local que alguém venha para Araranguá de paraquedas e comece a dizer o que tem que se fazer com o Hospital Regional, considerado por eles um patrimônio muito importante. Finalizando, solicitou que tanto a proposta da Associação Empresarial como as das demais entidades sejam vistas com muito carinho e tenham papel fundamental na condução dos destinos do Hospital Regional. [Taquígrafas-Revisoras: Almerinda L. Thomé e Denise V. Silva.] Em seguida, a palavra foi concedida à senhora Soraia Lummertz, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Araranguá, que iniciou dizendo que não iria fazer nenhum relato histórico porque todos já estavam cansados de saber o que acontece no Hospital Regional de Araranguá há trinta anos. Deixou claro que as entidades do Vale do Araranguá, que tem 200 mil habitantes, não têm medo de administrar o Hospital Regional, pois têm competência, qualidade e profissionais para exercer esses cargos. O senhor Presidente leu um documento pré-elaborado e assinado pelos Deputados Estaduais e demais autoridades municipais presentes, o qual será levado ao Governador, ocasião em que solicitarão uma audiência para apresentar os encaminhamentos tirados desta audiência pública. Ato contínuo, passou a palavra ao senhor Diogo Oliveira, funcionário do Hospital Regional e técnico em Radiologia, que, em relação ao o edital para a próxima administração, perguntou o valor dos recursos que serão repassados e depois implementados no planejamento que vai ser feito em longo prazo. Indagou ainda qual a posição do governo sobre os valores a seres repassados e informou que hoje é repassado cerca de R$ 650 mil como ajuda de custeio, fora o faturamento que o Hospital já tem pactuado. O Deputado Estadual José Milton Scheffer respondeu que a audiência que está sendo solicitada com o Governador é para discutir esse financiamento e que o valor não dá para precisar porque depende do que vai ser feito no Hospital. Elogiou a colocação do Diogo e disse que essa preocupação quanto ao aumento de repasse dos recursos tem que ser colocada como sugestão, informando que, embora insuficiente, foi garantido neste ano, num trabalho que envolveu várias lideranças, o repasse de mais R$ 150 mil. Lembrou ser o fator financeiro um dos maiores problemas da Saúde e prometeu que irão brigar pelo aumento de recursos para custeio, ampliação e construção do prédio, que também está pequeno, considerando que para isso é necessário 228 apresentar justificativas. A senhora Marlei Paulo, Secretária Municipal de Saúde de Santa Rosa do Sul e presidente do Colegiado de Gestão Regional – Macrorregião Sul/Extremo Sul, salientou que quando o direito é um bem comum, os esforços convergem, afirmando que todos estão ali reunidos em prol do funcionamento correto do Hospital Regional de Araranguá e que esse é um anseio de todos os Secretários, da população e principalmente dos pacientes, que necessitam de atendimento. Registrou que em abril o colegiado de Secretários começou a elaborar um documento que foi contemplado no projeto apresentado pela Evelyn e que, por precaução, esse documento também será entregue ao Secretário de Estado da Saúde quando estiver na região. Afirmou que o único desejo dos Secretários é que o Hospital funcione e que a população seja atendida, avaliando que grande parte dos anseios da sociedade será solucionada se for resolvida a questão sobre a administração do Hospital. Dito isso, solicitou que fosse levada a palavra dos Secretários ao Secretário de Estado para que desta vez deslanche o atendimento e a administração do Hospital Regional de Araranguá. O Vereador Eduardo Merêncio (Chico), de Araranguá, manifestou o seu entendimento de que, pelo acompanhamento feito, ainda não teve alguém que passasse total confiança. Disse que há um grupo de entidades proveniente de movimentos populares que não vai deixar que os funcionários do Hospital fiquem desamparados e que não acredita que o Governo do Estado vai deixá-los assumir esse Hospital, solicitando aos Deputados que olhem com carinho para esse grupo de entidades que quer administrar o Hospital Regional de Araranguá. A senhora Rita de Cássia Premoli, diretora-superintendente do Hospital Regional de Araranguá e representando a Fucri, salientou que o momento é de discutir uma nova administração, ressaltando que não vai defender a administração da Fucri porque considera importante o direito de as pessoas pensarem, sobre o que realmente deverá ser feito. Afirmou que mesmo com essa transição que acontecerá em abril de 2012, quando o Hospital será entregue a uma nova administração, a equipe profissional do Hospital está trabalhando, cumprindo a sua árdua tarefa, complementando que essa equipe tem o compromisso de entregar o Hospital à nova administração em pleno funcionamento e que tem competência técnica para isso. Contou que trabalha no Hospital desde 1986, que passou por todas as administrações e que está muito preocupada com o pessoal da região e com o funcionamento do Hospital, lembrando que nenhuma entidade funciona sozinha mas que também não adianta vir uma ou duas entidades sem respaldo, por isso espera que a nova entidade que assumir tenha isso. O senhor Mariano Mazzuco Neto, Prefeito de Araranguá e presidente da Associação dos Municípios do Extremo Sul Catarinense (Amesc), disse que a Amesc, através de estudos feitos, pautou para trabalhar o Hospital Regional de Araranguá. Contou que as entidades conversaram com a Unesc e a Fucri, já que naquele momento estavam para pactuar o novo convênio com o governo estadual, e que envidaram todos os esforços para que elas permanecessem e mudassem o modelo de administração a fim de receberem todos os recursos suficientes para mudar a resolutividade do Hospital. Comentou que como a Fucri não vai ser mais a mantenedora do Hospital, surgiu com mais força esse movimento em Araranguá que quer e deve administrar o Hospital. Registrando que foi observar o funcionamento do Hospital Regional de Chapecó e que gostou da maneira pela qual foi organizada aquela entidade, comentando a nota que o jornalista Moacir Pereira escreveu em sua coluna sobre a gestão do Deputado Volnei Morastoni à frente da Comissão de Saúde da Alesc, na qual citou hospitais que tiveram sucesso e hospitais que não tiveram sucesso. Quanto à questão financeira, enfatizou que um dos maiores desafios é bem gerir o Hospital. [Taquígrafa-Revisora: Ione Terezinha Reis Melo.] Seguindo esse raciocínio, disse que a associação que quer administrar o Hospital Regional de Araranguá é composta por pessoas de alta responsabilidade e conhecimento e que, com certeza, terão êxito nisso Aproveitando a ocasião, reforçou que a 229 Amesc e os quinze Prefeitos do Vale do Araranguá são favoráveis à iniciativa e apoiam que o Hospital seja administrado por uma associação da comunidade que conheça os problemas de Araranguá e em relação à Saúde naquele Município. Afirmou que o Hospital Regional é o cerne da saúde pública e que dele vai depender também a saúde administrada no Município e em outros hospitais menores localizados no Vale do Araranguá. Finalizou parabenizando a Assembleia Legislativa pela audiência pública e reforçando que o governo do Estado, em todas as conversas que aconteceram, sempre demonstrou muito interesse em resolver a questão do Hospital Regional de Araranguá. O senhor Heriberto Afonso Schmidt, Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional de Araranguá, disse que o Governador Raimundo Colombo, o Vice-Governador Eduardo Moreira e o Secretário Dalmo estão abertos ao diálogo, afirmando que se houver uma associação forte da região, o governo do Estado será favorável que ela assuma o Hospital, cabendo à Secretaria da Saúde fixar as normas de funcionamento. Defendendo o seu posicionamento de que seja uma associação da região, declarou que isso só não ocorrerá se não houver uma associação forte para assumir o Hospital ou no caso de haver algum impedimento jurídico, salientando que a região tem empresas, indústrias e comércio que crescem cada vez mais e gente com capacidade de formar uma associação e contratar um bom administrador hospitalar para o Hospital Regional de Araranguá. O Deputado Estadual Manoel Mota agradeceu aos Deputados e a todos os demais que se somaram em busca do melhor para a região. Contou que há 28 anos, quando era Prefeito, para credenciar o Hospital Regional não teve outra opção se não descredenciar o Hospital Bom Pastor, registrando que de lá para cá várias entidades administraram o Hospital Regional de Araranguá. Disse que sempre defendeu que para o Hospital ter sucesso era necessário que o Vale do Araranguá, os Prefeitos, e os Secretários Municipais de Saúde participassem da construção dele e informou que o Governador do Estado, Raimundo Colombo, e o Vice-Governador, Eduardo Moreira, assumiram o compromisso de investir no resgate da saúde pública do Vale do Araranguá. Ressaltou que a audiência pública não era para tratar de associação a, b ou c, e sim para oportunizar ao Vale do Araranguá a administração do Hospital, acrescentando que a Aciva é uma grande organização e lembrando que o doutor Martinho Herculano Ghizzo, que já foi Secretário da Saúde e Deputado, sente no coração o problema. Encerrando, reiterou que todos vão buscar o caminho que seja melhor para o Vale do Araranguá. O Deputado Estadual José Milton Scheffer, abordando as sugestões feitas durante a reunião, disse que o Deputado Volnei iria colocar alguns encaminhamentos para a apreciação da plenária, como a questão da associação, que precisa da aprovação dos presentes antes de ser levada ao Governador, e a questão dos funcionários, que tem que constar na ata, lembrando que outro item a ser pensado diz respeito à média e alta complexidade, que pode ser referência em outras áreas, como já é em Ortopedia, além das cirurgias bariátricas, que têm valor agregado grande e podem ajudar financeiramente na manutenção do Hospital. Reforçou os posicionamentos sobre não haver problemas para os atuais funcionários, profissionais com experiência e úteis para o Hospital. Sobre os encaminhamentos tirados desta audiência, disse que serão entregues ao Governador em uma reunião a ser agendada por ele e pelos Deputados Mota e Morastoni, para a qual também serão convidados os Prefeitos, a Aciva, o Secretário Dalmo, que tem boa visão do Hospital, ocasião em que entregarão as reivindicações da comunidade. Dito isso, disse que as suas expectativas foram superadas, que o objetivo era ouvir, que a oportunidade foi dada e que crê que, enquanto Assembleia Legislativa, todos estão cumprindo com o seu papel de ouvir e lutar para representar a população. Salientou que a presença de todos na reunião, além de mostrar que esta audiência era necessária, mostra que há união de forças para se encontrar uma solução. Por fim, parabenizou a Aciva pela proposta, pelo encaminhamento junto com as 230 instituições. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, colocou para a apreciação da plenária as duas propostas concretas tiradas da audiência, quais sejam, que em audiência com o Governador e com o Secretário da Saúde seja apresentada a proposta de implantação de uma organização social comunitária e regional para a administração do Hospital Regional de Araranguá e um projeto de revitalização desse Hospital, as quais foram aprovadas por unanimidade. Comentou que como médico e como Deputado pelo quarto mandato já havia participado de debates sobre saúde outras vezes e que sempre houve esses embates nas questões dos hospitais. Disse que a sua posição pessoal é que o Estado deveria assumir os seus hospitais próprios, comentando que a situação vivida hoje pelo Hospital de Araranguá e por outros hospitais do Estado deve-se ao fato de os governos nunca terem assumido a Saúde com prioridade. Citou que a Lei Orgânica da Saúde, a Lei nº 8.080, que em um de seus artigos trata dos hospitais regionais de alta complexidade, avaliando que possivelmente esse será o destino do Hospital Regional de Araranguá. Registrou que estão sendo feitos audiências públicas pelo Estado para discutir a necessidade de descentralizar a alta complexidade, de tirá-la da Capital, ou do eixo Joinville-Blumenau, lembrando que se a alta complexidade para adultos está relativamente descentralizada no Estado, para a pediatria está muito pouco descentralizada, fazendo com que uma criança portadora de câncer precise se deslocar daqui até Florianópolis para fazer quimioterapia. A respeito da situação em foco, disse entender perfeitamente a preocupação da comunidade, das entidades, dos Municípios e dos Prefeitos de todo o Vale do Araranguá, já que fica um vácuo quando a própria Universidade se retira e o Governo do Estado não manifesta nenhuma intenção real e concreta de assumir ele próprio os destinos do Hospital. Afirmou que procede a preocupação da comunidade com essa abertura, por isso pode atrair gente de todos os lados pela simples razão de vislumbrarem lucro com a administração do Hospital, avaliando ser importante a comunidade se organizar e tomar conta dele, para que o Hospital funcione e revigore-se. Prosseguindo, reiterou o seu entendimento de que o Estado é que teria que profissionalizar a gestão dos seus hospitais e afirmou que não é porque pensa assim que irá criar qualquer dificuldade para o encaminhamento que a comunidade está tirando neste momento, pelo contrário, disse que como Presidente da Comissão irá encaminhar aquilo que a maioria de cada região do Estado decidir. Reportando-se aos presentes, salientou que a Comissão de Saúde será parceira deles e que estará junto com os Deputados da região e com outros para poder discutir com o governo do Estado essa situação e encontrar a melhor solução. Enfatizou que o Estado deveria assumir mais a responsabilidade com o custeio dos hospitais e ter um programa de aperfeiçoamento de gestão hospitalar, mencionando que muitas vezes o problema não é de recursos, e sim de gestão, ou então é conjugado: de gestão e de recursos. Finalizando, trouxe à tona novamente a necessidade de ser regulamentada a Emenda 29 para que o governo federal possa aplicar muito mais recursos do que todos estão defendendo na Saúde. Nada mais havendo a tratar, parabenizou todos pela mobilização e por tudo que foi apresentado e encerrou a audiência pública. [Taquígrafas-Revisoras: Almerinda L. Thomé e Denise V. Silva.] _______________________________________________________________________ DEPUTADO ESTADUAL VOLNEI MORASTONI PRESIDENTE DA COMISSÃO DE SAÚDE 231 ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA – TIJUCAS “A SITUAÇÃO HOSPITAIS DO TIJUCAS” DA SAÚDE E VALE DO RIO 232 1ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 17ª LEGISLATURA COORDENADORIA DE TAQUIGRAFIA DAS COMISSÕES – CTC EMENTA TAGUÍGRAFICA COMISSÃO DE SAÚDE DATA: 2/09/2011 LOCAL EVENTO Audiência Pública (AP) HORA: 9h Univali - Tijucas/|SC SUMÁRIO: Avaliar a SITUAÇÃO da Saúde e dos Hospitais do Vale do Rio Tijucas. PRESIDENTE DA AP: Deputado Estadual Volnei Morastoni, Presidente da Comissão de Saúde da Alesc PARTICIPANTES DA MESA: Deputado Estadual Dado Cherem, membro da Comissão de Saúde da Alesc; Prefeito Elmis Mannrich, de Tijucas; Prefeito Aderbal Manoel dos Santos, de São João Batista; Prefeito Orivan Jarbas Orsi, de Nova Trento; Prefeito Zelásio Angelo Dell’Agnollo, de Major Gercino; senhora Dirlene Pereira, Secretária Municipal de Saúde de Canelinha, representando o Prefeito Antônio da Silva; Vereadora Elizabete Mianes da Silva, Presidente da Câmara Municipal de Tijucas; Vereador Plácido Vargas, de São João Batista; Maurício Pessutto, Procurador da República e Procurador Regional dos Direitos do Cidadão de Santa Catarina; senhor Marco Antônio Schutz de Medeiros, Promotor de Justiça da Comarca de Tijucas, representando o senhor Lio Marcos Marin, Procurador-Geral de Justiça do Estado de Santa Catarina; senhor Braz Vieira, diretor Executivo da Associação e Federação dos Hospitais de Santa Catarina; senhora Ivonir Zanatta Webster, gerente de Saúde da Regional de Brusque, representando a Secretária de Desenvolvimento Regional de Brusque, Sandra Regina Eccel; irmã Enedina Sacheti, presidente da Sociedade Divina Providência, representando os hospitais da região. REGISTRO DE PRESENÇA: Sérgio Murilo Cordeiro, Secretário Municipal de Saúde de Tijucas; Juliano Petter, diretor do Hospital São José e Maternidade Chiquinha Gallotti, de Tijucas; Vice-Prefeito Elias Germano Mafeçoli, de São João Batista; Vereador Moacir Batisti, Presidente da Câmara de Municipal de Major Gercino; Godofredo Luiz Tonini, Secretário de Saúde do Município de Nova Trento; Luís Henrique da Cunha, Secretário de Saúde de Major Gercino; Sálvio Osmar Tonini, Secretário de Saúde de São João Batista; Vereador Valdecir Marchi, de Major Gercino; Vereador Marcos Aurélio, de São João Batista; Vereador Saul Reitz, de São João Batista; Vereador Gian Francisco Voltolini, de Nova Trento; Vereador Pedro Gattis, de Major Gercino; Vereador Carlos Francisco da Silva, de Major Gercino; Vereador Salmir Benoni Zunino, de Major Gercino; Vereador Mário José Gomes, de São João Batista; Evaldo Godinho de Jesus, diretor do Hospital Monsenhor José Locks, de São João Batista; Kátia Oliveira, representando o Sindicato dos Empregados no Comércio de Brusque; Marilita Michele Gonçalves, diretora da Fundação Hospitalar do Município de Canelinha; Luiz Carlos de Souza, representado o Deputado Estadual Jean Kuhlmann; Vereadora Marilu Duarte Carvalho, de Tijucas; Vereadora Lialda Lemos, de Tijucas. MANIFESTAÇÕES: Deputado Estadual Volnei Morastoni; Deputado Estadual Dado Cherem; Braz Vieira; Vereador Adalto Gomes; Vereador Plácido Vargas; Prefeito Elmis Mannrich; Prefeito Aderbal Manoel dos Santos; Prefeito Orivan Jarbas Orsi; Prefeito Zelásio Angelo Dell Agnollo; Prefeito Orivan Jarbas Orsi; Procurador da República Maurício Pessutto; Secretário Municipal Sálvio Osmar Tonini; irmã Enedina Sacheti; Secretário Municipal Sérgio Murilo Cordeiro; Promotor de Justiça Marco Antônio Schutz de Medeiros; Valmir Coelho; Vereadora Marilu Duarte Carvalho; Juliano Petter; Vereador Carlos Francisco da Silva 233 ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PROMOVIDA PELA COMISSÃO DE SAÚDE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SANTA CATARINA PARA AVALIAR A SITUAÇÃO DA SAÚDE E DOS HOSPITAIS DO VALE DO RIO TIJUCAS, REALIZADA NO DIA 2 DE SETEMBRO DE 2011, ÀS 9H, NO AUDITÓRIO DA UNIVALI, CAMPUS III, MUNICÍPIO DE TIJUCAS/SC Aos dois dias do mês de setembro do ano de 2011, às 9h, no auditório da Univali, campus III, Município de Tijucas, realizou-se audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc) com o objetivo de avaliar a situação da Saúde e dos Hospitais do Vale do Rio Tijucas. O Presidente da Comissão de Saúde, Deputado Estadual Volnei Morastoni, presidindo a audiência pública, iniciou a reunião agradecendo a presença de todos que acolheram o convite da Alesc nesse périplo de audiências públicas que a Comissão de Saúde está realizando por todo o Estado, bem como à equipe da Assembleia Legislativa, à TVAL, à Coordenadoria de Taquigrafia das Comissões, à Rádio Alesc Digital, à imprensa, aos jornalistas, aos repórteres, ao cerimonial da Casa Militar e ao apoio recebido do Município, especialmente dos Vereadores Adalto e Plácido, que ajudaram na organização do evento. Em seguida, chamou para compor a mesa as seguintes autoridades: Deputado Estadual Dado Cherem, membro da Comissão de Saúde da Alesc; Prefeito Elmis Mannrich, de Tijucas; Prefeito Aderbal Manoel dos Santos, de São João Batista; Prefeito Orivan Jarbas Orsi, de Nova Trento; Prefeito Zelásio Angelo Dell’Agnollo, de Major Gercino; senhora Dirlene Pereira, Secretária Municipal de Saúde de Canelinha, representando o Prefeito Antônio da Silva; Vereadora Elizabete Mianes da Silva, Presidente da Câmara Municipal de Tijucas; Vereador Plácido Vargas, de São João Batista; Maurício Pessutto, Procurador da República e Procurador Regional dos Direitos do Cidadão de Santa Catarina; senhor Marco Antônio Schutz de Medeiros, Promotor de Justiça da Comarca de Tijucas, representando o senhor Lio Marcos Marin, Procurador-Geral de Justiça do Estado de Santa Catarina; senhor Braz Vieira, diretor Executivo da Associação e Federação dos Hospitais de Santa Catarina; senhora Ivonir Zanatta Webster, gerente de Saúde da Regional de Brusque, representando a Secretária de Desenvolvimento Regional de Brusque, Sandra Regina Eccel; irmã Enedina Sacheti, presidente da Sociedade Divina Providência, representando os hospitais da região. Na sequência, o senhor Presidente lembrou que além das audiências públicas que a Comissão de Saúde está realizando por todo o Estado, o Fórum dos Pequenos Hospitais está fazendo outro circuito de audiências públicas em São Miguel do Oeste, Ituporanga, Araranguá, faltando realizá-las ainda em Chapecó e na região de Canoinhas. Adiantou que, independentemente das informações que serão coletadas nesta audiência pública para o Fórum dos Pequenos Hospitais, será enviado um formulário a todos os hospitais da região, para ser devolvido em até duas semanas, contendo informações específicas para o referido Fórum. Sobre as mais de uma dezena de audiências públicas realizadas com o objetivo de levantar dados concretos sobre a verdadeira situação da saúde no Estado, disse que todo esse trabalho está sendo acompanhado pela Secretaria de Estado da Saúde e que o próprio Governador tem conhecimento desse trabalho que a Assembleia Legislativa está fazendo, que não deixa de ser um trabalho em cooperação com o governo estadual, para que se tenha em mãos um verdadeiro diagnóstico, lembrando que na Medicina há uma premissa que diz que o melhor tratamento é o diagnóstico. Destacou ser necessário que os dados em relação à saúde sejam coletados diretamente com a comunidade, com Prefeitos, Vereadores, Secretários Municipais de Saúde, dirigentes hospitalares, lideranças da comunidade, os quais depois serão sintetizados em um documento a ser levado ao Secretário de Estado da Saúde e ao 234 Governador, a fim de que os problemas apontados tenham solução. Destacou que os problemas na saúde vieram se acumulando por muitos anos por várias razões e que esses problemas são do Município, do Estado, da União. Salientou que o SUS é uma tríplice aliança, uma das maiores conquistas sociais do povo brasileiro e o maior plano de saúde do mundo, lembrando que nos planos privados, que atendem uma parcela da população, quando chega na hora de exames de alto custo, de cirurgias, é o SUS que banca. Continuando, assinalou que no mundo ocidental, no mundo capitalista, nenhum outro país tem um plano de saúde de referência como o Brasil, afirmando que o SUS não é um problema, e sim a solução do problema, que tem que ser equacionado. Adiantou que neste ano, após todo esse périplo que está sendo feito pelo Estado com o objetivo de analisar a situação da saúde nos Municípios, a ordem do dia é o financiamento da saúde, a ser definido pela Emenda Constitucional 29, que deve ser votada pelo Congresso Nacional até o final deste mês ou neste semestre, discorrendo sobre os percentuais a ser aplicados por Municípios e Estados. Informou que através de um projeto do Deputado Dado Cherem, a partir de janeiro deste ano o governo de Santa Catarina já retirou do cálculo dos 12% a serem aplicados na saúde a folha de pagamento dos inativos nessa área, que soma mais de R$ 50 milhões por ano, e reforçou que a regulamentação da Emenda 29 vai disciplinar questões dessa natureza, ou seja, o que é e o que não é gasto com saúde, além de determinar um percentual para a União, que hoje aplica um valor que é uma variável nominal do PIB, que não é um valor fixo definido, mencionando que a proposta é que seja 10% do que a União arrecada de impostos, assim como os Estados e Municípios, o que significa injetar na saúde mais R$ 60 bilhões por ano. Disse que a Presidente Dilma pediu que o Congresso definisse uma fonte de recursos para a saúde, advertindo que se for para criar uma nova contribuição, que seja exclusivamente para essa área, para não acontecer como aconteceu anteriormente com a CPMF, cujos recursos não iam todos para a saúde. Afirmou que ao serem apresentadas as propostas para o Governador, o Estado terá que tomar uma decisão política e abraçar o custeio dos hospitais, contando que tem ouvido pelo Estado afora que se pequenos hospitais receberem do governo do Estado R$ 15 mil, R$ 20 mil ou R$ 30 mil por mês, poderiam sobreviver com os encargos que têm. Concluindo as suas considerações iniciais, disse que toda a audiência vai ser registrada pela taquigrafia e que o documento dali tirado irá somar-se aos documentos das demais audiências feitas em todo o Estado. Em seguida, passou a palavra ao Deputado Estadual Dado Cherem, que frisou que a sua função era ouvir e dividir a angústia com todos os Prefeitos, gestores, Vereadores, Secretários Municipais que fazem saúde pública. Falou que não tem dúvida de que a Atenção Básica, de responsabilidade do Município, está sendo feita, disse que não tem Prefeito hoje que invista menos de 18%, 20% ou 25% em saúde pública e afirmou que os Municípios estão fazendo a lição de casa, considerando que a grande dificuldade, tanto na média como na alta complexidade, é o subfinanciamento da saúde. Avaliou que embora haja controle legal da Câmara de Vereadores e controle social dos Conselhos Municipais e do próprio Ministério Público, está na hora de ser feita alguma coisa diferenciada nesse sentido, pois o sofrimento pelo qual passam os Municípios se reflete na população que não tem acesso ao SUS. Disse que ele e o Deputado Volnei, em nome dos demais membros da Comissão de Saúde, estavam ali para fazer um diagnóstico e levar ao Governador as propostas possíveis de serem executadas no Orçamento do Estado. Finalizando, disse que a audiência pública trará uma contribuição muito grande à saúde pública do Vale do Rio Tijucas. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, registrou que esta audiência pública estava sendo realizada por proposição do Vereador Adalto Gomes, que apresentou proposta via Câmara Municipal de Tijucas, e do Deputado Estadual Jorge Teixeira, que justificou a sua ausência por estar em viagem no Exterior. Justificou, em seguida, a ausência dos Deputados 235 Estaduais Aldo Schneider e Ciro Roza; do Presidente do Tribunal de Contas do Estado, Conselheiro Luiz Herbst; do Presidente do Tribunal de Justiça, Trindade dos Santos; e do Presidente do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina. Em seguida, registrou a presença do senhor Sérgio Murilo Cordeiro, Secretário Municipal de Saúde de Tijucas; do senhor Juliano Petter, diretor do Hospital São José e Maternidade Chiquinha Gallotti, de Tijucas; do Vice-Prefeito Elias Germano Mafeçoli, de São João Batista; do Vereador Moacir Batisti, Presidente da Câmara de Municipal de Major Gercino; do senhor Godofredo Luiz Tonini, Secretário de Saúde do Município de Nova Trento. Feito o registro, passou a palavra ao senhor Braz Vieira, diretor Executivo da Associação e Federação dos Hospitais de Santa Catarina, que justificou a ausência dos presidentes da Associação e da Federação, os quais se revezando nessa maratona de audiências públicas que a Assembleia Legislativa, através da Comissão de Saúde e do Fórum dos Pequenos Hospitais, está desenvolvendo no Estado, para que em todos os eventos haja a presença da Associação e da Federação. Taquígrafa-Revisora: Ione Terezinha Reis de Melo.] Disse entender que se está fazendo uma mexida no fundo do aquário num momento em que a discussão ampla e profunda da saúde é necessária, porque está passando do prazo. Iniciando a apresentação de PowerPoint, mostrou que dos 221 hospitais do Estado, 20% são públicos, 20% privados e 60% comunitários/filantrópicos, hospitais que têm obrigação de atender os usuários do SUS e estão pedindo socorro porque não conseguem atender a demanda com os recursos de que dispõem. Sobre a representatividade em estabelecimentos de saúde, citou que 44,05% representam serviços de saúde, 8,02% representam serviços de laboratório, 45,23% representam serviços de clínica e 2,71% representam serviços de hospitais, sendo 182 hospitais representados pela Associação e Federação dos Hospitais. Quanto à natureza jurídica, informou que 82,35% são privados/filantrópicos, 11,31% são municipais, 6,33% são estaduais e 0,45% são federais. Quanto à distribuição de leitos, mostrou que dos 15.191 leitos no Estado, 77% são representados pela Ahesc-Fehoesc e 7.891 são representados pela rede privada/filantrópica. Citando a máxima “saúde não tem preço, mas tem custo”, comentou que o custo da saúde ao longo dos anos tem sido absurdamente alto em relação à sua receita. Em seguida, mostrou que os hospitais estão cada vez mais com dificuldades justamente pela tabela SUS, informando que para uma cirurgia de apendicite, o SUS paga apenas 40% do custo, e para uma cirurgia de pulmão, o SUS paga 42,8% do custo. Mencionando a polêmica que existe no Estado sobre as UTIs, disse que a construção de uma UTI custa R$ 2 milhões e gera R$ 100 mil de despesa por mês. Explicou que esse é um investimento fixo e que o custeio é difícil, o que faz com que em dois anos todo o investimento que o governo fez nesses hospitais se dilua só com a despesa que o hospital tem para atender essa demanda. Em seguida, mostrou que para uma broncopneumonia o SUS paga 52% do custo; que para uma cesariana o SUS paga 55%, salientando que cada hospital atende um percentual de cesarianas por mês proporcional aos partos normais e que não recebe nos casos em que as cesarianas são feitas acima da média, porque o SUS bloqueia esse pagamento. Prosseguindo, mostrou que para o parto normal, que custa R$ 582,00, o SUS paga R$ 412,00; que para um raio-X de crânio o hospital recebe R$ 7,52; para uma consulta médica, R$ 10,00; para um hemograma, R$ 4,11; para um exame de urina, R$ 1,89; para um raio-X de tórax, R$ 9,50. Em seguida, comparou os valores pagos pelo SUS com o valor cobrado em outras áreas: uma visita de técnico em informática custa R$ 70,00, um corte de cabelo custa R$ 25,00 e um serviço de engraxate sai por R$ 5,00. Avaliou que os encargos estão cada vez maiores e os investimentos cada vez menores, situação que gera uma problemática para a região de Tijucas porque a alta complexidade está se deslocando para a Capital, que não tem capacidade para atender toda a demanda. Afirmando que a rede hospitalar da região está na expectativa de que esse processo seja 236 revertido, disse que a região do Vale do Rio Tijucas tem 4 hospitais e 164 leitos, comentando que a estrutura hospitalar de Tijucas poderia desafogar a Capital, criando uma alternativa de viabilidade e evitando a “ambulacioterapia”. Salientou que não há falta de leitos no Estado, mas que estão mal distribuídos, que há uma grande concentração de hospitais de pequeno porte e que 50% da rede tem menos de 50 leitos. Destacou que os investimentos nas UPAs e na PSF estão sendo feitos com propriedade pelos Municípios, que os hospitais precisam ser vocacionados e que é preciso haver uma definição mais clara para que a atuação dos hospitais seja específica. Disse que embora haja uma nuvem escura em cima das prestadoras de serviços de saúde, que embora a tendência seja os hospitais terem cada vez mais dificuldades, a Assembleia está avançando a passos largos para encontrar uma solução para isso. