XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" ANÁLISE PRELIMINAR DA PRODUÇÃO DE ETANOL A PARTIR DE CELULOSE NO BRASIL: CAMINHOS E DESAFIOS PARA A PRODUÇÃO DE ÁLCOOL NO RIO GRANDE DO SUL. OMAR INÁCIO BENEDETTI SANTOS; GUSTAVO PASQUALI STEINHORST; FELIPE CASAGRANDE RODRIGUES; ANTONIO DOMINGOS PADULA; RODOLFO OLIVEIRA BORBA. UFRGS, PORTO ALEGRE, RS, BRASIL. [email protected] APRESENTAÇÃO ORAL SISTEMAS AGROALIMENTARES E CADEIAS AGROINDUSTRIAIS Análise preliminar da produção de etanol a partir de celulose no Brasil: Caminhos e Desafios para a Produção de Álcool no Rio Grande do Sul. Grupo de Pesquisa: Sistemas Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais RESUMO A produção de etanol a partir da cana de açúcar no Brasil tem contribuído nos últimos anos para a substituição dos combustíveis fósseis. As vantagens do Brasil em relação a outras potências no setor se dão principalmente por questões de clima favorável, solos férteis, base tecnológica e o aprendizado da cadeia produtiva em seus mais de 30 anos de desenvolvimento. A evolução do balanço energético em favor do etanol tem incentivado novas pesquisas para a obtenção desse combustível a partir de outras matérias-primas. Dentre essas iniciativas, tem-se a produção de etanol a partir de celulose como uma das áreas que estão despertando o interesse dos diferentes centros de pesquisas nos países desenvolvidos. Essa celulose pode ser derivada de resíduos agrícolas e produtos e resíduos florestais. Assim, a produção de etanol a partir de celulose abre novas perspectivas para estados brasileiros até então fora do eixo produtivo do etanol (PR, RS e outros). Diante dessa problemática, o presente trabalho objetiva a caracterização e entendimento do estado 1 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" da arte das diferentes rotas tecnológicas e alternativas de configurações produtivas ora existentes em diferentes partes do mundo para a produção de etanol a partir de celulose. Para isso foram pesquisadas as principais empresas do setor madereiro e industrial ligados a produção de álcool a partir de celulose. A introdução dessa cadeia produtiva no sul do Brasil vem gerando discussões na sociedade gaúcha, muitas são as razões apresentadas, no entanto é necessário que aconteça o debate para que se evite tomar decisões apressadas sem a necessária reflexão. A capacidade das florestas planejadas em fornecer energia tem se mostrado em outros lugares do globo como promissora, pois o balanço energético é positivo, além do aumento do seqüestro de carbono, importante em tempos de aquecimento global. O consórcio com outras culturas agrícolas poderá tornar-se fonte de diversificação produtiva para pequenos produtores que residem em área degradadas ou com baixo dinamismo econômico. Existe a necessidade de novas pesquisas e um aprofundamento das pesquisas das questões ambientais envolvidas, além de uma melhor verificação da viabilidade econômica e social desses projetos. Palavras chave: Etanol, Biorefinaria, Biomassa, Agroenergia, Bioenergia. Preliminary Analysis of Cellulose-based Ethanol Production in Brazil: Pathways and Challenges in the Rio Grande do Sul Alcohol Production. ABSTRACT The production of ethanol from sugarcane in Brazil has contributed towards the replacement of fossil fuels over the past few years. Brazil has advantages over the other powerhouses in the industry due to its favorable climate, fertile land, technological base, and the expertise acquired by the production chain over the 30 years of its development. The evolution of the energy balance in favor of ethanol has encouraged new research dedicated to obtaining this fuel from other sources. Among those initiatives, the production of ethanol from cellulose is one of the areas drawing the interest of different research centers in developed countries. Such cellulose can be obtained from agricultural waste and forest products and waste. Hence, the production of ethanol opens up new perspectives for Brazilian states that have up to the moment been left outside the ethanol production axis (Paraná, Rio Grande do Sul and others). In light of this backdrop, this paper aims at characterizing and understanding the state of the art in different technological courses and production configuration alternatives present in different parts of the world regarding cellulose-based ethanol production. To that end, research was conducted at the lumber and industrial companies connected to cellulose-based ethanol production. The introduction of this production chain in southern Brazil has generated discussions among the Rio Grande do Sul population, and many are the reasons presented; however, the debate is necessary to prevent us from making hasty decisions without the required consideration. In other parts of the globe, the ability of planned forests to provide energy is promising, given the positive energy balance and the increase in carbon dioxide sequestering, paramount in times of global warming. The association with other crops may become a source of productive diversity for small farmers residing in degraded areas or those presenting low economic dynamism. There is the need to develop new research efforts and look more 2 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" deeply into the environmental issues involved, as well as further assessment on the economic and social viability of such projects. Keywords: cellulosic ethanol. Biorefinery, Biomass, agrienergy, bioenergy. 