PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS USUÁRIOS DA HEMODIÁLISE NO MUNICÍPIO DE PARACATU–MG 1 Bruno Mendes Galvão 2 Danilo de Santana Neiva Gonçalves 3 Eduardo Santos de Almeida Freire 4 Ismael Vieira Borba Filho 5 Transfides Sousa Lemos Junior 6 Helvécio Bueno 7 Talitha Araujo Faria RESUMO A doença renal crônica é uma preocupante afecção degenerativa que aflige a cidade de Paracatu-MG, causada principalmente pelos fatores de risco (hipertensão arterial, diabetes mellitus, rins policísticos, glomérulo nefrite crônica, etc.), além de hábitos de vida indisciplinados, com ausência de acompanhamento médico regular. O estudo visa revelar a frequência de tais fatores em usuários do centro de hemodiálise da cidade. Os resultados serão colhidos através de formulários pré-definidos com o intuito de nortear os pesquisadores na coleta de dados a partir de prontuários dos pacientes e também serão usados fontes de dados secundárias do ministério da saúde e do próprio serviço de saúde em questão - o centro de hemodiálise. Os resultados encontrados farão parte de um trabalho estatístico para uma análise mais apurada dos aspectos epidemiológicos do universo de pacientes da instituição de estudo. Palavras-chave: hemodiálise, perfil epidemiológico, fatores de risco, doença renal crônica. ABSTRACT Chronic kidney disease is a degenerative disease that afflicts worrying the city of Brazil, caused mainly by risk factors (hypertension, diabetes mellitus, polycystic kidneys, glomerular nephritis chronic, etc.), and undisciplined lifestyle, with no regular medical follow-up. The study aims to reveal the frequency of such factors in users of hemodialysis center at the city. The results will be collected through predefined forms in order to guide the researchers to collect data from patients' records and will also be used secondary data sources from the health ministry and the very health service in question - the center hemodialysis. The results will be part of a statistical work for a 1 Acadêmico de medicina da Faculdade Atenas, Rua Bálsamo, 658, Nossa Senhora Aparecida, 38800-000, São Gotardo-Mg. E-mail: <[email protected]>. Telefone: (34) 91615252, 2 Acadêmico de medicina da Faculdade Atenas, 3 Acadêmico de medicina da Faculdade Atenas, 4 Acadêmico de medicina da Faculdade Atenas, 5 Acadêmico de medicina da Faculdade Atenas, 6 Professor Orientador do curso de Medicina da Faculdade Atenas, 7 Professora Orientadora do curso de Medicina da Faculdade Atenas. more detailed analysis of the epidemiological aspects of the universe of patients in the study institution. Keywords: hemodialysis, epidemiology, risk factors, chronic renal disease. Introdução Nos últimos anos no Brasil a expectativa de vida da população cresceu devido às diversas melhorias na qualidade de vida, principalmente no âmbito da saúde quando se implantou o Sistema Único de Saúde como um programa de saúde pública. Dessa maneira, a prevalência de doenças transmissíveis ficou em um patamar inferior quando comparado ao grande aumento de doenças crônicodegenerativas, dentre as quais existe a doença renal crônica (DRC) (GRASSMANN et al., 2005). A DRC pode evoluir, quando não tratada, para uma insuficiência renal crônica terminal (IRCT). Para tratamento dessa condição existem as terapias renais substitutivas (TRS): hemodiálise, dialise peritoneal e transplante renal. Pacientes com DRC sofrem de morbidades que implicam em incapacidade funcional (GRASSMANN et al., 2005). Segundo Guyton e Hall (2011, pág. 310) “Cada rim contém cerca de cerca de 1 milhão de néfrons, cada um deles capaz de formar urina. O rim não pode regenerar novos néfrons. Portanto, com a lesão renal, doença ou envelhecimento, há um gradual declínio no número de néfrons”. A perda progressiva e irreversível da função dos rins é uma lesão consequente da doença renal crônica. Quando os rins não conseguem manter o equilíbrio do meio interno do paciente, acontece