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, registrou a presença das seguintes autoridades: senhor Luís Henrique da Cunha, Secretário de Saúde de Major Gercino; senhor Sálvio Osmar Tonini, Secretário de Saúde de São João Batista; Vereador Valdecir Marchi, de Major Gercino; Vereador Marcos Aurélio, de São João Batista; Vereador Saul Reitz, de São João Batista; Vereador Gian Francisco Voltolini, de Nova Trento; Vereador Pedro Gattis, de Major Gercino; Vereador Carlos Francisco da Silva, de Major Gercino; Vereador Salmir Benoni Zunino, de Major Gercino; Vereador Mário José Gomes, de São João Batista; senhor Evaldo Godinho de Jesus, diretor do Hospital Monsenhor José Locks, de São João Batista; senhora Kátia Oliveira, representando o Sindicato dos Empregados no Comércio de Brusque; senhora Marilita Michele Gonçalves, diretora da Fundação Hospitalar do Município de Canelinha; senhor Luiz Carlos de Souza, representado o Deputado Estadual Jean Kuhlmann; Vereadora Marilu Duarte Carvalho, de Tijucas; e Vereadora Lialda Lemos, de Tijucas. Feito o registro, passou a palavra ao Vereador Adalto Gomes, de Tijucas, que cumprimentou os presentes e parabenizou o trabalho que a Comissão de Saúde está fazendo em todo o Estado, levantando a situação da saúde. [TaquígrafaRevisora: Sabrina R. Schmitz.] Disse que quando propôs na Câmara Municipal de Tijucas a realização de audiência pública no Município, tinham claro que haveria muitas dificuldades e que não poderiam ficar parados esperando por uma solução. Afirmou ser necessária não só a melhoria na rede de atendimento imediato mas também a qualidade desse atendimento e convocou todas as autoridades e representantes da população para participarem de uma conversa preliminar com a intenção de melhor conhecer os problemas do Vale do Rio Tijucas, salientando que todos conheciam os graves problemas da região. Registrou que uma das melhorias essenciais diagnosticadas foi que o Hospital São José se tornasse uma unidade de referência, já que dispunha de instalações adequadas para atender as necessidades da população, lembrando que se o Hospital prestasse serviços de uma unidade de referência, desafogaria o número excessivo de indivíduos deslocados até os hospitais de Florianópolis. Comentou sobre o vocacionamento dos hospitais, dizendo que foram proposições da comunidade que o Hospital de Tijucas deveria ser vocacionado em traumas, pois ficava próximo à BR-101 e à SC-411, locais de muitos acidentes; que o Hospital de São João Batista deveria ser vocacionado em obstetrícia, pois possuía estrutura adequada para tal; e que o Hospital de Nova Trento deveria ser referência em psiquiatria, salientando que tão importante quando a instrumentalização dos hospitais era a manutenção das unidades existentes. Salientou o apoio unânime à regulamentação da Emenda 29 e disse que a comunidade estava reivindicando uma UTI móvel do Samu para prestar atendimento na região, que ainda não contava com aquele serviço. Afirmou, em seguida, que o Movimento do Vale do Rio Tijucas, junto com a Comissão de Saúde da Alesc e as autoridades locais, estava lutando para que os problemas relacionados à Saúde fossem sanados da região e entregou ao Presidente o documento contendo as reivindicações da região. O senhor Presidente disse que os 237 documentos entregues à Comissão de Saúde serviam como norteadores para as ações e para os encaminhamentos pertinentes ao tema. Finalizando a sua manifestação, o Vereador Adalto Gomes propôs que fosse constituída uma comissão formada por representantes da classe política e da sociedade local para representar o Vale do Rio Tijucas e acompanhar as ações do referido Movimento. Na sequência, usou da palavra o Vereador Plácido Vargas, de São João Batista, que afirmou ter sido produzido documento demonstrando apoio à Emenda 29, que foi enviado aos Deputados Federais e aos Senadores de Santa Catarina objetivando que eles pressionassem as autoridades políticas no sentido de aprovar aquela emenda, acrescentando que todo o Vale do Rio Tijucas estava unido politicamente naquele sentido. Disse que acreditava no novo governo que estava começando em Santa Catarina, apesar da desilusão existente em relação à classe política, e afirmou que se todos lutassem unidos e com perseverança, os problemas relativos à saúde no Estado seriam solucionados. Em seguida manifestou-se o Prefeito Elmis Mannrich, de Tijucas, que frisou a importância do movimento que a Comissão de Saúde da Alesc vinha fazendo. Ao mesmo tempo, criticou a falta de representantes políticos da esfera federal, como os Deputados Federais do Estado, comentando o percentual dos repasses de recursos oriundos da arrecadação: 64% ao governo federal, 23% aos governos estaduais e 13% aos municípios. Sobre a obrigação de os gestores municipais aplicarem 15% dos recursos em saúde pública, disse que todos os Municípios da região gastavam muito mais que isso, citando que o Município de Tijucas aplicava 23.8% em saúde. Sendo assim, pediu que os políticos catarinenses lutassem pela aprovação da Emenda 29, pois a conta não estava fechando. Salientou que a região sentiria muito se o Hospital São José e Maternidade Chiquinha Gallotti fosse fechado, pois ali eram atendidos muitos pacientes provenientes de outros Municípios, inclusive fora do Vale do Rio Tijucas, declarando que a Prefeitura não tinha condições de manter aquela instituição. Informou que em mais de 80% dos Municípios do Estado havia menos de 20 mil habitantes, e como existia um contato direto da população com os políticos locais, disse que cabia aos Prefeitos e aos Vereadores o ônus de explicar ao cidadão o porquê das coisas e ouvir da população as críticas. Avaliou que enquanto não houver um pacto federativo no sentido de melhor redistribuir os recursos arrecadados, cada vez mais aumentariam as dificuldades administrativas e financeiras dos Municípios, pois tudo estourava na base, ou seja, nas Prefeituras e Câmaras Municipais. Afirmando que o SUS era muito importante, salientou que o foco naquele momento deveria ser aprimorar a transferência de recursos aos hospitais, principalmente para as cirurgias. Reforçou que os Municípios daquela região não poderiam continuar sendo apenas um corredor por onde levam (e trazem) pacientes a serem atendidos nos já saturados hospitais de Florianópolis. [Taquígrafo-Revisor: Eduardo Delvalhas dos Santos.] O senhor Presidente agradeceu a participação do Prefeito Elmis e teceu comentários acerca da partilha de impostos entre os entes federados, informando que os Municípios ficam com 12%, os Estados com 22% e a União com 65% da arrecadação. Ressaltou que a aprovação da Emenda 29 será um passo importante para a saúde, avisando que até o final de 2011 serão realizadas as Conferências Estaduais da Saúde e a 14ª Conferência Nacional da Saúde, o que demonstra ser este um ano em que a saúde estará em discussão em todo o cenário nacional. O Prefeito Aderbal Manoel dos Santos, de São João Batista, cumprimentou as autoridades, os representantes das entidades e comentou ter sido feita uma reunião em São João Batista bastante produtiva, no último dia 26, para tratar dos assuntos que seriam debatidos na audiência pública. Falou que tanto os Prefeitos como os Vereadores de pequenos Municípios enfrentam dificuldades no seu dia a dia, pois os munícipes, que conhecem a rotina de seus representantes, sabem onde moram e os lugares que frequentam, muitas vezes os interpelam para que intercedam em casos mais graves de saúde de algum familiar ou quando é necessário 238 fazer ou uma ressonância magnética ou uma cirurgia de alta complexidade, por exemplo. Declarou que de São João Batista saem vários veículos em direção a Florianópolis para que as pessoas sejam atendidas nos hospitais da Capital, ocorrendo o mesmo com os Municípios de Canelinha, Major Gercino, Tijucas e Nova Trento. Relatou que quando assumiu a administração municipal de São João Batista, em 2005, o Hospital estava com o centro cirúrgico e a lavanderia interditados, acrescentando que receberam apoio, na época, do então Secretário Dado Cherem e também do ex-Governador Luiz Henrique da Silveira. Registrando que nesses sete anos como Prefeito tinha participado de todas as marchas de Prefeitos em Brasília em apoio à Emenda Constitucional 29, disse que a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) tem feito um grande debate sobre a Emenda 29 mas que não acredita que ela seja aprovada, a não ser que se crie um novo imposto, informando que leu no Diário Catarinense do dia anterior uma entrevista em que o Ministro Alexandre Padilha pedia que não aprovassem a Emenda 29 se não houvesse a criação da Contribuição Social para a Saúde (CSS). Em seguida, convidou seus colegas Prefeitos e os Vereadores para mais uma mobilização da Confederação Nacional dos Municípios em Brasília, nos dias 13 e 14 de setembro, para reforçarem o movimento. Parabenizou todos pela iniciativa da audiência pública e pediu que as autoridades maiores e as pessoas que realmente podem contribuir assim o façam, para que os munícipes recebam mais recursos e atenção dos governos estadual e federal, o que amenizaria o sofrimento da população do Vale do Rio Tijucas. Na sequência, fez uso da palavra o Prefeito Orivan Jarbas Orsi, de Nova Trento, que saudou os presentes e informou que, em Nova Trento, o Hospital Nossa Senhora Imaculada Conceição foi administrado por oitenta anos pela Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, cuja fundadora é Santa Paulina, contando que em maio de 2010 participou de uma reunião com as irmãs e seus advogados, momento em que foi comunicado que as irmãs estavam dissolvendo a entidade e que em sessenta dias o Hospital estaria fechado. Comentou que o Hospital havia sido uma das maiores discussões em sua campanha eleitoral, justamente porque não funcionava e, principalmente, porque Nova Trento, que tem uma população de 12 mil habitantes e recebe, aproximadamente, 60 mil pessoas por mês por causa do santuário, não tinha atendimento de Urgência e Emergência 24 horas, complementando que ficar sem atendimento hospitalar nessas condições significa correr um risco muito grande, pois há dias em que almoçam cerca de 10 mil pessoas no Município e se houver qualquer problema, como um surto de salmonela, não há o que fazer. Registrou que quando a Prefeitura assumiu o Hospital, em seu mandato, recebia R$ 12 mil por mês para repassar àquela instituição, que conseguir aumentar o valor para R$ 45 mil e, posteriormente, para R$ 120 mil, acrescentando que o orçamento da Prefeitura teve que se moldar aos novos custos do Hospital. Informou que o Hospital tem 31 leitos do SUS, havendo capacidade para 64 leitos, e comentou que embora tenha havido certo investimento do Estado em credenciar o Hospital para a psiquiatria, as irmãs não prosseguiram com o credenciamento na época e tudo ficou parado, tendo sido a reforma da ala psiquiátrica um dinheiro gasto em vão. Contou que apenas 20% dos 32 leitos estão sendo ocupados porque a possibilidade de o Hospital resolver problemas é muito pequena, ficando apenas com cirurgias mais simples, como de hérnia e vesícula, acrescentando que procedimentos mais complexos são tratados pela “ambulancioterapia”, isto é, todos os dias dois carros vão lotados para os hospitais de Florianópolis em busca de atendimento. Contou, ainda, que de Tijucas a Nova Trento, em um raio de 30 quilômetros, há quatro portas de hospitais abertas com Urgência e Emergência, salientando que isso representa um custo altíssimo. Comentou que Nova Trento despende 70% de seu orçamento na urgência e emergência e que, após ter assumido a Prefeitura e ainda como Vice-Prefeito, os médicos passaram a receber R$ 63,00 por hora trabalhada, sendo que, desde então, esses 239 profissionais não faltam mais ao serviço. Ponderando que nenhum hospital deve ser fechado e que a discussão precisa ser feita em níveis estadual e federal, perguntou o que deverão fazer com os quatro hospitais da região, pois em muitas situações o dinheiro está sendo colocado no ralo, já que muitos problemas existentes não estão sendo resolvidos. Referindo-se à educação, disse que a Prefeitura não é procurada para resolver problemas de falta de vagas em salas de aula porque a educação tem orçamento próprio e forte em relação a todo o orçamento do Município, enquanto que na saúde o mesmo não acontece. Disse que Nova Trento tem direito a uma ressonância por mês, pelo SUS, para tratar 12 mil pessoas, e que a saída, então, são os políticos intercederem para tentar conseguir os exames, ou então pagarem do próprio bolso para que o cidadão seja atendido. Opinou que o SUS é o melhor sistema do mundo no papel, lembrando que é um sistema recente e que ainda está se adequando. Acrescentou que a população precisa ser conscientizada a não recorrer ao SUS sempre que tiver qualquer problema simples, como dor de garganta, pois isso faz com que aumente o número de pessoas na fila e dificulta o atendimento daqueles que realmente enfrentam problemas graves e urgentes de saúde. Finalizando seu pronunciamento, disse que o problema não é somente falta de dinheiro, que também é necessário gerir melhor o sistema de saúde. Retomando a palavra, o senhor Presidente ressaltou que se dá muita ênfase apenas à questão do financiamento, lembrando que gestão e financiamento andam de mãos dadas. O Prefeito Zelásio Angelo Dell Agnollo, de Major Gercino, afirmou que o único Município do Vale que não tem hospital é Major Gercino, por isso quando os cidadãos precisam de atendimento, é preciso levá-los de carro para São João, Tijucas ou Florianópolis. Disse ter visto uma reportagem com a Presidente Dilma desabafando que ninguém faz saúde sem dinheiro e indagou o que um Município pequeno pode esperar se a própria Presidente, que é quem mexe com a máquina pública, diz isso, avaliando que a saída é irem a Brasília unir forças para tentar conseguir mais recursos. Finalizou afirmando que os Prefeitos têm obrigação de ajudar por serem os gestores dos Municípios e que fica difícil fazer alguma coisa se não houver dinheiro. [TaquígrafaRevisora: Carla Greco Granato.] Em seguida, parabenizou o Vereador Adalto pelo projeto que fez para o Vale do Rio Tijucas, avaliando que isso foi muito bom para o Vale. Perguntou como vão resolver o problema do dinheiro se o governo federal não sabe onde vai buscar recurso e se vão criar mais um imposto para obter recurso para a saúde. Disse que era preciso fazer uma lei, porque a situação é muito difícil, e advertiu que fazer um projeto que não seja válido de nada adianta, porque o dinheiro não viria para construir ou reformar um hospital, ou para comprar equipamentos. Observou que é muito difícil explicar isso ao povo e que quem acaba respondendo pela falta de atendimento são os Prefeitos, os gestores, os Vereadores. Manifestou que sua cidade tem aproximadamente três mil habitantes e que se sente muito triste de ver o que está ocorrendo com a saúde, que é prioridade de todos. Prosseguindo, perguntou como vão trabalhar com a saúde se a própria Presidente Dilma disse que não sabe onde vai buscar dinheiro para essa área. Finalizando, disse que os Deputados estão ali para ajudar a população e enfatizou que o dinheiro tem que vir do governo. O senhor Presidente agradeceu ao Prefeito Zelásio pela sua manifestação e avaliou que toda a angústia demonstrada por ele era o sofrimento de todos ali, até pela prioridade que a área da saúde tem. Considerando que o Prefeito é o para-choque no contato direto com a população, que cobra diuturnamente uma solução, lembrou que a questão central da audiência pública é o problema do subfinanciamento, da falta de dinheiro. Com relação à Emenda 29, avaliou que terá que haver uma mobilização conjunta dos Prefeitos, dos Vereadores, dos Secretários de Saúde, dos hospitais e de todo o povo brasileiro no sentido de pressionar os Deputados Federais para a aprovação dela. Nesse sentido, contou que estão percorrendo todo o Estado para colher um abaixo-assinado em apoio à Emenda e também para informar o povo do que ela trata. 240 Lembrou que, quando em campanha, a Presidente Dilma assumiu o compromisso de ajudar a saúde com o repasse de verbas, disse que é preciso saber de onde elas vêm e comentou as possíveis fontes desse recurso para a saúde. Dito isso, abriu espaço para a manifestação da plenária, concedendo inicialmente a palavra ao senhor Maurício Pessutto, Procurador da República e Procurador Regional dos Direitos do Cidadão de Santa Catarina, que destacou ser o Sistema Único de Saúde uma conquista do povo brasileiro e um sistema que garante avanço significativo em saúde pública, complementando que ele é preconizado por princípios muito importantes, entre eles a universalidade, a integralidade do tratamento e a equidade. Reiterou que o SUS é brilhante no papel mas que na prática ainda há muito trabalho a ser desenvolvido para que haja o aperfeiçoamento dele. Disse que embora existam vários problemas, o Sistema Único de Saúde precisa, sim, ser valorizado, implementado e aperfeiçoado todo dia, observando ser ele um sistema público que trabalha com a complementaridade privada. Em seguida, declarou que os problemas do Sistema Único de Saúde são essencialmente dois, o financiamento e a responsabilidade nos gastos dos recursos públicos, reiterando que os recursos são de fato poucos e limitados diante da imensa demanda por serviços. Lembrou que o Sistema Único de Saúde surgiu a partir da mobilização social, quando houve a grande reforma da saúde pública no Brasil, destacando que a 8ª Conferência Nacional foi um marco para a instalação do SUS no País. A seguir, cumprimentou o Deputado Estadual Volnei Morastoni pelo comprometimento da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa com a mobilização social em prol da saúde pública no Estado, acrescentando que o ciclo de audiências públicas tem sido fundamental para isso. Afirmou que tem tido dificuldade em acessar os núcleos mais federalizados do Sistema Único de Saúde e comentou que o Deputado Volnei sabe da dificuldade que eles têm tido para integrar o Ministério da Saúde nas outras audiências públicas previstas para o Estado de Santa Catarina. Considerou fundamental a mobilização social e disse que agora é o momento de se buscar a implementação da Emenda Constitucional 29, lembrando que a par do financiamento, tem que estar a responsabilidade e a competência no gasto. Em seguida, comentou alguns casos do dia a dia do seu trabalho no Ministério Público Federal, mencionou que às vezes se gasta mal o dinheiro, que já é pouco, para o Sistema Único de Saúde, e contou um caso específico da padronização de um medicamento para tratamento da hepatite B chamado Entecavir, que já foi objeto de ação civil pública porque a apresentação de 0,5 miligrama e a de 1,0 miligrama tinham o mesmo preço, acrescentando que como o Ministério da Saúde padronizou apenas a apresentação de 0,5 miligrama, os pacientes que utilizam uma dosagem de 1,0 miligrama diariamente pagam o dobro. Continuando, deu exemplos de problemas de gestão de administração e mostrou como trabalham a sensibilização da comunidade, a oferta do serviço, a disponibilização, a adequação da rede e o funcionamento do Sistema Único de Saúde. Finalizando a sua manifestação, disse que não gostaria de se estender porque estavam ali mais para ouvir a situação da comunidade do Vale do Rio Tijucas e para o Ministério Público Federal e o Estadual cooperarem com a Assembleia Legislativa na tentativa de enxergar os problemas e buscar a construção de soluções. Retomando a palavra, o senhor Presidente informou que, por proposição do Ministério Público Federal, no dia 10 de outubro iriam realizar outra audiência pública para debater o diabetes tipo 1 e os análogos de insulina, uma das maiores demandas de judicialização de saúde que existe, esclarecendo que a audiência foi adiada porque queriam contar com a participação de um representante do Ministério da Saúde, já que é um tipo de debate que não dá para fazer sem a participação direta daquele Ministério, que já confirmou presença. O Procurador da República, enriquecendo a manifestação do doutor Maurício, informou que 63% dos casos que ocupam a Emergência no Hospital Celso Ramos são casos de posto de saúde. O senhor Sálvio Osmar Tonini, Secretário Municipal de Saúde de São João Batista enfatizou a importância do que foi decidido na reunião do dia 26 e afirmou que essa será a luta deles no Vale do Rio Tijucas. Avaliou que se referenciarem o Hospital São José para trauma, 241 serão resolvidos 80% dos chamados “pepinos hospitalares”, principalmente na parte ortopédica, em função dos acidentes, considerada a parte mais difícil de ser resolvida no SUS, acrescentando que isso também irá ajudar todo o Vale do Rio Tijucas. Sobre a importância de se levar para o setor educação propriamente dito a questão de educar em cima do SUS, informou que esse tema foi encaminhado para ser debatido na Conferência Estadual da Saúde, que acontecerá em outubro. Prosseguindo, disse que em São João Batista pessoas de fora são atendidas nas dependências do Hospital e que, com relação a isso, já iniciaram um trabalho de conscientização, através da orientação do Prefeito, acrescentando que o Ministério da Saúde adotou a Rede de Apoio à Saúde (RAS), a qual estabelece que a saúde não terá uma fronteira delimitada. Enfatizou que somente encaminham para os hospitais de Florianópolis o paciente que já estiver devidamente agendado através do SISREG, o Sistema Nacional de Regulação do SUS, isto é, o paciente não sai da sua unidade e vai para o Hospital Celso Ramos ou para o Hospital Regional consultar, porque ele é atendido no Vale do Rio Tijucas, o que, a seu ver, é uma vitória. Informou que a única região que implantou plenamente esse sistema foi a Grande Florianópolis, de onde o paciente já sai com esse agendamento, e aproveitou para explicar que no caso de emergência referenciada o paciente é transferido de médico para médico, de hospital para hospital, reiterando que já avançaram muito nesse sentido. Contou que a exemplo de outros Municípios e através da orientação do Prefeito, São João Batista fez um mutirão de atendimento em endoscopia, colonoscopia, ultrassom, ecocardiograma, teste ergométrico, oftalmologia e outros, para que as coisas andassem. Sobre a interligação entre saúde e hospital, conforme mencionado anteriormente, declarou que eles têm um circuito bem articulado entre eles, explicando que o paciente faz a triagem e, não sendo caso de urgência ou emergência, é encaminhado para o posto de saúde, onde tem um médico esperando por ele. [Taquígrafa-Revisora: Ana Rita M. de Souza.] Afirmou que por uma decisão da administração municipal, com o intuito de acabar com as filas das cirurgias, estão sendo realizadas de 20 a 25 cirurgias eletivas por mês, cujo custo está sendo bancado pela Secretaria, tornando-se extremamente oneroso para a Prefeitura, que disponibiliza ao hospital mensalmente mais de R$ 100 mil, além de profissionais, material e equipamentos necessários. Disse existir uma integração de gestão municipal e que acredita que todos assim devem estar agindo no Vale do Rio Tijucas, razão pela qual muito se avançou. Registrou que com as atuais gestões municipais, os hospitais conseguem manter um bom relacionamento entre si, evoluindo num processo de ajuda mútua, dando como exemplo o apoio que outros hospitais da região dão ao médico que tem que se ausentar para acompanhar a transferência de um caso grave. Referindo-se ao Samu, afirmou que o único serviço que funcionava rapidamente era o Samu aéreo, por isso estavam reivindicando uma UTI móvel, porque ao referenciar Tijucas em trauma, precisavam estar cobertos, lembrando que atualmente o paciente chega a esperar horas no hospital pela chegada de uma UTI móvel para transportá-lo, e como muitas vezes os médicos é que acompanham os pacientes na ambulância, o hospital acabava ficando com falta deles. Acreditando poder falar em nome de todos os Secretários em função do estreito relacionamento existente, afirmou que não desistiriam da briga e que iriam acompanhar os pleitos, porque a angústia da comunidade era grande, e lamentou que a campanha do mutirão tivesse começado de maneira inversa, primeiro a publicidade, depois o planejamento, avaliando que isso acabaria retardando o desenrolar dela. Dirigindo-se aos Deputados, perguntou quem pagaria o antes e o depois da cirurgia, afirmando que não adiantaria alterar a cota na FPO (Ficha de Programação FísicoOrçamentária) porque, dentro do normal, as atuais cotas já estavam represadas, complementando que dava para imaginar o que irá acontecer quando forem acrescentadas as cirurgias. Disse também que essa preocupação se refere ao fato de as cirurgias serem realizadas ali no Município, porque nenhum cirurgião iria atender um paciente sem conhecêlo e sem os exames, mesmo que viesse com recomendação de um expert no assunto, o que 242 importava em custo. Ressaltou que o Vale do Rio Tijucas estava se articulando e que o documento entregue à mesa estava afiançado por todos os Prefeitos, por isso esperam ter a resolutividade há anos sonhada pela comunidade. O Deputado Estadual Dado Cherem perguntou se referenciar o São José em trauma significava referenciar todo trauma, como ortopedia, neurocirurgia, trauma de tecidos moles, obtendo como resposta do senhor Sálvio Osmar Tonini que, a princípio, seria a parte ortopédica e neurológica. A irmã Enedina Sacheti, presidente da Sociedade Divina Providência, representando os hospitais da região, disse que a implantação de um hospital de referência vai exigir um atendimento completo ao paciente e investimentos em tomografia, ressonância, UTI, centro cirúrgico, centro de diagnóstico e internação, nos quais serão atendidas todas as urgências e emergências, observando que se for vocacionado o São João Batista para obstetrícia, tem que ser pensada também numa UTI neonatal. Afirmando que as urgências de Tijucas sempre foram um problema, principalmente na psiquiatria, e deu graças a Deus por não haverem procedido à construção de um projeto existente, argumentando que se já existe um hospital pronto, o investimento é bem menor para viabilizá-lo. Dirigindo-se ao Prefeito Gervásio, disse que apesar de não terem muitos recursos, não poderiam desanimar, lembrando que o primeiro passo havia sido dado, que era vocacionar os hospitais da região do Vale e aperfeiçoá-los. Enfatizou que o mais importante no momento é elaborar um plano para se começar a trabalhar, opinando que não podem ficar esperando chegar os recursos para somente depois começarem a labutar. Reforçou que unindo forças venceriam e que não poderiam desanimar por não terem recursos no momento, e, trazendo à tona a sua experiência nessa área, avaliou que se cada um fizer a sua parte, em todos os níveis (municipal, estadual, federal, gestores, comunidade), conseguiriam mudar a realidade atual. Finalizou a sua manifestação apelando a todos que não desanimem, que unam forças, e reiterando que se cada um fizer a sua parte conseguirão os resultados almejados. O senhor Sálvio Osmar Tonini, Secretário Municipal de Saúde de São João Batista disse que na sua região chamam de “efeito bumerangue” esse vaivém do paciente, concluindo que o problema é falta de gestão e salientando que, como disse a irmã Enedina, o fluxo tem que ser permanente e contínuo. O senhor Sérgio Murilo Cordeiro, Secretário Municipal de Saúde de Tijucas, afirmou que a reunião realizada em São João Batista na semana anterior tinha sido importantíssima e lembrou que no dia 28 de junho de 2011 foi editado o Decreto 7.508, que regulamenta a Lei 8.080, de 1990, abrindo aqui um parêntese para dizer que a Comissão Intergestora Bipartite (CIB) passava por um momento importantíssimo, tendo em vista a última reunião da Comissão Intergestora Tripartite (CIT), de Brasília. Continuando, informou que essa Lei 8.080 estipulava as regiões de saúde, o mapa da saúde e a rede de atenção à saúde, advertindo que se não se ativerem a essas questões e não forem brigar na instância necessária, colocando no mapa da saúde Tijucas, São João Batista e Nova Trento como referência, não adiantava começar nenhum movimento nesse sentido depois de isso ser aprovado na CIB e ser referenciado na CIT. Dirigindo-se à Federação dos Hospitais, que tem assento no Conselho Estadual de Saúde, que, por sua vez, tem assento na CIB, afirmou que ela também deve ter essa preocupação para que, na próxima reunião da CIB em Treze Tílias, possa levar o seu pleito de forma muito clara e acompanhar o seu desenrolar com o representante da CIT de Santa Catarina, no caso deles o coordenador do Colegiado, senhor Trevisan, observando que se isso não for feito, não adianta ficarem sonhando. Parabenizou o doutor Maurício pela Recomendação nº 40, que desde o início do ano faz com que médicos do Sistema Único de Saúde prescrevam somente medicamentos da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename), ou seja, medicamentos genéricos ou das classes terapêuticas, e determina que, na impossibilidade disso, eles apresentem justificativa. Salientou que os gestores tinham que cumprir essa norma, tendo em vista que a dispensa de medicamentos era 243 outro problema grave no País, e lembrou que o governo federal não se envolve com essas questões, sendo por isso importantíssimo seguir essa recomendação. Disse que embora estivessem juntos nessa luta, não podiam esquecer a hierarquização existente, tendo em vista que a Saúde trabalha de forma gestada em nível municipal, estadual e federal, e registrou que 80% das pessoas atendidas nos hospitais não precisavam estar lá, que isso acontecia por falta de condições da Atenção Básica para atender toda a população. Na sequência, fez uso da palavra o senhor Marco Antônio Schutz de Medeiros, Promotor de Justiça da Comarca de Tijucas, representando o senhor Lio Marcos Marin, Procurador-Geral de Justiça do Estado de Santa Catarina, que disse que há muito tempo o Ministério Público Estadual e o Federal vêm tendo conhecimento dos problemas e das deficiências do sistema de saúde em geral, porque quando o cidadão comum busca o serviço público de saúde e não consegue receber o atendimento de que necessita, acaba buscando o Ministério Público na tentativa de ver o órgão atuar em defesa da sua necessidade, por isso o Ministério Público atua muitas vezes judicializando ações civis públicas em busca da melhoria dos serviços e principalmente para garantir que os serviços sejam devidamente prestados ao cidadão. Afirmou que, como instituição, não se alegram com esse tipo de atuação específica, que gostariam que o sistema de saúde funcionasse melhor e que o cidadão os procurasse para outras necessidades, concluindo que esse ciclo de audiências públicas servia justamente para que o cidadão trouxesse às autoridades constituídas os problemas vividos por ele, a fim de que todos os órgãos públicos gestores, em conjunto, pudessem encontrar as soluções adequadas para os problemas. Salientando que o Ministério Público estava atento aos problemas e de portas abertas ao cidadão, disse que buscavam atuar de forma a trazer as soluções necessárias, sempre dentro das possibilidades das suas atribuições. O senhor Valmir Coelho, agricultor familiar de Nova Trento, observou que se nas áreas mais urbanas eram identificados problemas, o que dizer então dos Municípios pequenos que não tinham estrutura. Parabenizou o organizador do evento e os participantes daquela discussão e lamentou que o debate dos problemas sempre acontecesse em nível de gestores, de profissionais, das autoridades constituídas, quando deveria estar também no meio da sociedade para, juntos, buscarem as soluções, tendo em vista que grande parte dos problemas ali levantados partia de uma conduta cultural equivocada. Afirmou ser um defensor da participação da sociedade no encaminhamento de todos os problemas e disse que se perdeu a grande oportunidade de levar o entendimento do funcionamento do SUS à população quando da realização das Conferências Municipais de Saúde, salientando que vem reivindicando que aconteçam préconferências com uma agenda de discussão para que consigam levar a problemática para o meio da população. Avaliou que a Conferência que aconteceu em Tijucas, com algumas pessoas, deveria ser em Nova Trento, com os seus munícipes, ocupando um espaço dentro do Município, que é legal e legítimo, de onde se tiraria a proposta de um plano municipal defendido pela base, salientando que quando a discussão fica restrita, o problema continua, porque a discussão dele não é levada para o meio da sociedade. Considerou a audiência um evento extraordinário com a ressalva de focar-se especificamente no modelo “hospitalocêntrico”, em que o debate é realizado em cima do problema e não das causas. [Taquígrafa-Revisora: Siomara G. Videira.] Prosseguindo, observou que durante a reunião não se falou, por exemplo, dos efeitos causados pelo uso de agrotóxicos nem da obesidade, que virou uma pandemia, a exemplo do que acontece nos Estados Unidos. Opinou ser válida a proposta de se tratar o tema nas escolas e salientou que a tarefa não cabe só a elas, sugerindo, para tanto, que sejam criados fóruns. Mais uma vez, lamentou a perda de espaço das bases nas conferências e pré-conferências, lembrando que ao terminar a etapa nacional poderão mostrar a demanda levantada para ver se há concordância com aquilo que se está querendo buscar, 244 qual seja, o atendimento à base. Finalizou a sua manifestação reiterando que as pessoas têm que aprender a olhar onde estão as causas do problema e trabalhar para a resolução deles. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, informou que grande parte do tempo na audiência pública é destinada para discutir a situação dos hospitais, mas também há espaço para debater prevenção, educação e promoção da saúde, bem como a criação de programas nesse sentido. Declarou que a questão dos agrotóxicos foi levantada em várias audiências públicas, sobretudo no oeste do Estado, onde há grande preocupação em relação aos agricultores familiares e aos que trabalham na agroindústria, e que o uso de agrotóxicos na alimentação é um assunto a ser debatido com o governo do Estado e a Secretaria da Saúde, para ver que linha de pesquisa ou que tipo de preocupação existe nesse sentido. Informou que em setembro a ONU fará uma reunião para discutir as doenças crônicas não transmissíveis, que representam no Brasil 72% das mortes e no mundo em torno de 63% a 70%, e contou que tem participado de várias reuniões sobre o assunto, acrescentando que o Ministério da Saúde lançou o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil, 2011-2022, que prevê um conjunto de medidas para reduzir a taxa de mortalidade prematura por enfermidades como câncer, diabetes, e doenças cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral. Ainda sobre a reunião da ONU, disse que na ocasião será assinado pelos Chefes de Estados um pacto sobre o enfrentamento dessa situação, que já virou epidemia. Voltando à questão da prevenção e da educação em saúde, disse que virão para a ordem do dia debates sobre alimentação saudável, obesidade e enfrentamento ao tabagismo e ao álcool. Em seguida, afirmou que nenhum sistema na administração pública é tão democrático quanto o SUS, visto que são colocadas todas as ferramentas para os gestores, para os trabalhadores e para os usuários, lembrando que são feitas conferências municipais, estaduais e nacional sobre o paciente que chega a ficar até um ano e meio na fila de espera. Ato contínuo, passou a palavra à Vereadora Marilu Duarte Carvalho, de Tijucas, que inicialmente disse que cederia um minuto do seu tempo ao senhor Juliano Petter. Contou que na Secretaria de Saúde trabalha na base, com atendimento a consulta especializada, e manifestou a sua frustração por ter de dizer a um paciente encaminhado a um especialista de coluna que não sabe quando será a sua consulta, visto que só tem uma vaga por semana para atender os 293 Municípios. Registrou que o mesmo acontece em outras especialidades, como na cardiologia, lamentando que o paciente tenha que ficar até um ano e meio na fila de espera se usar a regulação de Florianópolis. Sobre o uso da regulação do Estado, declarou que muitas vezes o pedido é devolvido porque o diagnóstico é considerado incompleto, momento em que questionou se uma dor torácica ou hipertensão, por exemplo, não são suficientes para se solicitar uma consulta. Apelou que se olhe com carinho a questão da ortopedia, assim como da cardiologia, reiterando que a solicitação para a regulação de Florianópolis implica uma demora de mais de um ano. Avaliou que a base não está sendo bem feita, que os médicos preenchem o encaminhamento de forma irregular e que há necessidade de mais profissionais para atendimento em Florianópolis. Finalizou a sua participação dizendo que tem vinte anos de casa e que no início era muito mais simples conseguir uma consulta, complementando que o paciente está desacreditado de um sistema que se diz tão perfeito. O senhor Juliano Petter, diretor do Hospital São José e Maternidade Chiquinha Gallotti, de Tijucas, agradeceu o tempo cedido pela Vereadora Marilu e manifestou o seu compromisso de fazer uma administração séria, de usar o dinheiro público de maneira correta, salientando a seriedade com que são administrados o Hospital Santa Isabel, o Hospital Nossa Senhora da Conceição e o hospital de Jaraguá do Sul. O Vereador Carlos Francisco da Silva, de São João Batista, manifestou a sua tristeza pela situação lamentável por que passa a Saúde, assunto estampado 245 diariamente nos jornais. Informou que de São João Batista são transportadas em média sessenta pessoas por dia para Florianópolis, avaliando que para isso só há uma saída, qual seja, a união de forças dos Prefeitos e Vereadores dos Municípios do Vale do Rio Tijucas com as autoridades estaduais e federais. Opinou que o ponto de referência deveria ser o Hospital São José, de Tijucas, o que evitaria que muitos cidadãos tenham de se deslocar às quatro horas da manhã de Municípios como Major Gercino e Nova Trento para Florianópolis e lá não serem atendidos porque a consulta não foi devidamente marcada. Prosseguindo, comentou que leu nos jornais o pedido do Ministro para não votarem a Emenda 29 e perguntou que esperança se tem de receber recursos federais para a saúde, lembrando que referida emenda completa onze anos em 28 de setembro. Prosseguindo, articulou que o brasileiro trabalha um terço do ano para pagar impostos e que essa emenda só será aprovada quando derem um jeito de criar mais impostos, momento em que lembrou que a CPMF foi criada para gerar recursos para a saúde mas não investiram nada nessa área. Perguntou que pai gostaria que seu filho cursasse Medicina para receber R$ 10,00 por uma consulta no SUS se num consultório particular em Florianópolis a consulta custa em torno de R$ 300,00. Considerou o SUS um sistema falido, pois o atendimento por esse sistema está cada dia pior, e disse que Santa Catarina é privilegiada, haja vista que em outros Estados da Federação o povo está morrendo nas portas dos hospitais. Concordando com a Vereadora Marilu, disse que a situação da saúde hoje é caótica, diferentemente do que era há vinte anos, declarando que cansou de ver o Prefeito do seu Município tirar dinheiro do bolso para pagar exames de cidadãos, visto que uma ressonância magnética custa R$ 365,00 pelo convênio e em Florianópolis custa de R$ 800,00 a R$ 1.000,00. Mais uma vez, apelou para a união entre Vereadores e Prefeitos da região do Vale de Tijucas e Deputados Estaduais, alegando que se ficarem dependendo de recurso federal, acontecerá em Santa Catarina o que acontece em Maceió, onde as pessoas estão morrendo na fila de espera. Finalizou dizendo que a única saída é o Hospital de Tijucas ser referência, através da união dos Municípios que formam o Vale do Rio Tijucas e a Costa Esmeralda, caso contrário a situação só tende a piorar, sem contar que a Emenda 29 tende a ficar engavetada. