BOLETIM 32
OUTUBRO 2013
DESTAQUES DESTA EDIÇÃO:
Histórias de Vida - Acervo de História Oral
Nesta edição, continuaremos homenageando os entrevistados nascidos em 1913 que cederam depoimentos ao ICJMC.
Confira os trechos de alguns desses relatos. Página 2
Seção Instituições da Comunidade
Instituto Cultural
Judaico Marc Chagall
Neste número daremos destaque a Chevra Kedisha uma associação voltada não apenas à preparação e ao enterro dos mortos,
mas também, originariamente, a dar conforto aos doentes e
consolar os aflitos. Página 3
Painel Compromisso Moral e Lições de Solidariedade
O ICJMC, em parceria com a B’nai B’rith, vêm promovendo o painel sobre a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto denominado “Compromisso Moral e Lições de Solidariedade”. Esta atividade iniciou por ocasião do lançamento, em
2008, do livro de memórias do Sr. Samuel Schajer, sobrevivente do Holocausto, que justificou ter escrito suas memórias como um compromisso moral. O Painel vem se apresentando em escolas municipais, estaduais e particulares. Confira o que aconteceu. neste último trimestre. Página 7
Seção Fala Aí ...
No contexto dos estudos de suas raízes judaicas, os alunos
do 6º ano do Colégio Israelita fizeram uma viagem à cidade de
Santa Maria - RS. Leia as suas impressões. Página 4
Histórias de Vida—Acervo de História Oral
Nesta edição continuaremos homenageando os entrevistados nascidos em 1913 que
cederam depoimentos para o ICJMC. A seguir apresentamos trechos de alguns desses relatos.
Valdomiro Chukster
Nascido em Saloc, Lituânia.
“Nós éramos três irmãos. Então, um passava mais ou menos um ano servindo no exército e logo
outro já tinha que ir. Um atrás do outro (...) Mandam para o quinto dos infernos (...)Um amigo do
meu pai apareceu, senhor Mirkin. Ele veio procurar imigrantes para mandar para o Brasil e Buenos
Aires. (...) Ele pertencia à ICA. (...)Nós saímos da nossa cidadezinha com mais cinco famílias(...)Tinha
miséria [em Saloc],mas para nós não faltava nada (...) tivemos que sair para não servir ao exército(...)
Da Lituânia nós viemos para o Brasil. Nós entramos de navio (...) Era noite, faltavam poucos dias para “Passach”(...) Chegamos aqui e quando nós enxergamos isto aqui [a terra] ficamos(...) Não tinham
casas (...) e nos colocaram em um galpão grande, em cinco famílias e a gente tinha que cozinhar na
rua (...)Era na colônia de Quatro Irmãos, não ficamos na cidade fomos para fora (...) Eles deram para
nós meia dúzia de vacas para tirar leite e para criar gado (...) Tinha que ficar um tempo morando no
galpão até as casas ficarem prontas, demorou. (...)Eles deram as vacas, carroça e cavalo e agente começou a trabalhar, mas não tínhamos prática (...) Nós tínhamos uma junta de boi e arado e eu e meu
falecido irmão mais velho começamos a lavrar e depois plantar, mas em vez de trigo, nasceu barba de
bode. Nasceu capim (...) Meu pai era açougueiro na Europa, então fizemos lá [Quatro Irmãos] um
açougue, e começamos a matar e vender carne “casher” (...)Depois que sai de Quatro Irmãos para
Passo Fundo (...) fiz uma lojinha e trabalhei um tempo. Mas depois começou esse negocio de
“Shil” [Sinagoga].(...) Vim morar no Bom Fim por causa do “Shil” (...) viemos em 1964”.
(Depoimento cedido ao ICJMC nº 220)
Ruth Mognilik
“Nós chegamos da Europa, éramos de cidade grande, Kôln (Alemanha). Estranhamos muito a
vida, minha mãe nunca tirava leite de vaca, precisava aprender a cozinhar fora de casa. (...) Nós chegamos na colônia de trem (...) mas foi tudo muito precário (...)sofremos muito. Tinha quatorze anos
quando cheguei (...) nós não queríamos vir. Quem inventou essa viagem foi nosso pai e foi graças a ele
que nós ficamos vivos. Senão nós íamos morrer todos nas mãos de Hitler. Meu irmão mais velho que
já tinha casado não quis nos acompanhar, ele morreu nas mãos de Hitler com toda a família (...)
