Resumo: Com esta tese pretende-se entender o que quer a vontade que impulsiona
o homem a buscar cada vez mais tecnologia, esclarecendo a gênese e o
encaminhamento desse projeto. Para tanto, o principal ponto de ancoragem são as
investigações heideggerianas sobre a tecnologia, que problematizam sobretudo a
objetivação dos entes operada por esse modo de desvelamento. Ao pensar a essência
da técnica moderna, o filósofo a identifica como sendo composição (Gestell), isto
é, uma espécie de armação prévia; uma força de reunião que impõe ao homem
um desencobrimento (Unverborgenheit) do real bem próprio e específico. Desde
a tecnologia, a realidade é disposta e pré-posta de maneira a tornar-se sempre
plenamente verificável e controlável pelo homem. Sendo assim, a tecnologia é
a expressão de um certo destino (Geschick) que pretende cumprir os ideais de
previsibilidade, domínio, asseguramento, correção e até mesmo de substituição do
real, pelo homem. A crítica nietzschiana à metafísica, aos valores e a certos conceitos
cunhados
pela modernidade também servirá como sustentação para nossa leitura e análise da
tecnologia, mesmo que de modo mais indireto. A pertinência de também se recorrer
à Nietzsche encontra-se no fato de podermos fazer a associação da compreensão
nietzschiana da metafísica com a perspectiva heideggeriana da tecnologia como
destino do Ser, servindo portanto de fundamento para uma efetiva crítica ao projeto
tecnológico. Com isso, se quer dizer que identificamos uma consanguinidade da
técnica moderna com à própria metafísica, uma vez que ambas partilham de uma
mesma origem, direção e sentido, qual sejam, a objetivação, representação e
controle do mundo em que vivemos. Para o homem conquistar o limite da tecnologia
e compreender a composição como apenas mais uma das possibilidades de
desencobrimento, e não a única ou a mais adequada e verdadeira, é preciso que o
pensamento alcance a superação da metafísica. Só que superar a metafísica não é
negá-la, mas conquistar a sua força geradora. Significa estar fora da distração na qual
o homem automaticamente pré-compreende e pré-determina toda a realidade desde si
mesmo. Superar a metafísica é reconhecê-la como tal; é desnaturalizar a objetivação
dos entes promovida por esse encaminhamento, retirando sua carga e conotação de
algo evidente por si mesmo.
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Resumo: Com esta tese pretende-se entender o que quer a vontade