UNISALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Educação Física
André Luiz Moinhos Muniz
Diego Gallo da Silva
O PADRÃO DA CORRIDA EM ESCOLARES DE 6 A
7 ANOS
EMEI "Profª Alda Therezinha Perches Queiroz"
Lins – SP
LINS – SP
2013
ANDRÉ LUIZ MOINHOS MUNIZ
DIEGO GALLO DA SILVA
O PADRÃO DA CORRIDA EM ESCOLARES DE 6 A 7 ANOS
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Banca Examinadora do
Centro Universitário Católico Salesiano
Auxilium, curso de Bacharelado em
Educação Física, sob a orientação da
Prof.ª Ma. Maria de Fatima Paschoal Soler
e orientação técnica da Prof.ª Ma. Jovira
Maria Sarraceni
Lins – SP
2013
M935e
Muniz, André Luiz Moinhos; Silva, Diego Gallo da
Educação física bacharel: o padrão da corrida em escolares de 6 a 7
anos da EMEI “Profª Alda Therezinha Perches Queiroz” / André Luiz
Moinhos Muniz; Diego Gallo da Silva. – – Lins, 2013.
65p. il. 31cm. Inclui DVD.
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano
Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação de Bacharelado em
Educação Física, 2013.
Orientadores: Jovira Maria Sarraceni; Maria de Fátima Paschoal Soler
1. Desenvolvimento Motor. 2. Habilidades Motoras Fundamentais. 3.
Corrida. 4. Padrão Maduro. I Título.
CDU 796
ANDRÉ LUIZ MOINHOS MUNIZ
DIEGO GALLO DA SILVA
O PADRÃO DE HABILIDADES MOTORAS FUNDAMENTAIS EM
ESCOLARES DE 6 A 7 ANOS
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,
para a obtenção do título de Bacharel em Educação Física.
Aprovada em: ______/______/______
Banca Examinadora:
Prof.ª Orientadora: Maria de Fatima Paschoal Soler
Titulação: Mestra em Educação Física pela Universidade Metodista de
Piracicaba.
Assinatura:______________________________________________________
1° Prof.ª:________________________________________________________
Titulação:_______________________________________________________
_______________________________________________________________
Assinatura:______________________________________________________
2° Prof.ª:________________________________________________________
Titulação:_______________________________________________________
_______________________________________________________________
Assinatura:______________________________________________________
Dedico este trabalho aos meus pais Osmar Muniz e Maria Isabel
Moinhos Muniz, a minha família e a todos aqueles que de alguma forma
acreditam em mim.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a DEUS, a ele que tem me amparado e me dado forças, que
acredita em mim até quando eu perco a fé, e que nunca deixou de estar ao
meu lado, nem mesmo nos momentos mais sombrios de minha existência.
Agradeço aos meus pais e a minha família, que sempre me amaram e
estiveram ao meu lado, sem o apoio de vocês eu jamais chegaria onde estou.
Agradeço ao meu irmão, Diego Moinhos Muniz, que nos ajudou muito na
realização das filmagens e edição das imagens, sem ele este trabalho teria
uma qualidade muito inferior. Agradeço a minha namorada, Damaris Ribeiro de
Paula, que além de iluminar minha vida desde o momento em que eu a
conheci, me ajudou muitíssimo na edição e escrita desta obra. Agradeço com
muito carinho ao meu Mestre das Artes Marciais e da Vida, Paulo Roberto Lintz
Correa, suas contribuições em minha vida foram de valor inestimável.
Agradeço as nossas orientadoras Maria de Fátima Paschoal Soler e
Jovira Maria Sarraceni, que foram fundamentais na construção desta obra.
Agradeço à Secretária Municipal de Educação, Denise Jorge Magnoler, à
Diretora da EMEI "Profª Alda Therezinha Perches Queiroz", Karina de Fátima
Gomes, e aos pais e alunos que participaram de nosso estudo, pois sem a
permissão e a colaboração destas pessoas nosso trabalho não poderia se
realizar.
E a todos aqueles que contribuíram de alguma forma para a minha
formação enquanto pessoa e cidadão, assim como para a construção desta
obra, eu deixo com muito carinho o meu
MUITO OBRIGADO!!!
André Luiz Moinhos Muniz
Dedico este trabalho a Deus e a minha Família.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente eu gostaria de agradecer a Deus por ter nos deixado sua
herança, que foi o conhecimento e a sabedoria divina que nos alimenta e nos
fornece força para que a vida possa ser prazerosa e cheia de conquistas. Em
seguida agradeço pelo maior presente que ele me deixou que foi uma vida
cercada de pessoas que me amam e consequentemente me dão suporte para
continuar caminhando no sentido certo . Essas pessoas que eu digo, é minha
família, onde por eles eu me sinto motivado para continuar lutando superando
os obstáculos e adquirindo novas conquistas.
Diego Gallo da Silva
RESUMO
As condições de vida nos centros urbanos vêm se transformando de
forma muito significativa nas últimas décadas, implicando em profundas
mudanças de hábitos. Grande parte das crianças dos tempos atuais não
praticam, e muitas nem conhecem, as brincadeiras e atividades que
preenchiam a infância das crianças das décadas passadas. Esse fato, além de
ser um problema cultural, afeta diretamente o desenvolvimento motor infantil,
pois atividades e brincadeiras que estimulam as crianças a se movimentarem e
utilizarem o corpo são muitíssimo importantes para o desenvolvimento motor. É
fato que a grande maioria das crianças necessita vivenciar experiências que as
estimulem a se movimentar e a aprender novas formas de movimentos para
que seu desenvolvimento motor não fique atrasado e limitante. É por este
motivo, que as escolas infantis oferecem aulas de educação física para os
alunos. E, para muitas crianças, o contexto escolar é a única fonte de estímulos
ao desenvolvimento motor. Esta pesquisa tem o objetivo de verificar se apenas
as aulas de educação física, oferecidas no contexto escolar, são suficientes
para estimular o desenvolvimento motor das crianças de forma adequada. Para
isso, foram selecionadas 20 crianças do 1° ano do ensino fundamental com
idades entre 6 e 7 anos da EMEI "Profª Alda Therezinha Perches Queiroz" na
cidade de Lins. As crianças foram separadas em 2 grupos de 10 alunos cada.
Um grupo foi formado por crianças que praticam atividades físicas fora do
contexto escolar, e o outro por aquelas que realizavam atividades físicas
apenas na escola. Todas as 20 crianças foram filmadas durante o ato da
corrida, as imagens foram analisadas e a performance motora das crianças foi
avaliada. O resultado desta pesquisa apontou uma diferença muito significativa
entre os grupos. Evidenciando que provavelmente a forma como os estímulos
motores são oferecidos para as crianças nos tempos atuais necessita ser
repensada.
Palavras-chave: Desenvolvimento Motor. Habilidades Motoras Fundamentais.
Corrida. Padrão Maduro.
ABSTRACT
The living conditions in urban centers have been becoming very
significantly in recent decades, resulting in profound changes in habits. Most
children of modern times do not practice, and many do not know, the games
and activities that filled childhood of children of the past decades. This fact, in
addition to being a cultural problem, directly affects infant motor development,
as activities and games that stimulate children to move and use the body are
extremely important for motor development. It is a fact that the vast majority of
children need to have experiences that stimulate the move and learn new ways
of movements so that your motor development does not get delayed and
limiting. It is for this reason that infant schools offer physical education classes
for students. And for many children, the school context is the only source of
stimulus to motor development. This research intends to verify whether only the
physical education classes, offered in the school context, are sufficient to
stimulate motor development of the children appropriately. For this, were
selected 20 children from 1st year of primary school between the ages 6 and 7
years of EMEI "Prof. Alda Therezinha Perches Queiroz" in the city of Lins. The
children were divided in 2 groups of 10 students each. One group was formed
of children who practice physical activities outside the school context, and the
other by those who only performed physical activities at school. All 20 children
were filmed during the act of running, the images were analyzed and motor
performance of the children was evaluated. The result of this research showed
a very significant difference between the groups. Evidencing that probably the
way the motor stimuli are offered for children nowadays need be rethought.
Keywords: Motor Development. Fundamental Motor Skills. Race. Standard
Mature.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Ampulheta ......................................................................................................... 17
Figura 2: Recheio da vida ............................................................................................... 18
Figura 3: Desenvolvimento .............................................................................................. 31
Figura 4: Experiências ..................................................................................................... 36
Figura 5: Habilidades esportivas .................................................................................... 41
Figura 6: Estrutura da filmagem ..................................................................................... 44
Figura 7: A corrida ............................................................................................................ 47
Figura 8: Gráfico do grupo praticante ............................................................................ 62
Figura 9: Gráfico do grupo não praticante .................................................................... 63
Figura 10: Gráfico de classificação geral...................................................................... 64
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Corrida............................................................................................................. 40
Quadro 2: Objetos de análise ......................................................................................... 46
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Classificação do grupo praticante ................................................................ 48
Tabela 2: Classificação do grupo não praticante ........................................................ 49
Tabela 3: Diferença entre os grupos ............................................................................. 49
Tabela 4: Classificação Geral ......................................................................................... 50
Tabela 5: Distribuição do nível da habilidade analisada entre os grupos ............... 50
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
HMF: Habilidades Motoras Fundamentais
CT: Cabeça e tronco
EMEI: Escola Municipal de Educação Infantil
E: Estágio Elementar
I: Estágio Inicial
M: Estágio maduro
MI: Membros Inferiores
MS: Membros Superiores
NP: Indivíduo Do Grupo Não Praticante
P: Indivíduo Do Grupo Praticante
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 11
CAPITULO I – O DESENVOLVIMENTO MOTOR ..................................................... 13
1
O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO ..................................................... 13
1.1
Fase motora reflexiva ........................................................................................... 19
1.1.2 Reflexos primitivos................................................................................................ 19
1.1.3 Reflexos posturais ................................................................................................ 19
1.1.4 Estágio de codificações de Informações ........................................................... 20
1.1.5 Estágio de decodificações de informações ...................................................... 20
1.2
Fase de movimentos rudimentares .................................................................... 21
1.2.1 Estágio de inibição de reflexos ........................................................................... 21
1.2.2 Estágio de pré-controle ........................................................................................ 22
1.3
Fase de movimentos fundamentais.................................................................... 22
1.3.1 Estágio Inicial ......................................................................................................... 23
1.3.2 Estágio elementar ................................................................................................. 24
1.3.3 Estágio maduro ..................................................................................................... 24
1.4
Fase de movimentos especializados................................................................. 25
1.4.1 Estágio transitório ................................................................................................. 25
1.4.2 Estágio de aplicação ............................................................................................ 26
1.4.3 Estágio de utilização permanente....................................................................... 26
1.5
Outras perspectivas .............................................................................................. 27
CAPITULO II – O DESENVOLVIMENTO E A SIGNIFICÂNCIA DAS
HABILIDADES MOTORAS FUNDAMENTAIS........................................................... 29
2
CONCEITOS ......................................................................................................... 29
2.1
Crescimento e maturação biológica .................................................................. 30
2.2
Fatores que afetam o crescimento e a maturação .......................................... 31
2.2.1 Nutrição................................................................................................................... 32
2.2.2 Estresse e idade da mãe ..................................................................................... 32
2.2.3 Fatores teratógenos.............................................................................................. 33
2.3
Experiências .......................................................................................................... 35
2.4
Habilidades motoras fundamentais através da perspectiva de Gallahue e
Ozmun................................................................................................................................. 37
CAPITULO III – A PESQUISA ....................................................................................... 43
3
INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 43
3.1
A EMEI "Profª Alda Therezinha Perches Queiroz” .......................................... 43
3.2
Protocolo ................................................................................................................ 44
3.3
Análise .................................................................................................................... 46
3.4
Resultados.............................................................................................................. 48
3.5
Discussão............................................................................................................... 50
3.6
Parecer final ........................................................................................................... 52
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ................................................................................. 53
CONCLUSÃO ................................................................................................................... 54
REFERÊNCIAS................................................................................................................ 55
APÊNDICES ..................................................................................................................... 56
ANEXOS ............................................................................................................................ 58
11
INTRODUÇÃO
O tema abordado no presente trabalho é o padrão da corrida em
escolares entre 6 e 7 anos de idade, delimitando o nível de maturação desta
habilidade motora fundamental das crianças dessa faixa etária que cursam o
primeiro ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal de Ensino Infantil
(EMEI) "Profª Alda Therezinha Perches Queiroz".