Chegamos aqui em 1927.(...)Tudo era muito estranho (...) tudo era deserto. Não tinha banheiros, não
tinha nada! (...)Fizeram o sorteio das casas e a nossa era a 25. Uma casa simples, com dois quartos,
uma sala, sem cozinha, sem nada. A cozinha fizemos fora. E eles deram uma vaca, um cavalo. Mas como viemos de Köln, meu pai trouxe dinheiro, nós trouxemos muita roupa, muita bagagem (...)Meu pai
comprou gado, mas como não tínhamos experiência, morreram (...)Todos começamos a trabalhar (...)
eu ia lavar roupa no arroio, porque eu não podia ir na roça, eu tinha alergia daquele cheiro de queimado (...) uma vida muito precária.(...)Eu gostava de andar na chuva, com aquelas botas grandes, e
nós fazíamos bailecos (...) A ICA (...)fez perto da estação em que passava o trenzinho (...) um salãozinho e lá nós fazíamos bailecos. Bailecos desses jovens que vinham de outros lugares, tinha de Baroneza, de Barão Hirsh.(...) Casei com dezoito anos, meu marido tinha vinte e dois.(...) A festa foi muito
linda, porque meu marido era chefe da juventude, fizeram muitas conversas, me deram presentes.”
(Depoimento cedido ao ICJMC nº 224)
Página 2
I N ST I T U T O C U L T U R A L J U D A I C O M A R C C H A GA L L
Seção Instituições da Comunidade
Chevra Kedisha
Chevra Kedisha, em hebraico e aramaico, significa sociedade sagrada, mas ela também é referida como sociedade santa ou ainda fraternidade sagrada. Conforme a tradição, os que se dedicam a ela são motivados por generosidade e piedade, representando um imenso ato de mérito. A Chevra Kedisha é uma associação
voltada não apenas à preparação e ao enterro dos mortos, mas também, originariamente, a dar conforto aos
doentes e consolar os aflitos. Entre os sefaradim, ela é de modo geral chamada Chessed ve-emet, significando
bondade e verdade.
Já consta na Bíblia a descrição de rituais fúnebres praticados pelos judeus. Ao longo dos séculos os
ritos mortuários vêm sofrendo mudanças, seja pelas diferentes linhas ideológicas judaicas – ortodoxa, liberal,
conservadora, etc –, seja pelas diferenças das áreas geográficas ou épocas históricas das comunidades judaicas. Tempo e espaço são as duas variáveis das diferenças dos ritos fúnebres judaicos, desde a preparação do
morto até o seu sepultamento.
Já no início da imigração judaica no Rio Grande do Sul, durante o processo de formação das comunidades no interior Estado, os judeus criaram suas associações religiosas, sociais, culturais e de assistência, dentre elas a Chevra Kedisha. A título de exemplo, destaca-se a Chevra Kedisha fundada em Quatro Irmãos e historiada por Samuel Chwartzmann em seu livro Memórias de Quatro Irmãos.
Em Porto Alegre, ela foi criada em 17 de setembro de 1932 e seu estatuto registrado em Cartório Civil
de Pessoas Jurídicas, Livro A1, Folha 142, número 286, em 19 de março de 1937. Seu Estatuto consta de nove
capítulos, respectivamente: Dos Fins (três artigos); Dos Fundos da Sociedade (dois artigos); Dos Direitos e Deveres dos Sócios (10 artigos); Das Assembleias (7 artigos); Das Votações (1 artigo); Da Diretoria (8 artigos);
Dos Diretores (13 artigos), Da Extinção da Sociedade (2 artigos), Dos Estatutos (2 artigos), além do item Disposições Gerais, nos quais estão nomeados os sócios fundadores e a diretoria atual. A criação da Associação
ocorreu na sinagoga do Centro Israelita Porto Alegrense, à rua Henrique Dias, número 73, que lhe cedeu uma
sala para o exercício de suas atividades, permanecendo neste endereço até os dias de hoje.
