UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO CAMPUS MATA NORTE ANDERSON SILVA GUSMÃO A IMPORTÂNCIA DO USO DOS LIVROS PARADIDÁTICOS DE MATEMÁTICA NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL NAZARÉ DA MATA - PE 2014 2 ANDERSON SILVA GUSMÃO A IMPORTÂNCIA DO USO DOS LIVROS PARADIDÁTICOS DE MATEMÁTICA NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em Matemática da Universidade de Pernambuco do Campus Mata Norte, como requisito parcial para obtenção de título de Licenciatura em Matemática. Orientadora: Marinalva Luiz de Oliveira NAZARÉ DA MATA - PE 2014 3 ANDERSON SILVA GUSMÃO A IMPORTÂNCIA DO USO DOS LIVROS PARADIDÁTICOS DE MATEMÁTICA NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Monografia a ser apresentada à Banca Examinadora do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade de Pernambuco, Campos Mata Norte. Data de Aprovação: / / 2014 Banca Examinadora: ___________________________________________________________________ Professor Ms. Saul Campos Siqueira Filho - UPE ___________________________________________________________________ Professora Ms. Marilene Rosa dos Santos - UPE ___________________________________________________________________ Avaliador externo – Professora Esp. Rosemary Pereira Leite – SEDUC/ SEPA Nota Final:_________ NAZARÉ DA MATA - PE 2014 4 A Deus, por ter nos concedido o dom da vida e a nossa Família por ter proporcionado à vivê-la. 5 AGRADECIMENTOS Agradecemos, antes de tudo e de todos a Deus todo-poderoso pelas maravilhas que sempre nos concedeu e nos concede renovando nossas forças e condições de saúde, paciência, inteligência e determinação para seguirmos no caminho do amor. A minha mãe, Maria Solange da Silva, mulher guerreira que nunca deixou de lutar pelos seus filhos e sonhos. Aos meus irmãos Jamerson da Silva Gusmão e Marcelo Barbosa Gusmão Filho que através das brincadeiras podemos crescer no amor familiar. Pelos meus avós, Edson, Severino e Marinete que tenho como exemplo de vitória na minha vida. As minhas tias: Cristina, Lúcia, Nalva, Luzia e Maria; tios: Véi, Né, Mário, Pombo, Beto, Dinho; primos: Everson, Romualdo, Jeferson, Gustavo e Alexandre e sua família, e primas: Anne e sua família, Elly, Edilma, Stephany, Jaqueline, Amanda e Camila por acreditarem em nossa coragem de estudar. Ao meu pai, Marcelo Barbosa Gusmão, por torcer pela minha vida. Aos meus amigos Val e Josias Carolino que sempre vibraram pelos sucessos que conquistamos todos os dias. A minha esposa e mãe do meu filho: Andrea Fabiana por sempre dizer o momento certo de seguir mesmo sendo com dificuldades. A eles e elas por sempre terem nos apoiado em todas as alegrias e tristezas de nossas vidas e por terem torcido pelo nosso sucesso. A nossa maravilhosa, grandiosa e eficaz orientadora, Marinalva Luiz de Oliveira, bem como sua família, pela atenção, em nos dedicar um pouco do seu preciosismo tempo e pelo belíssimo conhecimento ensinado. A todos os nossos amigos, colegas e conhecidos durante essa jornada de 4 anos e meio de vida acadêmica, em especial: Ângela, Tamiris, Edna, Kamila e todos que estão marcados em nossas vidas, por terem proporcionado ferramentas essenciais em nossa formação, em especial, a todos que estão diretamente nessa trajetória. Enfim, a todos que têm ajudado de uma maneira e/ou de outra nessa jornada universitária. Nossos sinceros e profundos AGRADECIMENTOS. 6 Quando nos tornamos conhecedores do mundo e de nossa existência, nos tornamos Matemáticos (FREIRE, 2000). 7 RESUMO O presente trabalho tem como objetivo investigar a importância do uso dos Livros Paradidáticos de Matemática nos anos finais do Ensino Fundamental. E como objetivos específicos: caracterizar o livro paradidático de Matemática; identificar os livros paradidáticos de matemática que são propostos pela literatura infanto-juvenil para serem trabalhados no Ensino Fundamental; verificar se os professores do ensino fundamental fazem uso de algum livro paradidático de Matemática durante as aulas; identificar possíveis dificuldades apontadas pelos professores com relação ao uso dos livros paradidáticos em sala de aula; analisar a relação entre texto escrito, símbolo matemático e imagens existentes nos livros paradidáticos citados pelos professores. Para atingir esses objetivos, partimos de uma abordagem qualitativa, no âmbito da pesquisa de campo. Utilizando como instrumento para coleta de dados, uma entrevista com cinco questões aplicadas a professores dos anos finais do Ensino Fundamental, os quais foram organizados, interpretados e analisados a partir da análise de conteúdo de Bardin (2005). A fundamentação teórica se baseia na perspectiva da Literatura Matemática, considerando as discussões de pesquisadores como Munakata (1997); Dalcin (2007); Machado (2013); Danyluk (2002); Toledo (2004); Smole (2004); Brasil (1998), dentre outros autores. A pesquisa mostrou que existem diversos tipos de publicações de livros paradidáticos de Matemática de diversas maneiras, dentre elas: livros com ilustrações infanto-juvenis e que os docentes têm a compreensão de que os livros paradidáticos de matemática são muito importantes no processo ensino-aprendizagem de cada instituição de ensino e que às vezes se tornam menos importantes, por desmotivação no âmbito escolar. Ainda assim, os mesmos não são utilizados nem mesmo numa atividade diversificada ou como atividade extra, fazendo com que os livros paradidáticos se tornem menos conhecidos para o grande público que são os alunos. Palavras chaves: Literatura Infanto-juvenil, Livros Paradidáticos de Matemática, Ensino Fundamental. 8 ABSTRACT This research investigated the importance of using Mathematics paradicdatic books in the final years of elementary school. We seek to answer the following specific objectives: to characterize the Mathematics paradicdatic books; identify Mathematics paradicdatic books that are offered by children's literature to be worked in elementary education; verify if the elementary school teachers use some Mathematics paradicdatic books during class; identify possible difficulties mentioned by teachers regarding the use of Mathematics paradicdatic books in the classroom; analyze the relationship between written text, mathematical symbol and images existing in Mathematics paradicdatic books cited by teachers. To better understand our object, we start from a qualitative approach in the context of field research. We used as instrument for data collection an interview with five questions, which were applied to teachers of the late elementary school years. Then it was organized, interpreted and analyzed through the ‘content analysis’ of Bardin (2005). The theoretical fundamentation is based in the perspective of Mathematics Literature, considering the discussions of researches like Munakata (1997); Dalcin (2007); Machado (2013); Danyluk (2002); Toledo (2004); Smole (2004); Brasil (1998), among other authors. Through the analysis, we found that there are many types of publications of Mathematics paradicdatic books in different ways, such as books with children and young graphics. We also found that teachers understand that Mathematics paradicdatic books are very important in the teaching-learning process of each institution and that sometimes become less important due to lack of motivation in schools. Nonetheless, they aren’t used even in a diversified activity or as an extra activity, making the Mathematics paradicdatic books become less known by the students. Keywords: Children's literature, Mathematics paradicdatic books, elementary school. 9 LISTA DE ILUSTRAÇÃO FIGURA 1 - Capa do Livro Paradidático de Matemática: Aritmética da Emília de Monteiro Lobato 24 FIGURA 2 - Capa do Livro Paradidático de Matemática: O Homem que Calculava de Malba Tahan 25 QUADRO 1 - Caracterização da amostra pesquisada 32 QUADRO 2 - Conhecimento quanto ao tipo de livros paradidáticos. 