A NOÇÃO DE CIÊNCIA E O SENSO COMUM – ALGUMAS
CONSIDERAÇÕES SOBRE A “LINGUAGEM TELEVISIVA”.
Cristina Helou Gomide UFG/FE1
Wellington Ribeiro UEG2
RESUMO:
A produção do pensamento científico, até o alvorecer da chamada “cultura de massa”,
logrou certo distanciamento e evidente subordinação do senso comum no que diz
respeito à interposição do discurso científico quando instado a dar respostas às questões
mais candentes na contemporaneidade. O presente artigo procura desmistificar essa
ideia se debruçando, para tanto, na crise da racionalidade liberal, fundada no
individualismo tout courte na assunção da racionalidade instrumental, maquínica e
conformada às demandas do mundo pós-industrial. Palmilhando as contribuições dos
teóricos da Escola de Frankfurt, sobretudo, as de Herbert Marcuse e cotejando-as com a
instantaneidade do acontecer da propaganda televisiva, a presente investigação busca
evidenciar os caminhos, as formas, os mecanismos utilizados e os efeitos que a
pasteurização do mundo da produção e do consumo projeta nas representações das
pessoas na atualidade. Além da subversão do chamado “bem comum”, da anulação e
reificação das consciências individual e coletiva, tem-se a “domesticação” do
trabalhador que, no âmbito da técnica, do consumo ostensivo e do lazer (que ainda traz
a marca do “privilégio”), vê ofuscado, na vertigem da contemporaneidade, todo o
“horizonte de expectativa” que o ilusório cotidiano consumptivo o limitou.
Palavras-chave: ciência, técnica, individualismo, propaganda televisiva, senso comum.
Problematizar o conceito de Ciência que envolve o senso comum na sociedade
contemporânea não é uma tarefa fácil. Isso ocorre porque ele vem comumente
travestido da concepção produtivista que constitui a sociedade ocidental liberal e vem
sendo reproduzido cotidianamente e faz parte de hábitos que compartilhamos, tais como
“assistir à televisão” ou escutar o rádio, para não citar o uso contínuo da Internet. Não se
trata porém, de “demonizar” a tecnologia, como veremos nas linhas que se seguem, mas
sim de refletir sobre seus usos para a manutenção de uma ordem vigente que
necessariamente
perpassa
pelo
conceito
de
ciência
que
nos
“seduz
na
contemporaneidade”. Entretanto, é necessário lembrar que o conceito moderno de
ciência tem uma trajetória, que não abordaremos aqui, mas que vale tecer algumas
considerações, que asseveramos que foram produzidas durante as discussões realizadas
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Professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás
[email protected]
2
Professor de Geografia da Universidade Estadual de Goiás e doutorando em História pela Universidade
Federal de Goiás
[email protected]
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no Grupo de Estudos sobre Ciência, realizado pela UEG, Unidade de Itapuranga/GO e a
UFG, Faculdade de Educação Goiânia/GO. O Grupo de Estudos sobre Ciência, conta
com a participação de professores, alunos e técnico-administrativos e produz frutíferas
trocas interpretativas. Somos: Cristina Helou Gomide, Valtuir Moreira, Wellington
Ribeiro da Silva, Gisleide da Silva Couto, Lucas Pires Ribeiro, Claudio Tavares
Pinheiro, Aline de FTony Carlos Dias Tereza, Ruskaia Fernandes Mendonça, Allan
Américo Gonçalves.
Nessa linha aqui apresentada, convido a um breve debate. Se retornarmos à
história da Grécia Antiga e o funcionamento da Urbs, nos daremos conta de que o que
se privilegiava era o “bem comum”. Portanto, virtuoso era aquele que continha seus
excessos, pois o interesse não era individual, e sim, comum. Já na passagem para a
Idade Média, a concepção de virtude estava ligada ao indivíduo que temia a Deus e que
era caridoso. A partir daí, outras transformações no mundo foram trazendo outra
concepção de “bem comum” e de sujeito virtuoso na sociedade que caminhava ao outro
modelo. Urgia o Estado Moderno.