Seus fundadores foram Nathan Gulko, Jayme Filichtiner, Julio Nhuch, Moyses Kotek, Aarão
Platchek, Jayme Budiansky, Guedalich Friedman, Marcos Eizirik, Aarão Nestrowsky, Nahun Kolodne, Ichiel
Frank, David Faingluz, Simão Lacs, Jayme Golder, Ichiel Finkel, Samuel Schestasky, Leão Waldman, Israel
Starosta, Julio Dicler e Francisco Schestaski.
O primeiro presidente foi Angelo Filkenstein, posteriormente Davi Cherman e, por longos anos, até
seu falecimento, em 2012, Boris Wainstein. Em depoimento ao Instituto Cultural Judaico Marc Chagall, assim ele referiu-se ao seu trabalho: “[...] dentro da Chevra Kedisha também mantenho atividade, há 10 anos na
presidência [...]”. Se, em 1987, Wainstein se dedicava à Associação já há 10 anos, e assim o fez até 2012, ele
presidiu a entidade por um período de 35 anos. Atualmente, o vice-presidente, Henrique Feter, responde pela
presidência.
As finalidades da Chevra Kedisha, segundo os estatutos, seriam as de manter um cemitério, um carro
fúnebre e realizar os enterros da coletividade. Como em Porto Alegre os cemitérios são propriedade das sinagogas do Centro Israelita e da União Israelita, ela desenvolve suas atividades em parceria com estes templos.
Quando da morte de um membro da comunidade, seus familiares contatam a sinagoga à qual ele pertencia
para providenciar o lugar do túmulo no cemitério. O ritual de purificação do corpo é feito por judeus da comunidade, tanto homens quanto mulheres, realizado nas câmaras mortuárias dos respectivos cemitérios.
Durante longo tempo os velórios de judeus aconteciam nas residências dos falecidos ou em capelas de
Hospitais da cidade, apenas o ritual da purificação ocorria nas câmaras mortuárias dos cemitérios. Atualmente, os dois cemitérios contam com capelas próprias.
Uma responsabilidade da Chevra Kedisha, que já se extinguiu, era a supervisão da qualidade da carne
casher.
Ainda hoje a Chevra Kedisha participa na comunidade de várias formas: ela providencia o enterro de
pessoas com dificuldades econômicas, distribui matzá a famílias carentes da comunidade por ocasião do Pessach e eventualmente doa recursos para as comemorações alusivas à Páscoa judaica.
A Chevra Kedisha mantém-se através da colaboração de seus associados.
Página 3
I N ST I T U T O C U L T U R A L J U D A I C O M A R C C H A GA L L
Biblioteca ICJMC
A catalogação dos livros da biblioteca sobre temas
judaicos está sob a responsabilidade da voluntária
Paulete Golbert. Ao total já foram catalogados cerca
de 1520 títulos. As obras ao lado foram doadas ao
acervo do ICJMC e já estão disponíveis para consulta.
Seção Fala Aí ...
Colégio Israelita Brasileiro, Porto Alegre - RS — 2013
Jornal dos Foquinhas
Raízes Judaicas - Visão Histórica da Colônia de Philippsson
Era pela estação Pinhal que chegavam os primeiros imigrantes judeus ao Rio Grande do Sul para trabalhar como agricultores.
Vindos da Bessarábia, que pertencia à Rússia, vieram no ano de 1904 com o objetivo de fugir de perseguições
nazistas.
A Colônia Philippson fica no município de Itaara, perto de
Santa Maria. Ela recebeu este nome em homenagem a Franz Philippson, que era diretor da companhia de colonização judaica conhecida como ICA. Ele também era presidente da companhia de
estrada de ferro que espalhou trilhos pelo Rio Grande do Sul.
Na época, havia oferta de lotes de terras para imigrantes.
Cada família ganhava entre 25 e 30 hectares de terra, que deveriam
pagar depois de economizar algum dinheiro. Vieram 37 famílias,
num total de aproximadamente 270 pessoas. Os judeus chegaram
aqui como agricultores, plantavam fumo, trigo, milho e varas de
eucalipto.