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, agradeceu a manifestação do Vereador, dizendo que se somava à manifestação dos demais participantes nessa grande maratona cujo objetivo é conquistar a vitória para a saúde. Em seguida, comentou sobre a necessidade de a Emenda 29 ser regulamentada e pediu aos Secretários Municipais de Saúde e aos dirigentes hospitalares que preenchessem o questionário do Fórum dos Pequenos Hospitais, que estava sendo distribuído naquele momento e que o devolvessem no prazo máximo de duas semanas. Informou aos participantes que a presente audiência pública estava sendo registrada por funcionários da Alesc, para a elaboração de uma ata, e que o documento elaborado pelos Municípios será integrado a ela. Disse que, em nome da Comissão de Saúde, ele e o Deputado Dado Cherem irão se reunir com o Secretário e o Governador para fazerem os encaminhamentos pertinentes, destacando que serão agendadas reuniões específicas para tratar de casos como o do Vale do Rio Tijucas. Deixou claro aos presentes que poderiam contar com a Comissão de Saúde, cujo trabalho estava sendo feito em cooperação com o governo do Estado, e registrou que essa era a primeira de uma série de reuniões sem a presença de um representante da Secretaria da Saúde. Nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e encerrou a audiência pública. [Taquígrafa-Revisora: Dulcinéia Maria Goulart.] __________________________________________________________ DEPUTADO ESTADUAL VOLNEI MORASTONI PRESIDENTE DA COMISSÃO DE SAÚDE 246 ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA – FLORINÓPOLIS “TABAGISMO: POLÍTICAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE, CONSULTAS 112 E 117 DA ANVISA E POLÍTICAS DE DIVERSIVICAÇÃO DE CULTIVO E RENDA” 247 1ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 17ª LEGISLATURA COORDENADORIA DE TAQUIGRAFIA DAS COMISSÕES - CTC EMENTA TAQUIGRÁFICA COMISSÃO DE SAÚDE EVENTO Audiência Pública (AP) DATA: 19/10/2011 HORA: 9h LOCAL: Alesc Auditório Antonieta de Barros SUMÁRIO: Tabagismo: políticas de prevenção e controle, Consultas 112 e 117 da Anvisa e políticas de diversificação de cultivo e renda PRESIDENTE DA AP: Deputado Estadual Volnei Morastoni, Presidente da Comissão de Saúde da Alesc. PARTICIPANTES DA MESA: Deputado Estadual Volnei Morastoni; Deputado Estadual Sargento Amauri Soares; Deputado Estadual Dirceu Dresch; Deputado Estadual Jorge Teixeira; Deputado Estadual Ismael dos Santos; Deputado Estadual Aldo Schneider; Deputado Estadual Kennedy Nunes; Deputado Estadual Manoel Mota; Adriana Pereira de Carvalho, advogada da Aliança de Controle do Tabagismo (ACT); Charles Lamb, coordenador do Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro); Christianne Belinzoni de Carvalho, engenheira agrônoma e consultora do Ministério do Desenvolvimento Agrário/Programa de Diversificação no Controle do Tabaco; Egon Koerner Júnior, Procurador-Chefe da Procuradoria Regional do Trabalho - 12ª Regional; Gladis Helena da Silva, representando o senhor Luís Antônio Silva, diretor da Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina; Jurandi Gugel, delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário/SC; Leoni Margarida Simm, presidente da Associação Brasileira de Portadores de Câncer; Maurício Pessutto, do Ministério Público Federal; Senen Halff, médica oncologista do Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon). REGISTRO DE PRESENÇA: Amadeu Bonato, coordenador técnico do Departamento de Estudos Socio-Econômicos Rurais (Deser); Alvaro Wagner, da Secretaria Municipal de São Martinho; Cesar Sequela Farias, Secretário de Agricultura do Município de São João do Sul; Edson Carlos Menezes Benites, da Cooperativa dos Engenheiros Agrônomos de Santa Catarina; Eleonor Conill, do Programa de Controle e Tratamento do Tabagismo/Unimed; Hilário Boing, coordenador da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra); Janete Ferreira Pinheiro, da Diretoria da Vigilância Sanitária de Santa Catarina; Joseléia Alves, representando o Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro) do Município de Florianópolis; Jurema Ramos dos Santos - coordenadora do Movimento Outubro Rosa; Kátia de Macedo Rebello, da Vigilância em Saúde de Florianópolis; Leila Steidle, do Hospital Universitário da UFSC; Lilian Vaz Martinho, coordenadora do Grupo de Apoio à Mulher Mastectomizada (Gama); Mariana Vieira, da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis - Coordenação de Tabagismo; Paulo Cesar, representando a Deputada Estadual Ana Paula Lima; Tadeu Wensing, presidente do Sindicato Rural de Armazém. 248 MANIFESTAÇÕES: Deputado Estadual Volnei Morastoni; Charles Lamb; Christianne Belinzoni; Adriana Pereira de Carvalho; Deputado Estadual Jorge Teixeira; Deputado Estadual Dirceu Dresch; Senen Halff; Amadeu Bonato; Gladis Helena da Silva; Claudia Mara Campestrini Bonissoni; Leoni Margarida Simm; Nilza Vermolhen Eger; Maurício Pessuto; Janete Ferreira Pinheiro; Jurandi Gugel; Clarinda Hilleshein Mariom; Marlene Rodrigues da Silva; Edson Carlos Menezes Benites; Dilnei de Mello Pereira; Deputado Estadual Sargento Amauri Soares. ENCAMINHAMENTOS: - - criação de um fórum permanente para discutir o controle do tabagismo e alternativas de diversificação agrícola, visando à abertura de canais de comercialização para compra de produtos da agricultura familiar por parte dos governos do Estado e dos Municípios, para abastecimento da merenda escolar, alimentação em hospitais e presídios; 2 - integração das pautas das Comissões de Agricultura e da Saúde objetivando estimular a produção orgânica diversificada; 3) - apoio às consultas públicas da Anvisa, que regulamentam as embalagens, pontos de venda, meios de propaganda, padrões do teor de nicotina, alcatrão e monóxido de carbono e proibição de aditivos. 249 ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PROMOVIDA PELA COMISSÃO DE SAÚDE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SANTA CATARINA COM O OBJETIVO DE DEBATER O TEMA “TABAGISMO: POLÍTICAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE, CONSULTAS 112 E 117 DA ANVISA E POLÍTICAS DE DIVERSIFICAÇÃO DE CULTIVO E RENDA”, REALIZADA NO DIA 19 DE OUTUBRO DE 2011, ÀS 9H, NO AUDITÓRIO ANTONIETA DE BARROS, NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SANTA CATARINA Aos dezenove dias do mês de outubro de 2011, às 9 horas, realizou-se no Auditório Antonieta de Barros, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, audiência pública com o objetivo de debater o tema “Tabagismo: políticas de prevenção e controle, Consultas 112 e 117 da Anvisa e políticas de diversificação de cultivo e renda”. Presidindo a reunião, o Deputado Estadual Volnei Morastoni, Presidente da Comissão de Saúde, disse que o atraso em iniciar a audiência pública havia sido por estarem esperando vários participantes presos no trânsito, principalmente os da indústria de fumo, salientando que não lhes interessava uma reunião unilateral e sim que todos os setores pudessem estar representados. Dito isso, convidou para compor a mesa as seguintes autoridades: Deputado Estadual Jorge Teixeira e Deputado Estadual Sargento Amauri Soares, membros da Comissão de Saúde da Alesc; Deputado Estadual Dirceu Dresch; Deputado Estadual Ismael dos Santos; senhor Maurício Pessutto, do Ministério Público Federal, informando que ele havia solicitado uma audiência pública sobre diabetes tipo 1 e análogos de insulina e convidando todos os presentes para dela participarem no próximo dia 25 de outubro, na Alesc, acrescentando ser o tema da audiência a maior causa de judicialização da saúde em Santa Catarina. Continuando, chamou para a mesa o senhor Egon Koerner Júnior, Procurador-Chefe da Procuradoria Regional do Trabalho - 12ª Regional; a senhora Christianne Belinzoni de Carvalho, engenheira agrônoma e consultora do Ministério do Desenvolvimento Agrário/Programa de Diversificação no Controle do Tabaco; o senhor Jurandi Gugel, delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário/SC; a senhora Adriana Pereira de Carvalho, advogada da Aliança de Controle do Tabagismo (ACT); a doutora Senen Halff, médica oncologista do Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon); a senhora Gladis Helena da Silva, representando o senhor Luís Antônio Silva, diretor da Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina; a senhora Leoni Margarida Simm, presidente da Associação Brasileira de Portadores de Câncer, abrindo aqui um parêntese para dizer que tanto ela como a Paula Jones, da ACTbr, e outros representantes estiveram com ele participando em setembro de uma reunião de alto nível da ONU sobre doenças crônicas não transmissíveis. Convidou ainda para fazer parte da mesa o senhor Charles Lamb, coordenador do Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro). Composta a mesa dos trabalhos, informou que ainda não haviam chegado os representantes oficiais da Afubra, da Fetraf-Sul, da Fetaesc e do Sindifumo. Em seguida, registrou a presença do senhor Tadeu Wensing, presidente do Sindicato Rural de Armazém, e do senhor Hilário Boing, coordenador da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). Esclareceu que, diferentemente da audiência pública anterior, promovida pela Comissão de Agricultura, aquela estava sendo promovida pela Comissão de Saúde, observando que estava esperando chegar o Deputado Estadual Aldo Schneider, presidente da Comissão de Agricultura, para também convidá-lo 250 para a mesa, salientando ser preciso resolver com urgência esses grandes engarrafamentos que acontecem na região da Grande Florianópolis. Disse que a audiência não se ateria apenas aos malefícios do fumo mas também à questão econômica a ele relacionada, informando que para cada R$ 1,00 de impostos sobre o fumo o Brasil gasta R$ 2,00 para cuidar das doenças decorrentes dele e que hoje as pesquisas mostram que, no âmbito internacional, para cada U$ 1,00 de impostos sobre o fumo os países gastam U$30,00 com tratamento de doenças causadas pelo consumo ou exposição ao tabaco. Disse, ainda, que nesses mais de sessenta anos de fundação da ONU era a terceira vez que chefes de Estado e chefes de governo haviam sido convidados para debater um tema específico da saúde, qual seja, as doenças crônicas não transmissíveis, como câncer, diabetes, doenças respiratórias, doenças cardiovasculares, enfatizando que o tabagismo era o fator de risco número um para todas elas, além da alimentação não saudável, sedentarismo, obesidade, uso abusivo de álcool, entre outros. Em relação ao impacto humano, social e econômico causados por essas doenças crônicas não transmissíveis, afirmou ser necessário cada país desenvolver planos estratégicos de enfrentamento, destacando que o do Brasil havia sido elaborado por centenas de participantes e lançado em agosto, em Brasília, tendo vigência até 2022. Destacou que o Brasil era signatário da Convenção-Quadro 2005-2006, lembrou ser ela o primeiro tratado de saúde pública no mundo e disse que a ONU havia conclamado os países para assinar um acordo mundial sobre combate ao tabagismo e controle dele, contando que nessa reunião de alto nível da ONU o Prefeito de Nova Iorque, Michael Bloomberg, reportara-se às medidas tomadas pela cidade nos últimos oito anos para reduzir o número de fumantes. Enfatizando que o Brasil fazia parte desse grande acordo nessa área, disse que o controle do tabagismo era um caminho sem volta e opinou ser importante debater também a diversificação do cultivo e renda para os fumicultores, informando que em Santa Catarina havia sessenta mil famílias que viviam do cultivo do fumo e que no Brasil eram mais de duzentas mil famílias. Avaliou que continuar plantando fumo implicava uma decisão consciente e individual que tinha que ser preservada, disse não saber se no futuro isso iria ser proibido e salientou a importância de serem apresentadas alternativas de cultivo para quem decidisse mudar, destacando ser preciso colocar na ordem do dia o debate sobre a diversificação de culturas. Feitas as suas considerações iniciais, o senhor Presidente agradeceu a presença de todos, explicou como seria a dinâmica da reunião, o tempo que cada um teria para se manifestar e concedeu a palavra ao senhor Charles Lamb, coordenador do Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro), que cumprimentou todos e agradeceu a participação das pessoas que estavam diretamente ligadas ao assunto. [Taquígrafa-Revisora: Margareth B. Genovez.] Afirmou que a ideia da audiência havia sido fruto de várias ações que acontecem em nível de Brasil e avaliou que em Santa Catarina não poderia ser diferente por ser o segundo Estado maior produtor de tabaco no País. Valendo-se de PowerPoint, discorreu sobre a função do Cepagro, dizendo que era uma organização não governamental com 21 anos de existência que promovia a agricultura de grupo com o intuito de trabalhar questões pertinentes à agricultura familiar em grupos de bases comunitárias e construir ações voltadas à agroecologia. Disse que o Cepagro integrava espaços públicos levando discussões políticas pertinente à agricultura tanto no Estado quanto no País e destacou as seguintes entidades: a Comissão Estadual de Produção Orgânica, afirmando que ela tem feito bons debates, inclusive com a Comissão de Agricultura da Alesc; o Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural, informando ser membro dele; o Conselho Estadual do Pronaf, dizendo que por lá passa a política de aplicação de recursos do governo federal, através do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar; a Rede Temática Nacional de Diversificação no Tabaco/ Programa SAF/MDA, informando que ela é composta por organizações públicas e 251 não públicas que discutem a forma de operacionalização do programa voltado para essa diversificação produtiva em áreas de cultivo de tabaco; e o Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional. Explicou que nesses espaços o Cepagro, além de ter participação e representação de forma deliberativa, constrói, atua e insere questões pertinentes não só ao tabaco e também à segurança alimentar. Informou que nos três Estados do Sul o Cepagro integra uma rede que se organiza em núcleos regionais chamada de Ecovida. Aproveitando a entrada no auditório de um grupo de agricultores familiares, o senhor Presidente registrou a presença do Deputado Aldo Schneider e convidou-o para fazer parte da mesa. Continuando a sua apresentação, o senhor Charles Lamb disse que o trabalho estava inserido em forma de rede com outras organizações nos três Estados do Sul. Abordou as características gerais da fumicultura na agricultura familiar e disse que no histórico do plantio do tabaco havia registros de 1865, registrando que já naquela época existiam quinze indústrias de charutos em Blumenau e que o cultivo de tabaco vinha sendo estabelecido devido à imigração europeia. Informou que a entrada da indústria do tabaco fora mais recente, no século 20, comentando que envolvera famílias na atividade tabagista que poderiam estar trabalhando na produção de alimentos. No quadro seguinte, mostrou a concentração de toneladas/ano produzidas em Santa Catarina, apontando o Vale do Tijucas, o Alto Vale catarinense, o sul e o extremo sul do Estado como as regiões de atuação do Cepagro. Em seguida, mostrou um estudo do ano 2000 que apontava os principais fatores de risco de morte nas Américas, aparecendo o tabagismo entre eles. Também mostrou um estudo sobre a baixa do consumo do tabaco devido às campanhas de orientação e o quadro do programa nacional de diversificação em áreas cultivadas com tabaco, demonstrando preocupação em se estabelecer processos de alternativas às famílias que desejassem sair do cultivo daquela cultura. Disse que a audiência pública trouxera a preocupação de integrar saúde à agricultura e sugeriu debates nessas áreas em conjunto. Afirmou que estavam integrados no programa nacional, uma ação do Ministério do Desenvolvimento Agrário que o Cepagro integra desde que foi estabelecido em 2006, e que o Estado de Santa Catarina tinha oito projetos atuantes. Dando sequência à sua apresentação, informou que a Rede Temática de Diversificação em Áreas Cultivadas com Tabaco fora criada em 2008 e que se reúne para planejamento e avaliação do Programa de Diversificação, incluindo proposições e deliberações para potencializar as ações em andamento. Informou que havia quase 7 mil hectares de área cultivada com tabaco em Municípios estritamente de relevo acidentado que poderiam estar produzindo alimentos fartos e com qualidade, acrescentando que aquele cultivo vinha sendo feito há mais de cinquenta décadas naquelas regiões. Em seguida, mostrou um mapa analisado pelo Ceasa de São José em outubro de 2009 que destacava os principais Municípios da mesorregião da Grande Florianópolis com representação comercial de hortigranjeiros, observando que poderia ser a vocação agroprodutiva daquela região. Apontou Leoberto Leal, Major Gercino, Nova Trento, São João Batista, Angelina e algumas partes de Alfredo Wagner que ou não tinham alimentos sendo produzidos ou tinham apenas monocultivo, como a cebola. Disse que o Ceasa se abastecia de Porto Alegre e de Curitiba enquanto havia regiões próximas à Capital que poderiam abastecêlo. Adicionou a isso que os produtos lá cultivados iam para outras fronteiras e afirmou que Santa Catarina não precisava buscar o que produzia em outros Estados. No comparativo entre o caminho da especialização e o caminho da diversificação, feito pelo pessoal da URGS, disse que no primeiro havia cadeias longas de commodities para exportação e que no outro havia sistemas produtivos diversificados, garantia da segurança alimentar, cadeias curtas e mercados locais, mostrando o porquê da necessidade de viabilidade concreta da diversificação produtiva em áreas de cultivo de tabaco. Prosseguindo, mostrou um quadro de alimentos com potenciais produtivos capazes de substituir o tabaco e o seu cultivo, entre eles leite, uva, 252 açúcar mascavo e cebola, acrescentando que a garantia da comercialização daqueles alimentos estava estabelecida mas que não sabia o preço daquilo. Informou que ao final iria protocolar aos documentos resultantes da audiência pública as solicitações e propostas de alternativas ao tabaco, viabilizando a comercialização dos produtos que podiam substituí-lo. Em seguida, dispôs um gráfico mostrando a importância de se ter uma assistência técnica orientada para a diversificação pública e não pública. [Taquígrafa-Revisora: Iwana L. Lentz.] Destacou a não presença de agricultores devido às atividades relacionadas ao plantio do tabaco e confirmou que aquilo exigia muita mão de obra, relatando que a produção alternativa de milho e outras culturas não entravam por estarem concorrendo com o tabaco. Informou que o agricultor Gilmar, presente na audiência pública, estava diminuindo anualmente a plantação de tabaco e plantando outras culturas, como uva, cebola, cenouras, salientando ser possível ter-se uma propriedade totalmente ecologizada, certificada e comercializando seus produtos em feiras e no mercado institucional. Dito isso, citou algumas demandas pretendidas, como a continuidade dos processos de transformação ecológica com ampliação da assistência técnica libertadora e a discussão sobre comercialização através do mercado institucional, explicando ser importante o Estado debater aquilo porque era preciso discutir segurança alimentar. Ilustrou a disparidade entre a casa do fumicultor e a estrutura para o cultivo do fumo com uma foto tirada em Araranguá, que mostrava que o celeiro para armazenar fumo era bem maior que a casa, observando que na propriedade havia roça, cachorro, aipim, leite, entre outros e indagando onde estaria a segurança alimentar da família. Citou alguns entraves, como Assistência Técnica, Extensão Rural e Ater, explicando que existiam ações e projetos mas apenas com um ano de operacionalização e que a Secretaria da Agricultura e a Epagri em Santa Catarina não tinham ação em relação ao tabagismo. Registrou que a merenda escolar em Santa Catarina era terceirizada e avaliou que aquele dinheiro poderia ir para os agricultores que gostariam de migrar da plantação do fumo para outras culturas e, assim, abastecer o mercado institucional. Alegando saber que a Epagri tinha liberdade para fazer convênios com quem quisesse, sugeriu que ela revisse o acordo de parceria com a Souza Cruz, acrescentando que a Epagri não tinha nenhuma ação específica para as famílias que desejassem abandonar o cultivo de tabaco. Afirmando que alguns discursos e ações das fumageiras eram em cima da dita sustentabilidade, do social e do tabaco, mencionou a aplicação indevida de recursos do Pronaf no caso das estufas disfarçadas de secadores de grãos, a falta de informação, o acesso aos programas e políticas de crédito e a política de lobby em relação à indústria. Finalizou a sua manifestação dizendo que tinha alguns documentos para serem entregues e perguntou se havia possibilidade de realizar uma audiência como aquela no interior do Estado, avaliando que lá haveria uma mobilização muito maior do público interessado. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, comunicou ao senhor Charles Lamb que a documentação seria incorporado à ata taquigráfica e que tudo aquilo resultaria num documento oficial. Informou que poderia ser realizado um fórum com participantes da sociedade, de organizações não governamentais e instâncias governamentais para dar continuidade ao debate e às ações concretas. Ato contínuo, registrou a presença do senhor Amadeu Bonato, coordenador técnico do Departamento de Estudos Socio-Econômicos Rurais (Deser); da senhora Eleonor Conill, do Programa de Controle e Tratamento do Tabagismo/Unimed; da senhora Mariana Vieira, da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis – Coordenação de Tabagismo; da senhora Janete Ferreira Pinheiro, da Diretoria da Vigilância Sanitária de Santa Catarina; da senhora Lilian Vaz Martinho, coordenadora do Grupo de Apoio à Mulher Mastectomizada (Gama); da senhora Jurema Ramos dos Santos, coordenadora do Movimento Outubro Rosa; do senhor Álvaro Wagner, da Secretaria Municipal de São Martinho; da senhora Leila Steidle, representando o Hospital 253 Universitário da UFSC; do senhor Tadeu Wensing, presidente do Sindicato Rural de Armazém; do senhor Paulo Cesar, representando a Deputada Estadual Ana Paula Lima; do senhor Hilário Boing, coordenador da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra); da senhora Kátia de Macedo Rebello, da Vigilância em Saúde de Florianópolis; da senhora Joseléia Alves, do Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro) do Município de Florianópolis; do senhor Edson Carlos Menezes Benites, da Cooperativa dos Engenheiros Agrônomos de Santa Catarina; e do senhor Cesar Sequela Farias, Secretário de Agricultura do Município de São João do Sul. Feito o registro, passou a palavra à senhora Christianne Belinzoni de Carvalho, engenheira agrônoma do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que desejou bom-dia a todos e disse que trabalhava na coordenação do Programa Nacional de Diversificação em Áreas Cultivadas com o Tabaco. Informou que a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco foi ratificada pelo Brasil em 2005 e que o governo federal havia realizado o Programa Nacional de Diversificação em Áreas Cultivadas com o Tabaco, assinado pelos Ministérios da Agricultura, das Relações Exteriores, da Fazenda e da Saúde. Informou que dos 23 artigos da Convenção, apenas os artigos 17 e 18 tratavam da produção do tabaco, complementando que os outros artigos eram de controle do tabagismo em relação a fumar em ambientes fechados e outros. Declarou que o fumicultor que desejasse continuar plantando tabaco poderia fazê-lo sem problema nenhum porque não havia restrição nem proibição do cultivo do tabaco e que o governo era responsável pelas famílias que estavam com sérios problemas de saúde e financeiras provindas da produção de tabaco, ressaltando ser em cima daqueles agricultores que o Programa de Diversificação estava atuando. Destacou uma restrição em termos de cenário internacional que fez com que houvesse diminuição da demanda do tabaco brasileiro, registrando que hoje se exporta 85% da produção do tabaco nacional. Em seguida, abordou os percentuais de aumento de produção de tabaco em diversos países, mostrando que de 2008 a 2009 a China aumentara em 8,2% a sua produção; o Brasil, 1.5%; a Índia, 19%; Malawi, 30%; Zimbábue, 22%, observando que os países africanos possuíam uma mão de obra muito mais barata que a do Brasil e que as indústrias teriam muito mais interesse em investir em quem tivesse aquele diferencial. [Taquígrafa-Revisora: Dulce Maria da Costa.] Disse que por aquele motivo estaria sobrando fumo nas estufas e que nem a Convenção Quadro nem o Programa de Diversificação eram culpados por aquilo, mas simplesmente o cenário internacional. Segundo ele, isso fez com que entre 2007 e 2009 a exportação de tabaco caísse 27% no Brasil, pois em 2007 exportara 694 mil toneladas e em 2010 havia exportado apenas 500 mil toneladas. Disse que o agricultor deveria estar atento às demandas do mercado internacional de tabaco e citou dados veiculados pelo Jornal do Commercio dando conta que o Sindifumo anunciara uma redução de 10% a 15% da área de plantio de tabaco na safra 2011/2012, afirmando que o Governo não poderia deixar as exportações caírem tanto porque os agricultores continuavam a produzir fumo e não teriam o que fazer com ele sem compradores. Mencionando a lei da oferta e da procura, observou ser muito interessante para as indústrias aquela situação porque pagariam menos pelo tabaco. Salientou que o objetivo do Programa de Diversificação em relação ao fumicultor não era parar o cultivo do fumo, pois ele tinha uma dívida com a indústria, mas diminuir paulatinamente a produção de tabaco e aos poucos inserir o cultivo de produtos alimentícios, observando que com o provável aumento das restrições à plantação de fumo a saída seria buscar novas alternativas que sustentassem a vida daqueles produtores no campo. Registrou que de 2009 para 2010 houve aumento do preço pago pelo tabaco exportado em 22% e que na mesma safra houve diminuição do preço pago ao produtor em 44%, observando que aquilo não se explicava por números mas pela alta lucratividade que as empresas tinham, o que também explicava o empobrecimento dos 254 agricultores. Ratificando a importância do Programa de Diversificação, que tem como objetivo a busca de novas oportunidades de geração de renda e a melhoria da qualidade de vida das famílias, afirmou que já existiam mais de 65 projetos, que estavam sendo investidos R$ 16 milhões em projetos para geração de referências e que foram envolvidas mais de 30 mil famílias em 600 municípios. Apresentando os Estados e as instituições executoras do projeto, disse que 54% dos projetos do Programa de Diversificação estavam no Estado do Rio Grande do Sul e 28% em Santa Catarina, lembrando que o Rio Grande do Sul produzia 50% da produção nacional de tabaco e era o maior Estado produtor do Brasil. Disse ainda que 62% dos projetos eram executados por organizações não governamentais, 17% por universidades, onde estavam as grandes pesquisas que buscavam alternativas viáveis, e 18% por prefeituras. Comentou a chamada pública, pela qual foram destinados a Santa Catarina quatro lotes no valor de R$ 3,3 milhões para atender 2.960 agricultores, especificamente para a assistência técnica e extensão rural na área do tabaco. Registrou a existência de políticas públicas do Ministério do Desenvolvimento Agrário dentro da Secretaria da Agricultura Familiar, afirmando que aquelas políticas públicas podiam ser acessadas por todos os agricultores que produzissem alimentos ou quisessem diversificar as suas plantações. Informou que o Fundo Nacional para a Fumicultura estava tramitando no Senado desde 2007 e fora proposto pelo Senador Sérgio Zambiasi para, taxando as indústrias de fumo, ajudar no tratamento de saúde dos fumantes e dos agricultores. Informou também que o MDA estava tentando viabilizar uma espécie de Pronaf sistêmico que não financiaria propriamente a cultura do tabaco e sim a propriedade como um sistema, acrescentando ser aquela uma meta pretendida com a diversificação. O senhor Presidente pediu para a senhora Christianne encaminhar o material para a Comissão de Saúde e passou a palavra à senhora Adriana Pereira de Carvalho, advogada da Aliança de Controle do Tabagismo (ACT), que abordou a influência indevida da indústria do tabaco em políticas públicas e o uso do agricultor na defesa dos interesses da indústria. Comentou que a ACT era uma organização não governamental que trabalhava para contribuir na implementação das medidas previstas na Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco e que não encarava o tabagismo como um problema meramente individual, e sim como um mal associado a fatores socioculturais, econômicos e ambientais. Registrou que a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, além de ser um tratado internacional de saúde pública com medidas eficazes para reduzir o consumo e a exposição à fumaça do cigarro, tratava da proteção do plantador de fumo. Disse que tratava de assuntos como proteção contra o fumo passivo, proibição de publicidade, advertências contidas nos maços de cigarro e alternativas agrícolas à plantação de fumo, apresentando em seguida o panorama do tabagismo. Informou ser o tabagismo a principal causa de morte evitável no Planeta e que ocorriam duzentas mil mortes por ano no Brasil e seis milhões no mundo; que era fator de risco de seis entre as oito principais causas de morte; que havia matado cem milhões de pessoas no século XX e que a previsão era um bilhão de mortes no século XXI; que a previsão para 2030 era de oito milhões de mortes, sendo 80% em países mais pobres, o que representava uma perda econômica, segundo o Banco Mundial, de US$ 200 bilhões. Disse que nos últimos anos o número de fumantes no Brasil havia diminuído significativamente e que ainda existiam quase 25 milhões de fumantes, acrescentando que a opinião pública apoiava políticas públicas como a dos ambientes livres de fumo, que contava com o apoio de 90% dos entrevistados. Prosseguindo na sua apresentação de dados, registrou que 86% dos entrevistados apoiavam a proibição da publicidade, 76% apoiavam o aumento do preço e dos impostos e 75% apoiavam a proibição de aditivos, afirmando ser muito difícil avançar nesse processo pelo descompasso entre a opinião pública e os Poderes Públicos e que o vetor daquela epidemia era o negócio milionário movimentado pela indústria do tabaco. Segundo 255 ela, a indústria do tabaco tinha um papel decisivo na epidemia mundial do tabagismo, pois usava várias táticas para expandir as vendas do cigarro, garantir a lucratividade, legitimar a sua marca institucional e impedir o avanço de políticas públicas, salientando que a indústria do tabaco agia diante das políticas públicas no sentido de desinformar, criando mitos, inverdades e terror. Afirmou que haveria perda de emprego e prejuízo financeiro às famílias plantadoras de fumo e que, mesmo assim, a indústria do tabaco sempre recorria ao Poder