A cidade industrializada e seus reflexos negativos na saúde da população – Parte 2 A fim de que haja um melhor entendimento da dimensão cidade faz-se mister conceituar este espaço no momento. Entende-se por cidade a toda extensão de terra que abriga a sede municipal existente, independentemente, de suas características estruturais e funcionais. Isto é o que reza o Decreto-Lei 311 de 1938 Tomando-se este decreto e tendo por base que ...”em 70% dos Estados Brasileiros a densidade demográfica dica abaixo de 40 hab/km2 enquanto que o parâmetro internacional é de 150 hab/km2.” Então, poderíamos afirmar que apenas 455 municípios brasileiros seriam considerados urbanos. Em assim sendo, vemos que a densidade demográfica determina os efeitos da industrialização nas cidades visto serrem as populações responsáveis sobre ações no ecossistema. Segundo Veiga(2004) existe uma irrisória pressão antrópica sobre o ecossistema. A pressão antrópica consiste no impacto causado no meio ambiente por atividades humanas. Esta é evidenciada através de um método do tipo estoque-fluxo, baseado em dados municipais que determina a relação entre densidade e crescimento da população urbana e rural, a produção agrícola (arroz, milho, feijão, soja e trigo, etc.) e pecuária (bovinos, suínos, caprinos, etc.). O elevado crescimento da população humana aumenta a ocupação antrópica, que se traduz numa pressão antrópica excessiva sob os subsistemas terrestres - litosfera, hidrosfera, atmosfera e biosfera -, contribuindo para o seu desequilíbrio. Com os mesmos critérios fica estabelecido o índice da pressão antrópica (IPA) que permite as comparações inter e intrabiomas. A partir deste índice é realizada a regionalização na qual áreas com pressão alta, evidenciadas por esse indicador, são delineadas agregando conjuntos de municípios com pressão alta e/ou muito alta. Então, se considera cidade um determinado aglomerado urbano com certo número de habitantes e que possua um IPA alto. (KOTCHETKOFF-HENRIQUES, 2003) Para a ONU esse número não deve exceder a de 20 mil habitantes. Já na concepção econômica de cidade, fundamentada na doutrina de Weber que analisa toda cidade como um local onde se constrói e se desenvolve o mercado esta deverá abarcar todas as atividades que estabelecem desenvolvimento e crescimento. Apesar das diferentes concepções individuais e ou coletivas podemos caracterizar ou classificar as cidades por aquilo que estas representam em relação à cultura, ao que ela disponibiliza aos cidadãos, ao número da população residente, pelo seu desenvolvimento. Podemos, também, caracteriza-la pela importância que a mesma ocupa em relação ao seu entorno, pela função social, pela sua economia, pelo que ela representou ao longo de sua história entre outros. “... as cidades são ecossistemas interdependentes de outros sistemas que constituem seu entorno, formando uma unidade íntima cidade-entorno”. (RUEDA, 2000) É evidente que, essa análise tem seu sentido ao se fazer uma releitura de exemplos e tirar lições para que novas soluções sejam aplicadas no ambiente urbano nos países nãoindustrializados e não sejam repetidos os mesmos erros do passado. A concepção econômica de cidade, fundamentada na doutrina de Weber (1987) analisa toda cidade como um local onde se constrói e se desenvolve o mercado. Esta teoria se pauta no sentido de caracterizar os segmentos de atuação das cidades como subsistemas, quais sejam: a concepção de subsistema, que considera a cidade como um conjunto de subsistemas no sistema nacional geral. Nos subsistemas administrativos a cidade é a sede de organizações públicas; nos comerciais, é o centro do comércio no sistema nacional; nos industriais, forma o nexo da atividade industrial no país e nos socioculturais é o local propício ao florescimento destas atividades. Alva (1997) afirma que essa acelerada expansão urbana acabou por criar “deseconomias” de aglomeração e por inverter o sentido das “externalidades”, as quais passam a ser negativas ao desenvolvimento. Alva(1997) conceitua como “deseconomia e externalidade” a todos os produtos da cidade que trazem prejuízo ao cidadão, tais como matérias que afetam ao meio urbano. Estas “deseconomias e externalidades” se apresentam materialmente como degradação do meio ambiente urbano como a contaminação das águas, produção excessiva de calor, uso irrestrito do automóvel queimando combustíveis fósseis, gases e partículas que permanecem em suspensão e a produção de resíduos industriais e domésticos não recicláveis pelos sistemas produtivos, nem biodegradáveis pela natureza. Esses fatos põem definitivamente em cheque o modelo metropolitano tradicional de ordenamento territorial que se limita a indicar quais são as funções previstas e a compatibilidade entre elas. REFERÊNCIAS ALVA, Eduardo Neira. Metrópoles (in) sustentáveis. Rio de Janeiro, Relume Dumará, 1997. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNEA. 3ª ed. Brasília: Editora do Ministério do Meio Ambiente. 2005. 102p. KOTCHETKOFF-HENRIQUES, Olga. Caracterização da vegetação natural em Ribeirão Preto, SP: Bases para conservação. Caracterização da vegetação natural em Ribeirão Preto, SP: Bases para conservação, 2003. RUEDA, Salvador. Modelos de ciudad: indicadores básicos. Las escalas de la sostenibilidade. Quaderns D’arquitetura e urbanismo. Barcelona, Collegio D’ Arquitetos de Catalunya, mar. 2000, p. 27. VEIGA, A dimensão rural no Brasil, Disponível em : http://www.econ.fea.usp.br/seminarios/artigos/dimensao_rural.pdf Acesso em 25/05/2006 VEIGA, José Eli da. Destinos da ruralidade no processso de globalização. Estud. av., 2004, vol.18, no.51, p.51-67. ISSN 0103-4014. WEBER, M. Conceito e categorias de cidades. In: VELHO, O.G.(org) O fenômeno urbano. Rio de Janeiro. Guanabara, 1987