CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM SAÚDE
Nota Técnica: documento orientador para a construção do Portfólio
Reflexivo Integrador e atividades relacionadas
1. Introdução
O Portfólio Reflexivo Integrador (PRI) cumprirá o papel do Trabalho de Conclusão de
Curso (TCC) do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde (BIS) da Universidade Federal
do Recôncavo da Bahia (UFRB). Consiste na avaliação final do curso e corresponde a
uma síntese crítico-reflexiva sobre a trajetória de construção de aprendizagem e de
realizações pelo graduando.
O portfólio é definido, de maneira geral, como um instrumento que apresenta o
resumo e a reflexão crítica sobre a trajetória de aprendizagem do estudante. Tratase, conforme Alvarenga (2001), “de uma coleção dos trabalhos realizados pelo aluno,
que permite acompanhar o seu desenvolvimento.” Importante destacar que constitui
não apenas um compilado de trabalhos e registros, mas deve estar acompanhado
por análise crítica e fundamentação teórica sobre o processo de ensinoaprendizagem.
No BIS, o PRI consiste em uma produção integrada dos trabalhos realizados pelos
estudantes ao longo dos componentes curriculares Processos de Apropriação da
Realidade (PAR), organizado cronologicamente. O seu objetivo é demonstrar as
competências adquiridas e o desenvolvimento do pensamento crítico-reflexivo e da
articulação do conhecimento científico com outros saberes no decorrer da formação
acadêmica (PPC, 2014).
2. Objetivos específicos
 Refletir sobre o processo de ensino-aprendizagem a partir da síntese dos
caminhos e produtos construídos ao longo do curso;
 Analisar, avaliar, executar e apresentar produções resultantes das atividades
desenvolvidas durante o PAR;
 Desenvolver um processo de aprofundamento conceitual sobre produções
resultantes das atividades desenvolvidas;
1
 Construir conhecimento de forma personalizada, de forma criativa e original;
 Autoavaliar-se continuamente como sujeito da própria aprendizagem, por
meio da análise sobre seu crescimento e mudança durante o curso.
3. Processo de construção
A definição e processo de construção do PRI estão detalhados no PPC, na seção
Normas de Funcionamento do Curso, páginas 56 e 57.
Considera-se que a construção do portfólio acontece em duas etapas: o processofólio,
que corresponde ao registro e coleta de material produzido nas atividades
pedagógicas; e o portfólio propriamente dito, que corresponde à seleção, a análise e
a organização desse material. Destaca-se a importância do planejamento e
organização dos conteúdos a partir da 1ª UPP, por meio do registro parcial e
cumulativo no Portfólio que será avaliado em cada UPP.
Não há um formato previamente definido para o documento, mas é possível apontar
alguns componentes mínimos para a sua elaboração (Fiocruz, 2014):




Capa: com identificação do aluno e da atividade de ensino;
Sumário: lista os conteúdos do portfólio;
Introdução: apresenta portfólio e seus objetivos;
O processo e produtos da aprendizagem: descrição dos momentos e produtos
da aprendizagem, acompanhada por uma auto-reflexão fundamentada.
Destaca-se que, por sua singularidade, o portfólio pode contemplar diversas formas
de apresentação do conteúdo, como narrativas, síntese de textos, registro das
atividades de campo e questões de aprendizagem, imagens, mapas, fotos e outros.
4. Acompanhamento e avaliação
4.1. Portfólio Coletivo
Em articulação ao componente “Processos de Apropriação da Realidade”, propõe-se
o acompanhamento de um portfólio coletivo, por meio da seleção e síntese dos
portfólios individuais, ao final de cada Unidade de Produção Pedagógica. Nesse
momento, avalia-se a capacidade de trabalho coletivo do grupo, tendo como
critérios as seguintes competências esperadas:
 capacidade de comunicação e de expressão: 2 pontos;
 capacidade de aplicar e recriar conceitos com base em dados da realidade: 2
pontos;
 capacidade de se relacionar e de respeitar a diversidade do grupo (colegas): 2
pontos;
 capacidade de estabelecer vínculos e de trabalhar em equipe: 2 pontos;
2
 capacidade de trabalhar com profissionais de saúde, tutores e demais
membros da comunidade: 2 pontos.
4.2. Portfólios Individuais
As avaliações parciais dos portfólios devem se constituir como uma das notas dos
componentes PAR I, PARII, PARIII e PARIV. A avaliação final dos portfólios
acontecerá ao final da UPP V, como uma das notas do PAR V por meio de comissão
de acompanhamento especialmente designada pelo Colegiado de Curso, cuja
composição deverá apresentar docentes de diferentes UPPs. A avaliação seguirá os
seguintes critérios:





Capacidade de análise e reflexão: 3 pontos;
Fundamentação teórica: 2 pontos;
Organização e conteúdo: 2 pontos;
Originalidade e criatividade: 2 pontos;
Comunicação escrita: 1 pontos.
