Comissão para a Promoção de Políticas de Família
Tema: Família
Aumenta número de pessoas que dizem ter deixado o emprego para cuidar
de crianças ou de idosos. Sociólogos acrescentam que as mulheres são mais
afectadas.
Estudou contabilidade, mas acabou por conseguir o emprego mais provável
para uma mulher que vive na pequena aldeia de Arega, concelho de Figueiró
dos Vinhos. Fátima Antunes esteve oito anos a cortar tecidos numa fábrica do
sector têxtil, por "pouco mais do que o salário mínimo". Ficou grávida e fez
contas à vida. Com o infantário mais próximo a 13 quilómetros, "o ordenado
ia acabar por ser para o gasóleo e para ama".
Abandonou o emprego, onde já estava efectiva. Cinco anos depois, já com
dois filhos, não se arrepende da decisão que tomou. "Tenho mais tempo para
mim, para a casa e para eles. São crianças educadas e saudáveis. E depois
tenho o quintal aqui na rua, não ponho pesticidas, a alimentação é melhor",
justifica, ao DN. Na aldeia de mil habitantes é frequente encontrar quem se
ocupe de outras pessoas. "Têm a sua vida na agricultura e toda a gente
acaba por tomar conta de um neto, de um pai ou de uma mãe".
Em Portugal, onde a tendência é de aumento da participação das mulheres
no mercado de trabalho, decisões como as de Fátima não são raras. No
inquérito ao Emprego, o Instituto Nacional de Estatística pergunta às pessoas
que não têm trabalho porque razão deixaram o último emprego ou negócio. A
necessidade de cuidar de crianças, de deficientes, ou de idosos é a
justificação atribuída a 59,2 mil pessoas, no segundo trimestre deste ano.
Os dados solicitados pelo DN mostram ainda que o número - que é apurado
através de uma amostra - inverteu a tendência de queda, com uma subida de
17% no último ano.
A informação não faz a distinção entre sexos, mas a socióloga Amália Torres
- que estuda há décadas questões relacionadas com o trabalho e a família não tem dúvidas. "A esmagadora maioria são mulheres. Há muitos estudos
que mostram isso, é absolutamente conclusivo", refere a recém-eleita
presidente da Associação Europeia de Sociologia. "Há quase uma ideologia
que faz com que as mulheres tenham essa obrigação implícita. E também é
assim com os idosos. É frequente que seja a nora, em vez do filho, a assumir
o cuidado".
O INE tenta ainda perceber porque é que há pessoas que não querem
procurar um emprego ou que optam por part-time. A necessidade de cuidar
de crianças, de incapacitados ou de idosos é a justificação atribuída a 28,7
mil pessoas.
Um número que caiu, neste caso, 21% face ao mesmo período do ano
anterior.
Infantários acessíveis e de boa qualidade fomentam a participação no
emprego, a igualdade de género, o crescimento económico e a
sustentabilidade do Estado Social, sobretudo num contexto de
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envelhecimento da população activa, escreve a Comissão Europeia, num
relatório divulgado este Verão.
Em Portugal, há ainda muita "procura não satisfeita, especialmente para as
crianças mais novas", afirma, salientando níveis "dramáticos de disparidade"
em algumas localidades (ver caixa). O mesmo relatório sublinha que em está
a ser feito "um esforço evidente" para aumentar a disponibilidade destes
serviços em Portugal. "O principal obstáculo é o orçamento apertado",
acrescentam os autores.
O Ministério do Trabalho refere que o objectivo de Bruxelas para 2010 - o de
uma cobertura de 33% nos infantários - já foi superado. E sublinha a aposta
no programa PARES, que prevê que o Estado comparticipe a construção ou
requalificação de equipamentos sociais, como infantários ou lares, em
articulação com instituições não lucrativas.
"Às vezes a iniciativa não surge onde é mais necessária", refere Amália
Torres, reclamando uma intervenção mais atenta do Estado. A socióloga está
convencida que a questão das crianças pode ser melhorada com um
programa de incentivos à certificação de amas, que permita que os pais
deduzam essa despesa em IRS.
Tema: Criança
Estudo efectuado em escolas do 1º ciclo do município revela ainda que 25%
têm colesterol elevado.
Como se não chegasse haver mais de 30% de crianças com excesso de
peso e 12% destas obesas, o estudo efectuado em escola do 1º ciclo de
Aveiro acrescenta que 40% das mais pesadas já sofrem de hipertensão.
Cerca de 40% das crianças com excesso de peso detectadas num estudo
efectuado em 13 escolas do 1º ciclo de Aveiro já sofriam de hipertensão. Um
em cada quatro tinham colesterol elevado e 8% podem vir a tornar-se
diabéticos se o peso não for corrigido.
Os primeiros dados do estudo efectuado pelo Serviço de Endocrinologia do
Hospital Infante D. Pedro, Centro de Saúde de Aveiro e Faculdade de
Ciências, Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, iniciado em
2006, revelaram que 31,2% dos 920 alunos tinham peso a mais e 12% eram
obesos.
Os responsáveis pelo trabalho estão a concluir o tratamento de dados. Para
trás ficou o trabalho de campo em 13 escolas do município. Seguiu-se uma
segunda fase que passou por convocar as crianças com maior potencial de
risco e que não estavam a ser acompanhadas medicamente, cerca de 120,
para uma consulta no hospital, "para saber se existia algum problema
associado ao excesso de peso", refere Carla Pedrosa, nutricionista e uma
das responsáveis pelo estudo.
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Dos 120 convocados, apareceram 86, dos quais 40 continuam a ser
medicamente acompanhados. Os restantes tiveram "alta" no espaço de um
ano e meio.
"Deixaram de ter excesso de peso graças à alteração de hábitos alimentares
e à pratica regular de exercício físico. Significa isto que na origem do excesso
de peso estão hábitos alimentares e não questões genéticas, como alguns
pais afirmam numa tentativa de se desculpabilizarem", conclui Carla Pedrosa.
Os problemas associados ao excesso de peso que foram detectadas nas 86
crianças são "preocupantes", refere a nutricionista. "Cerca de 40% tinham
hipertensão, um percentagem anormal para crianças tão jovens. Quase 25%
apresentaram colesterol elevado e 6 a 8% tinham resistência à insulina, ou
seja, com fortes possibilidades de se tornarem diabéticos se o peso não for
corrigido".
Corrigir o peso é fundamental nestas idades porque "a maior parte das
crianças obesas vão ser adultos obesos, com todos os problemas que isso
acarreta, nomeadamente a maior probabilidade de virem a antecipar lesões
vasculares, por exemplo", frisa.
Os dados recolhidos permitem concluir que não há grandes diferenças entre
rapazes e raparigas. E não existem alterações entre as escolas citadinas e as
que estão inseridas num meio mais rural.
Na origem deste problema infantil está a modificação drástica do estilo de
vida. "Pelo urbanismo, que não deixa espaços para as crianças brincarem,
pela insegurança e pela falta de hábitos desportivos dos pais, muitas crianças
apenas fazem exercício na escola. Não chega. É preciso que os pais, ao final
do dia, ou no fim de semana, andem na rua com os filhos, a pé ou de
bicicleta, o importante é não ficarem parados em casa a ver televisão ou jogar
computador", aconselha a médica.
No contacto com os médicos, os familiares estão a ser ajudados a corrigir os
hábitos alimentares. Na análise efectuada às 920 crianças foi possível apurar
que, "pelo menos um dos pais, tem igualmente excesso de peso", revela a
responsável pelo estudo. Um dado que acentua a necessidade de uma
aprendizagem familiar.
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