9 ENTREVISTA
11 BRASIL
“O BRT diminui o custo do transporte sem dar
uma contrapartida na tarifa, no aumento de horários ou linhas para a periferia”, critica André Veloso, economista e militante do Tarifa Zero, que
fala sobre a mobilidade urbana
Policiais também
param
Civis, federais e rodoviários organizaram manifestações nesta semana para cobrar política nacional de segurança pública. Em Minas, categoria
não descarta possibilidade de entrar em greve se
demandas não forem atendidas
Uma visão popular do Brasil e do mundo
Edição
BRT não muda nada
para trabalhador
Belo Horizonte, de 22 a 28 de maio de 2014| ano 1 | edição 39| distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefatomg
5 MINAS
7 MINAS
Um ano de Polêmica traz visibilidade
casamento para umbanda e candomblé
gay no país
Juiz provocou debate ao afirmar que crenças de origem africana não podem ser consideradas religiões. Em Belo Horizonte, religiosos falam sobre preconceitos que sofrem e já sofreram
cumbuca.org
Arquivo pessoal
3 CIDADES
Prefeitura não
atende servidores
Resolução legalizou o casamento entre pessoas
do mesmo sexo, garantindo os mesmos direitos
dos casais heterossexuais. Movimento LGBT celebra o avanço e lembra que a luta pela igualdade
ainda não terminou
Depois de uma série de ações, funcionários
acampam em frente à PBH para cobrar reajuste salarial e melhores condições de trabalho.
Prefeito diz que “não tem pressa” em negociar
com categoria, e população fica sem serviços
Noronha Rosa
2
OPINIÃO
Belo Horizonte, de 22 a 28 de maio de 2014
editorial | Minas Gerais
O legado das manifestações
Aproximamos-nos de momentos decisivos em um ano importante
para a história do Brasil. O cenário de indefinições que veio com 2014 é
prova de que o país do futuro virá de uma forma diferente de fazer política que tomou conta do Brasil: os protestos. Para se ter uma ideia, na
semana passada foram 11 só em Belo Horizonte. Mas e daí, qual será o
legado dessas manifestações para o futuro do Brasil?
Todos sabemos que a agenda política de 2014 está condicionada a
dois grandes eventos: a Copa do Mundo e as Eleições. Estes eventos,
por si só, seriam apenas datas para encontrar os amigos, a família e atualizar os álbuns do facebook. Isso se não tivesse, por trás, os mais diversos estratagemas para dar um sentido político para os protestos de rua
ainda dispersos. Afinal, as manifestações são o fiel da balança de uma
disputa que está pegando fogo, e todos querem puxar brasa pra sua sardinha.
Faltando menos de 20 dias para a Copa, o estratagema que está com
seus minutos de fama é direcionar as insatisfações para o evento. Desde que o relógio da Copa marcou 30 dias para rolar a bola, os principais
veículos de comunicação estampam, diariamente, uma campanha anti-copa. E, através dessa bandeira vazia, que não resolve absolutamente
O legado de 2014 dependerá da unidade das diversas
iniciativas de luta com caráter progressista
e popular. Afinal, quem não sabe o que quer,
não deixa legado
nenhum problema real do povo, está sendo construído um legado político distorcido, que propõe apenas a mudança de governo para melhorar as coisas.
Por isso a campanha “anti-copa”. Enquanto a bola estiver rolando, estaremos com as eleições a pleno vapor. Exatamente uma semana antes da final da Copa, no dia 5
de julho, serão decididos os
candidatos para as eleições de
outubro. E aí vem outro problema: o descrédito do eleitor
brasileiro com o sistema político é tão grande que a alternativa que mais cresce nas últimas pesquisas são os votos
nulos e brancos. Carlos Montenegro, presidente do Ibope, estima que, se o voto fosse
facultativo, mais de 60% dos
brasileiros não votariam nestas eleições.
Agora, se a Copa não resolve e na eleição ninguém confia, é hora de quem está puxando protesto por todo lado
sentar, conversar e buscar soluções comuns para esse impasse do Brasil. O legado de
2014 dependerá da unidade
das diversas iniciativas de luta
com caráter progressista e popular. Afinal, quem não sabe o
que quer, não deixa legado.
editorial | Brasil
Quem vai denunciar o
presidente do STF?
Nas últimas semanas, a sociedade brasileira assistiu estarrecida às
ilegalidades praticadas por ninguém menos do que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), organismo que tem o dever constitucional de zelar pelo cumprimento das leis.
No final do processo AP 470 (conhecido como “mensalão”), o colegiado do STF permitiu que os condenados cumprissem parte da pena trabalhando fora da cela, durante o dia. Mas o “senhor” Joaquim Barbosa
tomou por provocação a decisão da ampla maioria e resolveu se “vingar”. Usando todo tipo de argumentos, não concedeu esse direito legítimo aos réus. Pior: cancelou até direito já concedido a alguns deles.
Como já não pode usar as “fardas” do passado em sua defesa, agora
a direita brasileira descobriu que pode usar a “toga”, aquele traje preto
e comprido, usado por advogados e solicitadores em tribunal. Usa a toga contra dirigentes partidários como uma forma de vigiá-los. Usa a toga contra as manifestações populares e toda luta social. Agora, a “toga”
chegou ao absurdo de condenar as religiões afrodescendentes porque as
elites não gostam de subversivos terreiros.
Como já não pode usar as “fardas” do passado
em sua defesa, agora a direita brasileira
descobriu que pode usar a “toga”
Os jornais denunciaram que um “colégio eleitoral” formado por 117
empresas, empreiteiras, bancos, S/A estrangeiras e agronegócio gastaram nas últimas duas eleições mais de R$ 4 bilhões. Sobre as escandalosas privatizações que doaram o patrimônio de todo o povo a algumas
empresas, como o exemplo doloroso e até hoje questionado da Vale, não
se fala. Como se não houvesse relação entre a doação para campanhas e
o favorecimento posterior, tudo sob o olhar complacente da
Justiça.
É necessário que a sociedade se manifeste sobre as ilegalidades cometidas por esse senhor. As medidas que ele tomou, como o cancelamento do direito de trabalhar durante a pena, geram jurisprudências que afetam imediatamente mais de 500 mil cidadãos brasileiros. É necessário denunciar essa clara perseguição.
Para corrigir essas distorções, devemos aumentar nossos esforços para garantir uma
reforma política ampla, de todo sistema político, incluindo o poder judiciário. Isso só
vai acontecer com a convocação de uma assembleia constituinte exclusiva para, de forma
rápida, fazer as mudanças democráticas necessárias.
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições
regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos
fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
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(31) 3309 3304
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Xavier. Administração: Valdinei Siqueira e Vinicius Moreno. Distribuição: Larissa Costa. Diagramação: Luiz Lagares. Revisão: Luciana Santos Gonçalves Editora regional: Joana Tavares (Mtb 10140/
MG). Repórteres: Maíra Gomes e Rafaella Dotta. Fotógrafa: Ana Beatriz Noronha. Estagiária: Raíssa Lopes. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30160-010.
Belo Horizonte, de 22 a 28 de maio de 2014
CIDADES
3
Prefeitura não tem pressa em resolver os
problemas dos serviços públicos
GREVE Servidores acampam na frente da PBH para cobrar reajuste
Bráulio Siffert
Em entrevista concedida à imprensa no dia 21 de
maio, o prefeito Marcio Lacerda, ao ser questionado
se a greve geral dos servidores públicos da capital o
preocupava, disse que “não
tem pressa em negociar”
e que se nesse ano a greve
durasse mais de 45 dias a
prefeitura “teria paciência”.
Para o sindicato dos servidores, essa declaração demonstra como a gestão não
se importa com os trabalhadores e com a população
que necessita dos serviços
públicos. “A greve é o último recurso utilizado pelos
trabalhadores, que só tomam essa decisão após terem frustradas todas as tentativas de negociação”, pondera Israel Arimar, presidente do Sindibel.
Com ou sem greve, é precária a situação das escolas,
unidades de saúde, Centros
de Referência de Assistên-
Noronha Rosa
cia Social (CRAS), centrais
de atendimento, dentre outros equipamentos públicos. Falta estrutura, materiais, medicamentos e recursos para realizar o atendimento à população, denunciam os grevistas.
Mobilizações
Durante a primeira quinzena da greve, diversos atos
foram realizados em vários
locais da capital, denun-
Enquanto concedeu
30% para auditores
e procuradores, a
prefeitura oferece
apenas 5,56% para os
garis efetivos
ciando os problemas pelos
quais os servidores e a população estão passando.
Garis efetivos da Superintendência de Limpeza
Urbana (SLU) já pararam a
Até quinta-feira a PBH não havia apresentado nova proposta aos grevistas
BR 040, em frente ao Aterro Sanitário, por três vezes,
protestando contra o tratamento diferenciado que a
prefeitura vem dando aos
servidores: enquanto concedeu 30% para auditores e
procuradores e 14% para os
Moradores de ocupações vão
até a Cidade Administrativa
Thaís Mota Cidade Administrativa de
Do Minas Livre Minas Gerais. No último dia
12, moradores da OcupaCinco dias após uma ção Areias já haviam ocupagrande festa de comemora- do a sede do governo do Esção de um ano da Ocupa- tado para reivindicar conção Rosa Leão, centenas de tra o despejo de cerca de
moradores da comunida- 300 famílias que estava prede saíram em passeata nes- visto para acontecer no dia
ta quinta-feira (22). Eles pe- seguinte ao protesto. Entredem a anulação da liminar tanto, com a mobilização, a
de reintegração de posse do ordem de reintegração de
terreno ocupado por mais posse foi suspensa tempode 1.500 famílias na região rariamente.
do Isidoro, Norte de BH.