5. Atividades relacionadas
Duas atividades avaliativas do PAR se articulam ao PRI: o seminário integrativo e a
avaliação integrativa. O seminário e a avaliação são atividades de natureza,
respectivamente, coletiva e individual e que têm o objetivo de articular os conteúdos
curriculares e promover a interação dos campos conceituais, para a elaboração de
sínteses de natureza interdisciplinar.
5.1. Seminário Integrativo
Tem o objetivo de divulgar os trabalhos interdisciplinares (Portfólio coletivo)
desenvolvidos pelos educandos no componente PAR, por meio do estímulo e conexão
entre as produções científica e artística. Assim, a programação contemplará as
seguintes atividades, de acordo com as capacidades, motivações e interesses dos
estudantes em cada UPP:
 Portfólio coletivo com a síntese de cada UPP, inclusive por meio de
manifestações artísticas e culturais;
 Apresentação de PRIs, nos formatos oral e pôster;
 Painéis temáticos;
 Rodas de conversa e colóquios;
 Feiras e demonstrações públicas;
 Entre outros.
Para fins de organização do Seminário, cada turma deverá planejar previamente as
estratégias e metodologia a serem utilizadas. Conforme PPC, será constituída
3
comissão organizadora do evento, que deverá ter participação permanente do
Coordenador do Curso. No anexo I, consta roteiro de Planejamento Estratégico
Situacional que pode ser utilizado nesse processo. De um modo geral, é importante
obter as seguintes definições:
Temática: a temática será objeto de um texto explicativo, contendo a justificativa e
os objetivos do evento.
Formato: a decisão sobre o formato a ser adotado deve levar em conta alguns
critérios, tais como: resultados desejados, tempo disponível, espaço físico,
infraestrutura, custos, número de participantes.
Designação dos responsáveis pelas tarefas: as diversas tarefas e a quantidade de
responsáveis dependerão do formato e da estratégia adotada.
Levantamento dos recursos necessários: informação, articulação técnica e política,
tempo, recursos financeiros, outros.
Financiamento, patrocínio e apoio: as iniciativas com o objetivo de levantar recursos
para a realização dos eventos devem ser articuladas inicialmente dentro da
Universidade (Gestão de extensão/CCS).
Os critérios para avaliação do Seminário deverão ser construídos em parceria com os
estudantes e definidos no plano de curso, a cada semestre.
5.2. Avaliação Integrativa
A definição e processo de construção estão descritos no PPC do curso, na seção
Normas de Funcionamento do Curso, páginas 55 e 56.
Tem o objetivo de avaliar a aprendizagem por meio de questões interdisciplinares
que envolvam e permitam a interação entre os componentes curriculares de cada
UPP. A avaliação pode se constituir numa prova ou em qualquer outro formato que
atenda ao seu objetivo e construída pelos docentes envolvidos na UPP. Os seguintes
critérios de avaliação são sugeridos, a serem discutidos pelos docentes e definidos no
plano de curso, a cada semestre:




Domínio do conteúdo/embasamento teórico;
Uso adequado da linguagem técnico-científica;
Explicação detalhada e coerente;
Articulação da explicação/interdisciplinaridade.
4
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVARENGA, Georfrávia Montoza. Portfólio: o que é e a que serve? Revista Olho
Mágico, v. 8, n. 1, pp. 19-21, 2001.
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ – FIOCRUZ. IEP – Portfólio. Disponível em
<http://www.epsjv.fiocruz.br/indexpopup.php?Area=PaginaAvulsa&Num=26>. Acesso
em 08 dez 2014.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Saúde. Curso de
Especialização Multiprofissional em Saúde da Família. Metodologia do TCC: trabalho
de conclusão de curso. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2012.
SILVA, Roseli Ferreira; FRANCISCO, Marcos Antonio. Portfólio reflexivo: uma
estratégia para a formação em medicina. Rev. bras. educ. med, v. 33, n. 4, 2009.
SILVA, Carmen M. dos Santos L. M. Dantas; TANJI, Suzelaine. O portfólio reflexivo:
pareceres dos estudantes de enfermagem. Revista Iberoamericana de Educación, n.
46/6, pp. 1-10, 2008.
ALVES, Leonir Pessate. Portfólios como instrumentos de avaliação dos processos de
ensinagem. In: Anastasiou LGC, Alves LP (orgs). Processos de Ensinagem na
Universidade. Pressupostos para estratégias de trabalho em aula. 5. ed. Joinville: Ed.
Univille; 2005. p.101-20.
Cruz das Almas, 10 de Dezembro de 2014.
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Regina Célia de Lucena Borges
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Jeiza Botelho Leal Reis
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Aline Maria Peixoto Lima
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ANEXO I – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
SITUACIONAL ADAPTADO PARA PROCESSOS DE
APROPRIAÇÃO DA REALIDADE1
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
SITUACIONAL
DO
PLANEJAMENTO
ESTRATÉGICO
PLANEJAMENTO: é o cálculo que precede e preside a ação.
ATOR: uma pessoa ou um coletivo de pessoas que, atuando em uma determinada situação,
é capaz de transformá-la. É reconhecido a partir de três requisitos: possui um projeto;
controla um recurso relevante para o jogo; e possui capacidade de produzir fatos no jogo
social.