Para John Locke, virtuoso é aquele que por meio do trabalho consegue se tornar
produtivo. Assim, justifica-se a propriedade privada para aquele que se sobressai em
relação a outro, marcando a força da propriedade privada. O homem capaz do “negócio”
deve ser respeitado e a ele deve ser dada oportunidade de continuidade de seu trabalho.
A natureza, é bem comum, mas a propriedade se justifica para o homem empreendedor:
“Assim, esta lei da razão dá ao índio o veado que ele matou; admite-se que a
coisa pertence àquele que lhe consagrou seu trabalho, mesmo que fosse
direito comum de todos (...) A superfície da terra que um homem trabalha,
planta, melhora, cultiva e da qual pode utilizar os produtos, pode ser
considerada sua propriedade (...) (LOCKE, p.43)
Desse modo, o trabalho investido lhe fornece o direito à propriedade e “o
trabalho conferia um direito de propriedade sobre os bens comuns, que permaneceram
por muito tempo os mais numerosos, e até hoje mais do que a humanidade utiliza.”
(LOCKE, p. 47)
Enquanto Locke assim concebia o mundo liberal no século XVII, Rousseau no
século XVIII se debatia em suas ideias e buscava a melhor forma de Governo possível.
Para ele melhor seria a República, embora esta não necessariamente fosse a ideal para
todas as formas de cultura. Mesmo assim, sua concepção era de que os indivíduos
precisavam ser submetidos à divisão dos poderes, em legislativo, executivo e judiciário,
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explicitando ainda que é impossível que se reflita sobre o bem comum nos Estados
Absolutistas ou Feudalistas, pois nestes não há espaço para a participação do povo.
Contrário à concepção de propriedade privada do mundo liberal, foi muito criticado por
seus pares.
Já Lucien Goldmam, como um autor que consegue traduzir o andamento das
coisas no mundo contemporâneo, nos conduz a um campo de reflexão ainda mais
complexo. Na sociedade liberal capitalista em que vivemos, a concepção de ciência
presente é estimulada pelo Estado. Além de nos retirar a capacidade de reação, retira
também o poder de transformação de qualquer sujeito empreendedor. Suponhamos que
um empresário das empresas de ônibus licitadas pelo poder público resolva fazer
“diferente” e de fato promover uma política de atuação mais justa, prevendo menos
lucros. Ele não sobreviveria e logo daria espaço a outro que respondesse à concepção de
Estado que vigora no mundo atual. Desse modo, nem mesmo o dono da propriedade
privada é autônomo, assim como nós, pois não mais vivemos na pólis grega, mas numa
sociedade cuja prática social está no individualismo, e não no coletivo. Por isso é tão
difícil não denominar manifestantes de “vândalos”, já que tudo o que se forma em grupo
para o bem comum soa muito mais como “golpe” do que como luta pelo coletivo. O
único autônomo é o Estado. Nessa perspectiva, poderíamos ir mais longe. Elegemos
Deputados que representam grupos sociais e na Assembléia Legislativa não se percebe
também a luta pelo coletivo e sim de interesses de grupo, tornando fragmentada a
concepção de democracia.
É nesse campo político que vem se constituindo a concepção de ciência, na qual
o homem do “ócio” (reflexão) dá lugar ao homem do “negócio” (negação ao ócio, ou
reflexão). Ainda nessa perspectiva, seria incoerente então imaginarmo-nos num mundo
em que ciências humanas pudessem ser consideradas ciências, uma vez que trabalhamos
no campo da observação, da reflexão e da transformação da ordem vigente. Não
produzimos celulares nem tratores, tão pouco elaboramos programas de computadores.