Foi por lá que vários descendentes de judeus iniciaram a
vida judaica no Rio Grande do Sul.
Agora, na Fazenda atual, resta o cemitério e o silêncio. A
fazenda pertence à família Steinbruch. É um lugar bastante calmo,
um lugar verde e bonito. Construíram um monumento em homenagem à ICA.
No cemitério, há vários túmulos com nomes conhecidos da comunidade judaica... é um lugar triste, mas ... é
um lugar histórico e bom de estudar. Muitos judeus dos dias atuais têm parentes no cemitério.
Equipe dos Foquinhas: Rafael Renkovski, Thomas Stanton, Gustavo Berlim, Carina Godoy, Mariana Rerin e Pedro Puente.
Página 4
I N ST I T U T O C U L T U R A L J U D A I C O M A R C C H A GA L L
Para Ler...
Os Judeus na História do Brasil
No ano de 1927 chegou ao Rio de Janeiro o livreiro Uri Zwerling, judeu de origem polonesa. No contexto da ascensão dos regimes nazifascistas e da fundação da
Ação Integralista Brasileira, na década de 1930, se agravaram as restrições à imigração de refugiados da Europa e cresceram as manifestações antissemitas. Em 1936,
Gustavo Barroso traduziu “Os Protocolos dos Sábios do Sião”. Zwerling sentiu a necessidade de editar uma obra que apresentasse aos brasileiros a importância dos judeus na formação do País. Em 1936, após um trabalho de cinco anos, ele publicou
“Os judeus na História do Brasil”. Este livro ganha uma reedição da Editora Outras
Letras, com cinco novos textos : de Nachman Falbel – que traça um panorama da literatura sobre o antissemitismo; Paulo Geiger – que analisa o contexto da obra e fala do
heroísmo de Zwerling em publicá-la; Semy Glanz – que trata de sua relação com
Zwerling, o qual teve uma livraria na antiga Faculdade de Direito do Rio e entre seus
clientes, Alzira Vargas, filha do presidente; Any Dana, historiadora que aborda a trajetória do editor; e Sara Fischman, filha caçula de Zwerling, hoje com 80 anos, que
fala sobre seu pai.
ZWERLING, Uri . Os Judeus na História do Brasil. Editora Outras Letras, Rio de Janeiro, 2013.
A menina que ficou invisível
Este livro trata da história de Anne Frank contada para crianças e
adolescentes que estão iniciando-se no mundo da literatura. Este livro foi
concebido como um convite para a leitura posterior de O Diário de Anne
Frank, com o intuito de despertar a curiosidade sobre a história de uma adolescente que queria viver e amar e que gostava de escrever sobre seus sentimentos e suas experiências. Torna-se cada dia mais importante preparar as
crianças e os jovens para compreender episódios da história passada e para
compreender situações da realidade contemporânea nas quais a liberdade, a
dignidade e as diferenças individuais não têm sido respeitadas.
A menina que ficou Invisível foi um projeto criado pelo Lar da Criança Anne Frank que atende crianças economicamente carentes.
Os exemplares foram doados e encontram-se disponíveis para consulta na biblioteca do ICJMC.
Página 5
I N ST I T U T O C U L T U R A L J U D A I C O M A R C C H A GA L L
Para Assistir...
A Fita Branca
A Fita Branca, Palma de Ouro do Festival de Cannes de 2009, Michael Haneke
procura a origem do crime de ódio mais filmado e analisado no século 20, o Holocausto.
O filme retrata um vilarejo na Alemanha às vésperas a Primeira Guerra Mundial, e o vínculo com o nazismo é montado já na fala do narrador, que conta que ali, naquela comunidade, pequenos eventos prenunciam o que aconteceria com o país todo, anos depois. Haneke começa o filme, portanto, amarrado conscientemente nessa analogia com o Holocausto — e, ao seu modo habitual, começa a ditar o tipo de reação que espera do público.
No filme, o fato é que a punição, embalada como disciplina, está enraizada no vilarejo e
a maneira que o diretor austríaco encontra para dar rosto a esse mal é agressivamente
despojada: close-ups de caras limpas, de feições sem traços de culpa ou remorso, sem
traço mesmo de ódio—ainda que ódio, nós sabemos, exploda de tempos em tempos.
