PRÁTICAS DO PIBID: EXPLORANDO OS BLOCOS LÓGICOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL FERREIRA, Cristina Ortiga1 - UNIVILLE BASKEROTI, Fernanda 2 - UNIVILLE SILVA Priscila 3 - UNIVILLE SOMMER, Kátia Cristina 4 - UNIVILLE TANK, Jenifer Alana5 - UNIVILLE Grupo de Trabalho - Práticas e Estágios nas licenciaturas Agência Financiadora: CAPES Resumo O presente artigo apresenta resultados parciais da prática desenvolvida com crianças de 3 e 4 anos do Centro de Educação Infantil Marilena dos Passos Santos, na cidade de Joinville durante as ações do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (PIBID) envolvendo a descoberta, manuseio e resolução de desafios com o material Blocos Lógicos. Todo o trabalho pautou-se na importância das práticas lúdicas e jogos na educação infantil para o desenvolvimento social, cognitivo e psicológico das crianças. Tendo em vista que o material era, até então desconhecidos das mesmas, foi-se, passo a passo, construindo conceitos que superaram os classificatórios, e simbólicos visto que ao manipularem as peças estabeleceram correspondências, avaliaram proporções e compararam relações topográficas. O material permitiu uma prática transdisciplinar, dialogando com as diversas áreas do saber e do desenvolvimento infantil. As atividades foram vivenciadas semanalmente com a orientação das bolsistas, que posteriormente registravam os progressos e atribuições de significados alcançados pelas crianças. Como resultado observou-se que as crianças mostraram-se receptivas, reconhecendo e aplicando os conceitos trabalhados em outros espaços e situações. Para as bolsistas fica o aprendizado que, o material tem apenas um valor utilitário e depende da compreensão, interferência e análise do professor para que possa ser efetivamente significativo para as crianças. A essência da sustentabilidade na educação, no caso, descrito, exigiu um reposicionamento de papeis para os envolvidos e implicou na 1 Mestre em Educação pela UnC/UNICAMP . Professora Adjunta da Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE). Coordenadora do PIBID/Pedagogia UNIVILLE. Pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Arte e Educação (NUPAE).E-mail: [email protected]. Acadêmica do 4º ano do Curso de Pedagogia. Bolsista do PIBID. E-mail: [email protected]. 2 Acadêmica do 4º ano do Curso de Pedagogia. Bolsista do PIBID. E-mail: [email protected]. 3 Acadêmica do 3º ano do Curso de Pedagogia. Bolsista do PIBID. E-mail: [email protected]. 4 Acadêmica do 2º ano do Curso de Pedagogia. Bolsista do PIBID. E-mail: [email protected] 5 Acadêmica do 3º ano do Curso de Pedagogia. Bolsista do PIBID. E-mail: [email protected] 23114 construção de uma nova perspectiva da realidade e seus entornos para a ação educativa. Aprendizagens mais ativas e colaborativas exigiram um novo modo de pensar e agir de acadêmicas, professoras supervisoras e crianças, visto que é ilusório pensar na transformação da Educação para a infância e nas práticas ali presentes, sem considerar que é na formação (inicial e continuada) que professores constroem a sua prática. Palavras-chave: Blocos lógicos. Educação infantil. Lúdico. PIBID. Introdução Neste artigo, aborda-se a aprendizagem na educação infantil, através de experiência vivenciada por acadêmicas do Curso de Pedagogia da Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE) que são bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) financiado pela CAPES, programa que busca promover a articulação entre o ensino superior e o básico por meio da instauração de uma ação conjunta entre professores, em seus espaços de trabalho e o acadêmicos das licenciaturas, das diferentes turmas em formação. Em face desse projeto institucional surge o Subprojeto de Pedagogia, visando discutir e implantar procedimentos pedagógicos diferenciados que estimulem o desenvolvimento e ampliação das habilidades cognitivas importantes e significativas para a faixa etária de 3 a 5 anos e séries iniciais do Ensino Fundamental. Levando-se em conta que o espaço lúdico, proporciona o desenvolvimento da criança através do estimulo às descobertas, imaginação e criatividade, potencializando o prazer em aprender, pretende-se por meio deste artigo demonstrar a importância do lúdico e do jogo para o aprendizado de aspectos conceituais desde a educação infantil. Para uma reflexão mais aprofundada sobre tal prática pedagógica, descreve-se