1. INTRODUÇAO Os desenvolvimentos tecnológicos para melhorar a qualidade de vida iniciaram-se com a revolução industrial no final do século XVIII. A produção de bens e serviços para atender as necessidades das pessoas tem negligenciado os impactos negativos sobre o meio ambiente (OVEREND,2004). O consumo total de energia tem aumentado num ritmo muito forte nos últimos anos. Com o crescimento e desenvolvimento dos países, cada vez mais energia é requerida, mesmo com os avanços tecnológicos que aumentaram a eficiência das máquinas. A partir da percepção de que um padrão de crescimento e desenvolvimento que agrida a natureza não é sustentável, entendendo a sustentabilidade como o atendimento das condições econômicas, sociais e ambientais, começou-se a pensar alternativas que mantivessem o padrão de crescimento, aliado a um menor impacto ambiental, que pudesse comprometer as futuras gerações. Em termos gerais sustentabilidade é atender os objetivos das gerações atuais sem comprometer as futuras gerações (OVEREND,2004). Pode-se dizer que a emergência de um desenvolvimento sustentável têm requerido o desenvolvimento de políticas econômicas, sociais e ambientais para estabelecer uma nova perspectiva que possa responder de forma direta aos problemas ecológicos, econômicos e sociais de nossa era. Uma das questões que serão discutidas nesse artigo é a oportunidade de investir em projetos de produção de etanol a partir de celulose, que poderá aumentar a inserção internacional do Estado do Rio Grande do Sul (RS). Para exemplificar a situação do RS, os 10 maiores municípios gaúchos, segundo a participação do Valor Agregado Bruto da Agropecuária, respondiam em 2003 por aproximadamente 10% do PIBpc do RS. Além disso, os Conselhos de Desenvolvimento (COREDES) Central, Campanha, Fronteira Oeste e Fronteira Noroeste respondiam em 2003 por apenas 10,8% do PIB gaúcho (FEE, 2007). Essas regiões correspondem a áreas de alto nível de analfabetismo, e menor dinamismo econômico. Em todo o estado existem problemas econômicos, mas nessas regiões a falta de empreendimentos industriais aliada a uma produção agrícola ligada ao mercado de commodities torna o pequeno produtor vulnerável às oscilações nesses mercados. Por outro lado, os COREDES Metropolitano, Serra e Vale do Rio do Sinos respondiam por 50 % da economia gaúcha em 2003. Nesses lugares encontramos empreendimentos industriais diversificados, e uma agricultura voltada para a exportação, principalmente de produtos acabados como o vinho, além de frutas de alto valor agregado nos mercados internacionais (FEE,2007). 3 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Nada pode justificar a introdução de empreendimentos que agridam o meio ambiente e não tragam nenhum beneficio para as regiões em que se instalam, pois é consenso que é preciso aplicar as novas tecnologias de forma a evitar a degradação dos solos, a contaminação das águas, enfim, evitar que se percam os recursos naturais necessários ao bem estar de toda a humanidade. Esse processo também passa por uma oferta sustentável de energia. Para promover uma qualidade de vida sustentável para todos é preciso que se oferte alimento, energia, fertilizantes, enfim tudo o que é necessário, mas sem afetar o meio ambiente de forma negativa (OVEREND,2004; ALAIN, 2006). As questões envolvidas com a produção de combustíveis renováveis são muitas e com muitas conseqüências. A integração entre a produção agrícola e industrial corresponde a uma nova forma de organização da produção. Existem muitas incertezas associadas à produção industrial, tais como tecnologias de obtenção de etanol a partir de celulose (ALAIN,2006). Esse novo padrão ira afetar as sociedades de diferentes maneiras: no estilo de vida, nas cadeias de valor industriais e agrícolas, enfim a economia como um todo (ALAIN,2006). Em vista dessas questões, e da complexa rede de relações que a produção de combustíveis renováveis envolve, e dado também o limite dos agentes econômicos para processar as informações, torna-se importante desenvolver ferramentas analíticas, que contenham as mais diferentes disciplinas e experiências de seus pesquisadores. Além dessas ferramentas o desenvolvimento de instituições locais que apóiem os projetos de produção de energia renovável, pode tornar-se um fator de competitividade da produção de energia renovável (FAUCHEAUX e O’CONNOR, 2004). Essas novas ferramentas precisam superar as limitações de abordagens que privilegiam aspectos isolados, isto é, não é possível compreender a produção de energia renovável (combustíveis, por exemplo) sem levar em consideração aspectos ambientais, sociais , técnicos, econômicos e financeiros de maneira integrada. Ou seja, não é prudente levar adiante um projeto de produção de etanol a base de celulose, por exemplo, sem que se verifiquem questões agroclimáticas, sociais, tecnológicas e financeiras, pois cada um desses aspectos tem uma dinâmica que pode inviabilizar essa produção. A partir da constatação da emergência de um novo padrão de produção de energia e da configuração de um novo arranjo produtivo, voltado para a produção de energia a partir de biomassa, em especial para a produção de etanol a partir de celulose, fica a dúvida sobre os desdobramentos sociais, econômicos e ambientais da decisão de implantação dos projetos de reflorestamento no sul do Brasil. Além disso, quais são as condicionantes que viabilizariam a implantação de uma usina de produção de etanol a partir de celulose, derivada de produção especificamente destinada ou fornecimento de resíduos florestais e culturais(casca de 4 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" arroz, de milho, etc) para a produção de etanol. As dúvidas centrais referem-se principalmente a aspectos tecnológicos e produtivos (organização da produção). Diante dessas questões o objetivo desse artigo é a caracterização e entendimento do estado da arte das diferentes rotas tecnológicas e alternativas de configurações produtivas ora existentes em diferentes partes do mundo para a produção de etanol a partir de celulose. Para isso foram pesquisadas as principais empresas do setor madeireiro e industrial ligados a produção de álcool a partir de celulose. Além disso, será abordado de maneira introdutória a viabilidade de instalação dos arranjos produtivos de reflorestamento em andamento no sul do país, e as possibilidades de introdução da produção de álcool a partir dessa produção. Além da revisão da literatura foi efetuada uma pesquisa com os responsáveis pelo projeto de reflorestamento do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, e pesquisa de dados junto às empresas envolvidas com esses projetos, para a obtenção de informações sobre a configuração produtiva e seus elementos viabilizadores. Um dos principais impactos sobre o meio ambiente é a emissão de gás carbônico – CO2 – resultante da utilização de combustíveis não renováveis. O aumento das emissões de CO2 pode colocar e risco o equilíbrio entre economia e meio ambiente. A função econômica é movida por três variáveis: força de trabalho, recursos e produtividade. Se os recursos começarem a escassear, pelo uso não sustentável , poderemos chegar a um impasse que poderá comprometer a sobrevivência do atual padrão de acumulação de capital e a própria sobrevivência humana (ALAIN,2006). 