SUSTENTABILIDADE SOCIAL E A NOVA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: BUSCA DA SOLUÇÃO SOCIAL Evandro da Silva Paes1, Prof. Dr. Monica Franchi Carniello2, orientadora: Prof. Dr. Quesia P. Kamimura3 1 2 UNITAU Universidade de Taubaté, [email protected]. UNITAU Universidade de Taubaté. [email protected]. 3 UNITAU Universidade de Taubaté, [email protected]. Resumo - Longe de possuir apenas ramificações de proteção à natureza e seus recursos, a sustentabilidade tem avançado por diversas áreas, e a sustentabilidade social é o foco central deste artigo, que busca através da teoria da Nova Administração pública e das definições de sustentabilidade social, amarrar a teoria num contexto aplicável por governos das esferas federal, estadual e municipal. A descentralização do poder sugerido pela nova administração pública pode promover através de programas e projetos sociais este caminho de sustentabilidade, focado no cidadão, que direta e indiretamente refletirá no seu espaço vivendi. Palavras-chave: Sustentabilidade social. Nova administração pública. Área do Conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas. Introdução A sustentabilidade social vem crescendo a cada ano mostrando aos diversos simpatizantes das causas de defesa da natureza, que a sociedade precisa ser preparada para acompanhar os ideais da sustentabilidade com foco na preservação de seus bens naturais, e, que as pessoas precisam se beneficiar de programas anti-pobreza, programas de educação e programas de extinção da fome, antes de poderem se dedicar a proteção da natureza. Este conjunto de programas despertam ações sociais, que compõe o contexto da sustentabilidade social. A Teoria da nova administração pública que defende um estado voltado ao cidadão, com o funcionalismo público preparado e profissional, busca uma transparência administrativa, concentra ações para resultados, resultados estes que possam elevar as condições de vida da população através de programas sociais baseados no desenvolvimento econômico, crescimento econômico, programas de educação para a população, programas de atendimento à saúde publica dentre outros. Neste cenário, consegue-se então ver pontos comuns fortíssimos entre a sustentabilidade social e a teoria da nova administração pública. O desenvolvimento social esta mais forte, mais valorizado, como isso temos que fortalecer e incentivar os governos a aplicar e orientar a população a exigir sua participação nas decisões dos programas e projetos a serem desenvolvidos. A história da administração pública no Brasil é pobre quanto à valorização dos indivíduos e consequentemente sem ações sociais solidárias que buscassem um conforto no modo de vida da população. Hoje dentre muitos eventos de sustentabilidade, destacamos o Rio + 20, que dentre outras, centraliza discussões no crescimento econômico ecologicamente correto e defende a ação social como porta de entrada e meio de preparar a população para defender os interesses naturais do crescimento exacerbadamente predatório que o capitalismo exige em seu cenário ultrapassado e antissocial, indo ao encontro da teoria da Nova Administração Pública, destacada neste artigo como um dos meios de alcançar o sucesso nas iniciativas de sustentabilidade social. Metodologia Trata-se de uma revisão de literatura, onde destaca-se a convergência entre a teoria da nova administração pública e sustentabilidade social. Sustentabilidade social Sachs (2004) traz um conceito de sustentabilidade amplo e dinâmico, levando em consideração as necessidades da população, neste ambiente em constante crescimento e modificação. Para ele dentre outras, a sustentabilidade possui pelo menos cinco XV Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e XI Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 1 dimensões, sendo, sustentabilidade social, cultural, ecológica, ambiental e econômica. A sustentabilidade social, conforme descrito por Sachs (2004) esta ligada diretamente ao bem estar da população, patrocinado pelo Estado e pela iniciativa privada, em programas de combate a pobreza, ao crescimento populacional desregulado, a programas de geração de empregos e de melhoria da saúde pública. Schenini e Nascimento (2002) destacam que em 1972 na Suécia num cenário já atualizado, foi desenvolvida a Declaração sobre o Meio Ambiente