33 QUADRO 3 - A importância de trabalhar livros paradidáticos nas aulas de Matemática 34 QUADRO 4 - Utilização de algum livro paradidático de Matemática na sala de aula 36 QUADRO 5 - Dificuldades para utilização dos livros paradidáticos de Matemática na sala de aula 37 QUADRO 6 - Relação texto escrito, símbolo matemático e imagens nos livros paradidáticos de Matemática 39 10 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 11 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 14 1.1 1.1 Literatura Matemática 14 1.2 Linguagem Matemática 15 1.3 Numeramento 17 1.4 Caracterizando o termo Paradidático 19 1.5 Surgimento dos Livros Paradidáticos no Brasil 21 1.5.1 Os Livros Paradidáticos de Matemática no Brasil 22 1.6 Livros Paradidáticos de Matemática: simbologia matemática, imagens e texto escrito 26 2 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO 28 2.1 Universo, população e amostra da pesquisa 28 2.2 Instrumento de coleta de dados 29 2.3 Métodos de análise e discussão dos resultados 29 3 CATEGORIZAÇÃO, DISCUSSÃO E ANÁLISES DOS RESULTADOS 31 CONSIDERAÇÕES FINAIS 40 REFERÊNCIAS 43 APÊNDICE 46 11 INTRODUÇÃO Ao longo da história da sociedade, a Matemática foi vista e ainda continua sendo, como a disciplina tradicionalista e calculista1 dentre todas as lecionadas. Com o passar do tempo foram criados métodos e didáticas de ensino para uma melhoria na aprendizagem do conhecimento, levando em consideração a realidade em que o estudante está inserido. Contudo, não foi suficiente para a quebra deste paradigma sobre a disciplina. Como sabemos, porém, novos tempos surgem. Com a era da tecnologia a Matemática ficou mais presente através dos seus códigos binários e programação de softwares, sendo assim, a Matemática não ficou reduzida aos seus métodos de aprendizagem da sala de aula. Novos paradigmas foram criados, investigados e, ainda continuam sendo publicados para diversos docentes e pesquisadores em Educação Matemática no Brasil e no mundo. Estes, pois, buscam de alguma maneira, através das diversas teorias abordadas, a importância da leitura e escrita no ensino-aprendizagem de Matemática nas salas de aulas. Os estudantes que buscam de alguma maneira compreender e resolver problemas do cotidiano estão frente ao desafio de articular a leitura, em particular a infantojuvenil, com a Matemática, principalmente na interpretação de imagens, gráficos e tabelas. Segundo Silva (2013), a partir dessa preocupação com a educação que alguns autores demonstraram em relação à preocupação com o desenvolvimento intelectual e a imaginação das crianças e adolescentes, fez com que escrevessem várias séries de títulos que podem ser considerados o ponto de partida de um percurso histórico – o nascimento dos paradidáticos - nas mais diversas áreas. Diante dos questionamentos por parte dos estudantes nas aulas de Práticas e Educação do IV e V períodos da graduação de Licenciatura em Matemática, da 1 Aqui há o entendimento por ensino tradicionalista e calculista é aquele em que o professor passa na lousa o conteúdo, resolve alguns exemplos e então os alunos têm que solucionar vários exercícios apenas pela aplicação de fórmulas ou algoritmos (CARNEIRO & PASSOS, 2013). 12 Universidade de Pernambuco, Campus Mata Norte, o (a) professor (a) pediu para realizar uma pesquisa sobre os livros paradidáticos de Matemática, para fazermos uma síntese e mostrar o quanto de importância o mesmo tem para o ensinoaprendizagem nas instituições de ensino; sendo assim, nos fez perceber que os mesmos são criados, publicados e arquivados nas diversas bibliotecas das instituições de ensino. No entanto, os professores não dão ênfase aos livros paradidáticos para os estudantes. Logo, não conhecem os livros paradidáticos o que torna-se uma lenda na vida escolar dos estudantes, em especial das séries finais do ensino fundamental, que anseiam por leituras criativas e motivadoras. Sendo assim, inspirou-nos esse estudo em torno da seguinte questão: Qual a Importância do uso dos Livros Paradidáticos de Matemática nos Anos Finais do Ensino Fundamental? Tendo em vista a questão da pesquisa, elaboramos como objetivo geral: Investigar a importância do uso dos Livros Paradidáticos de Matemática nos Anos Finais do Ensino Fundamental. Com o propósito de alcançarmos este objetivo, elencamos os seguintes objetivos específicos: caracterizar o livro paradidático de Matemática; identificar os livros paradidáticos de Matemática que são propostos pela literatura infanto-juvenil para serem trabalhados no Ensino Fundamental; verificar se os professores do ensino fundamental fazem uso de algum de livro paradidático de Matemática durante as aulas; identificar possíveis dificuldades apontadas pelos professores com relação ao uso dos livros paradidáticos em sala de aula; analisar a relação entre texto escrito, símbolo Matemático e imagens existentes nos livros paradidáticos citados pelos professores. O trabalho está estruturado em partes. Na primeira parte, a fundamentação teórica explicitando a literatura Matemática, a linguagem Matemática, o numeramento, a caracterização do termo Paradidático, surgimento dos livros Paradidáticos de Matemática no Brasil; os livros paradidáticos de Matemática propostos para trabalharem no Ensino Fundamental; A relação entre texto escrito, símbolo Matemático e imagens na abordagem do conteúdo Matemático nos livros 13 paradidáticos apontados pelos professores, considerando as discussões de pesquisadores como Munakata (1997); Dalcin (2007); Machado (2013), Danyluk (2002), Toledo (2004), Smole (2004) dentre outros autores. Na segunda parte está a metodologia de pesquisa, explicitando a opção pela abordagem qualitativa no âmbito da pesquisa de campo, utilizando uma entrevista com cinco questões, aplicada a cinco professores de Matemática do Ensino Fundamental, como instrumento de coleta de dados. Na terceira parte apresentamos a categorização, análise e discussão dos resultados, e finalmente, na quarta parte, esboçamos as nossas considerações finais abordando os resultados referentes aos problemas e os objetivos alcançados. 14 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Dizemos que a Matemática ensina a pensar..., assim como pensar ensina a pensar. (MACHADO, 2013, p. 99). 1.1 Literatura Matemática Desde sua origem a Matemática foi voltada para os que dominavam o conhecimento da leitura e escrita. Essas habilidades acompanharam o crescimento e fortalecimento da população juntamente com suas culturas. Ao longo dos séculos, foram desenvolvidas ferramentas “Matemáticas” que forneciam subsídios para melhor desenvolver as atividades relacionadas a ela. Essas ferramentas inventadas incluem aqueles materiais como a régua, o compasso, o ábaco, o material dourado, entre outros, e também os signos2, como o sistema de coordenadas cartesianas, algoritmo para multiplicações etc. O estudo da história de uma determinada ferramenta vai mostrar o quão importante foi o seu surgimento num contexto cultural que havia a necessidade pragmática para um artefato desse tipo. Sendo assim, Machado (2013, p. 95) nos fala claramente sobre a utilização da Matemática ao longo dos tempos e principalmente a importância que a mesma contribuiu nos anos. Logo, a Matemática parece contribuir de forma, se não decisiva, pelo menos significativa... E enquanto o pensamento se processa de maneira global onde, simultaneamente, muitas fontes fornecem dados para uma síntese que pode surgir num átimo, a linguagem, além, de ter que se submeter às regras da sintaxe, preestabelecidas, deve satisfazer a condições mínimas de organização linear gradativa (MACHADO, 2013). 2 “Signo é qualquer objeto ou acontecimento, usado como citação de outo objeto ou acontecimento. E símbolo é o mesmo que signo. Com essa significação genérica a palavra é usada mais frequentemente na linguagem comum” (ABBAGNANO, 1982, p. 867). 15 Para Paez e Sousa (2013) é pela vivência que a prática da leitura e escrita na maioria das vezes se restringe aos enunciados de problemas ou textos complementares, presentes nos livros didáticos, que ilustram um determinado tema. Raramente leva-se um artigo de jornal ou revista para os estudantes analisarem. Segundo Fonseca e Cardoso (2009, p.66), nas aulas de Matemática, as oportunidades de leitura não são tão frequentes quando poderiam, pois, os professores tendem a promover muito mais as atividades de produção Matemática, entendida como resolução de exercícios. Este tipo de prática é bem comum no contexto escolar, isto é, há uma falta de preocupação constante com o processo de ensino-aprendizagem, fazendo assim, com que os estudantes não tenham de pensar e de ir buscar a construção do seu próprio conhecimento, tornando-se então um estudante crítico-reflexivo e não apenas um reprodutor de conteúdos. Dessa forma Smole (et al 2004) nos fala quanto ao ensino de Matemática que a literatura poderia ser um modo desafiante e lúdico para os estudantes pensarem sobre algumas noções Matemáticas através do seu cotidiano. Sendo assim, poderia também integrar literatura infanto-juvenil nas aulas de Matemática representando uma substancial mudança no ensino tradicional da Matemática, pois, em atividades desse tipo, os estudantes não aprendem primeiro a Matemática para depois aplicar na História, mas exploram a Matemática e a História ao mesmo tempo. 