Este estudo justifica-se pelo fato de que a locomoção é um aspecto
fundamental no aprendizado de movimentar-se, efetiva e eficientemente, pelo
ambiente. Segundo Gallahue e Ozmun (2003) atividades como: caminhar,
correr, pular, e saltar obstáculos são consideradas movimentos locomotores
fundamentais. Com base em autores como Gallahue e Ozmun (2003), Tani
(2008), Piaget (1967), Payne e Isaac (2007), Kail (2004), Schmidt e Wrisberg
(2001), pode-se afirmar que a aquisição de padrões maduros para as
habilidades motoras fundamentais é muito significativa para a formação do
indivíduo.
O objetivo geral desta pesquisa é analisar se as aulas de Educação
Física
no
contexto
formal (escolar) são
suficientes
para estimular o
desenvolvimento motor das crianças de forma adequada. E o objetivo
específico é analisar o padrão motor da corrida.
A pergunta problema que esta pesquisa tenta responder é a seguinte:
apenas as aulas de Educação Física escolar são suficientes para estimular o
desenvolvimento motor das crianças de forma adequada?
Diante deste questionamento, levantou-se a hipótese de que, devido ao
maior sedentarismo dos tempos cotidianos, a atual carga horária das aulas de
educação física escolar não é suficiente para proporcionar às crianças os
estímulos que essas necessitam para se desenvolverem de forma adequada.
Para responder ao questionamento desta pesquisa foram selecionadas
20 crianças da EMEI "Profª Alda Therezinha Perches Queiroz" da cidade de
Lins. Essas crianças formaram 2 grupos de 10 indivíduos. Um grupo foi
constituído apenas pelos indivíduos que praticavam atividades estimulantes ao
desenvolvimento motor fora do contexto escolar, e o outro por aqueles que
praticavam tais atividades apenas na escola.
12
Todas as crianças foram filmadas durante o ato da corrida, essas
filmagens foram analisadas e o desempenho motor das crianças foi avaliado.
Esta obra faz um apanhado na literatura do desenvolvimento motor,
dissertando sobre o significado do desenvolvimento, as várias fases e estágios
do desenvolvimento motor, os fatores que o afetam, a importância de estímulos
durante o processo de desenvolvimento, as habilidades motoras fundamentais
e, por fim, é apresentado o resultado da pesquisa e suas respectivas
interpretações.
Portanto este trabalho ficou assim dividido:
CAPÍTULO 1: O Desenvolvimento motor.
CAPÍTULO 2: O Desenvolvimento e a significância das habilidades
motoras fundamentais.
CAPÍTULO 3: A pesquisa.
Por fim apresenta-se
Referências.
a
Proposta
de Intervenção, Conclusão e
13
CAPITULO I
O DESENVOLVIMENTO MOTOR
1
O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO
A
palavra
desenvolvimento envolve um campo muito amplo de
significados, mas no que diz respeito aos seres humanos, ela faz referência a
um conjunto de aspectos que embora distintos, estão, em sua maioria,
interligados.
Para Gallahue e Ozmun (2003), desenvolvimento, em seu sentido mais
puro, refere-se às alterações no nível de funcionamento de um indivíduo ao
longo do tempo. E ainda segundo os mesmos autores, apesar de o
desenvolvimento ser mais frequentemente considerado como o surgimento e a
ampliação das habilidades de um indivíduo para funcionar em um nível mais
elevado, é preciso reconhecer que o conceito de desenvolvimento é muito
amplo e que ele é, de fato, um processo permanente.
A ciência do desenvolvimento humano engloba vários campos de
estudo. Payne e Isaac (2007) vão além da clássica e pioneira taxonomia
desenvolvida por Benjamim Bloom, que em 1956 classificou o desenvolvimento
humano em 3 domínios: o cognitivo, o afetivo e o psicomotor.
Payne e Isaac (2007) acrescentam um 4º domínio, intitulado de domínio
físico. É com base na obra destes mesmos autores, que os breves
esclarecimentos acerca de cada um destes domínios (cognitivo, afetivo,
psicomotor e físico) foram desenvolvidos e apresentados a seguir.
O domínio cognitivo tem enfoque em atividades como: leitura, resolução
de problemas matemáticos, ponderação de fatos nos estudos sociais e
atividades semelhantes a estas que estejam direta ou indiretamente ligadas às
atividades e capacidades cognitivas.
O domínio afetivo relaciona-se, principalmente, com os aspectos sociais
e emocionais do desenvolvimento humano, e tem seu enfoque em sentimentos
como o de valor próprio, a capacidade de interagir no meio social e o modo
como o indivíduo se sente a cerca de si mesmo.
14
O domínio psicomotor preocupa-se com as atividades que envolvem a
execução de movimentos e os níveis de maturação das mesmas. Estes
movimentos vão desde movimentos de coordenação motora fina, como a
escrita, até os movimentos que envolvem grandes grupos musculares como
correr, arremessar, saltar, entre outros.
O domínio físico direciona suas atenções para as mudanças que
ocorrem no corpo do indivíduo, tais como: seu crescimento em estatura e a
velocidade com que isso acontece; o ganho de massa corporal ou a perda
dela; o aumento ou a diminuição da amplitude dos movimentos; e a forma e a
velocidade com que o organismo amadurece.
É fundamental ter a compreensão de que, por maior que seja o número
de aspectos englobados pela ciência do desenvolvimento humano, nem um
deles é absolutamente independente, já que todos interagem e influenciam uns
aos outros. Por isso, para que haja um entendimento verdadeiro do
desenvolvimento humano, é indispensável que os estudos considerem a
constante interação entre todos os seus domínios.
Os diversos aspectos humanos não devem ser analisados sob uma
perspectiva exclusivista. Gallahue e Ozmun (2003) deixam isso bem claro ao
afirmarem que o estudo do desenvolvimento deve ser analisado a partir da
perspectiva da totalidade da espécie humana. Isso se deve ao fato de que as
pessoas vivenciam, em seu cotidiano, diversas atividades que as levam a
utilizar de forma aleatória, e na grande maioria das vezes integrada, aspectos
englobados por diferentes domínios do desenvolvimento humano. As mesmas
afirmações são válidas para o estudo do desenvolvimento motor, já que esta é
uma ciência subjacente ao desenvolvimento humano e que também se divide
em seguimentos.
A
compreensão
dos
domínios
do
desenvolvimento
humano
é
significativa para o entendimento do desenvolvimento motor, visto que este é
uma ramificação do desenvolvimento humano e recebe influências de todos os
domínios.
Para Payne e Isaac (2007), desenvolvimento motor se define como as
mudanças que ocorrem nas capacidades de se movimentar e nos movimentos,
em geral, ao longo da vida.
15
“O desenvolvimento motor é um processo contínuo que se inicia na
concepção e cessa com a morte” (GALLAHUE; OZMUN, 2003, p. 6).
Sob a perspectiva de Tani (2008), o desenvolvimento motor tem sido
visto nos últimos anos como um processo que envolve emergência, aquisição e
aperfeiçoamento de funções e habilidades, a partir de um script que vai sendo
escrito com a experiência ao longo da vida.
Ao analisar as citações anteriores, fica fácil compreender do que se trata
o desenvolvimento motor, pois quando se observa as palavras dos estudiosos
desta ciência, e se presta atenção na forma como crianças e adultos se
comportam diante de situações que envolvem a aquisição, execução ou o
aperfeiçoamento de novas habilidades motoras, o entendimento do significado
de desenvolvimento motor acontece de forma espontânea.
Ao compreender o significado de desenvolvimento motor, nota-se que
esta é uma ciência que envolve o estudo de diversos aspectos humanos
englobando muitos sistemas físicos e psíquicos distintos, porém interligados,
de um indivíduo. Podemos observar isso nas palavras de Gallahue e Ozmun
(2003) quando afirmam que vários fatores que envolvem habilidades motoras e
desempenho físico interagem de maneiras complexas com o desenvolvimento
cognitivo e afetivo.
É de grande valia para a compreensão realizar uma observação que
coloque lado a lado a teoria e a prática, para conceber de maneira clara a
forma como o processo de desenvolvimento motor se desenrola. Ao estudar
obras de autores como Gallahue e Ozmun (2003), Tani (2008), Payne e Isaac
(2007), e Haywood e Getchell (2004), nota-se que todos apresentam o
desenvolvimento motor como um processo multifatorial que está sujeito às
condições ambientais, mas que, no entanto, não se trata de um processo
totalmente determinado por essas.
Isso é notado nas palavras de Haywood e Getchell (2004) quando as
autoras afirmam que o desenvolvimento é uma mudança sequenciada onde um
passo leva ao seguinte, de forma irreversível e ordenada, sendo que essas
mudanças resultam de interações intrínsecas do próprio indivíduo e de
interações do indivíduo com o ambiente.
Tais obras têm muito valor para aqueles que desejam iniciar seus
estudos nesta ciência, pois elas apresentam discussões contendo as principais
16
teorias de desenvolvimento motor, assim como pesquisas desenvolvidas na
última década. E é por meio do estudo dessas, que se nota uma série de
fatores que dificilmente seriam percebidos sem o conhecimento que estes
autores compartilharam.
Esse é o caso do processo de aprendizado de uma nova habilidade
motora em um indivíduo normal, pois este fenômeno já contextualizou muitos
estudos, e segundo Tani (2008) uma extensa variedade de fenômenos
antecipatórios têm evidenciado que movimentos podem ser estruturados antes
de
serem
realizados.
Isso
mostra
que
os
fenômenos
naturais
do
desenvolvimento motor, que muitas vezes passam despercebidos aos olhos de
pais e professores, possuem uma complexidade significativa em seu
desenrolar, o que exige um estudo bastante minucioso para que se possa
compreendê-los.
Após essa observação um pouco mais detalhada do processo de
aprendizado de uma nova habilidade motora, amplia-se a compreensão da
dimensão dos estudos acerca do desenvolvimento motor. Afinal, essa simples
observação mostra uma pequeníssima parte dos aspectos a serem estudados
na ciência do desenvolvimento motor. Como o presente estudo se desenvolve
dentro deste campo de pesquisa, é vital que haja um entendimento geral sobre
o processo de desenvolvimento motor, pois do contrário a compreensão desta
obra seria significativamente afetada.
Alguns dos aspectos relevantes a serem compreendidos são as ordens
de aquisição de habilidades motoras cefalocaudal e proximodistal. Essas
teorias são explanadas na obra de Payne e Isaac (2007), que explicam que
nosso organismo se desenvolve da cabeça em direção aos pés, e do centro
para as extremidades desde a concepção, pois é dessa forma que o feto se
desenvolve. Após o nascimento, a maturação do organismo segue na mesma
ordem e, consequentemente, a aquisição de novas habilidades motoras
também.
Apesar de as habilidades motoras surgirem de forma previsível e
sequenciada para quase todos os seres humanos, sob hipótese alguma isso
significa que o processo de desenvolvimento será igual para todos, e muito
menos que todos terão as mesmas habilidades motoras. Essa previsibilidade
do surgimento das habilidades motoras mostra que o desenvolvimento já tem
17
um plano pré-estabelecido. No entanto, o processo de desenvolvimento é
bastante suscetível aos estímulos e condições que o ambiente oferece ao
indivíduo. Para a maioria das pessoas em determinados períodos de suas
vidas, o desenvolvimento depende de influências positivas do ambiente para se
desenvolver da melhor forma possível.
Isso pode ser observado quando Gallahue e Ozmun (2003) afirmam que
embora o relógio biológico seja bastante específico, quando se trata da
sequência de aquisição de habilidades motoras, o nível e a extensão do
desenvolvimento
são
determinados
individual
e
dramaticamente
pelas
exigências da tarefa em si. E que também é possível observar diferenças
desenvolvimentistas no comportamento motor, provocadas por fatores próprios
do indivíduo (biologia), do ambiente (experiência) e da tarefa em si (físicos e
mecânicos). A figura 1 ilustra com clareza os dizeres anteriormente citados.