De acordo com Bruno
Também participam do ato Cardoso, representante da
membros das ocupações Comissão Pastoral da TerVitória e Esperança, instala- ra (CPT) e do Conselho Esdas na mesma região e tam- tadual dos Direitos Humabém ameaçadas de despejo, nos (CONEDH), uma mesa
e ainda da ocupação Areias, de negociação com as ocuem Ribeirão das Neves, na pações foi instaurada após
Grande BH.
a presidente Dilma RousseSegundo a moradora da ff (PT) ter recebido alguns
Ocupação Rosa Leão Char- moradores durante uma vilene Cristiane, são mais de sita a Minas Gerais. Entremil pessoas que ocupam a tanto, segundo ele, apenas
uma reunião desta mesa
aconteceu e ainda não foi
marcado um próximo encontro para definir a situação das famílias que vivem em ocupações urbanas na Região Metropolitana de BH.
“Além disso, ficou acordado com a Justiça a realização de um novo cadastro
das famílias e isso também
não foi feito. Então, o receio
é de que estejam preparando o despejo”, alerta. Já segundo o vereador Adriano
Ventura (PT), uma reunião
entre as partes estava marcada para a semana passada e foi cancelada sem justificativa pelo Governo do
Estado. “É um protesto pacífico, mas um protesto forte do povo que quer uma
resposta do governo sobre
o processo de negociação
com as ocupações”, afirma.
terceirizados das empreiteiras, oferece apenas 5,56%
para os efetivos.
Quase todos os analistas
de Políticas Públicas e servidores da Assistência Social
aderiram à greve. Eles fizeram passeata da Praça Sete à Prefeitura no Dia do Assistente Social (15 de maio),
cobrando que a PBH, dentre outros pontos, melhore as condições de trabalho
e reconheça a profissão de
assistente social.
Na madrugada do dia 19
de maio, servidores montaram um acampamento em
frente à Prefeitura e passaram a realizar atos culturais,
debates e protestos para
dialogar com a população e
pressionar o poder público
a oferecer propostas dignas.
Até o fechamento desta
edição, a greve continuava e
a prefeitura ainda não havia
apresentado uma proposta diferente da inicial, de
5,56% de reajuste e R$ 1,00
a mais no vale-refeição, ambos a partir de setembro.
PERGUNTA DA SEMANA
Desde 2009, o Brasil é campeão mundial de uso de
agrotóxicos, mesmo não sendo o primeiro país no
ranking de produção agrícola. De acordo com dados
oficiais, esse tipo de produto contamina, além da produção dos alimentos, os rios, lagos, lençóis freáticos e
chuvas, podendo causar uma série de riscos à saúde.
Como você analisa do fato de o Brasil
ser o maior consumidor de agrotóxicos
do mundo?
“Eu acho isso realmente um
absurdo. Hoje em dia, devido a esse aumento no uso
de agrotóxicos, estão surgindo muitas doenças, e o
câncer é uma delas. Esses
alimentos fazem muito mal
pra gente, está difícil comer um alface, uma couve,
é tudo contaminado, e isso
não tem jeito... A gente tem
consciência disso, mas tem
que se alimentar”.
Cleiciane Aparecida da Silva,
35 anos, auxiliar administrativa
“O Brasil como maior consumidor de agrotóxicos é
um fato horrível, e principalmente para nosso organismo. E a utilização desses produtos tem como ser
evitada, né? A gente não
percebe, mas ao longo dos
anos aquilo vai nos fazendo
mal, causando problemas
no intestino, gastrite, etc”.
Pedro Ivo Ferreira,
27 anos, pintor
4
CIDADES
Belo Horizonte, de 22 a 28 de maio de 2014
Bicicletas ocupam lugares de motoboys
em entregas de encomendas
CURTA
INOVAÇÃO Bikeboys encontram novo ramo de mercado, mas enfrentam problemas em Belo Horizonte
Rafaella Dotta
Eles têm dezenas de nomes, mas você pode chamá
-los de bikeboys, um trocadilho com a palavra motoboys. São pessoas que entregam encomendas dentro
de Belo Horizonte e, ao invés de usar uma moto, vão
de bicicleta. “O serviço tem
vantagens e desvantagens”,
comenta o bikeboy Gustavo Leal, salientando o prazer da profissão, mas também os problemas do ciclista na cidade.
No final de 2013, um grupo de 7 ciclistas percebeu
que poderia unir o hobby ao
emprego. “Pensamos: por
que não montar uma empresa de entregas? A gente
já anda de bicicleta por prazer e pode virar o nosso trabalho”, lembra Nicolas Baptista, um dos primeiros bikeboys. Eles fundaram a cooperativa “Dizzy Express”,
que faz entregas na faixa de
R$ 10 a R$ 30.
O serviço pode ser mais
rápido que o de motoboy, garante Nicolas, espe-
cialmente em situações de
trânsito ou vias fechadas.
“Em horário de pico a gente passa pelos cantos, consegue cortar caminhos, descer e andar uma distância a
pé. A bicicleta tem esses artifícios que o pessoal da moto não tem”, defende. Por isso, os bikeboys apostam que
esse é um serviço que terá
cada vez mais importância,
assim como a bicicleta será
cada vez mais usada como
meio de transporte.
Noronha Rosa
Os problemas urbanos
Quando uma pessoa resolve usar a bicicleta, seja
para passear ou para trabalhar, ela já começa a se indignar com o trânsito, acredita o ciclista Gustavo Leal.
Para os bikeboys da Dizzy,
os maiores problemas são:
poucas ciclovias, falta de lugares seguros para prender
as bicicletas, não conexão
com os meios de transporte
coletivos (ônibus e metrô)
e, principalmente, o desrespeito aos ciclistas.
Na tentativa de melhorar
a situação, a Câmara Muni-
Bicicletas podem ser mais rápidas que motos, afirmam entregadores
Disputa por
microfone na
Corregedoria
Os bikeboys apostam
que o serviço terá
cada vez mais
importância, assim
como a bicicleta será
mais usada como
meio de transporte
cipal de Belo Horizonte está
discutindo a instalação de
suportes para carregar bicicletas na parte externa de
ônibus. Para Vinícius Mun-
dim Zucheratto e Figueiredo, um dos voluntários do
grupo BH em Ciclo, a iniciativa é boa, mas é preciso pensar em medidas mais
amplas, para que a cidade
tenha uma “estrutura mais
madura para o ciclista”.
“Mesmo assim, mais
pessoas estão pedalando,
criando suas próprias soluções e isso é muito bom”, diz
Vinicius, que faz questão de
incentivar que, mesmo com
os problemas, mais pessoas
comecem a usar bicicletas.
Audiência demonstra que obras no
Viaduto Santa Tereza estão irregulares
Noronha Rosa
Maíra Gomes
As obras no Viaduto Santa Tereza foram tema de audiência pública realizada na
manhã de quinta (22), na
Câmara Municipal, convocada pela Comissão de Direitos Humanos e Defesa do
Consumidor.
O movimento Viaduto Ocupado, que reúne diversos grupos culturais, denunciou que o projeto está em andamento de forma
ilegal, já que não foi apresentada a autorização do
IEPHA (Instituto Estadual
do Patrimônio Histórico e
Artístico). Como o viaduto é
patrimônio histórico, qualquer obra no local precisa
ser aprovada pelo órgão.
A falta da autorização foi
confirmada na audiência
por uma representante do
Reforma não foi aprovada em órgão que protege patrimônios históricos
IEPHA, que afirmou estarem aguardado a assinatura
de um técnico para a aprovação do parecer, ainda
sem prazo definido. A ilegalidade é base para uma ação
popular iniciada pelo movimento, que pede o embar-
go da obra até que a questão seja esclarecida.
“O objetivo da audiência
foi exigir informações que
a Prefeitura tem mantido às
escuras desde o início da reforma”, afirma Pedro Valentim, do coletivo Família de
Rua. Ele diz que um acordo
entre os governos estadual e municipal gerou o valor de R$ 5 milhões para o
custeio, no entanto, o total
da obra é orçado em apenas
R$3,4 milhões. “Fizemos o
questionamento sobre para onde estão indo os recursos que restam e não nos foi
respondido”, declara.
Cobrada desde o início
do ano, a PBH finalmente se comprometeu a colocar em funcionamento uma
Comissão de Fiscalização e
Acompanhamento da obra,
composta de nomes indicados pelo movimento, dentro de quinze dias. “Agora é
cobrar os encaminhamentos e aguardar o resultado
da ação popular. Queremos
retomar a pauta do Viaduto e dar visibilidade para a
causa”, diz Pedro Valentim.
No dia 16 de maio, o
vereador Marcelo Aro
(PHS), o parlamentar
mais jovem da capital, de
27 anos, tentou tirar à força o microfone do vereador Arnaldo Godoy, de
63 anos e deficiente visual (PT) durante uma reunião ordinária da Câmara dos Vereadores. Godoy
entrou com pedido na
Corregedoria da Câmara
para que seja investigado
se houve quebra de decoro. “Trabalho aqui há
20 anos e é a primeira vez
que vejo isso. É comum
alguém pedir pra falar na
vez do outro, mas ele tentou arrancar o microfone
da minha mão. Foi uma
atitude intempestiva dele, de quem pensa que o
dinheiro compra tudo”,
afirma o petista.
Apesar de a conjuntura da Câmara não ser favorável à oposição - Godoy é um dos 7 vereadores que não são da base
do prefeito Marcio Lacerda, contra 41 da situação
- ele não acredita que a
agressão teve motivações
políticas. “Somos minoria, mas estamos dando
conta de garantir algumas coisas, de evitar manobras acintosas. No geral, temos relação respeitosa com todos”, defende.
Aro começou seu primeiro mandato na Câmara no ano passado
e pretende se candidatar a deputado este ano.
Arnaldo está no quinto
mandato como vereador
e também coloca-se como candidato a uma cadeira na ALMG.
Belo Horizonte, de 22 a 28 de maio de 2014
MINAS
5
Histórias de amor, agora com direitos
CASAMENTO GAY Após um ano da resolução, uniões deslancham no país
Arquivo Pessoal
Maíra Gomes
O altar, vazio. A noiva entra em um vestido branco
ao som da marcha nupcial.