1.2 Linguagem Matemática A linguagem está ao nosso redor, nas diversas atividades que realizarmos, em nossas vidas, em nosso dia a dia etc. Desde ao acordar até voltarmos a dormir permanecemos cercados da linguagem que nos facilita e orienta nossas atividades que a sociedade acredita ser o ideal. Contudo, a linguagem Matemática se torna mais presente por seus diversos significados do mundo moderno. A linguagem Matemática é constituída da língua materna e da linguagem simbólica, que usa símbolos Matemáticos. Na linguagem Matemática, a língua materna e a linguagem simbólica interagem para comunicar as mensagens. Várias ciências usam símbolos, mas talvez, nenhuma a faça com tanta frequência quanto a Matemática. 16 (MORAIS FILHO, 2010). Morais Filho (2010) ainda nos fala que apesar de universal, de generalizar e de tornar mais simples a manipulação de ideias, a linguagem Matemática tem características bastante peculiares. Dentre estas destacamos a precisão e a economia. Como qualquer língua materna, a linguagem Matemática também possui sua gramática, sua morfologia3 e sua sintaxe4, que devemos conhecer para nos comunicar com eficiência, entendendo as mensagens e nos fazendo entender. Ainda, segundo esse autor, os enunciados de resultados e as demonstrações Matemáticas são feitos usando-se a linguagem Matemática. Por isso, como primeiro passo, já que estamos acostumados com a língua materna, torna-se importante conhecer os significados e como usar os vários símbolos Matemáticos. É para usar essa linguagem com fluência e eficácia. Para Danyluk (2002, p. 19) compreendemos a linguagem Matemática como: (....) uma linguagem de abstração completa. Como qualquer sistema linguístico, a ciência Matemática utiliza-se de signos para comunicar significados Matemáticos. Assim, a leitura da linguagem Matemática ocorre a partir da compreensão e da interpretação dos signos e das relações implícitas naquilo que é dito de Matemática. Quando o estudante adquire a linguagem Matemática, ele se torna apto as situações que a sociedade lhes propõe, onde o mundo e/ou o mercado de trabalho demonstra bastante interesse por todos que têm esse diferencial. Danyluk (2002, p. 19-20) ainda nos fala que Ler Matemática significativamente é ter a consciência dirigida para o sentido e para o significado Matemático do que está sendo lido. É compreender, interpretar e comunicar ideias Matemáticas. É nesse ato de conhecimento que os atos de criticar e de transformar se fazem presentes, realizando o movimento da consciência direcionado para as coisas. Dessa forma, o leitor não é consumidor passivo de mensagens. Ele é um receptor de mensagens 3 4 Estuda a formação e estrutura das palavras. No caso da linguagem Matemática, os símbolos podem substituir palavras. (MORAIS FILHO, 2010, p. 11). Estudo da disposição logica das palavras nas frases, das frases no discurso e a relação das frases entre si. No caso da linguagem Matemática, as frases podem ser construídas por palavras e por símbolos Matemáticos. (MORAIS FILHO, 2010, p. 11). 17 que tem a possibilidade de examinar criticamente aquilo que lê e, ao mesmo tempo, reelaborar o discurso lido no seu mundo-vida, abrindo novos caminhos e criando novas alternativas. Portanto, percebemos que “o ato de ler é abrangente e que não se reduz apenas à leitura de palavras escritas. Diante dos muitos tipos de expressões, fazem-se presentes diferentes tipos de leitura” (DANYLUK, 2002, p. 18). Sendo assim, a linguagem requer bastante leitura prévia através de subsídios que acreditamos serem ótimas ferramentas didáticas – os paradidáticos de Matemática – para contribuir na prática intensiva da leitura e escrita, compreensão, interpretação e comunicação, bem como, seus signos existentes na civilização5 globalizada. 1.3 Numeramento Com a linguagem do numeramento sendo realizada como proposta nas unidades de ensino pode construir diversas atividades que levem os estudantes a perceber o quão importante é a integração da Matemática com a Literatura. Segundo Toledo (2004), ser numerado envolve, justamente o processamento de algumas habilidades de letramento e de algumas habilidades Matemáticas e a aptidão para usá-las em combinação, de acordo com o que é requerido em uma determinada situação. O numeramento é visto como um domínio de habilidades que envolvem um subconjunto de habilidades essenciais tanto da Matemática como do letramento. Essa categoria aos poucos contribuirá para a quebra de tabus Matemáticos e Literários que ao longo dos tempos ficou infiltrado na raiz do conhecimento de cada docente que não quis e/ou não pôde adentrar nos novos e grandes horizontes da educação Matemática (TOLEDO, 2004). Toledo (2004) continua dizendo ainda que o numeramento ganha importância na medida em que as tarefas e as demandas do mundo adulto, diante do trabalho ou da 5 “Uma comunidade daqueles que podem se expressar reciprocamente, de modo normal e plenamente inteligente” (BICUDO, 2006 apud HUSSERL, 1970, p. 7). 18 vida diária e os diferentes contextos nos quais o individuo pode estar inserido acaba por requerer mais que simplesmente a capacidade para aplicar as habilidades básicas de registro matemático. Muitas vezes os estudantes estudam determinado conteúdo, se aprofundam, tomam como propriedade e prioridade, mas muitas vezes não são utilizados em prol de suas atividades do seu dia a dia. Com o numeramento, faz com que os estudantes tenham a percepção de compreender que a integração entre Matemática e Literatura existe e deve ocorrer sempre, de forma profunda a cada etapa da escolarização. O processo ensino-aprendizagem através do numeramento mostra o leque de informações adquiridas ao longo da escolarização de cada discente; onde servirão de grande apoio na linguagem de símbolos, figuras, tabelas, gráficos e imagens, pois, várias redes de publicações de conteúdos, estão adotando o novo modelo que aos poucos começa a ganhar espaço. As habilidades adquiridas ao longo dos estudos com o numeramento fará com que o discente tenha uma grande bagagem de informações do ensino aprendizagem para aplicá-los de maneira correta nas suas diversas atividades do cotidiano. Sendo assim, Toledo (2004) diz que o mesmo nível de numeramento que se faz necessário a um único individuo pode mudar ao longo do tempo, dependendo das circunstâncias pessoais de vida, transições de trabalho e mudanças da realidade ou da tecnologia, seja em sua história pessoal, seja na vida social. A ferramenta que é mais viável, pelos motivos citados mais adiante, e como pioneira na implantação do numeramento é a proposta dos paradidáticos na sala de aula como auxilio da prática pedagógica e fortalecimento de futuros cidadãos pensadores e críticos. 19 1.4 Caracterizando o termo Paradidático Diante de vários conhecimentos, definições e conceitos a respeito dos Livros Paradidáticos, os trabalhos de pesquisa de Munakata (1997), representa uma grande contribuição para o tema em questão, pois, está sendo abordada com muito mais clareza para a conceituação de nossa pesquisa. O livro paradidático não apresenta as mesmas características dos didáticos como à seriação, conteúdo segundo um currículo oficial ou não. São adotados no processo de ensino e aprendizagem nas escolas como material de consulta do professor ou como material de pesquisa e de apoio às atividades do educando. Para ele o que define os livros paradidáticos é o seu uso como material que complementa ou mesmo substitui os livros didáticos (MUNAKATA, 1997). E tal complemento ou substituição passa a ser considerada como desejável, na medida em que se imagina que os livros didáticos por si sejam insuficientes para uma abordagem mais ampla no conteúdo em questão. A denominação paradidático não serve apenas para livros, incluem também revistas, internet, álbuns, jogos, cuja matéria ou linguagem – via de regra narrativa – resulta da fusão de duas intenções básicas: ensinar e divertir. Dependendo da orientação do professor ou da escola, pode ser utilizado em atividades dentro ou fora do horário escolar (MUNAKATA, 1997). Porém, do ponto de vista das editoras, paradidáticos é uma concepção comercial e não intelectual. Então, não interessa se é Machado de Assis, se é o dicionário, se é não-sei-o-quê, o que interessa é o sistema de circulação. Pois, há temas que o livro didático não dá conta e você precisa, às vezes, verticalizar alguns temas. Sendo assim, surgiram os paradidáticos para este objetivo. (MUNAKATA, 1997). Nesse sentido, o critério para a seleção dos livros pode ficar por conta do professor que ao analisá-lo(s) deve levar em conta os conteúdos oficiais para não transmitir informações equivocadas, que possam vir a comprometer o ensino. Mesmo não 20 tendo um rigor como a crítica da noosfera6, há certa responsabilidade em sua produção visto que são oferecidos para professores e estudantes do Sistema de Ensino Formal. Dessa forma, a literatura infanto-juvenil nas aulas de Matemática é uma das possibilidades para tornar essa disciplina mais interessante e motivadora, o que possibilita diminuir os elevados índices de insucesso Matemático dos estudantes. As atividades de leitura e escrita nas aulas como meio facilitador da formação de significados utilizando textos literários para o ensino desses conceitos, pode ser uma forma de contribuir para a formação de significados aos conteúdos que se pretende ensinar. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998), os livros paradidáticos têm exatamente a função de oportunizar aos professores o desenvolvimento de trabalhos voltados para valores como: bondade, amizade, respeito, honestidade, ecologia, meio ambiente, poluição, dentre outros. Por isso se faz necessário criar situações de aprendizagem problematizadas, que respeite o desenvolvimento das crianças e adolescentes, suas emoções, desejos, a fim de despertar sua curiosidade e sensibilidade ao tema a ser estudado. A intenção dos livros paradidáticos de literatura infanto-juvenil como recurso metodológico para explorar situações que envolvam conhecimentos Matemáticos deve ser a de trabalhar o lúdico, sem deixar que as crianças e jovens percebam outro sentido nos mesmos. Se o professor der muita ênfase aos valores 7 morais das histórias, elas poderão tornar-se chatas para os alunos, criando uma aversão pelas mesmas e distanciando-se dos livros literários. Partindo disso, os valores são incorporados por meio da natureza da Matemática e pelas experiências de cada um com a Matemática escolar. Valores esses que 6 Segundo o francês Teilhard de Chardin (1881-1955): para designar o mundo virtual, imaterial, formado por ideias, conceitos e mitos. 7 A formação de valores por meio da Matemática é essencial para constituir visões de mundo, conduzir atitudes, incluir ou excluir (PAEZ E SOUZA, 2013, p. 6). 21 equipam indivíduos com lentes cognitivas e afetivas que formam e modificam o caminho de sua percepção e interpretação do mundo e, portanto guia as escolhas do seu curso e da sua ação. (BISHOP E CLARKSON, 1999). Também, no decorrer da pesquisa tivemos a oportunidade de encontrar a pesquisadora e autora de livros sobre literatura e matemática, Kátia Smole, e, nesse encontro foi possível uma conversa rápida, o suficiente para ela se comprometer a responder por e-mail algo interessante para a pesquisa e assim ela o fez. “Como você ver a importância do uso dos Paradidáticos de Matemática hoje no Brasil?” e assim ela respondeu: Katia Smole: “Eu responderia a sua pergunta de dois modos: o primeiro, pensando em quando os paradidáticos foram lançados e viraram moda. Era comum o professor indicar, gostarem de ler, de propor trabalhos etc. Passada essa fase eu vejo que a leitura nas aulas de matemática é fundamental, que ter contato com textos que falam de matemática é fundamental, que os paradidáticos podem abordar temas de matemática de forma mais lúdica e desafiadora que o livro didático às vezes. No entanto, penso que se trabalha pouco esse recurso na escola. Precisaria ser mais intento o trabalho”. Percebemos que Smole apresenta uma visão do paradidático muito parecido com a discussão de Dalcin. Essas autoras acreditam no potencial que o livro paradidático de Matemática possui o de ser um recurso que propicie uma aproximação entre a Matemática, outras áreas do conhecimento e as práticas de leitura, de forma lúdica e desafiadora. 1.5 Surgimento dos Livros Paradidáticos no Brasil Com a popularização da literatura Infanto-juvenil no Brasil nos anos de 1930, houve um investimento em suas criações e desejo pela leitura dos mesmos através do público destinado. Vários autores, dentre eles: Malba Tahan e Monteiro Lobato escreveram sobre diversos temas, a princípio, os livros não conseguiam atender a todas as áreas e disciplinas escolares, ficando restritos a conteúdos de Português e História. Sendo assim, as obras: Aritmética da Emília (LOBATO, 1995) e O Homem 22 que Calculava (MALBA, 2008), se enquadraram nesse panorama histórico e educacional, vindo a se tornar os primeiros livros paradidáticos de Matemática no Brasil (SILVA, 2013). Seguindo o percurso histórico8, podemos identificar a produção nacional dos livros paradidáticos que passou por um ‘aparente hiato’ de Matemática, em particular. Esses, só voltariam a se configurar com força novamente nos anos 1980, mas devem ter como foco por hora a década de 1960 e as políticas educacionais do Regime Militar, que preparariam o terreno para o surgimento dos livros paradidáticos na publicação das primeiras coleções de livros paradidáticos de Matemática no Brasil (SILVA, 2013). 1.5.1 Os Livros Paradidáticos de Matemática no Brasil As primeiras coleções dos livros paradidáticos de Matemática começaram a surgir a partir de 1986, com as coleções Vivendo a Matemática, da editora Scipione, e A Descoberta da Matemática, da Ática. Surgia o início da quebra de tabus, que contribuiriam para uma melhor compreensão, leitura, visualização, divertimento e continuação ao modelo9 Matemático que havia nascido em poucos anos. Com esta novidade, nasceu o termo paradidático. Diz a lenda, segundo Munakata (1997), que o termo paradidático foi criado pelo professor Anderson Fernandes Dias, diretor-presidente da Editora Ática, no início da década de 1970. Assim, seria a Ática que criou a primeira coleção de alcance nacional destinada a apoiar, aprofundar e fazer conhecer a Matemática. Sendo assim, abordaremos alguns conjuntos de sugestões de livros e/ou coleções paradidáticas de editoras, que poderiam ser usadas nas aulas de Matemática do Ensino Fundamental. A Editora Scipione publica através da autoria de Marion Smoothey a coleção Atividades e Jogos com: ângulos, áreas e volumes, círculos, escalas, estatística, estimativas, formas, gráficos, números, quadriláteros, razão e proporção e, triângulos. 8 9 Baseamo-nos o percurso histórico através do artigo de Daniel Romão da Silva (2013). Movimento da Matemática Moderna. (WIELEWSKI, 2014) 23 A mesma Editora também publica através da autoria de Luiz Márcio Imenes, Nilson José Machado, Marcelo Lelis e Renate Watanabe a coleção Vivendo a Matemática: a numeração indo-arábica; brincando com números; descobrindo o teorema de Pitágoras; geometria das dobraduras; geometria dos mosaicos; lógica? É lógico!; medindo comprimentos; na terra dos noves-fora;, os números da história da civilização; os poliedros de Platão e os dedos da mão; polígonos, centopéias e outros bichos; problemas curiosos, semelhança não é mera coincidência. Com um visual de revista de história em quadrinhos a Editora Atual publica a coleção pra que serve a Matemática: álgebra; ângulos; equação do segundo grau; números negativos; geometria; proporções; frações e números decimais; semelhança; estatística. Sobre a autoria de Imenes, Jakubo e Lelis. Todos numa linguagem leve e descontraída, com imagens bem humoradas. Já a Editora Ática publicou a coleção a descoberta da Matemática: o segredo dos números, uma raiz diferente, o que fazer primeiro? , frações sem mistérios, aventura decimal, medir é comparar, histórias dos sinais, encontros do 1º grau, como encontrar a medida certa?, uma proporção ecológica, geometria na Amazônia, saída pelo triangulo, em busca das coordenadas, as mil e uma equações. Os livros desta coleção procuram, por meio de histórias envolventes e protagonizadas por adolescentes, trazer os conceitos da Matemática para o cotidiano dos estudantes. Outras editoras também publicaram outros paradidáticos, como: A aritmética da Emília de Monteiro Lobato e o Homem que calculava e demais obras de Malba Tahan; janela de Euclides da Editora Geração; o diabo dos números da Editora Cia das Letras; Matemática divertida e curiosa da Editora Record; Euclides – A conquista do espaço da Editora Odysseus; o jeito Matemático de pensar da Editora Ciência Moderna; Matemática mortífera da Editora Melhoramentos; Matemática e mistérios em Baker Street da Editora Ciência Moderna; Divertimentos Matemáticos da Editora Ibrasa; Tio petros e a conjectura de Goldbach da Editora 34 e a magia da Matemática da Editora Ciência Moderna; 24 Entretanto, sugerimos os livros paradidáticos de Matemática para que sejam de grande valia no trabalho em sala de aula; pois, a quantidade seja suficientemente para um período que se adapta ao plano de ensino. FIGURA 01 – Capa do Livro Paradidático de Matemática: Aritmética da Emília de Monteiro Lobato Fonte: os7matemagicos10 Todavia, partimos de situações cotidianas para trabalhar conceitos. Os estudantes se familiarizam com o tema e adquirem confianças para resolver atividades propostas, em forma de quebra-cabeças, jogos, trilhas, labirintos e dobraduras (SÁ, 2013). 10 Imagem disponível para download através do site: Os7matemagicos (2014). 