Figura 1: Ampulheta
Fonte:(GALLAHUE; OZMUN, 2003, p. 100).
18
De acordo com os autores a areia que preenche a ampulheta pode ser
compreendida como “o recheio da vida”. Uma parte deste “recheio” vem da
herança genética e a outra vem dos estímulos e condições que o ambiente
oferece ao indivíduo. Não é possível aumentar a quantidade de areia que vem
da herança genética, o que se pode fazer é evitar que condições inadequadas
restrinjam seu fluxo. Já a areia que vem do ambiente, essa sim pode ser
multiplicada.
A figura 2 ilustra com clareza essa questão, pois a jarra da
hereditariedade tem tampa, o que significa que ela não pode receber mais
areia. No entanto, a jarra do ambiente não tem tampa, ilustrando que é possível
despejar mais areia nela.
Figura 2: Recheio da vida
Fonte:(GALLAHUE; OZMUN, 2003, p. 110).
19
Baseando-se na observação dos movimentos, Gallahue e Ozmun (2003)
receitaram em sua obra uma classificação que foi projetada com o intuito de
servir como modelo de estudo. Essa classificação sugere uma divisão do
desenvolvimento motor em fases, fases estas que podem ser vistas na figura
da ampulheta. Essa classificação é explicada nos próximos tópicos. As
explicações contidas nos tópicos referentes às fases e estágios sugeridos por
Gallahue e Ozmun (2003) é totalmente fundamentada na obra dos autores.
1.1
Fase motora reflexiva
Os primeiros movimentos fetais são reflexivos, os reflexos são
movimentos involuntários controlados subcorticalmente, que formam a base
para as fases do desenvolvimento motor.
É através dos reflexos que o bebê obtém as primeiras informações do
mundo ao seu redor. Mudanças ambientais que envolvam alterações na luz,
nos sons e na pressão, provocam atividade motora involuntária. Esses
movimentos involuntários, em conjunto com o crescente amadurecimento
cortical, são peças fundamentais para o aprendizado do bebê acerca de seu
próprio corpo e do mundo exterior.
No entanto, é importante esclarecer que desde o nascimento o bebê já
apresenta movimentos voluntários. Esta fase é classificada como reflexiva,
devido
à
presença
muito
significativa
dos
movimentos
reflexivos. Os
movimentos reflexivos do bebê podem ser classificados em 2 grupos, são eles:
1.1.2 Reflexos primitivos
Encaixam-se nessa categoria os reflexos que têm a função de agrupar
informações, procurar alimentos e autoproteção. Reflexos agrupadores de
informação são aqueles que auxiliam a estimular a atividade cortical e o
desenvolvimento. Reflexos como os de sugar e pesquisar através do olfato são
considerados mecanismos de sobrevivência primitivos, pois sem eles, o recémnascido seria incapaz de obter alimento.
1.1.3 Reflexos posturais
20
Essa segunda forma de movimentos involuntários é semelhante às
formas anteriores, principalmente pelo fato de que essas constituem a base
para o desenvolvimento de motricidades mais complexas no futuro, e por
serem muito similares em sua aparência aos comportamentos voluntários que
as
sucedem. Tais reflexos parecem ter a função de realizar testes
neuromotores para mecanismos estabilizadores, manipulativos e locomotores,
para que sejam utilizados, posteriormente, de forma consciente. Pode-se
observar que reflexos primários como os de pisar, o de arrastar-se, o reflexo
palmar, o reflexo cortical labiríntico e os de sustentação, relembram e estão
intimamente relacionados aos comportamentos voluntários de engatinhar,
caminhar, agarrar, soltar e as habilidades de equilíbrio.
A fase reflexiva do desenvolvimento motor pode ser dividida em 2
estágios sobrepostos, são eles:
1.1.4 Estágio de codificações de Informações
Este estágio se inicia no período fetal e finda por volta do quarto mês do
período pós-natal. Por se tratar de um estágio da fase reflexiva, as atividades
motoras observáveis são involuntárias. Nesse estágio, os centros cerebrais
inferiores estão mais altamente desenvolvidos do que o córtex motor e estão
majoritariamente no comando dos movimentos fetais e neonatais. Esses
centros cerebrais causam reações involuntárias a numerosos estímulos pelos
quais o bebê começa a reunir informações e buscar alimento, como foi
explicado no tópico dos reflexos primitivos.
1.1.5 Estágio de decodificações de informações
Este estágio se inicia após o anterior, e se caracteriza pela gradual
inibição dos reflexos proporcionalmente ao desenvolvimento dos centros
cerebrais superiores. Gradualmente, os centros cerebrais inferiores cedem o
controle sobre os movimentos esqueletais para que esses passem a ser
controlados por atividades voluntárias, dominadas pela área motora do córtex
cerebral. Em suma, é neste estágio que o bebê começa a obter o controle
voluntário de seus movimentos, substituindo as atividades sensório-motoras
21
pelas motor-perceptivas. Isso significa que, a partir desse estágio, as ações do
bebê evoluem de simples reações a estímulos, passando a envolver o
processamento dos estímulos sensoriais em conjunto com informações
armazenadas para, então, gerar uma ação.
É importante ter em mente que a transição de um estágio para o outro
acontece de forma gradual e acentuada. Além disso, as perspectivas de início
e fim de cada estágio é uma estimativa que busca se adequar à realidade dos
bebês. No entanto, elas não configuram um padrão exato, visto que cada
sujeito possui suas individualidades.
1.2
Fase de movimentos rudimentares
Os primeiros movimentos voluntários de uma criança são considerados
rudimentares. Movimentos dessa categoria podem ser observados desde o
nascimento até o findar dessa fase, que ocorre aos 2 anos de idade,
aproximadamente. Os
movimentos
rudimentares
assinalam-se
por uma
sequência de aparecimento altamente previsível, e são determinados de forma
maturacional. Essa sequencia é capaz de resistir a alterações em condições
normais, porém o nível com que essas habilidades surgem varia de acordo
com a individualidade biológica do indivíduo, e também está acoplado a fatores
ambientais e às exigências da tarefa.
Nos bebês, os movimentos rudimentares configuram formas básicas de
movimentos voluntários, que são necessários para a sua sobrevivência.
Movimentos rudimentares englobam: movimentos estabilizadores, como o
controle da cabeça, pescoço e músculos do tronco; tarefas manipulativas como
agarrar e soltar; e movimentos locomotores como arrastar-se, engatinhar e
caminhar. Esta fase pode ser dividida em 2 estágios, que representam
progressivamente formas superiores de controle motor, são eles:
1.2.1 Estágio de inibição de reflexos
Tendo início no nascimento, esse estágio é caracterizado pela crescente
influência do córtex cerebral sobre os movimentos do bebê, que ao nascer
possui um repertório motor dominado pelos reflexos. Com o passar do tempo e
22
a sofisticação do córtex cerebral, seus movimentos passam a ser cada vez
mais influenciados por ele, e de forma proporcional ao seu desenvolvimento. A
gradual maturação do córtex cerebral, em conjunto com a diminuição de certas
restrições
ambientais, faz com que vários reflexos sejam inibidos e
gradativamente extintos. Reflexos posturais e primitivos são substituídos por
atividade motora voluntária.
É importante ressalvar que o processo principiado no nascimento e que
substitui os movimentos reflexivos por atividade motora voluntária, tem um
início muito tênue, de forma que os primeiros movimentos voluntários são
fragilmente diferenciados dos movimentos reflexivos. Isso ocorre porque o
aparato
neuromotor do
bebê
ainda
está
em estágio
rudimentar de
desenvolvimento.
Os movimentos voluntários nesse estágio, inclusive aqueles que
possuem objetivos, são descontrolados e grosseiros. Por exemplo, se o bebê
deseja pegar algum objeto, os movimentos que ele executará pra isso serão
globais e nada específicos. Dessa forma, o simples ato de pegar um objeto que
está ao alcance da mão envolverá atividade global da mão inteira, do pulso,
dos ombros e até mesmo do tronco. Ou seja, mesmo os movimentos
voluntários apresentam falta de controle.
1.2.2 Estágio de pré-controle
É aproximadamente com 1 ano de idade que as crianças começam a
adquirir maior precisão e controle sobre seus movimentos. A diferenciação
entre os sistemas sensorial e motor, e a integração de informações motoras e
perceptivas, em um conjunto com maior significância e coerência, acontecem.
O desenvolvimento acelerado dos processos motores, assim como de
processos cognitivos, encoraja rápidos ganhos nas habilidades motoras
rudimentares. É nesse estágio que as crianças aprendem a obter e manter seu
equilíbrio, a manipular objetos e a locomover-se pelo ambiente com um
significativo grau de eficiência e domínio, considerando o pequeno período de
tempo que tiverem para desenvolver essas habilidades.
1.3
Fase de movimentos fundamentais
23
As Habilidades Motoras Fundamentais (HMF) são consequência da fase
de movimentos rudimentares. Este é o período do desenvolvimento motor em
que as crianças pequenas estão ativamente envolvidas no descobrimento e na
experimentação das capacidades motoras de seus corpos. É um período para
descobrir como realizar uma multiplicidade de movimentos locomotores,
estabilizadores e manipulativos, primeiro separadamente e, então em conjunto.
As crianças que estão aprendendo a reagir com domínio motor e
eficiência
motora
a
vários
estímulos,
estão
desenvolvendo
padrões
fundamentais de movimento. Adquirindo um aumento no controle para exercer
movimentos de diferentes tipos, o que é confirmado por suas habilidades em
acolher mudanças nas exigências das tarefas. Os padrões de movimento
fundamentais são observáveis básicos de comportamento, o que inclui:
atividades locomotoras, como pular e correr; manipulativas, como apanhar e
arremessar e estabilizadoras como o equilíbrio em um pé só e o andar com
firmeza, esses fatos são evidenciados na obra de Gallahue e Ozmun (2003).
É importante compreender que para que as HMF se desenvolvam
corretamente, é muito relevante que hajam estímulos adequados. A maturação
não deve ser considerada o único fator determinante para o desenvolvimento
dos
padrões
de
movimentos
fundamentais, embora ela seja deveras
indispensável e crucial. As condições ambientais, as oportunidades de prática,
instruções e encorajamento desempenham um papel muito significativo para o
desenvolvimento dos padrões fundamentais de movimento em seu grau
máximo. A fase de movimentos fundamentais é dividida em 3 estágios, são
eles:
1.3.1 Estágio Inicial
É nesse estágio que a criança orienta suas primeiras tentativas para o
objetivo de executar uma habilidade motora fundamental. Os movimentos
desse estágio são evidenciados por elementos que se fazem ausentes, ou que
são erroneamente sequenciados e restritos, devido ao uso excessivo do corpo
e pela coordenação e fluxo rítmico ineficiente. Movimentos manipulativos,
locomotores e estabilizadores com essas características, são normalmente
observados em crianças na faixa etária dos 2 anos.
24
1.3.2 Estágio elementar
Envolvendo uma coordenação rítmica dos movimentos fundamentais
mais aprimorados que no estágio anterior, em conjunto com um controle motor
também mais evoluído, esse estágio é assinalado pelo crescente refinamento e
sincronização dos elementos espaciais e temporais dos movimentos. No
entanto, os movimentos nesse estágio ainda possuem, em sua grande maioria,
padrões exagerados ou restritos, embora melhor coordenados que no estágio
precedente.
A observação de crianças de 3 ou 4 anos mostrou muitos movimentos
fundamentais no estágio elementar. Inúmeros indivíduos, tanto crianças quanto
adultos, não passam do estágio elementar em vários padrões de movimento.
1.3.3 Estágio maduro
O estágio maduro se caracteriza por performances mecanicamente
eficientes, controladas e coordenadas. A maior parte dos dados disponíveis
sobre a obtenção de HMF indica que as crianças podem, e devem, alcançar o
estágio maduro aos 5 ou 6 anos de idade.