2. CONTEXTUALIZAÇÃO A produção de etanol começou no Brasil em 1975 com a introdução do PROALCOOL, para a produção de etanol a partir da cana-de-açúcar. Nos anos de 1990 os produtores precisaram reorganizar-se em virtude de problemas com a demanda de álcool no país. O aumento na adição de etanol anidro na gasolina trouxe novas oportunidades de negócio para os produtores rurais e industriais. Esse programa também foi afetado pelas condições no mercado de açúcar, elevada produção e instabilidade nos preços levaram a desestruturação do setor. Após 30 anos o setor comemora aumentos seguidos de produção e produtividade. No ano de 2005 a produção de etanol baseado na cana-de-açucar foi de aproximadamente 410 milhões de toneladas no mundo todo. A produção de etanol do Brasil e dos Estados Unidos representam 72% do Mercado mundial de etanol (WALTER,2007). A produção de etanol, no entanto, pode ser obtida de várias matérias-primas. Temos a possibilidade de obter esse combustível a partir de celulose, que pode ser obtida de palha de cana-de-açucar, resíduos de produção agrícola e de florestas planejadas. 5 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Apesar de todos os desenvolvimentos tecnológicos, a produção de biomassa necessita ainda que se aumente a produtividade , por exemplo, do etanol, no caso de obtenção a partir de celulose, pois as rotas tecnológicas ainda estão em fase de amadurecimento e desenvolvimento de novas tecnologias para obtenção desse combustível no Brasil. Além disso, é necessário, para uma maior difusão dessa produção, o aprendizado da cadeia para a redução nos custos e conseqüentemente no preço final ao consumidor. Essa redução dos custos de obtenção poderá se tornar uma fonte de competitividade dos combustíveis renováveis em relação aos combustíveis fósseis. Essa redução de custos torna-se fator importante de aceitação da introdução de novos combustíveis, como o biodiesel e o etanol, em paises que ainda não desenvolveram uma consciência ecológica capaz de fazê-los pagar mais por um produto, mesmo que esse produto consiga reduzir os efeitos negativos da emissão de CO2 na atmosfera. Em síntese é preciso aumentar a oferta de energia sem aumentar o uso dos recursos naturais e ainda reduzir os atuais níveis de impacto negativo sobre o meio ambiente (HARRISON, 2004). A atual postura do governo Americano frente a problemas como o aquecimento global e a dependência de petróleo de regiões conflituosas do planeta, tem trazido à tona na imprensa mundial a questão energética, o que leva a criação de outras iniciativas pelo mundo (CLERY,2007). Em todo o mundo grandes investimentos estão sendo efetuados para viabilizar a produção de etanol a partir de celulose, estimando-se que, em 2020, apenas nos EUA, cerca de 30 bilhões de litros de álcool poderiam ser obtidos dessa fonte (PLANO NACIONAL DE AGROENERGIA,2006). No contexto de uso de petróleo e aumento das emissões de CO2 e seus efeitos sobre o meio ambiente, é necessário considerar seriamente que as sociedades precisam desenvolver alternativas energéticas sustentáveis, ou seja, que atenda as necessidades energéticas, econômicas e ambientais. Um dos problemas enfrentados para a adoção de um padrão de produção de energia sustentável é o lobby feito por empresas produtoras de petróleo. Essas barreiras contam com financiamentos substanciais, fornecendo elementos de pesquisa para comprovar que os efeitos sobre o meio ambiente não são consideráveis e que não há problema nenhum no uso de petróleo (ALAIN,2006). Em termos gerais é preciso aplicar as novas tecnologias de forma a evitar a degradação dos solos, a contaminação das águas, enfim, evitar que se percam os recursos naturais necessários ao bem estar de toda a humanidade. Esse processo também passa por uma oferta sustentável de energia. Para promover uma qualidade de vida sustentável para todos é preciso que se oferte alimento, energia, fertilizantes, enfim tudo o que é necessário, mas sem afetar o meio ambiente de forma negativa (OVEREND, 2004). 2.1 BIOMASSA PARA PRODUÇÃO DE ETANOL DE CELULOSE No Brasil, o consumo de madeira é de 300 milhões de m3/ano, sendo cerca de 100 milhões m3/ano de florestas plantadas para uso industrial. Em 2001, o consumo industrial foi estimado em 166 milhões de m3/ano, compreendendo: 32 milhões de m3 para papel e 6 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" celulose; 45 milhões de m3 para carvão vegetal; 29 milhões de m3 para lenha industrial; e 60 milhões de m3 para produtos sólidos (serrados, laminados, painéis, etc.). No Brasil, a participação das florestas plantadas cresceu sensivelmente nos últimos anos. No segmento de papel e celulose, 100% da madeira provêm do reflorestamento. Para a indústria de carvão vegetal, a área de florestas plantadas cresceu de 34% (1990) para 72% (2000). No setor de produtos sólidos, de 28% (1990) para 44% (2000). Estima-se em 6,4 milhões de hectares as florestas plantadas no Brasil, sendo 4,8 milhões de hectares de eucaliptos e pínus e cerca de 2,6 milhões de hectares adicionais de florestas nativas intercaladas. Segundo dados do Censo Agropecuário de 1995/96, os plantios de eucalipto, nos principais estados produtores, se concentram em áreas superiores a 1,0 mil hectares tais como nos estados de Minas Gerais (83%), São Paulo (63%), Espírito Santo (79%), a exceção de Santa Catarina e Rio Grande do Sul onde predominam em áreas inferiores a 50 hectares (52% e 46%, respectivamente). Segundo a Embrapa floresta as estimativas de crescimento da produção de eucalipto são otimistas (IBGE, 2007). No Estado do Rio Grande do Sul, se inicia atualmente um projeto de expansão de fronteira silvícola com previsão de aumentar as áreas reflorestadas para cerca de 900.000 ha, sobretudo com floresta de eucalipto. Do beneficiamento dessa madeira resultará uma quantidade considerável de matéria-prima para as indústrias de base florestal que estão realizando vultosos investimentos no setor, assim como resíduos florestais que, se não tiverem destino adequado poderão causar sério impacto ao meio ambiente (ABRAF, 2006). Existem dois grandes temas que precisam ser melhor analisados para que se entenda o que vem ocorrendo no Brasil e no Rio Grande do Sul: o desenvolvimento local e a geração de energia. O impacto ambiental da implantação de uma área com cultivos extensivos de árvores exóticas (eucalipto e pinus) têm dominado a discussão sobre o “crescimento da metade sul”. É preciso que se amplie esse debate, para que novas alternativas possam surgir. 