sua fase mais evoluída, definida como Insuficiência Renal Crônica (IRC). Os custos e o sofrimento dos pacientes são reduzidos através do diagnóstico precoce e de condutas terapêuticas apropriadas. Doenças como: hipertensão arterial sistêmica (35,1%), diabetes mellitus (28,4%), rins policísticos (3,8%), glomérulo nefrite crônica (11,4%), outros (12,0%) e indefinidos (9,3%) estão entre as principais causas de DRC (SESSO et al., 2012). Dentro das TRSs, resultados do Censo brasileiro de diálise em 2011 revelou que o número de pacientes em tratamento dialítico passou de 42.695, em 2000, a 91.314, em 2011. O estudo também revelou o percentual de pacientes em diálise: com idade menor ou igual a 18 anos (1,6%), entre 18 a 64 anos (66,9%), 65 a 80 anos (27,2%) ou >80 anos (4,3%). Dentre os pacientes em tratamento, 57% eram do sexo masculino. Em julho deste ano da pesquisa, foi levantado que 90,6% dos pacientes em diálise crônica faziam tratamento por hemodiálise e 9,4% por diálise peritoneal (SESSO et al., 2012). Do ponto de vista humanístico, pacientes em tratamento de hemodiálise convivem com mudanças de estilo de vida, uma vez que a DRC é de longo prazo, dolorosa e acarreta em limitações na própria qualidade de vida e na qualidade de vida dos familiares (HIGA, 2008). É importante ressaltar a qualidade de vida como um aspecto de saúde nos pacientes em tratamento hemodialítico, caracterizados por se inserirem em um cotidiano monótono e restrito a poucas atividades diárias, favorecendo o sedentarismo e a deficiência funcional, fatores estes que interferem na qualidade de vida (MARTINS e CESARINO, 2005). O enfermo que apresenta o mau funcionamento renal precisa se acostumar com a nova condição por ele vivida, no intuito de lidar com as mudanças provocadas no seu dia-a-dia. É de fundamental importância o apoio da família ao paciente, pois se torna necessário reorganizar e adaptar as rotinas de acordo com o tratamento, com o objetivo de proporcionar cuidado e segurança, buscando a melhoria do paciente (RAMOS, 2008). O número estimado de óbitos por DRC foi de 18.187, correspondendo a uma taxa de mortalidade bruta de 15,2%, tendo como referência os pacientes que fizeram diálise no ano de 2011. A prevalência de pacientes em TRS no Brasil encontra-se em um nível inferior quando comparada com outras nações (SESSO et al., 2012). Contextualizando, os estabelecimentos de saúde municipais somam um total de 28 unidades frente a 15 da rede privada (IBGE, 2010). Quanto à demografia, sua população estimada para 2014 era de 90 294 habitantes. Cor parda corresponde a 58%, branca 24,5% e negros 16% da população (IBGE, 2013). Este estudo possui como objetivo apontar o perfil epidemiológico dos usuários do centro de hemodiálise no município de Paracatu-MG, a fim de estabelecer as características ou situações comuns mais prevalentes e a influência delas no atual quadro de doença renal apresentado pelos pacientes, além de analisar os dados colhidos e compará-los. Métodos Foi realizado um estudo descritivo transversal, quantitativo e observacional, que deu enfoque ao universo de usuários do Centro de Hemodiálise da Cidade de Paracatu – MG, a partir de materiais físicos, isto é, os prontuários dos pacientes submetidos ao tratamento, que totalizaram 52 pessoas. Primeiramente foi encaminhado um ofício ao gestor responsável pela unidade de saúde, solicitando autorização para a coleta de dados dos prontuários do mesmo. Foram analisadas as seguintes variáveis sóciodemográficas: sexo, raça, idade, escolaridade, estado civil; diagnósticos; fatores determinantes no atual quadro de doença renal (doenças de base); hábitos de vida como tabagismo, índice de massa corporal, etilismo e sedentarismo; marcadores bioquímicos de disfunção renal; avalição psicológica. Para acessar os dados, seguindo aspectos éticos da Resolução 196/96, os autores estão resguardados por um documento emitido pelo Comitê de Ética e Pesquisa