AULA 2 – UM HISTÓRICO DA GEOGRAFIA POLÍTICA PREMISSA: O contexto histórico do final séc. XIX e inícios séc.XX favoreceu os estudos geográficos-políticos imperialismo e rivalidades entre as “grandes potências”, expansão territorial e colonial, uma situação de pré-guerra (que eclodiria em 1914), declínio relativo da potência dominante (Reino Unido) com ascensão de novas (Alemanha, Japão,Rússia, EUA, além da França). A GEOGRAFIA POLÍTICA – E TAMBÉM A GEOPOLÍTICA, QUE SURGIU LOGO EM SEGUIDA A RATZEL – TEVE UM SÓLO FÉRTIL PARA SE EXPANDIR, O QUE OCORREU COM A MULTIPLICAÇÃO DE OBRAS SOBRE O ASSUNTO NAS CHAMADAS “ESCOLAS NACIONAIS DE GEOGRAFIA”, PRINCIPALMENTE A ALEMÃ, A FRANCESA E A INGLESA, ALÉM DE OUTRAS (A RUSSA, A NORTE-AMERICANA, ETC.) A geografia política a partir de Ratzel pode ser dividida em duas fases principais: 1. De Ratzel até os anos 1970 Geografia Política Clássica 2. De meados dos anos 70 em diante Nova Geografia Política (ou Geografia do Poder, ou Geopolítica crítica) A GEOGRAFIA POLÍTICA CLÁSSICA (OU TRADICIONAL) TEVE DOIS MOMENTOS OU FASES: • 1a. Fase = do final do século XIX até a Segunda Guerra Mundial (1939-45): • 2a. Fase = de 1945 até os anos 1970. • . A primeira fase (1897-1945) teve os seguintes traços: • Forte base nacional, com acirrados conflitos entre escolas ou correntes nacionais; • Ênfase na ordem mundial (competição entre Estados-nações por maior influência econômica e territorial) e nas relações entre poderio estatal e espaço; • Forte identificação com a Geopolítica AUTORES/OBRAS MARCANTES NESSA PRIMEIRA FASE: - RATZEL; - VIDAL DE LA BLACHE (La Géographie Politique à propos des écrits de M.F.Ratzel, 1898); - ALBERT DEMANGEON (Géographie Politique, 1932); - HALFORD MACKINDER (Geographical Pivot of History, 1904); - J.BRUNHES E C.VALLAUX (Géographie de l’histoire. Géographie de la paix et de la guerre, 1918); - J.FAIRGRIÈVE (Geography and World Power, 1915); - E.HUNTINGTON (Civilization and Climate, 1915); - J.ANCEL (Géographie des fontières,1938); - N.SPYKMAN (America’s Strategy and World Politics, 1942). AUTORES/OBRAS MARGINALIZADOS (anarquistas): - E.RECCLUS (L’homme et la Terre, 1905). - P.KROPOTKIN (Mutual Aid, 1902). Piotr Kropotkin (1842-1921)842-1921) Kropotkin Kropotkin Elisée Reclus (1830-1905) Reclus (1830-1905) A 2a. Fase, de 1945 até inícios dos anos 1970, representou: • Um rompimento com a Geopolítica; • Um maior rigor teórico-metodológico: ênfase na cientificidade ao invés da busca de poderio para o Estado-nação; • Preocupações com a Guerra Fria, com ideologia e com sistemas sócio-econômicos; • Enfraquecimento das escolas alemã e francesa e fortalecimento da escola norte-americana. AUTORES/OBRAS MARCANTES NESTA FASE: - J. GOTTMANN (La politique des Etats et leur Géographie, 1952); - R. HARTSHORNE (The fuctional approach in Political Geography, 1950); - H.W.ALEXANDER (World Political Patterns, 1957); - N.POUNDS (Political Geography, 1957); - S. COHEN (Geography and Politics in a World Divided, 1963); - P. GEORGE (Panorama du monde actuel, 1965). A FASE ATUAL, A PARTIR DOS ANOS 1970 : • • • • • A “nova Geografia Política” ou Geografia do Poder? ou Geopolítica crítica? ou Geografia dos conflitos? ou “Estudo geográfico dos fenômenos de dominação? • Esta “nova geografia política iniciou-se a partir do final dos anos 1960 e principalmente na década de 1970 interligada à emergência de novos atores: o feminismo, as lutas contra a guerra do Vietnã e pelos direitos civis, o maio de 1968, a contracultura, etc. • Com isso, há uma preocupação com novos agentes/atores, com novas formas de lutas: relações de gênero, de orientação sexual, conflitos culturais e étnico-territoriais, novas territorialidades, marginalidade/exclusão, etc.; Poder (ou poderes) e não mais apenas Estado • Agora a geografia política estuda mais as relações de poder (ou relações de dominação), a política lato sensu, ao invés de ver política apenas no Estado. Procedeu a uma releitura da Geopolítica; • Isso começou com Yves Lacoste e a sua revista Hérodote (1976) • Uma geopolítica não mais a serviço dos Estados totalitários; Uma geopolítica crítica? Yves Lacoste (1929- )9-__) Michel Foucault (1926-1984) (192684) A nova Geografia Política Uso de autores/teorias considerados críticos ou radicais: Marx e marxismos, Gramsci, Escola de Frankfurt, Foucault, anarquismo… Preocupações, a partir dos anos 80, com a globalização ou o sistema global. Criação de novos conceitos ou abordagens: territorialidades, tribos, regionalismos, limites do Estado-nação, relações de poder no/com o espaço… A nova Geografia Política (cont.): Há também uma continuação, com um enfoque mais crítico, das preocupações epistemológicas e teórico-metodológicas da fase anterior: estatuto científico e relações com a geopolítica, com a ciência política, etc., a continuidade da geografia eleitoral, as diferenças regionais das lideranças e dos partidos políticos, etc. Alguns autores/obras importantes nesta nova fase: - LACOSTE, Y. La Géographie, ça sert, d”abord, a faire la guerre. Paris, F.Maspero, 1976. - RAFFESTIN, C. Pour une Géographie du Pouvoir. Paris, Libr.Techniques, 1980. - HÉRODOTE. Revue de géographie et de géopolitique. Revista trimestral, editada desde setembro de 1976. - LACOSTE, Y. e GIBLIN, B. (org.). Géopolitiques des Régions Françaises. 3 vols. Paris, Fayard, 1986. - TAYLOR, P.J. Political Geography, World-Economy, Nation-State and Locality. London, Longman,1985. - RAFFESTIN, C. Géographie des frontières. Paris, PUF, 1974. Continuação: - FOUCHER, M. Fronts et Frontières. Um tour du monde géopolitique. Paris, Fayard, 1988. - PILE, S. e KEITH, M. (org.). Geographies of resistance. London, Routledge, 1997. - AGNEW, J. Mastering Space: Hegemony, Territory and International Political Economy, London, Routledge, 1995. - DEMKO, G.J. e WOOD, W.B. Geopolitical Perspectives on the 21st Century. Oxford, Westview Press, 1994. - CLAVAL, P., LACOSTE, Y. e OUTROS. Penser la Terre. Stratèges et citoyens: le rével des géographes. Paris, Autrement, 1995. - SHORT, J.R. New Worlds, New Geographies. New York, Syracuse University Press, 1998. FIM