V Con ferência Brasileira de Mídia Cidadã
UNICENTRO, Guarapuava /PR – 8 a 10 de ou tubro de 2009
Internet: Isolamento Social dos Jovens ou uma Alternativa para a Transformação
Social?
Maria Amélia Miranda PIROLO1
Waldyr Gutierrez FORTES2
José Carlos DALMAS3
Aline Duarte PIRES4
Amanda Meyer GUARIBA5
Andréa da SILVA6
Brunno Henrique Miranda PIROLO7
Giorge Alexandre SANTOS8
Lohanna ALAVARENGA9
Nayara DUARTE10
Otávio ÁVILA11
Patrícia Aparecida COSTA12
Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR.
ISSN-2175-6554
Referência:
PIROLO, Maria Amélia; FORTES, Waldyr Gutierrez;
DALMAS, José Carlos; PIRES, Aline Duarte;
GUARIBA, Amanda Meyer; SILVA, Andréa da;
PIROLO, Brunno Henrique Miranda; SANTOS, Giorge
Alexandre; ALVARENGA, Lohanna; DUARTE,
Nayara; ÁVILA, Otávio; COSTA, Patrícia Aparecida.
Internet: isolamento social dos jovens ou uma
alternativa para a transformação social? In: Mídia
Cidadã 2009 – V Conferência Brasileira de Mídia
Cidadã, 2009. Guarapuava. Anais. Guarapuava, 2009. p.
486-501.
Orientadora do trabalho. Professora do curso de Relações Públicas, e-mail: [email protected].
Orientador do trabalho. Professor do curso de Relações Públicas, e-mail: [email protected].
3
Orientador do trabalho. Professor do curso de Relações Públicas, e-mail: [email protected].
4
Aluna do 8º. semestre do curso de Relações Públicas, e-mail: [email protected].
5
Aluna do 4º. semestre do curso de Relações Públicas, e-mail: [email protected].
6
Aluna do 8º. semestre do curso de Relações Públicas, e-mail: [email protected].
7
Aluno do 4º. semestre do curso de Relações Públicas, e-mail: [email protected].
8
Aluno do 6º. semestre do curso de Relações Públicas, e-mail: [email protected].
9
Aluna do 6º. semestre do curso de Relações Públicas, e-mail: [email protected].
10
Aluna do 8º. semestre do curso de Relações Públicas, e-mail: [email protected].
11
Aluno do 6º. semestre do curso de Relações Públicas, e-mail: [email protected].
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Aluna do 4º. semestre do curso de Relações Públicas, e-mail: [email protected].
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RESUMO
A internet desde o seu surgimento provocou grandes mudanças na vida da sociedade,
principalmente na dos jovens. Um mundo novo foi descoberto e a possibilidade de explorá-lo,
sem limitação, estimula a juventude a dedicar-se ao mundo virtual, não percebendo que essa
atitude demasiada em busca de contatos, os faz comportar-se apenas como meros reprodutores
de padrão, passíveis de alienação, inconscientes da importância de se exercer a cidadania. A
partir desse contexto, é que um grupo de projeto de extensão, formado por professores e
alunos do curso de Relações Públicas da Universidade Estadual de Londrina realizou, a
pedido do Centro de Valorização da Vida – CVV a referida pesquisa, a fim de se verificar a
influência causada pela internet aos estudantes do ensino médio da cidade de Londrina, e sua
relação no aumento da procura dos serviços prestados pelo CVV.
Palavras-chave: jovens; internet; opinião; sociedade; relacionamentos.
A internet surgiu no Brasil em 1988, fruto de uma ação conjunta do Ministério da Ciência e
Tecnologia, CNPq, e outras fundações de amparo à pesquisa. Sua criação nasceu também,
como uma aposta no renascimento das possibilidades de participação, e desde então, a rede
vem se expandindo e ampliando seu número de adeptos ao mundo virtual. Essa expansão se
mostra visível, pois no início o uso da internet era limitado ao hábito de checar os e-mails
apenas duas vezes ao dia e, hoje, além dos acessos diários, as pessoas possuem mais de uma
conta de e-mail, o que faz com que permaneça um tempo razoável em frente a tela do
computador. O desenvolvimento da internet e com ela das redes de relacionamento gerou um
mundo em que os campos de interação se tornaram globais numa escala até então
inimaginável, originando perfis e comportamentos novos em um mesmo sujeito.