por meio de revisão bibliográfica a importância do lúdico como fonte de conhecimento e o uso dos blocos lógicos como material didático. Partindo posteriormente para o relato da experiência vivenciada em um CEI da rede municipal de Joinville, em que foram desenvolvidas atividades, jogos e brincadeiras que partiram dos blocos lógicos com crianças de 4 anos. O lúdico como fonte de conhecimento 23115 Desde o reconhecimento, na Constituição Federal de 1988, da criança como cidadã de direitos, a função da Educação Infantil supera a lógica do cuidar, atuando, nos diferentes aspectos do desenvolvimento infantil (físico, intelectual e social). O lúdico neste contexto passa a ser compreendido como integrante da cultura infantil sendo a forma privilegiada de expressão e aprendizado. Autores como Kishimoto (1993, 2002 ), Bressan (1998), Friedmann (1996), Santos (1999, 2008), entre outros vêm estudando o lúdico e sua contribuição para a educação. Em suas publicações há a referência de que a palavra lúdico vem do latim ludus e significa brincar. Neste brincar estão incluídos os jogos, brinquedos e divertimentos e é relativa também à conduta daquele que joga, que brinca e que se diverte. Por sua vez, a função educativa do jogo, para os autores, oportuniza a aprendizagem do indivíduo, seu saber, seu conhecimento e sua compreensão de mundo. Através das atividades lúdicas (brincadeiras e jogos), a criança cria conceitos, seleciona ideias e estabelece relações lógicas, sendo que, essas práticas exercem uma influência marcante na apreensão dos conhecimentos pela mesma. A brincadeira constitui-se em um momento de aprendizagem em que a criança tem possibilidade de viver papeis, de elaborar conceitos e ao mesmo tempo exteriorizar o que pensa da realidade. Assim a brincadeira é uma atividade humana e social, produzida a partir de seus elementos culturais, deixa de ser encarada como uma atividade inata da criança (BRESSAN, 1998 p.30). Ultrapassando a contextos da educação infantil o olhar para a infância adentra os espaços escolares mais formais. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) enfatizam também, para as séries iniciais do ensino fundamental, a importância de se explorar as diversas possibilidades educativas através de atividades lúdicas, mostrando que, cada vez que as crianças são mais estimuladas e desafiadas melhores são as construções e a organização dos seus conhecimentos De acordo com Maria et al. (2009, p.10) “quando a criança joga, ela opera com o significado das suas ações, o que a faz desenvolver sua vontade e ao mesmo tempo tornar-se consciente das suas escolhas e decisões” Diante disso, o jogo em si, não trará bons resultados à aprendizagem sem um bom planejamento, portanto precisa ser muito bem explorado pelo professor. Nunes e Becker (2000, web) confirmam tal colocação ao afirmarem que “a contribuição do jogo para o 23116 desenvolvimento das atividades pedagógicas, vai depender da concepção que se tem de jogo, de criança, de aprendizagem e desenvolvimento”. O professor precisa entender que apesar se aprender brincando, a utilização pedagógica deve ter objetivos claros para que não se caracterize apenas como um “passatempo” para entreter as crianças. (OLIVER, 2012). Voltando-se especificamente para a vivência e construção de conceitos, dentre eles a lógica matemática, Amorin (2004, p.5) ressalta a importância do enfoque lúdico como sendo um facilitador, que requer do professor o conhecimento dos assuntos abordados de maneira que estes de fato sejam significativos às crianças, pois “nossa intervenção media sempre algo que resulta numa possível construção conceitual. Devemos ajudar as crianças a reconhecer o poder de seu raciocínio, de suas possibilidades, de que elas são livres para pensar”. Diante do que foi abordado, o professor precisa então escolher adequadamente o material e a melhor forma de aborda-lo para que se possa alcançar seus objetivos. Enfim, “utilizar-se dos jogos e brincadeiras é entender que a criança precisa construir seu conhecimento, no entanto, sem abdicar de seu tempo de criança” (BATISTA; FRANÇA, 2007, p. 140). Blocos lógicos como material mobilizador Criado pelo matemático húngaro Zoltan Paul Dienes (1916-), os Blocos Lógicos, como material didático, permitem associar a dinâmica, a lógica e o raciocínio abstrato. O material “blocos lógicos” é composto por quarenta e oito peças, divididas em 4 atributos: forma (retângulo, quadrado, círculo e triângulo), cor (azul, amarelo e vermelho), tamanho (grande e pequeno) e espessura (grosso e fino) e pode ser confeccionado com diferentes materiais como a madeira, plástico, desde que respeite as relações dos atributos. Nas práticas da educação infantil, não são poucas as vezes em que professores acabam usando erroneamente esse material didático, limitando-o a blocos de construção ou manuseio livre, fugindo, desta forma do verdadeiro propósito. 