7 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Produtos Madeireiros Consumo Industrial Lenha Consumo Doméstico Sementes e Mudas Usinas Integradas Produto Ferro Gusa Fertilizantes PRODUÇÃO FLOREST AL Siderurgia Carvão Vegetal Agroquímicos Forjas Artesanais Produto de Ferro Ligas M E R C A D O Consumo Doméstico Máquinas e Equipamentos Produtos Não-madeireiros Serrarias I N T E R N O Indústria de Móveis Indústria de Papel Borracha Celulose Outros Usos Gomas Indústria Química, Farmacêutic a, Automobilística Alimentícia, etc. e Cêras Produtos de Madeira Sólida Fibras Tanantes Madeira Im unizada Madeira Serrada Aromáticas, Medicinais e Corantes MDF Aglomerado Madeira Processada Painéis de Madeira Reconstituídos Chapa de Fibra Compensado OSB E X T E R N O Figura 1. Cadeia produtiva do setor florestal Fonte: adaptado de Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas- ABRAF - Anuário estatístico da ABRAF : ano base 2005. Brasília, 2006. Na figura 1 tem-se a configuração da cadeia produtiva da madeira no Brasil. Existem possibilidades de aproveitamento dos resíduos para a produção de etanol, além da destinação da produção de cavacos para esse fim. FOTOSSÍNTESE O CO2 liberado pela Biorefinaria e pelos veículos e reabsorvido pela próxima safra Plantas absorvem energia solar e CO2 para crescer COMBUSTÍVEL COLHEITA Os resíduos agrícolas e florestais são coletados e levados até a indústria O etanol de celulose é misturado a gasolina Biorefinarias convertem a celulose em etanol, eletrecidade e CO2 CONVERSÃO Figura 2. Ciclo Limpo de Produção de Combustível Fonte: adaptado de IOGEN - Etanol Process Overwiew. Canadá. (2007). A figura 2 demonstra o ciclo de produção de combustível a partir das plantas. Resíduos agrícolas, resíduos florestais e produtos florestais representam uma nova fronteira em termos de produção de combustível renovável. 8 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" O Brasil reúne condições agrícolas e econômicas propícias para desenvolver e se beneficiar das tecnologias de utilização de lenha e outras biomassas para fins energéticos, por ser privilegiado em termos de extensão territorial, insolação e água, fatores essenciais para produção de biomassa em grande escala. Neste mesmo sentido, uma grande quantidade e variedade de resíduos florestais são geradas anualmente pelas diversas indústrias de base florestal, por exemplo, a geração de resíduos na cadeia produtiva de serrados de Pinus é da ordem de 75%, ou seja, apenas 25% do volume total de uma árvore é colocado no mercado na forma de tábuas, caibros, ripas, etc (BRAND,2004). Segundo a ABRAF (2006) as florestas plantadas são atualmente a principal fonte de matéria-prima florestal e importante fator de competitividade para os segmentos de celulose e papel, painéis de madeira, siderurgia a carvão vegetal, energia industrial, produtos sólidos de madeira, móveis de madeira, entre outros, conforme Figura 1. No estado do rio Grande do Sul temos também a produção e exportação de cavacos de madeira, principalmente para o Japão. Essa produção poderia atender a uma usina de produção de etanol a partir de celulose no Estado. A exportação de cavacos em 2005 foi de 380.968 toneladas (SAA,2006). 2.2 ETANOL A PARTIR DE CELULOSE A produção de etanol a partir de celulose depende do processo de pré-tratamento, pois isso evita a perda da fermentação. Essa etapa irá determinar a produtividade de álcool nas outras etapas, pois um processo efetivo converte o substrato em açucares mais simples (USDA, 2007). A fermentação dos açúcares produz etanol. Esse açúcar pode ser derivado de inúmeras fontes, inclusive de madeira e resíduos agrícolas. O material que formam esses compostos é feito de lignocelulose e hemi-celulose, que em essência são longas cadeias de açucares, protegidas pela lignina. A separação da lignina é normalmente feita por hidrólise ácida. Essa separação produz uma grande variedade de açucares, e alguns deles não são fermentáveis, como a pentose. A indústria americana tem procurado alternativas de uso desses sub-produtos (WER,1999). Segundo Carlos Eduardo Vaz (2007) pesquisador da Universidade de Campinas a produção de etanol a partir da celulose contida no bagaço da cana pode atingir 200 bilhões de litro por ano em 20 anos. Essas pesquisas também poderiam ser direcionadas para outras fontes de celulose, como as que estamos tratando aqui. Esse aproveitamento de todos os produtos poderá tornar a indústria de etanol a partir de celulose competitiva em relação a outras indústrias de produção desse combustível. O volume produzido de etanol a partir de 1 tonelada de celulose é de 340 litros, dados referentes a empresa IOGEN(2007). A tecnologia para produzir etanol a partir de celulose possui características próprias, pois cada processo consegue obter maior ou menor produtividade de açúcares fermentáveis. A empresa IOGEN S/A desenvolveu a hidrólise enzimática. Esse processo 9 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" obtém glucose, a partir da enzima desenvolvida pela empresa, o processo continua para a separação da lignina e depois é fermentado a glucose que produzirá álcool (WER,1999). Esse processo é chamado de hidrolise enzimática ácida porque o pré-tratamento é realizado a alta temperatura e na presença de ácido sulfúrico. Esse processo é amplamente utilizado nos Estados Unidos e Europa (WER,1999). FIBRAS/ CELULOSE Enzimas Pré-tratamento Hidrólis e Enzim ática Produção de Enzimas Separação Geração de Força Fermentação do Etanol Des tilação Etanol de celulose Eletricidade Figura 3 : Produção de Etanol a partir de Celulose. Fonte: Adaptado de IOGEN- Etanol Process Overwiew. (2007). De maneira geral podemos observar a produção de madeira como tendo algumas destinações, dentre elas a produção de etanol. Na figura 3 temos a produção agrícola, e a rota tecnológica de produção