Colapso Hídrico em São Paulo: Como Ficará a Agricultura? Desde 2014, o estado de São Paulo vem enfrentando problemas com a estiagem histórica e a baixa precipitação de água nos volumes dos reservatórios, aumentando as chances de um colapso que pode afetar drasticamente a população e a economia como um todo. Segundo uma publicação da revista Globo Rural, um produtor da região de Tijuco Preto em Suzano teve uma perda de 100% da produção em dezembro de 2014, estimada em um prejuízo de R$50 mil o que afetou também na variação dos preços. Foi divulgada no Diário Oficial a Portaria nº 2617 do Superintendente Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo - DAEE de 17 agosto de 2015, decretando situação de criticidade hídrica na região da bacia hidrográfica do Alto Tietê. Sendo esta data um marco, pois afetará diretamente o produtor rural. Afinal é importante destacar que a água é um elemento primordial para essas atividades, ainda que hoje existam várias inovações no setor, a água ainda é algo insubstituível. Segundo informações da SABESP o volume armazenado no sistema Alto Tietê que contempla as represas: Ponte Nova, Paraitinga, Biritiba, Jundiaí e Taiaçupeba, está com grande declínio, conforme o abaixo. Volume do Sistema Alto Tietê 15,60% 15,40% 15,20% 15,00% 14,80% 14,60% 14,40% Percentual de Volume Armazenado 14,20% 14,00% 13,80% Fonte: SABESP Ainda nos dias 20 e 21 de agosto de 2015 ocorreu uma audiência pública sobre a Crise Hídrica, no Ministério Público das 09:00 às 19:00 horas, onde se propunha obter dados, subsídios, informações, sugestões, críticas e propostas para instruir os inquéritos civis. O problema não está apenas na falta de abastecimento, mas na qualidade da água que vem sendo oferecida. O associado da Aphortesp Hasegawa Verduras, representado pelo Superintendente Márcio Hasegawa compareceu à audiência pública para defender os interesses do setor e apresentar as dificuldades que os pequenos, médios e grandes produtores estão enfrentando com a alarmante situação da crise hídrica. Ele comentou sobre o peso do agronegócio hoje para a economia e para a sociedade, assim considera o diálogo aberto entre as partes fundamental para a resolução do problema hídrico. Lembrou ainda do compromisso assumido entre os produtores com o governo federal e que a população em geral está optando por novos hábitos alimentares, incluindo frutas, legumes e verduras – FLV em suas refeições. Renato Augusto Abdo Engenheiro Agrônomo, e representante do Sindicato Rural de Mogi das Cruzes, também corroborou sobre o potencial do agronegócio brasileiro frente aos demais países e o quanto ele vem ganhando espaço, considerando que o Brasil é hoje o segundo maior exportador global de alimentos, em volume, e está bem próximo de chegar ao topo da lista tanto em volume como em valores segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura - FAO. Segundo ele o agronegócio vem elevando a economia do país e em tais decisões é importante considerar esse setor tão essencial, tanto economicamente quanto socialmente, pois são os pequenos, médios e grandes produtores que movem a economia do país. O Eng.º Renato Abdo explanou ainda sobre a criação da outorga d’água que é um instrumento de Política Nacional de Recursos Hídricos que tem por objetivo assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso aos recursos hídricos, e disse ainda que em contrapartida o Sindicato Rural de Mogi das Cruzes e parceiros lutaram para a criação do Ato Declaratório em que o usuário que atender a convocação desse Ato, não será considerado infrator, nos termos da Portaria DAEE nº 1/98 e pode até entrar com processo de dispensa da outorga d’água, porém segundo ele a criação dessa nova Portaria nº 2617 é um retrocesso, pois constitui novamente como infração a utilização de recursos hídricos sem outorga ou em desacordo, ou seja, para fins produtivos, considerando o abastecimento público como prioridade, e a irrigação ou utilização na produção industrial em segundo plano. Fabio Dan membro da Diretoria do Sindicato Rural de Mogi das Cruzes, também explanou e destacou as inovações ao longo do tempo no campo com relação à irrigação que indicam a adaptação do setor as atuais condições de escassez de água, ele desabafou ainda sobre o tratamento que receberam com as medidas dos órgãos públicos que segundo ele simplesmente lacraram as bombas de água das propriedades sem aviso prévio impedindo a produção e abastecimento de alimentos. E Juliana Geseíra, Engenheira Agrônoma do Sindicato Rural de Mogi das Cruzes, ressaltou a falta de assistência técnica no campo para orientar os produtores na adoção dos mais efetivos métodos de irrigação. Como ação os produtores estão se articulando para acompanhar os desdobramentos da crise hídrica e aguardando um posicionamento para as atividades agrícolas. Rede Equiliagro – Ibrahort 26/08/2015.