O Caso P.: a psicoterapia existencialista e sua aplicabilidade para a inteligibilidade do sujeito psicofísico. Marivania Cristina Bocca Sylvia Mara Pires de Freitas (UEM Paraná) Resumo: Entender a existência com base no existencialismo sartreano é compreender a indissociação entre corpo e psíquico, entre objetividade e subjetividade, entre o singular e o universal. Observamos na prática clínica da psicoterapia clientes que nos expressam objetivamente suas agruras cravadas no corpo e é sobre o caso de uma mulher, com mais de 35 anos, solteira, diagnosticada psiquiatricamente com Transtorno de Personalidade Boderline (TPB), que expressa a inviabilização de seu pleno desenvolvimento de Ser objetivada em um corpo anoréxico, com evidências de automutilações por meio de objetos cortantes e pancadas na parede com a cabeça que esta trabalho versa. P. fora abusada na infância e na adultez, inúmeras foram as tentativas de suicídio, sofre de Transtorno do Pânico. De acordo com sua fala em psicoterapia “preferia morrer ou ficar com o corpo todo quebrado, a ser novamente abusada” (sic), por isso faz-se pelo corpo uma mulher não desejada, pois não “quer que os homens a olhem” (sic). Transcende a ambivalência entre sua liberdade e sua história mantendo a possibilidade constante da violação de sua existência por atos violentos. Diante o mundo e os outros percebe-se vulnerável e em constante risco, e é também colocando a si própria nesta condição, pelas autoagressões, que solicita os cuidados e proteção dos profissionais que as cuidam: psicólogo, nutricionista e psiquiatra. Compreendendo que é pelo corpo que comunica seus impasses psicológicos, que buscou-se também auxílio ao processo psicoterapêutico, com o encaminhamento da cliente para realização de atividades corporais, como a dança. Evocando o corpo enquanto ser-Para-si pela dança, pôde-se também, no decorrer do processo psicoterapêutico, trabalhar o corpo enquanto ser-Para-si-Para-outro. O “corpo danificado” começou a ser visado, unificado à consciência e é nesta senda que a psicoterapia existencialista encaminha-se para a inteligibilidade da cliente como ser psicofísico. Palavras-Chave: psicoterapia existencialista sartreana, projeto de ser, psicopatologia fenomenológica.