de etanol. A hidrólise representa a tecnologia internacional de obtenção de etanol. O Brasil detêm a tecnologia de obtenção de álcool a partir da palha da cana-deaçucar, que também é feita por hidrolise enzimática ácida. Segundo alguns pesquisadores o que precisamos é adaptar os processos para a produção com outras fontes de celulose. No Brasil existem empresas que já desenvolveram os projetos de produção de etanol a partir de celulose usando a hidrolise enzimática. Questões tecnológicas provavelmente não são um impedimento ao desenvolvimento da cadeia produtiva de etanol a partir de celulose, dado que existem empresas solicitando recursos ao BNDES para financiar a implantação de uma biorefinaria 10 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" de produção de produtos a base de cana-de-açucar, segundo Pedro Wongstchowski , presidente da OXITENO (INOVAÇÃO, 2007) Talvez ainda estejamos longe de implantar unidades em escala comercial, mas há a necessidade de discutirmos á exaustão os projetos, para que se minimize os riscos e incertezas associados a esta produção. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Esta seção tem por objetivo apresentar o conceito de biorefinaria, biomassa e bioenergia, que são a base das futuras pesquisas a serem realizadas. Pode-se entender a configuração da indústria de etanol como uma biorefinaria e, portanto esse conceito será explorado, como forma de estabelecer um marco teórico para futuras discussões. Outro assunto tratado nessa seção é a de desenvolvimento regional, dando ênfase na articulação que precisa existir entre poder público e as empresas para a transformação do crescimento econômico em desenvolvimento efetivo. 2.1 BIOREFINARIA, BIOMASSA E BIOENERGIA O aumento da população mundial torna necessário praticar uma agricultura sustentável com o máximo de aproveitamento, sem afetar os recursos do meio ambiente. Dentro desse contexto surge a produção de energia renovável. Há tempos os pesquisadores vêm se dedicando à obtenção de produtos químicos a partir de plantas de lavoura, que em essência representa o conceito de agroenergia. A produção de produtos químicos derivados de plantas de lavoura é realizada em uma biorefinaria ou bioindústria. (DOELLE,2003). O conceito de agroenergia é um pouco diverso do conceito de bioenergia, que representa todas as formas de energia renovável, incluindo a eólica, hidrogênio e outras. Essa distinção precisa ser feita em debates acadêmicos mais especializados. O conceito de biorefinaria é essencialmente interdisciplinar, ele envolve desde engenharia civil, química, economia, gestão, agronomia, enfim, todas as disciplinas envolvidas na criação e gestão da produção de combustíveis renováveis. Esse conceito baseia-se no renascimento do uso de biomassa para produzir combustiveis, produtos químicos e outros materiais. Essa integração representa uma nova fronteira, seja econômica ou mesmo tecnológica. Essa produção voltada para o fornecimento de combustíveis e produtos tem sido organizada tendo um vista um equilíbrio econômico e ecológico. Tem havido uma integração entre pequenas propriedades agrícolas e médias e pequenas indústrias. Uma biorefinaria depende da oferta regional de insumos para funcionar, e a partir dessa organização ela consegue dinamizar a produção agrícola, tornando-a independente de flutuações nos preços, pois essa produção deixa de ser uma commoditie para se tornar insumo industrial(DOELLE,2003). 11 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Um arranjo produtivo baseado em uma “biorefinaria” não é apenas um desafio em termos tecnológicos, mas também em termos de estrutura organizacional (unidades centralizadas e descentralizadas) além de toda a integração com a produção agrícola e com o meio ambiente. Os efeitos encadeadores da produção de produtos industriais a partir de produtos agrícolas e restos de culturas poderá substituir o petróleo, desde que se consiga integrar de maneira efetiva a produção industrial e agrícola (KROMUS et al, 2004). A proposta básica de uma biorefinaria é integrar, dependendo do objetivo, a produção agrícola e a indústria química, ou a produção agrícola e a indústria de combustíveis, ou mesmo a farmacêutica (LEITSINGER, 2003). Nesse artigo estamos propondo que se estabeleça uma correspondência teórica entre a biorefinaria e a usina produtora de etanol a partir de celulose. Ao fazer isso temos condições de definir elementos capazes de avaliar a implantação e desenvolvimento das cadeias produtivas de etanol a partir de celulose no Brasil. Esse procedimento se faz necessário como ponto de partida, dado que no Brasil a atividade é recente e ainda não dispõe de uma estrutura produtiva formalizada e acabada, capaz de fornecer elementos para o desenvolvimento de aportes teóricos. As principais variáveis que podem ser utilizadas para se buscar entender essa produção no Brasil são: 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) 8) Produção Florestal para a produção de etanol; Volume de insumos para atender a indústria; Distâncias da produção agrícola e do fornecimento de insumos; Mão-de-obra para atender a operação da indústria; Mão-de-obra envolvida na produção agrícola; Estruturas de Distribuição e Logística de Suprimentos; Estruturas de Comercialização; Fatores de Localização. Esses dados irão compor um conjunto de informações que poderão ser capazes de determinar os impactos, tanto na estrutura da empresa e suas decisões, quanto os impactos sobre a economia local. Como ressaltado antes, esses elementos servirão para futuras pesquisas em relação à viabilidade técnico econômica das biorefinarias de etanol. Não se trata apenas de aplicar ferramentas de viabilidade financeira, no inicio desse artigo chama-se a atenção para o desenvolvimento de ferramentas interdisciplinares, capazes de auxiliar os agentes econômicos em suas decisões, reduzindo ao máximo as incertezas e riscos inerentes. 