Humano, onde se destacava o ponto de atenção à manutenção da vida humana e da qualidade de vida como premissas ao desenvolvimento econômico. Este documento reforçou o pensamento da época de que seria necessário encontrar formas de se trabalhar sem deteriorar o meio ambiente e sem explorar o ser humano, garantindo-lhe uma qualidade de vida digna. “Desenvolvimento é um conjunto de metas ou objetivos desejáveis para a sociedade. Esses objetivos, indubitavelmente, incluem as aspirações básicas para assegurar unia elevação do nível de renda per capita, o que em geral é denominado padrão de vida. Entretanto, numerosas pessoas já estão acreditando que nível de padrão de vida é mais do que crescimento econômico com elevação da renda. Há agora uma ênfase na qualidade de vida, sob o enfoque de saúde da população, nos padrões educacionais e no bem-estar social geral” (Pearce apud Schenini e Nascimento, 2002, p. 6). A ONU (Organização das Nações Unidas), através da Comissão Mundial do Meio Ambiente, CMMAD (1991), patrocinou uma pesquisa sobre a qualidade ambiental no mundo, que resultou num documento intitulado “Nosso Futuro Comum”, que coloca o ser humano como responsável pela sua própria existência, uma vez que ele próprio seria o causador dos movimentos antiecológicos, uma vez que a sociedade capitalista não media as consequências do destrate da natureza em prol de seu crescimento econômico. Foladori (2002) esclarece que nos últimos trinta anos, a pobreza e o aumento da população, foram os alvos principais da sustentabilidade social. Para isso as políticas de redução de pobreza e de limitação do crescimento da população eram os únicos objetivos dos programas sociais dos governos. Nesta teoria, destacam-se duas fases na relação entre a pobreza e o impacto ambiental. A primeira fase, que vai de 1960 a meados da década de 90, era conhecida como “espiral descendente”, onde os pobres são vistos como os depredadores da natureza e vitimas de suas próprias ações. Depredadores, devido a sua impotência econômica, por isso utilizam mais dos recursos naturais, assim agridem a natureza. Nesta condição, pensam mais em sobreviver do que preservar, sem pensar no futuro. São vítimas devido à falta de políticas sócias, de cuidado dos governos, com isso procuram áreas mais baratas para viverem, procriam mais e consequentemente exploram ainda mais os recursos naturais. Esta hipótese, segundo Foladori (2002), também é destacada em Estocolmo no ano de 1972, na Conferencia da ONU, no relatório Brundtland (1987), no Relatório sobre o Desenvolvimento e Meio Ambiente do Banco Mundial, de 1992, e no Relatório sobre a Pobreza e o Meio Ambiente do PNUD de 1995. Para interromper este ciclo vicioso os Estados deveriam lançar mão do desenvolvimento econômico, com base no social. Reforma da Administração Pública no Brasil. No período colonial, o rei e seus conselheiros centralizavam a política. Não havia normas, hierarquias e definições de competência, pois a legislação da colônia era constituída por determinações particulares e casuístas, não obedecendo a nenhum plano. Para Paula (2005), a consequência disto era a confusão de atribuições e poderes nos órgãos da administração. As esferas locais não possuíam autonomia e nem autoridade no papel de construção da administração, uma vez que o foco era a arrecadação de tributos. Assim se estabeleceu um sistema patrimonialista, cujo objetivo era a busca do poder político na posse de um patrimônio de grande valor ou no controle direto de alguma fonte de riqueza. Este cenário persistiu durante a república velha (1889-1929) e a era Vargas (1930-1945), herança colonial que centralizava o poder na cúpula e patrocinava o autoritarismo do poder público. Devido a esta tradição patrimonialista os empregos e benefícios auferidos ao Estado, estavam ligados a interesses pessoais e não aos interesses públicos. Em 1933 com a criação do Departamento de Administração do Serviço Público (DASP), ainda na era Vargas, buscou-se um Estado moderno e uma burocracia pública profissionalizada, fortalecendo o sistema de mérito, a profissionalização dos burocratas e a organização do Estado. Entre 1945 e 1964, ocorreram várias tentativas de se retomar esta forma, porém a reforma do Estado foi limitada pelas forças políticas. Durante o regime militar (1964 a 1985), a reforma