PreviNE Segundo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos Boletim Informativo de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Região Nordeste FEVEREIRO de 2014 ano 3 - Edição nº 14 GEOMETRIA DE AERÓDROMO E SUA IMPORTÂNCIA PARA A SEGURANÇA DE VOO Figura 1 – Vista aérea do Aeroporto de Congonhas (UOL, 2013) Ao utilizarmos as infraestruturas aeroportuárias, muitas das vezes não nos damos conta da existência de mecanismos de segurança que provêem suporte e apoio à Segurança da Aviação. Um desses dispositivos é conhecido como a geometria do aeródromo. O Regulamento Brasileiro da Aviação Civil - RBAC 154 (ANAC, 2012) e o Anexo 14 (ICAO, 2006) são as referências legais para se estabelecer a geometria do aeródromo, a qual se divide em duas partes: a Geometria do Lado Aéreo e do Lado Terrestre. A Geometria do Lado Aéreo, objeto deste PreviNE, constitui as pistas de pouso e decolagem, as faixas de pista, as pistas de táxi ou rolamento e o pátio de estacionamento das aeronaves, enquanto que a Geometria do Lado Terrestre constitui-se das "outras instalações", tais como: áreas de apoio destinadas a suprir as necessidades associadas ao transporte aéreo, hangares, parque de combustíveis, instalações para o grupo contra incêndios, comissaria, torre de controle, sala de tráfego, infraestrutura básica destinada a garantir os serviços de abastecimento de água, esgoto, energia elétrica, gás e coleta de lixo, e sistemas de acesso e estacionamento de veículos. Para facilitar o entendimento de geometria do lado aéreo, faz-se necessário o conhecimento das seguintes áreas de segurança: STOPWAY (ZONA DE PARADA) É uma área existente ao prolongamento da pista e com a mesma largura, na qual seja capaz de suportar a completa desaceleração, em caso de uma abortiva na decolagem, sem causar danos estruturais à aeronave. A principal diferença entre a pista e a stopway geralmente é verificada na estrutura do pavimento, sendo a da stopway consideravelmente mais econômica. prevenção, iNvestIGAÇÃO, Cuidar da Aviação é a nossa obrigação!!! SERIPA II 1 PreviNE Segundo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos Boletim Informativo de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Região Nordeste FEVEREIRO de 2014 ano 3 - Edição nº 14 CLEARWAY (ZONA LIVRE DE OBSTÁCULOS) É uma área além da pista pavimentada, livre de obstáculos e sob o controle da autoridade aeroportuária. É recomendada que a clearway comece no extremo da pista oposta à cabeceira de decolagem e seu comprimento deve ser no máximo igual a metade do comprimento da pista e estender-se lateralmente a partir do eixo da pista, a uma distância mínima de 75 m. RESA (RUNWAY END SAFETY AREA) Conhecida no Brasil como “área de escape”, a RESA é uma área simetricamente estendida do final da faixa de pista para a maior distância que for praticável. Sua largura deve ser no mínimo duas vezes a da pista associada. A principal finalidade é reduzir os riscos de danos à aeronave no caso de uma aterragem antes da pista ou de uma ultrapassagem dos seus limites. SWY CWY RESA Figura 2 – Vista aérea da SWY, RESA e CWY DISTÂNCIAS DECLARADAS No planejamento de um voo, a tripulação deve conhecer as seguintes distâncias disponíveis para pousos e decolagens: TORA – Take-off runway available (pista disponível para corrida de decolagem) – É o comprimento declarado da pista, disponível para a corrida no solo de uma aeronave que decola. Quando a pista não é provida de uma stopway (SWY) ou clearway (CWY) e a threshold (THD) estiver localizada na extremidade da pista, as quatro distâncias declaradas normalmente devem ser iguais ao comprimento da pista. prevenção, iNvestIGAÇÃO, Cuidar da Aviação é a nossa obrigação!!! SERIPA II 2 PreviNE Segundo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos Boletim Informativo de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Região Nordeste FEVEREIRO de 2014 ano 3 - Edição nº 14 Figura 3 – distâncias declaradas sem SWY e CWY e THD normal (ANAC, 2012) TODA – Take-off distance available (distância disponível para a decolagem) – É o comprimento da TORA, somado ao comprimento da zona livre de obstáculos (clearway), se existente. Figura 4 – Comprimento da TODA (ANAC, 2012) ASDA – Acelerate and stop distance available (distância disponível para aceleração e parada) – É o comprimento da TORA, somado ao comprimento da zona de parada (stopway), se existente. Figura 5 – Comprimento da ASDA (ANAC, 2012) LDA – Landing distance available (distância disponível para pouso) – É o comprimento declarado da pista, disponível para corrida no solo durante o pouso. Figura 6 – Comprimento da LDA (ANAC, 2012) prevenção, iNvestIGAÇÃO, Cuidar da Aviação é a nossa obrigação!!! SERIPA II 3 PreviNE Segundo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos Boletim Informativo de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Região Nordeste FEVEREIRO de 2014 ano 3 - Edição nº 14 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES As Geometrias do Lado Aéreo, anteriormente apresentadas, são apenas fontes ilustrativas de informação para aumentar a consciência situacional de todos os usuários do sistema da infraestrutura aeroportuária. Vale lembrar que, para o planejamento de cada voo (decolagem e pouso), as fontes primárias de consulta e análise são as Cartas de Aeródromo (ADC). Os NOTAM, bem como o Serviço Automático de Informação de Terminal (ATIS), quando disponíveis, também devem ser consultados, com o objetivo de verificar possíveis alterações nas distâncias declaradas. Figura 7 – Carta de Aeródromo de SBBR (DECEA, 2013) Figura 8 – Carta de Aeródromo de SBBR (DECEA, 2013) Referências: ALVES, C. J. P. Geometria do Lado Aéreo. Artigo Científico – São Paulo, 2012. BRASIL. AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL. Projeto de aeródromos. Regulamento Brasileiro de Aviação Civil, RBAC-154, Brasília, 2012. BRASIL. Comando da Aeronáutica. Departamento de Controle do Espaço Aéreo. Carta de Aeródromo - ADC. Rio de Janeiro, 2013. CANADA, INTERNATIONAL CIVIL AVIATION ORGANIZATION. Annex 14. Montreal, 2006. SKYBRARY. Disponível em: < http://www.skybrary.aero/index.php/Category:Glossary >. Acesso em: 25 fev. 2014. prevenção, iNvestIGAÇÃO, Cuidar da Aviação é a nossa obrigação!!! SERIPA II 4