2.2 DESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL O desenvolvimento econômico tem sido estudado sob diversas abordagens. Muitos teóricos relegam ao segundo plano a componente “espaço”, que representa a localização das atividades humanas, em seus estudos sobre impactos econômicos.Existe uma diversidade de situações que não podem ser agrupadas em simples modelos macroeconômicos de desenvolvimento. Cada região guarda interrelações que podem levar certos “planos” a não atingirem o efeito desejado pelos governantes (LOPES,1980). A localização, que acontece no espaço, condiciona o desenvolvimento e este é condicionado pelas localizações, ou seja, pelas características espaciais. Em vista dessa 12 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" organização espacial impõem-se novas políticas de médio e longo prazo, novas formas de gerir esse desenvolvimento. O desenvolvimento regional não pode ser confundido com a organização das sociedades em termos espaciais, esse último assunto tem sido estudado a exaustão desde os tempos de Cantillon (LOPES,1980). Entende-se desenvolvimento como o atendimento das condições de sobrevivência de todas as pessoas, ou seja, não interessa apenas o crescimento econômico, embora esse seja meio de atingir o desenvolvimento, mas o acesso de todos as riquezas sem esquecer de atender os aspectos ambientais (LOPES,1980). A maior parte das teorias que trata sobre desenvolvimento econômico enfatizam a dinâmica do crescimento, paradoxalmente um tanto mecânica, pois não abordam a história completa do desenvolvimento e respondem mais ao “como” do que o “porquê”(BOISIER,1989). O desenvolvimento a longo prazo de uma região, e não apenas seu crescimento econômico, pode ser explicado como resultado da interação de três forças. Primeiramente o desenvolvimento depende de sua participação relativa no uso de recursos nacionais. O segundo aspecto são os efeitos (regionais) implícitos ou indiretos das políticas macroeconômicas e setoriais. Em terceiro lugar temos a capacidade de internalizar regionalmente o próprio crescimento. Em linguagem econômica significa a capacidade de reter e reinvestir na região uma parcela do excedente gerado pelo crescimento econômico. Implica também em transformar em benefícios sociais o crescimento econômico, estabelecendo um padrão endógeno de desenvolvimento (BOISIER,1989; BARQUERO,2001). Barquero (2001) sustenta, ao contrario dos modelos neoclássicos, que cada fator e o conjunto de fatores determinantes da acumulação de capital criam um entorno no qual tomam forma processos de transformação e de desenvolvimento das economias. As economias locais e regionais desenvolvem-se e crescem quando se difundem as inovações e o conhecimento entre as empresas e os territórios, de tal modo que aumenta o número e a diferenciação dos produtos, diminuem os custos de produção e se consolidam as economias de escala. O autor afirma ainda que quando as economias locais conseguem criar sistemas de alianças e redes de cooperação, novas formas de organização do sistema produtivo surgem , trazendo para a região um diferencial competitivo baseado em economias internas de escala, economias externas e economias em termos de redução de custos de transação, pela redução dos chamados custos de transação entre os atores, em virtude do aumento da confiança, proporcionado pela maior interação entre as empresas(BARQUERO,2001). Assim como Boisier (1989) Barquero(2001) traz em primeiro plano a articulação entre a sociedade e os sistemas econômicos, são abordagens voltadas para a ação, para a busca dos fatores que podem diferenciar uma região e com isso aumentar a capacidade de aumentar o bem-estar dessa mesma sociedade, que materializa-se na distribuição de renda e aumento do poder de participação social. A luz desses conceitos pode-se tentar entender o atraso relativo de algumas regiões tanto no Brasil, quanto no mundo. 3. DISCUSSÃO PRELIMINAR 13 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" 3.1 DIVERSIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO NO RIO GRANDE DO SUL Em 2003 o governo estadual lançou o programa Proflora, dentre outros objetivos o programa prevê fomentar o florestamento comercial em municípios da Metade Sul através do Programa Florestal da Região Sul. O projeto prevê a implantação de 40 mil hectares de eucaliptos, gerando, até 2014, receita bruta de R$ 200 milhões para os produtores. Está prevista a integração de 7,5 mil pequenos produtores de 27 municípios das regiões Zona Sul e Campanha à base de produção agroflorestal em implantação na Metade Sul. Essa integração se dará também com a participação de pequenos e médios agricultores - com áreas de até 300 hectares - ao investimento de implantação de base florestal da VCP na região(SEDAI,2006). O clima e solo adequados, assim como condições de logística, com estradas de ferro e portos, foram fundamentais para a escolha da Metade Sul para receber o investimento. Conforme a Emater, o setor de florestamento participa com 4% no PIB nacional e fatura US$ 21 bilhões. Os agricultores receberão capacitação, projeto e assistência técnica da Emater para o plantio das florestas. Além disso, serão orientados quanto à preservação ambiental da propriedade, recebendo para isso, gratuitamente da VCP, mudas de árvores nativas para reflorestamento, especialmente das matas ciliares(SAA,2006). O eucalipto poderá ocupar até 10% da propriedade, evitando a concentração em apenas uma atividade produtiva. A medida também visa à manutenção do equilíbrio ambiental da região. De acordo com a Emater, o projeto poderá se expandir para a Fronteira Oeste do estado do Rio Grande do Sul. Foram disponibilizados algumas linhas de crédito como o PROPFLORA (Programa de Plantio Comercial e Recuperação de Florestas ) do BNDES, o PRONAF floresta do governo federal com juros de 4% a.a , e o BB florestal vinculado ao Banco do Brasil. O governo do estado do RS também disponibilizou uma linha de crédito de R$30 milhoes, para projetos de até R$ 150 mil por safra, prazo de amortização de até 12 anos, carência máxima de oito anos e encargos financeiros de 8,75% ao ano, fixos, sem indexação(SAA,2006). Segundo o Engenheiro Agrônomo Floriano Isolan, que é diretor do Departamento de Fomento Econômico e Social da Caixa-RS, e coordenador do Programa de Financiamento Florestal Gaúcho (Proflora Caixa-RS) o projeto gaúcho esta todo assentado sobre o eucalipto. Segundo Floriano teremos menos de 5% do território gaúcho ocupado com eucalipto. Os dados abaixo resumem a entrevista feita com o Engenheiro. Os custos de florestas energéticas no estado de São Paulo são de US$ 1,16/ GJ para a situação hoje (com 44,8 m3/ha.ano, e 21,4 km de média de transporte) e de US$ 1,03 no futuro (com 56 m3/ha.ano, mesma distância). Estes valores dão uma idéia das vantagens comparativas do Brasil, vez que os parâmetros de campo do Brasil, em 2000, representam o ponto futuro projetado para o hemisfério norte, no ano de 2020 (BRACELPA, 2006). Ainda não se tem todos os dados disponíveis para se realizar semelhante análise para o estado do RS, mas os dados apresentam uma perspectiva positiva em relação aos custos de implantação dessas florestas. 