Tal mudança de comportamento deve-se ao aumento da interatividade na rede, por meio da
criação das salas de bate papo, que proporcionou conhecer pessoas de diferentes lugares,
gerando uma ampliação na rede de contatos dos usuários. Neste contexto, como um facilitador
da comunicação, surgem e se aperfeiçoam a todo instante as ferramentas e sites de
relacionamento da internet, que além de permitir o relacionamento pela rede entre amigos do
mundo real, possibilita a criação de amizades virtuais.
As redes de relacionamento, em principio, afastam a possibilidade de
solidão. Mas quanto mais intensamente os jovens se relacionam dessa
maneira, mais sós se sentem e mais receiam ficar sós, o que os leva a
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aumentar ainda mais a dose de mensagens compulsivamente trocadas pelos
computadores, celulares, smartphones e congêneres. (Silva in Matos, 2009,
p.17).
Um destes fenômenos é o Orkut, que é uma rede social filiada ao Google e tem por objetivo
ajudar seus membros a criar novas amizades ou manter seus relacionamentos. Em pesquisa
solicitada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), que presta um serviço de apoio moral e
prevenção ao suicídio, realizada no ano de 2008. “As redes de relacionamento e seus reflexos
na interação social dos jovens” ( Pirolo et All, 2009), que entrevistou 1429 estudantes de
ensino médio de escolas públicas e particulares, foi constatado que a internet, além de
propiciar horas de navegação, gera isolamento social e também restringe as amizades
verdadeiras, enfraquecendo o conceito e a confiança desta relação, cuja quantidade elevada de
amigos virtuais torna mais difícil o contato face a face.
Que sentido terão a palavra e o sentimento amizade quando a quantidade
padrão dos que se incluem nesse conceito estiver na casa de centenas? O que
é ser amigo de seiscentas pessoas?... É assustador constatar que, para os
adolescentes atuais, privacidade é alguma coisa que faz pouco sentido ou
sequer existe. A naturalidade com que eles se expõem, deixando seus
sentimentos e atos mais íntimos ao alcance de todos nas suas redes de
relacionamento, é impressionante. (MATOS, 2009, p.16-18).
O aumento das amizades virtuais se dá pelo fato da internet ser um mundo sem fronteiras,
onde você pode ser quem quiser e se relacionar com quem quiser, diferente de uma amizade
formal, onde existe todo um processo de “conhecer” e “conquistar” a amizade do outro, sem
poder esconder seus defeitos.
Os jovens cada vez mais se dedicam ao mundo virtual, utilizando muitas vezes este meio para
criar personagens e “espiar” a vida alheia, como afirmaram 12% dos respondentes da pesquisa
e para debochar das pessoas, confirmado por 5%. Comprovando tal fato, têm-se os dados
obtidos pela pesquisa realizada, ilustrados pelo gráfico 1, em que Orkut e MSN despontam
como as ferramentas mais utilizadas pelos jovens, registrando um índice de 78% e 77%
respectivamente, deixando como segunda opção pesquisas escolares e trabalho, o que nos leva
a inferir que esses jovens estão com o intuito de construir uma imagem de alta popularidade e
em busca de novos contatos para se relacionarem.
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Gráfico 1 - Finalidades de utilização
Essa constatação vem de encontro com a pesquisa realizada pelo Ibope/NetRatings, que
chegou a colocar o Brasil em primeiro lugar num ranking de 12 países monitorados por esse
instituto em relação ao tempo médio de permanência em frente ao computador. Nesse estudo,
88,7% dos brasileiros monitorados navegaram por portais, salas de bate-papo, blogs e sites de
relacionamento, podendo se destacar o Orkut, que alcança um total de sessenta milhões de
cadastros, deixando o Brasil com o maior número de membros, (49,8%) segundo o próprio
site.
Nota-se que a internet possibilitou conhecer um mundo novo. Sua amplitude fascina e, cada
vez mais, cativa jovens a navegarem na rede e fazerem parte desse mundo virtual que permite
ter o mundo sem sair de casa, da escola ou do trabalho.