Logo atrás, entra também
a noiva, outra! Assim deverá ser o casamento de Estefânia e Mohara, planejado
para setembro deste ano.
“Mulher costuma ficar mais
ansiosa e nós estamos com
muitas expectativas. Alguns
dias as duas estão na maior
ansiedade, e nos ajudamos
para acalmar”, conta Estefânia Mesquita Lunardi Serio. A jornalista conta que
conheceu a companheira
Mohara Magalhães Villaça há dois anos, através de
uma amiga em comum, e
não se largaram mais.
O casamento entre duas pessoas do mesmo sexo
é direito garantido há um
ano no Brasil, desde o dia
16 de maio, quando foi publicada a Resolução 175, do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), obrigando os cartórios a realizarem o casamento homoafetivo. Estefânia e Mohara já moram
juntas há mais de um ano,
e não pensavam na possibilidade. “Depois da resolução, vieram os posiciona-
mentos da bancada evangélica, muitas críticas. Percebemos que mais do que o
casamento, temos a oportunidade de fazer a nossa parte para o movimento de luta
LGBT”, conta Estefânia. Ela
acredita que quanto maior
o número de casais homossexuais que se casam, mais
visibilidade a causa terá e
mais chance terão de ser
respeitados.
O casal conta que ambas pretendem usar vestidos de noiva, que mandaram fazer na mesma costureira. “Eles vão ter algo em
“Mais do que
casamento, temos
a oportunidade de
fazer a nossa parte
para o movimento de
luta LGBT”
comum, mas ainda não sabemos o quê, será surpresa”,
declara, ansiosa. Apesar do
receio, os serviços contratados para o ritual não tiveram preconceito, mas a noiva aponta que as empresas
ainda não estão preparadas
para fazer casamentos enArquivo Pessoal
Tomaz e Jonas já moram juntos, mas pretendem se casar e ter filhos
tre duas mulheres, por não
conhecerem as peculiaridades desse tipo de união.
Equiparação de direitos
Rogério e Talles também
vão se casar. Juntos há mais
de três anos, o casal afirma
a importância do casamento civil para a luta de outros casais homossexuais.
Eles apontam que a resolução foi uma grande vitória
dos movimentos de diversidade sexual e de luta pelos direitos humanos, mas
ponderam que o congresso nacional é conservador
e emperra vários projetos
de equiparação de direitos
entre casais homossexuais
e heterossexuais, ação coordenada pela forte bancada evangélica. “Tanto que a
decisão partiu do judiciário
e não do legislativo”, destaca o ator Rogério Cavalcante Castro.
Junto com o companheiro Talles Adriano dos Reis,
Rogério pretende fazer a
adoção de um filho com pedido pelo casal. “Estamos
esperançosos em não ter
problemas, mas entraremos
na Justiça, sim, caso haja algum entrave”, afirma.
O casal Tomaz Yanomani
e Jonas Bravo também moram juntos. Eles pretendem
se casar e ter filhos, mas não
têm pressa. Declaram a resolução como um avanço
na garantia de direitos aos
casais homossexuais. “De
modo geral, a aprovação foi
resultado de uma mudança, mais do que responsável
por ela. O movimento de diversidade sexual há muitos anos vem se organizando no país e ganhando força e visibilidade”, lembra
Tomaz.
Garantia de direitos iguais
“Casamento não é só o
direito a estar juntos. Nosso sistema jurídico atribui
uma série de consequências e benefícios para aqueles que vivem nesse vínculo. Nos negar o casamento
é negar também essas proteções jurídicas”, denuncia o advogado e integrante
da comissão de diversidade
sexual da OAB/MG, e mem-
Assim como Talles e Rogério, casais gays continuaml lutando por respeito
De um modo geral,
a aprovação [do
casamento gay] foi
resultado de uma
mudança
bro do Grupo Universitário
em Defesa da Diversidade
Sexual, Thiago Coacci.
Ele vê um impacto positivo na sociedade neste um
ano de casamento gay no
país, uma vez que a geração
que cresce a partir da aprovação já enxerga o homossexual como um cidadão
com direitos. “Crescer sabendo que você não possui
uma série de direitos simplesmente pelo fato de gostar de uma pessoa do mesmo sexo é algo que afeta a
própria pessoa”, conta. Na
prática, isso também tem
efeito na vida de uma série
de casais que viviam na informalidade e agora podem
se registrar, já que o casamento traz benefícios como
poder compartilhar planos
de saúde, direito à herança,
pensão por morte, direito a
visto para residência em um
país.
Thiago lembra que ainda há muitos desafios a serem enfrentados pela população LGBT. “Não vivemos
no mundo dos ursinhos carinhosos. Conquistas institucionais são importantes, mas não são tudo. O
que queremos mesmo não
é o casamento, mas o fim da
hierarquização entre pessoas com base na orientação
sexual, e o respeito à autodeterminação dos nossos
modos de vida. Não é porque agora podemos casar
que a homofobia desapareceu”, conclui.
Um ano depois da aprovação da resolução, ao menos
mil casamentos homoafetivos foram celebrados em todo
o Brasil. O maior número de uniões ocorreu em São Paulo, onde foram celebrados 701 casamentos, segundo levantamento da Associação dos Registradores de Pessoas
Naturais (Arpen-Brasil). Segundo o Sindicato dos Oficiais
de Registro Civil de Minas Gerais (Recivil), dos seis cartórios da capital mineira, apenas dois divulgaram a quantidade de casamentos homoafetivos. Foram celebradas
104 uniões em Belo Horizonte desde maio de 2013.
Antes da publicação da resolução do CNJ, a conversão
da união estável em casamento já vinha ocorrendo em
algumas localidades. Segundo levantamento da Associação de Notários e Registradores do Brasil (Anoreg-BR), só
no ano passado cerca de 1.200 casais do mesmo sexo registraram suas uniões em cartórios de 13 capitais.
6
MINAS
Belo Horizonte, de 22 a 28 de maio de 2014
Lucro da Cemig cresceu 45% depois do
aumento da conta de luz
ENERGIA Empresa lucrou R$ 1,2 bilhão no primeiro trimestre do ano
Da Redação
Entre janeiro e março deste ano, a Cemig lucrou R$
1,2 bilhão, de acordo com a
apresentação da concessionária à imprensa na última
segunda-feira (19). O valor
corresponde a um aumento
de 45% em relação ao mesmo período de 2013, em que
a empresa lucrou R$ 865 milhões.
O aumento foi garantido,
principalmente, pela estratégia de venda de energia
no mercado livre. Depois de
não aceitar o acordo com o
governo federal no final de
2013, em que estava previsto
abaixar o preço da conta de
luz, a Cemig alega ter “guardado” energia para vendê
-la em um momento de alta
do preço. Especialistas alertavam que a Cemig e outras
empresas estavam forjando uma falta de energia para
justificar o aumento do preço nas contas, o que se comprova com as informações
que a empresa divulgou.
Ao mesmo tempo, a Ce-
Cemig precisou pagar
R$ 24 milhões por
falta de luz em 2013
mig configura em quarta
posição nas empresas que
mais deixaram o consumidor sem energia em 2013.
Segundo pesquisa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a Cemig precisou pagar R$ 24 milhões
em indenizações e ultrapassou o limite estipulado pela
agência.
Mídia Ninja
Cemig não compareceu a
audiência pública
Foi realizada também na
segunda-feira (19) uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas
Gerais para reivindicar redução da conta de luz. Movimentos levaram à audiência parte dos 600 mil votos
do Plebiscito pela Redução
do Preço da Energia, coletados em 2013.
Os representantes da
Aneel, da procuradoria-geral da república e da Cemig não compareceram e
suas ausências foram criticadas pelos representantes
dos movimentos, que esperavam uma resposta oficial
da Cemig.
Sede da Cemig, em Belo Horizonte
Dilma Bolada recebeu
proposta de R$ 500 mil de
agência ligada a PSDB
O criador do perfil “Dilma Bolada” nas redes sociais, o estudante de publicidade Jefferson Monteiro, divulgou, na segundafeira (19), conversas feitas
com a agência de publicidade AMA, que teria proposto uma parceria para utilização eleitoral do perfil.
Jefferson diz que recebeu
proposta de exclusividade
com o PSDB e que estudariam a proposta de pagar R$
500 mil pelo seu serviço.
No seu relatório chama-
do “Dilma Bolada: não está
a venda!” o criador do perfil denunciou que a agência pretende fazer contrato com várias páginas das
redes sociais, para que divulguem conteúdo politicamente orientado. “Diversas páginas que todos
curtem, gostam e recebem
conteúdos diários, iriam fazer campanha eleitoral para o candidato que fechasse um contrato milionário
com eles”, escreveu.
Reprodução
Criador do personagem, Jefferson
não aceitou proposta
Belo Horizonte, de 22 a 28 de maio de 2014
MINAS
7
Juiz afirmou que candomblé e
umbanda “não são religiões”
POLÊMICA Vídeos que estimulam preconceito às religiões continuarão na internet
Rafaella Dotta
Em 28 de abril, o juiz federal Eugênio Rosa de
Araújo alegou que as manifestações religiosas de matriz africana não podem
ser consideradas religião. A
afirmação teve grande repercussão entre organizações sociais, que manifestaram apoio aos candomblecistas e umbandistas. Na última terça-feira (20), o juiz
se retratou, mas manteve a
decisão de não forçar a exclusão de vídeos que atacam as religiões.
A polêmica foi provocada
por uma ação do Ministério Público Federal (MPF),
que pedia ao Google a retirada de 17 vídeos tidos como ofensivos, por mostrarem pastores evangélicos
estimulando que os fiéis
fechem “terreiros de macumba” do seu bairro. Para o MPF, os vídeos incitam e disseminam discursos de ódio, preconceito, intolerância e discriminação,
descumprindo a Constituição Federal.