da instituição de ensino que foi deferido e autorizado pelo gestor da unidade de saúde. Tal documento confere à pesquisa seu caráter idôneo, mantendo a qualquer custo o anonimato dos pacientes. Vale ressaltar que a pesquisa tem caráter estritamente acadêmico sem qualquer espécie de fins lucrativos. Os dados coletados foram digitalizados e tabulados via software: Microsoft Word, Excel (2013). Posteriormente, a tabulação dos dados coletados visou sistematizar, com base estatística, as características dos pacientes para uma análise comparativa e interpretativa, incluso determinação de prevalência e frequência das variáveis pesquisadas. Resultados No presente estudo verificou-se que os homens são a maioria dos pacientes da hemodiálise (56%). Os pacientes, predominantemente, são de baixo nível de escolaridade, pois apenas 19,3% (exclusos dados não encontrados) possuem ensino médio completo. Em relação à idade, 76,9% encontravam-se acima de 41 anos, revelando a variável idade avançada como fator de risco para a doença renal. O menor índice esteve na faixa etária de 10-20 anos, conforme o gráfico 1. Os pacientes, em sua maioria, são naturais da própria cidade (75%), enquanto que o restante procede de cidades vizinhas diferentes: Campos Belos, Guanhães, Uberaba, Presidente Olegário, João Pinheiro, Pompeu, Vazante, Luziânia e Unaí. Quanto ao estado conjugal, 34 são casados (65,5%), 12 solteiros (23%) e 6 (11,5%) são divorciados ou viúvos. Aponta-se que 42,3% dos pacientes se consideraram como negros, 21,2% brancos, 17,3% pardos. Quanto ao restante, não foram encontrados dados a respeito. Gráfico 1: Porcentagem das faixas etárias entre os pacientes IDADE 25 20 15 10 5 0 10 -20 21-30 31 - 40 41-50 51 - 60 61 - 70 71 - 80 81 - 90 Dentre os diagnósticos etiológicos mais presentes, destaca-se a nefropatia diabética e causa idiopática. Doença renal policística congênita do adulto, glomerulonefrite e nefroesclorose hipertensiva crônica possuem prevalência média (tabela 1). Funcionalmente, grande parte dos pacientes foi diagnosticada no estagio V da DRC (30%) e outra grande maioria possui IRC (23%). DRC terminal representou 11% (Tabela 2). Pela análise geral identifica-se que, na população em estudo, todos apresentavam pelo menos um tipo de doença associada quando diagnosticados com doença renal, apesar de dados falhos não encontrados nos prontuários (30%). Comorbidades como a hipertensão arterial sistêmica e o diabetes tiveram importante relevância, de acordo com a tabela 3. Tabela 1: Diagnóstico etiológico dentre os pacientes da pesquisa ETIOLOGIA EM % Doença renal policística congênita do adulto GNC não específica Sindróme de Alport Não consta Nefropatia familiar IRC 9 2 4 13 2 2 Glomerulonefrite crônica Nefropatia diabética Nefroesclorose hipertensiva Hiperplasia protática benigna Glomerulonefrite rapidamente progessiva Glomerulopatia membranosa Bexiga neurogênica Nefropatia hipertensiva Idiopática TOTAL 7 17 6 2 2 2 2 4 26 100 Tabela 2: Diagnóstico funcional dentre os pacientes da pesquisa ETIOLOGIA FUNCIONAL EM % Insuficiência renal crônica DRC estágio V Não consta Nefropatia diabética Único rim e nefropatia familiar DRC terminal DRC Nefropatia hipertensiva TOTAL 23 30 22 6 2 11 2 4 100 Tabela 3: Doenças associadas ETIOLOGIAS SECUNDÁRIAS EM % Hipertensão arterial sistêmica Não consta Transplante Rejeição crônica de evento renal Diabetes Hidronefrose severa Hiperparatireoidismo Anemia Obesidade Epilepsia ICC TOTAL 42 25 2 2 14 2 2 2 4 2 3 100 Em relação ao IMC, os indivíduos foram classificados entre as categorias determinadas pelo ministério da saúde (tabela 4). Peso normal foi o que mais ocorreu. Tabela 4: IMC (kg/altura2) baseado com o peso no momento de admissão à hemodiálise Categoria IMC (Kg/m2) Quantidade Baixo peso (<18,5) 3 ( 5,8% ) Peso normal (18,5 – 24,5) 24 ( 46,2% ) Pré-obeso (24,5 – 29,9) 9 ( 17,3% ) Obeso 1 (30 – 34,9) 2 ( 3,8% ) Obeso 2 (35 – 39,9) 1 ( 1,9% ) Obeso 