PROBLEMA: uma realidade insatisfatória superável que permite uma transformação para
outra realidade. É declarado por um ator, disposto e capaz de enfrentá-lo.
NÓ CRÍTICO: ponto de enfrentamento do problema, é a causa do problema cuja solução
tem três características:
• a solução terá impacto na solução ou minimização do problema;
• há disponibilidade de recursos políticos, administrativos e técnicos; e
• a solução contribui para a solução de outras causas problemas.
PASSOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE AÇÃO –
1. Levantamento de problemas
O ator, querendo modificar sua realidade na prática, encontra problemas que dificultam
atingir seus propósitos. Nesse passo, é necessário listar todos os problemas que atrapalham a
ação do ator que planeja. O problema é um desafio, incomoda, está sempre no estado
negativo. Por exemplo:
1. a coleta de lixo na região do Campo Limpo não é seletiva nem regular;
2. há muita poluição sonora, visual e do ar;
3. o Movimento em Defesa do Meio Ambiente (Moderna) não possui uma política de
educação ambiental.
2. Buscar as causas do problema escolhido
Depois de escolhido o problema que iremos enfrentar, devemos explicá-lo, ou seja, buscar
suas causas, que muitas vezes não aparecem. É preciso descobrir o que origina o problema.
Se nós tivermos uma compreensão correta do que causa nosso problema, será mais fácil
achar o caminho para superá-lo. A tarefa, agora, portanto é listar as causas principais do
problema que selecionamos. Na realidade não se trata de buscar uma única causa, mas
várias, em momentos distintos, que podem mudar.
O que é causa?
Causa é tudo que explica o porquê do problema, o que está na sua raiz, ou o que gera o
problema. Por exemplo:
1
Texto adaptado a partir do texto de apoio didático produzido para o Curso de Gestão Estratégica
Pública – parceria entre a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Prefeitura Municipal de
Campinas.
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3. Selecionar a causa principal – nó crítico
Algumas causas são mais superficiais, outras são mais de fundo e causam um grande estrago.
Não adianta, na luta por mudanças, ficar na superfície de uma situação, fazer um monte de
coisas sem gastar tempo e energia no que realmente resolve ou ajuda a diminuir um grande
problema.
O que é nó crítico?
Nó crítico é a causa principal, aquela que, se atacada, resolve o problema ou tende a
diminuí-lo. Por exemplo:
4. Estabelecer os resultados desejados
Conhecendo melhor nossa realidade, seus problemas e causas, que são as pedras em nosso
caminho, vamos formar uma pequena lista das coisas que queremos conseguir com nosso
plano. Olhando para nossos problemas, vamos ver se podemos resolvê-los todos. Cada
problema resolvido é um passo a mais em direção ao nosso objetivo. Vamos listar todos os
resultados esperados. Sabendo aonde queremos chegar é mais fácil escolher o caminho.
O que é resultado?
Resultado é o problema solucionado. Os resultados quantificam e qualificam o que deverá
ser feito para resolvê-lo. Devem ser formulados no presente.
Por exemplo: Nó crítico
Resultado esperado
Ausência de uma política de educação Moderna articula uma política de educação
ambiental em nossa região.
ambiental para região de Campo Limpo.
5. Traçar o plano de ação
Construir um caminho para chegar a esses resultados esperados, orientados pelo projeto do
ator. É a hora de construir o fruto do planejamento, ou seja, o plano de ação. Vários
planejamentos fazem apenas essa última parte e, depois, as pessoas se cobram do porquê
não conseguirem chegar aos resultados. Quem não explicou a realidade, não avaliou
possibilidades, que chances de êxito terá na hora da ação? Planejar requer visão ampla,
criatividade e propostas viáveis.
O que é Plano de ação?
Plano de ação é o conjunto de ações, com os respectivos prazos, as pessoas responsáveis e os
recursos necessários, para chegar a um resultado proposto. O plano é composto por:
• Ação: tudo de que necessitamos fazer para atingir o resultado proposto;
• Prazo: data precisa em que o gerenciamento será feito;
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• Responsável: pessoa que nem sempre terá de realizar uma ação, mas será fundamental
para que essa ação seja cumprida. O responsável pela ação tem nome e sobrenome,
não pode ser o grupo todo;
• Recursos: tudo de que necessitamos para realizar a ação. Não apenas recursos
financeiros, mas custo, recursos de conhecimento, tempo em horas, infraestrutura
(sala e material necessário), recursos políticos, de organização ou até uma ação
realizadora anteriormente.
Bibliografia:
ARTMANN, Elizabeth. O planejamento estratégico situacional no nível local: um instrumento
a favor da visão multissetorial. Rio de Janeiro: Oficina Social, 2000. p. 98-119.
SILVA, Marcos José Pereira. Onze passos do planejamento estratégico participativo. In:
BROSE, Markus (org). Metodologia Participativa. Uma introdução a 20 instrumentos. Porto
Alegre: Tomo Editorial, 2001. p. 161-176.
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Nota Técnica: documento orientador para a construção do