Judiciário para questionar as políticas públicas de saúde. Disse que havia um lobby muito intenso nos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário e através da mídia e que aquilo criava problemas à Anvisa, órgão que regulamenta o tabaco. Disse, ainda, que a indústria do tabaco nem sempre atuava em nome próprio, havendo vários parceiros, e que ficara comprovado que à época da aprovação da Lei Antifumo, em São Paulo, os bares e estabelecimentos contrários a ela haviam recebido dinheiro da empresa Souza Cruz. Sobre a Convenção-Quadro, informou que trazia no artigo 5.3 o reconhecimento de que toda a política pública de controle do tabaco não poderia ter a interferência da indústria porque ela tinha interesse em aumentar seus lucros e fazia isso através do aumento do número de fumantes. Complementando a informação acima, disse que embora a indústria do tabaco afirmasse o contrário, o grande alvo da publicidade patrocinada por ela eram os jovens. Ilustrou a estratégia da indústria com imagens de pontos de venda, embalagens sedutoras e cigarros mais palatáveis por aditivos, afirmando que a publicidade do cigarro, mesmo proibida no Brasil nos meios de comunicação de massa, era permitida nos pontos de venda, sendo um meio de divulgação da marca. [Taquígrafo-Revisor: Eduardo Delvalhas dos Santos.] Dando sequência à sua apresentação em PowerPoint, afirmou que a Anvisa, seguindo a linha de reduzir a existência de novos consumidores de cigarro, lançara em 2010 as Consultas Públicas 112 e 117, que, dentre outras coisas, proibiam o uso de aditivos que tornavam o cigarro mais palatável, como aromatizantes e flavorizantes de cereja, baunilha e outros, o que atraía o jovem e favorecia a iniciação de quem nunca havia fumado; proibiam a exposição dos maços de cigarro nos pontos de venda, ou seja, não se veria mais as imagens de cigarro sendo vendido ao lado de balas; e ampliavam o espaço para as advertências sanitárias na frente dos maços. Disse que em contrapartida a essas medidas, que representavam um avanço no cumprimento da Convenção-Quadro e na direção de se reduzir o consumo do cigarro e a iniciação ao fumo, algumas medidas foram desencadeadas por quem era contrário às consultas, tais como a indústria entregar à Anvisa mais de 260 mil formulários, dos quais pouquíssimos vinham de pessoas e entidades legitimamente interessadas em contribuir, já que a grande maioria era de formulários que nada acrescentavam; o Sindifumo conseguiu uma liminar impedindo a realização de audiência pública chamada pela Anvisa; e a indústria se utilizou de argumentos para combater as consultas públicas usando os fumicultores e fazendo valer seus interesses econômicos. Elencou as inverdades e os mitos alegados pela indústria do tabaco sobre as duas consultas públicas, como prejuízo aos plantadores do tabaco tipo Burley, aumento do contrabando, falta de informação ao consumidor e excesso de interferência do Estado, afirmando que na verdade estava-se falando de um produto que causava dependência, doenças e morte e por isso devia ser regulamentado. Disse que em função das duas consultas públicas tinha havido forte reação da indústria e seus aliados e mostrou várias imagens de informes publicitários publicados em diversos meios de comunicação que alegavam prejuízo ao fumicultor e aumento da ilegalidade. Contou que como a Fundação Getúlio Vargas (FGV) publicara material alertando que haveria incentivo ao contrabando se as medidas das consultas públicas fossem implementadas, a Organização Pan-Americana de Saúde, a ACT e outras entidades fizeram um estudo sobre o assunto e desmitificaram a afirmação da FGV, alegando não existir estudo sobre tal afirmação e que a experiência internacional não mostrava fomento ao contrabando 256 por políticas públicas de controle do tabaco. Afirmando que as medidas de controle do tabaco significavam saúde pública e que contrabando significava uma questão de polícia, constatou serem assuntos que não se misturavam e que eram utilizados como argumentos pela indústria para desinformar a população envolvida. Prosseguindo na sua apresentação, mostrou dados sobre o estudo publicado pela ACT e disse que eles seriam distribuídos aos Deputados e a quem mais se interessasse. Salientou que o Brasil era o maior exportador de tabaco e avaliou que embora existisse aquele status em relação às fumageiras, a realidade do agricultor que plantava fumo era muito ruim, pois tornava-se alvo da doença da folha verde do tabaco, de intoxicação pelo uso de agrotóxico e de endividamento. Referindo-se às informações levantadas pela pesquisa do Deser, registrou que a grande maioria dos agricultores plantadores de fumo tinha renda média mensal de aproximadamente R$ 400,00, ou seja, inferior ao salário mínimo, que aproximadamente sessenta mil famílias possuíam renda baixíssima, sendo a maioria beneficiária do programa Bolsa Família; e que 70% deles plantariam outro produto, havendo por isso necessidade de alternativas viáveis para os produtores. Com o intuito de desmitificar a alegação da indústria sobre o prejuízo dos fumicultores que plantavam tabaco Burley em relação às consultas públicas da Anvisa, disse que por ter o tabaco Burley um sabor irritante e desagradável era necessário adicionar-lhe açúcar, o que era proibido pela consulta pública, informando que o Brasil exportava 87% da produção total de folha de tabaco sem adicionar açúcar e concluindo que a consulta pública não afetaria a exportação de fumo. Disse também que os cigarros brasileiros tinham mistura de fumos Virgínia, Burley e comum, informando que o Burley usado na produção do cigarro nacional representava somente 2% da produção nacional do tabaco e que existiam informações que desde 1996 a indústria já conseguia processar o tabaco Burley sem a adição de açúcar. Dito isso, mostrou que a aprovação de medidas de saúde pública no Brasil não tinha impactado a produção do fumo e registrou que de 1990 a 2010, apesar das várias medidas de controle do tabaco, como restrição da publicidade, diversas leis antifumo e imagens de advertência, o volume da produção agrícola de tabaco tinha crescido 72% e a área plantada tinha crescido 63%, acrescentando que a produção de fumo em folha tinha crescido 34% entre 2000 e 2009 e o consumo havia caído 33%, demonstrando que aquelas políticas de controle do tabaco não afetavam a produção de fumo e não davam prejuízo ao fumicultor, como alegava a indústria. Disse que do ponto de vista da saúde pública não existia justificativa para permitir o uso de estratégias que tivessem o objetivo de tornar os produtos de tabaco atraentes, ressaltou que com o conhecimento atual não se podia ter a leviandade de insistir na sua promoção, especialmente para os jovens, e enfatizou ser preciso identificar o cigarro como droga psicoativa, um produto que apesar de legalizado causava dependência, adoecimento e mortes. Concluindo, afirmou que não dava para imaginar uma empresa que produzia cigarros ser responsável socialmente, agradeceu o espaço cedido e pediu desculpas por ter ultrapassado o seu tempo. Retomando a palavra, o senhor Presidente disse que o relatório poderia ser encaminhado para ser anexado à ata da audiência pública e, dirigindo-se àqueles que desejavam se manifestar, informou que poderiam se inscrever com os assessores da Comissão e que intercalaria as falas entre os membros da mesa e a plenária. Em seguida, passou a palavra ao Deputado Estadual Jorge Teixeira, membro da Comissão de Saúde, que disse ter 56 anos e que havia nascido em uma grande área produtora de fumo, o Alto Vale do Itajaí. Contou que havia se formado em Medicina e que aquilo representava um conflito, pois sabia que o dinheiro dos impostos ligados ao fumo pagava a sua profissão e que a doença gerada pelo tabaco e pelo plantio dele lhe dava um nível de sustento, salientando que existiria aquele conflito enquanto houvesse o vício do tabaco. Reportando-se às falas anteriores a respeito das políticas públicas, disse acreditar que o plano do governo federal de comprar 257 diretamente do agricultor os produtos para a merenda escolar tinha sido um dos grandes passos para a saída do pequeno agricultor da plantação de fumo, apontando como segundo grande passo o governo do Estado comprar produtos para a merenda escolar diretamente do agricultor, avaliando ser aquela também uma forma de trabalhar a sustentabilidade para aquele que desejasse sair da plantação de fumo. Destacou que outro ponto visualizado no Alto Vale do Itajaí para aquele tipo de mudança de agricultura tinha sido a implantação da Casa Familiar Rural há quinze anos, na cidade de Rio do Sul, na qual o filho do agricultor ficava uma semana aprendendo novas técnicas agrícolas e três semanas na sua casa, plantando junto com seu pai, repassando o conhecimento adquirido e fazendo com que aquela família deixasse a plantação de fumo e passasse a plantar outros produtos. Informou, ainda, que tinham uma escola técnica agrícola e que muitas vezes o melhor técnico agrícola era contratado pela indústria fumageira para ensinar, avaliando que o técnico agrícola também era uma saída, porque quando as crianças eram educadas para outro tipo de agricultura, ensinavam as suas famílias a não plantar mais aquela monocultura do fumo. Afirmou que a Epagri estava sempre presente na regional de Rio do Sul incentivando o pequeno agricultor ao plantio de frutas e verduras em alternativa ao fumo e que isso era um programa de governo que deveria ser incentivado entre os agricultores plantadores de fumo. Prosseguindo, salientou que a ação que deveria ser adotada no Brasil como saúde pública era proibir que crianças e adolescentes comprassem cigarro e proibir o fumo dentro de ambientes fechados, lembrando que o fumo era contagiante e que a pessoa se viciava. Observou que a compra de cigarros continuaria existindo, assim como as fumageiras continuariam vendendo, mudaria apenas o produtor, que seria a África, pelo fato de estar mais perto do mercado consumidor. Finalizou sua participação dizendo que a maneira mais correta e segura para impedir a iniciação ao cigarro seria educação e proibição do contágio. O Deputado Estadual Dirceu Dresch, membro da Comissão de Agricultura e Política Rural da Assembleia Legislativa, após cumprimentar todos os membros da mesa e os demais presentes, disse que estava representando a Comissão porque o Deputado Aldo Schneider, seu Presidente, teve que se ausentar. Relembrou que a audiência pública construída há algum tempo pela Comissão havia tido muito enfrentamento, ponderou que não era com embate que iria resolver o problema do tabaco e disse que talvez tivesse se tornado muito intransigente em relação aos fumantes porque seu pai havia falecido muito cedo, aos 63 anos, tendo o fumo sido uma das razões para aquilo acontecer. Ressaltou que pelo fato de ser agricultor e de ter liderado por muitos anos o sindicalismo da agricultora familiar, sempre dialogava com os agricultores a respeito do assunto. [Taquígrafa-Revisora: Siomara G. Videira.] Afirmando estar sempre na defesa dos agricultores em relação às fumageiras e que antigamente faltava alternativa aos agricultores plantadores de fumo, registrou que nos dias atuais o crescimento econômico do País era um fato, e, dando como exemplo o aumento de dez bilhões na produção de leite, disse que os produtos orgânicos e a produção de leite seriam uma alternativa aos agricultores que desejassem parar de plantar fumo. Opinou que a Assembleia Legislativa poderia realizar uma campanha em relação à alimentação orgânica, momento em que se reportou a uma reunião ocorrida no Município de Grão Pará na qual dois agricultores haviam comentado ter deixado de plantar fumo para produzir produtos orgânicos. Apontou a necessidade de se criar um programa de alimentação escolar como alternativa aos agricultores e, avaliando serem pequenas as políticas públicas existentes, mesmo as do governo federal, como o Programa de Reconversão e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), ressaltou a importância da união dos agricultores no sentido de formarem cooperativas e associações. Reafirmou a necessidade de políticas públicas por parte do governo estadual na assistência técnica, na pesquisa e na extensão e registrou ser importante a chamada pública de Ater (Assistência Técnica e Extensão Rural) na reconversão, 258 salientando que a iniciativa ainda era pequena. Finalizou dizendo ser preciso aproveitar as oportunidades e propôs que a Comissão de Saúde participasse com a Comissão da Agricultura nos temas relacionados à saúde. A senhora Senen Halff, médica oncologista do Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon), disse que 93% dos brasileiros sabiam dos efeitos maléficos do cigarro. Informou que no Cepon, dos 1.500 casos por ano de câncer, 500 eram causados pelo fumo ativo. Em relação ao fumo passivo, afirmou que não conseguiam avaliar os danos e sabiam que o câncer de mama e o tumor cerebral estavam associados a ele. Disse que começou a tratar de pessoas com câncer na oncologia pediátrica e que muitos de seus pequenos pacientes eram filhos de agricultores plantadores de fumo. Relatou ter visto em Urubici crianças dentro de paiol, afirmando que a exposição a agrotóxicos, como herbicidas, inseticidas e fungicidas, causavam mutações em crianças e câncer em adultos ao longo do tempo. Abordando a educação, disse que o ideal seria a criação de mais leis naquela área e a aplicação da Convenção-Quadro, afirmando que os legisladores tinham que ser rápidos nessa questão da fumicultura e que muito poderia ser feito pelas pessoas com câncer, como tratamento e quimioterapia. Disse, ainda, que era preciso articular mais com a Polícia Federal e aprovar consultas públicas, visto que as indústrias do tabaco estavam tentando retardá-las. Enfatizou ser o tabaco uma droga que fazia mal à saúde e informou que no Brasil duzentas mil pessoas morriam por causa dele e que o governo perdia R$ 30 milhões na saúde pelos danos causados pelo tabaco. Contou que a Lei Municipal Antifumo, de Florianópolis, havia reduzido o número de infartos em apenas nove meses de vigência e frisou que o poder da legislação em relação ao tabagismo era maior do que o da Medicina. Retomando a palavra, o senhor Presidente registrou que quando havia sido Presidente da Alesc dera início a um programa de combate ao tabagismo e que a doutora Senen era pioneira na implantação do programa. O senhor Amadeu Bonato, coordenador técnico do Departamento de Estudos Socio-Econômicos Rurais (Deser), após cumprimentar os presentes, informou que no dia seguinte participaria em Grão Pará de uma reunião com os agricultores produtores de fumo para discutir a problemática da produção e, sobretudo, a Convenção-Quadro. Disse que como o principal problema trazido pelas empresas era a produção, era necessário debatê-la para poder rebater os argumentos daquelas empresas. [Taquígrafa-Revisora:Dulcinéia Maria Goulart.] Contou que em 2005, no momento de se aprovar a Convenção-Quadro, as empresas e seus aliados disseram que a produção de fumo iria acabar e que isso ainda não havia acontecido em 2011. Afirmou que a Convenção-Quadro estava avançando e que atualmente voltara-se a dizer que a produção de fumo acabaria devido a novas medidas da Anvisa, consultas públicas, regulamentação da exposição do cigarro e propaganda, entre outros, observando que isso não era verdade e que a empresa estava mentindo. Com relação à problemática da produção de fumo, disse que haveria redução daquele cultivo com as medidas de combate ao tabagismo, justificando que a redução do consumo acarretaria a redução da produção e afirmando que os produtores já podiam se planejar para enfrentar esse processo. Analisou que a principal redução não se daria na produção e sim com a reestruturação das empresas, que aumentariam e concentrariam a produtividade em algumas famílias, expulsando as demais da produção do tabaco sem que houvesse redução do consumo propriamente dito. Mencionou a necessidade de se discutir alternativas que levassem à diversificação do plantio como estratégia para as famílias chegarem à produção de alimentos de fato, acrescentando ser o PAA uma política fundamental que precisava ser expandida, assim como o PNAE e o Pronaf, que precisariam ser rediscutidos por não servirem como estratégia de diversificação. Salientou que a saúde dos produtores de fumo estava sendo afetada pelo produto em si e pelos efeitos nocivos dos agrotóxicos, entre outros, complementando que as políticas de saúde pública precisavam chegar também ao espaço 259 rural, acrescentando que estudos comprovaram a necessidade de se discutir estratégias abrangentes de desenvolvimento para o setor rural, sob pena de não haver mais culturas alternativas que substituíssem facilmente o fumo. Por fim declarou que produzir fumo não produzia desenvolvimento e sugeriu que fossem aplicadas políticas de educação, cultura e lazer no setor rural. Em seguida, usou da palavra a senhora Gladis Helena da Silva, representando o senhor Luís Antônio Silva, diretor da Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina, que saudou os presentes e, em nome da Diretoria de Vigilância Epidemiológica, agradeceu a oportunidade de participar do debate. Registrou a presença das suas colegas de equipe Adriana Elias e Marlene Rodrigues e disse que a Diretoria, dentro da divisão de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (Dant), tinha o Programa de Controle do Tabagismo, implantado em 92 Municípios catarinenses. Contou que a Diretoria levava para as reuniões técnicas regionalizadas a questão do tabagismo com o intuito de sensibilizar gestores e técnicos para que os Municípios criassem suas leis de ambiente livre de fumo, pois a lei estadual ainda permitia os espaços chamados “fumódromos”, fato que precisava ser revisto com urgência. Disse que vinham trabalhando com os grupos de cessação do tabagismo e obtendo bons resultados, acrescentando que o Instituto Nacional de Câncer também contribuía investindo em medicamentos e material educativo. Avaliou que muito ainda se tinha a trilhar na área da saúde pública, principalmente na questão da prevenção e do trabalho intersetorial, com particular atenção à educação de crianças e jovens para que não começassem a fumar. Constatou ser árduo o processo e que haveria bons resultados se cada um fizesse a sua parte e lutasse pela causa antitabagista. Finalizou a sua manifestação deixando à disposição de todos a Diretoria de Vigilância Epidemiológica. A senhora Claudia Mara Campestrini Bonissoni, professora do curso de Fisioterapia da Udesc, cumprimentou todos e analisou ser inegável o fato de que se tinha uma população doente quando a população de tabagistas era tão grande, acrescentando que se anualmente morriam duzentas mil pessoas por causa do cigarro, isso significava que muito mais pessoas sofriam diariamente as consequências do tabagismo. Afirmou que na área da fisioterapia podiam melhorar a qualidade de vida do doente com programas de reabilitação pulmonar e cardiorrespiratória e que não se sentiam inseridos no processo de discussão porque programas daquele porte não eram disponibilizados para a população. Disse que tais programas só existiam dentro de universidades e concluiu que era necessário discutir não apenas a cessação do tabagismo ou a sua prevenção, mas também o que fazer com os pacientes já doentes. Disse, ainda, que tinham por obrigação dar assistência a todo e qualquer indivíduo, não apenas oferecendo-lhe medicação, mas também devolvendo a ele qualidade de vida com atividades do cotidiano, o que era alcançado através de programas de reabilitação pulmonar. Afirmou ser muito triste saber que o programa existia na universidade e que apenas um número muito limitado de pessoas podia ser contemplado devido ao seu custo. Reiterou o seu pedido para que a fisioterapia fosse incluída nas políticas públicas e disse que a área vinha crescendo exponencialmente em razão da sua importância para a população, sugerindo que programas de reabilitação sejam inseridos nas policlínicas e que o acesso dos pacientes seja facilitado. Citou a presença na audiência de um grupo de estagiários em reabilitação pulmonar e de pacientes que faziam parte do programa de reabilitação, mencionando-os como provas vivas da importância da fisioterapia no processo. Retomando a palavra, o senhor Presidente declarou que, independentemente da audiência pública, deixava a Comissão de Saúde disponível para dar continuidade ao diálogo e fazer encaminhamentos pertinentes. Ato contínuo, convidou o Deputado Estadual Kennedy Nunes para fazer parte da mesa dos trabalhos e passou a palavra à senhora Leoni Margarida Simm, portadora de câncer, afirmando que ela era uma mulher guerreira, uma pessoa iluminada e uma grande vencedora por estar dando a todos um exemplo 260 de vida e por fazer-se sempre presente nas grandes lutas naquele campo. A senhora Leoni Margarida Simm, presidente da Associação Brasileira de Portadores de Câncer, saudou os presentes e contou um pouco de sua história, dizendo que nascera e crescera em um ambiente de fumo e que seu pai fora instrutor da Souza Cruz e também cultivava fumo, tendo sido ele quem lhe dera o primeiro cigarro quando tinha 13 anos de idade. Disse que, felizmente, havia passado mal e não se adaptara àquela droga lícita, confessando que na época era vergonhoso e considerado fraco quem não conseguisse fumar um cigarro. Contou que sua mãe nunca fumara e havia desenvolvido enfisema pulmonar por inalar a fumaça dos cigarros de seu pai, que fumava muito. Relatou que após vinte anos trabalhando na Souza Cruz, seu pai fora convidado a demitir-se com a promessa de poder voltar quando bem quisesse, contando que como ele nunca pôde retornar ao emprego, toda a família ficara numa situação muito difícil. Informou que o cigarro era responsável por 90% dos casos de câncer de pulmão, que para 2011 somente no Brasil, estavam previstos 27.630 novos casos, que sem o cigarro poderiam ser evitados 24.867 casos, que 30% dos demais cânceres eram atribuídos ao cigarro e que diariamente morriam 21 mil pessoas de câncer no mundo. [Taquígrafa-Revisora: Carla Greco Granato.] Avaliou que sem o uso do tabaco poderia se evitar, no mínimo, 6.300 mortes por dia. Prosseguindo, comentou a morte de seu irmão em 2007, por câncer de intestino, e a morte de sua irmã mais nova no ano passado, por câncer de mama. Contou que sempre pedia para a sua irmã largar o cigarro e que um dia ela lhe dissera, envergonhada, que queria muito largar mas o vício era incontrolável, lembrando que a maioria das pessoas começava a fumar criança ou adolescente. Informou que desde 1997 o tabagismo estava inserido na Classificação Internacional de Doenças (CID 10) da Organização Mundial da Saúde, na categoria de transtornos mentais, e registrou que a Medicina deixara de encarar o tabagismo como um hábito e passara a tratá-lo como uma patologia. Referindo-se aos fumicultores, perguntou se eles já haviam tido conhecimento que a cada dia eram adicionados mais aditivos e aromatizantes na composição dos cigarros. Disse que a diminuição do tabaco era um sintoma importante a ser observado e que no Brasil a sua exportação já se reduzira em 27%, um indicativo de que o fumo estava deixando de ser um negócio. Afirmou estar na hora de os fumicultores largarem essa vida difícil que o fumo impunha a eles e às suas famílias e comentou a abertura do mercado de alimentos orgânicos no mundo e no Brasil, mencionando que cada vez mais pessoas estavam querendo produtos saudáveis e que as crianças já estavam aprendendo isso na escola. Ante o exposto, refletiu ser aquele um novo caminho e avaliou que quem o seguisse iria se daria bem. Conclamou os fumicultores a plantar alimentos orgânicos e informou que Santa Catarina estava trazendo alimentos de fora do Estado para a merenda escolar, afirmando estar resgatando uma dívida deixada pelo seu pai ao conclamar todos os fumicultores a deixarem de plantar a morte e plantar a vida já que pela quinta vez estava se recuperando de um câncer de mama metastático nos dois pulmões e que cada novo dia era um milagre. Por fim, afirmou que a morte iminente lhe dava a verdadeira dimensão e valor da vida. Referindo-se à senhora Leoni Simm, o senhor Presidente manifestou a honra dele por ter estado com ela, contando que fora a embaixadora global pela sociedade americana na luta contra o câncer na ONU. Também manifestou a sua felicidade por ter participado de uma reunião com ela debatendo doenças crônicas não transmissíveis, como o câncer. Em seguida, passou a palavra à senhora Nilza Vermolhen Eger, agricultora de Leoberto Leal, que disse que estava tentando parar de fumar e avaliou que aquele ato na teoria era muito fácil mas na prática era muito complicado. Afirmou que plantar fumo dava uma segurança maior ao agricultor no final da safra, uma vez que nas outras culturas eles não sabiam se iriam conseguir vender a colheita, que às vezes tinha preço bom e outras vezes não, e comentou que embora o consumidor pagasse mais caro pelos produtos, o agricultor ganhava bem pouco na 261 venda deles. Declarou que os agricultores não plantavam fumo porque gostavam e que fora com aquele tipo de plantio que ela conseguira pagar a faculdade para o seu filho. Disse que como mãe sentia dor por ver seu filho na roça passando mal e podendo mais tarde ter uma doença mais grave por causa do fumo, contando que a sua filha mais velha já tivera problemas de saúde e que havia feito muito bem em fugir da roça, acrescentando que sentia tristeza por ter que viver longe dos filhos. Por fim, disse que a política agrícola tinha que ser olhada com um pouco mais de carinho já que na agricultura as coisas estavam muito difíceis. O senhor Maurício Pessutto, do Ministério Público Federal, após cumprimentar todos os presentes, informou que representava uma instituição que tinha como dever constitucional a defesa dos interesses coletivos da sociedade e da democracia, complementando que dentro daquele plano de atribuições encontrava-se, com um espaço muito importante, o papel da promoção da cidadania. Comentando ter tido alguma experiência em matéria de saúde e recentemente, num aspecto mais amplo, também com cidadania no âmbito da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, relatou ter-se se deparado muitas vezes com a judicialização da saúde, com ações individuais, afirmando que as pessoas, não encontrando respaldo para o seu problema de saúde no Poder Público, acabam vendo no Judiciário uma última alternativa para encontrar seu tratamento. Disse ter percebido que dentro daquela atuação muitos eram os argumentos utilizados pelo Estado sobre a ausência ou a falta de elementos científicos, como um respaldo significativo o suficiente para apresentar determinado tratamento de saúde, o que acabava por dificultar na prática alguns tratamentos. Prosseguindo, disse não havia dúvida na Medicina que abuso de álcool, maus hábitos alimentares e fumo eram fatores de risco elevadíssimos para a mortalidade, morbidade e aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis, como o câncer, além de doenças cardiovasculares, diabete, doenças respiratórias crônicas e comprometimento tanto da qualidade de vida como da própria capacidade laboral, lembrando que aquilo ocorria não só no Brasil e no mundo todo. Citou a revista científica The Lancet, que numa matéria recente apontara a diminuição ou a redução do uso de cigarro no Brasil e salientara que dentre as políticas públicas de saúde mais relevantes que o Estado, como Poder Público, podia assumir estariam as políticas públicas focadas na educação das pessoas, no esclarecimento e incentivo delas quanto à redução das más práticas de saúde. Disse que enfrentava diariamente diversas ações judiciais, entre elas as relacionadas à diabete e uso de análogos de insulina, mencionando que apareciam no Judiciário porque o Estado não apresentava uma alternativa de tratamento. Trouxe à tona a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), informando que, assim como as doenças oncológicas, aquela também tinha como causa principal o uso do cigarro e demais mecanismos do tabaco, destacando que ela acometia não só o fumante direto mas também o fumante passivo, a família e as crianças. Constatou ser muito chocante para eles, da área do Direito, irem a uma audiência e encontrarem pessoas portadoras de DPOC, avaliando ser aquela doença um dos possíveis casos que teriam que discutir no futuro, numa outra audiência, já que combater o tabagismo era a forma mais adequada para evitá-lo. Concordou com a Claudia Amaro quando disse que outras medidas se faziam essenciais além do tratamento e assistência farmacêutica àquele tipo de moléstia e, abordando os programas de reabilitação pulmonar mediante fisioterapia respiratória, disse que era essencial o Estado disponibilizá-los a quem precisa. Informou que no trato da DPOC o Ministério Público Federal possuía um inquérito civil público instaurado e que já fora solicitado à Secretaria de Estado da Saúde que verificasse quais Municípios, dentro da sua responsabilidade pelo plano de gestão, que já disponibilizavam aquele serviço e em quais a gestão não admitia, até para que se pudesse identificar a presença ou ausência do serviço no Município, sendo que na ausência caberia a responsabilidade ao Estado. No âmbito do Sistema Único de Saúde, informou que existia o Programa Nacional de Controle de 262 Tabagismo com distribuição de atribuições às três esferas de governo, União, Estado e Município, cada um tendo a sua responsabilidade. Destacou que era muito importante a atuação da Secretaria Estadual da Saúde na implantação e execução do Programa Nacional de Combate ao Tabagismo no âmbito de Santa Catarina, em termos de coordenar, auxiliar e promover a implantação daquele programa nos Municípios. Afirmou que o Ministério Público Federal tinha contato com a Secretaria da Saúde e queria ser parceiro naquela busca de soluções para a implementação do programa, inclusive exercendo o seu papel de cobrar o programa não implementado. Prosseguindo, avaliou que a questão apresentada envolvia estratégias multissetoriais e declarou que enxergar o lado dos fumicultores era essencial, assim como apresentar-lhes alternativa de cultivo. [Taquígrafa-Revisora: Ana Rita M. de Souza.] Salientou que propaganda era esclarecimento público e previu que os dados demonstrados pelas pesquisas sobre redução do fumo seriam revertidos no futuro se a propaganda maciça e responsável não tiver continuidade, porque a indústria fumageira continuaria com a sua estratégia de marketing. Quanto à merenda escolar, afirmou que o Estado teria que buscar a compra direta com os pequenos agricultores, sinalizando que essa medida era fundamental, prática e simbólica, além de demonstrar o interesse do Estado pela implementação daquela política. Citou a Prefeitura de Criciúma como modelo de sucesso na compra direta com os agricultores daquele Município, que forneciam o alimento da merenda escolar das escolas municipais, e sugeriu a realização de uma audiência pública para discutir a merenda escolar no âmbito das escolas estaduais de Santa Catarina, chamando a Secretaria Estadual de Educação para participar do evento. Encerrando a sua manifestação, disse que a atuação tinha que ser setorial e que aquela era uma questão de saúde pública e de cidadania. A senhora Janete Ferreira Pinheiro, fiscal sanitarista da Diretoria de Vigilância Sanitária de Santa Catarina, desejou bom-dia a todos e disse que estava representando a senhora Raquel Bittencourt, Diretora da Vigilância Sanitária. Contou que estava presente quando do recebimento da liminar de um Juiz do Rio Grande do Sul que cancelara a audiência pública no Rio de Janeiro porque as consultas públicas teriam que ter mais de mil pessoas participando. Esclareceu que todas as consultas públicas estavam embasadas tecnicamente para que fossem regulamentadas e disse que a Anvisa, se quisesse, mesmo não tendo obrigação de fazer audiência pública, por uma política interna de liberdade de expressão poderia publicar as RDCs no Diário Oficial, acrescentando que a Anvisa fazia a consulta pública para não ir diretamente para um embate. Parabenizou a Casa pelo encontro e, referindo-se à audiência pública anterior sobre o assunto, salientou ser um encontro e não um enfrentamento. Disse que deveriam trabalhar legislação e educação e ter consciência do que estava acontecendo no cenário internacional quanto à queda do cultivo do fumo. Solicitou que aquela discussão tivesse continuidade e que fosse montado um grupo de trabalho porque tinha certeza que a RDC seria publicada no Diário Oficial, através de consulta pública ou não. O senhor Jurandi Gugel, delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário/SC, cumprimentou todos e parabenizou o Deputado Volnei pela iniciativa da audiência pública. Na tentativa de buscar maior consistência e viabilizar alternativas de produção, disse que no dia 25 haveria uma reunião de planejamento na qual estariam presentes MDA, Incra, Conab, Ministério de Pesca e Aquicultura, FUNAI e Ministério da Agricultura para planejar ações para 2012, especialmente nas questões de assistência técnica. Mencionou a chamada pública mencionada anteriormente, direcionada às três mil famílias plantadoras de fumo do Estado, e enfatizou que o rumo daquela chamada pública era a diversificação da produção e a saída da fumicultura, além de buscar a compra dos produtos diretamente dos indígenas, pescadores artesanais e quilombolas, tornando-os os fornecedores dos programas de aquisição do governo federal. Abordou a segurança dos agricultores quanto à produção alternativa e lembrou que os 263 programas públicos de aquisição de alimentos tinham o papel fundamental de propiciar tal segurança. Disse que como trabalhavam para o governo federal, tinham um passo a mais a dar, que era estabelecer o per capita, acrescentando que, de acordo com os dados do IBGE, Santa Catarina tinha 102.500 pessoas em risco de segurança alimentar. Diante disso, avaliou que o per capita/ dia deveria estar disponível nos doze meses do ano para não sofrer altos e baixos. Comentou o lançamento do programa Juro Zero, do governo do Estado