23117 Segundo Smole (1996, p. 170) “é quase impossível que se discuta o ensino de matemática sem fazer referência a esse recurso. No entanto, a despeito da sua função para o trabalho em sala de aula, seu uso não pode ser irrefletido”. O verdadeiro propósito dos blocos lógicos está relacionado ao exercício da lógica e a evolução do raciocínio, bem como noções de seriação, comparação, intersecção, ordenação, classificação, transitividade, além das noções dos atributos, a partir de atividades lúdicas. Relato da experiência A atuação do PIBID foi iniciada no CEI Marilena dos Passos Santos localizado na cidade de Joinville, em agosto de 2012, com turmas de 3, 4 e 5 anos. No ano de 2013 as turmas trabalhadas foram limitadas a idade de 3 e 4 anos devido a alteração de professores e proposta pedagógica da instituição. As atividades propostas partiram de um diagnóstico inicial por se compreender que é necessário conhecer as potencialidades e fragilidades dos grupos a serem trabalhados. Nas duas turmas de 4 anos envolvidas, percebeu-se ritmos próprios, distintos, que precisaram ser respeitados, permitindo a igualdade de oportunidades para todos. Igualmente era necessário conhecer a turma de três anos e suas possibilidades e demandas. Este artigo descreve as experiências dos diferentes momentos e atividades construídas com uma das turmas de 4 anos envolvendo a descoberta, manuseio e significação dos blocos lógicos. O CEI Marilena dos Passos Santos atende atualmente 352 crianças de 4 meses a 5 anos divididas em turmas por faixa etária, oriundas de famílias de baixa renda e baixa escolaridade. As intervenções do projeto foram sendo construídas a partir da interação com as turmas. A intervenção do PIBID acontece durante uma hora e meia nas quartas e quintasfeira à tarde e serão descritas aqui cinco momentos o que não caracterizam necessariamente cinco dias. Os dois primeiros dias de aplicação do projeto foram reservados para a observação dos alunos, havendo com pequenas intervenções, com contações de histórias. Livros do acervo da escola foram disponibilizados e outros trazidos pelas bolsistas foram misturados aos já conhecidos. Os novos, manuseados com curiosidade e foram contados. Algumas organizações 23118 prévias buscavam conhecer a forma de ação e conhecimento prévio das crianças. A busca de obras a partir da descrição física das mesmas (é pequena, vermelha...); a separação em dois grupos, ( obras já conhecidas e novas); Separação tamanho. As caixas de blocos lógicos, disponibilizados pelo PIBID só foram apresentadas aos grupos a partir do terceiro encontro. No primeiro contato, foi feito o reconhecimento e apropriação do material pelas crianças, o manuseio livre, a construção dirigida, as brincadeiras tinham a função de conhecer e reconhecer o recurso. Com essa etapa concluída, partiu-se para a efetivação do processo de classificação, primeiramente identificando as semelhanças nas próprias crianças. ( separação de grupos pela cor da blusa, cor de cabelo, tipo de calçado...) até atributos mais abstratos foram trabalhados ( filho mais velho, filho único...) algumas tentativas de separação dos blocos também foram feitas com a indicação de “separar os que são parecidos”. A cada separação era feita uma nova solicitação para que fossem organizados outros “grupos parecidos”. A segunda semana de atividade com os blocos foi dedicada ao trabalho de reconhecimento das formas, dando início ao segundo momento do planejamento. As crianças inicialmente foram organizadas em uma grande roda de tal maneira que todas pudessem visualizar os blocos e agrupar as peças que consideravam parecidas. A cada agrupamento de peças foi dado um nome que identificasse a característica daquele conjunto. Organizações figurais foram muito frequentes e a mudança de atributos, durante as explicações, uma constante. Após inúmeras tentativas sem que se chegasse ao atributo forma a acadêmica