25 FIGURA 02 – Capa do Livro Paradidático de Matemática: O Homem que Calculava de Malba Tahan Fonte: os7matemagicos No entanto, a Matemática é, muitas vezes, ensinada de forma desarticulada da realidade, utilizando uma linguagem com a qual os estudantes não estão habituados, diferente da língua materna, que estão em contato desde pequenos, além de ser muito formal e abstrata, dificultando ainda mais o seu aprendizado (CARNEIRO E PASSOS, 2013). Porém, a literatura pode modificar esse cenário, pois, para Yunes e Ponde (1988, apud SILVA, 2003, p. 94), “enquanto o ensino se alimenta de uma proposta distante, desarticulada da realidade do aluno, a literatura pode oferecer elementos dessa mesma realidade como auxílio para que o estudante possa compreender”. 26 Por parte dos estudantes o entendimento deve ser constante e crescente, para a evolução do conhecimento Matemático que se forma passo a passo. E que, muitas vezes, esse entendimento é mútuo por meio de argumentações destinadas a outras pessoas, em ações voltadas para alcançá-las... (HABERMAS, 1987). 1.6 Os Livros Paradidáticos de Matemática: simbologia matemática, imagens e texto escrito Segundo Dalcin (2007), é importante levar em consideração a proposta dos livros paradidáticos de Matemática porque são livros temáticos com bastante intenção de ensinar de forma lúdica e que podem ser utilizados paralelamente ao livro didático ou mesmo vir a substituí-lo em alguns momentos. Partindo dessa intenção de ensinar de forma lúdica, autores, ilustradores e diagramadores criam textos que tentam articular a simbologia Matemática com as imagens e palavras. Portanto, para essa mesma autora, os textos produzidos especificamente para o ensino da Matemática têm a intenção de ensinar conteúdos da Matemática escolar, com seus signos e significados particulares, a destinatários específicos, professores e estudantes do Ensino Fundamental (DALCIN, 2007). Partindo desse pressuposto Dalcin (2007, p. 29-30), aponta categorias de ilustrações no sentido de poder mostrar a função que elas exercem na relação com o texto escrito e com a simbologia matemática: Imbricadas: Seriam aquelas ilustrações que estão totalmente articuladas ao texto escrito e com a simbologia Matemática, de modo que a ausência de tal imagem tornaria o todo do texto inteligível. Visualização: Seriam as ilustrações que articulam o texto escrito e a simbologia matemática, de modo a um elemento complementar o outro. É comum a simbologia Matemática aparecer inserida na imagem. Este tipo de ilustração resgata e valoriza a relação entre imagem e Matemática. Aparece, por exemplo, quando se pretende mostrar "passo a passo" um procedimento geométrico, quando uma situação problema é anunciada e a ilustração pretende complementar informações ou de organizar o pensamento para a resolução do problema, ou, ainda, quando o autor enfatiza algum raciocínio e o faz por meio de um esquema gráfico ou de um objeto que possa assumir um significado metafórico que favoreça o processo de construção e compreensão de algum conceito Matemático. Contextualização: Seriam aquelas que estariam, de alguma forma, articuladas diretamente ao texto escrito, complementando-o por meio do apelo à imaginação e à capacidade de interpretação do leitor, ou ainda, simplesmente transcrevendo para a linguagem das imagens alguma cena narrada ou descrita em linguagem verbal. Os mapas, as fotografias de lugares, 27 os desenhos de personagens, as cenas e os objetos que favoreçam a localização espaçotemporal do leitor integram esta categoria de ilustrações. Ornamentais: Seriam as ilustrações que não apresentam vínculo algum, seja com a simbologia Matemática ou com o texto escrito, exercendo apenas a função de "quebra de ritmo de leitura", sem influência na aprendizagem do conteúdo Matemático em questão. Essas categorias apontadas indicam que os livros paradidáticos da Matemática devem sempre apresentar uma relação entre simbologia matemática, imagens e textos, seja articulando os elementos envolvidos em pares como imagens e texto escrito, ou texto escrito e símbolo Matemático, ou símbolo Matemático e imagens. Mas, o que observamos é que, nem todos os livros paradidáticos da Matemática mostram que houve essa preocupação, principalmente os livros da coleção “A descoberta da Matemática”. Para Dalcin (2007), os autores dessa obra se preocuparam muito mais em privilegiar o conteúdo Matemático na sua linearidade tradicional em vez de dar ênfase à criação de histórias, um contexto narrativo, portanto o centro é o conteúdo Matemático. Diante dessa prerrogativa a oscilação entre o que é da história e o que é da Matemática, dificulta a articulação entre esses elementos símbolo Matemática, imagens e texto escrito. Por outro lado, para Dalcin (2007), os livros da coleção “Vivendo a Matemática” apresentam uma grande articulação entre simbologia Matemática, imagens e textos escritos. São livros que se destacam por caracterizar-se pela aproximação que fazem entre a Matemática e a narrativa literária de uma forma em que há uma preocupação muito maior em fazer essa articulação apontada por essa autora. Para Dalcin (2007), o livro paradidático de Matemática ainda está em processo de maturação e somente, se concretizará de forma ampla quando os professores de fato começarem a se tornar autores e/ou co-autores, partilhando suas experiências e "pesquisas" em sala de aula. 28 2 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO “O ato de ler é, fundamentalmente, um ato de conhecimento” (SILVA, 1986, p. 12). Entendemos a pesquisa como uma atitude e uma prática teórica de constante busca. Uma atividade de aproximação sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinação entre ser e pensamento. Para Gil (2002 ibid, p. 17), a pesquisa desenvolve-se ao longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados. É um “procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”. Priorizamos a pesquisa de campo, pois trabalha sobre dados ou fatos colhidos da própria realidade numa abordagem qualitativa para melhor interpretação dos dados coletados. Para Oliveira (2005, p. 68) a pesquisa qualitativa pode ser caracterizada como sendo uma tentativa de se explicar em profundidade o significado e as características do resultado das informações obtidas através de entrevistas, ou questões abertas e/ou fechadas, portanto a define: “um estudo detalhado de um determinado fato, objeto, grupos de pessoas ou ator social e fenômenos da realidade”. 2.1 Universo, população e amostra da pesquisa Escolhemos para a amostra 05 (cinco) professores de matemática que atuam no Ensino Fundamental de escolas da rede estadual pública de ensino da região metropolitana do estado de Pernambuco, sendo 04 (quatro) professores do município de Camaragibe e apenas 01 (uma) professora do município de São Lourenço da Mata, pela disponibilidade e acesso. Os docentes serão identificados pelas letras “A”, “B”, “C”, “D”, e “E”. Com relação à entrevista, os dados foram tratados da seguinte forma: primeiro, a seleção dos dados visando à exatidão das informações obtidas. No segundo momento, a categorização dos dados mediante um sistema de codificação ou transformação dos dados em símbolos, assim, facilitando a contagem e a tabulação 29 dos resultados obtidos. Utilizando este procedimento, estamos transformando dados quantitativos em qualitativos, tornando mais clara sua representação. Terceiro e último momento, vem à tabulação que consiste em dispor os dados em tabelas, para maior facilidade de representação e verificação das relações entre esses dados. As informações colhidas foram registradas, analisadas, interpretadas e apresentadas através de tabelas. 2.2 Instrumentos de coleta de dados A pesquisa é um ato criativo e isso deve ser levado em conta, portanto, o pesquisador deve utilizar instrumentos que sejam adequados ao seu objeto de estudo e não fazer uso de forma que rotule a realidade, mas técnicas que captem a realidade em todo seu dinamismo. O nosso instrumento de coleta de dados se estrutura numa entrevista com uma lista de perguntas abertas e fechadas (APÊNDICE “A”), que foi seguida à risca pelos entrevistados, que segundo Oliveira (2005, p. 89) pode ser definido como “uma técnica para a obtenção de informações sobre sentimentos, crenças, expectativas, situações vivenciadas e sobre todo e qualquer dado que o entrevistador deseja registrar para atender os objetivos de seu estudo”. A entrevista foi realizada através de questões de autopreenchimento, que é quando o próprio entrevistado escreve suas respostas sem intermediação do entrevistador. 