Em resposta, o juiz federal Eugênio Rosa de Araújo negou a exclusão dos vídeos e, na sua justificativa, concluiu que as crenças
afro-brasileiras “não contêm os traços necessários
de uma religião”. Segundo
ele, só pode ser considerada religião a crença que tiver um livro base (como a
Bíblia), um deus a ser venerado e uma hierarquia.
Candomblecistas
afirmam que o juiz não só está
equivocado em seus critérios, mas também com falta
de informações.
“Se o candomblé não fosse uma religião forte, não
teria sobrevivido tantos
obstáculos”.
A decisão do juiz lembra
o preconceito sofrido pela
umbanda e pelo candomblé há quatro séculos. Tatetu Arabomi, de Belo Horizonte, diz que a sua religião
foi “satanizada” por muito tempo. “Até o início dos
Noronha Rosa
anos 80, tinha que ter licença nas delegacias para poder funcionar, e até as delegacias que permitiam prostíbulos não permitiam terreiros”, conta.
Para ele, que é iniciado
no candomblé há 16 anos,
todas as afirmações do juiz
são infundadas. “Nós somos uma religião da oralidade. Não temos uma verdade absoluta, mas sim
uma verdade relativa e sen-
Candomblecistas
afirmam que o
juiz não só está
equivocado,
mas também
desinformado
sorial”, diz. Ele ainda afirmou que o candomblé tem
hierarquia e também um
deus único, que muda de
nome conforme as tradições locais e de origem.
Mameto de Inkissi Micayanja, que significa zeladora da espiritualidade,
tem medo de que afirmações como a do juiz possam aumentar a intolerância na sociedade e a desavença entre religiões. Seu
terreiro já sofreu uma intervenção policial em um momento de “resguarda”, motivada por uma denúncia
anônima.
Situações como essa
acontecem até hoje. Célia Gonçalves, jornalista e
coordenadora nacional do
Terreiro de Micayanja já sofreu intervenção policial motivada por preconceito
Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro
-Brasileira (Cenarab), estava em Janaúba quando concedeu entrevista para esta reportagem. Lá, Célia foi
ajudar o senhor Pedro Leite, que teve seu terreiro invadido pela Polícia Militar
no dia 17 de maio, por conta de denúncia anônima.
“Tem um crescendo de
intolerância religiosa e o
Estado acaba sendo fomentador, com as intervenções
policiais e concessões dos
meios de comunicação”,
exemplificou Célia. “Quando se faz isso, tiram os nossos direitos constitucionais
e mais: mostra que o Brasil
não está preparado para viver a diversidade”.
O que é Umbanda e Candomblé?
Quando os negros africanos foram trazidos ao Brasil como escravos, há mais de 400 anos, eles trouxeram
também as suas crenças. No entanto, eram proibidos
de manifestar sua religião e, por isso, transformavam
seus Orixás, Inquices e Vodus em santos católicos.
O Candomblé é descendente dessa crença e preserva
muitos dos rituais originais, como as músicas cantadas
em língua africana. Já a Umbanda, além de ser herdeira
da matriz africana, possui elementos cristãos e indígenas, e é a única religião criada no Brasil.
Silvio Tendler lança filme em
Belo Horizonte nesta
terça-feira
Na próxima terça-feira (27), às 19h, a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos, com apoio do DCE
UFMG, faz o lançamento oficial de “O Veneno Está na
Mesa II” e terá a presença do diretor do filme, Silvio Tendler. A ação faz parte de uma conscientização sobre os
produtos usados na agricultura brasileira, que levam a
diversas doenças, inclusive ao câncer.
Neste segundo filme, Silvio Tendler questiona o modelo de produção de alimentos no Brasil, baseado na
utilização de sementes transgênicas e de venenos, e
apresenta experiências que respeitam o agricultor, a natureza e os consumidores.
Brasil, campeão de venenos na alimentação
Nosso país ocupa o primeiro lugar na lista de maiores consumidores de agrotóxicos do mundo. De acordo
com a pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), cada brasileiro consome 5,2 litros de veneno por ano. “Achamos que este filme tem capacidade de ajudar a mudar essa situação”, acredita Eliane Novato, professora da UFMG e uma das organizadoras do
lançamento.
Como assistir os documentários
Lançamento: O Veneno está na mesa II
Terça-feira, 27 de maio, às 19h.
No Cinema Belas Artes. Rua Gonçalves Dias, 1581, Lourdes. A entrada é gratuita.
Youtube
Título do filme 1: O Veneno Está na Mesa - (Assista na íntegra)
Título do filme 2: O Veneno Está na Mesa 2 (dir: Silvio
Tendler, 2014)
8
OPINIÃO
Belo Horizonte, de 22 a 28 de maio de 2014
Foto da semana
PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar?
Mande sua foto para [email protected].
Mídia Ninja
Acompanhando
O movimento Tarifa Zero protestou na última terça-feira (20) em frente à casa
do presidente da BHTrans, no bairro Lourdes, pedindo redução da passagem
de ônibus. Na quinta, realizaram ato em apoio aos servidores municipais em
greve, acampados em frente à prefeitura.
Na edição 38 ...
Professores se mobilizam
...E AGORA
Laísa Silva e Thiesco Crisóstomo
Francisco Foureaux
Juventude que ousa lutar
CoMover-se?
A juventude traz consigo inquietação e ousadia quase genéticas para as mudanças profundas. É o termômetro da sociedade, e ao observar as inquietações nas
grandes mobilizações, percebe-se a insatisfação do
brasileiro com o contexto atual. Em 2013, entre as pautas das manifestações estavam denúncias de corrupção e falta de participação popular na gestão do país: o
sistema político não representa os anseios populares e
não garante que a juventude seja protagonista da própria vida e na sociedade.
A política precisa ser mais acessível e menos excludente. E nós jovens queremos e devemos ser envolvidos/as nesses processos. Não somos apenas o futuro,
somos o presente deste país.
Este ano será intenso, com as várias organizações
que têm se unido na luta pela causa. Já existem iniciativas como a Coalizão pela Reforma Política e o Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana
do Sistema Político, construídos coletivamente.
Temos a oportunidade de utilizar essas ferramentas
pedagógicas para o diálogo, o trabalho de base, a reflexão e a unidade dos envolvidos. São meios de envolver
as juventudes no processo democrático e dar-lhes voz,
vez e lugar na sociedade e buscar de fato uma estrutura
política que trabalhe em prol do povo.
A pressão popular torna-se obrigatória frente à inércia. Somente o povo organizado e unido trará condições
para as mudanças que sonhamos. Essa é, sem medo de
errar, tarefa das juventudes brasileiras: ser protagonistas na construção de uma frente popular que garanta as
mudanças necessárias e ousar lutar e sonhar avançando na construção do Projeto Popular para o Brasil!
A fala do poder público é clara. O aumento da tarifa é
necessário porque as empresas estão tendo prejuízos. O
argumento é fundamentado por uma “verificação” contratada a uma consultoria multinacional por R$ 2 milhões.
Trabalho apresentado com atraso, questionado e, ainda assim, aprovado pela prefeitura e pelas empresas. Mas
mesmo essa “verificação”, oficiosa, expôs a alta lucratividade do negócio nos últimos anos.
O raciocínio é simples, as empresas estão tendo prejuízo e o contrato deve ser seguido, logo, o aumento da tarifa
é inevitável e, pasmem, é justo! Pergunto: Como Mover-se
ou comover-se diante dos “prejuízos” das empresas?
A irresponsabilidade e a injustiça foram explicitadas pelo prefeito. Enquanto a população que utiliza o serviço do
transporte coletivo (benéfico a todos) se espreme nos ônibus e baldeações, numa canetada resolve-se o problema
do prejuízo dos empresários enriquecidos por anos via
contratos e licitações, passando por cima do Ministério
Público. O recurso legalista da população a quem o cidadão de bem deve recorrer.
Enquanto escrevo essas palavras, a grande mídia noticia
a situação do usuário do transporte coletivo em Belo Horizonte. Nem a economia de tempo, prometida e enfatizada na implantação do Move, é real. E o poder público, na
figura do prefeito falastrão e da Câmara omissa, defende o
gasto e a implantação desse modelo. O Ministério Público,
pressionado pela população organizada no Tarifa Zero BH
e na Auditoria Cidadã da Dívida, perdeu-se nos corredores
da justiça do Estado.
A mobilidade urbana é um direito! O controle da população sobre os processos de locomoção na cidade deve ser
imediatamente viabilizado pelo Estado.
Laísa Silva e Thiesco Crisóstomo são da Pastoral da Juventude.
Francisco Foureaux é militante do movimento Tarifa
Zero BH
Como decidido em
assembleia, os professores da rede estadual
de educação entraram
em greve por tempo
indeterminado nesta
quarta-feira (21). A categoria pretende pressionar o governo, que
desde o dia 31 de janeiro – quando a pauta de
reivindicações foi protocolada – se mostra
fechado para negociações. Os trabalhadores
ainda pressionam para
instituição de mesa de
discussão para abordar a situação dos 70
mil servidores da educação afetados pela
Lei 100/2007. No próximo dia 28, ocorrerá
nova assembleia estadual para avaliar o movimento e estabelecer
novas estratégias.
Na edição 38...
Desfile da luta antimanicomial
...E AGORA
O ato do Dia Nacional
da Luta Antimanicomial
levou cerca de 2.500
pessoas às ruas de Belo Horizonte, na segunda-feira (19). Os participantes da escola de
samba Liberdade Ainda
Que Tam Tam se organizaram em diversas alas
e, com criativas fantasias, entoaram o samba
enredo de 2014. Os manifestantes se reuniram
na Praça da Liberdade e
seguiram até a Praça da
Estação.