3 (≥40) 0 ( 0% ) Não consta 13 ( 25% ) A Tabela 5, a seguir, retrata a situação da função renal dos pacientes com base em exames laboratoriais. Tabela 5: Parâmetros bioquímicos em pacientes em tratamento regular Ureia sérica < 15 mg/dL ou 2,5 mmol/L0 15 mg/dL a 40mg/dL ou 2,5 a 6,6 mmol/L > 40 mg/dL ou 6,6 mmol/L Não consta % 0 10 70 20 Creatinina sérica Homens < 0,6 mg/dL ou 53 mol/L 0,6 a 1,1 mg/dL ou 53 a 97 mol/L > 1,1 mg/dL ou 97 mol/L 0 10 32 Mulheres < 0,5 mg/dL ou 44 mol/L 0,5 a 0,9 mg/dL ou 44 a 80 mol/L > 0,9 mg/dL ou 80 mol/L 4 6 25 Não consta 23 Taxa de filtração glomerular > 90 mL/min 60 a 89 mL/min 30 a 59 mL/min 15 a 29 mL/min < 15 mL/min Não consta 0 0 0 20 42 38 Foi verificado que a pressão arterial (PA) média, no momento de submissão ao centro de hemodiálise, isto é, antes do inicio de qualquer intervenção, foi de 147x90 mmHg (mediana=150 x 90 mmHg; DP=25 mmHg sistólica e 13 diastólica). Considerando a última consulta, a PA imediatamente antes do início do tratamento com a máquina de hemodiálise obteve média de 140x88,2 mmHg (mediana=140x90 mmHg; DP=24 sistólica e 19 diastólica) e a PA média ao término da sessão foi de 130,9 x 83,8 mmHg (mediana=130x80 mmHg; DP=21 sistólica e 13 diastólica). Dos indivíduos, 75% não praticam atividade física e 80% não são tabagistas. Quanto ao consumo de bebidas alcoólicas, apenas 15,5% alegam fazer uso delas. A tabela 6 resume a avaliação autodeclarada pelos pacientes quanto as variáveis de estado psicológico. Tais dados foram anexados aos prontuários pela equipe de psicologia que acompanha os pacientes. Tabela 6: Avaliação psicológica Bom Regular Ruim Sem dados Autoconceito 16(30,7%) 18 (34,8%) 6 (11,5%) 12 (23%) Autoestima 18 (34,8) 17 (32,7%) 5 (9,5%) 12 (23%) Ansiedade 14 (26,9%) 15 (28,8%) 12 (23%) 11 (21,3%) Depressão 11 (21,3%) 17 (32,7%) 9 (17,2%) 15 (28,8%) DISCUSSÃO A distribuição de pacientes em diálise pelo censo brasileiro, segundo Sesso et al. (2011), por sexo é de 57,7% homens e 42,3% mulheres. Neste mesmo censo, a distribuição por faixa etária revelou que 63,6% dos pacientes estão na faixa etária de 19 a 64 anos. . O presente estudo corrobora com esses números: predomínio de homens (56%) e 73% dos pacientes estão na faixa etária entre 20 a 70 anos. Informações sobre a cor da pele -42,3% negros- coincidem com o resultado de Godinho et al. (2006), no qual a prevalência da cor negra foi de 37,4%. O nível de educação baixo mostra-se associado ao atual desfecho dessas pessoas. Sem acesso a informação, os cuidados com a saúde tendem a serem poucos, principalmente no quesito prevenção dos fatores de risco. Essa variável reflete também no baixo nível socioeconômico dos pacientes, o que contribui consideravelmente na baixa qualidade de vida. Segundo Higa et al. (2007), os doentes sob terapia de hemodiálise relataram dificuldades em lidar com as restrições que afetam e influenciam sua qualidade de vida. Tal contexto relaciona-se à esfera psicológica dos pacientes, apesar de que no presente estudo, os dados mostrarem que as variáveis autoconceito, autoestima, ansiedade e depressão apresentam alta porcentagem nas categorias “bom” e “regular”, quando comparadas com o todo. Tal fato deve-se ao âmbito subjetivo de tais dados. A coleta de dados na unidade de saúde chama atenção para a situação de saúde dos pacientes. A respeito das etiologias das doenças aqui trabalhadas, verificou-se alta prevalência, dentre as doenças de base, de hipertensão arterial sistêmica e diabetes, ratificando os resultados do estudo de Godinho et al. (2006) e do relatório do censo brasileiro em diálise, Sesso et al. (2011). Diante disso, existe uma associação de causa-efeito entre essas doenças e a DRC, uma vez que possuem uma relação direta, ou seja, acarretam em uma doença renal progressiva causada por angiopatia dos capilares nos glomérulos renais. Os resultados dos exames laboratoriais retratam fielmente o real estado de saúde dos