2.3 Métodos de análise e discussão dos resultados Usamos o método de análise de conteúdo (BARDIN, 2005) para analisar os dados. A análise de conteúdo é entendida como procedimento de pesquisa que se situa em um delineamento mais amplo da teoria da comunicação e tem como ponto de partida a mensagem. Bardin (2005, p. 38) define a análise de conteúdo como: Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos e qualitativos) que permitam a 30 inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens. A classificação dos dados coletados, segundo Silva e Moura (2000, p. 164), “serve para selecionar as informações obtidas a fim de resumi-las em grupos”. Assim, após análise das respostas da entrevista, iremos classificá-las de acordo com a citação acima, agrupando os casos semelhantes para facilitar a análise dos resultados. “A coleta dos dados na pesquisa experimental é feita mediante a manipulação de certas condições e a observação dos efeitos produzidos” (GIL, 2002, p. 100), são informações, que podem ser usadas para tirar conclusões, que o auxiliem a resolver o problema de pesquisa. Após classificarmos em categorias as respostas atribuídas pelos professores a cada questão, apresentamos nesse momento os resultados obtidos com a entrevista por meio de quadros, que correspondem às cinco questões, como também por intermédio de tabelas, e suas respectivas análises ancoradas em nossa fundamentação teórica. Os professores participantes estão simbolizados em ordem alfabética pelas letras de “A” a “E”11 e as escolas estão simbolizadas em ordem numérica pelos algarismos de “01” a “05”12 segundo a ordem cronológica das atividades, através de quadros com o intuito de proporcionar uma melhor clareza na apresentação dos dados coletados e consequentemente na análise dos mesmos. É importante ressaltar que as nossas análises são qualitativas. 11 O cuidado com a identificação de registro é um importante facilitador para a associação e interpretação dos dados em contexto (FRANCO, 2007). 12 Idem 11. 31 3 CATEGORIZAÇÃO, DISCUSSÃO E ANÁLISES DOS RESULTADOS “A maioria das ideias fundamentais da Ciência são essencialmente simples e podem, como regra, ser expressas com uma linguagem compreensível a todos.” Albert Einstein (1879-1955) The Evolution of Physics Os dados coletados nesta pesquisa foram categorizados e analisados através da análise de conteúdo (BARDIN, 2005) e ancorados no capitulo da fundamentação. Os resultados obtidos com a aplicação da entrevista são apresentados através de quadros, levando em consideração cinco categorias de análise: conhecimento quanto ao tipo de livros paradidáticos de Matemática; a importância de trabalhar livros paradidáticos nas aulas de Matemática; utilização de algum livro paradidático de Matemática na sala de aula; dificuldades para utilização dos livros paradidáticos de Matemática na sala de aula e a relação texto escrito, símbolo Matemático e imagens nos livros paradidáticos. As mesmas categorias foram escolhidas em relação ao processo de ensino que vem sendo observado nas unidades de ensino. Como também, a situação educacional de cada unidade escolar que foi escolhida através do seu docente para a entrevista. Vejamos a seguir os quadros elaborados: 32 QUADRO 1 - CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA PESQUISADA ESCOLA FORMAÇÃO ACADÊMICA TEMPO DE MAGISTÉRIO 01 (Camaragibe) Licenciatura em Matemática – UFPE e Especialização em Educação Matemática – UFRPE 07 anos Licenciatura em Matemática – UPE (2011) 05 anos C Licenciatura em Matemática – UPE (2004) 11 anos D 03 (Camaragibe) Licenciatura Plena em Ciências com Habilitação em Matemática – UPE (2002) Pós-Graduação em Educação Matemática – UFRPE (2006) 10 anos E 04 (São Lourenço da Mata) Licenciatura Plena em Ciências com Habilitação em Matemática – UPE 18 anos PROFESSOR A B 02 (Camaragibe) Fonte: Gusmão e Oliveira (2014) Como podemos perceber no Quadro 1, são 05 (cinco) professores e 04 (quatro) escolas selecionadas, sendo, assim, 02 (dois) professores (B e C) da Escola Estadual (02) e os demais sendo 01 (um) de cada escola citada. No momento de cada entrevista, além dos entrevistados responderem as nossas perguntas, solicitamos dos mesmos que preenchessem os dados da formação 33 acadêmica e tempo de magistério, para assim, termos uma clareza quanto suas vidas acadêmicas. Dessa forma, percebemos que os mesmos realizaram suas graduações em Universidades públicas e que esses profissionais têm um bom tempo de magistério. Após, respondido os dados do processo acadêmico, iniciamos as perguntas e ao mesmo tempo conversarmos sobre algumas opiniões e colocações importantes de cada docente em relação à pesquisa apresentada. Sendo assim, no quadro 2, apresentamos as respostas dos professores pesquisados a partir da pergunta fechada e aberta. Assim segue a pergunta: Você conhece algum livro paradidático de Matemática? ( ) Sim ( ) Não. Qual? Dessa forma, são dadas duas opções de resposta (sim ou não) para marcar e em seguida, justificar a sua resposta. QUADRO 2 - Conhecimento quanto ao tipo de livros paradidáticos PROFESSORES A RESPOSTAS DOS PROFESSORES - Sim. O homem que calculava (Malba Tahan) - Sim. Para que serve a Matemática (Imenes, Jakubo e Lellis) C - Sim. O homem que calculava (Malba Tahan); Aristóteles e Newton D - Sim. A mil e uma equações E - Sim. O homem que calculava (Malba Tahan) B Fonte: Gusmão e Oliveira (2014) Podemos perceber, portanto, que as respostas dos professores “A”, “C” e “E” mostram o quanto o livro paradidático: “O Homem que Calculava – Malba Tahan” é citado, provavelmente o único que marca a caminhada acadêmica desses professores. Porém, todos os professores conseguem responder nossa pergunta em relação à quantidade de livros paradidáticos de Matemática que conhecem. Pelo que ouvimos, 34 no momento da pesquisa, os mesmos informaram que conhecem mais livros, contudo, citaram apenas um. Observamos que o professor “C” cita mais de um livro paradidático no momento da entrevista; os demais professores “B” e “D” citam outros autores de livros paradidáticos, revelando, assim, uma diversidade da existência dos livros paradidáticos de Matemática. Segundo Munakata (1997), são adotados no processo de ensino e aprendizagem nas escolas como material de consulta do professor ou como material de pesquisa e de apoio às atividades do educando. Para ele o que define os livros paradidáticos é o seu uso como material que contribui ou mesmo substitui os livros didáticos. Observamos no quadro 3 a seguir, as respostas dos professores diante da seguinte pergunta: Qual a importância de trabalhar livros paradidáticos nas aulas de Matemática? Nesse caso, a resposta é de caráter livre possibilitando, assim, cada professora apresentar a sua concepção. QUADRO 3 - A importância de trabalhar livros paradidáticos nas aulas de Matemática PROFESSORES A - Os paradidáticos têm grande importância nas aulas de Matemática, pois apresentam uma Matemática atrativa para os alunos. - Valorizar a história da Matemática, bem como, os grandes autores dessa época. E mais importante levar conhecimento aos alunos. - Trabalhar a história da Matemática e em alguns casos conteúdos contextualizados. - É fundamental, pois os alunos têm conhecimento da história da Matemática. B C D E RESPOSTAS DOS PROFESSORES Seria interessante para o enriquecimento cultural e educacional do estudante dentro desta e de outras disciplinas. Fonte: Gusmão e Oliveira (2014) 35 Os professores apresentam o quão importante é a valorização do trabalho com os estudantes utilizando os livros paradidáticos, tanto para conhecimento da história e enriquecimento educacional da Matemática, quanto para seu cotidiano. O professor “A” apresenta uma posição bastante importante que é o enriquecimento cultural. Já o professor “B” apresenta uma Matemática: recreativa, lúdica, atrativa. Porém, todos voltados para o processo educacional que os livros paradidáticos atingem na vida de cada estudante. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998), os livros paradidáticos têm exatamente a função de oportunizar aos professores o desenvolvimento de trabalhos voltados para valores como: bondade, amizade, respeito, honestidade, ecologia, meio ambiente, poluição, dentre outros. A intenção dos livros paradidáticos como recurso metodológico para explorar situações que envolvam conhecimentos Matemáticos deve ser a de trabalhar o lúdico, sem deixar que crianças e adplescentes percebam outro sentido nos mesmos. Os demais professores “C”, “D” e “E”, expõem o interesse em trabalhar a história da Matemática através dos livros paradidáticos, perfazendo um resgate do inicio da compreensão de alguns assuntos que surgem bem no começo da Matemática. E ainda, o diferencial do professor “D” que defende um trabalho pedagógico com aprofundamento maior com a contextualização dos conteúdos Matemáticos. Sendo assim, motivará os estudantes a valorizar o conteúdo Matemático através das atividades propostas nos seus acontecimentos. O quadro 4, apresenta as respostas dos professores pesquisados a partir da pergunta fechada e aberta. Assim segue a pergunta: Você fez uso de algum livro paradidático de matemática na sala de aula? ( ) Sim ( ) Não. Por quê? Dessa forma, são dadas duas opções de resposta (sim ou não) para marcar o “X” e em seguida, justificar a sua resposta. 