Belo Horizonte, de 22 a 28 de maio de 2014
ENTREVISTA
9
“A luta pela tarifa é a luta pelo controle
popular do transporte público”
MOBILIDADE Militante do Tarifa Zero fala sobre condições de locomoção na cidade e a lógica do lucro
Noronha Rosa
Maíra Gomes
O economista e mestrando em Geografia na UFMG
André Veloso está na luta de
Mobilidade Urbana há quase dez anos, desde seu período de estudante secundarista, quando buscava o
passe livre. Após as manifestações de junho de 2013,
o militante se envolveu profundamente com a questão
do transporte público em
BH e faz parte do movimento nacional Tarifa Zero, que
estuda questões de mobilidade no país. O Tarifa Zero,
junto da Auditoria Cidadã
da Dívida Pública, têm feito
uma série de denúncias das
irregularidades e supostos
desvios de verba que ocorrem nos contratos de concessão na capital. André fala ao Brasil de Fato sobre a
realidade da mobilidade na
cidade e como isso afeta a
população.
Brasil de Fato - O que é
Mobilidade Urbana?
André Veloso - É a possibilidade e capacidade de locomoção de pessoas e cargas pelo espaço urbano.
Qual a relação entre planejamento urbano e mobilidade? Pelo que passa
um bom planejamento de
mobilidade?
É completa. A Mobilidade Urbana está completamente ligada ao uso e ocupação do solo. Se você tem
comércio, saúde, educação e trabalho perto do lugar onde mora, precisa se
deslocar menos. As pessoas que moram em Ribeirão das Neves e São José de
Paula, por exemplo, vão ter
que vir de lá pra cá diariamente. O planejamento urbano tem que ser capaz de
dar condições para que as
pessoas não precisem satisfazer suas necessidades em
lugares tão distantes e, ao
mesmo tempo, tem que dar
condições para que as pessoas possam se locomover
no espaço com equidade e
justiça social, que os pobres
possam tanto quanto os ricos.
As empresas de ônibus, a
BHTrans e Justiça alegam
que a tarifa atual é necessária para manter o sistema em funcionamento,
inclusive para garantir as
taxas de lucros previstas
no contrato. Mas o movimento Tarifa Zero defende que é possível não só a
redução como até mesmo
a liberação da cobrança
do transporte. Como seria isso?
A Tarifa Zero é uma inversão radical no financiamento do transporte. É falar que transporte é direito, e não mercadoria. Então
você muda a lógica de financiamento do serviço. O
que a gente está querendo
é que o financiamento seja progressivo na renda, ou
seja, paga mais quem pode pagar mais, paga menos
quempode pagar menos, e
não paga nada quem não
pode pagar.
André Veloso,
do Tarifa Zero
Por que os ricos tem mais
condição de mobilidade?
A lógica da mobilidade
urbana pensada no Brasil
há mais de 50 anos é a lógica rodoviarista, do transporte individual motorizado, que é o carro principalmente. Então, está centrada numa lógica de renda: quem tem condições
de comprar um carro tem
condições de se locomover
mais e melhor.
“Existe um oligopólio
do transporte público
muito pesado a nível
nacional. E BH é um
dos centros desse
oligopólio”
Qual a realidade da mobilidade em BH? O que o
BRT/Move tem a ver com
isso?
É importante falar que
existe um oligopólio do
transporte público, das empresas de ônibus, muito pesado a nível nacional. E BH
é um dos centros desse oligopólio, tanto que temos figuras políticas de expressão
nacional que vêm desse setor e são daqui de BH, que
é o Clésio Andrade [senador pelo PMDB, ligado ao
caso do mensalão tucano e
articulador de empresários
do transporte]. O BRT seria
uma melhoria se viesse integrado com outros modais,
mas da forma como está colocado é só uma transferência do custo de tempo de espera do ônibus para o trabalhador. Porque se antes
ele demorava uma hora pra
sair de sua casa e chegar no
Centro num ônibus só, hoje demora uma hora ou um
pouco menos, mas vai ter
que fazer baldeação. É um
veículo que transporta cada
vez mais gente num trajeto
mais curto, ou seja, diminui
o custo do transporte sem
“A tarifa zero é uma
inversão radical no
financiamento do
transporte, paga mais
quem pode pagar
mais, paga menos
quem pode pagar
menos, e não paga
nada quem não pode
pagar”
dar um contrapartida na tarifa, no aumento de linhas e
horários, ou aumento de linhas para as periferias.
Os motoristas de ônibus
já realizaram greve este
ano por reajuste salarial
e agora enfrentam ainda
a ameaça de desemprego
com o BRT. Como a questão da luta da tarifa se relaciona com a dos trabalhadores do sistema de
transporte?
As duas lutas estão ligadas. A luta pela tarifa é
a luta pelo controle popular do transporte público,
onde quem realmente vive o transporte público possa dizer o que é necessário
pra ele. E são os trabalhadores rodoviários e os usuários. A questão é que hoje em dia a lógica está centrada no lucro, então a exploração do trabalhador rodoviário é muito alta. É um
dos trabalhadores que está mais submetido aos desgastes do dia a dia, tanto é
que um terço dos motoristas está afastado da função
por estresse. A luta por um
controle popular do transporte, por uma nova forma
de financiamento, uma nova forma de planejamento e
gestão tem tudo a ver com a
melhoria das condições de
trabalho dos trabalhadores
do transporte.
Desde o aumento da tarifa
de ônibus na capital, têm
acontecido protestos pela redução, principalmente na zona sul da cidade.
Qual a perspectiva do movimento para o próximo
período?
A gente vai debater um
calendário, com a chegada
da Copa do Mundo. A pauta prioritária é o cancelamento do aumento da tarifa, mas é também derrubar esse contrato que está
aí, porque enquanto ele vigorar vai ter aumento todo
dia 29 de dezembro. Essa situação é injusta e queremos
demonstrar isso.
Ciclo de debates
O Ciclo de Debates sobre
Reforma Urbana acontece
todas as quartas-feiras de
maio. No dia 29, o tema será os desafios das lutas urbanas em Belo Horizonte.
A entrada é gratuita. O debate será no Sindibel (avenida Afonso Pena, 726, 18º
andar), às 19h.
10
BRASIL
Belo Horizonte, de 22 a 28 de maio de 2014
Encontro Nacional de Agroecologia
reúne mais de duas mil pessoas
SEM VENENO Na presença do ministro Gilberto Carvalho, carta política do encontro repudia incentivos do governo ao
Valter Campanato-Agência Brasil
agronegócio
Camila Nobrega (Canal
Ibase), Gilka Resende
(Pulsar) e Alan Tygel (MST)
Após quatro dias de debates intensos, terminou no
dia 19 de maio, na Universidade Federal do Vale do São
Francisco (Univasf ), em Juazeiro, na Bahia, o III Encontro Nacional de Agroecologia. Uma carta política
foi lida poucas horas antes
do encerramento, na presença do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. A
carta apontou a agroecologia como a única alternativa para a produção de alimentos saudáveis e para
o fim da violência imposta pelo agronegócio, como
consequência do modelo
de desenvolvimento adotado no país. O ministro afirmou que levará as propostas à presidenta Dilma Rousseff. “Vou dizer à presidenta que esta carta, ao mesmo
tempo que é uma cobrança, também é um belíssimo
programa de governo, porque aponta questões fundamentais para um novo modelo de sociedade”, afirmou.
No entanto, enquanto o
ministro firmava seu compromisso, o governo federal
anunciava um incentivo ao
agronegócio, o Plano Safra
2014/15, de R$ 136 bilhões.
Experiências de uma alimentação justa e saudável
Apesar dos imensos problemas e desafios, a principal contribuição do encon-
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tro foi de experiências nas
quais a agroecologia está
prosperando. Um dos momentos mais intensos foi
uma feira de troca de sementes crioulas (não modificadas), símbolo da diversidade de cultivos. Agricultores sorriam com as mãos
carregadas de novas sementes, muitas delas selecionadas durante gerações.
Brasileiros de diferentes regiões ensinavam uns aos
outros como cultivar alimentos sem o uso de venenos.
Selma Glória, do Movimento de Organização Comunitária (MOC), da Bahia,
deu o tom do encontro: “A
agroecologia não é só agricultura sem veneno, é uma
construção de novas rela-
de 50% dos participantes
foram mulheres, muitas delas à frente da transformação na agricultura brasileira.
ções, com a terra, com melhores condições para mulheres e para todos.” O movimento feminista também
foi marca do encontro. Mais
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Belo Horizonte, de 22 a 28 de maio de 2014
11
BRASIL
Polícia pede socorro
MOBILIZAÇÃO Agentes de segurança pública paralisam atividades para cobrar política nacional para o setor
Pedro Rafael Vilela
de Brasília (DF)
Policiais civis, federais e
rodoviários federais de diversas partes do Brasil organizaram manifestações
unificadas, nesta quartafeira (21), para cobrar dos
governos uma política nacional de segurança pública. De acordo com as categorias, foi a primeira mobilização conjunta entre as
diferentes forças policiais.
A Confederação Brasileira dos Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol) informou que, em 16 estados
e o Distrito Federal, houve atos. “A situação da polícia continua a mesma, sem
estrutura. Prova disso é que
o índice de solução dos crimes é de apenas 8%. Significa que a maioria dos crimes
não são solucionados. É um
problema estrutural”, aponta Jânio Bosco Gandra, presidente da Cobrapol.
Os policiais federais e ro-
doviários federais também
se somaram aos atos e, junto com os civis, realizaram
uma marcha pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O protesto, que terminou na sede do Ministério
da Justiça, reuniu cerca de
mil pessoas.
“Para combater esses índices de impunidade, precisamos trazer as polícias para o século XXI, atualizando as legislações, equiparando as carreiras, estabelecendo um ingresso único”, explica Flávio Werneck,
presidente do Sindicato dos
Policiais Federais do Distrito Federal.
Reprodução
Policiais defendem atualização das leis, equiparação de carreiras e estrutura
Reação do governo
Alvo principal da mobilização, o governo federal reagiu. Com a onda de greves em diversas cidades do
país, que, no caso dos Policiais Militares em Pernambuco, gerou até uma onda de saques e violência, o
ministro da Justiça foi ca-
tegórico: “Os policiais que
servem à lei e à Constituição sabem que a greve está proibida por decisões do
Supremo [Tribunal Federal]. Em segundo lugar, não
creio que nenhum brasileiro e nenhuma brasileira
queira que a sociedade pague a conta de um processo que tem de ser de diálogo e de reivindicação”, afirmou, em entrevista para a
Rede Globo.