e uma ação complementar ao Pronaf, explicando que para o agricultor familiar estabelecido em produção, seja ela qual for, 2% ao ano de subsídio não garantiria a atividade nem lhe daria segurança porque o valor era pequeno, uma vez que o juro do Pronaf estava menos da metade da inflação. Disse que para os fumicultores que iriam sair do cultivo de fumo seria interessante ter juro zero ou até um juro negativo porque eram pessoas empobrecidas e tinham um enorme grau de dificuldade para se inserir em outra atividade, precisando de mais tempo para converter a propriedade em outras atividades. Dito isso, pediu que o Parlamento debatesse aquela questão e colocasse recursos públicos para as famílias que realmente tinham muita dificuldade. Finalizando, disse que do ponto de vista das possibilidades permitidas pelas políticas públicas naquela área havia um enorme potencial, mas precisavam de coesão e de articulação para colocar em prática ações efetivas. A senhora Clarinda Hilleshein Mariom, agricultora da comunidade de Rio Antinha, em Leoberto Leal, desejou bom-dia a todos e contou que havia parado de plantar fumo por causa da saúde dos filhos, que havia começado a plantar feijão, milho, batata-doce e aipim e que os filhos hoje estavam com saúde, enfatizando a importância de se orientar o agricultor. A senhora Marlene Rodrigues da Silva, assistente social, representando a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep) da Secretaria de Estado da Saúde, cumprimentou todos e informou que trabalhava com o programa de tabagismo há sete anos e que em 2010 foi implantada a lei antifumo no Município de São José. Reiterou que o fumo estava em primeiro lugar no ranking de mortes por câncer e, salientando ser uma crítica construtiva, pediu aos epidemiologistas do Estado que dizem não ser verdade quando se fala de doenças causadas pelo tabagismo que verificassem as pesquisas nessa área. Também pediu à Promotoria Pública que criasse um mecanismo de dados epidemiológicos para, quando a pessoa for internada no hospital, serem colocados num formulário confirmando se realmente o fumo faz mal à saúde. Afirmou que deveriam ser mostrados no papel para as empresas fumageiras os gastos dos hospitais com pessoas que ficaram com sequelas do fumo, advertindo que se aquilo não fosse feito, as empresas e indústrias de tabaco iriam conseguir ludibriar as pessoas, assim como enganavam os agricultores. [Taquígrafa-Revisora: Sabrina R. Schmitz.] Por fim, elogiou a fala da doutora Senen, do doutor Charles, do senhor Leonir e da doutora Cristiane e constatou que apenas pesquisas não eram convincentes. A doutora Senen Halff, médica oncologista do Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon) solicitou a palavra para informar que os trabalhos epidemiológicos clássicos tinham sessenta anos. Citou o doutor Richard Doll e disse que, em 1948, depois que se inventou a estreptomicina, ele teria percebido que o homem não estava mais morrendo de tuberculose e elaborou um questionário sobre estilo de vida e tabagismo, demonstrando que 90% dos casos de câncer no pulmão eram relacionados ao tabaco. Reiterou que há sessenta anos o mundo sabe daquilo e disse que as evidências eram muito bem comprovadas, daí a necessidade de se tomar atitudes. O senhor Edson Carlos Menezes Benites, da Cooperativa dos Engenheiros Agrônomos de Santa Catarina, salientou que na sociedade havia um problema bastante grave, o veneno nos alimentos. Segundo ele, excetuando-se os agricultores que trabalhavam com agroecologia, os outros despejavam muitos agrotóxicos nas lavouras, advertindo que aquilo se refletia na saúde social. Disse que a lei referente à merenda escolar ainda não havia sido cumprida no Estado e afirmou que ela 264 resolveria muitos problemas, que alguém tinha que fazer algo a respeito daquilo e, ainda, a licitação dos produtos seis meses antes de entregá-los, para dar tempo devido ao agricultor. Abordando o Programa de Aquisição de Alimentos, considerou-o bom para incentivar os agricultores, mas ponderou que a sua vigência poderia ser de dois anos. Discorreu sobre as dificuldades na área da agroecologia e informou que atualmente eram mais capacitados para fazer o trabalho agroecológico com os agricultores o Cepagro e o Centro Ecológico do Rio Grande do Sul porque realmente pesquisaram e fizeram no campo a sua comprovação prática, complementando que as universidades, os institutos e a própria Epagri não investiam no desenvolvimento da agroecologia. Registrando que a maioria das universidades e dos institutos estava a serviço da Basf e da Monsanto para legalizar os seus produtos, informou que para um produto agroecológico, que tinha apenas um fermentado, não se conseguia a legalização porque a legislação era severa e não se tinha incentivo suficiente do Estado. O senhor Dilnei de Mello Pereira, agricultor de São João do Sul, do Conselho do Crédito Fundiário cumprimentou os presentes e disse que plantava fumo desde 13 anos de idade, que respeitava a posição de todos, que não era defensor do fumo e que, enquanto eleitor, não aceitava que lhe oferecessem alguma coisa em troca de voto. Contou que já plantou tomate, banana, feijão, milho e que não era só no fumo que colocavam veneno, por isso muitos estavam morrendo. Pediu melhores condições para os agricultores, lembrando que eles não tinham outro meio de sobrevivência, e mais recursos para a agricultura, registrando que pediram um aparelho para classificar o fumo e não ganharam. O senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, informou que muitas audiências públicas haviam sido realizadas em função dos problemas causados pelos agrotóxicos e que a resposta do pedido de informação ao governo do Estado sobre a relação agrotóxico e doença fora que não havia estudos fazendo aquela relação. Disse que a doutora Senen tinha visto na mesa aquela resposta e havia anotado para ele algumas informações, destacando que a senhora Jandira Maciel, de Minas Gerais, havia feito estudos sobre a relação agrotóxicos e câncer hematológico e que o Inca também teria registros sobre aquilo. Enfatizou que todos estavam preocupados com o tema e que era importante levantar dados a respeito do assunto no Estado. [Taquígrafa-Revisora Sibelli D’Agostini.] O Deputado Estadual Sargento Amauri Soares, após cumprimentar todos os presentes, justificou a sua ausência por meia hora por ter ido à reunião da Comissão de Segurança Pública. Relatando que plantou fumo dos 7 aos 19 anos no Município de Imbúia, comentou que hoje sabia que a causa do mal-estar que sentiu à época, por duas vezes, era a nicotina, não necessariamente o veneno. Disse que fazia mais ou menos trinta anos que deixara a roça e que tinha vontade de retornar não para plantar fumo, mas para produzir leite, carne e outros sem utilizar agroquímica, adubo industrial, ou veneno, registrando que existiam estudos e experiências comprovando ser possível plantar sem usar produtos que fazem mal à saúde. Destacou a importância de os agricultores serem informados, porque a transição da plantação do fumo para outras culturas era lenta, e de haver financiamento. Mencionando que a indústria fumageira concedia financiamento por cinco anos, contou que um irmão dele tinha que plantar fumo durante dois anos no terreno que comprara para cumprir o contrato de cinco anos feito pelo antigo proprietário com a indústria fumageira, o qual, porque não tinha dinheiro para saldar a dívida, havia plantado fumo apenas durante três anos. Informou que os agricultores do Alto Vale diziam que o agrotóxico da cebola era mais forte que o agrotóxico do fumo, que naquela região a incidência de leucemia era superior à média do Estado de Santa Catarina e contou que a sua irmã falecera de leucemia há quatro anos. Disse sentir-se constrangido quando fuma, até mesmo em locais em que o fumo não era proibido, e afirmou que a luta contra o cigarro e a campanha deveriam continuar porque muitas pessoas já haviam deixado de fumar por conta daquilo. Finalizou 265 parabenizando todos pelo trabalho realizado. O senhor Presidente disse que ele e o Charles haviam conversado a respeito dos encaminhamentos e passou a palavra ao Charles para que registrasse os documentos que seriam anexados ao documento oficial da audiência pública. O senhor Charles Lamb, coordenador do Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro), disse que os documentos a serem anexados ao documento oficial da audiência pública seriam o Encontro Nacional da Rede Temática, porque respaldava boa parte do que fora falado sobre a pesquisa relacionada às questões educativas tratando do consumo do tabaco, também entrando na questão da produção; a Aliança de Controle do Tabagismo (ACTBR), porque endossava e subsidiava os porquês e as motivações para que fossem aprovadas as consultas públicas realizadas pela Anvisa. Alegou ser importante o retorno do evento em Santa Rosa do Sul, onde participaram mais de duzentos agricultores manifestando e respaldando o desejo de terem alternativas ao tabaco, e solicitou à Comissão de Saúde que realizasse um fórum para retomar no próximo ano não só o assunto sobre tabaco, mas também a saúde do trabalhador rural e urbano e a de todos os consumidores, acrescentando que a demanda e a manutenção do fórum seriam em conjunto com a Comissão de Agricultura, que estava fazendo todo o pleito em relação ao abastecimento do mercado institucional, como a aquisição dos produtos da agricultura familiar para a alimentação nas escolas, nos hospitais, nas penitenciárias e em outros setores. O senhor Presidente disse que a Comissão de Saúde e a Comissão de Agricultura estavam juntas e juntas iriam desenvolver o trabalho em relação aos alimentos orgânicos e a tudo que envolvesse a saúde. O senhor Charles Lamb informou ao Deputado Volnei Morastoni que ainda seria anexada no documento oficial da audiência pública uma carta endossada por cinquenta organizações nacionais que defendiam a consulta pública pela Anvisa. O senhor Presidente ressaltou que todos os documentos iriam anexados na ata, informando que assim que ela estivesse pronta seria disponibilizada a todos e também no site da Comissão de Saúde. Adiantou que, juntas, a Comissão de Saúde e a Comissão da Agricultura poderiam realizar um fórum no qual seria iniciado o debate sobre o assunto de forma mais sistemática e do qual participariam representantes de organizações não governamentais e outros setores governamentais, afirmando que na ocasião seria elaborado um calendário permanente de discussão e de eventos relacionados ao tabagismo. Nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e encerrou a audiência pública. [TaquígrafaRevisora: Dulce Maria da Costa.] ____________________________________________ DEPUTADO ESTADUAL VOLNEI MORASTONI PRESIDENTE DA COMISSÃO DE SAÚDE DA ALESC. 266 ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA – FLORIANÓPOLIS “ANÁLOGOS DE INSULINA PELO SUS E DIABÉTES TIPO 1” 267 ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE SANTA CATARINA 1ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 17ª LEGISLATURA COORDENADORIA DE TAQUIGRAFIA DAS COMISSÕES – CTC EMENTA TAQUIGRÁFICA COMISSÃO DE SAÚDE EVENTO: Pública Audiência DATA: 25/10/2011 HORA: 9h LOCAL: Auditório Antonieta de Barros (Alesc) SUMÁRIO: Debater análogos de insulina pelo SUS e diabetes tipo 1. PRESIDENTE: Deputado Estadual Volnei Morastoni PARTICIPANTES DA MESA: Deputado Estadual Volnei Morastoni, Presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc); Deputado Estadual Jailson Lima; doutor Maurício Pessutto, Procurador da República em Santa Catarina; senhora Luiza Hickel Gamba, vice-diretora do Foro da Seção Judiciária de Santa Catarina, representando o Juiz federal Alcides Vettorazzi; doutora Marilza Leal Nascimento, professora do Departamento de Pediatria da UFSC e médica endocrinologista do Hospital Infantil Joana de Gusmão, representando o doutor Genoir Simoni, supervisor do Programa de Residência Médica em pediatria do Hospital Infantil Joana de Gusmão; doutor Paulo Cesar Alves da Silva, endocrinologista pediátrico do Hospital Joana de Gusmão, representando o doutor Austregésilo da Silva, diretor do Corpo Clínico do Hospital Infantil Joana de Gusmão; doutora Amely Pereira Silva Balthazar, diretora da Sociedade Brasileira de Diabetes de Santa Catarina; doutor Itairan da Silva Terres, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional de Santa Catarina; senhor Alvimar Botega, farmacêutico, especialista em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde, da Coordenação-Geral de Assistência Farmacêutica Básica/DAF/SCTIE; senhor Bráulio dos Santos Júnior, do Instituto Nacional de Cardiologia, representando o senhor Helvécio Miranda Magalhães Junior, Secretário de Atenção à Saúde; senhor Walter Gomes Filho, superintendente de Planejamento e Gestão da Secretaria de Estado da Saúde, representando o senhor Dalmo Claro de Oliveira, Secretário de Estado da Saúde; senhora Janaína Cassol Machado, Juíza federal substituta, na titularidade da Vara do Juizado Especial Federal Cível; senhor Daniel Pheula Cestari, defensor público federal, da Defensoria Pública da União; doutor Alan Indio Serrano, médico e membro da Comissão Estadual de Regulação Médica e do Comitê Estadual de Monitoramento e Resolução das Demandas da Saúde, vinculado ao Conselho Nacional de Justiça; senhora Adriana de Souza M. Rosa, presidente da Associação dos Diabéticos Infanto-Juvenil de Tubarão. MANIFESTAÇÕES: Deputado Estadual Volnei Morastoni, Maurício Pessutto, Luiza Hickel Gambá, Marilza Leal Nascimento, Itairan da Silva Terres, Amely Pereira Silva Balthazar, Paulo Cesar Alves da Silva, Adriana de Souza Rosa, Alvimar Botega, Eduardo Lúcio de Mello, Bráulio dos Santos Júnior, Alan Indio Serrano, Sandra Ribeiro de Abreu, Janaina Cassol Machado, Daniel Pheula Cestari, Romanna Remor, Rita Sandoval, Carlos César de Oliveira, Maria Tereza Agostini, Cátia Cirne Antunes do Nascimento, Cristina Silva S. 268 de Oliveira, Ana Paula Veber, Darlan Airton Dias, Walter Gomes Filho, Deputado Estadual Jailson Lima. REGISTRO DE PRESENÇA: Ana Paula Veber, professora do curso de Farmácia da Univali; Carlos Cesar de Oliveira, da Associação dos Diabéticos de Tubarão; Cristina da Silva Schreiber de Oliveira, assessora da direção médica do Hospital Universitário; Cristina Silva S. Oliveira, médica endocrinologista do Hospital Universtário; Dalvani Jank, da Advocacia-Geral da União; Daniel Ricci, da Secretaria Municipal de Saúde de Itapema; Darlan Airton Dias, Procurador da República em Criciúma/SC; Diego Fernandes Custódio, da Secretaria Municipal de Saúde de Imbituba; Eduardo Lucio de Melo, diabético; Franciele Spoltie Lorenzeti, da Secretaria Municipal de Saúde de Lages; Jorge Savi, Vereador de Caçador; Kátia Antunes, mãe de diabético; Maria Tereza Agostini, da Secretaria Estadual de Saúde; Paulo Cesar Batista, representando a Deputada Estadual Ana Paula Lima; Queila de Araújo Duarte Vahl, Procuradora do Estado de Santa Catarina, representando o senhor João dos Passos Martins Neto, Procurador-Geral do Estado; Rangel Loch, Secretário de Saúde do Município de Forquilhinha; Rita Sandoval, enfermeira do Hospital Universitário; Romanna Remor, Vereadora de Criciúma; Rosilda Cardozo, diretora da Associação dos Diabéticos de Tubarão; Sandra Ribeiro de Abreu, mãe de diabético; Sirley Ceccatto, presidente da Câmara de Vereadores de Caçador; Tiago Costa, Vereador de Rio Rufino; doutor Flávio Pavlov da Silveira, de Rio do Sul; do doutor Claudio Valentim Cristani, de Jaraguá do Sul. 269 ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PROMOVIDA PELA COMISSÃO DE SAÚDE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SANTA CATARINA, REALIZADA NO DIA 25 DE OUTUBRO DE 2011, ÀS 9H, NO AUDITÓRIO ANTONIETA DE BARROS, NA ALESC, COM A FINALIDADE DE DEBATER ANÁLOGOS DE INSULINA PELO SUS E DIABETES TIPO 1 Aos 25 dias de outubro de 2011, às 9h, realizou-se audiência pública, promovida pela Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc), com a finalidade de debater análogos de insulina pelos SUS e Diabetes tipo 1. O senhor Presidente da Comissão de Saúde da Alesc, o Deputado Estadual Volnei Morastoni, declarou aberta a audiência pública, solicitada pelo Ministério Público Federal, e, em seguida, compôs a mesa chamando as seguintes autoridades: Deputado Estadual Jailson Lima; doutor Maurício Pessutto, Procurador da República em Santa Catarina; senhora Luiza Hickel Gamba, vicediretora do Foro da Seção Judiciária de Santa Catarina, representando o Juiz federal Alcides Vettorazzi; senhora Marilza Leal Nascimento, professora do Departamento de Pediatria da UFSC e presidente do Departamento de Endocrinologia da Sociedade Catarinense de Pediatria; doutor Paulo Cesar Alves da Silva, endocrinologista pediátrico do Hospital Joana de Gusmão, representando o doutor Austregésilo da Silva, diretor do Corpo Clínico do Hospital Infantil Joana de Gusmão; senhora Amely Pereira Silva Balthazar, diretora da Sociedade Brasileira de Diabetes de Santa Catarina; senhor Itairan da Silva Terres, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional de Santa Catarina; senhor Alvimar Botega, farmacêutico e especialista em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde, da Coordenação-Geral de Assistência Farmacêutica Básica/DAF/SCTIE; senhor Bráulio dos Santos Júnior, membro do Instituto Nacional de Cardiologia, representando o senhor Helvécio Miranda Magalhães Junior, da Secretaria de Atenção Básica do Ministério da Saúde; senhor Walter Gomes Filho, superintendente de Planejamento e Gestão da Secretaria de Estado da Saúde, representando o senhor Dalmo Claro de Oliveira, Secretário de Estado da Saúde; senhora Janaína Cassol Machado, Juíza federal substituta, na titularidade da Vara do Juizado Especial Federal Cível; senhor Daniel Pheula Cestari, defensor público federal, da Defensoria Pública da União; Alan Indio Serrano, médico e membro da Comissão Estadual de Regulação Médica e do Comitê Estadual de Monitoramento e Resolução das Demandas da Saúde, vinculado ao Conselho Nacional de Justiça; e senhora Adriana de Souza M. Rosa, presidente da Associação dos Diabéticos Infanto-Juvenil de Tubarão. Constituída a mesa, o senhor Presidente registrou a relevância do tema para os insulinodependentes, salientando que eles precisavam de atenção e carinho, além de acesso ao tratamento e de acolhimento. Dentre as premissas que pautam a 14º Conferência Nacional de Saúde, destacou o acolhimento e o acesso ao tratamento, e acrescentou que nem mesmo os medicamentos substituíam a condição humana. A seguir, contou que a partir de 1986, quando se realizou a 8º Conferência Nacional de Saúde, o caráter eminentemente popular e a ampla participação do povo serviram de base para escrever o capítulo do SUS na Constituição Federal, e pontuou que o SUS não era o problema, era a solução, e que os seus problemas estavam sendo discutidos e solucionados nas audiências públicas promovidas pela Comissão de Saúde. Ato contínuo, complementou dizendo que se tinha o objetivo de identificar qual o norte que se deveria tomar, qual a 270 posição que a Secretaria de Estado da Saúde deveria adotar e qual a orientação do governo federal e do Ministério da Saúde para fazer com que o Sistema Único de Saúde atendesse de forma satisfatória as demandas dos catarinenses e dos brasileiros. Afirmou que acreditava que pela mesa eclética constituída tirariam uma diretriz da audiência ao final e, concluindo, passou a palavra ao doutor Maurício Pessutto, para que expusesse as razões que motivaram a audiência pública. Fazendo uso da palavra, o doutor Maurício Pessutto, Procurador da República em Santa Catarina, saudou os presentes e disse que as diversas entidades representadas na audiência acreditavam no SUS e que se estava realizando um ato de cidadania, um ato previsto na Constituição da República, qual seja, o controle social, que era um instrumental importante para a atualização permanente do SUS. Dito isso, registrou que o principal motivo de o Ministério estar presente na reunião era para ouvir os especialistas, a equipe do SUS e a plenária. Feito o registro, iniciou a apresentação em PowerPoint pontuando a dispensação de análogos de insulina para pacientes de Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1), instável ou de difícil controle, através do SUS no Estado, como tema a ser explanado; e acrescentando que os dados que iria apresentar eram relativos ao ano de 2007. Em termos de epidemiologia, expôs que o Ministério da Saúde apontava atualmente mais de 220 milhões de pessoas portadoras de Diabetes no mundo e que os dados estimavam para o ano de 2025 o aumento desse número para 350 milhões de pessoas. Posto isso, sinalizou que devido a esse crescimento precisavam tomar medidas adequadas para contê-lo. Ainda expôs que os dados apontavam que 5% das mortes em cada ano eram causadas por complicações da doença; que em relação ao Brasil, os dados apontavam que a Diabetes era a principal causa de cegueira irreversível e de amputação de membros inferiores por origem não traumática; que a Diabetes era a responsável pelo aumento de quatro vezes o risco de acidentes cardiovasculares, de insuficiência renal e de diálese; que cerca de 5,3% da população brasileira acima de 18 anos era portadora de Diabetes tipo 1 e tipo 2, representando um contingente de 6,4 milhões de pessoas; e que a Diabetes Mellitus tipo 1 acometia 320 mil indivíduos no Brasil. Na sequência, mostrou um gráfico do Ministério da Saúde que demonstrava o indicativo dos pacientes cadastrados com hipertensão e diabetes entre janeiro de 1999 e outubro de 2011. [Taquígrafa-Revisora: Sabrina R. Schmitz.] Tecendo comentários sobre o número de diabéticos agrupados por Unidades da Federação, nesse período de janeiro de 1999 a outubro de 2011, destacou que em Santa Catarina a incidência era de 14.173, sendo 3.922 do tipo 1. Continuando, mostrou dados de 2010 de outra fonte do Sistema do Ministério da Saúde, a Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), que apontava um percentual de 6,3% em Florianópolis para pacientes com diagnóstico médico de diabetes, sem diferenciar tipo 1 ou tipo 2. Em seguida, informou que o objetivo do tratamento do Diabetes Mellitus era manter um controle glicêmico adequado para evitar complicações decorrentes da doença, visto que seu mau controle favorecia a incidência de complicações crônicas, micro e macrovasculares, que incluíam neuropatia, nefropatia, retinopatia, doenças cardiovasculares, acidentes vasculares encefálicos e angiopatia. Prosseguindo, mencionou que havia um tripé de sustentação para o tratamento da diabetes, qual seja, a educação do paciente e da sua família, com hábitos saudáveis de vida, alimentação saudável, atividade física regular e hábitos de higiene; o monitoramento glicêmico; e a assistência farmacêutica. Feito esse registro, disse que o próprio Ministério da Saúde não tinha dúvidas de que o enfoque de apenas um caminho, dos três citados, sem a correspondência dos demais representava um tratamento possivelmente destinado ao fracasso, afirmando que a condução das três diretivas de tratamento era fundamental, sendo todas de responsabilidade do Estado, da família e do paciente. Sobre a assistência farmacêutica, registrou que o Sistema Único de Saúde atualmente disponibilizava as insulinas chamadas 271 humanas, a NPH e a Regular, uma basal e outra de ação rápida, explicando que atualmente ambas as insulinas estavam previstas como de custeio e que a distribuição era feita pelo Ministério da Saúde às Secretarias Estaduais de Saúde nos termos da Portaria nº 4.217, de 2010. Dito isso, mencionou que as insulinas humanas, a NPH e a Regular, apresentavam risco maior de crises de hipoglicemia e de hipoglicemia noturna, acarretando, também, deficiência de controle glicêmico, diante das suas características inerentes, incluindo-se o tempo de ação, o pico de ação e a absorção variável, intra e interindividual. A seguir, lembrou que o foco essencial da reunião eram os pacientes com diabetes tipo 1, ou pelo menos parte deles, que, em princípio, não conseguiam o controle adequado com as insulinas humanas, enfrentado episódios freqüentes de hipoglicemia e ficando sujeitos a conseqüências deletérias ou a morbidades. Continuando sua explanação, falou dos quatro tipos de insulina, começando pela insulina Glargina, análogo de insulina formulado por tecnologia de DNA recombinante, em que a modificação na molécula acarretava a formação de um composto estável que conferia à insulina a capacidade de liberar seus grânulos gradualmente, e com isso o perfil de concentração plasmática versus o tempo de ação era relativamente constante em relação às insulinas convencionais, sem pico de ação e com ação por 24 horas, mantendo, assim, a estabilização da glicemia por tempo mais prolongado e, pela ausência de picos de ação, prevenindo a ocorrência de hipoglicemias. Em seguida, citou a insulina Detemir, análogo de insulina formulado também por tecnologia de DNA recombinante, sendo que a modificação na molécula permitia absorção lenta e perfil metabólico prolongado e consistente, com tempo de ação de 12 horas, na maioria das vezes, podendo chegar em 24 horas com doses superiores a 0,4 UI/kg. Posto isso, esclareceu que a referida insulina, comparada à insulina NPH, tinha efeito mais previsível, prolongado e consistente na glicose sanguínea, sendo usada uma a duas vezes ao dia, conferindo, assim, controle glicêmico similar à NPH, com risco menor de hipoglicemias, principalmente as noturnas. Por último, citou as insulinas Lispro e Aspart, análogos de insulina de ação ultra-rápida, monoméricas; portanto, de ação mais rápida em relação às insulinas regulares. Ainda disse que, diferentemente da ação da insulina regular, que demorava trinta minutos, o seu início de ação era imediato ou em até quinze minutos, o que reduzia as hiperglicemias pós-prandiais do paciente, sabidamente correlacionadas ao maior risco de complicações cardiovasculares, bem como os episódios de hipoglicemia pósprandial tardia. Dito isso, explicou que os dados apresentados haviam sido coletados do Protocolo Clínico para Dispensação de Análogos de Insulina para Pacientes com Diabetes Mellitus Tipo 1 da rede pública de saúde do Paraná. Também expôs que o debate não estava sendo feito em termos de substituição do padrão de tratamento do SUS e sim na busca de um tratamento excepcional, um tratamento para casos específicos e diferenciados, na verdade, um tratamento para pacientes com diabetes tipo 1 que tinham de fato demonstrado, após o uso regular das insulinas regulares disponibilizadas pelo SUS, o comprovado mau controle glicêmico e/ou a recorrência de episódios de hipoglicemia grave e/ou noturna. Em seguida, passou a ler uma definição de hipoglicemia: “A hipoglicemia é um evento frequente em pacientes diabéticos em tratamento com hipoglicemiantes (oral ou insulina), podendo acarretar danos irreversíveis caso os níveis de glicemia não sejam corrigidos de imediato, além de ocasionar hipoglicemia reativa. A limitação no alcance do controle glicêmico ideal em DM1, excluídos os fatores de aderência ao tratamento e do mau funcionamento familiar, permanece sendo a hipoglicemia. O limiar para definição de hipoglicemia varia bastante na literatura, mas em geral é utilizado o nível de 50mg/dl como número consensual; varia bastante visto que glicemias abaixo desse valor estão associadas a sintomas de hipoglicemia e prejuízo da função cerebral. Em crianças a deterioração da função cerebral já pode ser observada em valores menores que 60mg/dl. Não há estudos bem controlados demonstrando 272 quais valores de glicemia ou qual frequência de episódios estariam associados a sequelas, mas todas essas alterações parecem estar relacionadas a episódios graves com convulsão, ou repetidos, incidindo numa idade mais precoce. Em crianças a deterioração da função cerebral já pode ser observada em valores menores que 60mg/dl. Pacientes de maior risco para comprometimento cognitivo são aqueles diagnosticados antes dos 6 anos de vida, que apresentam deficiências principalmente em testes de memória verbal, visual e espacial. A performance acadêmica parece estar comprometida em pacientes pouco tempo depois do diagnóstico, com piora progressiva de desempenho, parecendo atingir um platô na adolescência. (…) Diversos estudos têm demonstrado que a hipoglicemia noturna assintomática é um problema comum em pacientes com DM1, sendo sua prevalência de até 70% em crianças e 50% em adolescentes.(...)”. Na seqüência, disse que o citado conceito havia sido trazido pelo Ministério da Saúde em resposta ao questionamento do Ministério Público Federal, enviado via ofício em 18 de agosto de 2011. Prosseguindo, leu a resposta da Associação Catarinense de Medicina ao questionamento do Ministério Público Federal, em 29 de junho de 2011, com o seguinte teor: “Hipoglicemia é definida como valor de glicemia menor que 60mg/dl, e abaixo deste valor já há risco de convulsões e sequelas neurológicas”. Feito esse registro, citou que outro dado importante para a discussão dizia respeito à existência de protocolo, informando que o Ministério da Saúde não tinha protocolo sobre esse assunto, ao contrário de algumas Unidades da Federação, como Distrito Federal, Paraná, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul e Espírito Santo, que, por liberalidade, com base nas demandas e nas evidências levantadas, tinham resolvido pela padronização dos análogos de insulina, sendo que alguns haviam padronizado os de ação basal, outros apenas uma das espécies, e o Paraná havia padronizado ambas. Ato contínuo, explicou que o que existia na realidade era a seguinte situação: na região Sul do País, Paraná e Rio Grande do Sul tinham padronizado e Santa Catarina ainda estava sem padronização, o que acarretava alto índice de ajuizamento de ações judiciais no que dizia respeito à medicação. Continuando, mostrou a avaliação do impacto da terapêutica com insulina Glargina em pacientes diabéticos atendidos em um dos hospitais da rede pública em Brasília. Quanto ao método utilizado, expôs o seguinte: estudo retrospectivo, transversal e não controlado, com 121 pacientes diabéticos em uso da insulina Glargina com tempo médio de treze meses, sendo 91 com diabetes tipo 1 e 30 com diabetes tipo 2. Falou, ainda, que haviam sido verificados os dados do protocolo para disponibilização da insulina Glargina aos usuários cadastrados na rede pública, a variabilidade do controle glicêmico e a redução de hipoglicemias. Também contou que havia feito um levantamento a respeito daqueles dados, primeiramente mostrando estudo do Distrito Federal, o qual tinha como objeto justamente avaliar a eficácia ou não do Programa de Dispensação de Análogos de Insulina, que apresentava que 80% dos doentes com hipoglicemia tinham apresentado redução nos eventos. A seguir, relatou que os autores haviam concluído que a introdução da insulina Glargina em pacientes diabéticos com grande dificuldade de atingir metas de controle havia sido eficaz, com redução dos níveis de hemoglobina glicada e, sobretudo, redução de hipoglicemias com impacto positivo sobre a qualidade de vida. Posto isso, verbalizou que por honestidade tinha de dizer que o referido estudo apresentava possível conflito de interesses, visto que contava com apoio de laboratório farmacêutico. Continuando, mostrou estudo do Rio Grande do Sul que apontava que o resultado da hemoglobina glicada no início do estudo havia sido de 8,68%, semelhante ao valor obtido ao final dos doze meses de tratamento com insulina Glargina, sendo que a frequência de hipoglicemia leve às três horas da madrugada tinha sido de 1,43, durante três meses, em paciente usando insulina NPH e de 0,28, durante três meses, em paciente usando insulina Glargina. Referindo-se à hipoglicemia severa, registrou que tinha uma diferença favorável à insulina Glargina: 0,008 273 versus 0,56 eventos, durante três meses. Comentou, em seguida, que havia melhor perfil de segurança caracterizado pelo menor risco de hipoglicemia noturna e severa para os análogos de insulina, sem deixar de registrar que havia também possível conflito de interesses em virtude de apoio de laboratório, mas que esse era o estudo que havia conseguido levantar a respeito de resultados concretos de aplicação do protocolo já existente no Rio Grande do Sul, feito em 2009 pelo Instituto da Criança com Diabetes do Grupo Hospitalar Conceição, de Porto Alegre. Na sequência, avaliou que os referidos estudos, mesmo apresentando potencial conflito de interesses, deveriam ser analisados em conjunto com os demais dados existentes, especialmente os de fontes seguras, confiáveis. Continuando, passou à leitura do que dispunha a Sociedade Brasileira de Diabetes a respeito aos análogos de insulina: “Em 2008, a entidade The Cochrane Collaboration publicou uma revisão sobre o papel dos análogos de insulina de longa duração no tratamento do diabetes tipo 1, em comparação com a insulina NPH. Foram avaliados aspectos de eficácia e segurança comparativas entre as insulinas glargina, detemir e NPH. Resumidamente, essa análise mostrou eficácia similar a da glargina e a da detemir, em comparação com a NPH, em termos de potencial de redução da hemoglobina glicada (A1C), fato este reconhecido há algum tempo. Por outro lado, o documento da Cochrane Collaboration indicou que os análogos de insulina mostraram-se superiores à NPH em seus efeitos noturnos, resultando em níveis mais baixos de glicemia de jejum e num número menor de episódios de hipoglicemia noturna. A porcentagem de indivíduos que experimentaram hipoglicemia noturna foi significativamente mais baixa no grupo dos análogos de insulina, com um coeficiente de probabilidade de apenas 0,70”. Terminada a leitura, explicou que as evidências apontavam mais ou menos na linha de equivalência de controle glicêmico e vantagem no que dizia respeito aos episódios de hipoglicemia, bem como que era mais ou menos nessa linha o que se via de atuação no âmbito dos processos judiciais individualizados. No que diz respeito às insulinas basais, passou à leitura de referências da Sociedade Brasileira de Diabetes, registradas no Posicionamento Oficial