PROFESSOR: UM SUJEITO-LEITOR
SUJEITO
DE CIÊNCIA
APRESENTAÇÃO
Augusto Andriery Silva
Curso de Letras – UCB – aluna de Iniciação Científica
Gláucia Pereira de Souza
Curso de Letras – UCB – aluna de Iniciação Científica
Juliana Raimualdo Baena1
Curso de Física – UCB – Iniciação Científica
Mariza Vieira da Silva
COORDENADORA
[email protected]
Curso de Letras - Universidade Católica de Brasília
Este trabalho apresenta resultados do projeto de pesquisa “Professor: um sujeito-leitor de
ciência. Trata-se de um projeto de natureza multidisciplinar que integra os cursos de
licenciatura em Letras, Física e Química da UCB e está também articulado ao Grupo de Pesquisa
“Estudos Discursivos” do Diretório de Grupos de Pesquisa no Brasil – CNPq/UCB.
A pesquisa tem como objetivo produzir uma forma de conhecimento sobre a leitura e sobre o
professor como sujeito-leitor
leitor de ciência, tendo como referencial teórico e metodológico a
Análise de Discurso e como corpus diferentes tipos de textos - impressos e eletrônicos -, em
que se observa o funcionamento dos discursos dos manuais didáticos e da divulgação científica
e, conseqüentemente, os lugares de interpretação em que o sujeito professor exerce sua
função de leitor e autor.
Apoio: PRP-UCB – Edital de Pesquisa 1/2004
1 Orientanda de IC de Henrique César da Silva (Física/UCB)
AS DISCIPLINAS E SUAS REPRESENTAÇÕES
O objetivo deste painel é colocar em discussão a interface problemática entre a constituição dos conhecimentos sobre a linguagem (aí estando incluídas a
língua e a literatura), a física e a química e as suas modalidades de circulação e apropriação, mais especificamente, pela relação entre conhecimento científico
e conhecimento escolarizado, que se organiza em torno da noção de “disciplina”, presente na escola, mas também na universidade.
REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO
A Análise de Discurso é o referencial teórico e metodológico desta pesquisa. É um dispositivo teórico e um instrumento de análise para interpretar textos, em que
as palavras não são tomadas por si mesmas, mas pelas posições que ocupam as pessoas que as falam. A Análise de Discurso se constituiu pela articulação de três
campos do conhecimento: o Materialismo Histórico, a Lingüística e a Psicanálise.
Dispositivo Teórico - Alguns conceitos
Linguagem: Mediação entre o homem e a realidade, produção social,
trabalho simbólico. No funcionamento da linguagem se dá um complexo
processo de constituição do sujeito e de sentidos, e não apenas
transmissão de informação.
Condições de produção: Elas compreendem, em sentido estrito, os
sujeitos envolvidos no processo de interlocução e a situação; e em
sentido mais amplo, o contexto sócio-histórico, ideológico.
Interdiscurso: é definido como aquilo que fala antes, em outro lugar,
independentemente, o que chamamos memória discursiva. O
interdiscurso disponibiliza dizeres que afetam o modo como o sujeito
significa em uma situação discursiva dada.
RESULTADOS PARCIAIS
Corpus A
A disciplina é um princípio de limitação, de controle do discurso admitido como
verdadeiro em um campo de conhecimento determinado, que se reformula à
medida que se atualiza esse mesmo campo de conhecimento. Compreender
como um campo se constitui, circula e se reformula irá nos permitir
compreender também as práticas pedagógicas e seus efeitos. A descrição e
análise dessa tira nos levaram a alguns resultados importantes para
começarmos a pensar na história da literatura como disciplina escolar.
1. O conhecimento literário e a lingugem não-verbal
- reprodução de um imaginário
- contos de fadas e tiras
2 A representação do amor na literatura
2.
Dispositivo Analítico -- Corpus
- velho X novo
Corpus A
- masculino X feminino
Nosso primeiro recorte de texto para descrição e análise incidiu sobre
um manual didático, Novo Ensino Médio: Português, no capítulo que
trata do trovadorismo, mais especificamente, de uma tira de Wiley Miller,
que ali aparece, visando dar um tratamento atual a um tema da
disciplina Literatura.
3. Gestos de leitura do literário
- ironia
- atualidade
Corpus B
•
Noção problemática de texto e leitura no ensino de Física
Os três professores reproduzem um imaginário, em que o uso de textos é algo
importante e valorizado e, ao mesmo tempo, são pegos pela história de sua
disciplina escolar (a Física) onde o fazer (exercícios) é o componente que
identifica a disciplina em oposição ao ler (que não faria parte da história da
constituição dessa disciplina).
Textos de “conteúdo” não parecem ser considerados textos e não fazem parte
das representações da disciplina.
Corpus B
Trabalhamos também em uma escola de Ensino Médio da rede pública
do DF fazendo entrevistas com professores de Física e observando o
cotidiano escolar.
Prática de resolução de exercícios (pertence à Física) x prática de leitura de
textos (pertence a outras disciplinas – Português)
Relação ciência e cotidiano
Os professores ao dizerem que o texto é importante para aplicar o conteúdo
no/do cotidiano, têm convicção (evidência ideológica) de que o uso do texto é
importante apenas para esse fim.
BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, Maria José P. M. Discursos da ciência e da escola:: ideologias e leituras possíveis. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004.
____. O texto escrito na educação em física: enfoque na divulgação científica. In: ALMEIDA, Maria José P.M. e SILVA, Henrique
Henriqu C. (Orgs.). Linguagens, leituras e ensino da ciência. Campinas, SP: Mercado
de Letras: Associação de Leitura do Brasil, 1998. p. 53-68.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso.. Trad. Laura F. de Almeida Sampaio. SãoPaulo: Edições Loyola, 1996.
LOPES, Alice R. C. Conhecimento escolar: ciência e cotidiano. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1999.
MAIA, João Domingues. Novo Ensino Médio: Português. São Paulo: Ática,2000.
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18
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____. Análise de discurso: princípios e procedimentos. Campinas, SP: Pontes, 1999.
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As disciplinas e suas representações