doentes. Ureia sérica elevada esteve presente em 70% dos pacientes e creatinina sérica em 57%, além de uma TFG baixa em 42%. “A TFG diminui progressivamente ao longo do tempo na maioria das doenças renais, se associando com complicações tais como hipertensão arterial, anemia, desnutrição, doença óssea, neuropatia, declínio funcional e do bem-estar e, nos estágios mais avançados da DRC, é um dos parâmetros utilizados para indicação da terapia renal substitutiva” (SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2007, pág. 8-9). Valores altos de creatinina no sangue estão quase sempre associados a uma função renal anormal. Vale ressaltar que o uso da ureia como marcador de função renal deve ser feito com cautela, uma vez que a ingestão proteica, sangramentos gastrointestinais e uso de corticosteroides podem modificar os achados. Quanto à distribuição percentual do IMC, constatou-se que 46,2% dos pacientes estão dentro da faixa de normalidade. O estudo de Cabral (2005) evidenciou 62,2% de distribuição de pacientes sob hemodiálise dentro dessa mesma faixa. Os 5,8% de baixo peso, no entanto, não descartam uma possível ocorrência maior de desnutrição, explicada pelas alterações no estado de hidratação do paciente, cujo peso aumentaria. Nesse caso, para melhores conclusões, seriam necessários estudos mais apurados acerca do estado de nutrição desses pacientes. Comparando-se a PA antes do diagnóstico com aquela aferida imediatamente após a sessão de hemodiálise, evidencia-se um decréscimo de 20 mmHg na pressão sistólica e 10mmHg na pressão diastólica (níveis sistólicos são mais sensível a variações). A queda dos valores justifica a própria terapia de diálise como determinante para normalizar os parâmetros da pressão arterial. Como limitações deste estudo, há de ter-se em mente que existe uma certa subjetividade na avaliação de um paciente, o que induz variações nos diagnósticos ou na escolha de um diagnóstico principal. Nessa perspectiva, ressaltase a divergência inter-observadores quanto aos diagnósticos etiológicos e funcionais. Além disso, a falta de padronização de fichas e de anotações nos prontuários acabou por omitir ou deixar incompletos alguns dados que seriam de suma importância para o trabalho. CONCLUSÃO Em resumo, a pesquisa consistiu caracterizar, de um modo geral, os pacientes que estão em TRS do tipo hemodiálise. Os indicadores de saúde mais notáveis e evidentes entre o grupo de pessoas do estudo foram HAS e diabetes como doenças secundárias associadas o atual desfecho da doença renal. Pode-se deduzir que os pacientes submetidos à terapia são diagnosticados tardiamente, pois se obteve alta prevalência de DRC estágio cinco e IRC, além de que a distribuição dos usuários por faixa etária concentra-se acima dos 40 anos. Vale ressaltar que, funcionalmente, tais situações influenciam diretamente os marcadores bioquímicos (ureia e creatinina séricas, TFG). Nessa perspectiva, em pacientes com determinantes (fatores de risco), se faz necessário identificar e providenciar tratamento adequado de forma precoce, a fim de prevenir possíveis complicações. É necessária a realização de novos estudos analíticos para aprimorar a relação fator de risco-desfecho e estado nutricional desse tipo de doente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BASTOS M. G. Biomarcadores de Função Renal na DRC. In: SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA. E-book Biomarcadores na Nefrologia. São Paulo: Ed. Roche. 1-18. CABRAL P. C.; DINIZ A. S.; ARRUDA I. K. G. Avaliação nutricional de pacientes em hemodiálise. Revista Nutrição 2005, v.18, n.1, pp. 29-40. FILHO S. R. F.; ANDRADE G. M.; OTTONI C. P.; FERREIRA F. de C. R.; SOUZA F. A. de O. Pressão Arterial Sistêmica e Diurese Residual em Pacientes com Doença Renal Crônica em Hemodiálise. J Bras Nefrol 2007, v.29, n.1, pp. 10-12. GODINHO T. M.; LYRA T. G.; BRAGA P. S. et al. 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