Habilidades que exigem funções visuais e motoras mais complexas se
desenvolvem mais tardiamente, em decorrência de sua necessidade de um
nível mais profundo de integração entre os sistemas visuais e motores.
Atividades manipulativas que solicitam o acompanhamento e interceptação de
objetos, em movimento tais como derrubar, apanhar e rebater, que são
exemplos de habilidades dessa categoria. A observação dos movimentos de
adultos e crianças revela que boa parcela deles não desenvolveu suas HMF ao
nível
maduro.
Apesar
de
alguns
indivíduos
atingirem
esse
estágio
essencialmente pela maturação e com pouquíssimas influências do ambiente,
a maior parte das pessoas necessita de chances para praticar atividades que
estimulem
o
desenvolvimento
dessas
habilidades.
Necessitam
de
encorajamento e de instruções, em um ambiente que promova o aprendizado.
Na falta de recursos e oportunidades que promovam o desenvolvimento
dessas habilidades, torna-se dificílimo um indivíduo alcançar o estágio maduro
25
de alguns movimentos fundamentais, o que afetará negativamente na
execução dessas habilidades em períodos posteriores.
1.4
Fase de movimentos especializados
A fase especializada é resultante da fase precedente. Nessa, os
movimentos se tornam ferramentas que são utilizadas em muitas atividades
motoras sofisticadas, presentes na vida cotidiana, na recreação e nos esportes.
Nesse
período,
as
habilidades
estabilizadoras,
locomotoras
e
manipulativas fundamentais são gradativamente refinadas, harmonizadas e
organizadas para o uso em ocasiões cada vez mais complexas. Movimentos
fundamentais, como saltar em um pé só e pular, por exemplo, agora são
conjugados e aplicados a atividades como, pular corda, danças folclóricas e
salto triplo, esses fatos são evidenciados na obra de Gallahue e Ozmun (2003).
O surgimento e a profundidade do desenvolvimento de habilidades
especializadas
estão
profundamente
acoplados
em
uma
relação
de
dependência a muitos fatores relacionados à tarefa, ao individuo e ao
ambiente, tais como: o tipo corporal, hábitos, condicionamento físico, pressão
social e estrutura emocional, sendo apenas alguns desses fatores. A fase de
movimentos especializados tem 3 estágios, são eles:
1.4.1 Estágio transitório
As habilidades transitórias são basicamente o emprego dos movimentos
fundamentais em brincadeiras, jogos e em situações comuns da vida diária,
que configuram formas mais específicas e complexas de utilização dos
mesmos. Atividades como caminhar em ponte de cordas, jogar bola e pular
corda são comumente executadas por crianças no estágio transitório.
A criança nesse estágio inicia um processo de conjugar e aplicar HMF
às atividades especializadas, recreacionais ou esportivas, como ocorre nas
atividades citadas anteriormente. Essas habilidades possuem os mesmos
elementos que os movimentos fundamentais, mas com formato, precisão e
controle superiores. Esse estágio transitório é um tempo alvoroçado para os
professores e para os pais, assim como para as crianças. Estas estão
26
ativamente submergidas na exploração e na combinação de inúmeros padrões
motores e, comumente, ficam exaltadas com a veloz ampliação de suas
habilidades motoras.
Professores, pais e treinadores devem, nesse estágio, se empenhar em
ajudar as crianças a expandirem o controle motor, assim como a competência
motora em diversas atividades. É importante ter cautela para não restringir o
envolvimento da criança apenas em algumas poucas atividades. Uma restrição
das habilidades nesse estágio, muito provavelmente, ocasionará efeitos
indesejáveis nos últimos estágios da fase de movimentos especializados.
1.4.2 Estágio de aplicação
Por volta, dos 11 aos 13 anos, alterações significativas ocorrem no
desenvolvimento das habilidades do indivíduo. No estágio precedente, quando
não ocorre uma interferência incisiva de influências adultas, o normal é que as
crianças desenvolvam um interesse generalizado, que envolva de forma
abrangente atividades variadas.
No estágio de aplicação, a crescente evolução cognitiva e uma base
aumentada de experiências, fazem com que o indivíduo seja capaz de realizar
inúmeras escolhas de aprendizado e de participação, baseando-se em fatores
diversos, sendo que estes podem ser relacionados à tarefa, assim como
individuais e ambientais.
O indivíduo começa a realizar escolhas conscientes contra ou a favor de
sua participação em certas atividades. Essas escolhas se baseiam, em grande
parte, na percepção que a criança tem sobre o quanto fatores inerentes à
tarefa, a ela mesma e ao ambiente inibem ou aumentam a chance dela obter
satisfação e sucesso.
Essa percepção do indivíduo começa a diminuir as atividades que ele se
propõe, ou aceita realizar. Nesse estágio há progressivo aumento na forma,
habilidade, precisão, assim como nos aspectos quantitativos do desempenho
motor. Esse é um período muito adequado para refinar e utilizar habilidades
mais complexas em jogos mais sofisticados, nos esportes, entre outros.
1.4.3 Estágio de utilização permanente
27
O estágio de utilização permanente inicia-se aproximadamente aos 14
anos e prossegue por toda a vida adulta. Esse estágio significa o auge do
processo de desenvolvimento motor, e é assinalado pelo uso do repertório de
movimentos contraídos pelo indivíduo por toda a vida.
Fatores como tempo disponível, condições financeiras, estruturas,
instalações, limitações físicas e mentais afetam esse estágio. Entre outros
aspectos, a participação de uma pessoa em certas atividades dependerá do
seu talento para executar essas atividades, das oportunidades que ela tiver, de
suas condições físicas e da sua motivação pessoal.
O nível de desempenho permanente de um indivíduo pode variar desde
o status profissional e olímpico, até atividades recreacionais ou, simplesmente,
da vida diária. Em suma, esse estágio representa o clímax de todos os estágios
e fases precedentes. Ele deve, no entanto, ser compreendido como a
continuação do processo permanente.
1.5
Outras perspectivas
Apesar de a classificação sugerida por Gallahue e Ozmun (2003) ser
largamente aceita nos estudos acadêmicos a cerda do desenvolvimento motor,
para que haja uma compreensão mais profunda desta ciência, é muito
importante estudar outras perspectivas.
Na obra de Tani (2008), ele e seus colaboradores realizam um grande
apanhado do conhecimento científico desta área de estudo. O 17° capítulo
dessa obra foi escrito por Manoel e Basso. Nesse capítulo, os autores fazem
referência a várias outras obras e estudos para discorrer a cerca da
modularidade no desenvolvimento motor.
A
modularidade
faz
um
paralelo
bastante
interessante
com a
classificação em fases e estágios descritos anteriormente, pois os próprios
autores explicam que dentro do campo do desenvolvimento motor, uma das
formas de compreender a modularidade é como uma taxonomia, que agrupa
em módulos os processos de mudanças.
“Quando se pensa na aquisição dessas diferentes habilidades no eixo
temporal de vida do indivíduo, vê-se que a aquisição de várias delas precede a
aquisição de outras com as quais elas mantêm relação” (TANI, 2008, p. 237).
28
“No do desenvolvimento motor há um entendimento de que uma
habilidade como o andar ereto depende de habilidades de controle postural”
(McGraw, 1945, apud TANI, 2008, p. 237).
Ao se observar que em 1945 a ligação sequencial das habilidades
motoras já era denotada por estudiosos como McGraw, e que até os dias
contemporâneos ela é estudada e reafirmada, compreende-se algo que nunca
deve ser esquecido.
Quando um autor sugere uma taxonomia para classificar e dividir esse
processo, a fim de facilitar o estudo deste vasto campo de pesquisa, ele está
apenas dando nome a um processo que se desenrola desde a existência dos
primeiros seres humanos. Para que haja um profundo entendimento deste
processo, não se deve tomar como verdade absoluta ou padrão de
classificação as classificações de nem um autor.
Embora o conhecimento da obra dos respeitosos estudiosos desta
ciência seja fundamental e absolutamente indispensável para que haja um
mínimo
de
compreensão
do
processo
de
desenvolvimento
motor, a
compreensão verdadeira desse fenômeno só pode ser alcançada através da
união de um vasto conhecimento e uma observação lúcida do desenrolar do
desenvolvimento motor. E um indivíduo que observa através de um conceito já
fundamentado em sua mente não pode enxergar o que ainda não foi visto.
29
CAPITULO II
O DESENVOLVIMENTO E A SIGNIFICÂNCIA DAS HABILIDADES
MOTORAS FUNDAMENTAIS
2
CONCEITOS
Como as HMF já foram conceituadas anteriormente, este capítulo tem a
intenção de ampliar a compreensão do foco desta pesquisa e chamar a
atenção para seu valor. Para cumprir o objetivo de aumentar o entendimento
das HMF, é muito útil entender o significado da idade cronológica em questão,
antes de se explanar mais minuciosamente as HMF. Pois, dessa forma,
adquire-se uma percepção mais completa da criança.
As crianças envolvidas na Pesquisa apresentam entre 6 e 7 anos de
idade. Essa faixa etária é classificada por Piaget (1967) como pré-operacional,
onde a criança demonstra crescente pensamento simbólico pela ligação de seu
mundo com palavras. Período em que são constatados os primeiros princípios
reais da cognição, pois, até então, as crianças não conseguiam manipular
objetos mentalmente sem se apoiar nas atividades físicas. Vale ressaltar que o
período pré-operacional descrito por Piaget se inicia aos 2 anos de idade e se
encerra aos 7.
Sendo que o objeto de estudo deste trabalho é o fim dessa faixa etária, é
natural considerar que estas crianças já estão, ou deveriam estar, com seu
desenvolvimento motor despontando para o próximo período, que segundo
Piaget (1967) é classificado como período de operações concretas, onde a
criança raciocina logicamente sobre eventos concretos e consegue classificar
objetos de seu mundo em vários ambientes.
Havighurst (apud GALLAHUE E OZMUN, 2003) também propõe uma
divisão de faixa etária. O período da infância estudado nesta pesquisa se
encaixa na fase que Havighurst classificou como média Infância, que se inicia
aos 6 anos e se encerra aos 12. Segundo ele, é nessa fase que, entre outras
habilidades, a criança deve desenvolver as habilidades físicas necessárias
para jogos comuns, assim como construir uma atitude saudável em relação a si
30
mesmo e aprender a relacionar-se com colegas da mesma idade. Enquanto
que na perspectiva de Payne e Isaac (2007), o período que vai dos 4 aos 7
anos de idade é denominado de primeira infância.
De acordo com a literatura, esse é um período onde ocorre a transição
do estágio maduro da fase de movimentos fundamentais, para a fase de
movimentos especializados, como já foi visto no capítulo anterior. Baseando-se
nesta transição é de se esperar que as crianças com essa idade estejam
começando a utilizar os movimentos fundamentais de formas combinadas para
possíveis atuações esportivas ou recreativas.
No entanto, cada criança tem seu ritmo de desenvolvimento, sendo
assim, é normal encontrar crianças mais ou menos desenvolvidas, isso pode
ser observado na obra de Payne e Isaac (2007), quando os autores afirmam
que todos os seres humanos são ímpares, variando em personalidade, aspecto
e habilidades motoras. A forma, a velocidade e a qualidade com que a criança
desenvolve suas habilidades motoras são determinadas por 2 fatores: a
maturação biológica (que está relacionada à genética) e as experiências pelas
quais a criança passa. “Todos os aspectos do desenvolvimento são
determinados pela combinação das forças da hereditariedade e do meio
ambiente” (KAIL, 2004, p. 19). Além da abordagem feita sobre esse assunto
anteriormente, segue-se uma análise mais detalhista destes fatores, visto que
eles
são
absolutamente
fundamentais
e
indispensáveis,
para
o
desenvolvimento das habilidades motoras.
2.1
Crescimento e maturação biológica
Payne e Isaac (2007) explicam que nas conversas cotidianas termos
como,
desenvolvimento,
maturação
e
crescimento
podem
até
ser
compreendidos como sinônimos, porém no estudo do desenvolvimento motor
eles possuem significados interligados, contudo distintos.