Porém, todo esse deslumbramento faz com que os jovens dediquem horas em frente ao
computador, abstendo-se da própria vida em função de algumas horas de entretenimento. Esta
diversão, no entanto, tem como característica uma relação distante com o outro indivíduo, o
qual está submetido a uma necessidade de conexão virtual. Os jogos de internet, por exemplo,
de maior popularidade entre os jovens, caracterizam-se pela aproximação do real. Ainda que
sejam jogos medievais, de esporte ou ação, a jogabilidade é voltada para a busca mais
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próxima possível da realidade da temática e faz com que o jovem se envolva profundamente
neste mundo virtual. A diferença destes jogos para outros é que, comumente, boa parte dos
participantes provém de localidades diferentes, ou seja, os jogos da internet trazem uma
diversão próxima ao real, inclusive no que se refere às relações interpessoais, mas ao sair do
jogo ou desconectar a internet, o jovem também se desconecta daquele mundo e,
principalmente, desvincula-se totalmente do outro.
O acesso a um grande número de informações disponíveis aos jovens, com idéias e culturas
diferentes, pode influenciar o desenvolvimento moral e social dos mesmos. Isso nos faz
refletir o quão cidadão cada jovem é; se realmente ele cumpre seus deveres e exige seus
direitos; se exerce sua cidadania ou vive para o próprio bem. Por isso, entender a questão da
cidadania no contexto tecnológico de hoje pressupõe fatores favoráveis e não-favoráveis das
novas interações que a internet traz.
Importante entender que a sociedade de hoje, constitui-se em uma “sociedade de rede”, como
designa Castells ( In: Cardoso, pag.28) . É caracterizada por uma mudança em sua
organização social decorrente do surgimento de novas tecnologias de informação, que se une
aos fatores temporais (a globalização, movimento de trocas financeiras) e fatores sociais
(liberdade de expressão, busca pelos desejos individuais, valores próprios).
A espécie humana se caracteriza pelo poder de comunicação, sendo assim, pode-se relacionar
a autonomia de escolhas individuais à capacidade que temos de interagirmos com as novas
tecnologias de comunicação, que acabam por redimensionar o tecido social em que estamos
incluídos.
A questão que deve ser respondida é até que ponto esse aumento da possibilidade de acesso,
do tempo de exposição e de interação diária com a mídia é ou não propiciador de aumento de
nossa autonomia e, em última análise, do exercício de nossa cidadania.
Segundo Turner (In: Cardoso, 1994, p.30), “cidadania pode ser defendida como um conjunto
de práticas dos indivíduos como membros competentes de uma comunidade”. E mais, ao
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relacionar cidadania e internet, nos deparamos com um tema tão importante quanto em nosso
contexto, a democracia considerada “um sistema político que se baseia no livre exercício da
Cidadania, pois para ser um cidadão participante, é preciso estar bem informado sobre os
acontecimentos e as coisas públicas”. (site Interlegis, 2009). E nada melhor do que a internet
para ajudar nessa busca, já que o intuito desse meio é disponibilizar informações sobre
assuntos variados, que de certa forma contribuam para a reflexão crítica cidadã dos
indivíduos.
No entanto, o que se percebe no meio virtual é que os indivíduos são manipulados como se
fossem as próprias peças dos jogos e/ou mais um ator da comunidade do orkut. Esse paradoxo
nos faz refletir a respeito de como os sujeitos estão se tornando cada vez mais passivos diante
da tela do computador, principalmente os jovens. Eles estão perdendo as características de
cidadãos críticos, que refletem e julgam as informações recebidas para então tomar uma
atitude. Diante disso, o que tem acontecido é a formação de jovens sem opinião bem formada,
condicionados a seguirem as regras do meio virtual e deixando de agir por vontade própria,
não se importando com as opiniões alheias (familiares e professores, por exemplo).
Enquadramo-nos a uma sociedade onde as regras de convivência se
encontram mais ou menos estruturadas, em um espaço que compartilhamos
os limites de nossas fronteiras de atuação, ou seja, onde direitos e deveres
são conhecidos e reconhecidos. (CARDOSO, 2007).
Contudo, é necessário termos em mente o quanto estes direitos são possíveis e qual liberdade
que encontramos para exercitá-lo.