A Federação Nacional
das Entidades de Oficiais
Militares Estaduais (Feneme) informou que as Polícias Militares estaduais, por
força da Constituição, não
iriam aderir ao ato de paralisação, mas disse que apoia
os atos das outras forças e
criticou a falta de diálogo.
“É preciso acabar com a ideologia militar na
segurança pública”
Uma política nacional
de segurança pública deve
passar pela mudança na lógica da polícia. É o que afirmam representantes das categorias de policiais que organizaram atos nesta quarta-feira (21) por todo o país.
“Precisamos acabar com
a ideologia militar na segurança. Qualquer academia
de polícia, seja a Federal, a
Civil ou a Militar, desenvolvem treinamento de guerra, como fazem as Forças
Armadas. Somos treinados
para combater o inimigo,
quando deveríamos ser treinados para prestar a segu-
rança pública”, analisa Flávio Werneck, presidente do
Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal.
Para Jânio Gandra, presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores
Policiais Civis (Cobrapol),
o governo federal deveria liderar a política de segurança pública no país, mas optou por mais militarização.
Ele critica a postura do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo que, frente às
mobilizações dos policiais,
afirmou que poderia utilizar a Força Nacional de Segurança. “O governo aban-
Em Minas, o Sindicato dos Servidores da Polícia Civil estima que a adesão da categoria foi superior a 70%,
em todo o estado. “A paralisação foi um sucesso e sinaliza, tanto para o governo federal quanto para os estaduais que, se eles não negociarem com a base, poderá haver um blecaute na segurança pública”, avalia Denilson
Martins, presidente do Sindipol/MG. Ele afirma que novo ato deve acontecer em breve e não descarta a possibilidade de a categoria entrar em greve.
donou de uma hora para outra um programa que
não funcionava, que era o
Pronasci [Programa Nacional de Segurança Pública
com Cidadania], para criar
a Força Nacional, uma polí-
cia ilegal, paralela, que não
resolve”, aponta.
Segundo Flávio Werneck,
a Força Nacional, que deveria ser provisória, está sendo mantida de forma inconstitucional. “Paga-se um
salário superior ao recebido em média pelos policias
e desfalcam-se polícias nos
estados. Para o governante
é muito bom ter uma polícia que só obedece”, acrescenta.
A PETROBRÁS É DO
POVO BRASILEIRO!
TRABALHADORES VÃO ÀS RUAS
EM DEFESA DA PETROBRÁS
ATO UNIFICADO
DIA 27 DE MAIO
EM SÃO PAULO
12
MUNDO
Belo Horizonte, de 22 a 28 de maio de 2014
“Guerra econômica” na Venezuela gera
escassez de alimentos
AMÉRICA LATINA Para reverter o quadro, a Lei de Preços Justos entrou em vigor no começo do ano
Luciana Taddeo
de Caracas (Venezuela)
Nos últimos meses, os
venezuelanos desenvolveram uma espécie de “olhar
de raio-x” para identificar
o que as pessoas carregam
nas bolsas de supermercado. Perguntam onde o produto foi conseguido e correm até o local indicado, no
qual, provavelmente, haverá uma longa fila de consumidores ávidos para consegui-lo.
Leite, farinha de milho
pré-cozida, farinha de trigo, óleo e papel higiênico
são produtos que registram
problemas mais frequentes
de abastecimento. Desde o
começo de seu governo, o
presidente Nicolás Maduro promove uma campanha para que os venezuelanos parem com a busca por
estocagem de produtos, gerada pela paranoia devido à
falta de alguns itens.
A retenção também é
identificada em grandes
proporções: toneladas de
produtos em galpões, para promover a especulação
com os preços das mercadorias disponíveis nas prateleiras. A prática contribui
para que o governo federal
alegue a existência de uma
“guerra econômica”. Ela estaria sendo feita por parte da oposição e pelo setor
empresarial, para desestabilizar o país, através da redução da produção e aumento deliberado de preços.
Para reverter o quadro,
Maduro lançou mão da Lei
de Preços Justos, que entrou em vigor no começo do ano, colocando limites nos lucros comerciais,
além de incluir sanções para quem impedir a distribuição e venda dos produtos. Por outro lado, um registro foi implementado nas
redes estatais de vendas de
alimentos – custeados pelo governo, a preços de venda inferiores aos de comércios normais – para limitar
a quantidade de produtos
vendidos a cada pessoa.
Com a medida, espera-se
reduzir o contrabando para países como a Colômbia.
Com o controle de preços
dos itens da cesta básica, a
revenda a preços muito superiores fora das fronteiras
se tornou um negócio frequente e lucrativo. Paralelamente, para garantir a disponibilidade de alimentos,
o governo anunciou a importação milionária de alimentos dos vizinhos, como
Argentina e Brasil.
Eneas/Flickr/cc
Leite, farinha, óleo e papel higiênico são produtos que
registram problemas de abastecimento
Diálogo entre empresários e governo cresce,
aponta pesquisador
Ambas as partes querem trabalhar em conjunto para aumentar produção
Marcelo Garcia / Palacio de Miraflores / SiBCI
O ajuste do controle
de preços é um dos pontos centrais para esse novo momento venezuelano. A medida foi um dos temas abordados nas mesas
econômicas de trabalho realizadas entre o governo,
empresários e produtores
após a pressão gerada pelos protestos opositores, no
início deste ano. Para Mark
Weisbrot, co-diretor do CEPR (Centro de Investigação em Economia e Política, em inglês), o ajuste do
controle de preços é necessário para que não se crie
um impedimento à produção e distribuição de produtos básicos.
Desde então, o governo de Nicolás Maduro vem
mudando o discurso em relação aos empresários. Até
então, ele era apontado co-
O presidente Nicolás Maduro promove uma campanha para que os venezuelanos parem com a estocagem de
produtos, gerada pela paranoia criada por parte da direita no país.
mo um dos principais promotores da “guerra econômica”, evidenciando a ferida aberta desde o golpe
de Estado contra o falecido presidente Hugo Chávez
em 2002 e da paralisação
de patrões no país, iniciada
no fim daquele ano e que
durou cerca de três meses.
Apesar do histórico, ambas as partes têm manifestado intenção de trabalhar
em conjunto para aumen-
tar a produção. Os empresários necessitam de dólares para importar e a sua
aquisição é controlada pelo Estado. O governo, que
acumula dívida com o setor
empresarial, prometeu a li-
quidação de 30% na negociação dessa moeda, além
de um diagnóstico nacional de empresas e indústrias para identificar problemas e potenciais.
Para Weisbrot, o diálogo com o setor empresarial pode amenizar a situação de crise: “Há espaço
para a cooperação. O principal problema é essa parte da oposição que não está
interessada no diálogo, que
só quer derrubar o governo
e tem interesse em desestabilizar a economia”. (LT)
Segunda reportagem
do Especial “Venezuela em disputa”, que será
publicado em três edições do Brasil de Fato
MG.
Belo Horizonte, de 22 a 28 de maio de 2014
VARIEDADES 1313
A novela Como ela é
Novela pauta direitos trabalhistas
coronelismo e a resistência às
mudanças sociais e ao acesso
da população aos seus direitos mais básicos.
Nos últimos capítulos,
por exemplo, veio à tona se
os funcionários do Coronel
Epa tinham carteira de trabalho. Doutor Renato, a pedido Da professorinha Juliana, vai até a escola e explica
aos alunos sobre os seus direitos trabalhistas. Além de
não conhecerem a existência do documento, os alunos
e trabalhadores rurais sequer
sabiam sobre as férias. A aula
do médico sobre o assunto foi
AMIGA DA saúde
Cara Andressa, essa sensação de peso geralmente está relacionada à má circulação do sangue. Esse problema existe quando o sangue
acumula na parte inferior das pernas por defeito nas válvulas das veias. Piora quando você
passa muitas horas na mesma posição. O exercício físico regular, uso de sapatos com saltos de
cerca de 3 cm, elevação das pernas à noite, massagens e ducha fria nas pernas ao final do banho são medidas que estimulam a circulação e
melhoram a sensação de peso. Porém, alguns
casos precisam de avaliação médica, que pode recomendar uso de meias compressoras ou
mesmo cirurgias.
Modalidade esportiva
praticada em águas
abertas, incluída nas
Olimpíadas de Pequim
Capacete
da armadura
medieval
Jornalismo
de (?), área de Lillian
Pacce
Ingrediente
de ceras
depilatórias
Exame
Utilidade
culinária
do fígado
de ganso
O melhor
período do
turismo
Encargo
© Revistas COQUETEL
Leite (?), produto Instância
Instituto
Militar de que ajuda o funcio- psíquica
Engenha- namento da flora
Desgosria (sigla)
intestinal
toso
Monte (?),
cidade
A eles
(Gram.)
(?) de arroz: cosmético usado
no rosto
Cabra, em
inglês
Dar (?)
luz: parir
Terceira
pessoa do
discurso
(Gram.)
Navios da
Expansão
Marítima
(Hist.)
Local de
instalação
do transformador
Vírus
detectado
pelo exame Elisa
Tecido
utilizado
em artesanato
Símbolo de
“velocidade” em
Física
Horatio
Nelson,
almirante
inglês
Estima;
calcula
Encontrar,
em inglês
Denomina
a cantora
de sucesso
mundial
Moderno
(abrev.)
Trecho da
viagem
Vestimenta do
doutor
A situação humilhante
(?) Baccarin, atriz de
“Homeland”
Cintura
Alternativa
(pop.)
D
I
V A
Leitor de
CD-(?),
hardware
do PC
Caixa de
joias
Ferro,
em inglês
1ª vogal
Expressão
de espanto
O indivíduo
responsável pelo
órfão (jur.)