Os mesmo autores oferecem os conceitos destes três termos, que serão
elucidados no decorrer deste tópico. No contexto acadêmico, o termo
desenvolvimento abrange a maturação e o crescimento. Nessa perspectiva, o
termo maturação refere-se às alterações funcionais qualitativas que ocorrem
com o avançar da idade. Mudanças organizacionais nas funções dos órgãos e
31
tecidos, assim como ocorre com a organização neurológica do cérebro através
da segunda infância, são bons exemplos de maturação. Quase todas as partes
anatômicas do cérebro já estão presentes desde o início da segunda infância.
No entanto, alterações qualitativas nas funções cerebrais continuam ocorrendo,
o que permite a criança alcançar níveis mais altos de capacidades cognitivas e
motoras. Consequentemente, o comportamento do indivíduo é alterado devido
às alterações qualitativas.
Em uma perspectiva simplista, pode-se entender crescimento como o
aumento no tamanho físico. Mas para que haja uma melhor compreensão do
significado deste termo, é importante abordá-lo de maneira mais completa.
Através desse prisma mais amplo, pode-se dizer que crescimento refere-se às
mudanças estruturais quantitativas que acontecem com o passar do tempo.
Esse processo de aumento de tamanho do organismo em todas as dimensões
envolve principalmente os fenômenos de hiperplasia (aumento no número de
células) e hipertrofia (aumento no tamanho das células). A figura abaixo ilustra
a relação entre os termos que foram explicados.
Figura 3: Desenvolvimento
Fonte: Desenvolvido pelos autores, 2013
2.2
Fatores que afetam o crescimento e a maturação
Apesar do processo saudável de crescimento e desenvolvimento dos
32
seres humanos ser previsível, principalmente no que se refere aos fatores
biológicos, já que o organismo cresce e se desenvolve baseado na
programação do código genético, existe uma variedade de fatores ambientais
que podem interferir neste processo. Essa variedade faz com que esse
processo deixe de ser normal e saudável.
Payne e Isaac (2007) confirmam isso quando dizem que o processo
normal de desenvolvimento e crescimento de todos os seres humanos é
previsível, e que infelizmente, em certas ocasiões, alguns fatores acabam
influenciando
negativamente
no
crescimento
e
no
desenvolvimento
do
organismo humano.
2.2.1 Nutrição
A nutrição é um fator muito importante a ser considerado durante a
gravidez, pois uma dieta inadequada durante o período de gestação aumenta
consideravelmente a probabilidade do surgimento de síndromes e patologias.
Esse fato é evidenciado por Kail (2004) quando ele afirma que mães que não
consomem quantidades adequadas de ácido fólico têm maiores riscos de que
seus bebês tenham uma patologia conhecida como espinha bífida. Doença na
qual o tubo neural do embrião não se fecha adequadamente durante o primeiro
mês de gravidez, causando um dano permanente à medula espinhal e ao
sistema nervoso. Kail (2004) ainda continua a discorrer a cerca dos efeitos de
uma nutrição inadequada para as gestantes, alegando que problemas prénatais também são causados por quantidades inadequadas de proteínas, sais
minerais e vitaminas. Por esses motivos, médicos recomendam às gestantes
que complementem sua dieta com esses nutrientes.
Ao findar a elucidação a cerca da importância de uma nutrição adequada
para as gestantes, Kail (2004) revela que uma dieta inadequada durante os
últimos meses de gravidez pode afetar principalmente o sistema nervoso, pois
esse é um momento de crescimento muito rápido do cérebro. “[...] bebês que
não recebem nutrição adequada ficam vulneráveis a doenças.” (Guttnacher e
Kaiser, 1986, apud KAIL, 2004, p. 78).
2.2.2 Estresse e idade da mãe
33
“O aumento do estresse pode prejudicar o desenvolvimento pré-natal de
diversas formas” (KAIL, 2004, p. 78). Kail (2004) continua a discorrer a cerca
dos efeitos do estresse durante a gestação, exemplificando que a exposição
prolongada de gestantes a estresses intensos e prolongados, gera alterações
fisiológicas prejudiciais ao feto, tais como: redução do aporte de oxigênio para
o feto e enfraquecimento do sistema imunológico. O autor segue explicando
que, além disso, as gestantes estressadas são mais propensas a fumar e
ingerir bebidas alcoólicas, e menos propensas a descansar, praticar atividades
físicas e se alimentar adequadamente.
Todos esses comportamentos compõem riscos ao desenvolvimento prénatal. “Problemas durante a gravidez são mais comuns quando a nutrição da
mulher é inadequada e quando ela está sob estresse crônico” (KAIL, 2004, p.
78). Outro fator a ser considerado é a idade da gestante, Kail (2004) evidencia
que mulheres com mais de 40 anos têm maiores probabilidades de terem filhos
com síndrome de down.
2.2.3 Fatores teratógenos
Ainda existem alguns fatores que devem ser considerados, Payne e
Isaac (2007) oferecem a taxonomia que classifica os agentes ambientais que
produzem danos ao feto ou ao embrião como agentes teratógenos. Kail (2004)
exemplifica que os principais agentes teratógenos são: doenças, drogas e
riscos ambientais. Segue abaixo uma breve explicação baseada na obra de
Kail (2004) a cerca de cada um desses agentes teratógenos.
A maior parte das doenças, como vários tipos de gripes e resfriados, não
afetam o organismo em desenvolvimento. No entanto, diversas infecções virais
e bacterianas podem ser bastante prejudiciais, e em alguns casos, letais para o
embrião
e
o
feto. Doenças
como
rubéola, sífilis, herpes
genital e
citomegalovírus oferecem riscos em potencial para o feto e para o embrião.
No final dos anos 50, muitas mulheres grávidas tomavam uma droga que
as ajudava a dormir: a talidomida. Mas desconheciam que a talidomida é um
poderoso agente teratógeno que causa desenvolvimento pré-natal anormal. Os
resultados foram mais de 7000 bebês prejudicados até que essa droga fosse
retirada do mercado.
34
Depois do desastre da talidomida, os cientistas passaram a estudar os
agentes teratógenos mais a fundo, e hoje já se tem conhecimento de várias
drogas que podem prejudicar o desenvolvimento pré-natal. Algumas das
principais são: o álcool, a nicotina, a maconha, a cocaína, a heroína entre
muitas outras. O efeito dessas drogas varia de um caso ao outro. A síndrome
fetal alcoólica é um exemplo de patologia gerada por um agente teratógeno, no
caso em questão, o álcool.
Também é comprovado que a nicotina diminui a oxigenação do feto e
aumenta a probabilidade de complicações durante o parto. Após o nascimento,
essas crianças geralmente nascem menores do que a média normal, e
costumam apresentar problemas de atenção, linguagem e habilidades
cognitivas.
Os exemplos das complicações causadas pelas drogas durante a
gravidez são muitos, já que cada organismo reage a essas de forma particular.
Além disso, existe uma enorme variedade de drogas, que vão muito além das
que foram citadas. Um dos fatores que determina a extensão dos danos
causados por estes agente teratógenos é a quantidade e a frequência do
consumo. Mas de forma generalizada, a regra pra gestantes é não consumir
drogas, com a exceçãodas que forem receitadas pelos médicos.
Os riscos ambientais que são classificados como fatores teratógenos,
são, em grande parte, produtos químicos associados ao lixo industrial. Esse
fator merece
atenção, pois
quantidades
de
substâncias
tóxicas, que
normalmente passam despercebidas para os adultos, podem causar sérios
riscos
ao
desenvolvimento
pré-natal.
Alguns
dos
riscos
ambientais
classificados como agentes teratógenos são: chumbo, mercúrio eraio X. O
chumbo pode causar retardo mental; o mercúrio, além do retardo mental, pode
causar paralisia cerebral e atrasar o crescimento; e os raios X podem atrasar o
crescimento, causar leucemia e retardo mental.
Esses fatores são traiçoeiros, pois, na maior parte dos casos, as
pessoas não sabem de sua presença no meio ambiente. No entanto, o que se
sabe é que a maioria dos casos de contaminação ocorre pela ingestão de
alimentos contaminados, pela inalação de ar contaminado e pela exposição à
radiação. São exemplos: consumir peixes de um rio contaminado por mercúrio;
ingerir alimentos cultivados em solo contaminado por chumbo; respirar em
35
locais com taxas elevadas de gases poluentes, como túneis congestionados de
automóveis, ou arredores de fábricas; ficar perto de fontes de radiação de raios
X; entre outros. É importante ressalvar que a presença, assim como a extensão
dos danos causados por estes agentes são principalmente determinados pelo
tempo e pela intensidade da exposição a estes. Sabendo dos meios mais
frequentes de exposição a estes fatores teratógenos, aconselha-se às
mulheres grávidas que evitem áreas onde o ar é poluído, se certifiquem de que
os alimentos que estão ingerindo vêm de fontes seguras, e se estão limpos,
além de se manterem longe de radiação.
2.3
Experiências
Até o presente momento, essa Pesquisa dissertou sobre vários aspectos
do desenvolvimento motor. Dentre esses aspectos, foi dada uma significativa
atenção à necessidade de experiências e estímulos que instigassem o
desenvolvimento motor das crianças, para que essas possam alcançar
movimentos fundamentais maduros, conforme citado no capítulo precedente.
Este tópico visa esclarecer o que seriam essas vivências e estímulos. O
termo “experiências” é bastante abrangente, já que engloba praticamente todas
as vivências do indivíduo. Porém, o estudo do desenvolvimento motor foca
suas atenções para as experiências mais diretamente ligadas aos movimentos
que produzem, de forma mais direta, mudanças no comportamento motor. No
entanto, é importante lembrar o que foi citado no início do capítulo anterior,
com base na obra de Payne e Isaac (2007), de que um ser humano deve ser
observado através de uma perspectiva totalitária, já que todos os seus
domínios (cognitivo, afetivo, psicomotor e físico) interagem entre si para
produzir o comportamento do indivíduo. Isso significa que não são apenas as
experiências relacionadas ao movimento e à motricidade que influenciam no
desenvolvimento motor.
Como
as
demais
experiências
capazes
de
influenciar
no
desenvolvimento motor não são o foco desta pesquisa, este trabalho irá ater-se
às experiências relacionadas aos movimentos e à motricidade. Ao se
considerar as experiências de um indivíduo como um fator que afeta o
36
desenvolvimento motor, pondera-se se as vivências pelas quais o mesmo
passou continham, ou não, estímulos a esse desenvolvimento.
Esses estímulos são muito importantes, pois proporcionam à criança o
processo
de
aprendizagem. “Definimos a aprendizagem motora como
mudanças nos processos internos que determinam a capacidade do indivíduo
para produzir uma tarefa motora” (SCHMIDT e WRISBERG, 2001, p. 190).
Essa é uma das definições de aprendizagem motora, oferecida por Schmidt e
Wrisberg (2001), ambos avançam na elucidação deste tema, afirmando que em
vários
aspectos
a
aprendizagem humana
parece
ocorrer quase
que
continuamente, como se tudo o que os indivíduos fazem no presente gerasse
conhecimentos
ou capacidades que afetarão o modo como eles se
desenvolverão no futuro. A figura abaixo ilustra o que vem sendo explicado no
decorrer desse
tópico, mas
é
importante
representado nessa ilustração não é obrigatório.
Figura 4: Experiências
Fonte: Desenvolvido pelos autores, 2013.
ressalvar que o processo
37
Após observar a imagem e as citações anteriores, é possível perceber o
quão íntima é a relação entre aprendizagem e desenvolvimento motor. Da
mesma forma, pode-se notar que a aprendizagem não ocorre apenas em
ambientes controlados e na presença de um professor, ou instrutor. Schmidt e
Wrisberg (2001) afirmam que o maior fator que parece ser consistentemente
relacionado ao nível de habilidade é aquele que vem como resultado direto da
experiência de aprendizagem.