No Brasil, a constituição do Ensino de História no Brasil, desde sua instalação
como disciplina escolar, em meados do século XIX, com sua inserção no quadro do
ColegioImperal D. Pedro II desde a chegada dos Jesuítas, tem sido marcada por
concepções políticas, notadamente evidenciadas por momentos históricos distintos, mas
que trazem algo em comum: Uma história do Brasil, ou, após o Império e a República,
uma história Nacional que nos converge para um sentimento de que a história é feita por
poucos. Temos, só aqui na cidade de Goiânia, dois grandes exemplos. O primeiro é a
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estátua do Bandeirante Paulista, posta na Avenida Anhanguera, desde a construção de
Goiânia (esta representa a dominação de um grupo que se diz nacionalmente
representante de todos nós, desbravadora e escravizadora de índios); e a estátua do
Pedro Ludovico, situada no setor central de Goiânia, erguida em 2011, no Governo do
Senhor Marconi Perillo, que não por acaso, intitulou seu Governo de “tempo novo”, tal
qual Pedro Ludovico à época Varguista em Goiás, que se denominava “novo tempo”.
Isso incomoda. Pedro Ludovico assumiu na década de 1930, como interventor. O atual
governo assumiu um caráter inovador por ter “rompido” com antigas oligarquias, mas
colocou outras no lugar, como podemos perceber na política vigente no século XXI em
Goiás. Ludovico construiu sua “cara” de inovador porque liderou a transferência da
capital para Goiânia. É chamado de “um homem à frente de seu tempo”. O atual
Governo retoma isso, mas não há ninguém à frente do tempo! Ficamos pensando: o que
estamos reproduzindo e reproduzindo e reproduzindo? Quem de nós faz a história? O
campo das ciências humanas nos faculta esse e outros tipos de reflexão? Por que, em
pleno século XXI tais práticas ainda são tão recorrentes?
Ora, se prestarmos mais atenção, nos daremos conta que a todo momento somos
“bombardeados” por “informações”, que embora não sejam inverdades podem se tratar
de fórmulas de manutenção desse Estado vigente. Exemplo disso, são os veículos de
comunicação: televisivo, rádio ou internet. Não se trata, como dissemos no início desse
texto, de ver nos progressos tecnológicos somente o aspecto negativo do
desenvolvimento, mas de compreender as melhores formas de percebê-los, interpretálos e coloca-los a nosso favor, tendo como base a concepção de Ciências Humanas, que
defendemos aqui, como a de formação de um sujeito unilateral. Para tanto,
citaremostrês fontes. A primeira delas é uma Palestra da Rádio TUPI, de 1939, época do
Governo de Getúlio Vargas, intitulada “Foot-Ball e Saúde”. A segunda, a propaganda
do carro Fiat Stilo, recentemente vinculada à televisão, em 2008. A terceira, o vídeo
“Linha de Corte”, produzido pela FVG em 2013 e que trata dos trabalhadores braçais do
Corte de Cana no Brasil e representa a dura realidade do salário por produtividade,
percebido não somente com a política de pagamento dos funcionários rurais como
também com vendedores de loja ou funcionários de banco, até mesmo nas Universidade
Federais, onde temos que produzir mais e mais para que cheguemos à pontuação exigida
pelo Governo Federal. Enfim, temos aqui a tarefa de com base nessas três fontes
promover a discussão aque nos propusemos. Para tanto, utilizar-nos-emos de Herbet
Marcuse e suas reflexões sobre a Tecnologia e a Ideologia Burguesa.
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De acordo com Marcuse, e aqui nos valemos das reflexões produzidas por este
autor ao longo da década de 1940,3 o problema não está na Tecnologia propriamente
dita, e não se trata, necessariamente da influência da técnica na vida dos indivíduos, mas
sim, reside nos grupos sociais que a detém e, ao aprimorá-la sob a forma de tecnologia,
direcionam sua aplicação e utilização. Nessa perspectiva, podemos dizer que se o
Estado é o único autônomo, também a tecnologia é direcionada para a manutenção da
ideologia a qual ele representa: a ideologia burguesa.
Refletindo sobre o período de Governo do Interventor Getúlio Vargas, de 1937 a
1945, temos como exemplo as Palestras da Rádio Tupi, que representavam a política
Getulista do período, de defesa do trabalhador, rumo a um país que politicamente se
desejava produtivo e portanto, normatizado para tanto. A Palestra proferida pelo médico
Savino Gasparini em 1939 e publicada em 1940, sobre o perigo do Footbaall, apresenta
bem essa questão:
A Mocidade não pensa mais. Discute foot-ball.