nº 1, de 2011: “No Brasil, em dezembro de 2010, a Anvisa publicou no Boletim Brasileiro de Avaliação de Tecnologias em Saúde (BRATS) uma excelente revisão sobre insulina glargina e insulina detemir no controle do Diabetes Mellitus tipo 1. Os resultados dessa revisão apontaram para a mesma direção, ou seja, a eficácia similar entre análogos de longa duração e insulina humana NPH e uma maior relevância no uso de análogos de insulina em determinados pacientes com DM1 como os que apresentam maior frequência de episódios de hipoglicemia noturna”. A seguir, registrou que também apontava uma equivalência em controle glicêmico e uma vantagem em relação a episódios de hipoglicemia. Retomando a leitura, disse que “A American Diabetes Association (ADA), em sua publicação mais recente de Standards of Medical Care in Diabetes (2011), reconhece como válida a opção terapêutica de utilização de análogos de insulina em pacientes com DM1 que sofrem com maior frequência de episódios de hipoglicemia”. Continuando, procedeu à leitura de referência de outros análogos: “Os análogos de ação ultrarrápida são efetivos na redução das oscilações das glicemias pósprandiais, tanto do DM1 como do DM2. Outra indicação para a utilização de análogos da insulina de ação ultrarrápida são os pacientes que apresentam tendência a ter hipoglicemia nos períodos pós-prandiais tardios e noturnos. Esses benefícios são devidos a uma menor variabilidade da absorção e a uma atuação como verdadeira insulina prandial desses análogos”. Na sequência, afirmou que no mesmo documento a Sociedade Brasileira de Diabetes apontava as recomendações de critérios para a disponibilização de análogos de insulina no serviço público de saúde, referindo-se, portanto, a critérios específicos, a casos especiais, sendo referidos a episódios de hipoglicemia grave, hipoglicemia despercebida, alta variabilidade dos níveis glicêmicos, persistente mau controle glicêmico e resistência 274 imunológica, destacando que nesse último caso o Ministério da Saúde não poderia negar a insulina por conta da necessidade de integralidade do sistema. Ato contínuo, destacou que a Sociedade Brasileira de Diabetes não apenas previa critérios de inclusão como também de manutenção e de exclusão no Protocolo Clínico de Dispensação, o que significava que não era apenas conceder a insulina, mas verificar se estava sendo eficiente e seguro o seu uso, inclusive decidindo pela exclusão do paciente do protocolo caso fosse constatado que a eficiência ou segurança, ou mesmo a falta de responsabilidade do paciente, não estava sendo cumprida. Em seguida, passou à leitura dos critérios de avaliação de eficácia para continuidade no Programa de Análogos de Insulina, quais sejam: “Redução significativa da frequência de episódios de hipoglicemia em geral e de hipoglicemia grave em particular; melhora significativa na ocorrência de hipoglicemias despercebidas; melhora significativa na ocorrência de valores extremos de glicemia; estabilização dos níveis de A1C, de acordo com os valores apropriados para cada faixa etária; ausência ou redução significativa da resistência imunológica; e frequência às atividades educacionais do programa de educação em diabetes, onde houver”, momento em que deixou claro que era fundamental por parte da Secretaria de Estado da Saúde e das Secretarias Municipais de Saúde a disponibilização de programas de educação e de automonitoramento. Sobre os critérios de exclusão, registrou o seguinte: “Falta de adesão do paciente às recomendações médicas e orientações educacionais proporcionadas pela equipe de saúde; resposta ausente ou insuficiente dos análogos de insulina em termos de frequência e gravidade de hipoglicemias em geral e de hipoglicemias graves em particular; surgimento de resistência imunológica aos análogos de insulina; e falta de frequência às atividades de educação continuada em diabetes para pacientes e familiares, onde esse programa estiver disponível”, novamente citando a autorresponsabilidade. [Taquígrafa-Revisora: Dulcinéia Maria Goulart.] Feito esse registro, informou que tudo aquilo estava no mesmo documento, que era a posição oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes, datado em fevereiro de 2011. A seguir, apresentou a indicação de análogos de insulina, pelo Ministério da Saúde, o qual dizia que as insulinas análogas poderiam ser indicadas a critério médico quando comprovada por insistência do mau controle glicêmico e por recorrência de episódios de hipoglicemia grave, mesmo após adoção do tratamento intensivo, com múltiplas doses de insulina NPH, e controle glicêmico capilar associado ao uso de insulina de ação rápida. Com relação à persistência do mau controle glicêmico, entendia-se a persistência de valores elevados de hemoglobina glicada e grande variabilidade glicêmica, após esgotados os recursos de educação para o diabetes, orientação nutricional, contagem de hidratos de carbono, atividade física e otimização do esquema basal bolus com as insulinas tradicionais. Continuando, explicou que eram consideradas hipoglicemias graves aquelas associadas à perda de consciência, a convulsões ou a distúrbios de conduta e hipoglicemias, menores que 40 miligramas, assintomáticas, informando que era necessário um relato médico detalhado, com os esquemas prévios adotados pelo paciente, com as respectivas dosagens e os tipos de insulina utilizados, e com comprovação de uma das condições citadas. Em seguida, observou que isso era algo que eles já vinham verificando nos processos judiciais individuais, aquela disponibilidade ou não do histórico do paciente, o que ele vinha utilizando antes, e informou que esse terceiro critério era do Ministério da Saúde, expedido na Nota Técnica 22/2011, a mesma que já foi referida anteriormente da Secretaria de Atenção da Saúde, do Ministério da Saúde, especificamente da Coordenadoria Nacional da Hipertensão e do Diabetes, em resposta a questionamentos do Ministério Público Federal, ofício enviado em agosto de 2011. A seguir, apresentou alguns dados, muito resumidos, sobre a judicialização em Santa Catarina e os aspectos legais relacionados, explicando que ações judiciais com demandas de análogos de insulina eram as várias espécies de análogos, as várias 275 apresentações aqui no Estado. Posto isso, comunicou que levantaram 1.184 processos em que havia decisão judicial determinando que o Estado de Santa Catarina disponibilizasse os análogos de insulina, e que havia outros processos judiciais, que ainda não ocorreu decisão liminar ou sentença judicial, que estvam fora desse número apresentado, salientando que estavam fora também os processos judiciais que demandavam apenas o Município, apenas a União, ou então a União e o Município, sem o Estado. Também comunicou que aquele dado foi retirado do Sistema de Medicamentos Judiciais (Mejud), da SES/SC, em resposta a questionamentos do Ministério Público Federal, que foi encaminhado pelo Ofício 377, em maio de 2011, observando que o dado foi atualizado até maio e que, como já se estava em outubro, deveriam existir outros processos a se somarem àqueles. A seguir, fez duas indagações: perguntou se a atenção ao critério científico e à inclusão, avaliação e exclusão estavam sendo adequada e homogeneamente seguidos; e quais eram os critérios que pautavam a decisão judicial; se existia uniformidade a respeito disso. Isso posto, comentou que havia processos esparramados por todo o Estado de Santa Catarina, nas mais diversas subseções judiciais e nas diversas Comarcas, com critérios amplamente distintos. Prosseguindo, chamou a atenção especificamente para os critérios de avaliação e exclusão, perguntando como funcionariam os critérios de avaliação de eficácia e de exclusão do medicamento nas decisões judiciais depois de determinada ordem, e até quando a ordem prevaleceria; e como funcionaria a questão da avaliação da eficácia dessas insulinas disponibilizadas. Diante do exposto, avaliou que o Sistema Único de Saúde precisava pensar nessas perguntas apresentadas. Adiante, informou que fez pesquisa no Sipar, o Sistema Integrado de Protocolo e Arquivo do Ministério da Saúde, e descobriu que havia pelo menos cinco procedimentos administrativos que estavam solicitando pedido de inclusão de novas tecnologias, todos eles se referindo aos análogos de insulina, com procedimento para a Glargina, o Detemir, a Lispro, o Aspart, e o genérico, também informando que fez essa pesquisa na noite anterior e que todos os procedimentos se encontravam parados no Citec/SCTIE para análise desde o final de 2009. Na sequência, comunicou que uma alteração na Lei 8.080, que era a lei básica da saúde, mencionava a obrigatoriedade do Ministério da Saúde em concluir os procedimentos de análise e avaliação para a incorporação de novas tecnologias, com procedimento específico, e previa um prazo específico de seis meses para isso. Isso posto, comentou não poder deixar de colocar na base constitucional o artigo 196, que estabelecia que a saúde era direito de todos e dever do Estado, garantida mediante políticas sociais e econômicas que visassem a redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. Continuando, informou que o artigo 198 da Constituição da República dizia que o atendimento à saúde deveria ser integral, de acordo com os princípios do Sistema Único de Saúde. Por sua vez, a integralidade era analisada com base no artigo 7º da Lei 8.080, que tratava sobre os princípios da universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; a integralidade da assistência, a igualdade da assistência à saúde e também o princípio da equidade. A seguir, avaliou que a única solução possível que poderia se construir diante do exposto seria que o Sistema Único de Saúde era responsável por disponibilizar, diante das técnicas científicas existentes, eficazes e seguras, a atenção a todos os casos e os agravos de saúde em todos os níveis de complexidade. Por sua vez, explicou que isso não significava que o paciente tinha acesso a todo o tipo de medicamento que quisesse ou a todos os medicamentos que escolhesse, e sim que ele teria acesso a uma atenção à saúde. Na verdade, o paciente não poderia ficar descoberto em relação ao Sistema Único de Saúde, desde que houvesse, evidentemente, solução científica disponível que previsse eficácia e segurança. Em seguida, destacou que o artigo 7º da Lei 8.080 previa também organização dos serviços públicos, que deveriam estar de modo a evitar a duplicidade 276 de meios para os fins idênticos; e também que a assistência técnica deveria se dar em termos de igualdade e que eram vedados os privilégios de acesso. Na sequência, apresentou o artigo 1º da Lei 11.347, de 2006, em que os portadores de diabetes receberiam gratuitamente, do Sistema Único de Saúde, os medicamentos necessários para o tratamento da condição dele, destacando que a condição específica do paciente tinha que ser levada em consideração, não podendo tratar todos da mesma forma porque cada caso tinha a sua peculiaridade a ser considerada. Também registrou que o artigo 19-O da Lei 8.080, introduzido com as alterações da Lei 12.401, de 2011, mencionava que os protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas deveriam estabelecer os medicamentos ou os produtos necessários nas diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde de que tratavam, bem como aqueles indicados em casos de perda de eficácia e de surgimento de intolerância ou reação adversa relevante, provocadas pelo medicamento, produto ou procedimento de primeira escolha, esclarecendo que alternativas, tratamento e escolhas em escala de complexidade e linha de tratamento deveriam estar disponíveis no Sistema Único de Saúde, de acordo com o nível de ambiência científica existente. Continuando, perguntou se acontecia, de fato, a igualdade de assistência à saúde e como ela funcionava; se pela residência em Estados diversos da Federação, existia tratamento e acessos à medicação igualmente distintos. Exemplificou questionando como uma pessoa que morava em Mafra não tinha acesso aos análogos de insulina, e uma pessoa que morava em Rio Negro tinha esse acesso; como se justificava que uma pessoa de Criciúma tivesse acesso à insulina, e em Tubarão a pessoa não tivesse esse acesso. Isso posto, perguntou qual era o critério de igualdade e qual era a principiologia do SUS que estava sendo seguida, e como funcionava a questão do privilégio. Ato contínuo, disse que quem não tinha acesso ao administrativo tinha que recorrer ao Judiciário, e perguntou se todos tinham acesso ao Judiciário em termos efetivos; será que todos tinham esclarecimento que poderiam recorrer ao Judiciário, ainda que atualmente existissem mecanismos que poderiam facilitar esse acesso; será que não haveria privilégio pelo esclarecimento no acesso à Justiça; será que todos os pacientes com necessidades iriam acessar da mesma forma; e, por fim, perguntou onde estava a igualdade nisso tudo. Quanto à judicialização da saúde, disse que ela era apontada como um dos grandes problemas do Sistema Único de Saúde. Dito isso, perguntou se resolvendo esse problema se iria vedar o acesso ao Judiciário; e se o problema estava no acesso ao Judiciário ou o problema estava na falta de análise mais adequada das políticas públicas existentes do Sistema Único de Saúde. Em seguida, conclamou o Ministério da Saúde a pensar conjuntamente com eles a respeito da atuação como foco no aprimoramento do programa de automonitoramento de diabetes e na educação do paciente e família, perguntando se isso era importante, no que prontamente respondeu que sim, já que os estudos apontavam ser essa a solução adequada e necessária ao paciente, mas sem excluir a assistência farmacêutica. Dito isso, perguntou como ficava a aplicação dessa diretiva diante da redução paulatina e contínua da participação da União no custeio das equipes da Estratégia da Saúde da Família. Na seqüência, informou que desde 1994, com a criação desse programa, até os dias atuais, a participação no custeio das equipes da Estratégia da Saúde da Família foi reduzida de 70% para 30%. Diante do exposto, perguntou como estavam prestando atenção básica com relação a isso; o que a desestruturação disso acarretava em termos de educação do paciente e de esclarecimento para o automonitoramento; e, por fim, quais eram as repercussões que essa política acarretou levando os Municípios ao sacrifício do próprio orçamento, com comprometimento de 20% a 25% com a Saúde. Mencionando que era bastante comum se verificar com os Municípios que os dados apontados de aplicação orçamentária em Saúde se referiam a muito mais que os 15% constitucionais. Manifestou que o Deputado Volnei provavelmente deve ter se lembrado das várias audiências que foram 277 realizadas por todo o Estado e das queixas que os Municípios apresentaram a esse respeito. Adiante, perguntou se a atuação com foco no aprimoramento do controle da atenção básica e no monitoramento dos pacientes pela dispensação de hipoglicemiantes na Farmácia Popular, fragilizando o sistema de controle das Unidades de Saúde e o próprio Hiperdia e duplicando desnecessariamente o serviço existente, era realmente uma diretiva adequada, e lembrou que um dos princípios de SUS era que não houvesse duplicação de serviços existentes. Então, perguntou como se justificaria, ou até que ponto tem-se que pensar ou repensar a questão da disponibilização de medicamentos já disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde pelas Farmácias Populares; e até que ponto essa medida, no que diz respeito à região, mais prejudicava ou auxiliava em termos de controle e de perfil de saúde pública. Concluindo, disse que gostaria de deixar essas perguntas para que todos pensassem a respeito. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, agradeceu a explanação ao doutor Maurício e parabenizou-lhe pela preocupação e dedicação profunda que teve na questão da saúde, fazendo uma apresentação abrangente sobre o diabetes, os diagnósticos e o tratamento convencional, bem como colocando as intercorrências e os critérios para a indicação dos análogos de insulina, e levantando vários questionamentos no final, sugerindo a todos uma reflexão sobre o tema. Em seguida, registrou que iria delimitar o tempo dos oradores pelo fato de que havia muitas pessoas na mesa e na plenária para se manifestar, e informou que concederia um tempo de três minutos para cada orador, se necessário até cinco minutos. Prosseguindo com a audiência, concedeu a palavra à senhora Luiza Hickel Gamba, vice-diretora do Foro da Seção Judiciária de Santa Catarina, representando o doutor Alcides Vetorazzi, que cumprimentou todos da mesa e comunicou que estava naquele ato representando o Justiça Federal de Santa Catarina. A seguir, manifestou-se dizendo que a Justiça estava muito empenhada na solução daquelas causas da saúde, informando que a judicialização do direito à saúde foi crescente, na última década, na Justiça Federal. Ato contínuo, comentou a preocupação da Justiça Federal com aqueles processos e que ela visualizava que a melhor solução daquelas causas passava pelo estabelecimento correto das políticas públicas mais do que por decisões judiciais, uma vez que eram as políticas públicas que conseguiam alcançar aquela igualdade de atendimento. Ante o exposto, disse que era justamente com essa preocupação que a Justiça Federal tinha promovido e buscado a conciliação, o acerto e o chamamento de todas as partes envolvidas, e citou que o Ministério da Saúde, a Secretaria da Saúde, o corpo técnico, o corpo médico, mesmo no âmbito judicial, tentava fazer o acerto da política pública, uma vez que esse era o caminho. Em seguida, registrou ver com muita satisfação a iniciativa daquela audiência pública, que, como bem dito pelo senhor Maurício, era um exercício de cidadania. A seguir, comentou estarem ali buscando influenciar na formação de uma política pública, especialmente no que se referia ao diabetes, que atualmente era uma das causas em Santa Catarina mais frequentes de judicialização do direito à saúde, e o diabetes estava entre as de maior incidência. Continuando, opinou que o caminho certo era a sociedade civil se organizar, e que a Justiça Federal estava presente porque entendia a importância daquele momento. No tocante às justificativas para a inclusão dos análogos de insulina, avaliou que já foram bem explanadas pelo senhor Maurício. Ato contínuo, destacou que a Justiça Federal, de maneira geral, entendia realmente que a integralidade da assistência incluía aquelas variações do atendimento, de acordo com a condição de saúde do paciente, tanto que foram referidas mais de mil ações com decisões judiciais favoráveis à inclusão daqueles análogos de insulina. Encerrando, salientou que o posicionamento da Justiça Federal era no sentido de sempre procurar influenciar na formação das políticas públicas, e que por esse motivo se faziam presentes na audiência pública. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado 278 Estadual Volnei Morastoni, registrou a presença de Cristina da Silva Schreiber de Oliveira, assessora da direção médica do Hospital Universitário; Sirley Ceccatto, presidente da Câmara de Vereadores de Caçador; Romanna Remor, Vereadora de Criciúma; Jorge Savi, Vereador de Caçador; Rangel Loch, Secretário de Saúde do Município de Forquilhinha; Diego Fernandes Custódio, da Secretaria Municipal de Saúde de Imbituba; Daniel Ricci, da Secretaria Municipal de Saúde de Itapema; Paulo Cesar Batista, representando a Deputada Estadual Ana Paula Lima; Darlan Airton Dias, Procurador da República em Criciúma/SC; Ana Paula Veber, professora do curso de Farmácia da Univali; Dalvani Jank, da AdvocaciaGeral da União; Franciele Spoltie Lorenzeti, da Secretaria Municipal de Saúde de Lages; e Queila de Araújo Duarte Vahl, Procuradora do Estado de Santa Catarina, representando o senhor João dos Passos Martins Neto, Procurador-Geral do Estado. Na sequência, passou a palavra à doutora Marilza Leal Nascimento, professora do Departamento de Pediatria da UFSC e médica endocrinologista pediátrica do Hospital Infantil Joana de Gusmão, representando o doutor Genoir Simoni, supervisor do Programa de Residência Médica em pediatria do mesmo hospital, [Taquígrafa-Revisora: Ana Rita M. de Souza.] que cumprimentou todos os presentes, agradeceu o convite para participar da audiência e disse que muitas das informações que estavam no material por ela preparado já haviam sido previamente apresentadas pelo doutor Maurício Pessutto, e que gostaria de focar alguns aspectos que considerava extremamente importantes em relação à opção de tratamento com análogos no atendimento de crianças com diabetes. Ato contínuo, falou que um dos principais agravos no tratamento de uma criança diabética eram as crises de hipoglicemia que desestabilizavam a família, principalmente com a ocorrência de convulsão noturna, tendo em vista que superado o susto inicial do diagnóstico, das dificuldades de fazer controle de glicemia capilar, de aplicar insulina, de repente vinha um episódio de hipoglicemia, o que fazia com que a família tivesse medo da insulina, quando na verdade ela era o tratamento de um diabético tipo 1, antigamente chamado insulinodependente, e salientou que o advento de novas insulinas trouxeram para as famílias um conforto e para as crianças uma melhora na qualidade de vida. Valendo-se de PowerPoint, disse que inúmeros trabalhos foram realizados com os análogos de insulina, em todas as faixas etárias, mostrando que a antiga insulina NPH, apesar de ainda possuir lugar importante no controle do diabetes, tinha algumas dificuldades em relação a ser uma insulina colocada como basal, e explicou que no tratamento do paciente com diabetes tipo 1 tentava-se simular o que o pâncreas de um indivíduo saudável fazia, e que quando o indivíduo ia se alimentar ele precisava de insulina de ação intrarrápida para aproveitar aquela refeição, a fim de não ter aumentos bruscos da glicemia e sofrer os riscos das complicações tardias, esclarecendo que a NPH, por que era uma insulina com pico de ação diferente entre os indivíduos, poderia levar à hipoglicemia, principalmente às hipoglicemias noturnas. Também disse que a insulina regular, que seria aquela utilizada no momento em que o indivíduo fosse se alimentar, não tinha absorção tão imediata, geralmente de 30 minutos após, e tinha ação bastante prolongada, que levaria, pós-refeição, a aumentos de glicemia, como hiperglicemia pós-prandial e hipoglicemia pós-prandial tardia ou até durante a noite. A seguir, afirmou que com o uso dos análogos de insulina tinha-se maior previsibilidade de ação e melhor adequação na individualização do tratamento, o que não ocorreria com o uso da NPH. Continuando, relatou que o diabetes era uma epidemia crescente em todos os continentes e que ocorria por deficiência na produção de insulina, chamado diabetes tipo 1, razão da audiência pública, ou por deficiência na ação de insulina, existindo vários tipos, mas que o foco da tensão era principalmente o diabetes tipo 1. Na sequência, explicou que era uma doença de início abrupto e que tinha uma clínica bem característica, como poliúria, polifagia, polidipsia, emagrecimento, salientando que se não houvesse 279 atendimento rápido a evolução seria para a cetoasidose diabética. Ato contínuo, citou que os objetivos do tratamento do diabetes era evitar as complicações graves, como a cetoacidose, a hipoglicemia e os sintomas decorrentes da hiperglicemia; promover crescimento e desenvolvimento normais para os portadores; prevenir as complicações crônicas; e tratar da adaptação psicossocial do paciente e da família. A seguir, afirmou que naquela década a indústria farmacêutica e as pesquisas médicas e clínicas estavam muito focadas no diabetes, e que, apesar de a sua cura não estar próxima, estava-se evoluindo muito na tecnologia desenvolvida para melhorar o controle do diabetes, com insulinas que possibilitavam convivência com a doença com melhor qualidade de vida. Dando seguimento a sua apresentação, reafirmou que os avanços científicos eram significantes, mas não acessíveis à maioria dos pacientes com diabetes tipo 1, sendo necessários grandes esforços para que aqueles pacientes fossem atingidos pelos avanços existentes; que a frequência de diabetes tipo 1 estava aumentando em 5% entre as crianças pré-escolares por ano, em 3% entre as crianças e os adolescentes por ano, e que seriam 70 mil novos casos de diabetes em crianças abaixo de 14 anos por ano; e que 12 anos após o diagnóstico, 50% dos portadores de diabetes teriam desenvolvido complicações ou doenças associadas, se não tivessem um tratamento adequado. Em relação aos custos com o tratamento de diabetes, disse que, segundo projeções americanas, haveria aumento da população de diabéticos e do custo com o tratamento proveniente das complicações dos diabéticos. Também explicou que no momento do diagnóstico de diabetes a capacidade de produção de insulina pelo pâncreas era menor que 50% do normal, que quando se iniciava o tratamento ele já estava praticamente destruído, dificultando a cura da doença, e que na medida em que passavam os anos a dependência da insulina exógena chegava a 100%. Ato contínuo, disse que no início a criança ainda produzia um pouco de insulina, que muitas vezes se sobrepunha à insulina aplicada, havendo risco maior de hipoglicemias. A respeito do acompanhamento do diabético, ressaltou que o exame mais importante era a hemoglobina glicada, que refletia o controle glicêmico das últimas doze semanas, sendo que os valores normais eram de 4% a 6%, e que para os diabéticos adultos a exigência era que o nível estivesse abaixo de 7%, sendo que na medida em que iam aumentando os níveis de hemoglobina tornava-se necessária uma correção terapêutica. Referindo-se a um estudo feito no Brasil com 6.700 pacientes com diabetes tipo 2 e tipo 1, constatou que 90% dos pacientes tipo 1 tinham controle inadequado e citou as várias complicações crônicas do diabetes, que eram evitadas apenas com um bom controle, como a retinopatia, que era a principal causa de cegueira em adultos nos países desenvolvidos, afetando 2,5 milhões de pessoas no mundo; a nefropatia, que era a principal causa de insuficiência renal em países desenvolvidos, onde de 10% a 20% dos diabéticos morriam devido à insuficiência renal; a neuropatia e a doença vascular periférica, consideradas a principal causa de amputação nos pacientes; a doença cerebrovascular, na qual o Acidente Vascular Cerebral (AVC) era a segunda causa mais comum de diabetes do que em pacientes que eram apenas hipertensos; e a doença cardiovascular, na qual o paciente diabético tinha de duas a quatro vezes mais chances de ter Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) ou Acidente Vascular Cerebral (AVC). Também disse que em função daqueles dados tentou-se otimizar os cuidados do paciente diabético e mostrou dados de um estudo através do qual se fez um tratamento intensivo, com múltiplas doses de insulina, verificando-se que com a melhora do controle glicêmico havia redução do risco da retinopatia, da nefropatia e da neuropatia, sendo necessário investir na qualidade do controle para evitar que as complicações ocorressem. Em relação à retinopatia, exemplificou dizendo que, se o paciente tinha hemoglobina glicada abaixo de 7%, o risco de evolução era infinitamente menor do que no paciente que tinha hemoglobina glicada alta, e ressaltou que os estudos mostravam que o controle glicêmico 280 intensivo reduzia o risco de complicações; que o tratamento precoce e intensivo produzia benefícios em longo prazo; e que a meta do controle glicêmico em adultos deveria permanecer abaixo de 7% de hemoglobina glicosilada. Em relação às crianças, afirmou que as metas eram diferentes, ou seja, que crianças abaixo de 6 anos tinham que estar abaixo de 8,5%, mas não abaixo de 7,5%, tendo em vista que a ocorrência de hipoglicemias naquela faixa etária poderia trazer sequelas neurológicas irreversíveis. Prosseguindo na sua apresentação, reportou-se ao uso da insulina no tratamento do diabetes e mostrou a foto da primeira criança tratada de diabetes tipo 1 por insulina, fato ocorrido em 1922, antes do tratamento e após algumas semanas de tratamento, através da qual se verificou a melhora da situação daquela criança. Salientando que de 1922 até os dias atuais muito se evoluiu em termos de qualidade das insulinas, apresentou um quadro contendo os vários tipos de insulina, a ação correspondente, o início da ação, o pico e a duração, e fez uma explicação rápida a respeito dizendo que a insulina ultrarrápida tinha ação imediata; que a regular tinha ação retardada e prolongada, não sendo adequada para o tratamento de muitos pacientes; que a NPH tinha pico; e que os análogos eram as insulinas basais. Dito isso, afirmou que atualmente se preconizava um sistema de tratamento com insulina basal, que controlaria a hipoglicemia no período entre as refeições, que poderia ser a NPH, cuja necessidade era de pelo menos três vezes ao dia, ou os análogos, que se fosse a Detemir poderia ser usada duas vezes ao dia ou se fosse a Glargina, uma vez ao dia, associados à insulina para controle da glicemia pós-prandial, que é a regular ou a ultrarrápida. Na seqüência, registrou que a insulina basal mantinha um nível de glicemia basal e que a cada refeição o organismo fazia um bolo de insulina, mimetizando aquilo que o organismo saudável fazia, salientando que quando se usava a insulina regular o pico não coincidia com o pico fisiológico de secreção de insulina, enquanto que os análogos de insulina ultrarrápidos tinham um pico que simulava o pâncreas normal, baixando rapidamente os níveis. Ato contínuo, disse que quando se usava análogo de insulina tinha-se um melhor controle da glicemia pós-prandial e menores riscos das hipoglicemias pósprandiais tardias. Continuando na sua apresentação em PowerPoint, mostrou um gráfico que realçava que quando se usava a insulina NPH existia uma oscilação grande dos seus níveis; inclusive, se o paciente não homogeneizava adequadamente, havia um depósito e aquela insulina agiria completamente diferente, afirmando que o ideal era fazer vinte ciclos de homogeneização da insulina NPH para ela estar pronta para ser aplicada, e que muitas vezes o paciente não fazia aquilo. No gráfico seguinte, apresentou as variações da insulina NPH num paciente totalmente dependente de insulina, afirmando que ela não era totalmente previsível, dependendo do local de aplicação e da forma de aplicação, e que para um paciente jovem isso poderia levar a hipoglicemias, principalmente no período noturno. Também através de gráfico, mostrou como agia a NPH, dizendo que dava um pico e depois diminuía a sua ação, como agiam os análogos basais e como agia a insulina quando aplicada em infusão contínua com bombas de infusão, avaliando que os análogos tinham ação mais duradoura e mais homogênea. Na sequência, relacionou as razões dos médicos e dos pacientes a respeito das dificuldades de se obter um controle do paciente. Por parte dos médicos, citou a falha na transformação de evidências na prática clínica; a falta de consenso sobre metas de tratamento ou avaliação de métodos; a falta de tempo e recursos; as percepções incorretas sobre a insulina; a aplicação insuficiente dos tratamentos disponíveis; e os problemas econômicos, educacionais e de aderência dos pacientes. Por parte dos pacientes, citou que a principal razão para que eles não tivessem controle adequado era o medo da hipoglicemia, e explicou que a família que sofria a experiência de uma hipoglicemia grave ficava com medo de aplicar insulina, preferindo aplicar menos a correr o risco de uma nova convulsão naquela criança. A respeito do potencial para a melhora do controle glicêmico das insulinas análogas, citou a 281 melhora da farmacocinética da insulina; os efeitos mais previsíveis; a possibilidade de estabelecer metas de controle basal e pós-prandial; a facilidade para estabelecer o melhor momento para administração, ou seja, o paciente podia escolher qual o melhor momento de acordo com o seu ritmo de vida para aplicar aquela insulina; a maior flexibilidade; e a meta de A1C atingida com menos hipoglicemias e com menor variabilidade glicêmica. Disse, ainda, que atualmente o que mais se focava no diabetes tipo 1 era evitar a variabilidade glicêmica, o que acontecia com frequência com o uso das insulinas NPH e regular, sendo necessários melhores recursos para melhor controle. [Taquígrafa-Revisora: Siomara G. Videira.] Ato contínuo, enfatizou que os melhores recursos para o controle das insulinas encontravam-se no percentual dos pacientes que atingissem a meta ideal de A1C para a sua faixa etária, com a aplicação de meia unidade de insulina. Isso posto, disse que era por isso que o paciente requeria o grau de complexidade de uso de uma basal ou ultrarrápida, ficando mais fácil a família entender a forma e o mecanismo de ação para que os pacientes evitassem as hipoglicemias. Continuando, destacou que, em vários estudos, o uso de análogos conseguiu melhores metas de controle glicêmico e com menor hipoglicemia, quando comparado com NPH, e melhor qualidade de vida desses pacientes. Também disse que pacientes com Diabetes tipo 1 deviam usar a insulina, uma para cobertura basal e outra para cobertura da refeição, que as insulinas análogas eram mais fisiológicas e que a ocorrência de hipoglicemia era a maior barreira para o controle glicêmico. Na sequência, discorreu que após um trabalho feito por seis semanas pôde-se observar que, quanto ao uso do NPH, o nível de hemoglobina aplicada se mantinha alto, e que, quando usavam análogos, após três meses, o nível de hemoglobina estava mais adequado, sendo fundamental na faixa etária pediátrica. Dito isso, afirmou que a implicação das hipoglicemias de repetição podia causar dano cerebral ou piora no desempenho escolar e na qualidade de vida daqueles pacientes. A seguir, destacou que o uso das insulinas modernas permitia trocar a antiga filosofia de tratamento, na qual a dieta e o estilo de vida se ajustariam às imposições criadas no esquema inflexível de insulinoterapia, e que atualmente o paciente aprendia a cortar os carboidratos e a usar a dose de insulina