As novas tecnologias de comunicação não asseguram autonomia e participação social, mas
caracterizam-se por sua interligação em rede. O sucesso para a prática cidadã no contexto da
sociedade em rede, não só necessita da interligação entre diversas mídias, mas também das
habilidades individuais, para que possa existir uma interação com as ferramentas de
mediação. “O poder da mídia é conferido por ouvir, falar e ser ouvido” (Silverstone, 1999, In:
Cardoso, p.32).
Positivamente, o espaço oferecido para a expressão individual cria no próprio indivíduo
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pertencimento à rede e torna-se com isso atuante nesta sociedade midiática interligada. No
entanto, perceber como a prática da cidadania tem sido realizada, em especial aos jovens,
requer olhares atentos.
De acordo com a pesquisa CVV, 50% dos entrevistados disseram apresentar-se apenas com
informações reais, 18% fictícias e 32% com ambas, ou seja, 50% dos estudantes, de alguma
forma, não compactuam com sua verdadeira identidade no ambiente da web, tornando-o
propício à criação de personagens falsos, a começar pela idade, pois a maioria dos
pesquisados não tinham atingido os 18 anos exigidos para a criação da conta no Orkut. Além
da troca de informações pessoais com desconhecidos, o uso da internet por tempo demasiado
e até mesmo a exposição da imagem, acarreta em um ambiente onde não se pode ter confiança
na pessoa com que se relaciona e que toda informação deve ser verificada. Justifica-se esta
afirmação, pois quando questionados sobre o motivo da utilização de informações falsas, 45%
alegaram motivos de segurança, 33% privacidade, 12% com o objetivo de investigar em
páginas alheias, 5% aderiram à falsidade para debochar das pessoas, e a mesma parcela
alegou a criação de um personagem, demonstrado logo abaixo, no gráfico 2.
Gráfico 2 - Justificativa para a apresentação de informações falsas
Comprovando que nem tudo a que temos acesso na internet é verdadeiro, é importante os
estudantes saberem diferenciar o que realmente é relevante para o seu desenvolvimento
crítico, buscando maior participação social em busca de seus direitos e conscientes de seus
deveres, não se sujeitando mais a reproduções de padrões e sistemas impostos pela
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virtualização. Um exemplo é o fato de muitos jovens ao postar mensagens em suas
comunidades do Orkut têm como principal objetivo chamar a atenção para si mesmo, criar
confusões ou menosprezar outros integrantes. E, como é possível postar mensagens
anonimamente em diversas comunidades, alguns utilizam essa possibilidade para inventar
fatos, xingar e humilhar outros membros, visto que é muito dificil ter algum tipo de punição,
devido a falta de controle sobre as mensagens enviadas.
Diante disso, percebe-se já uma transformação da internet desde seu surgimento, pois se antes
a
produção de informação estava em mãos hegemônicas de empresas
comprometidas com o lucro e dependentes do mercado para tal, agora,
qualquer pessoa pode criar e acessar uma enorme variedade de conteúdos,
produzidos a partir de pensamentos e propósitos dos mais diversos, com o
objetivo de disseminar os mais diferentes valores”, (GUEDES, 2009).
Ou até como apontado acima disseminar informações falsas para atingir propósitos próprios.
“A internet é autoral e quebra paradigmas ao contrariar fórmulas prontas de teorias da
comunicação”. (GUEDES, 2009).
Hoje, o aprendizado do jovem não pode basear-se exclusivamente no contexto escolar ou
familiar. Quando a sala de aula deixa de ser o limite do aprendizado, novos espaços são
descobertos, inclusive e com força, o ciberespaço.
Este passo tem como condição essencial a possibilidade da construção do
conhecimento estar se fazendo em uma nova ordem de cultura, o
ciberespaço, onde cada indivíduo ou grupo é um nó de um grande
universo/rede em expansão (...) a nova universalidade se constrói por meio
da interconexão das mensagens entre si. (LEVY, 1999).
A internet nos favorece esta interação planetária por meio de sua tecnologia de conexão.
Porém, “a técnica nos dá poderes, mas a escolha do que vamos transmitir através dela é nossa.