E os assuntos da aula? Não interessa. Temos footbaal. E o anafalbetismo?
Não interessa. Temos football. E as doenças que enfraquecem o brasileiro.
Não interessa. Temos o football. E a sub-nutrição do povo? Não interessam.
Temos football. E a guerra europeia? Não interessa. Já é passadismo. Temos
football. E o estudo, as médias, a última prova parcial, o exame oral? Não
interessam. Temos football. E o petróleo brasileiro? Não interessa. Temos
football. E a frequência às aulas? Não interessa. Temos football. E as
luxações, as fraturas, as contusões, as escoriações, os graves ferimentos, as
pernas cortadas, as orelhas arrancadas, os olhos vasados...não importa. Viva o
football! É uma triste manifestação da inferioridade mental dos jovens da
atualidade. E quanto mais vadio, e quanto mais ignorante, e quanto mais
litolítico, e quanto mais barisférico, enfim, quanto mais desinteligente for o
indivíduo, mais se deixa empolgar pelo foot-ball. Mais discute football.”
(GASPARINI, 1940, p. 38-9)
A fonte cujo trecho foi aqui citado, representa a política de valorização do
trabalho e do cidadão participativo, disciplinado, rumo ao progresso do país. Não por
acaso, mais à frente, o médico solicita que seja proibido o jogo nas escolas, dizendo que
a Educação física deve ser para: “A Saúde; O aperfeiçoamento das qualidades morais e
sociais”. E foi o rádio, (mecanismo importante de comunicação à época) que se tornou
veículo condutor dessas e outras formas de abordagem do cidadão que se desejava para
aquele momento histórico.
Nunca é demais lembrar que se Herbert Marcuse distingue técnica e tecnologia no ensaio “Tecnologia,
guerra e fascismo”, de 1941, em suas produções mais recentes, como os textos das décadas de 1960 e
1970, não faz tantas concessões à técnica, uma vez que não lida com essa distinção. Nesse texto, Marcuse
está preocupado em perceber que “a racionalidade individualista se viu transformada em racionalidade
tecnológica” De qualquer forma, consideramos que seja razoável às pretensões da discussão aqui
proposta, o tratamento não dicotômico da técnica, ou seja, os atributos de “boa” ou “má” inerentes a
mesma.
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Vale lembrar que no período em que foram proferidas as Palestras de Hsgiene na
Rádio Tupi, era o rádio, o grande veículo de comunicação, tão responsável pela
“informação”, tendo sido profundamente usado pelo Governo vigente, como forma de
propagação das idéias de uma nação que se desejava produtiva. Sobre isso, trechos da
palestra sobre “Alimentação do Trabalhador”, também referente à mesma fonte aqui
citada, diz respeito ao lançamento do livro do médico Alexandre Moscoso, como
poderemos ver a seguir:
‘O trabalhador nacional come pouco e mal! – feijão, farinha, carne
seca.’ O professor Austregesilo já afirmou que o Brasil pode considerar-se
como um dos grandes países de população sub-nutrida, apesar da abudância
paradoxal de sua capacidade produtiva.
Aponta, Alexandre Moscoso, os fatores influentes da má alimentação
e os meios de corrigi-los. Terminando o seu livro, que eu desejaria figurasse
nas vossas estantes, afirma com toda razão o ilustre médico patrício: ‘tudo o
que se fizer em favor da boa alimentação do trabalhador – jovem ou adulto –
homem ou mulher – será pelo fortalecimento da raça e pela riqueza do país.
Trabalhador é todo o indivíduo que produz, não importa a espécie de
atividade – física ou intelectual.