36 QUADRO 4 - Utilização de algum livro paradidático de Matemática na sala de aula PROFESSORES RESPOSTAS DOS PROFESSORES - Não. Considero uma didática até então de difícil aplicação e reconheço que não houve interesse e atenção de minha parte a esse processo, embora considere que a escola não disponha de paradidáticos nessa área. - Sim. Porque acredito que abordam a Matemática de forma bem simples. - Sim. Porque o ensino fica sistemático quando sabemos de sua origem. - Não. Restrição de tempo a conteúdos que são monitorados - Sim. O livro paradidático ajuda o aluno a pensar, raciocinar e conhecer a Matemática e suas diversidades. A B C D E Fonte: Gusmão e Oliveira (2014) Os professores “B” e “E” percebem que a utilização dos paradidáticos em sala de aula, faz com que os alunos melhorem na sua percepção de raciocinar e conhecer a Matemática de forma simples e diversificada. Já o professor “C” faz questão do ensino sistematizado, na qual a valorização da história se torna importante. Todavia os professores “A” e “D” mostram que há uma exigência de tempo para aplicação dos conteúdos da matriz curricular, bem como, a falta de interesse dos professores e ausência dos livros paradidáticos na escola faz com que a utilização não seja aplicada de maneira intensificada nas salas. Nesse sentido, o critério para a seleção dos livros pode ficar por conta do professor que ao analisá-los deve levar em conta os conteúdos oficiais para não transmitir informações equivocadas, que possam vir a comprometer o ensino. Mesmo não tendo um rigor como a crítica da noosfera13, há certa responsabilidade em sua 13 Idem 6. 37 produção visto que são oferecidos para professores e estudantes do Sistema de Ensino Formal. No quadro 5, as respostas dos professores diante da seguinte pergunta: Há alguma dificuldade para usar os livros paradidáticos em sala de aula? Nesse caso, a resposta é de caráter aberto possibilitando assim cada professor (a) apresentar a sua concepção. QUADRO 5 - Dificuldades para utilização dos livros paradidáticos de Matemática na sala de aula PROFESSORES A RESPOSTAS DOS PROFESSORES - Ausência deles nas bibliotecas, poucas quantidades, indisciplina, falta de interesse do aluno. - Dificuldades existem sim, pois exige um bom planejamento para que os paradidáticos sejam bem aproveitados pelos alunos. - Sim, pois os estudantes não têm o hábito de vêem livros ou informativo. - Não, apenas a questão da cobrança excessiva de conteúdos. - Sim, os estudantes não gostam de leitura. B C D E Fonte: Gusmão e Oliveira (2014) O professor “A” apresenta uma dificuldade para não utilização dos livros paradidáticos em relação à ausência ou a pouca quantidade dos livros paradidáticos nas bibliotecas das escolas; portanto aponta um problema de gestão administrativa. Já o professor “B” reconhece que a dificuldade pode esta atrelada ao planejamento, quando este diz que através de um bom planejamento pode-se chegar ao aproveitamento dos livros paradidáticos de Matemática. 38 O professor “D” mostra que não há dificuldade, o que há é uma cobrança excessiva de conteúdos e isso faz com que o tempo de aula seja menor ainda. Um bom planejamento para incluir os livros paradidáticos na programação do currículo escolar ou atividades da Unidade de Ensino contribuirá na melhoria do trabalho em sala. Outro fator apresentado é o desinteresse tanto dos docentes para motivar os discentes e dos estudantes para a leitura e pesquisa; nos faz compreender as dificuldades dos professores “C” e “E”. Mesmo percebendo que se trata de escolas diferentes e realidades diferentes. No entanto, a Matemática é, muitas vezes, ensinada de forma desarticulada da realidade, utilizando uma linguagem com a qual os estudantes não estão habituados, diferente da língua materna, que estão em contato desde pequenos, além de ser muito formal e abstrata, dificultando ainda mais o seu aprendizado (CARNEIRO E PASSOS, 2013). O quadro 6 a seguir, mostra as respostas dos professores diante da seguinte pergunta: Como você vê a relação texto escrito, símbolo matemático e imagens nos livros paradidáticos? Nesse caso, a resposta é de caráter livre possibilitando assim cada professora apresentar a sua concepção. 39 QUADRO 6 - Relação texto escrito, símbolo matemático e imagens nos livros paradidáticos. PROFESSORES A - Os conteúdos de matemática apresentados nos paradidáticos são postos de forma bem atraente. Acredito que as imagens, símbolos e textos ajudam muito os alunos na hora da aprendizagem. - Tanto texto escrito, símbolo matemático e imagens nos livros representam algo na construção do conhecimento dos alunos. - Aos que eu conheço, boa. - Através dessas relações os alunos tem facilidade em relacionar as imagens tendo uma leitura menos complexa. B C D E RESPOSTAS DOS PROFESSORES É importante, independente de ser paradidático; o estudante conseguir interpretar imagens, gráficos, tabelas e traduzindo tudo isso para a linguagem matemática. Fonte: Gusmão e Oliveira (2014) Os professores consideram importante à relação entre texto escrito, símbolo Matemático e imagens nos livros paradidáticos, pois ajudam na interpretação das imagens, gráficos e tabelas fazendo com que os estudantes construam o conhecimento no decorrer da aprendizagem. Segundo Dalcin (2007), os livros paradidáticos da Matemática devem sempre apresentar uma relação entre simbologia matemática, imagens e textos, seja articulando os elementos envolvidos em pares como imagens e texto escrito, ou texto escrito e símbolo Matemático, ou símbolo Matemático e imagens. Percebemos nas falas dos professores que a interação entre imagem, texto escrito e simbologia matemática, contribui para o aprendizado dos conteúdos matemáticos e, portanto reconhecem o potencial que o livro paradidático de Matemática possui, se confirmando com o pensamento de Dalcin (2007), o de ser um recurso que propicia uma aproximação entre a Matemática, outras áreas do conhecimento e as práticas de leitura, fazendo com que os estudantes utilizem em suas vidas cotidianas, para assim, compreender e fortalecer o conhecimento adquirido nas escolas. 40 CONSIDERAÇÕES FINAIS A importância dos livros paradidáticos no decorrer dos anos, fez com que o sistema educacional brasileiro, no que diz respeito à Educação Matemática obtivesse um grande desenvolvimento em relação ao método de ensino e práticas pedagógicas para os estudantes e professores. O crescimento gradativo das literaturas Matemáticas despertou o interesse pela disciplina de maneira atrativa e criativa no contexto literário. Nessa dinâmica de inovação que nos motivou a pesquisar sobre a importância do uso dos Livros Paradidáticos de Matemática nos anos finais do Ensino Fundamental, direciona o nosso olhar para as literaturas que estão sendo publicadas anualmente, e às vezes, acabam sendo arquivadas nas bibliotecas das instituições de ensino. Porém, este arquivamento, geralmente, acontece pela falta de uso dos livros paradidáticos por parte dos professores e de estudantes que desconhecem a existência dos mesmos. A caracterização dos livros paradidáticos em nossa pesquisa proporcionou entender que existem diversos tipos de publicações de livros paradidáticos de Matemática de diversas maneiras, dentre elas: livros com ilustrações infanto-juvenis, onde contribui com a motivação de vários leitores, e que, a falta de esclarecimento sobre os mesmos para os docentes é crescente. A prática pedagógica dos docentes é primordial na busca de uma aprendizagem de inovação na metodologia da Matemática, pois fazendo o uso dos livros paradidáticos infanto-juvenis os professores fazem com que esta mesma metodologia seja enriquecida e desejada pelos estudantes. A entrevista com cada docente fez com que percebêssemos a preocupação de cada um em relação à utilização dos livros paradidáticos ao que se espera de uma didática mais inovadora. Pois, sabem da existência dos livros paradidáticos e onde encontrá-los, mas se preocupam demais com o relatório de atividades impostas na matriz curricular, fazendo assim, o surgimento de mais um motivo para não utilização dos livros paradidáticos de Matemática dentro e fora da sala de aula. 41 Ao nos depararmos com uma quantidade de livros paradidáticos de Matemática sugeridos pelos professores, que