Desse modo o homem imprime a esta rede uma idealização que transpõe os limites de sua
própria constituição” (MAMEDE-NEVES, 2006).
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Apesar de entender que o aprendizado do estudante não pode basear-se apenas na educação e
na família, compreende-se que pelo fato de exigir do internauta uma certa autonomia na busca
ou na criação de conteúdo, a educação se faz necessária para que a internet cumpra, de fato, o
papel de ser um meio de conhecimento ilimitado e de formação crítica. Hoje, grande parte dos
jovens a utiliza apenas para comunicação interpessoal, seja pelos softwares de conversa, seja
por sites de bate-papo ou pelas redes sociais (GUEDES, 2009), como já relatados pela
pesquisa e ilustrados no grafico1.
Uma palavra essencial à compreensão das informações obtidas na pesquisa é relacionamento,
que envolve uma diversidade de definições. Os alunos pesquisados foram indagados sobre o
seu entendimento em relação ao conceito e significado da palavra, sendo possível a escolha
múltipla de alternativas. De acordo com o resultado obtido e apresentado no gráfico 3, 70%
dos respondentes relataram a importância de laços afetivos e afinidade entre as pessoas,
enquanto 51% ressaltaram a troca de experiências e informações, 24% acreditaram ser
fundamental para um relacionamento o contato face-a-face e, por fim, 17% levantaram outras
formas de interação inerentes ao conceito, como o relacionamento se definir por contato
virtual e depender de vínculos duradouros. Logo, comprovou-se que os elos que constroem a
definição de relacionamento acontecem, segundo os entrevistados, ainda que não exista o
contato físico.
Gráfico
3 - Aspectos considerados como formas de relacionamento
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Partindo do ponto que para haver relacionamento não é necessário o contato físico,
fica mais fácil entender o porquê os jovens têm dedicado tanto tempo aos contatos virtuais.
De acordo com o gráfico 4, no que diz respeito ao tempo destinado à navegação, os dados
revelam que 66% dos entrevistados dedicavam até 3 horas diárias ao computador, enquanto
34% excediam esse número de horas. Deve-se considerar ainda, que 10% dos entrevistados
usam a internet por mais de 7 horas ao dia, sinalizando dedicação demasiada às amizades
virtuais e um possível isolamento desses usuários.
Gráfico 4 - Horas de navegação
Considerações Finais
Não se pode negar que a interação que a internet disponibiliza ao internauta, em especial ao
jovem, remete a um espaço único de trocas. Neste espaço o jovem descobre inúmeras
temáticas da sociedade que nem sempre é apresentada a ele e, a partir deste primeiro contato,
ou como informação adquirida, o usuário cria um conhecimento próprio e sem bases sólidas
de estruturação didática se não tiver um acompanhamento.
Nesta situação, a internet apresenta-se altamente permissiva a todo tipo de conhecimento. Há
uma liberdade assegurada pela falta de regras que banalizam os comportamentos e um
anonimato que põe em cheque a própria ética da sociedade. E, em especial os jovens, na
intenção de se tornarem algo diferente do que são na realidade, compõe este mundo virtual
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com informações errôneas. Estas acepções são decorrentes da anestesia imagética que o
jovem experimenta sobre ele. Com tanta liberdade e anonimato, a própria personalidade se
perde e os reflexos são vistos nos relacionamentos reais. Como os relacionamentos se tornam
mediados pelas novas tecnologias, os vínculos táteis dos jovens vão sendo defasados. O
aperto de mão, o abraço ou até mesmo o ato de declarar-se a alguém são deixados de lado no
mundo real para serem expressos no mundo virtual, onde há maior comodidade.
Fica claro que o meio virtual, assim como toda nova tecnologia que aparece na sociedade, tem
revolucionado as formas de relacionamento, informação e privacidade. No entanto, todos os
indivíduos estão sujeitos a estas mudanças se tiverem contato com tal tecnologia; mas por que
é que a internet e as mudanças que traz a sociedade têm maior expressão na juventude?