Entende-se que a principal função de proporcionar estímulos motores às
crianças é impulsioná-las a um processo de aprendizagem motora, para que se
excite seu desenvolvimento motor. Um dos papéis mais importantes da
atuação dos profissionais de Educação Física na infância é proporcionar às
crianças experiências estimulantes ao desenvolvimento motor. Crianças que
não vivenciam atividades estimulantes ao desenvolvimento motor, muitas
vezes não passam do estágio elementar da fase de movimentos fundamentais,
como visto anteriormente.
Sendo assim, a importância de um profissional da Educação Física, que
proporcione às crianças estímulos adequados, fica bastante clara, pois nos
tempos atuais boa parte da cultura das brincadeiras de rua, tais como: piqueesconde, pega-pega, amarelinha, escalar árvores e pular muros, não são mais
praticadas, fazendo com que muitas crianças tenham vidas sedentárias e
pouco estimulantes. Dessa forma, o trabalho de um profissional da Educação
Física acaba sendo, para muitas crianças, um dos poucos meios pelos quais
essas são estimuladas.
2.4
Habilidades motoras fundamentais através da perspectiva de Gallahue e
Ozmun
Como o foco desta pesquisa são as HMF, torna-se muito importante
esclarecer com mais detalhes este assunto. Como a análise do estudo de caso
será realizada através da obra de Gallahue e Ozmun (2003), é muito
importante elucidar a compreensão desses autores acerca das HMF. Sendo
assim, todo esse tópico é fundamentado na obra de Gallahue e Ozmun (2003),
principalmente em seu 11° capítulo que leva o título de “Habilidades Motoras
38
Fundamentais” e
no
16° capítulo
com o
titulo
“Habilidades Motoras
Especializadas”.
“O domínio das habilidades motoras fundamentais é básico para o
desenvolvimento motor de crianças” (GALLAHUE; OZMUN, 2003, p. 258). Uma
das primeiras considerações a se fazer sobre as HMF é que essas são
consequências da fase de movimentos rudimentares do período neonatal. Os
padrões motores fundamentais formam uma das primeiras fases do contínuo
processo de aquisição e desenvolvimento das habilidades motoras. O
desenvolvimento de um padrão motor não está especificamente ligado ao
ganho de um alto grau de habilidade em poucas situações motoras, e sim ao
desenvolvimento de níveis aceitáveis de eficiência e habilidade para variadas
situações motoras.
Os primeiros anos de desenvolvimento motriz de uma criança promovem
a base sob a qual serão alicerçadas as habilidades mais especializadas e
complexas usadas em jogos recreativos, esportivos e onde mais forem
requeridas. A fase dos movimentos fundamentais é a terceira fase do
desenvolvimento motor, e ocorre entre 2 e 6 anos de idade. Uma das principais
formas de aprendizagem e desenvolvimento de crianças em idade escolar e
pré-escolar é através da execução de experiências motoras. Os movimentos,
de maneira geral, atuam com impacto sobre o crescimento e a maturação, e
são cruciais para o desenvolvimentodo indivíduo. Sendo assim, ao longo da
vida, o ser humano, continuamente, “aprende a se mover” e “se move para
aprender”.
Movimentos
fundamentais
são
agrupados
em
três
categorias:
movimentos estabilizadores, locomotores e manipulativos. É normal que os
movimentos realizados pelas crianças envolvam aspectos das 3 categorias,
sendo assim, deve-se considerar que a interação entre essas é muito comum.
Os movimentos estabilizadores são aqueles no qual algum grau de
equilíbrio seja necessário. Movimentos estabilizadores referem-se a qualquer
movimento que tenha o objetivo de obter e manter o equilíbrio em relação à
força da gravidade. Dessa forma, a função da estabilidade é manter o equilíbrio
na relação do indivíduo versus a força da gravidade. Por isso, todas as
atividades
locomotoras
e
manipulativas
são,
em
partes,
movimentos
39
estabilizadores. Sendo assim, considera-se a estabilidade como o aspecto
mais fundamental do aprendizado de movimentar-se.
Os movimentos locomotores são aqueles que envolvem mudança na
localização do corpo relativamente a um ponto fixo na superfície. Entre os
padrões locomotores estão: caminhar, correr, galopar, corrida lateral, saltar de
uma superfície mais alta, salto vertical, salto horizontal, saltar com apenas um
dos pés e saltitar.
Movimentos manipulativos envolvem o relacionamento de um indivíduo
com objetos. A manipulação motora engloba a aplicação de força ou a
recepção de força de objetos. Essa manipulação pode englobar a coordenação
motora rudimentar ou refinada. Coordenação motora rudimentar envolve o
recrutamento de grandes grupos musculares, e a coordenação motora refinada
está mais relacionada com a utilização de grupos musculares menores e mais
específicos, como é o caso dos extensores e flexores dos dedos e do pulso.
Movimentos como arremessar, chutar e interceptar, são exemplos de
movimentos manipulativos que utilizam a coordenação motora rudimentar. As
ações de escrever, digitar e dobrar papel, são exemplos de movimentos
manipulativos que utilizam a coordenação motora refinada.
Todos os tipos de movimentos se enquadram nas configurações de
coordenação motora rudimentar, refinada ou em um conjunto das duas, porém,
nos movimentos manipulativos essa diferenciação é mais evidente.
Certos movimentos locomotores como: correr, pular e saltar, ou
manipulativos como: arremessar, apanhar e chutar, são exemplos de HMF
dominadas pela criança inicialmente e separadamente. Esses movimentos
combinam-se e aperfeiçoam-se, gradualmente, por meio de uma série de
formas, avançando para fases posteriores do desenvolvimento motor, e
podendo ser transformados em habilidades esportivas. Muitas habilidades
utilizadas em esportes são versões avançadas das HMF.
A fase de movimentos fundamentais pode ser dividida em sua sequência
de progressão ao longo dos 3 estágios: inicial, elementar e maduro, nas quais
as crianças, normalmente, desenvolvem essas habilidades de maneira
sequencial. O que irá variar entre essas crianças será o ritmo, e esse
dependerá tanto de fatores ambientais, quanto hereditários. Esses 3 estágios
foram descritos no capítulo anterior, sendo assim, neste tópico eles não serão
40
abordados novamente, mas no capítulo seguinte serão descritas as diferenças
entre os estágios inicial, elementar e maduro na habilidade motora da corrida.
O fato de uma criança atingir ou não o estágio maduro, está intimamente
ligado à existência do ensino e das oportunidades de prática.
A aquisição de HMF não é dependente da idade, embora exista uma
relação com a mesma. A fase de desenvolvimento motor fundamental é
significativamente influenciada pelas condições ambientais, pelo indivíduo e
pela tarefa que o mesmo executa. Consequentemente, é importante que todas
as crianças em idade escolar e pré-escolar tenham acesso a um programa de
movimentos efetivos e bem planejados, garantindo que seu desenvolvimento
motor seja facilitado nos anos posteriores.
Para aprofundar a compreensão sobre a importância das HMF, será
apresentado a seguir um apanhado de citações da obra de Gallahue e Ozmun
(2003) a fim de expor de forma direta, o quão significativa é a fase do
desenvolvimento.
Quadro 1: Corrida
Fonte: (GALLAHUE; OZMUN, 2003, p. 261).
41
O fracasso em desenvolver formas maduras de movimentos
fundamentais tem consequências diretas na habilidade de um
indivíduo em desenvolver habilidades específicas de tarefas na fase
motora especializada. (GALLAHUE; OZMUN, 2003, p. 432).
O quadro 1 faz uma relação entre a idade cronológica da criança e o
progresso no desenvolvimento da habilidade de correr. É apontado em
destaque que o padrão maduro da habilidade de correr deve ser atingido aos 5
anos de idade. Esse fator foi mais evidenciado no quadro 1, pois é essa a
habilidade que será estudada nesta pesquisa. Como as crianças analisadas
neste estudo têm entre 6 e 7 anos, fica claro que aquelas que apresentarem
padrões motores inferiores ao maduro não se desenvolveram da forma como a
literatura científica prevê. Isso pode evidenciar uma variedade de problemas,
mas este assunto será melhor tratado no próximo capítulo.
Quanto à citação que sucede o quadro 1, Gallahue e Ozmun (2003)
justificam-na com o fato de que as habilidades motoras especializadas são
padrões motores fundamentais maduros, que foram refinados e combinados
para construir as habilidades esportivas específicas e habilidades motoras
complexas.
Figura 5: Habilidades esportivas
Fonte: GALLAHUE; OZMUN, 2003, p. 433.
42
Os autores afirmam ainda que a maioria das crianças tem potencial, aos
6 anos de idade, para realizar bons desempenhos no estágio maduro de
grande parte dos padrões motores fundamentais, e para começar a transição à
fase motora especializada. “Crianças mais velhas, adolescentes e adultos
devem ser capazes
de
desenvolver formas
maduras
de movimentos
fundamentais” (GALLAHUE; OZMUN, 2003, p. 433).
Após observar atentamente o quadro 1, a figura 5 e as palavras dos
autores, fica evidente a relação de dependência da fase de movimentos
especializados para com um estágio maduro nas HMF. Essa dependência é
justificada pelos autores quando esses afirmam que o desenvolvimento motor
fundamental é pré-requisito para a incorporação bem-sucedida de habilidades
motoras especializadas. Complementam ainda, afirmando que o progresso,
através dos estágios da fase de habilidades motoras especializadas, é
dependente da fundamentação dos padrões motores estabelecidos durante a
fase motora fundamental.
Com a observação de todos esses conceitos acerca das HMF,
compreende-se sua importância e a necessidade de que a fase em que as
mesmas se desenvolvem receba a atenção necessária. As HMF servem de
base para as habilidades esportivas e para muitos tipos de movimentos
específicos que o indivíduo necessita executar.
A dificuldade em aprender e executar tarefas específicas pode acarretar
dificuldades, ou até mesmo limitações para a vida adulta. No que diz respeito à
corrida, os autores têm uma afirmação bastante direta referente a essa: “O
padrão amadurecido de corrida é fundamental para a participação bemsucedida em muitas atividades relacionadas aos esportes”. (GALLAHUE;
OZMUN, 2003, p. 282).
43
CAPITULO III
A PESQUISA
3
INTRODUÇÃO
Foram realizadas no dia 01 de outubro de 2013 todas as filmagens que
são os objetos de análise desta obra. O estudo destas imagens realizou-se
com o intuito de responder a pergunta problema desta pesquisa: apenas as
aulas
de
Educação
Física
escolar são
suficientes
para
estimular o
desenvolvimento motor das crianças de forma adequada? Confirmando ou
rejeitando a hipótese de que: devido ao maior sedentarismo dos tempos
cotidianos, a atual carga horária das aulas de educação física escolar não é
suficiente para proporcionar às crianças os estímulos que essas necessitam
para se desenvolverem de forma adequada. Para a realização desta pesquisa,
utilizou-se o Método de Estudo de Caso, cujo roteiro é apresentado no anexo
A. Através deste foi verificado o nível de execução da habilidade motora
fundamental da corrida de 20 alunos pertencentes ao 1º ano dos anos iniciais
do Ensino Fundamental da EMEI "Profª Alda Therezinha Perches Queiroz".
Para tanto, foi utilizado o protocolo de Mc Clenaghan e Gallahue (1985).
3.1
A EMEI "Profª Alda Therezinha Perches Queiroz"
A EMEI "Profª Alda Therezinha Perches Queiroz" é uma escola de
Educação Infantil, da Rede Municipal de Educação de Lins, localizada no
Residencial Morumbi, Rua Antônio Fernandes Ibanes, N° 535. A escola tem
turmas que vão desde o Ensino Infantil até o 1° ano dos anos iniciais do Ensino
Fundamental. Apesar de possuir uma boa estrutura de salas de aula, refeitório,
banheiros, pátio, playground e equipamentos multimídia, a escola ainda carece
de uma quadra poliesportiva. Tal estrutura seria muito benéfica para os alunos.
A EMEI conta ainda com um amplo espaço gramado, onde foram realizadas as
filmagens. Este estudo foi viabilizado por meio das autorizações da Secretária
Municipal de Educação: Denise Jorge Magnoler, da Diretora da EMEI: Karina
44
de Fátima Gomes e dos pais dos alunos participantes, já que sem a
autorização de qualquer uma das 3 partes não seria possível realizar esta
pesquisa.