A Fita Branca. (Das weisse Band - Eine deutsche Kindergeschichte/País de Origem: Áustria
/ Alemanha /França /Itália - Ano:2009 - Dieção: Michael Haneke)
A Onda
Baseado numa história real, o drama ocorre numa escola onde um professor decide inovar seus métodos didáticos para ensinar a sua turma o funcionamento de um regime fascista.
O fato é que a construção coletiva do conhecimento entre os pupilos e o
mestre cresce a ponto de serem criadas organizações semelhantes ao regime, como uniformes, ideais, saudações e formas de tratamento. Os jovens alunos se
sentem motivados com o sentimento de unidade e com a liderança firme imposta
por alguns dos próprios alunos e do professor que se sente querido e respeitado
por uma massa crescente de jovens.
A questão colocada inicialmente é se a Alemanha poderia usufruir positivamente de um regime autocrático e como isso se daria na prática.
A resposta é dada pelo filme e obviamente as coisas saem do controle.
Dennis Gansel estabelece uma narrativa semelhante a um trabalho acadêmico e
leva a cabo a conclusão num clímax que nos deixa com um gosto amargo na boca.
A facilidade da manipulação das massas que podemos ver em ditaduras e
mais contemporaneamente em regimes populistas é algo extremamente perigoso
e volátil. É por esse motivo que A Onda se mostra interessante e também um objeto de discussão política, sociológica e psicológica.
Um filme que levanta preocupações sérias e serve como alerta. A história
pode sempre ser repetida.
A Onda (Die Welle/País de Origem: Alemanha/Ano: 2008/ Direção: Dennis Gansel)
Página 6
I N ST I T U T O C U L T U R A L J U D A I C O M A R C C H A GA L L
A caixa de chapéus
Tema Tachenco nasceu em 25 de agosto de 1922 e naturalizou-se brasileira, ficando conhecida como Teresa. Filha de Ana Maria e Jacob Valdemar Tachenco, chegou ao Brasil de navio
aos nove anos, vinda da Polônia, com a mãe e três irmãos – o pai e o irmão mais velho vieram antes, em busca de trabalho, para fugir do antissemitismo.
Nesta viagem trouxe pouca roupa, mas a caixa com o chapéu
oferecido por sua avó materna sempre a acompanhava. Era um chapéu preto com um pequeno véu que caia na metade do rosto. Usou-o
em diversas ocasiões e gostava muito dele.
Sua família passou a morar em Uruguaiana, vindo para Porto Alegre após dez anos. Na capital gaúcha, em 25 de março de 1945,
casou-se com Isaac Cardon. Permaneceram casados por sessenta e
nove anos. O casal morou no bairro Rio Branco e depois no Bom
Fim, onde fizeram muitas amizades.
Os familiares e os amigos gostavam de escutar suas histórias sobre a infância na Polônia, a vinda para o Brasil e as dificuldaCaixa de chapéus de Tema
des e os bons momentos que passaram no novo País.
Tachenco
doada ao ICJMC.
Tema faleceu dia 03 de abril de 2013 e foi enterrada no Cemitério do Centro Israelita, em Porto Alegre. Deixou o esposo, três filhos, seis netos e quatro bisnetos.
A caixa de chapéus de Tema foi doada ao ICJMC por seu filho Gildo Cardon.
ICJMC recebe doação de escultura
Nascida em 1938, Margarida Stein iniciou os estudos em modelagem em 1973. Estudou com diversos professores como Astrid
Linsenmayer, Claudio Martins Costa, Xico Stockinger entre outros.
Participou de diversos salões e exposições coletivas. Recebeu premiações em 1980 - IV Salão de Cerâmica do Museu de Artes do RS Prêmio Aquisição Grupo Gerdau - MARGS, Porto Alegre/RS; IV
Salão de Cerâmica do MARGS - Menção Honrosa - Porto Alegre/RS;1981 - II Salão Paranaense de Cerâmica - Menção Honrosa Curitiba/PR; 1998 - Exposição Coletiva Galeria Lavore D'Arte 1º Lugar de Escultura - Porto Alegre/RS; 2001 - Agraciada com a
medalha Pedro Weingarten pela divulgação da arte no Brasil e exterior. Recebeu o Troféu Hebraica Destaques do Ano - Porto Alegre/RS; Troféu pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre./RS. Reside e mantém atelier em Porto Alegre.