A maior diferença percebida no comportamento de jovens e adultos, não só relacionado ao
ciberespaço, mas a tudo, é a tendência do jovem em buscar o novo. O ímpeto que o jovem tem
em acessar os links é o ímpeto de conhecer algo diferente e esta constante atividade que
caracteriza a internet como algo infinito, um lugar onde o conhecimento não tem fim. Já a
reação dos adultos frente a esta tecnologia é mais reservada, pois o adulto tem por
característica a tendência de conter-se, defender o já existente e que, acima de tudo, garante
estabilidade.
No presente contexto, pais e educadores preocupam-se com o possível isolamento social que a
internet pode acarretar aos jovens, uma vez que o elevado nível de interatividade estaria
aliado a longas horas de navegação. Questionados quanto aos reflexos da internet nas relações
face-a-face, os dados demonstrados na pesquisa e ilustrados pelo gráfico 5, mostram que 49%
dos entrevistados alegaram que a rede não influencia em suas relações face-a-face. Em
continuidade, 21% relataram pouca influência, 19% uma total intervenção, enquanto 11% não
souberam responder. Ou seja, 40% afirmaram que de alguma forma suas relações pessoais
foram afetadas, devido ao tempo dedicado a internet.
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Gráfico 5
-
Reflexos
da
internet
nas
relações
face-a-
fac
Nessa
perspectiva, embora os jovens prefiram ainda os relacionamentos reais, a virtualização das
amizades a cada dia vem ganhando mais espaço entre as pessoas, pois oferece mais sincronia
e agilidade em um mundo onde as informações precisam percorrer os canais em espaços cada
vez mais curtos de tempo. É o que foi constatado pela pesquisa, pois ao considerar os
benefícios que a internet proporciona à sociedade, quando questionados sobre as principais
vantagens desse recurso, os dados do gráfico 6 indicam que os estudantes ressaltaram a
rapidez, com 66%, e a interatividade, com 14%, como sendo os aspectos mais relevantes. Em
complemento, constatou-se a acessibilidade, com 12%, seguida pela economia, com 8%, ou
seja, a rede é capaz de cruzar fronteiras, inserir os jovens em diferentes contextos em um
curto espaço de tempo.
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Gráfico 6 - Característica principal da internet
É preciso ressaltar que a internet também tem seus aspectos positivos, não podemos só julgála, pois ela tem contribuído de maneira efetiva em diversas situações. A internet não só
oferece conteúdo, mas também oferece espaço. Qualquer pessoa, independente de seu nível
intelectual ou financeiro pode expor seus conhecimentos. Criam-se grupos de discussão,
inclusive em sites de relacionamentos, que favorecem a criticidade por meio da liberdade de
expressão do indivíduo. Esta mesma liberdade, que pode ser decorrente do anonimato,
mostra-se positiva neste contexto, tomando como base a necessidade de que todo indivíduo
tem em expressar-se.
Quando a internet é vista por aquele que a usufrui como um meio de leitura, discussão e
aprofundamento, os reflexos também são vistos não só no mundo virtual. A informatização
pode aproximar pessoas e posicionar outros de maneira diferenciada no mercado e na
sociedade a partir de contribuições ao mundo virtual.
Mais do que isso, a Internet possibilita a consolidação de um espaço comunicacional de
interação entre seus usuários que pode servir, não apenas para informar, mas também facilitar
a aproximação entre sujeitos geograficamente distantes, dinamizar relações, configurar
modelos renovados de interação, além de facilitar o acesso à esfera da produção midiática
através de apropriações diversas de seus espaços comunicacionais, como blogs, chats, redes
sociais online, correio eletrônicos, sites pessoais, entre outros.
A partir dessas colocações, onde a internet se configura de uma forma positiva é que podemos
fazer inferência à cidadania no âmbito virtual. A cidadania pode ser percebida no espaço que a
internet dá para manifestações que permitem tornar latentes informações sobre algum
problema ou necessidade. Além disso, os exemplos e as referências permitem a transferência
de informações referenciais e o uso destes referenciais; as exposições e fotos permitem acesso
e transferência de informações; as informações disponíveis permitem todas as práticas
informacionais; os links permitem o acesso a novas informações; as notícias permitem o
acesso, a transferência e uso das informações noticiadas, assim como a geração de novas
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informações; os serviços voluntários permitem o uso de informações / conhecimentos detidos
por uma pessoa para contribuir no desenvolvimento da cidadania; o SOS permite que pessoas
com problemas transfiram informações sobre o problema e assim pessoas que tenham acesso
a estas informações as usem para o encaminhamento de soluções; os temas políticos e os
textos para reflexão permitem transferir a outras pessoas informações sobre seus direitos e
deveres enquanto cidadão e fazer uso destas informações para exigirem seus direitos.