ultrarrápida e exata para a quantidade de alimento digerido, por concepções mais atuais, qual seja, a insulinoterapia se ajustava ao estilo de vida do portador de diabetes. Ato contínuo, agradeceu a oportunidade de expor, em nome do Hospital Infantil Joana de Gusmão, do Serviço de Endocrinologia Pediátrica e de todos os colegas que participam daquele serviço, e ainda comentou que há muitos anos lutava para que o Estado de Santa Catarina tivesse um protocolo para liberação de insulinas e de análogos para as crianças, e que foi elaborado e encaminhado um protocolo para a Secretária de Saúde. Posto isso, registrou a sua ansiedade de que daquela audiência pública saíssem ações que permitissem ao médico a liberdade, em seu juízo clínico, de escolher o tratamento mais adequado para o seu paciente e que pudesse requerer na Unidade de Saúde a insulina indicada para tratamento dele. Continuando, falou que cada paciente reagia de forma diferente, que alguns percebiam a hipoglicemia e outros não, e que o juízo clínico do médico deveria indicar qual o tipo de tratamento. Finalizou dizendo achar injustiça que o consultório particular tivesse análogos de insulina e que o Hospital Infantil Joana de Gusmão, ou outras Unidades de Saúde do Estado, não tivesse análogos de insulina. Prosseguindo a audiência pública, a palavra foi concedida ao doutor Itairan da Silva Terres, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional de Santa Catarina, que, após cumprimentar todos os presentes, agradeceu ao Deputado Volnei Morastoni, médico e Presidente da Comissão de Saúde, por ter acolhido aquela causa de extrema importância para os médicos que atuam no tratamento de diabetes e para os pacientes diabéticos. Em seguida, parabenizou os palestrantes pelas explanações e disse que o que trouxe para a audiência havia sido contemplado nas falas do 282 doutor Maurício e da doutora Marilza. Ato contínuo, discorreu que o debate era de grande importância para a viabilização e para a dispensação, por via administrativa, de análogos de insulina, pela Secretaria de Estado da Saúde, aos pacientes portadores de diabetes com indicação de seu uso. Posto isso, falou da indicação das insulinas que eram disponibilizadas pelo SUS no País, NPH regular, e o que eram análogos de insulina, informando que atualmente havia um terceiro análogo ultrarrápido, a glulisina, com as mesmas qualidades da Aspart e da Lispro, que seria uma alternativa de análogos para aquele protocolo. Posto isso, disse que as insulinas acabaram se tornando fundamentais para o controle correto, dando mais qualidade de vida e reduzindo as complicações para grande parcela de pacientes, especialmente os diabéticos tipo 1. Na seqüência, observou que diversas sociedades de endocrinologia e de diabetes desenvolveram protocolos, como os que o doutor Maurício disse, com diretrizes de indicação desses análogos de insulina, vindo ao encontro de uma crescente demanda judicial da necessidade daquela medicação que era desassistida pelo Estado; que, em razão daquela realidade, vários Estados adotaram protocolos através das Secretarias de Estado da Saúde, tais como, Paraná, Minas Gerais, Bahia, Distrito Federal, entre outros; e que, no corrente ano, também Rio Grande do Sul implementou seu protocolo. Continuando, disse que a SBEM/SC e a Associação Catarinense Medicina (ACM) há alguns anos apresentaram à Secretaria de Estado da Saúde uma proposta de protocolo que não foi adotada no Estado e que apenas os diabéticos catarinenses não tinham o direito assegurado pelo Estado, indo buscá-lo na Justiça, com envolvimento maior do Ministério Público. Em seguida, discorreu que recentemente a Justiça determinou que a Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina adotasse um protocolo para o atendimento dos diabéticos na região de Criciúma, e parabenizou tal ação que obrigou o Estado a adotar um protocolo, e não a dispensação da insulina pura e simplesmente, exigindo critérios de indicação. Ainda disse que, naquele ano, a Sociedade Brasileira de Diabetes elaborou um posicionamento oficial com diretrizes recomendadas para os protocolos de dispensação de análogos de insulina pelas Secretarias Estaduais de Saúde, também apresentado pelo doutor Maurício; que, baseados naquele documento, a SBEM/SC e a Sociedade Brasileira de Diabéticos de Santa Catarina atualizaram a proposta de protocolo, que foi apresentada em uma reunião no dia 8 de setembro do corrente ano ao Secretário de Saúde, o doutor Dalmo Claro de Oliveira; e que se esperava que o Estado reconhecesse a necessidade de implementação do protocolo de dispensação de análogos de insulina para que otimizasse o atendimento dos pacientes diabéticos do Estado. Também observou que se o Estado não realizasse a dispensação por protocolo administrativo, ficaria à mercê de uma crescente e onerosa demanda judicial, com decisões tomadas nem sempre baseadas em critérios técnicos. Na sequência, discorreu que os pacientes que ganhavam as ações judiciais corriam risco porque a maioria das sentenças não incluía a necessidade de acompanhamento médico; que o paciente tinha uma receita no início do tratamento, ganhava as insulinas, independentemente de controle, e acabava abandonando o acompanhamento regular com o médico. Isso posto, frisou que era essencial que o protocolo previsse o acompanhamento médico para que o tratamento tivesse o efeito desejado. Finalizou agradecendo a oportunidade de se manifestar e colocou-se à disposição de todos. Prosseguindo a audiência pública, a palavra foi concedida à doutora Amely Pereira Silva Balthazar, diretora da Sociedade Brasileira de Diabetes de Santa Catarina, que, após cumprimentar os presentes, ressaltou que todos que lhe antecederam deixaram claro a importância de os análogos estarem disponíveis e sugeriu que ouvissem uma mãe descrevendo uma situação de hipoglicemia, que, com certeza, convenceria a todos dessa necessidade. A seguir, contou que recentemente atendeu um paciente com dezoito anos, diabético desde um ano e meio, e que a mãe reclamava das hipoglicemias noturnas, e que 283 perguntou quantas vezes a mãe ia ao quarto do seu filho para verificar as hipoglicemias, ao que a mãe respondeu que dormia com o filho desde um ano e meio de idade. Posto isto, considerou o quanto era importante que se resolvesse essa situação o mais rápido possível. Retomando a palavra, o senhor Presidente concedeu a palavra ao doutor Paulo Cesar Alves da Silva, médico do Hospital Joana de Gusmão, representando o doutor Austregésimo da Silva, diretor do Corpo Clínico do mesmo hospital, que saudou os presentes destacando os pacientes diabéticos, especialmente as crianças e os seus pais; e também o Deputado Volnei Morastoni pela iniciativa. Na sequência, registrou que os diabéticos iam crescendo e as complicações eram uma angústia, que a importância desses análogos já se mostrava cabal, mas que não era só isso e os pais dos diabéticos sabiam disso. Ato contínuo, contou que inclusive naquele dia atendeu uma criança no ambulatório e que não havia fita no posto, questionando o porquê, já respondendo que era por falta de planejamento, que se fazia a licitação para trocar o glicosímetro e as fitas não chegavam, e que a cada licitação se trocava o aparelho e as fitas vinham em comodato, observando que devido a isso as crianças ficavam, às vezes, vários meses sem a fita e afirmando que elas não tinham como adivinhar qual o valor de glicose, para estabelecer a insulina. Continuando, disse que além dos análogos faltava o atendimento básico dos insumos para controlar esses pacientes. Ainda disse que sempre se fala que o paciente diabético não escolheu ser diabético e não era cidadão de segunda classe que não merecesse o respeito que outras doenças crônicas mereciam. A seguir, apelou não só em relação aos análogos, mas também a esses insumos. Posto isso, também contou que uma mãe disse que se humilhava quando tinha que buscar o medicamento, que ainda tinha que armar barraco para receber as fitas para o filho dela, e que isso era uma coisa inadmissível. Novamente, cumprimentou os pais de diabéticos e agradeceu ao Ministério Público pela sempre acolhida à causa do diabético, em especial pelos análogos. Ao final, agradeceu aos que vieram de longe, em nome do ambulatório de Oncologia Pediátrico do Hospital Joana de Gusmão, e disse que a sua angústia era a mesma deles. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, agradeceu a presença dos pais e das crianças de Tubarão e passou a palavra à senhora Adriana de Souza Rosa, Presidente da Associação dos Diabéticos Infanto-Juvenil de Tubarão, que saudou a todos e disse que se não existisse essa entidade as crianças teriam falta de medicação e que se lutava 24 horas pelas crianças, pela glicemia para elas, sendo que o tratamento era terrível. Dito isso, observou que, como se podia ver na reunião, eram todas crianças, apesar de que ainda estava faltando mais, que lutavam por um direito delas. Em seguida, comentou que foi muito bom estarem presente e ouvirem os doutores falando da doença com que conviviam 24 horas por dia. Ato contínuo, historiou que chegou com sua filha no Hospital Joana de Gusmão há seis anos, que ela estava debilitada e a doutora Marilza passou-lhe a Insulina Lantus, e que atualmente ela estava uma moça linda, mas que chegou a pensar que iria perdeu a sua filha. Encerrou pedindo que pensassem nas crianças que estavam ali. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Volnei Morastoni, registrou a presença do doutor Flávio Pavlov da Silveira, de Rio do Sul, e do doutor Claudio Valentim Cristani, de Jaraguá do Sul, e, a seguir, passou a palavra ao senhor Alvimar Botega, farmacêutico e especialista em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde, representando a Coordenação-Geral de Assistência Farmacêutica Básica/DAF/SCTIE, que cumprimentou os presentes e agradeceu o convite para comparecer à audiência pública. Iniciou sua manifestação dizendo que não era químico, não era médico, não trabalhava com assistência direta, e que as questões mais clínicas os profissionais que estavam na mesa, como o Bráulio, pesquisador do Instituto Nacional de Cardiologia, responderiam depois, informando que iria focar a sua apresentação na parte da gestão. Na sequência, utilizando recurso de PowerPoint, afirmou que a assistência 284 farmacêutica do SUS se caracterizava atualmente, dentre os blocos de financiamento da saúde pública, no bloco da assistência farmacêutica, que estava configurado em três componentes, quais sejam, o componente da atenção básica, o componente estratégico e o componente especializado. Também disse que o tratamento de diabetes estava inserido no âmbito da atenção básica em saúde, sendo que era responsabilidade dos Municípios fazerem o diagnóstico, o cadastro, o tratamento, o acompanhamento das ações de prevenção, a promoção para o tratamento do diabético, obviamente com o apoio financeiro do Estado e da União. [Taquígrafa-Revisora: Dulce M. da Costa.] Em seguida, registrou que o Programa era fundamental para o bom controle glicêmico e também para reduzir as complicações do diabetes, sendo de responsabilidade de todos os Municípios brasileiros, explicando que o acesso aos serviços secundários e terciários funcionava de acordo com as pactuações regionais. Ato contínuo, informou que o Ministério da Saúde, além de financiar os medicamentos antidiabéticos orais, também era responsável pelo fornecimento das insulinas humanas NPH e regular, acrescentando que faziam uma programação anual junto aos Estados e que o Ministério da Saúde comprava e distribuía para as Secretarias Estaduais, sendo que as Secretarias Estaduais distribuíam as insulinas para os Municípios, de acordo com as suas necessidades. Posto isso, avisou que a insulina regular começou a ser fornecida em 2008, enquanto que a NPH já vinha sendo fornecida desde 2001, complementando que o fornecimento era contínuo e de forma regular a todos os Estados, sendo que a entrega aumentava de acordo com a necessidade do Estado. A seguir, deixou claro que se viesse a faltar insulina em algum Município o problema estava no diálogo entre o Município e o Estado, explicando que tudo aquilo que o Estado solicitava ao Ministério da Saúde era fornecido. Também informou que já estavam fechando 2011 com 15 milhões de frascos de insulina NPH e cerca de 1,5 milhão de frascos de insulina regular e que para 2012 estavam com uma licitação em andamento para 17,5 milhões de frascos de insulina, acrescentando que o consumo médio de Santa Catarina, atualmente, era de 48 mil frascos de NPH e de 8 mil frascos de regular. Em relação ao financiamento da Assistência Farmacêutica na Atenção Básica, explicou que a descentralização dos recursos começou em 1999 e que no elenco da Atenção Básica estavam incluídos os medicamentos antidiabéticos orais, anti-hipertensivos, entre outros. Dito isso, falou que o financiamento da União era de R$ 5,10 per capita/ano, enquanto que a contrapartida estadual e municipal, juntas, era de R$ 3,72. Ato contínuo, mostrou no PowerPoint as demandas judiciais que recaíam sobre a Secretaria e contou que em meados de fevereiro começou a gratuidade dos medicamentos no Programa Farmácia Popular, sendo que somente com medicamentos do diabetes e insulinas houve crescimento nas vendas de 202% no Brasil e de 465% no Estado de Santa Catarina, acrescentando que havia Estados em que o crescimento nas vendas ultrapassava os 2.000%. Também falou que as pessoas começavam a ir à Farmácia Popular e que, muitas vezes, acabavam se desligando da Unidade Básica de Saúde, avaliando que isso era um problema e que inclusive já tiveram uma reunião no Departamento de Assistência Farmacêutica para discutir essa questão. A seguir, contou que uma das possibilidades que se estava cogitando era a de criar um tipo de voucher na Unidade Básica de Saúde para que o paciente, antes de ir à farmácia privada pegar seu medicamento, tivesse que passar primeiramente pela Unidade Básica e também estivesse participando dos programas de hipertensão e de diabetes. Citando que o artigo 6º da Lei Orgânica da Saúde foi recentemente alterado pela Lei 12.401, que veio normatizar o que era a assistência terapêutica integral, explicou que, de acordo com o artigo 19-M da Lei 12.401, “a assistência terapêutica integral consiste em: I – A dispensação de medicamentos e produtos de interesse para a saúde, cuja prescrição esteja em conformidade com as diretrizes terapêuticas definidas em Protocolos Clínicos para a doença ou agravo à saúde ou, na falta 285 do protocolo, em conformidade com o disposto no artigo 19-P.” Sobre a definição de Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas, leu o inciso II do mesmo artigo 19-M: “II – “documento que estabelece critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais produtos apropriados, quando couber; as posologias recomendadas; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos gestores do SUS.” Também leu o artigo 19-O, segundo o qual “os medicamentos ou produtos estabelecidos nos PCDT deverão ser avaliados quanto à sua eficácia, segurança, efetividade e custo- efetividade para as diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde de que trata o protocolo.” Em seguida, explicou que a necessidade de avaliação quanto à eficácia, segurança, efetividade e custo-efetividade estava definida na lei e que era nesse sentido que o Ministério da Saúde vinha trabalhando. Ato contínuo, passou a elencar os objetivos do protocolo clínico, quais sejam, melhoria da qualidade da atenção prestada aos pacientes; orientação de uma prescrição segura e eficaz; democratização do conhecimento médico e farmacêutico; atualização médica e farmacêutica; aperfeiçoamento dos processos gerenciais assistenciais; garantia ética e técnica da indicação médica; e acompanhamento do uso e avaliação dos resultados. Continuando, falou que o protocolo era importante para dar segurança e tornar o processo transparente, acrescentando que na medida em que o governo colocava um medicamento também precisava garantir seu acesso. Isso posto, leu o artigo 19P: “Na falta de protocolo clínico ou de diretriz terapêutica, a dispensação será realizada: I com base nas relações de medicamentos instituídas pelo gestor federal do SUS, observadas as competências estabelecidas nesta Lei, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactuada na Comissão Intergestores Tripartite; II - no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de forma suplementar, com base nas relações de medicamentos instituídas pelos gestores estaduais do SUS, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactuada na Comissão Intergestores Bipartite; III - no âmbito de cada Município, de forma suplementar, com base nas relações de medicamentos instituídas pelos gestores municipais do SUS, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactuada no Conselho Municipal de Saúde.” Em seguida, explicou que o fato de um medicamento não estar no Protocolo Nacional não impedia que os Estados e Municípios definissem os seus protocolos, de acordo com a autonomia de cada ente federado. Continuando, leu o artigo 19-Q: “A incorporação, a exclusão ou a alteração pelo SUS de novos medicamentos, produtos e procedimentos, bem como a constituição ou a alteração de protocolo clínico ou de diretriz terapêutica, são atribuições do Ministério da Saúde, assessorado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS”, comentando que a Citec passava a se chamar Conitec. Prosseguindo, afirmou que o Decreto 7.508, de junho de 2011, também reforçava a necessidade de protocolos clínicos e que Ministério da Saúde, o Conass e o Conasems, estavam tendo várias reuniões e pactuações na tripartite para a implementação do decreto. Ato contínuo, mencionou que uma das coisas que estavam tentando estabelecer era a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename), e abriu um parêntese para informar que o decreto havia saído com essa denominação, mas que, na verdade, já existia uma relação de medicamentos baseada no conceito da OMS, tratando-se de uma lista de medicamentos básicos, seguros e eficazes a serem disponibilizados para a população. Também explicou que se estava fazendo uma lista dos medicamentos e que o Ministério da Saúde era o órgão competente para dispor sobre a Rename. Ainda falou que Estados e Municípios também podiam adotar relações específicas e complementares de medicamentos em consonância com a Rename, respeitadas as responsabilidades dos entes pelo financiamento de medicamentos. Posto isso, registrou que o acesso universal e igualitário à assistência farmacêutica pressupunha, cumulativamente: 286 estar o usuário assistido por ações e serviços de saúde do SUS; ter o medicamento sido prescrito por profissional de saúde, no exercício regular de suas funções no SUS; estar a prescrição em conformidade com a Rename e os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas ou com a relação específica complementar estadual, distrital ou municipal de medicamentos; e ter a dispensação ocorrido em unidades indicadas pela direção do SUS. Ato contínuo, observou que os entes federados podiam ampliar o acesso do usuário à assistência farmacêutica, desde que as questões de saúde pública assim justificassem. Prosseguindo, explicou o caminho para a incorporação, exclusão ou substituição de medicamentos da lista do SUS, ou ampliação de cobertura para medicamentos já padronizados, informando que a demanda entrava pela Citec (Comissão de Incorporação de Tecnologias), onde era feita uma análise para a elaboração de parecer técnico. Em seguida, sendo favorável, a Citec encaminhava a análise para a avaliação de impacto financeiro e, sendo também favorável, a análise era encaminhada na forma de recomendação ao Ministro da Saúde ou ao presidente da ANS. Dito isso, explicou que a definição acerca da inclusão ou exclusão de uma tecnologia no SUS era uma decisão política feita pelo Ministro de Estado. Ainda informou que, passando a análise pela Citec e definindo-se pela inclusão, fazia-se necessária a pactuação na Comissão Intergestores Tripartite, representada pelo Ministério da Saúde, pelas Secretarias Estaduais da Saúde e pelos Secretários Municipais de Saúde, devido ao impacto financeiro trazido pela nova tecnologia. Em seguida, avisou que a incorporação efetiva de um medicamento só ocorria após a publicação da versão final do protocolo para aquela doença pelo Ministério da Saúde. Mencionando ter tido acesso à Nota Técnica 22, citada pela doutora Rosa, disse que as diretrizes clínicas lá colocadas basearam-se nas diretrizes feitas pela Unifesp, de São Paulo, sendo que aquele foi um documento inicialmente gerado para o Ministério da Saúde. Ressaltando que aquele era um protocolo que não estava pronto e que ainda não tinha sido validado, explicou que um medicamento só era realmente incorporado quando havia um protocolo definitivo. Mostrando no PowerPoint as demandas da Citec, insulinas análogas aguardando um parecer pela sua inclusão ou não, contou que em dezembro de 2010 foi publicado um estudo da BRATS comparando insulinas basais NPH com Glargina e Detemir, havendo também um parecer técnico comparando as insulinas de ação curta, Aspart e Lispro, com a insulina regular. [Taquígrafa-Revisora: Carla Greco Granato.] Ainda mencionou um estudo feito pela Cochrane, em 2009, sobre as diretrizes clínicas baseadas em evidências, fazendo uma análise de análises para tomadas de decisões. Também mencionou a publicação de três editais de pesquisas na área de diabetes, apontando os editais de 2007 e 2008, em parceria com o Ministério de Ciências e Tecnologias, frisando, contudo, que não havia até o momento estudos relevantes sobre tais editais. Em andamento, de fato, informou que havia uma chamada pública, financiada com recursos da Finep e da Secretaria de Ciência e Tecnologia, objetivando uma seleção pública de instituições científicas e tecnológicas para o desenvolvimento de pesquisa clínica e uma avaliação de tecnologias em saúde e avaliação de custo-efetividade das insulinas recombinantes análogas à humana para indivíduos portadores de diabetes tipo 1. Também falou que tal estudo estava em andamento no Instituto Nacional de Cardiologia do Rio de Janeiro, no qual o doutor Bráulio tinha uma participação e faria alguns comentários a respeito das análises preliminares. Na sequência, afirmou que havia a expectativa de que em abril do próximo ano fosse fornecido o estudo de custo-efetividade daquelas insulinas para o Ministério da Saúde. Por isso, a partir dos resultados que estavam sendo aguardados e com base no prazo de 180 dias concedido pela Lei 12.401, disse acreditar que entre maio e junho de 2012 o Ministério da Saúde teria em mãos um aparato para a tomada de decisão com relação àquelas insulinas. Adiante, sobre os desfechos clínicos relevantes dos pareceres técnicos do estudo Brats, afirmou que as insulinas análogas 287 apresentavam eficácia similar em termos de potencial de redução da hemoglobina glicada, tendo as análogas como vantagens os efeitos noturnos e um menor número de episódios de hipoglicemia. Em relação às insulinas de ação rápida, registrou que as análogas apresentavam um leve benefício clínico em relação à insulina humana regular em adultos com DM1 para diminuir a ocorrência relativa ao controle glicêmico. A seguir, explicou que eram feitas revisões sistemáticas através de pesquisa de vários estudos disponíveis na literatura internacional com estudos de caso e, depois, analisava-se se determinada tecnologia era mais vantajosa e eficaz do que a que estava disponível. De forma geral, disse que aqueles estudos eram com poucos pacientes, nos quais não eram estudados os efeitos e os benefícios em longo prazo, e em tempos curtos. Isso porque, segundo ele, quando a indústria farmacêutica quer lançar um produto no mercado farmacêutico ela tem pressa em ter o registro do produto. Na sequência, esclareceu que quando o produto vai para o mercado ocorre o uso em massa das tecnologias, havendo necessidade de um serviço de farmaco-vigilância feito pela Anvisa, e destacou a importância de acompanhar o uso dos medicamentos em longo prazo e, muitas vezes, retirá-los de circulação em função dos efeitos adversos que acometem à população. Do ponto de vista da gestão pública, falou do custo da saúde, uma vez que a medicina avançava salvando mais vidas, e era cada vez mais difícil para as pessoas, empresas e governos pagarem pelo progresso. Para ele, a preocupação com os custos vem aumentando no mundo inteiro, e não apenas no Brasil, e disse que os recursos existentes eram escassos e limitados. Diante disso, falou que havia necessidade de um processo de escolhas entre as alternativas disponíveis com objetivo de alocar o recurso escasso de forma a maximizar a sua utilização. Visando garantir o acesso das populações aos medicamentos e às tecnologias eficazes, seguras e de custo efetivo, disse que o Estado estava usando critérios científicos, técnicos, sociais e econômicos para seleções de fornecimento de medicamentos e de novas tecnologias aos usuários do SUS, a partir da utilização da Avaliação de Tecnologia em Saúde (ATS). Ato contínuo, esclareceu que uma das reclamações dos médicos era que os protocolos eram muito impositivos, não permitindo muita liberdade aos profissionais. Dentro da ATS, explicou que era feita uma avaliação de custo-efetividade, apontando quatro quadrantes, quais sejam, a intervenção menos efetiva e com maior custo, a qual, segundo ele, tinha que ser rejeitada; a intervenção mais efetiva e de maior custo; a intervenção mais efetiva e de menor custo, que era o tratamento dominante; e a intervenção menos efetiva e de menor custo. Desse modo, esclareceu que sempre que havia uma tecnologia no segundo quadrante era feito, em todos os países, uma análise de custo-efetividade para avaliar qual o benefício trazido com o ganho incremental com a nova tecnologia. Em seguida, falou que no Brasil havia pouquíssimos estudos de custo de pacientes diabéticos, e apontou um apresentado no Congresso Brasileiro de Diabetes, na semana anterior, pela doutora Luciana Bahia, o qual foi feito com mil pacientes de oito cidades diferentes, mostrando os custos em dólar do tratamento no SUS. Posto isso, falou que os custos diretos, relacionados a atendimentos médicos e hospitalares e medicamentos, eram maiores que os indiretos, sendo que a maior parte dos custos diretos eram atribuídos aos medicamentos (48,2%), dos quais 75% eram normalmente pagos pelo SUS e 25% pelos pacientes. Segundo esses dados, disse que pelo menos ¼ dos pacientes atendidos pelo SUS precisam comprar medicamentos na farmácia, o que podia ser relacionado à dificuldade de acesso, já comentada anteriormente na audiência, aos insumos, que hoje eram de responsabilidade dos Municípios com ajuda de financiamento dos governos estaduais. Contudo, destacou que isso mudava dependendo do Município e que os custos aumentavam em casos de maior duração da doença ou em caso de complicações. Fazendo uma comparação com os custos no serviço privado, disse que enquanto no público era de US$ 2 mil, no privado passa para US$ 5,4 mil por paciente/ano, e que os custos diretos também eram maiores que os 288 indiretos. Adiante, apontou um inquérito populacional com 6.671 pacientes adultos portadores de diabetes que tinham controle metabólico inadequado, dos quais 72% eram pacientes com diabetes tipo 2 e 90% com diabetes tipo 1. Também apontou um estudo multicêntrico com mais de dois mil pacientes em que 64% dos pacientes com diabetes tipo 2 não tinham controle metabólico adequado. Ato contínuo, questionou se a falta de um bom controle glicêmico era devido somente à falta das novas insulinas. Em seguida, afirmou que era preciso dar melhor atenção para o paciente, trabalhar mais a educação, e envolver mais a família para se obter um bom controle. Continuando, disse que, apesar da diferença de custos do diabetes tipo 1 no SUS e no setor privado, não havia diferença significativa do controle metabólico nos pacientes. Também falou sobre uma mensagem da Sociedade Brasileira de Diabetes publicada no ano corrente, segundo a qual qualquer intervenção farmacológica isolada nos esforços de controle de diabetes estava certamente destinada ao fracasso caso não fosse acompanhada de uma intervenção de monitorização adequada e de intervenções educacionais efetivas e de natureza continuada. Na sequência, manifestou algumas conclusões do ponto de vista econômico, segundo as quais, em um cenário de recursos escassos para a Saúde, a alocação eficiente de recursos públicos deveria ser feita em intervenções comprovadamente custoefetivas. Ainda disse que em alguns países, como a Inglaterra, havia um teto definindo até quanto seria um tratamento custo-efetivo; se o custo do tratamento do paciente por ano ficasse até três vezes o valor per capito do PIB, seria custo efetivo, e se passasse, não seria custo efetivo. Segundo o orador, esse estudo não era definido no Brasil, e daria em torno de R$ 48 mil pela renda per capita, o que, para ele, era muito caro para o sistema brasileiro. Em seguida, afirmou que havia países na Europa que tinham sistemas de saúde universais com gasto público em torno de 8% do PIB em saúde e que no Brasil era em torno de 3,5%. Ato contínuo, falou que havia necessidades de estudos econômicos com a realidade local e que a importação de estudos econômicos internacionais não era suficiente para o uso no País, ou seja, que estudos feitos lá fora muitas vezes não se aplicavam no Brasil de forma universal, havendo a necessidade de estudos locais. Prosseguindo, registrou que o impacto econômico do diabetes podia ser reduzido com a implementação de medidas simples, citando o cuidado com os pés, a questão da educação da alimentação, da atividade física, acrescentando que não era possível apenas se pautar nas novas tecnologias quando se pensa em um melhor controle desses pacientes. Ademais, falou que os novos tratamentos necessitavam demonstrar a relação de custo-efetividade dentro da realidade brasileira. Encerrada a sua apresentação em PowerPoint, disse que eram aqueles os estudos sobre as novas tecnologias em andamento. A seguir, informou que naquela semana iria sair a publicação de um decreto da Presidência da República definindo que a Cipec passaria a se chamar Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias), a qual deveria ser composta por treze membros, incluindo as sete Secretarias da Saúde do Ministério da Saúde, os representantes de usuários, um membro do Conselho Nacional de Saúde, um membro do Conselho Federal de Medicina e mais a participação do Conass e do Conasems. Com base nos estudos realizados, afirmou que a comissão daria respaldo para que o Ministério da Saúde tomasse decisões pela incorporação ou não de novas tecnologias. Finalizando, reiterou que se estava aguardando o estudo do custo-efetividade de insulinas análogas feito pelo Instituto Nacional de Cardiologia, o qual deveria ficar pronto em abril ou maio do próximo ano. Dando continuidade à audiência pública, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, concedeu a palavra ao senhor Eduardo Lúcio de Mello, portador de diabetes, que, após saudar os presentes, disse que teve que dar entrada em um processo judicial para conseguir medicamentos para o tratamento de diabetes e que os conseguiu havia cinco anos. Na sequência, falou que havia falhas no sistema, mencionando que no mês anterior houve um atraso de vinte dias na entrega 289 dos medicamentos e que já quiseram trocar a fita Optium, da qual ele fazia uso, certamente por algum kit provavelmente encalhado, segundo o orador, e que ele teria ganhado judicialmente a permanência da referida fita. Também registrou que fazia uso da insulina Lantus e da Humalog e que havia diabéticos recentes que não conheciam a NPH. Continuando, questionou o porquê que se tinha que solicitar medicamentos judicialmente se a doença já era reconhecida. [Taquígrafa-Revisora: Sibelli D’Agostini.] A seguir, disse que o diabetes não era uma doença difícil de ser contida, necessitando de exercícios e de agilidade para que a circulação sanguínea funcionasse corretamente, além da contagem de carboidratos. Posto isso, afirmou que podia comer chocolate, sorvete e pizza, dizendo que se o diabético tomasse o análogo corretamente o seu diabetes estaria sempre estável. Ainda disse que muitos falavam que o tratamento custava caro, e que os Deputados e os Senadores ganhavam muito dinheiro e que poderiam reduzir os seus salários em prol do tratamento do diabetes. Prosseguindo, registrou que o governo não poderia esperar mais seis meses para começar a distribuir os medicamentos, pois muitos diabéticos dependiam deles; que um diabético geralmente conhece o seu organismo e sabe quando deve consumir açúcar ou insulina; e que se souber lidar com os níveis de glicose poderá viver uma vida saudável como qualquer pessoa normal. Ato contínuo, falou que era uma vergonha ir ao SUS e encontrar lá insulina NPH, que era de trinta anos atrás, sendo que existem outros medicamentos mais avanços para o tratamento do diabetes. Também registrou que já estava decretado em Brasília que o diabetes era um tema de relevância nacional e que estava previsto na legislação. Ao final, disse que os remédios deveriam ser distribuídos imediatamente à população, pois o NPH era um medicamento ultrapassado e oferecia riscos aos diabéticos. Prosseguindo a audiência pública, o senhor Bráulio dos Santos Júnior, do Instituto Nacional de Cardiologia, registrou que o Instituto Nacional de Cardiologia coordenava um estudo multicêntrico que fazia uma análise econômica dos análogos de insulina; afirmou que esse estudo ficaria pronto em abril de 2012, havendo a avaliação do impacto de hipoglicemia sobre a qualidade de vida em pacientes com diabetes tipo 1 em três capitais do Brasil; e disse que os cadernos de atenção básica ao diabetes estavam sendo revistos e que as evidências sobre os análogos de insulina estavam sendo avaliados. Também registrou que trabalhava como cardiologista e que entendia a apreensão dos médicos e dos pacientes, e que precisava haver moderação na avaliação das evidências. Na sequência, falou