Página 7
I N ST I T U T O C U L T U R A L J U D A I C O M A R C C H A GA L L
Costumes e Tradições dos Iamim Noraim
No Judaísmo, há muitas tradições e costumes. Entre eles se encontram os Iamim Noraim, os dias temíveis:
dez dias que se contabilizam entre Rosh Hashaná (Ano Novo Judaico) e Iom Kipur (Dia do Perdão). Entre essas tradições, as mais importantes são:
Slichot: Tefilá (reza) que costuma realizar-se no sábado anterior a Rosh Hashaná. Nela rezamos uma série de orações em que solicitamos a absolvição de nossos erros. A Tefilá de Slichot é uma condição necessária no processo de
Teshuvá (arrependimento e reflexão), realizados nos dias prévios e, mais efusivamente, nos Iamim Noraim.
Shofar: O Shofar é tocado a cada manhã como de costume, desde o começo do mês de
Elul. O som do chifre de carneiro tenta despertar as almas de cada um de nós para refletirmos e avaliarmos o nosso comportamento para que, quando chegarmos ao dia do
juízo, possamos ser absolvidos de nossos pecados, desde que nos arrependamos. Sons:
Tekiá – um toque longo. Shevarim – três toques curtos. Truá – nove toques curtos.
Saudações tradicionais: É costume enviar Kartisei Brachá (cartões de saudação) pelas festividades, expressando
nossos desejos de prosperidade e finalizando com as seguintes frases: Shaná Tová Umetuká (que tenha um ano bom
e doce), Le Shaná Tová Tikatevu ve Techatemu (que no próximo ano possamos ser inscritos e selados no livro da
vida), Gmar Chatimá Tová (que alcance uma boa assinatura no Livro da Vida) ou Chatimá Tová (que tenha uma boa
assinatura no Livro da Vida).
Tashlich: Costuma-se, ao meio-dia do primeiro dia de Rosh Hashaná, ir ao rio ou mar e jogar migalhas de pão na
água, enquanto são recitados alguns salmos, nos quais se expressa a base deste costume “E jogareis vossos pecados
no mar”.
Maçã com mel e Chalá Agulá: É costume comer maçã com mel e
Chalá Agulá (Chalá redonda). Este costume serve para simbolizar que
o ano é cíclico, pois devemos comer tanto a maçã como a Chalá com
mel para que possamos ter um ano doce.
Teshuvá, Tefilá e Tzedaká: A Teshuvá é quando devemos refletir sobre o nosso comportamento, a nossa sinceridade com nós mesmos e como estão os nossos atos. A Tefilá é o meio para refletir sobre nossa
relação com D’s, com o judaísmo, nossos costumes e tradições. A Tzedaká é a forma como nos relacionamos com
nossos semelhantes no momento de ajudá-los e estender-lhes a mão. Estes três conceitos são básicos e devemos praticá-los se quisermos que nossos erros sejam absolvidos.
Estrear uma roupa nova: É um Minhag (costume) importante começar o ano usando roupa nova.
Sinagoga: É costume assistir aos serviços religiosos para que se possa encontrar a espiritualidade guardada nos Iamim Noraim. Ademais, é uma experiência muito agradável, pois encontramos muitos amigos conhecidos que, talvez
pelas ocupações que temos durante o ano, não tivemos a oportunidade de vê-los.
Jejum de Iom Kipur: Em Iom Kipur, as pessoas que já passaram pelo Bar ou Bat Mitzvá jejuam, abstendo-se de
comer e beber durante todo este dia. Não devemos nos higienizar, usar calçados de couro, joias, ter relações sexuais,
Página 8
I N ST I T U T O C U L T U R A L J U D A I C O M A R C C H A GA L L
usar perfume, além de todas as proibições relacionadas ao Shabat. Os enfermos que tomam algum tipo de medicamento indispensável e aqueles para os quais o jejum representa algum risco estão isentos de realizá-lo.