foram: o homem que calculava de Malba Tahan; para que serve a Matemática de Imenes, Jakubo e Lelis; Aristóteles e Newton que nem foi mencionado nem encontrado o(s) autor (es); e as mil e uma equações da autoria de Enersto Rosa. Percebemos que os professores conhecem ao menos o mínimo de livros paradidáticos sugeridos para o Ensino Fundamental. Sendo assim, fica mais uma preocupação em relação aos professores conhecerem ou não os livros paradidáticos ao longo de sua graduação e/ou magistério. Na identificação suas respostas em relação às perguntas, observamos que os docentes têm a compreensão de que os livros paradidáticos são muito importantes no processo ensino-aprendizagem de cada instituição de ensino e que às vezes se tornam menos importantes, por desmotivação no âmbito escolar. Ainda assim, os mesmos não são utilizados nem mesmo numa atividade diversificada ou como atividade extra, fazendo com que os livros paradidáticos se tornem menos conhecidos para o grande público que são os estudantes. Portanto, a utilização dos livros paradidáticos de Matemática em grande escala acontecerá aos poucos, tendo em vista a quantidade de relatórios e atividades que são exigidas no ensino-aprendizagem nas Unidades de Ensino. Para tanto, faz-se necessário discutir com os docentes, durante a sua formação, a importância dos livros paradidáticos para que, assim, esta utilização se torne uma realidade na prática pedagógica. Para os educadores, é de fundamental importância a busca de melhorias no processo ensino-aprendizagem para a construção do conhecimento que é exposto em sala para os estudantes através do docente e devem proporcionar aos mesmos as condições necessárias para que venham a se tornar protagonistas de seu aprendizado. Isto pode ser facilitado quando selecionamos um bom livro paradidático, que desperte o imaginário do estudante, levando-os a refletirem sobre leituras ao ponto de significar, inclusive, o aprofundamento e o entendimento da Matemática escolar em seu cotidiano. 42 Acreditamos que este estudo seja de grande valia para os professores de Matemática que atuam em turmas do Ensino Fundamental, pois, apresenta uma significativa contribuição no que diz respeito à prática pedagógica. 43 REFERÊNCIAS ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1982. BISHOP, A; CLARKSON, P. Values in mathematics education: marking values teaching explicit in the mathematics classroom. In: Annual Meeting of the Australian Association for Research in Education and the New Zealand Association for Research in Education, 1999, Melbourne, Australia p. 1 – 13. Disponível em: http://eric.ed.gov/PDFS/ED453075.pdf. Acesso em: 01/05/2013. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Matemática / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC /SEF, 1998. BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2005. CARNEIRO, R. F.; PASSOS, C. L. Matemática e Literatura Infantil: uma possibilidade para quebrar a armadilha do desconhecimento matemático. Disponível em: http://alb.com.br/arquivomorto/edicoes_anteriores/anais16/sem15dpf/sm15ss06_04.p df. Acessado em 08 abri 2013. CHARDIN, Teilhard de. Noosfera. Disponível http://www.dicionarioinformal.com.br/noosfera/. Acessado em 03 de maio 2013. em: DALCIN, A. Um Olhar sobre o Paradidático de Matemática. (Dissertação de mestrado) ZETETIKÉ – Cempem – FE – Unicamp – v. 15, n. 27 – jan./jun. – 2007. DANYLUK, Ocsana. Alfabetização matemática: as primeiras manifestações da escrita infantil/ Ocsana Danyluk. – Porto Alegre : Sulina, Passo Fundo : Ediupf, 2002. 2ª ed. EINSTEIN, A. Albert_Einstein. Disponível http://pt.wikiquote.org/wiki/Albert_Einstein. Acessado em 14 de fevereiro 2014. em: FONSECA, M da C. F. R; CARDOSO, C. de A. A Educação Matemática e letramento: textos para ensinar Matemática, Matemática para ler texto. In: LOPES, C. E; NACARATO, A. M. Escritas e leituras na educação matemática. Belo Horizonte: Autentica p. 63-76, 2009. FRANCO, Maria Laura Publisi Barbosa. Análise de conteúdo. Série Pesquisa v. 6 – Brasília-DF, 2ª edição: Liber Livro Editora, 2007. FREIRE, Paulo, 1921-1997. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. Paulo Freire. – São Paulo: Editora UNESP, 2000. GALLINDO, Débora. os 7 matemágicos. Disponível http://os7matemagicos.blogspot.com.br/2013/06/aritmetica-da-emilia-monteirolobato.html. Acessado em 08 de abril 2014. em: 44 GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisas. – 4. Ed. – São Paulo: Atlas, 2002. HABERMAS, J. Consciência moral e agir comunicativo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro. 1987. HUSSERL, E. A Origem da Geometria. Tradução de Maria V. Bicudo, do texto The origen of geometry in Husserl E. The crisis of European Science. North Western University Press, 1970. LOBATO, Monteiro. Aritmética da Emília. 29. ed. São Paulo: Brasiliense, 1995. MACHADO, N. J. Matemática e Realidade: das concepções às ações docentes. – 8. ed. – São Paulo : Cortez, 2013. MALBA, T. O homem que calculava. Rio de Janeiro: Record, 2008. MORAIS FILHO, Daniel Cordeiro de – Um convite à Matemática: fundamentos lógicos, com técnicas de demonstração, notas históricas e curiosidades/ Daniel Cordeiro de Morais Filho; 3ª edição, totalmente voltada às técnicas de demonstração; Campina Grande, Edição do autor, Fábrica de Ensino, 2010. MUNAKATA, Kazumi. Produzindo livros didáticos e paradidáticos. São Paulo: PUC, 1997. (Tese de doutorado) OLIVEIRA, M. L. O trabalho pedagógico dos professores do ensino fundamental no ciclo II sobre educação ambiental Recife-PE. 2005. f. 134. Dissertação (Mestrado em Ensino das Ciências) - Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2005. PAEZ, G. R; SOUSA, M. C. Uso de Paradidáticos em Aulas de Matemática: uma experiência com “O Homem que Calculava”. Disponível em: http://www.enrede.ufscar.br/participantes_arquivos/E4_PAEZ_TA.pdf. Acessado em 03 de abri 2013. PASSOS, Cármen Lúcia. Representações, Interpretações e Prática Pedagógica: a Geometria na sala de aula. 2000. Tese (Doutorado em Educação Matemática) UNICAMP, Campinas. SÁ, Ilydio Pereira de. Livros paradidáticos de Matemático para o Ensino Fundamental. Disponível em http://magiadamatematica.com/uss/licenciatura/16paradidaticos.pdf. Acessado em 20 de setembro de 2013. SILVA, A. C. Matemática e literatura infantil: um estudo sobre a formação do conceito de multiplicação. Dissertação (Mestrado em Educação) – CCHLA, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, p. 189, 2003. SILVA, Airton Marques da e MOURA, Epitâcio Macário. Metodologia do trabalho cientifico. – Fortaleza, 2000, 206p. 45 SILVA, D. R. Um Olhar Histórico sobre o Livro Paradidático de Matemática no Brasil. Disponível em: http://www.sbem.com.br/files/ix_enem/Poster/Trabalhos/PO32 161579894T. doc+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br. Acessado em 03 de abril 2013. SILVA, E. T. Leitura na escola e na biblioteca. Campinas: Papirus, 1986. SMOLE, Kátia C.S., et al. Era uma vez na Matemática: uma conexão com a literatura infantil. 5 ed. São Paulo: CAEM/IMEUSP, 2004. TOLEDO, Maria E. R. O. Numeramento e escolarização: o papel da escola no enfrentamento das demandas matemáticas cotidianas. In: FONSECA, Maria. C. F. R (Org.). Letramento no Brasil: habilidades matemáticas: reflexões a partir do INAF 2002/ – São Paulo: 2004, Global: Ação educativa assessoria, pesquisa e informação: instituto Paulo Montenegro. WIELEWSKI, Gladys Denise. O Movimento da Matemática Moderna e a Formação de Grupos de Professores de Matemática no Brasil. Disponível em: http://www.apm.pt/files/_Co_Wielewski_4867d3f1d955d.pdf. Acessado em 08 de abri 2014. 46 APÊNDICE A – REFERÊNCIA DA ENTREVISTA APLICADA AOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA DO ENSINO FUNDAMENTAL Escola:_____________________________________________________________ Professor(a):_________________________________________________________ Formação:___________________________________________________________ Tempo de magistério:__________________________________________________ 1) Você conhece algum livro paradidático de matemática? ( ) sim ( ) não. Qual? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 2) Qual a importância de trabalhar livros paradidáticos nas aulas de matemática? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 3) Você fez uso de algum livro paradidático de matemática na sala de aula? ( ) Sim. ( ) Não. Por quê? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 4) Há alguma dificuldade para usar os livros paradidáticos em sala de aula? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 5) Como você vê a relação texto escrito, símbolo matemático e imagens nos livros paradidáticos? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________