foi mais efetiva, possibilitando a melhora da máquina administrativa através de técnicas de racionalização do Estado da profissionalização dos administradores. XV Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e XI Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 2 A Nova Administração Pública Segundo Bresser (1996), a administração burocrática era lenta, cara, auto referida, pouco ou nada orientada para o atendimento das demandas dos cidadãos. Este fato não aparecia grave enquanto o estado era pequeno, e cuja função era garantir a propriedade e os contratos. Neste Estado liberal eram necessários apenas quatro ministérios: o da Justiça, responsável pela polícia, o da Defesa, incluindo o exército e a marinha, o da Fazenda e o das Relações Exteriores. O problema da eficiência não era essencial. No momento em que o Estado assumiu um numero crescente de serviços sociais como: saúde, educação, cultura, previdência e assistência social, pesquisa científica, e papéis econômicos, a eficiência passa a ser essencial. A necessidade de uma administração gerencial se faz necessária perante a legitimação da burocracia perante as demandas da cidadania. Após a II Guerra a influência da administração de empresas começa a se fazer presente na administração pública. Esta nova administração traz consigo um novo perfil: descentralização do ponto de vista político, descentralização administrativa; organizações com poucos níveis hierárquicos ao invés de piramidal; confiança limitada ao invés de desconfiança total; controle por resultados, ao invés do rígido passo-a-passo dos processos administrativos e administração voltada para o atendimento ao cidadão, ao invés da auto referida. Conclusão Nos pontos de intersecção entre as definições de Sustentabilidade Social e a teoria da Nova Administração Pública, temos que dependendo dos Estados e da iniciativa privada, os programas de abrangência social são hoje os mais esperados pela comunidade ecologicamente correta, como principio do processo de sustentabilidade geral do planeta. A Nova administração pública, com foco nos resultados e com a expectativa de tratar o cidadão como um “cliente” de seus trabalhos, terceirizados ou não, quando aplicada, traz para o cidadão alguns benefícios que se bem aplicados pelo próprio, o levará para uma condição melhor de vida, fazendo com que de certo modo à natureza seja menos explorada. O crescimento econômico sem fronteiras e sem olhos para a natureza é o limitante dos movimentos ecológicos, uma vez que a população sem preparo adequado não consegue e não conseguirá se ver no meio do processo de sustentabilidade como um todo. As questões de ocupações de atrás pela população mais pobre e o extrativismo promovido pelas mesmas, serão minimizados após a conscientização e através dos programas sociais de inclusão e de nivelamento desta população menos privilegiada. O compromisso das nações em preservar o homem e seu meio através destas iniciativas se faz presente hoje em vários eventos, e mais recentemente no Rio + 20, evento onde as grandes Nações como Estados Unidos, Canadá e Rússia, preferiram enviar representes ao invés de seu líder máximo. Talvez isto mostre que ainda temos muito trabalho a fazer, no intuito de mostrar e convencer estas nações que o capitalismo exagerado e a busca da superprodução para manter empregos, não são mais o melhor modelo de administração. A natureza pede ajuda, o homem precisa se ajudar, para ajuda-la. Referências FOLADORI, Guilhermo. Avanços e limites da sustentabilidade social. Revista Desenvolvimento. N.102, jan/jun 2002. Curitiba, 2002. PAULA, Ana Paula Paes de. Por uma nova gestão pública. Rio de Janeiro; Editora Fundação Getúlio Vargas, 2010. PEREIRA, Luis Carlos Bresser. Da administração pública burocrática a gerencial. Brasilia: Revista do serviço público, 1996. _______, Gestão do Setor Público: Estratégia e estrutura para um novo Estado. Rio de Janeiro; Editora Fundação Getúlio Vargas, 1998. SACHS, Ignacy. Desenvolvimento, includente, sustentável, sustentado. Rio de Janeiro; Ed. Garamond,2004. SCHENINI, Pedro Carlos; Nascimento, Daniel Trento. Gestão pública sustentável. Revista de Ciências da Administração – v.4, n.08, jul/dez 2002. XV Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e XI Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 3