O “você”
dos
gaúchos
Risos, na
linguagem
da
internet
(?) vivo: é
estudado
pela
Biologia
Mês em
que se comemora
Tiradentes
Unidade
de Terapia
Intensiva
(sigla)
(?) cinzenta: compõe
o sistema
nervoso
BANCO
99
Solução
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Andressa, 34 anos, policial
O instrumento
do maestro
O coreógrafo mais
famoso do Brasil
Função do
mimetismo
para o
camaleão
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Oi amiga da saúde! Há alguns dias tenho ficado com uma sensação
de peso nas pernas toda noite. É muito ruim. O que devo fazer para
melhorar?
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
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Querida Aurélia, dores nas mamas são comuns
logo antes da menstruação ou quando usamos
roupas que apertam muito, ou mesmo devido
à posição que dormimos. Entretanto, em todos
esses casos, as dores costumam ser passageiras
e leves. O câncer de mama, em fase inicial, pode realmente não apresentar dor, mas isso não
é uma regra. E outros problemas na mama, como inflamações e infecções não relacionadas
ao câncer, também causam dor. O melhor que
você tem a fazer é procurar uma avaliação médica, pois ficar com essa dúvida não vai te ajudar em nada. Se você estiver com alguma doença, seja qual for, o quanto antes você iniciar o
tratamento, mais chances de não ter nenhuma
complicação ou piora. Toda mulher, a partir dos
45 anos precisa fazer mamografia no mínimo,
de dois em dois anos. O exame é gratuito e rápido pelo SUS. Vá ao seu Centro de Saúde e peça para ser examinada.
Joaquim Vela
(quimvela@brasildefato.
com.br)
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Aurélia Gonçalves, 46 anos, do lar
Fiquemos de olhos bem
abertos! Até semana que
vem!
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Amiga da saúde, estou com uma dor na minha mama direita, perto do bico, já tem dois meses. Estou com medo de ser câncer, por isso
não fui até hoje ao médico. Agora minha vizinha falou que câncer na
mama não dói. Pode ser que isso não seja nada?
ber uma série de benefícios
trabalhistas? É uma situação
que precisa mudar.
Tomara que em “Meu pedacinho de chão” os funcionários consigam ter acesso
aos seus direitos trabalhistas.
E que o coronel Epa compreenda que esses direitos estão
acima do seu suposto poder.
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Mande sua dúvida: [email protected]
Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde
bem esclarecedora e despertou o interesse dos funcionários de ir atrás de seus direitos. Porém, os desmandos de
Epaminondas prevalecem e
quando questionado sobre as
questões trabalhistas ameaça
demitir os trabalhadores que
insistirem no assunto.
Essa não é uma realidade apenas da ficção. Muitos trabalhadores brasileiros
carecem desse direito básico. Já ouvi por aí que a regularização de um funcionário
é onerosa. Mas se pesa para
o patrão, imagina para o trabalhador, que fica sem rece-
3/mor. 4/goat — iron — meet. 6/morena — plano b.
A novela “Meu Pedacinho de Chão”, das 18 horas, vem fazendo sucesso.
Não apenas pelo visual colorido dos personagens, pelo cenário impecável, pela brilhante atuação dos
atores, mas principalmente pelos temas. A história
não se restringe aos desejos de amor pela professorinha da cidade. Nem às peripécias das crianças “narradoras” da trama. A novela questiona velhas práticas
políticas incrustadas na história de nosso país, como o
14
CULTURA
Belo Horizonte, de 22 a 28 de maio de 2014
Getúlio Vargas volta nas telas do
cinema
HISTÓRIA Filme sobre o fim da vida e do governo do ex-presidente reflete o drama do adeus
Vivian Fernandes
De São Paulo
Os últimos 19 dias do governo e da vida de Getúlio
Vargas são contados no filme “Getúlio”, em cartaz em
diversos cinemas do país.
A crise que levou ao fim os
anos do governo Vargas não
poderia ter final mais trágico: o suicídio do ex-presidente com um tiro no coração, em 24 de agosto de
1954. O longa-metragem,
com direção de João Jardim,
tem Tony Ramos interpretando Getúlio e Drica Moraes no papel de sua filha e
braço político, Alzira Vargas.
O gaúcho Getúlio foi um
político polêmico. Revolucionário em 1930, quando
derrotou a oligarquia “café com leite” e foi eleito presidente; tornou-se ditador
de 1937 até 1945, no cha-
Os mesmos militares
que ameaçavam
Getúlio deram o
golpe em 1964
mado Estado Novo. Deposto por militares, Vargas volta ao poder através de eleições em 1951. Sem terminar
o mandato, em 1954, multidões saem às ruas para chorar a morte do presidente. As
cenas de seu velório e os cortejos da população são mostradas ao final do filme, com
imagens reais da época.
Não é de se estranhar a
comoção dos trabalhadores,
afinal, o ex-presidente foi o
responsável por iniciar o desenvolvimento da indústria
nacional, por exemplo, com
a criação da Petrobras, além
de ter garantidos os direitos trabalhistas com a CLT
(Consolidação das Leis do
Trabalho).
Mas o que leva Getúlio ao
suicídio? É isso o que tenta mostrar a obra cinematográfica, baseada em fatos reais e realizada a partir
de ampla pesquisa. A crise
tem início com “o atentado
na Rua Tonelero”, em que fica ferido o principal inimigo
do presidente, líder da UDN
(União Democrática Nacional), Carlos Lacerda (interpretado por Alexandre Borges), e leva a morte seu segurança – um oficial da Aeronáutica.
Após o estopim ser aceso,
coube a Getúlio investigar
o atentado, sobre o qual era
acusado por Lacerda de ser
o mandatário. As investigações levam a vários suspeitos ligados ao governo. Porém, sem ter ligações diretas
com o crime, Getúlio perde
a confiança e a vontade política de continuar resistindo. Pressentindo um golpe,
ele mesmo decide pelo fim.
Ironia da história ou não,
os mesmos militares que o
ameaçavam politicamente
foram os que realizaram o
golpe de 1964.
Trecho da
Getúlio
Divulgação
Tony Ramos interpreta o ex-presidente Getúlio no filme que está em cartaz em
todo o Brasil
Carta-Despedida
de
“Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei
contra a espoliação do povo. Tenho lutado
de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia, não abateram meu ânimo. Eu vos dei a
minha vida. Agora ofereço a minha morte.
Nada receio. Serenamente dou o primeiro
passo no caminho da eternidade e saio da
vida para entrar na história.”
Para saber mais a vida e política de Getúlio
Vargas
Livros:
- “Agosto”, de Rubem Fonseca (diversas editoras)
- “Tancredo fala de Getúlio”, de Valentina Lima e Plínio Ramos (L&PM Editores)
- “Getúlio”, 2 volumes, de Lira Neto (Cia das
Letras)
Filmes:
- “No mundo em que Getúlio viveu”, de Jorge Ilelli (1963)
- “Getúlio Vargas”, de Ana Carolina (1974)
Resistir é preciso
Depois de São Paulo e Rio de
Janeiro, Belo Horizonte recebe a exposição “Resistir é preciso”, projeto que retrata a memória da luta contra a ditadura militar brasileira. A mostra é
organizada pelo Instituto Vladimir Herzog, jornalista assassinado por militares durante o regime totalitário, e apresenta expressivo conjunto de documentos históricos que evidenciam a
militância de jornalistas e artistas do país contra a opressão do
período.
“Resistir é preciso” reúne
obras de arte de Sérgio Freire,
Flávio Império, Sérgio Ferro e
Takaok, produzidas enquanto
se encontravam presos no pre-
sídio de Tiradentes, em São Paulo.
Além disso, serão exibidos cartazes, fotografias, depoimento em vídeo, citações do ilustrador Rubem
Grilo e capas dos principais jornais
de oposição época, como “O Pasquim”, “Opinião” e “Movimento”.
Para a exposição, também foi
desenvolvida uma linha do tempo que recupera a história de resistência desde o golpe de 1964, até a
eleição direta do Presidente Tancredo Neves.
Serviço
Até 28/07, todos os dias da semana – exceto terças-feiras - das 9h às
21h, no Centro Cultural Banco do
Brasil (Praça da Liberdade, 450).
Belo Horizonte, de 22 a 28 de maio de 2014
AGENDA DO FIM DE SEMANA
MÚSICA
FEMINISMO
O grupo Musica Figurata apresenta o concerto “Raízes medievais: abre a porta povo”, que coloca lado a
lado tradições medievais e a cultura do Vale do Jequitinhonha.
Sexta (23), às 20h, na
Casa Una de Cultura (Rua Aimorés, 1451,
Lourdes), e domingo
(25), às 10h, no Colégio Santa Marcelina
(Alameda das Falcatas, 505, São Luís).
Marcha das Vadias
BH protesta contra a
violência contra a mulher e luta pela autonomia feminina e
igualdade de gênero.
Sábado (24), às 13h.
A manifestação se iniciará na Praça da Rodoviária e seguirá pela Rua Guaicurus, Praça da Estação, Rua da
Bahia e Praça da Liberdade.
FUNK
Roda de Conversa sobre Funk, com a participação do Fórum das Juventudes da Grande BH
e Conexão Periférica. O bate-papo convida toda a comunidade, e irá abordar as diversas opiniões e polêmicas a respeito do ritmo musical.
Sábado (24), das 12h às 18h, na Pedreirinha.
é tudo de graça!
MÚSICA
Show da cantora Mariana Nunes, com a
participação do músico Kadu Vianna. Domingo (25), às 19h30,
no café do Palácio das
Artes (Avenida Afonso
Pena, 1537, Centro).
FESTA
Mercado Criativo é
um evento que mistura artesanato, design, moda, gastronomia, música, exposições e intervenções
artísticas. Domingo
(25), das 12h às 20h,
no Mercado das Borboletas (Av. Olegário
Maciel, 742, 3º piso,
Centro).