bolsista iniciou uma separação que rapidamente foi reconhecida pelas crianças, apesar de não saberem nomear adequadamente as peças. O círculo ora era bola, ora redondo, ora roda. Quadrados eram confundidos com retângulos e os triângulos eram as “casinhas”. O contorno das peças permitiu que entendessem o registro das formas, de modo que foram construídas fichas para identificar cada forma presente. Quando as fichas eram apresentadas, rapidamente as crianças identificavam as formas e pegavam uma do monte com acerto, não necessariamente sabendo nomeá-las. Desenhos utilizando o contorno de uma das formas, mesmo que diferentes tamanhos também foram experiências para a efetivação deste conceito. As busca das formas no espaço da sala também foi um desafio divertido para as crianças na compreensão deste conceito. Primeiramente a exploração coletiva reconheceu o que havia de mais expressivo (porta retangular, janelas, lustre redondo, sol redondo no painel...), aos poucos foram observando 23119 mais e mais o entorno, chegando a referenciarem a etiqueta da caixa de brinquedo. No pátio mesmo com a brincadeira encerrada, continuaram identificando, livremente o triângulo no telhado, o quadrado no quadro, o círculo na caixa de areia. Em outro dia, na colagem das formas, agora misturadas, percebeu-se a manutenção das figuras anteriormente feitas, mas agora com a adequação para as funções (círculo para as rodas, retângulo para as portas...). Na grande maioria das vezes a explicação do que foi feito permitiu o reconhecimento do que foi representado. O terceiro momento teve início com a exploração do conceito cor. Foi solicitado que, novamente as crianças separassem as peças parecidas. As respostas iniciais demonstraram a inconstância do conceito trabalhado anteriormente pois muitas divisões não passavam de organizações figurais onde, ora eram montadas figuras ora ordenava-se as peças em pilhas. No entanto bastou uma ordenação iniciar a referência cor que todas as peças foram rapidamente separadas pelo critério. Tintas das três cores serviram como instrumento de identificação para as fichas deste atributo. As peças passaram a ser separadas rapidamente quando a solicitação era feita verbalmente (separem as peças amarelas quadradas...) ou mostravam-se as fichas. O desenho livre utilizando por grupo, apenas uma das cores referenciadas, serviu para que se acompanhasse a registro das crianças. Ficaram visíveis as garatujas sem muitos detalhes, a simplificação das formas e principalmente a pintura desordenada no papel, como simples forma de experimentação. Em ou outro dia, em posse das sete fichas ( 4 formas e 3 cores) as crianças passaram a “ditar” as peça que deveriam ser descobertas, em uma outra situação, partiu-se da divisão das peças entre as crianças para se sortear os quatro ajudantes da atividade. Brincadeiras de adivinhar a peça do outro grupo também foi possível, mesmo que com o auxílio e indicação das bolsistas. A abordagem do conceito tamanho exigiu, primeiramente uma vivência corporal. Em posse de barbantes, as crianças foram medidas de duas maneiras, primeiramente com o braço esticado sobre a cabeça, e em seguida com o braço abaixado, em cada uma das medidas foram cortados os barbantes que indicassem a distância da mão ao chão. Em posse dos seus dois barbantes saíram pela sala medindo os objetos e classificando-os conforme seus tamanhos. Depois de muita exploração de tamanhos foi construído um gráfico comparando todos barbantes, permitindo que percebessem mais claramente a diferença entre o grande e o 23120 pequeno. Para finalizar a construção desses conceitos cada criança fez um desenho livre de forma que perceberam que o tamanho do barbante influenciou no tamanho final do desenho. Em outro dia foi realizada a confecção das fichas para o conceito tamanho. Um “Zé Palito” com braços levantados representaria as peças grandes e outro com braços abaixados representaria as peças pequenas. A simbolização foi reforçada com a adaptação da brincadeira “morto-vivo”, em que, se gritava “pequeno”, e as crianças deveriam estar com as mãos abaixadas, e “grande”, e as mãos deveriam estar levantadas. A junção dos três atributos também gerou muita descoberta na separação de peças. Ler conjuntamente os três atributos (peça quadrada, vermelha e pequena) reduziu as 48 possibilidades em apenas 2. Carimbos das peças incluindo os 3 atributos trabalhados ( cor, forma e tamanho) também foram feitos na composição de um mural do grupo. O quinto e último momento foi iniciado com a comparação de duas peças. O que teriam de diferentes? Segundo as crianças, não havia nada... Eram “iguaiszinhas!” Partindo do carimbo das laterais e a descoberta... “uma é gorda e outra é magra”, foram trabalhados os conceitos de grosso e fino. Após algumas experimentações de carimbos as crianças auxiliaram na elaboração das fichas deste atributo. A partir deste momento já podiam nomear a peça que quisessem. Das 48 cada uma era absolutamente única. Outros jogos e atividades foram propostos para fixar os conceitos como o tapete das formas, o trem das diferenças, as fichas de complementação de figuras, entre outros. Foram oportunizadas ainda atividades que relacionavam as noções de espaço e tempo com os próprios deslocamentos da crianças como a brincadeira da Galinha Choca, Meia Meia Lua. Cabe ressaltar que todos os conceitos trabalhados eram retomados no início de cada momento, com o uso das fichas. Uma tabela com todas as representações das classificações abordadas também foi sendo construídas a cada atributo aprendido. Considerações finais A partir da prática realizada com as crianças, pode-se verificar a constante evolução das mesmas tanto na aquisição dos conceitos quanto nas classificações possíveis com os blocos lógicos gerando a ampliação nas ações do cotidiano. O conhecimento físico de pegar e sentir as peças foi aos poucos dando lugar ao conhecimento lógico-matemático. Os registros 23121 das atividades, feito pelas acadêmicas bolsistas sinalizam avanço se comparado ao momento anterior. No manuseio das peças, na vivência das brincadeiras as crianças aprenderam empiricamente a somar e a subtrair, transformando fileiras com certas quantidades em outras maiores ou menores. Demonstraram em suas explicações uma progressiva mobilidade de pensamento, refletida na utilização de termos comparativos para justificar posições e utilização de quantificadores (tudo, todos, alguns, nenhum...) A prática vivenciada pelas acadêmicas no PIBID, tanto com as crianças, como por elas mesmas superou a interdisciplinaridade e alcançou a prática transdisciplinar, visto que os objetos de estudo (ora crianças, ora desenvolvimento, ora a formação profissional...) não foram separados do sujeito que os percebe e classifica. A prática proposta, já tão discutida e conhecida não é inovadora nos espaços acadêmicos e em muitas salas de educação Infantil, mas foi singular para o grupo. Inovadora para o grupo como recurso didático. O Relato de experiência aqui descrito também aponta para a compreensão que a transdisciplinaridade como estratégia de ensino está ligada ao próprio desenvolvimento profissional do professor, e isso exige mudança, melhoria, adequação e crescimento em relação ao próprio conhecimento e ao contexto. A representação educativa construída na academia, frequentemente choca-se com a realidade complexa da prática, o cotidiano das turmas. A vivência oportunizada pelo PIBID, desde os primeiros anos da formação cria uma nova fonte de informação para o acadêmico bolsista. Assim como nas crianças, essas vivências permitem, a esses bolsistas, criar novos “esquemas simbólicos”, visto que indicam um esboço de representação. A abstração e generalização, tão discutida por Piaget referindo-as as crianças também pode ser aqui ressignificada para a aprendizagem das acadêmicas. A passagem da ação à representação e a construção de conceitos tornam-se novos instrumentos de troca, de intercâmbio mais abrangente. REFERÊNCIAS AMORIM, Andréa Carla Silveira de. O trabalho com os eixos matemáticos na educação infantil. Anais do VIII ENEM – Minicurso GT 7 – Formação de Professores que Ensinam Matemática, 2004. Disponível em: <http://www.sbem.com.br/files/viii/pdf/07/MC47886307453.pdf>. Acesso em: 4 mai. 2013. 23122 BATISTA, Adnelson Jati; FRANÇA, Julie Ane Vieira. Jogos e brincadeiras que facilitam a construção do número na educação infantil. Norte Científico, v.2, n.1, dez. 2007. Disponível em: <http://ifrr.edu.br/SISTEMAS/revista/index.php/revista/article/view/61/59>. Acesso em: 4 mai. 2013 BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental: matemática. Brasília: MEC/SEF, 1998. BRESSAN, C.R. (Coord). Educação infantil. Florianópolis: Secretaria de Estado da Educação/ COGEN, 1988. 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