Kol Nidrei: É a Tefilá central do Iom Kipur, na qual pedimos que todos os nossos erros sejam absolvidos e que
possamos ser inscritos no Livro da Vida.
Tekiá Gdolá: Indica a finalização do Iom Kipur com um toque longo do Shofar, que marca nossa passagem da
transgressão ao arrependimento com êxito.
Primeira estaca da Sucá: Uma vez finalizada a Tefilá de Iom Kipur, é costume, ao sair-se da sinagoga, enterrar a
primeira estaca da Sucá (uma espécie de cabana construída durante a festa de Sucot), unindo desta forma as duas
festividades.
Estas tradições nos ajudam a manter viva a essência de nosso povo milenar. Povo que, graças a seus costumes, se mantém vivo há mais de 5000 anos e que espera de cada um de seus membros que possam continuar com os
ensinamentos e histórias que nossos avós nos transmitiram.
Rabino Ari Oliszewski — União Israelita Porto Alegrense
EXPOSIÇÃO DE LIVROS
Procurando identificar aos usuários da biblioteca do
ICJMC algumas obras do seu acervo relativas à memória
da imigração e também relatos de sobrevivência do holocausto, destacamos algumas obras da presente exposição.
A exposição está aberta a visitação de segunda a quinta
das 13h às 18h na sede do ICJMC.
MAUTNER, Jorge. O filho do holocausto: memórias
(1941 à 1958). 2006
BLUMENTHAL, Gládis Wiener. (Org.). Em Terras Gaúchas. 2001
AMARAL, Wilson. Os meninos da Guerra. 2003
IASNOGRODSKI, David. Obrigado Porto Alegre. 2000
FAERMANN, Martha Pargendler. A promessa cumprida.
1990
ICJMC. Histórias de Vida. 2vols. 1987
ICJMC no Facebook
O Instituto Cultural Judaico Marc Chagall criou uma página
no Facebook a fim de divulgar as suas atividades e compartilhar com
o público elementos da cultura judaica.
Para seguir o ICJMC basta curtir a
www.facebook.com/icjmcrs e acompanhar as novidades.
Página 9
página:
I N ST I T U T O C U L T U R A L J U D A I C O M A R C C H A GA L L
REVISTA WEBMOSAICA
V.5 N.1 (2013)
Em seu relato, Johannes Melis, enfatizou a postura do pai no movimento de resistência ao nazismo. Já
Curtis Stanton nomeou a doença pela qual foi acometido,
febre tifoide, e o auxílio que recebeu de um médico norueguês. Também relatou os quatro campos de concentração pelos quais passou: Lodz, Auschwitz, Mauthausen e
Sackchauzen. Bernard identificou o campo de Mauthausen, para onde seu pai foi levado e morto.
Auditório da Escola Jorge Pedro
Schmidt Estrela-RS
Página 10
No último trimestre o Painel “Compromisso Moral e
Lições de Solidariedade” realizou mais seis mesas redondas,
com a participação de alunos e professores de diferentes municípios do Estado.
No mês de agosto o Painel visitou a cidade de Estrela e
foi recebido por sete escolas em um evento organizado pela
Secretaria de Educação do Município que contou com a participação de aproximadamente 370 estudantes.
Painelistas e a Coordenadora do
Painel Profª Ieda Gutfreind
O nono número da revista WebMosaica está no ar, disponível de
forma gratuita, na íntegra, no endereço
www.seer.ufrgs.br/
webmosaica.
Entre os destaques deste número está o Dossiê “A riqueza e a diversidade do pensamento judaico”
com textos de diferentes áreas do
conhecimento e temáticas: “As
grandes revoluções no judaismo”;
“As origens do Chassidismo”;
“Salomon Maimon e a falência da
filosofia
judaica
moderna”;
“Judaísmo e ruptura em Walter
Benjamin”; “Procurando Melatron ou a desalienação da criatura: Paralelismos entre a cabala e o
marxismo”.