O trabalhador bem nutrido produzirá para o Brasil e lutará pelo
Brasil.’ (GASPARINI, 1940, p. 67-8)
Os usos da tecnologia não param por aí. A propaganda do carro Fiat de nome
Stilo, lançada em 2008 na televisão e que está disponível na Internet para que todos
vejam, tem como sloogam, “Stilo: ou você tem ou você não tem”. Bem, isso é bastante
inquietante. Afinal, se você não tem stilocompra um? O que é stilo? Na verdade, a
propaganda estimula os valores da sociedade efêmera, na qual todos os cheiros são
padronizados, todas as imagens são as mesmas, e o que nos interessa não é a letra das
músicas, mas o que o som nos provoca. Não nos percebemos nas propagandas, nem na
comida que bebemos, nem na roupa que compramos. Apenas desejamos, pois não nos
preocupamos com a reflexão porque afinal ela nem é produtiva, nos faz perder tempo!
Irônico!
A propaganda do carro, nos remete à época que aprendíamos nos livros de
história sobre a produção agrícola. De um lado havia o agricultor que trabalhava com a
enxada; de outro o trabalhador que se utilizava do trator. Só o que sabíamos era que o
segundo produzia mais e melhor, como se isso fosse uma opção. Na verdade, tocamos
aqui numa questão fundamental da linguagem televisiva. Não estamos nos referindo à
leinguagem da telenovela, cuja proposta é ficcional, tão pouco estamos falando dos
telejornais, cujas informações podem representar grupos de poder, manipulando nossas
sensações. Trata-se de outro aspecto da linguagem televisiva, que representa nossos
desejos estimulados pela ideologia burguesa. Marcuse toca nesta questão (embora não
diretamente) quando discute o homem unilateral. Afinal, nos sentimos deslocados de
nós mesmos. Buscamos “stilo”, mas quando não enquadramos nele, nos sentimos fora
das naturalizações características da sociedade burguesa.
Nesse sentido, comprar um carro aparece como uma opção que proporciona uma
sensação de necessidade estimulada pelo individualismo da cultura de massa4, cuja
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Apesar de alguns intelectuais entreverem uma obliteração do individualismo ou, no mínimo, a sua
suspensão, levada a cabo pelas forças motrizes da nova racionalidade instrumental do mundo pós-
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sensação de coletividade tende a se perder cada vez mais. Daí não nos percebermos,
nem nos darmos conta e assim, continuarmos com uma concepção de ciência como
produtividade.
Para melhor compreendermos o que foi dito, basta imaginar quantas vezes as
pessoas acordam pela manhã numa segunda feira e se sentem profundamente
entristecidos porque vão trabalhar. O trabalho nos retira de nós mesmos, nos consome
na busca pelo sucesso, muitas vezes não obtido, nos gerando desconforto. Temos aí dois
desconfortos. O primeiro porque somos insatisfeitos pelo modo como temos que nos
“realizar” no mundo em que vivemos. Segundo, nos sentimos “fora” desse mundo,
porque temos vontade de fugir do que nos agoniza, das frustrações. Isso também explica
o surgimento de tantas novas Igrejas e concomitantemente, novas drogas entorpecentes.
Em contrapartida, e para além da crítica aqui realizada, vale lembrar que há
muita produção no campo da tecnologia que nos chama a atenção para outras questões.
O documentário “Linha de Corte” produzido pela FGV em 2013, apresenta
depoimentos de trabalhadores do corte de cana, bem como de profissionais que se
dedicam a estudar o assunto, mostrando a “desumanização” desses trabalhadores que ao
nosso ver “trabalhavam para sobreviver e morrem porque trabalham”. Nesse sentido, o
documentário é a tecnologia cujo uso é para a transformação, a denúncia e a reflexão
sobre a realidade da Ideologia vigente, de salários produtivistas. Embora tenhamos
vários como esse, é necessário pensar para além. Até que ponto problematizamos as
informações que coletamos? Até que ponto nos desnudamos e nos propomos a isso? Por
isso, terminamos essas poucas e inacabadas reflexões, fazendo um convite para a
discussão da técnica para a promoção da liberdade!
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industrial, preferimos enxergar uma reconfiguração do individualismo que, mesmo guindado por
dispositivos extra corporais, como o maquinismo e a estandardização da produção e do consumo, não se
deixa simplesmente reduzir ao que alguns chamaram jocosamente de “vida de gado”
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