Finalmente, a troca de informações permite o aprendizado, a colaboração e o
compartilhamento de conhecimentos.
Na verdade, o que precisa acontecer é uma sensibilização por parte dos
jovens de que a internet é um canal que vai além das salas de jogos, batepapo e sites de relacionamento. E é por isso, que cada vez mais, esses jovens
devem estar cientes de como aproveitar, essas várias possibilidades
oferecidas pelo mundo virtual, como por exemplo, conhecer e buscar
informações, a fim de se distinguir o que realmente é importante para uma
atuação social ativa, como sujeito crítico e reflexivo da sociedade em que
vive, atuando como formadores de opinião e não como meros sujeitos
passivos, submissos a regras e padrões impostos pela virtualização e pela
alienação a que estão vulneráveis, devido a quantidade exorbitante de
informações disponibilizadas pelo mundo virtual. (PIROLO et all, 2009).
Assim, levando-se em conta que a internet é um instrumento promissor de transformação
social e de retomada dos valores humanos, percebe-se a importância das instituições
educacional e familiar, trabalharem em conjunto, articulando entre si e a internet, em prol da
formação de cidadãos autônomos, até porque se a educação não estiver presente seja na sala
de aula ou no ambiente familiar, os estudantes de certa forma estarão sujeitos a informações
falsas, errôneas e acríticas, até por que hoje em dia, não há um filtro para que seja postado
somente informações e fatos verídicos, já que atualmente qualquer pessoa, pode criar
informações e disponibilizar no mundo virtual.
Desta forma, percebe-se a capacidade que a internet possui em promover uma transformação
social no mundo de hoje, disseminando valores como solidariedade, e utilizando seu poder
para exigir de seus usuários, uma mudança de postura do letárgico para o cidadão.
(GUEDES, 2009).
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Segundo Guedes (2009),
para ampliar o poder de transformação da rede, é preciso que mais cidadãos
autônomos saibam explorar essa ferramenta tanto como consumidores de
informações como produtores de novos conteúdos e disseminadores de
novas idéias. E, para isso, não existem novas fórmulas. Educação para a
cidadania e sua articulação com novos recursos de comunicação são as
chaves para a mudança.
Logo, a internet funcionará como uma porta que se abre para o mundo, em que os sujeitos
podem atuar de forma ativa no desenvolvimento de um espaço virtual capaz de garantir que
esses jovens se tornem cidadãos, porém vai depender apenas deles exercerem a cidadania, em
prol da mudança social em um mundo com grandes desigualdades ou continuarem com o
método de reprodução e alienação a que estão expostos no momento, em busca da
popularidade, auto-afirmação, em que o que você é não importa, mas sim o que representa.
Cabe somente a cada um desses estudantes a realização dessa transformação tão necessária
para a sociedade atualmente.
Referências
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sociais
de
imigrantes
latino-americanos
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Disponível
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CARDOSO, Gustavo. A mídia na sociedade em rede . Editora FGV: Rio de Janeiro, 2007.
CASTELLS, in: “Cardoso, Gustavo. A mídia na sociedade em rede . Editora FGV: Rio de
2007.
DANTAS, Rodrigo Vieira. A Influência da Internet na Vida Real.
<http://www.rodflash.com/?p=69.>. Acesso em: 06 out. 2008.
Janeiro,
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GUEDES, Bruno. Internet e Cidadania: o potencial da rede para promover uma
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LEVY, P.Cibercultura . São Paulo: Editora 34, 1999.
MAMADE-NEVES, Maria A. C. Cabeças Digitais: o cotidiano da era da informação. In Nicolaci-da-
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Costa, Ana Maria. Edições Loyola: São Paulo, 2006.
MATOS, Heloiza. Capital Social e Comunicação: Interfaces e Articulações. Summus Editorial: São
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Internet: Isolamento Social dos Jovens ou uma Alternativa