Asas à imaginação S omente na terceira iniciativa, Lysia Paes Leme, da Consultoria Jurídica(CJ.P), conseguiu dar for- ma ao seu “grande barato: fazer algo que pudesse misturar cor”. Ela fala da primeira vez que tentou Foto: Arquivo pessoal G ENTE Trabalhando Brasil afora coisa semelhante, em 1982: “era influenciada pelo meu avô paterno que foi professor da Escola de Belas Artes e pintava quadros no estilo acadêmico. Mas não deu certo, fiz quadros horríveis. Não era esse o meu dom”, reconhece. Na segunda vez, qua- “Uso como matéria prima o que encontro de melhor. tro anos mais tarde, resolveu confeccionar bolsas. Primeiro fiz colares, evoluí para os brincos, passando “Copiava alguns moldes, criava outros e vendi muita por chaveiros e correntinhas para óculos. Atualmente, bolsa de lona e mochilas emborrachadas”. Foi um acrescentei à lista de produtos, capinhas para cheques sucesso. “Uma amiga, casada com um oficial da avulsos”. Lysia admite ter uma tendência ao exagero. Marinha, fazia o acabamento dos ‘modelitos’, pois “Dou vazão ao meu lado perua. A minha filha Susana, eu não sabia costurar. Aprendi a dar ‘nó de mari- de 17 anos, às vezes, não resiste e me repreende, nheiro’ e, assim, eu fazia as alças e todo mundo dizendo ‘menos, mãe’ “. A artista admite que, apesar adorava”. Mas não estava nos planos de Lysia a tal de produzir pouca quantidade, ama de paixão suas amiga, um belo dia, desistir do “negócio”. Com isso, “bijus”. “Se deixar, fico o tempo todo que tenho livre deixou de lado por um tempo a sua “veia artesã”, fazendo isso. É mais do que terapia. É um prazer como para, somente em 2005, aproveitando o hábito de poucos”, finaliza. oferecer pequenas lembranças às suas convidadas femininas nos almoços de Dia das Mães, retomar o antigo desejo. Resolveu enfeitar Foto: Bruno Ribeiro vidrinhos de perfume com pulserinhas de miçanga. “Foi aí que comecei a fazer bijuterias”. Lysia compra uma infinidade de materiais, o mais diversificado possível. 34 REVISTA FURNAS ANO XXXIII Nº 346 NOVEMBRO 2007 G ENTE Brincando na pista A cada dia torna-se mais comum encontrar adultos interessados na performance de carri- nhos que pesam 70 gramas e atingem a impressionante velocidade de até 150 quilômetros por hora. Áureo Fernando Kumassaka, empregado do Departamento de Produção São Roque (DRQ.O), é um dos V iajar Brasil afora, trabalhando pelo crescimen- que pratica o automodelismo de fenda como hobby. to de FURNAS: aos 60 anos, a história de A mania começou aos 10 anos, quando morava em Dionésio Werner, gerente do Departamento de Tatuapé e ia toda sexta-feira para a pista Speed Construção de Geração Manso (DGA.C), confunde- Racing gastar o dinheiro da mesada. Na época, brin- se com a expansão do sistema de geração de ener- cava escondido do pai que temia que a paixão pelos gia. Desde que começou na empresa, há 20 anos, o autoramas atrapalhasse os estudos do filho. engenheiro atua na implantação e manutenção Hoje, Áureo tem um preparador de carros, mais das usinas. E por conta desse trabalho, ele já passou tempo e recursos para brincar na pista. Ele participa dos épocas de sua vida na cidade de Cuiabá, em Mato maiores campeonatos do Brasil, nos quais competem os Grosso, Porto Velho, em Rondônia, Peixe, em carros mais velozes do mundo, percorrendo 47 metros Tocantins, Icem, em São Paulo, Ibiraci, em Minas de pista modelo Blue King, em cerca de 1,5 segundo. Gerais, Caldas Novas e Goiânia, em Goiás. Em cada Ele explica que não há treino. “Apenas no dia da lugar, uma história para contar. E da experiência corrida chegamos bem cedo para acertar o carro ficou uma lição: “Posso ir para o lugar mais simples, antes da largada, pois cada pista tem sua particula- mas sempre levo terno e gravata”. ridade. No fim o ganhador pode vencer por alguns metros nas 400 ou 700 voltas de uma corrida que trabalhava no estudo de viabilidade do Rio Madei- dura em torno de meia hora”. Áureo confessa que o ra. De calça jeans, poeira por todo o corpo, ele foi automobilismo de fenda é convocado a encontrar-se com o prefeito, o juíz e algo que pratica por puro o representante do Ministério Público da cidade. prazer. “Um hobby é “Fiquei um pouco constrangido, mas o importante algo que nos impul- é termos segurança, sabermos o que falar. Mas, de siona a chegar a qualquer forma, depois dessa só viajo com meu um ponto que nem uniforme de visita ao prefeito”, conta, bem humorado. Do tempo que morou em Mato Grosso, ele guarda uma receita, a de moqueca de peixe, Ilustração: Alecrim Como exemplo, ele lembra da época em que sabia que existia”. sucesso até hoje na mesa da família. “Convivi pouco com meus filhos devido às viagens, e sinto por isso. Mas sei que eles entendem, porque eu amo meu trabalho”, afirma Werner. REVISTA FURNAS ANO XXXIII Nº 346 NOVEMBRO 2007 35