14 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" 3.1.1 REFLORESTAMENTO NO RS – ALTERNATIVA ECONÔMICA ? Segundo a empresa Votorantim a geração de empregos, na nova unidade industrial, será de 3,4 mil vagas, diretas e indiretas. No período de implantação da fábrica, entre 2009 a 2011, outras seis mil vagas serão abertas. As atividades florestais gerarão cerca de 2,3 mil empregos diretos e indiretos, trazendo como vantagem adicional a geração de renda no campo e a fixação do trabalhador rural à terra. No total, a empresa estima que cerca de 34 mil empregos serão gerados em todas as cadeias produtivas afetadas pelo empreendimento, o que ainda precisa de verificação. As novas operações exigirão a contratação de serviços como manutenção, assistência médica, alimentação, segurança e transportes. Os salários pagos aos contratados irão movimentar o mercado imobiliário, o comércio, a indústria, os serviços e a agricultura. A empresa irá investir continuamente em suas atividades e contribuirá com os impostos e tributos municipais, estaduais e federais. A previsão da empresa é de que essa cadeia de geração e distribuição de riqueza alcance todos os municípios onde atua no RS. Aproximadamente 30% da madeira a ser consumida na nova fábrica da VCP no Sul será produzida em pequenas e médias propriedades, com a oferta de financiamento e garantia de compra da madeira. O plantio do eucalipto deverá ser feito de forma consorciada a outras culturas de ciclo curto e à criação de animais. A agrossilvicultura permitirá aos parceiros do programa a oportunidade de diversificação da produção, geração de trabalho e renda durante todo o ano e ao longo do ciclo da floresta. A VCP e o Instituto Votorantim também deverão implementar projetos sociais e ações de responsabilidade social corporativa, enfatizando a relação com fornecedores e clientes. Outros cuidados são apontados pela empresa, como a redução dos poluentes químicos, pela adoção de praticas de produção limpa. Segundo José de Castro Silva, da Universidade de Viçosa, a agrossilvicultura é a integração da silvicultura (cultura de florestas) com a agricultura e a pecuária. Além de produzir madeira de boa qualidade, gera ainda outras receitas durante o ciclo da madeira. A técnica resume-se a plantar árvores em espaçamentos mais abertos, suficientes para a circulação de máquinas para a preparação do solo, plantio e colheita dos grãos (SILVA, 2007). Os primeiros experimentos da VCP começaram a ser implantados em outubro de 2004, na Fazenda Aroeira (município de Candiota – RS), onde cerca de 1,5 mil hectares foram destinados à prática: a área de plantio de eucalipto é consorciada, de acordo com a estação do ano, com sorgo, soja, melancia, abóbora, melão, trigo e girassol, com bons resultados na colheita. Além dessa receita com a venda dos produtos plantados, a produção de resíduos no manejo da plantação de eucalipto poderá fornecer matéria prima para a produção de briquetes,laminados de madeira e etanol de celulose. A questão é verificar quais as melhores opções de localização dessas empresas na região, de forma a minimizar os custos de logística. 15 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Outro elemento introduzido na região é a poupança florestal , que prevê moldes de integração entre o produtor e a empresa à semelhança da produção de fumo. O agricultor, pequeno em especial, recebe garantias de preço (R$18/m3 – cotação atual) e tem acesso a financiamento bancário com taxas reduzidas. Ainda não se pode verificar se todos estes elementos irão realmente impulsionar a atividade na região integrando totalmente o pequeno e médio produtor,no entanto a proposta das empresas que atuarão na região traz boas perspectivas. Segundo Rodiguieri (1997) além da rentabilidade econômica e menor uso de agroquímicos, o plantio de árvores apresentam as seguintes vantagens: • • • • • Podem ser implantados em áreas de menor valor da propriedade; Em sistemas agroflorestais (combinação de cultivos simultâneos e seqüenciais de espécies arbóreas nativas e/ou introduzidas com cultivos agrícolas, hortaliças, fruteiras, criação de animais, etc.) produzem alimentos e madeira na mesma área; Contribuem para a redução da erosão do solo; Apresentam maior flexibilidade de calendário das operações de cultivo como: preparo do solo, plantio, tratos culturais, manejo e exploração; Apresentam menores riscos técnicos de produção. Como dito antes, mesmo que a produção da região se concentre apenas na celulose, o volume de resíduos é muito grande na produção de eucalipto. A vantagem é que o resíduo da celulose é padronizado, o que facilita a produção de etanol e outros produtos. Os dados apresentados pelas pesquisas indicam um percentual de resíduos entre 32% e 70%, dependendo do tipo de eucalipto. Esses dados são apenas indicativos, pois não existe consenso sobre as metodologias de calculo de resíduos na produção florestal (VIEIRA,2006). Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária(EMBRAPA) a receita por hectare para a plantação de eucalpto na regiao sudeste é de R$ 9.059,09. Esse valor corresponde a receita com a venda após 7 anos de implantação. O custo total esta em R$ 7.257,36, também para todo o período. O que indica um lucro de R$ 1.801,73. A taxa de retorno é de 11,26 % a.a. (EMBRAPA,2006). Segundo Rodighieri (1997) a receita total no RS é menor que os dados apresentados para o Centro-Oeste e o Sudeste, no entanto o custo também é menor. Isso indica uma rentabilidade financeira por hectare maior, sem considerar as receitas de consorciação, que não foram consideradas aqui. Comparativamente podemos verificar que a região em que estão sendo implantadas os projetos de reflorestamento são historicamente regiões de produção de agropecuária, com destaque para algumas regiões produtoras de frutas, recentemente implantadas na metade sul, mas que ainda não foram capazes de superar a inércia da região em termos econômicos e sociais. Se considerarmos o intervalo de lucratividade da pecuária veremos que a agrosilvicultura possui uma tendência positiva, pela diferença de custos e rendimentos da 16 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" produção. É preciso levar em conta também que esses projetos prevêem a diversificação da pequena produção rural. Tabela 1 . Índices zootécnicos da pecuária atual e da Tecnificada/intensificada. Pecuária* Índices de produtividade Tradicional Tecnificada/Intensiva Produção por área (kg/ha/ano) 70 a 160 2540 a 720 Receita bruta por hectar (R$/ha/ano) 126 a288 288 a1.152 108 108 a 432 18 a180 180 a 720 Custo (R$/ha/ano) Lucratividade (R$/ha/ano) *Considerando rebanho estabilizado Fonte: EMBRAPA. (2007). Embora não se afirme com certeza que a produção gaúcha é qualitativamente melhor do que o resto do país, os projetos no RS indicam uma maior preocupação com a renda ao longo dos projetos para o pequeno produtor, ao invés do modelo de grande empresa do sudeste e centro-oeste. As indicações dadas pela rentabilidade das atividades apontam uma lucratividade positiva para a agrosilvicultura. O que indica também que um aumento na demanda por produtos derivados de celulose, por meio da instalação de uma biorefinaria de produção de etanol, poderá vir a beneficiar a economia gaúcha. Embora muitas iniciativas estejam sendo postas em andamento, como o caso dos projetos de reflorestamento, ainda não se tem dados para verificar se houve ou não melhoras nas condições de vida das populações residentes. Estes dados são apenas indicativos que alguma ação precisa ser tomada, visando a inclusão dessas populações de produtores rurais, sem esquecer as questões ambientais, que esta na base de qualquer empreendimento responsável. 3.2PROPOSTA DE ESTRUTURA ANALÍTICA PARA O ETANOL DE CELULOSE Para finalizar as principais discussões tem-se uma proposta de estrutura analítica, que resume o que foi abordado ao longo do artigo. No Brasil temos uma lógica dual nas cadeias voltadas para a produção de combustíveis renováveis. Apesar de estar em atualização essa estrutura analítica deixa indicados alguns desafios a serem enfrentados pela produção de biomassa florestal e etanol de celulose. 17 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Quais serão os impactos sobre a economia local? Como irá se desenhar a estrutura de produção e distribuição do etanol? Ainda restam dúvidas, mas espera-se que com o desenvolvimento de novas pesquisas elas possam ser respondidas. Etanol de Celulose IMPACTOS IMPACTO S REGIONAIS / NACIONAIS LO CAIS/ REGIO NAIS Aspectos Institucionais Financiamento ESCALA USINAS TECNOLOGIA PRODUÇÃO LOCAL Regulação Inve stime ntos: Infraestrutura Logística DIFERENTES CULTURAS - EMPRESAS - SINDICATOS - GOVERNOS - COOPERATIVAS - ONG`S Impactos na Estrutura Agrária Impactos na Estrutura Tecnológica Impactos na Estrutura Econômica Regional DISTRIBUIÇÃO LOGÍSTICA Impactos na Sociedade : Re nda e Empre go, Be m Estar Redes de Pesquisa Impactos na Estrutura Distribuição/Logística Figura 4 : Estrutura Analítica para o Etanol de Celulose no Brasil. Fonte: Elaboração dos autores. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em todo o mundo busca-se uma saída para reduzir a dependência do petróleo, pela introdução, em escalas significativas e competitiva, de energias renováveis como a solar, eólica e biomassa. Esforços nesses sentidos têm origem expressiva desde o primeiro choque no preço do petróleo na década de 70. Os investimentos em pesquisa e desenvolvimento de alternativas energéticas, entretanto caíram entre as décadas de 80 e 90 e desde então têm permanecido em níveis relativamente estagnados. 18 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Nos Estados Unidos, os gastos em P&D na indústria energética têm estado abaixo da média dos gastos em outros negócios, o que vem afugentando talentos em pesquisa desse setor. O que também ocorre em outros países (CLERY,2007). Será necessário investir recursos elevados em PD&I, especialmente na hidrólise da celulose. Em função disso, e para evitar choque de competitividade, o Brasil necessita investir na mesma linha, com potencial altamente promissor (PLANO NACIONAL DE AGROENERGIA,2006). O benefício ambiental associado ao uso de álcool é considerável: cerca de 2,3 t de CO2 deixam de ser emitidas por tonelada de álcool combustível, utilizado em lugar do combustível fóssil, sem considerar outras emissões, como o SO2 (ABRAF,2006) . Devido à alta do preço do petróleo, os investimentos em plantas de produção de etanol têm crescido de maneira vertiginosa. A viabilidade da produção de etanol é condicionada a limitações de ordem tecnológica, seja no cultivo da matéria prima, seja no seu processamento e transformação em álcool. As condicionantes residem principalmente no processo de separação da lignina da celulose. Já existem iniciativas de empresas de biotecnologia no desenvolvimento de enzimas que tornem o processo e viabilizem a produção de etanol (WALD, 2007). A maioria desses esforços e projetos ainda são financiados pelo poder público. Muitas das dificuldades em implantar tais iniciativas provêm da incerteza quanto ao preço do petróleo, que pode baixar e inviabilizar a busca por alternativas energéticas, dado que se tornam não competitivas (CLERY, 2007). O estudo da viabilidade técnica, econômica, e social da implantação de uma usina produtora de etanol a partir de celulose fica como sugestão de novas pesquisas. Nosso objetivo era o de apresentar elementos que apontem caminhos de diversificação econômica, tendo em vista o movimento internacional de investimentos na área de combustíveis renováveis, reduzindo com isso a dependência de recursos e promovendo a inserção da economia gaúcha no mercado internacional de etanol. Podemos dizer que a emergência de um desenvolvimento sustentável têm requerido o desenvolvimento de políticas econômicas, sociais e ambientais para estabelecer uma nova perspectiva que possa responder de forma direta aos problemas ecológicos, econômicos e sociais de nossa era (CLERY,2007). 5. 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