3.2
Protocolo
Para analisar o nível da habilidade motora da corrida desempenhada
pelas crianças, foram realizadas filmagens individuais. Cada uma das crianças
foi filmada durante a execução desta habilidade. As imagens foram capturadas
por 2 câmeras Cannon modelo EOS REBEL T4I com lentes de 24 e 35 mm,
que filmavam simultaneamente nas perspectivas lateral e frontal. A distância
percorrida durante a filmagem foi de 15 metros. Para sinalizar para as crianças
o espaço onde deveriam correr, assim como a distância que deveriam
percorrer, foi utilizada uma fita adesiva de 5cm de largura para formar um
corredor de 2,5m de largura e 15m de comprimento. Para facilitar a
visualização do início e do fim deste corredor, em cada uma de suas
extremidades foi fincada uma estaca de aproximadamente 1m de altura. Para
sinalizar as crianças onde elas deveriam ficar, foi colocado um bambolê pouco
antes do início do corredor. As câmeras estavam apoiadas em tripés regulados
com 1,20m de altura, a câmera lateral estava posicionada a 10m do corredor e
a câmera frontal estava a 2,5m do final do corredor. Toda a estrutura é
exemplificada na imagem apresentada a seguir:
Figura 6: Estrutura da filmagem
Fonte: Desenvolvido pelos autores, 2013.
45
As crianças receberam a simples orientação de correr em linha reta
entre as demarcações realizada no solo, e de que parassem ao se aproximar
da câmera frontal. Foram gravados 3 takes com todos os indivíduos, sendo que
para a análise, foram utilizados os takes onde as crianças apresentaram seu
melhor desempenho. As filmagens foram editadas de forma que viabilizasse a
análise, unindo em um único vídeo as imagens das duas câmeras e a
classificação do indivíduo. Foi feito um vídeo para cada indivíduo, onde as
imagens são reproduzidas uma vez em velocidade normal e uma vez em
slowmotion.
Após a autorização da Secretária Municipal de Educação e da Diretora
da escola, foi enviado aos pais, de todos os 50 alunos dos dois períodos
(manhã e tarde) do 1° ano do Ensino Fundamental, um pedido de autorização
para a participação de seus filhos em nosso estudo. Foram obtidas 31
respostas aos pedidos, 30 autorizações e 1 negação. No dia da realização das
filmagens, 6 crianças faltaram, restando apenas 24. Todas as 24 participaram
dos testes, no entanto 4 filmagens apresentaram problemas técnicos, restando
apenas 20 filmagens utilizáveis.
Participaram das filmagens crianças de ambos os gêneros, todos com
idades entre 6 e 7 anos, estudantes dos dois períodos (manhã e tarde). Todos
os alunos autorizados a participar do estudo, e presentes no dia da filmagem,
foram questionados verbalmente se tinham em sua rotina alguma atividade
física orientada por um profissional, fora do contexto escolar. Dentre esses, 14
responderam que sim. Entre as atividades descritas por essas crianças
estavam: futebol, futsal, balé, natação, ginástica artística e ginástica rítmica.
Essas 14 crianças foram unidas em um grupo que foi classificado como “grupo
praticante”, no entanto, problemas técnicos descartaram 4 vídeos deste grupo,
restando apenas 10 utilizáveis. As 10 crianças restantes deram respostas
negativas ao questionamento e formaram um grupo que foi classificado como
“grupo não praticante”.
Um fato notável foi o de que dos integrantes do “grupo praticante”
apenas 1 é estudante do período da tarde, e no “grupo não praticante” havia
apena 1 aluno do período da manhã. Nas imagens, assim como nas tabelas, a
sigla “P” indica que a criança é do “grupo praticante”, e a sigla “NP” indica que
46
a criança é do “grupo não praticante”. O número junto à sigla identifica o
indivíduo dentro do grupo.
3.3
Análise
A análise das filmagens foi realiza segundo as orientações apresentadas
por Mc Clenaghan e Gallahue (1985). Essas consistem em um sistema prático
e confiável, e são aplicadas para classificar os indivíduos nos estágios inicial,
elementar, maduro e de habilidade esportiva. Para desenvolver esta técnica, os
autores Mc Clenaghan e Gallahue (1985) utilizaram uma variedade de
experiências motoras desenvolvimentistas apropriadas para cada estágio das
habilidades motoras fundamentais. Gallahue e Ozmun (2003) realizaram uma
revisão nesse método, e em sua obra apresentam uma listagem das formas
específicas dos movimentos da corrida nos 3 estágios de desenvolvimento:
inicial, elementar e maduro. Essa listagem, assim como a figura ilustrativa que
a exemplifica, foram utilizadas na análise das filmagens deste trabalho. Ambas
são apresentadas respectivamente no Quadro 2 e na Figura 7.
Quadro 2: Objetos de análise
Fonte: (GALLAHUE; OZMUN, 2003, p. 283).
47
Para aplicação deste método de análise, o profissional deve observar a
tarefa utilizando inicialmente a abordagem de avaliação corporal total. Pois
essa fornece a ideia do estágio em que o indivíduo está desempenhando
determinada habilidade motora. Posteriormente, deverá realizar uma avaliação
segmentária, que analisa o movimento em 3 seguimentos: membros superiores
(MS), membros inferiores (MI) e cabeça e tronco (CT). Essa forma de análise
classifica o estágio de desenvolvimento de cada um dos seguimentos corporais
em Inicial, Elementar ou Maduro, podendo determinar qual o seguimento
corporal em que o indivíduo apresenta maior dificuldade, caso exista algum
atraso.
Figura 7: A corrida
Fonte: (GALLAHUE; OZMUN, 2003, p. 284).
As avaliações foram expressas em tabelas classificatórias qualitativas
que enquadram os 3 segmentos corporais MS, MI e CT,
dentro das
48
classificações oferecidas por Mc Clenaghan e Gallahue (1985): Inicial (I),
Elementar (E) e Maduro (M). Nestas tabelas, as classificações gerais dos
indivíduos foram determinadas pela menor classificação obtida na análise dos
3 segmentos MS, MI e CT. Posteriormente, foi realizada a análise estatística
para proporcionar um estudo claro e objetivo dos resultados. Analisando os
valores da pesquisa de forma geral, assim como os resultados obtidos dentro
dos grupos e a comparação entre eles.
3.4
Resultados
A tabela 1 apresenta o nível do padrão motor da habilidade de correr do
grupo participante, em que 2 alunos encontram-se no nível Inicial, 4 no nível
Elementar e 4 no nível Maduro.
Tabela 1: Classificação do grupo praticante
M.S
M.I
C.T
GERAL
P1
E
M
M
E
P2
I
E
E
I
P3
E
M
M
E
P4
M
M
M
M
P5
E
M
M
E
P6
M
M
M
M
P7
I
E
M
I
P8
M
M
M
M
P9
E
M
M
E
P10
M
M
M
M
Fonte: Desenvolvido pelos autores, 2013.
Como representado na Tabela 1 (ANEXO C), 40% do grupo praticante
indica estágio Maduro da habilidade motora fundamental da corrida, enquanto
20% mostram estágio Inicial e 40% estão no estágio Elementar.
A tabela 2 apresenta o nível do padrão motor da habilidade de correr do
grupo não praticante, em que 2 alunos encontram-se no nível Inicial, 7 no nível
Elementar e 1 no nível Maduro.
49
Tabela 2: Classificação do grupo não praticante
M.S
M.I
C.T
GERAL
NP1
M
M
E
E
NP2
I
M
E
I
NP3
E
M
M
E
NP4
E
M
M
E
NP5
E
M
M
E
NP6
E
M
M
E
NP7
E
M
M
E
NP8
E
I
M
I
NP9
E
M
M
E
NP10
M
M
M
M
Fonte: Desenvolvido pelos autores, 2013.
Conforme elucidado na Tabela 2 (ANEXO D), 10% do grupo não
praticante apresenta estágio Maduro da habilidade motora fundamental da
corrida, enquanto 70% apresentam estágio Elementar e 20% apresentam
estágio Inicial.
Comparando os 2 grupos, nota-se que enquanto 40% do grupo
praticante atingiu o estágio maduro, apenas 10% do grupo não praticante
atingiu este estágio, gerando uma diferença percentual de 30% a mais para o
grupo praticante. No grupo não praticante, 70% dos indivíduos está no estágio
elementar, enquanto que no grupo praticante 40% dos indivíduos se encontra
neste estágio, provocando uma diferença de 30% a mais para o grupo não
praticante. Já o estágio inicial atingiu 20% em ambos os grupos. Conforme
representado na Tabela 3.
Tabela 3: Diferença entre os grupos
INICIAL
ELEMENTAR MADURO
Grupo Praticante
20%
40%
40%
Grupo não praticante
20%
70%
10%
Diferença entre os grupos
0%
30%
30%
Fonte: Desenvolvido pelos autores, 2013.
De acordo com os referenciais teóricos apresentados neste trabalho,
50
crianças com idades entre 6 e 7 anos já deveriam estar com a habilidade
motora fundamental da corrida no estágio maduro. No entanto, os resultados
apontam que apenas 25% de todas as 20 crianças analisadas estão no estágio
maduro, enquanto 55% estão no estágio elementar e 20% no estágio inicial,
conforme indicado na Tabela 4 (ANEXO F).
Tabela 4: Classificação Geral
INICIAL ELEMENTAR MADURO
20%
55%
25%
Fonte: Desenvolvido pelos autores, 2013.
De todos os indivíduos classificados no estágio maduro, 80% estão no
grupo praticante e apenas 20% no grupo não praticante. Aproximadamente
36,36% dos indivíduos qualificados no estágio elementar pertencem ao grupo
praticante, enquanto que aproximadamente 63,63% estão no grupo não
praticante. Dos indivíduos classificados no estágio inicial, 50% pertencem ao
grupo praticante e 50% ao grupo não praticante, conforme exemplificado na
Tabela 5.
Tabela 5: Distribuição do nível da habilidade analisada entre os grupos
INICIAL
ELEMENTAR
MADURO
Grupo praticante
50%
36,36%
80%
Grupo não praticante
50%
63,63%
20%
Fonte: Desenvolvido pelos autores, 2013.
3.5
Discussão
O resultado obtido mostra que a maioria dos indivíduos analisados não
está com a habilidade motora fundamental da corrida no estágio maduro, o que
de acordo com Gallahue e Ozmun (2003) deveria acontecer nesta faixa etária.
No entanto, aponta uma diferença benéfica significativa para os indivíduos que
praticam atividades físicas orientadas fora do contexto escolar. Isso revela que
51
o déficit no desenvolvimento motor das crianças que apresentaram atraso na
habilidade analisada deriva primordialmente da falta de estímulos adequados.
Este é um fato a ser observado, pois conforme afirma Payne e Isaac
(2007), esse é um período onde ocorre a transição do estágio maduro da fase
de movimentos fundamentais, para a fase de movimentos especializados. É um
momento de transição, no qual se espera que as crianças com essa idade
estejam começando a utilizar os movimentos fundamentais de formas
combinadas para possíveis atuações esportivas ou recreativas.
Schmidt e Wrisberg (2001) afirmam que o maior fator que parece ser
consistentemente relacionado ao nível de habilidade é aquele que vem como
resultado direto da experiência de aprendizagem. Portanto, entende-se que a
principal função de proporcionar estímulos motores às crianças é impulsionálas
a
um
processo
de
aprendizagem
motora,
para
exercitar
seu
desenvolvimento motor. Gallahue e Ozmun (2003) afirmam que a maioria das
crianças, aos 6 anos de idade, tem potencial para realizar bons desempenhos
no estágio maduro de grande parte dos padrões motores fundamentais, e para
começar a transição à fase motora especializada. Os resultados apontaram
para uma realidade diferente na amostra analisada, o que leva a questionar
como as crianças que não atingiram o padrão maduro desenvolverão suas
habilidades especializadas.
É preocupante constatar que 75% das crianças analisadas não estão no
estágio maduro da habilidade da corrida, pois esta é uma das habilidades
motoras fundamentais mais utilizada nos esportes e em variadas atividades.