que a qualidade da evidência que sustentava os análogos de insulina não era de boa qualidade, e de qualidade sofrível, afirmando que a esmagadora maioria dos ensaios continha falhas metodológicas básicas e que nenhum dos ensaios avaliavam os desfechos que interessavam, tais como, as complicações vasculares, as amputações, as retinopatias, a insuficiência renal, a doença vascular cerebral e a doença coronariana. Ainda disse que fazia sentido biológico pensar que os análogos tivessem uma resposta semelhante à da insulina humana, mas lembrou que na história da medicina havia várias medicações que deveriam ter um determinado efeito e na realidade tiveram efeitos diferentes do esperado, citando o caso de remédios antiarrítmicos que eliminavam a arritmia e matavam os pacientes, afirmando que eram necessários ensaios clínicos que avaliassem os desfechos importantes para os diabéticos, como a mortalidade e as complicações vasculares. Retomando a palavra, o senhor Presidente, Deputado Estadual Volnei Morastoni, registrou a presença do senhor Tiago Costa, Vereador do Município de Rio Rufino, e passou a palavra ao senhor Itairan da Silva Terres, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional de Santa Catarina, que registrou que os estudos sobre a eficácia da insulina mostravam que a insulina baixava para níveis de hemoglobina glicada com menos hipoglicemia, o que significava maior variabilidade glicêmica. Segundo ele, as diferenças entre as glicoses altas e as baixas eram menores, e isso reduzia as 290 complicações crônicas e a mortalidade cardiovascular. Posto isso, disse que para os médicos e para os pacientes não havia dúvida sobre as vantagens do uso dos análogos de insulina quando aquela situação de hipoglicemia se apresentava. Ato contínuo, falou que o custo médio daqueles processos judiciais que o Estado havia perdido estava na faixa de R$ 200 por mês por paciente, afirmando que esse valor era baixo pois poderia salvar a vida dos pacientes; e que o universo de pacientes atendidos, caso o protocolo fosse adotado, seria de aproximadamente 2.500 pacientes beneficiados pelo programa em Santa Catarina, citando que o Estado do Paraná possuía 3.800 pacientes beneficiados pelo protocolo. Prosseguindo a audiência pública, o senhor Alan Indio Serrano, médico e membro da Comissão Estadual de Regulação Médica e do Comitê Estadual de Monitoramento e Resolução das Demandas da Saúde, órgão vinculado ao Conselho Nacional de Justiça, disse que a pressa era inimiga da perfeição, pois a história da medicina possuía uma série de erros e de tratamentos que não haviam dado certo e que com o passar do tempo foram trocados por outros. Também disse que quando um laboratório lançava um remédio novo no comércio havia o interesse de que muitas pessoas utilizassem aquele medicamento, pois os laboratórios precisavam de um número grande de cobaias para saber quais seriam os efeitos negativos daquele remédio ao longo dos anos. Em seguida, falou que os mais velhos se lembravam da história da talidomida, calmante que foi distribuído à população e que causava má-formação dos fetos nas gestantes, o que fez com que o governo tivesse que pagar pensões às crianças atingidas por aquele medicamento e tivesse que imediatamente proibir o uso do mesmo. Ato contínuo, registrou que seguidamente remédios eram retirados do comércio, pois após anos de uso apresentavam efeitos colaterais que só poderiam ser notados através do uso contínuo de vários indivíduos, que acabavam servindo de cobaias aos grandes laboratórios. Sobre as insulinas análogas, medicações fabricadas por engenharia genética utilizando técnicas ainda pouco conhecidas, disse que elas estavam sendo estudadas pelo Food and Drug Administration, nos Estados Unidos, que exigia que fosse realizado um apurado registro da possibilidade de câncer causado pelas insulinas análogas. Disse, ainda, que quando era dito que o Ministério da Saúde não tinha o protocolo parecia que era uma ofensa ou uma desconsideração, e que a medicina, na maior parte do tempo, era um não; e que entre o médico e o paciente poderia haver um pequeno protocolo de ambulatório, e que esse geralmente era um não. Na sequência, afirmou que o diabetes era uma doença que estava relacionada à grande oferta de sorvetes, doces e refrigerantes, sendo um mal que precisava de cuidados amplos e de modificações em vários setores educacionais, de mudança de hábitos alimentares e de atividades físicas. A seguir, registrou que esteve recentemente na Inglaterra e que havia escutado médicos ingleses falarem que os laboratórios iriam investir no Brasil, na África do Sul, na Índia e na China, pois a crise européia e a norte-americana haviam diminuído os lucros daqueles laboratórios em vendas de medicações novas e experimentais, o que atrairia aqueles laboratórios a mercados que pudessem consumir aqueles medicamentos. Também registrou que encontrou um documento da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná que afirmava que a Divisão Farmacêutica de Medicamentos Básicos e Estratégicos daquele Estado – dirigindo-se ao Departamento de Assistência Farmacêutica – dizia que as evidências encontradas nos estudos não permitiam afirmar que havia diferenças entre as insulinas, inclusive em aspectos de controle, em vários casos. Ainda disse que o custo anual do programa no Paraná era de R$ 12,254 milhões e que atendia 3.927 pacientes. Ato contínuo, registrou que a Secretaria de Estado da Saúde tinha perdido uma ação no Município de Criciúma porque havia sido defendida com pouca ênfase, pois não era de conhecimento dos juízes a Lei 12.401, com a qual seria muito difícil alguém ganhar alguma ação, porque essa lei previa que deveriam ser juntados vários estudos, não opiniões isoladas de poucas pessoas, 291 formando um conjunto de estudos que seriam avaliados por uma metodologia segura. Em seguida, falou que Sociedade Brasileira de Diabetes não dizia que o análogo deveria ser utilizado, e sim que poderia ser utilizado. Encerrando, afirmou que não era necessário pressa, e sim que as coisas fossem bem feitas, não gerando problemas posteriores, e pediu ajuda ao Ministério da Saúde, que possuía órgãos abalizados para poder aprofundar a discussão. Prosseguindo a audiência pública, a senhora Sandra Ribeiro de Abreu perguntou se os diabéticos do tipo 1 do Brasil eram diferentes, pois recebiam tratamento diferenciado dos outros países do mundo, como os Estados Unidos. Em seguida, registrou que os análogos de insulina apresentavam benefícios comprovados aos diabéticos e indiretamente aos pais de crianças diabéticas, que buscavam organizar a questão alimentar, as aplicações de insulina e a contagem de carboidrato na alimentação dos seus filhos. Continuando, afirmou que os análogos de insulina vinham trazer mais confiança e tranquilidade aos pais, que assim poderiam dormir de três horas a quatro horas durante a noite. A seguir, falou que, independentemente das pesquisas que mostravam que os pacientes poderiam ter algum tipo de câncer no futuro, os pais haviam passado a cuidar mais dos seus filhos e que esses pacientes provavelmente não teriam problemas futuros no cérebro. Ato contínuo, também registrou que uma vez se questionou sobre o que iria prejudicar o paciente, se o rim ou o cérebro, citando que enquanto o filho usava o NPH e o regular a família não tinha controle algum sobre a doença, dizendo que com o uso dos análogos de insulina as hipoglicemias do paciente tinham diminuído 60%, não precisando a família mais chorar madrugadas inteiras temendo pela vida do filho. Ainda afirmou não entender o que o Ministério da Saúde colocava em sua fala ao usar a palavra “apenas”. [Taquígrafo-revisor: Eduardo Delvalhas dos Santos.] Isso posto, também falou que a cada hora do dia a família estava decidindo o risco de vida do seu filho. A seguir, ainda registrou que se estaria onerando, naquela composição, o sistema judiciário e o sistema da saúde. Na sequência, questionou sobre o número e o custo de internações que se podia ter. Encerrando, enfatizou que para ela era inexplicável o fato de alguém do Ministério da Saúde, que não tinha conhecimento exato do que passa no organismo do diabético tipo 1, fazer uma discussão sobre o assunto naquele momento, e que isso muito a irritava. Retomando a palavra, o senhor Presidente passou a palavra à doutora Janaina Cassol Machado, Juíza federal substituta, na titularidade da Vara do Juizado Especial Federal Cível, que cumprimentou todos e anunciou que às 13h30min teria audiência de conciliação em matéria de saúde e justificou que por isso não poderia permanecer até o final da audiência pública. Ato contínuo, sugeriu que se usasse o termo agravo de saúde ao invés de se falar que a pessoa estava doente, porque isso aumenta a autoestima. Posto isso, afirmou que a escolha e o estudo de novas tecnologias precisavam ser feitos e que o Poder Judiciário tinha que decidir isso. Também afirmou que ao mesmo tempo dos estudos de tecnologias existia uma dinâmica do agravo de saúde de cada indivíduo. Em seguida, lembrou que antes da Lei nº 12.401, de 2011, que antes de qualquer outra lei, vem a Constituição Federal de 1988, promulgada no dia 5 de outubro daquele ano. Dito isso, assegurou que o Poder Judiciário não iria impedir a decisão de edição de qualquer lei e que aquele Poder estava obrigado a decidir observando as leis, e que antes delas tinha de observar primeiro a Constituição Federal. A seguir registrou que era imprescindível que os estudos existissem, e que também era imprescindível que a saúde fosse assegurada, e que não se podia exigir de um cidadão que ele esperasse desde 2007 para utilizar ou não o medicamento. Dito isso, contou que a prática de audiências de conciliação existente em Florianópolis permitia ver que existia um valoroso sistema público de saúde no País que merecia crédito de confiança e respeito; e que se não era melhor era por ausência de gestão adequada, por ausência de discussões como aquela que estavam fazendo, e que também existiam situações excepcionais que fugiam daquilo que era prestado pelo 292 Sistema Público de Saúde. Ainda contou que a prática das audiências de conciliação era oriunda de um juizado cívil, que era uma construção que antecedia à Regulamentação 31 do CNJ, sob a presidência do Ministro Gilmar Mendes, e convidou para a audiência de conciliação o Ministério da Saúde. Em seguida, afirmou que era dever do cidadão cuidar da sua saúde, que era sua obrigação e que ele devia procurar obter um adequado tratamento. Ainda afirmou que a prática levava a verificar que existia um sistema posto que merecia crédito e que tinha que ser respeitado, e que existiam situações no dia a dia das pessoas que mereciam ser valorizadas. Prosseguindo, disse que era preciso encontrar caminhos que minimizem a situação de uma pessoa com agravo de saúde em diabetes a fim de que permitisse uma boa qualidade de vida para ela. A seguir, destacou que, apesar de a discussão posta quanto ao mercado mundial, quanto à interferência dos laboratórios, quanto ao tempo que o Ministério da Saúde precisava para os estudos, quanto à criação de protocolos que estavam postos, existia uma vida que solicita medicamentos para minimizar um agravo de saúde. Nesse momento o senhor Alan Indio Serrano, fora do microfone, falou que o Judiciário não salvava a vida de ninguém. Retomando a palavra, a doutora Janaina Cassol Machado contou que teve acesso às demandas com mais ênfase no ano de 2008, quando ingressou na Justiça Federal de Florianópolis, e que perdia o sono porque não aceitava prescrições médicas não fundamentadas. Continuando, lembrou que atualmente havia médicos que tinham que liberar a sua agenda a fim de comparecerem em audiências para serem questionados sobre o porquê de prescreverem aquele medicamento e não o SUS. Referindo-se à interferência do senhor Alan, disse que o Poder Judiciário não salvava nenhuma vida, que não existia esse saber e poder absoluto. Defendendo que o juiz, antes de tudo, era um ser humano que se coloca à frente do jurisdicionado que solicitava a prestação jurisdicional e que tinha que ponderar entre vários interesses e conflitos existentes, informou que, em media, foram realizadas 150 audiências no primeiro semestre, sendo que 20% delas foram sobre análogos de insulina, e que em todas elas foram realizados acordos, significando que o Poder Judiciário não salvou a vida de ninguém porque não houve uma decisão judicial, e uma composição entre as partes, envolvendo Município, Estado, União, membros da academia, universidades privadas, Ministério Público Federal, farmacêuticos e técnicos do Município e do Estado. Ato contínuo, deixou a mensagem de que era necessário haver ampla abordagem sobre o assunto e afirmou que os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como as comunidades científica e acadêmica, precisavam calçar o sapato alheio nesse processo decisório, considerando a questão de custo e a qualidade de vida de cada um. Encerrando, pediu desculpas pela sua ausência antecipada e agradeceu a todos pela oportunidade de se manifestar. Dando sequência à audiência pública, o senhor Presidente passou a palavra ao doutor Daniel Pheula Cestari, defensor público federal, da Defensoria Pública da União, que cumprimentou todos e agradeceu ao Deputado Volnei Morastoni pelo convite para participar da audiência e por poder expressar em rápidas palavras o relevante tema para a sociedade catarinense que era a inclusão nos protocolos clínicos e terapêuticos dos análogos de insulina. Posto isso, registrou que costumava afirmar que os níveis de saúde de uma determinada população eram orientadores do crescimento social e econômico de uma determinada sociedade. Em seguida, afirmou que Santa Catarina era o único Estado da região Sul do País que não se adequou ao protocolo clínico suplementar para a inclusão desses análogos. Continuando, lembrou que recentemente a Defensoria Pública da União, da qual faz parte, ingressou com uma ação civil pública para que todos os cidadãos catarinenses pudessem ter acesso aos análogos de insulina. Também registrou que, a despeito de todos os comentários importantes dos diálogos travados na reunião, a seu ver, esses análogos, assim como os insumos, deviam fazer parte dos protocolos clínicos devido a uma série de 293 orientações e de questões baseada em dados científicos. Prosseguindo, deixou retratado que a Defensoria Pública atuava na defesa da população mais necessitada e, sobretudo, das causas mais relevantes para o Estado. Ao final, avisou que também precisaria sair e agradeceu, mais uma vez, a oportunidade de se manifestar. Na sequência, o senhor Presidente passou a palavra à senhora Romanna Remor, Vereadora de Criciúma, que cumprimentou todos e registrou que teve oportunidade de participar de uma audiência pública em Criciúma, juntamente com o Ministério Público Federal, sobre o mesmo tema. Ato contínuo, contou que sempre pensava no custo, quando se deparava com um programa, com o projeto de uma obra, e afirmou que se calculava muito mal no País a despesa. A seguir, declarou que na sua visão os estudos que estavam sendo feitos não teriam o alcance necessário se eles não pudessem prever o custo para o SUS daqui a dez anos, quinze anos; que precisariam saber o custo do que não fazer, do que não disponibilizar, porque em doze anos 50% dos pacientes começariam com complicações e problemas crônicos de saúde; que se precisava saber o custo de movimentar uma máquina como a do Judiciário, como da Defensoria Pública, como da Procuradoria, a fim de que analisassem esses processos; e que o custo maior disso tudo era o custo social, o custo humano. Também declarou que, se sua filha tivesse algum problema de saúde e não tivesse condições de proporcionar um tratamento, ela lutaria com todas as suas forças para isso. Em seguida, questionou com um dos doutores se ele suportaria ver uma filha sua ficar noites sem dormir, anos a fio, caso ela não tivesse condições financeiras de tratar seu neto, impedindo-a de ter uma vida normal. Finalizando, disse ter certeza que esses ensaios clínicos eram necessários e que seriam feitos pelo Ministério da Saúde, porque havia evidências na prática de que a vida dos pacientes e das famílias afetadas mudaria para melhor; e que esses ensaios clínicos deveriam vir com uma previsão para o futuro, ou seja, que se calculasse o custo de não se fazer essas disponibilizações. Prosseguindo a audiência, a palavra foi concedida à senhora Rita Sandoval, enfermeira do Hospital Universitário, que cumprimentou todos e registrou que era uma honra fazer parte daquela audiência pública. Na sequência, contou que há vinte anos acompanhava pessoas com diabetes e que era fundamental o protocolo de análogos de insulina, lembrando que além dos análogos era necessário manter a monitorização da glicemia com regularidade. Ato contínuo, afirmou que esses análogos deviam ser feitos e que os medicamentos deviam ser elaborados de forma adequada para o uso de uma criança, porque às vezes os frascos vinham com 10ml de insulina e uma criança precisa de uma quantidade muito pequena, podendo-se economizar dinheiro nisso. A seguir, lembrou que se precisava pensar nos instrumentos para a aplicação da insulina, como canetas de insulina, que permitiriam a utilização de forma muito mais regular; e que atualmente existiam canetas de insulina com quatro milímetros e que qualquer pessoa podia usá-la. Posto isso, assegurou que a aplicação e a aceitação dessa terapêutica, conforme avaliação médica, seriam muito mais eficazes e que provavelmente ocorreria melhora no controle glicêmico. Encerrando, registrou que não bastava a transcrição médica ser de qualidade ou não e que a aplicação do tratamento possibilitaria o seu uso no dia a dia. Retomando a palavra, o senhor Presidente passou a palavra ao senhor Carlos César de Oliveira, que parabenizou todos pela iniciativa e registrou que faz parte da Associação dos Diabéticos Infanto-Juvenil de Tubarão. Na sequência, contou que lutava na cidade dele há dois anos para que o Município também tomasse esse tipo de atitude. Relatando que algumas mães que estavam presentes na audiência formaram a Associação porque estavam cansadas de pedirem insulina, de irem ao posto de saúde e não encontrarem o medicamento, narrou que era pai de uma menina de nove anos e de um menino de vinte anos, ambos diabéticos, e que esse último era portador da doença já há onze anos. Em seguida, afirmou que era fácil descobrir quando se estava com diabetes, porque a pessoa tinha incontinência urinária e emagrecia rapidamente. Por fim, comentou que a sua 294 filha ficou muito magra e que até apareciam os ossos, garantindo que a diabetes era fácil de identificar e não era fácil de tratar; [Taquígrafa-Revisora: Iwana L. Lentz.] e que o problema da diabetes estava no controle, estava justamente no que se oferecia ao filho, ou seja, uma agulha decente, fina, que só ultrapassasse o que era preciso da pele, e uma insulina que não fosse congelada. Também contou que foi buscar insulina para o seu filho na Secretaria e recebeu insulina congelada; que seu filho questionou dizendo que não podia usar aquilo porque era hormônio; e que a moça respondeu que ele não se preocupasse porque tinha estragado a geladeira e era só ele esquentar na mão e usar que não tinha problema. Ato contínuo, observou que na cidade dele não tinha especialista como tinha em Florianópolis e em outras cidades; que a diabetes aparecia abruptamente, como a doutora falou, e foi o que aconteceu com o filho dele; e que quando se levava a criança para atendimento o clínico-geral dizia que era para dar à criança somente maçã ou frutos que nasciam abaixo da terra, que eram de raiz. Na sequência, registrou que a Associação era o meio que se encontrou de multiplicar o que se sabia sobre o assunto; que nos dias atuais a Associação tinha um blog; e que se descobriu que o Estado só tinha duas ou três associações de diabéticos. Isso posto, afirmou que o Estado tinha que cumprir com a obrigação dele e que o povo tinha que formar associações para que tivesse força para lutar, mobilizando-se, trazendo as crianças às reuniões, como a Associação fez, saindo de Tubarão às 4h para que se mostrasse a todos que essas pessoas queriam viver. Também observou que elas se furavam três ou mais vezes por dia, e indagou se alguém poderia imaginar o que era isso. Ainda contou que todos os meses era feito, na sua cidade, o Dia D para divulgação do diabetes e que os adultos tinham medo de uma picada, pedindo aos presentes que imaginassem uma criança, com idade entre um ano e quinze anos, tendo de se picar diversas vezes por dia. Encerrou parabenizando a iniciativa dessa audiência, registrando que era disso que precisavam e desejando que conseguissem o quê vieram buscar. Prosseguindo a audiência pública, fez uso da palavra a senhora Maria Teresa, da Secretária de Estado da Saúde, que colocou para o senhor Vilmar que a posição do Estado em relação ao problema do controle da diabete era de que a necessidade era em todo o Brasil, e que sabia que estudos estavam acontecendo e que a Citec estava parada há muito tempo. Ato contínuo, afirmou que era necessário o controle da diabete e, se a melhor maneira era o análogo de insulina, que isso deveria ser feito pelo Ministério da Saúde. Também afirmou que o Brasil inteiro deveria controlar a diabetes e não os Estados individualmente. Por fim, lamentando a demora nos estudos, registrou que, na opinião dela, a política pública deveria ser feita pelos três entes federados e não somente pelos Estados, que já estavam fazendo, enquanto o Ministério da Saúde ficava aguardando estudos que não aconteciam. Prosseguindo a audiência pública, a palavra foi concedida à senhora Rosilda Cardoso, que cumprimentou os presentes e registrou que era mãe de uma menina com diabetes, pedindo encarecidamente que olhassem o assunto com bastante carinho porque o que se passava no dia a dia era algo que afetava a família toda e não somente a criança. Em seguida, afirmou que a família via a criança se picar seis, sete, oito vezes ao dia e que sofria muito com isso. Observando que muita gente pensava que era fácil ter diabete, disse não ser fácil, era muito complicado, explicando que a filha dela tinha acompanhamento psiquiátrico, psicólogo e que até os dias atuais não aceitava a doença. Encerrou pedindo que olhassem com carinho por todos eles. Fazendo uso da palavra, a senhora Cátia Cirne Antunes do Nascimento, registrou que a única coisa que tinha para dizer era que os pacientes só queriam viver, somente isso. Entre lágrimas, contou que não era fácil para alguém ver a sua filha cair no chão parecendo que iria morrer e não saber o que fazer. Complementou afirmando que se os componentes da mesa tivessem uma filha com diabete e não tivessem dinheiro para fazer o tratamento certo também estariam ali se humilhando. Finalizou registrando que elas só 295 queriam viver, mais nada. Prosseguindo a audiência, usou a palavra a senhora Cristina Silva S. de Oliveira, médica do Hospital Universitário, que cumprimentou os presentes e disse que só iria comentar as posições colocadas pelo doutor Bráulio e pelo doutor Alan, informando que também era doutoranda em Diabetes na USFC. Ato contínuo, ressaltou que o primeiro ponto que queria abordar era que a estatística servia também para mostrar os objetivos a que se propõe, e que esperava que o Ministério da Saúde fizesse estudos, como o convite que receberam no Hospital Universitário para entrar num projeto para diabéticos, pela primeira vez, num estudo multicêntrico nacional que também se propunha a desenvolver moléculas. Na sequência, observou que os países que gastavam dinheiro em saúde e em tecnologia, desenvolvendo moléculas, eram os que mais cresciam no mundo, e que o Brasil gastava pouco em tecnologia e saúde, tendo mudado a concepção a partir do último governo, que abriu os Institutos de Ciência e Tecnologia no País. Dito isso, falou que a estatística não podia ser vista como metanálise para discutir política de gestão pública e que, na opinião dela, tinha que ser visto cada estudo, principalmente os com efeitos colaterais de insulina que estava há muito tempo no mercado, observando, ainda, que existia a briga entre as indústrias farmacêuticas. A seguir, argumentou que se estava discutindo valores e que quando o governo mudasse os valores em relação aos gastos com saúde realmente se iria ver uma mudança de valores no geral. Continuando, registrou que não se podia falar em cobaias de jeito algum e que nenhuma sociedade representada na reunião havia trazido resultados de medicamentos que eram utilizados em cobaias. Isso posto, registrou que a palavra cobaia a deixou muito estressada, explicando que o Ministério da Saúde tinha obstáculos bem complexos para aplicar estudos científicos no Brasil, contando que a sua tese de doutorado ficou dois anos no Comitê de Ética, que era com medicamento que já estava na farmácia há muito tempo, e que o estudo nacional multicêntrico não passou ainda no Comitê de Ética, em Campinas, estando lá há mais de quatro meses, e que na UFSC nem se podia entrar com o estudo. Concluiu afirmando que existiam regras muito bem definidas e muito difíceis para que se fizesse pesquisa no País e que ninguém precisava ficar preocupado porque cobaia no País não existia, a não ser que alguém fizesse pesquisa sem termo de consentimento livre esclarecido. Prosseguindo a audiência, a palavra foi concedida à professora Ana Paula Verbe, farmacêutica e professora do Curso de Farmácia da Univali, que cumprimentou os presentes e agradeceu à Assembleia Legislativa o convite e a organização da audiência, que era um momento de extrema importância por ser uma iniciativa do Ministério Público. Ato contínuo, ressaltou que, na opinião dela, era nesses momentos que a população conseguia atuar na gestão para mudar a maneira como a saúde era cuidada. Na sequência, observou que se estava discutindo Diabetes Tipo 1, de difícil controle, e lembrou que, primeiro, não se queria que todo mundo recebesse aquele tipo de insulina e, sim, uma parcela de pacientes para os quais não era possível usar o tratamento disponível, e que esse medicamento estava consagrado e assegurado pela utilização clinica. A seguir, reiterou as palavras do doutor Bráulio de que faltam estudos principalmente em pacientes de diabetes de difícil controle, e que todos os estudos apresentados em pacientes com diabetes de maneira geral aparentemente mostravam um melhor controle em alguns pacientes, frisando que faltavam os estudos que talvez comprovassem que os análogos de insulina eram mais efetivos. Posto isso, comentou que tinham segurança e que tinham alguns parâmetros que mostravam isso, mesmo sem grandes estudos e sem metanálise, e lembrou que quem trabalhava com medicina baseada em evidências sabia que a ideia era utilizar a melhor evidência disponível e que não precisava esperar que pessoas tivessem benefício clínico. Ato contínuo, registrou a felicidade dela ao ter ouvido a manifestação do Estado de que havia, sim, reconhecimento por parte do Estado de que se tinha necessidade de que essa terapia fosse implementada, e pediu que se possível o 296 Ministério da Saúde se manifestasse sobre isso. Em seguida, questionou se não havia necessidade de se abreviar a incorporação de novas tecnologias, observando que outros Estados já o fizeram e que tinham resultados clínicos inclusive publicados. Ao final, concordou que a insulinoterapia convencional atualmente era do Ministério da Saúde, porque os análogos estavam sendo financiados por alguns Estados e não pelo Ministério. Na sequência, a palavra foi concedida ao doutor Darlan Airton Dias, Procurador da República de Criciúma, que cumprimentou os presentes e questionou um dos números que o Ministério da Saúde apresentou quando comparou o custo do tratamento da diabetes na rede pública com o da rede privada, indagando se aquele número foi mostrado com a intenção de dizer que na rede privada, onde se tinha os análogos, não havia um resultado muito melhor ao da rede pública. Ato contínuo, analisou que naquele número, pelo que ele entendeu, estava embutido o custo de consulta, que no SUS era R$ 10,00 e no mercado era muito mais do que isso; estava embutido o descaso com que a União vinha tratando a saúde nos dias atuais, sem reajustar a tabela do SUS há muitos anos. Dito isso, informou que por coincidência no dia em curso tinha o movimento nacional dos médicos protestando contra aquela situação, na opinião dele, em boa hora. A seguir, afirmou que a Lei 12.401 tinha vindo em ótima hora, porque impõe à Citec e ao Ministério da Saúde um prazo, pois era uma postura cômoda e irresponsável ficar eternizando os estudos e não concluir nada. Registrou que outro aspecto positivo da lei era que proibia que se fornecesse judicialmente medicamentos experimentais, afirmando que concordava porque tinha que ter limite, a lei tinha que restringir os medicamentos experimentais. Posto isso, lembrou que os análogos de insulina não eram experimentais, eram medicamentos autorizados pela Anvisa, e que estavam disponíveis nas farmácias para quem quisesse comprar. Também comentou que era muito cômodo o doutor Alan Indio Serrano comparar com a talidomida, e que, se havia risco de câncer, a Anvisa tinha que retirar a autorização para a comercialização dos análogos de insulina. Na sequência, enfatizou que não se estava falando de nada experimental e que se estava falando de cidadãos de duas classes, o que tinha dinheiro e podia pagar o tratamento, e manifestou que muitos dos que estavam ali, se tivessem um filho nessa situação, também pagariam isso, momento em que foi aplaudido pela plenária. Ainda registrou que Santa Catarina tinha a situação mais esdrúxula e humilhante possível, que não era só a situação econômica, contando que se uma pessoa morasse em Torres, ela tinha o medicamento, e se ela morasse em Passo de Torres, que era só atravessar o rio, ela não tinha o medicamento, o mesmo acontecendo em Mafra e Rio Negro. Também afirmou que o Estado de Santa Catarina tinha que rever as suas prioridades e era pena que o doutor Alan Indio Serrano tivesse feito as suas considerações, até de forma grosseira e ofensiva, e não tivesse ficado para ouvir o contraponto, e que, quando ele disse que o Estado não salvava vidas, as roubalheiras no SUS também não salvavam vidas. Em seguida, comentou que o Estado inchado, com uma estrutura administrativa difícil de sustentar, que retirava verbas que poderiam ir para a Saúde, também não salvava vidas. Finalizando, registrou que, como membro do Ministério Público Federal, foi autor da ação em Criciúma e reiterou que o doutor Alan novamente fez uma afirmação ofensiva aos Procuradores do Estado insinuando que não tinham feito a defesa direito, o que era uma inverdade, porque os Procuradores do Estado eram pagos para defender os direitos do Estado e que dedicavam muito tempo o defendendo nas ações de medicamento. Isso posto, perguntou qual era o custo daquilo e observou que eles poderiam estar cobrando impostos ou fazendo outras coisas na defesa do Estado. Prosseguindo, afirmou que em Criciúma o contraponto da ação foi muito bem defendido, não só pelo Estado e também pela Advocacia da União, e que o doutor Alan não levou em consideração que as provas eram fortes e por isso foi julgado procedente. Encerrou registrando que não estavam defendendo o fornecimento indiscriminado 297 dos análogos de insulina, pelo contrário, estavam defendendo racionalidade no fornecimento, e que nos dias atuais 1.184 processos mandavam o Estado de Santa Catarina fornecer o medicamento, a um custo de R$ 2 milhões, e questionou se teria sido usado o critério técnico para tal, o que ele não sabia, momento em que foi aplaudido pela plenária. Ato contínuo, a palavra foi concedida ao senhor Walter Gomes Filho, da Superintendência de Planejamento e Gestão da Secretaria de Estado da Saúde, representando o Secretário de Saúde Dalmo Claro de Oliveira, que cumprimentou os presentes, registrou que não iria se alongar porque o tema já havia sido bastante debatido e comentou que a importância dos análogos de insulina foi bem demonstrada em todas as falas, em que pese até o reconhecimento pelo próprio Ministério da Saúde no parecer que o doutor Pessutto colocou. Na sequência, observou que, da mesma maneira, era preconizado na Lei 11.347, de 2007, que deveria ser atualizado anualmente os medicamentos, os materiais para controle do tratamento da diabetes por parte do Ministério da Saúde, o que não vinha sendo feito. Dito isso, frisou que na referida lei era colocado como “exclusivo pelo Ministério da Saúde” e que o Estado estava um tanto amarrado naquilo. Quanto à questão do financiamento, o componente da atenção básica em Santa Catarina, no entendimento com os gestores municipais chegou-se à conclusão de que ele era insuficiente, que o Estado de Santa Catarina colocava mais do que o dobro do que estava estabelecido; onde deveria ser R$ 1,86 habitante/ano, Santa Catarina colocava R$ 4,00 habitante/ano, de forma a contribuir com essa defasagem pactuada anteriormente. Posto isso, cumprimentou o acerto do Ministério Público Federal no sul do Estado, em Criciúma, do doutor Darlan, que garantiu com a ação a participação tripartite, igual à distribuição da própria insulina, na qual os Municípios faziam prevenção, faziam promoção, e era a porta de entrada efetiva do Sistema Único de Saúde. Em seguida, informou que o Estado garantia a logística, o cadastro, a dispensação das insulinas, e a União fazia o fornecimento dos insumos. Finalizando, registrou que acreditavam que os análogos de insulina deviam seguir a mesma lógica e que os estudos que estavam em andamento, começaram em 2007, quando foi colocada a Lei 11.347, e que estavam parados, pelo que foi dito, desde 2009, desejando que pudessem prosseguir, reafirmando ou confirmando a segurança que os pacientes já tinham na utilização do medicamento. Prosseguindo a audiência pública, o doutor Itairan da Silva Terres, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional de Santa Catarina, fez uso da palavra e pediu desculpas por monopolizar o microfone, justificando que o doutor Maurício h