15
CULTURA
Segunda a quinta-feira
EXPOSIÇÃO
CINEMA
MÚSICA
Mostra “Genesis” reúne
fotografias de Sebastião
Salgado durante suas via- Exibição do filme Girimigens pelo mundo. Nesse nho, pela mostra “O citrabalho, o fotógrafo dei- nema de BH”, que valorixa de lado os contrastes za produções audiovisusociais que marcam seu ais realizadas na capital.
estilo, e retrata culturas e O evento contará com a
lugares que ainda se man- presença dos diretores
têm intocados no plane- Clarissa Campolina e Helta. De 29/05 a 25/08, no vécio Martins, e o crítico
Palácio das Artes (Avenida Hernani Heffner. Terça
Afonso Pena, 1537) e Par- (27), às 20h40, no Espaço
CentoeQuatro (Praça Ruy
que Municipal.
Barbosa, 104).
CINEMA
A mostra “HUMBERTO – Mostra
dedicada a Humberto Mauro –
O grande pioneiro do Cinema
Brasileiro” homenageia o diretor
mineiro Humberto Mauro. Serão
exibidos filmes do artista e realizadas palestras e debates sobre seu
trabalho. Diariamente, de 22/05
a 12/06, das 14h às 22h, no Cine
Humberto Mauro (Avenida Afonso
Pena, 1537).
Show da Dolores 602,
banda formada por jovens mineiras, que tem
influências do rock,
pop e música brasileira.
Quinta (29), às 19h30,
no Memorial Minas
(Praça da Liberdade, esquina com Rua Gonçalves Dias).
esporte |
na geral
Racismo sem fim
Cristiano Ronaldo perto de superar Messi na
Champions League
O atacante Mario Balotelli, do Milan e da seleção
italiana, foi alvo de ofensas
racistas. Durante treino da
Itália para a Copa do Mundo, em Florença, o jogador
foi chamado de “negro de
merda” por alguns torcedores. Segundo companheiros
de seleção, “Balo” teria dito
não acreditar no que ouvia.
Outros torcedores responderam aos insultos, gritando o nome do craque.
O craque Cristiano Ronaldo, do Real Madrid, está bem perto de superar Leonel Messi como segundo
maior goleador da história
da UEFA Champions League. Se marcar um gol na final da competição contra o
Atlético de Madrid, no próximo sábado (24), o atacante chegará à notável marca de 17 gols na competição (já é o maior artilheiro em uma única temporada), e superará Messi, com
quem está empatado, com
67 gols na carreira pela Liga
dos Campeões Europeus. O
maior goleador da competição até o momento é o espanhol Raúl, que tem 71 gols
anotados. Mas é fácil prever
que tanto Ronaldo quanto
Messi vão superar a marca.
Ambos os supercraques ainda terão muitas temporadas
europeias pela frente. Nossa
geração tem o privilégio de
conviver com esses dois gênios do futebol, que certamente vão ocupar o hall dos
maiores jogadores de todos
os tempos. Quanto a Raúl, o
maior goleador da história,
o Real Madrid o homenageará na final pelos três títulos
europeus conquistados defendendo o clube. O atleta,
aos 36 anos, ainda atua, pelo Al-Sadd, do Qatar.
“O Lado Sujo do
Futebol”
Será lançado ainda neste mês pela Editora Planeta
o livro “O Lado Sujo do Futebol. A Trama de propinas,
negociatas e traições que
abalou o esporte mais popular do mundo”. O livro conta
com os jornalistas Amaury
Ribeiro Jr, Leandro Cipoloni, Luiz Carlos Azenha e
Tony Chastinet como autores e prefácio do ex-jogador
e deputado federal Romário. O lançamento deste livro em um ano importante para o futebol traz à tona
vários casos de corrupção,
evidenciando o que todos e
todas imaginávamos. A es-
treita relação entre os mandatários do futebol mundial
são traduzidas em vários esquemas de enriquecimento ilegal. Em ano de Copa do
Mundo no Brasil, de superfaturamento na construção
de estádios, de brigas generalizadas entre torcidas, de
reivindicações dos jogadores não atendidas pela CBF
e pelos clubes, o livro discute como um esporte popular
como o futebol é utilizado
por grandes empresas, políticos e outras pessoas que
se promovem para aumentar seus lucros. Uma ótima
indicação para o povo brasileiro se informar e perceber
de que lado estão os mandatários do futebol.
Final do Corujão
O Renascença, de Betim,
e Brumadinho F. C. vão disputar o título do “Corujão”
2014 na próxima terça-feira, dia 27, no campo do Santa Cruz, em Belo Horizonte. Nos jogos da semifinal o
Renascença bateu o Verona
por 3x1 , enquanto o Brumadinho levou a melhor no jo-
?
go contra o Estrela de Santa
Luzia, vencendo por 1x0. A
disputa promete.
?
?
Você
Sabia
O famoso “Corujão” é um
campeonato de futebol
amador com partidas realizadas somente à noite, em campos iluminados da periferia de toda a
Região Metropolitana de
Belo Horizonte. A décima edição, em 2014, conta com 32 equipes de 17
cidades.
16 ESPORTES
Belo Horizonte, de 22 a 28 de maio de 2014
imagem de arquivo
OPINIÃO Atlético
OPINIÃO América
Quase tudo perfeito
O impronunciável
Reprodução
Reprodução
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Escrever sobre o Atlético
quando acontecem jogos no
meio de semana é tarefa das
mais difíceis. Porém, busco sempre alternativas, pois
o factual, o noticiário diário
ajuda, interessa, mas não é
fundamental. Numa análise
dos últimos acontecimentos, evidencia-se que, finalmente, Levir Culpi impôs
seu estilo. Contudo, preservou o sentimento mais caro à alma alvinegra: o sofrimento.
O Galo, em duas partidas seguidas, levou primeiro o gol para depois virar o
placar. E o treinador acertou nas mudanças feitas na
equipe, quando necessário,
por contusão, ou por desespero, no segundo tempo. Se
escalasse o time certo, quem
sabe, não passaríamos por
tal sufoco. Mas, usando o
saudoso Paulo Leminski,
para o atleticano, sofrer será
a última obra. Ou, em nome
do contraditório, parafraseando o lema mineiro: alegria, ainda que tardia.
Por falar em paráfrase - que é a reafirmação
das ideias de um texto ou
uma passagem usando outras palavras - falemos da
nova contratação do Atlé-
tico, Maicosuel. No tempo em que jogava pelo Cruzeiro e eu ainda me envolvia diretamente com o noticiário esportivo, brincava
que o meio-campista era o
“indizível” ou impronunciável. Também, com um nome desse, só seria comparável ao Acidésio, cuja história contarei em outra coluna. Pois bem, não é que ele
mostrou qualidades que o
levaram a ser disputado pelo Flamengo, garantiramlhe uma carreira bem-sucedida e passagens pelo exterior. Problema mesmo será
a massa gritar: “Maicosuel,
Seleção!”
so e não conseguiram entrar
e outras milhares, incluindo eu, não conseguiram sequer comprar ingresso, que
aparentemente tinha esgotado, visto que só 20 mil foram colocados à venda. Isso
é um estádio de Copa?
Anuncie
Todas as semanas
nas ruas de
BH
[email protected]
OPINIÃO Cruzeiro
Não vai ter Mineirão
(31) 3309-3304
Reprodução
Wallace Oliveira
Na vitória sobre o Sport, o
Cruzeiro se despediu do Mineirão por quase um mês.
Até 16 de julho, o Gigante estará disponível apenas
para atividades da Copa do
Mundo. A partida contra o
Flamengo, no dia 1º de julho, ocorrerá no Parque do
Sabiá.
Para a equipe, jogar no
Mineirão faz uma grande diferença, como notou o atacante Willian. Os motivos
são simples: o gramado é
melhor para fazer a bola correr, além, é claro, da pressão
No jogo da terça-feira no
Mineirão contra o Joinville,
o América foi praticamente irretocável. Com uma defesa firme e um ataque criativo, poderia ter feito ainda mais gols. E os melhores
jogadores em campo foram
dois que ainda não haviam
disputado nenhuma partida inteira: Mancini e Henrique, mostrando a força do
conjunto do América, que,
mais líder do que nunca, segue firme para subir para a
Série A.
O destaque negativo fica
por conta da diretoria e da
Minas Arena, que, desorganizados e sem acreditar na
presença maciça da torcida,
geraram revolta em quem
foi ao estádio e chegou na
hora do jogo. Milhares de
pessoas compraram ingres-
que a torcida faz, sempre interferindo na disputa.
Como o Cruzeiro jogará
apenas uma vez em Uberlândia, creio que a mudança de gramado não vai alterar o desempenho do time,
ainda mais por se tratar de
um campo já bem conhecido. Até pouco tempo atrás,
diríamos que sair do Mineirão seria ruim, então, para
os torcedores e torcedoras
que frequentam os estádios
regularmente, concentrados
na capital.
Mas quantos cruzeirenses foram ao Mineirão neste
início de campeonato? Não
mais do que 11.603 pagantes contra o Coritiba e 13.679
contra o Sport. Quantidades suficientes para encher
o caixotinho do Horto, coisa
que os alvinegros raramente fazem depois de 2013, ano
da melhor fase de sua história. Isto, de qualquer forma,
é muito pouco.
A torcida não tem culpa.
Após comparecer em peso
na Libertadores, muita gente anda quebrada pelos preços dos ingressos. O Programa Sócio Torcedor, ótimo
para a Minas Arena, não resolveu o problema do torcedor.
Com ingressos tão caros,
caminhamos para uma triste situação: qualquer grande
torcida só lotará os estádios
em jogos de extrema importância, sobretudo se a fase
for muito boa. Para a multidão, entidade que povoa a
imaginação dos cronistas, a
arquibancada já é coisa do
passado.
Erramos:
Na última edição, publicamos errado o título desta
coluna. O correto era “Reinventar para vencer” e não
“Volta, Goulart!”, como saiu.
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Edição 39 do Brasil de Fato MG