Na seção de Artigos de temáticas livres, encontram-se três textos
com diferentes abordagens sobre
Literatura: “Opressão e Resistência: Notas sobre o judeu na obra
engajada de Jorge Amado e no
teatro político de Jorge Andrade”,
“Uma imigração judaica permeada por centauros, índios cavaleiros
e índios a pé; Leitura do romance
‘O Centauro no Jardim’ de Moacyr Scliar” e “Fuga da morte: o
hino do Holocausto”.
Já na seção Memória pode-se
conferir o texto de Inácio Steinhardt “O último judeu dos Açores” e o de Eduardo dos Santos
Chaves “Por detrás dos bastidores:
a história de vida de Maurício Rosemblat”
Painel Compromisso Moral e Lições
de Solidariedade
I N ST I T U T O C U L T U R A L J U D A I C O M A R C C H A GA L L
Doações Recebidas pelo Departamento de Documentação e Memória
de Agosto de 2013 a Outubro de 2013
Doador
Publicações
Lídia Matone
A case to answer: the story of Australia’s first European war crimes prosecution – Autor: David Bevan
Ricardo Ruskowski
Cadernos Conib – Ano I – nº 1 – Novembro 2010
Tribuna Judaica – 10 a 25 de agosto de 2013 – Ano XII – Nº 312
Tribuna Judaica – 06 a 21 de setembro de 2013 – Ano XII- Nº 313
Associação religiosa
Israelita do RJ
Revista Devarim – Ano 8 – nº 21, agosto de 2013
Informativo Shalom- nº 781- Vol. XVI – 04 agosto 2013
Informativo Shalom- nº 783- Vol. XVI – 18 agosto 2013
Coletivo Judaico
Informativo Shalom – nº 785 – Vol. XVI – 01 de setembro – 2013
Informativo Shalom – nº787 – Vol. XVI – 15 setembro 2013
Informativo Shalom nº 789 – Vol.XVI – 29 setembro
Informativo Shalom nº 791 – Vol. XVI – 13 de outubro 2013
Centro Hebraico Riograndense
Revista El Djudió – Agosto 2013-0 Nº 34
Revista El Djudió – Setembro 2013-0 Nº 35
Revista El Djudió – Outubro de 2013 – Nº 36
O gato diz adeus – Autor: Michel Laub
Segundas Intenções- vestindo o corpo moral – Autor: Nilton Bonder
O Sagrado - Autor: Nilton Bonder
Grupo Almah WIZORS
Histórias de Avô e Avó – Autor: Arthur Nestrovski – Ilustrações: Maria Eugênia
Minha Vida de Goleiro- Autor: Luiz Schwarcz – Ilustrações: Maria Eugênia
Minha vida de goleiro – Luiz Scharcz
Histórias de avô e avó – Arthur Nestrovski
La megillah du baron Maurice de Hirsch ou la gloire du philanthrope
Paulete Golbert
Guia Museé d’art et d’ histoire du Judaisme – septembre 2013 – janvier 2014
Ieda Gutfreind
Breve história da colônia colônia de Philippson- Itaara –RS
Uma leve simetria—Rafael Bán Jacobsen
Rafael Jacobsen
Introdução à Filosofia e o Pensamento Judeu
Solenar — Rafael Bán Jacobsen
Airan Milititsky Aguiar
B’nai B’rith
Dissertação de Mestrado “Saudações para um mundo novo: o Clube da Cultura e o progressismo judaico
em Porto Alegre (1950-1970)
Brasil Judaico—Mosaico de Nacionalidades—Maria Luiza Tucci Carneiro
Doador
Margarida Stein
Objetos, Documentos e Fotos
Escultura
Instituto Cultural Judaico Marc Chagall
Departamento de Documentação e Memória
Horário de atendimento: Segunda a Quinta 13h às 18h
Edição e Criação: Fabiana Pinheiro
www.chagall.org.br
Criação e Revisão: Anita Brumer e Ieda Gutfreind
[email protected]
Colaboração: Manoela Garcia Soares, Paulete Golbert, Tainá Nunes
http://www.seer.ufrgs.br/webmosaica
[email protected]
Fone: (51)30194600 ramal 34
Download

32º Boletim Informativo (outubro 2013)