Isso remete ao aumento do sedentarismo dos tempos atuais e os hábitos
sedentários afetam negativamente o desenvolvimento motor infantil. Esse fato
é evidenciado por Schmidt e Wrisberg (2001), quando afirmam que vários
aspectos da aprendizagem humana parecem ocorrer quase continuamente,
como se tudo o que os indivíduos fazem no presente gerasse conhecimentos
ou capacidades que afetarão o modo como se desenvolverão futuramente.
Com o aumento do sedentarismo, cada vez mais as aulas de Educação
Física escolar se tornam a principal fonte de estímulos para muitas crianças.
Fazendo com que em muitos casos as atividades físicas extracurriculares
sejam o meio mais viável para proporcionar as mesmas estímulos motores em
quantidade e forma adequada. No entanto, para as crianças cujo a prática de
52
atividades extracurriculares é inviável, os estímulos ao seu desenvolvimento
motor ficam a cargo do professor de Educação Física. Mas, para tanto, é
preciso que este tenha o tempo e as condições adequadas para proporcionar
estímulos suficientes para promover de forma satisfatória ao menos as
habilidades motoras fundamentais.
3.6
Parecer Final
É importante esclarecer que os resultados obtidos não devem ser
atribuídos exclusivamente ao fato das crianças praticarem, ou não, atividades
físicas
extracurriculares.
Todas
as
pessoas
possuem
individualidades
biológicas e psicológicas, o que causa diferenças no desenvolvimento motor de
criança para criança. Apesar das particularidades de cada criança ser um fator
importante na determinação de suas habilidades motoras, a ampla diferença
entre os grupos evidencia que os resultados obtidos foram gerados por fatores
que vão além das peculiaridades biológicas e psicológicas de um indivíduo.
Pois a pesquisa revela que 90% dos alunos, que não praticavam atividades
físicas orientadas fora do contexto escolar, não alcançaram o padrão maduro
na habilidade da corrida. Enquanto que, entre os alunos que praticavam
atividades físicas extracurriculares, houve 30% a mais de indivíduos que
alcançaram o estágio maduro na habilidade analisada.
53
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Os resultados desta pesquisa evidenciam que apenas as aulas de
Educação Física oferecidas pela escola não são suficientes para proporcionar
aos alunos do 1° ano do Ensino Fundamental o padrão motor maduro em uma
habilidade motora fundamental, como a corrida. Por esse motivo, esta pesquisa
propõe que seja feita uma reavaliação na carga horária e na forma de
aplicação das aulas de Educação Física, baseando-se nos resultados de
avaliações motoras. Principalmente para os alunos do 1° ano do Ensino
Fundamental do período da tarde, pois foi dentre esses alunos que estavam 9
dos 10 integrantes do grupo não praticante. Dessa forma, os dirigentes da
escola poderão repensar, com bases concretas, uma maneira mais eficiente de
atender as necessidades de estímulos motores dos seus alunos, visando não
apenas o 1°ano do Ensino Fundamental, mas também todas as etapas
precedentes e posteriores.
54
CONCLUSÃO
Conclui-se, ao fim desta pesquisa, que a hipótese de que a atual carga
horária das aulas de educação física escolar não é suficiente para proporcionar
às crianças os estímulos que essas necessitam para se desenvolverem de
forma adequada, está correta. E que esta obra é um precedente motivador
para futuros estudos sobre este tema, visto que o cenário encontrado na EMEI
"Profª Alda Therezinha Perches Queiroz" pode estar se repetindo em muitas
escolas pelo Brasil.
Os resultados obtidos são muito sérios, pois o atraso em uma habilidade
motora fundamental, como a corrida, acarreta ao indivíduo dificuldades e
complicações na aprendizagem de muitas habilidades motoras especializadas.
A problemática causada por esse déficit no desenvolvimento motor, muitas
vezes, desmotiva a criança a praticar esportes e a participar de atividades
recreativas, inibindo ainda mais seu desenvolvimento.
Outro fato que fica claro nos resultados é o de que as atividades físicas
extracurriculares orientadas por um profissional ajudam no desenvolvimento
motor das crianças, contribuindo de forma muito positiva em sua formação.
55
REFERÊNCIAS
GALLHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor:
Bebês, crianças, adolescentes e adultos. 2. São Paulo: Phorte, 2003.
HAYWOOD, K. M.; GETCHELL, N. Desenvolvimento motor ao longo da
vida. Porto Alegre: Artmed Editora, 2004.
KAIL, R. V. A criança. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
MC CLENAGHAN, B. A.; GALLAHUE, D. L. Movimientos fundamentales: su
desarrollo y rehabilitación. Buenos Aires: Panamericana, 1985.
PAYNE, V. D., ISAACS, L. D. Desenvolvimento motor humano: uma
abordagem vitalícia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A. 2007.
PIAGET, J. Seis estudos de psicologia. Rio de Janeiro: Forense, 1967. p.
146.
SCHMIDT, R. A., WRISBERG, C. A. Aprendizagem e performance motora:
uma abordagem da aprendizagem baseada no problema. Porto Alegre: Artmed,
2001.
TANI, G. Desenvolvimento motor: aprendizagem e desenvolvimento, Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
56
APÊNDICES
57
APÊNDICE A – ROTEIRO DE ESTUDO DE CASO
1
INTRODUÇÂO
Foi realizado um estudo de caso com dois grupos de alunos do 1º ano
do ensino fundamental da EMEI Profª Alda Therezinha Perches Queiroz para
verificar se apenas as aulas de Educação Física no contexto formal (escolar)
são suficientes para estimular o desenvolvimento motor das crianças de forma
adequada.
1.1
Relato do trabalho realizado referente ao assunto estudado
O estudo será complementado pela análise do padrão motor da
habilidade motora fundamental de correr segundo referenciais propostos por
Mc Clenaghan e Gallahue (1985).
1.2
Discussão
Confronto entre a teoria (referencial teórico dos primeiros capítulos) e a
pratica aplicada para se obter os resultados propostos.
1.3
Parecer final sobre o caso e as sugestões sobre a manutenção ou
as modificações de procedimentos.
58
ANEXOS
59
ANEXO A - REQUERIMENTO DE AUTORIZAÇÃO PARA A REALIZAÇÃO
DE UM ESTUDO DE CASO NA EMEI "PROFª ALDA THEREZINHA
PERCHES QUEIROZ"
Venho através deste, requerer a Secretaria Municipal de Educação de
Lins a autorização para realizarmos na EMEI "Profª Alda Therezinha Perches
Queiroz" um estudo de caso para a pesquisa descritiva desenvolvida pelos
alunos: André Luiz Moinhos Muniz e Diego Gallo da Silva sob a orientação
da Profª. Ma. Maria de Fátima Paschoal Soler elaborada como Trabalho de
Conclusão de Curdo da Graduação de Bacharelado em Educação Física do
UNISALESIANO de Lins. “O estudo em questão se assim nos for permitido terá
o titulo de: O padrão da corrida em escolares de 6 a 7 anos EMEI Profª Alda
Therezinha Perches Queiroz”
Este estudo tem o objetivo de analisar se apenas as aulas de Educação
Física no contexto escolar são suficientes para estimular o desenvolvimento
motor das crianças de forma adequada. Deseja-se cumprir os objetivos
realizando um único teste bastante simples que consiste apenas filmar
individualmente cada uma das crianças durante o ato da corrida para que
possamos analisar seus movimentos e assim determinar o nível desta
habilidade motora.
Devemos esclarecer que todas as crianças que participarem de nosso
estudo terão suas IDENTIDADES PRESERVADAS, e que em qualquer foto ou
vídeo anexado ao nosso trabalho será impossível o reconhecimento de
qualquer um dos participantes. Caso nos seja permitido a realização deste
estudo estimamos que cada uma das filmagens não deverá durar mais do que
10 minutos, e como elas serão realizadas individualmente nem um dos
participantes permanecerá mais do que 10 minutos fora de sua rotina escolar
normal.
_____________________________
Maria de Fatima Paschoal Soler
Profª Orientadora
Ilma Sra. Karina de Fátima Gomes
Diretora da EMEI Profª" Alda Therezinha Perches Queiroz
60
ANEXO B – TERMO DE CONHECIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA
OS PAIS.
Viemos através deste, requerer aos senhores Pais ou Responsáveis a
autorização para que seu(a) filho(a) ou tutelado(a) participe de nosso estudo de
caso realizado na EMEI "Profª Alda Therezinha Perches Queiroz" para a
pesquisa descritiva desenvolvida pelos alunos: André Luiz Moinhos Muniz e
Diego Gallo da Silva sob a orientação da Profª Ma. Maria de Fátima
Paschoal Soler elaborada como Trabalho de Conclusão de Curdo da
Graduação de Bacharelado em Educação Física do UNISALESIANO de Lins.
O estudo em questão terá o titulo de: “O padrão da corrida em escolares de 6 a
7 anos EMEI “Profª” Alda Therezinha Perches Queiroz”.
Nosso estudo tem o objetivo de analisar se apenas as aulas de
Educação Física no contexto escolar são suficientes para estimular o
desenvolvimento motor das crianças de forma adequada. Desejamos cumprir
nosso objetivo realizado um único teste bastante simples que consiste apenas
filmar individualmente cada uma das crianças durante o ato da corrida para que
possamos analisar seus movimentos e assim determinar o nível desta
habilidade motora.
Esclarecemos que TODAS AS CRIANÇAS que participarem de nosso
estudo terão suas IDENTIDADES PRESERVADAS, e que em qualquer foto ou
vídeo anexado ao nosso trabalho será impossível o reconhecimento de
qualquer um dos participantes. Estimamos que cada uma das filmagens não
deverá durar mais do que dez minutos, e como elas serão realizadas na própria
escola e sob a supervisão da coordenadora nem um dos participantes
permanecerá mais do que dez minutos fora de sua rotina escolar normal.Nosso
estudo conta com a permissão da Secretária de Educação de Lins assim como
o da diretoria da escola. Como já foi esclarecido o teste realizado com os
participantes é completamente seguro e não irá afetar sua rotina escolar.Sua
permissão é muito importante para nós pois sem ela nosso estudo será
significativamente afetado.
61
AUTORIZAÇÃO
Eu_____________________________________________________________
________________________________________RG: ___________________
Responsável por: ________________________________________________
_______________________________________________________________
Declaro ter sido informado (a) e concordo em autorizar meu(a) filho(a) a
participar do Estudo de caso intitulado: O PADRÃO DA CORRIDA EM
ESCOLARES DE 6 A 7 ANOS EMEI "Profª" Alda Therezinha Perches Queiroz".
Desenvolvido pelos alunos: André Luiz Moinhos Muniz e Diego Gallo da
Silva sob a orientação da Profª. Ma. Maria de Fátima Paschoal Soler
elaborado como Trabalho de Conclusão de Curdo da Graduação de
Bacharelado em Educação Física do UNISALESIANO de Lins.
.
ASS:___________________________________________________________
Lins, ____/____/2013
62
ANEXO C – PORCENTAGEM DE ALUNOS PRATICANTES EM RELAÇÃO
AO NÍVEL DE PADRÃO MOTOR DA HABILIDADE DE CORRER
Figura 8: Gráfico do grupo praticante
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Inicial
Fonte: Desenvolvido pelos autores, 2013.
Elementar
Maduro
63
ANEXO D – PORCENTAGEM DE ALUNOS NÂO PRATICANTES EM
RELAÇÃO AO NÍVEL DE PADRÃO MOTOR DA HABILIDADE DE CORRER
Figura 9: Gráfico do grupo não praticante
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Inicial
Elementar
Fonte: Desenvolvido pelos autores, 2013.
Maduro
64
ANEXO F – CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS ALUNOS EM RELAÇÃO AO
NÍVEL DE PADRÃO MOTOR DA HABILIDADE DE CORRER
Figura 10: Gráfico de classificação geral
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Inicial
Fonte: Desenvolvido pelos autores, 2013.
Elementar
Maduro
65
ANEXO G – DVD COM AS FILMAGENS
Fonte: Desenvolvido pelos autores, 2013.
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