Tecnologia Industrial
Cai um paradigma: otimização
e retífica de rolamentos é viável
Em seis anos de atuação no mercado, Intacta já ultrapassa marca de 300 usinas
no portfólio de clientes; no período, mais de 5 mil rolamentos foram reformados
Recuperação e otimização de rolamentos
Clivonei Roberto
A
função de engenharia que um rolamento exerce é a de facilitação
do movimento ou a diminuição do
atrito. O movimento é a base da indústria. Onde há movimento pode-se utilizar
um rolamento. Já em uma usina de açúcar, etanol e energia, por exemplo, há infinitas aplicações.
Em princípio, alguns pensam que
a cadeia sucroenergética é um setor da
indústria onde não há muito a se inovar.
Certo? Errado. A Intacta Rolamentos prova que é possível apresentar novas ideias
aos empresários do setor, e não somente inovadoras, como também lucrativas.
A solução desenvolvida pela Intacta visa aumentar a vida útil do rolamento
em uma ou mais vezes, usando no máximo 35% do valor de um rolamento novo.
“Nossa tecnologia apresenta um modo
especial de retífica que não só aumenta a
vida útil do rolamento, como reduz a temperatura de trabalho do rolamento, aumentando com isso a vida útil significa32 REVISTA CANAMIX | DEZEMBRO | 2012
tivamente”, explica o engenheiro Weber
Capozzi, diretor da Intacta Rolamentos.
Há rolamentos otimizados pela empresa
que já estão na sexta reforma, mostrando
a viabilidade da tecnologia.
Segundo ele, a Intacta começou a
atuar no mercado há seis anos. Hoje, a
empresa já possui mais de 300 usinas no
portifólio de clientes. São unidades que
ajudaram a quebrar um modelo de raciocínio comum no setor: “a reforma ou otimização e reaproveitamento de rolamento é uma quebra de paradigma de um dos
mais antigos e rígidos conceitos da história da mecânica industrial brasileira”, diz
Capozzi.
Havia no setor o entendimento de
que não se reforma rolamento, e sim se
joga fora depois do período útil. A Intacta
contestou esse preceito, e provou ao mercado que não apenas é possível reformar
e otimizar o rolamento, como a usina ganha muito dinheiro com essa prática.
O mercado, aos poucos, abraçou essa nova ideia e hoje “construímos
um conceito novo de reaproveitamento”.
Essa nova visão é importante, segundo
ele, especialmente porque rolamento é
um produto caro dentro da indústria, de
alto valor agregado e alta tecnologia embarcada. “Não pode simplesmente ser
descartado.” O resultado desse novo entendimento tem sido economia para as
usinas que aderiram à proposta inovadora da Intacta. “Se a empresa reforma
ou otimiza o rolamento, tem um ganho de
80% em valor econômico. Fora o ganho
em termos energéticos de redução de
atrito na temperatura do trabalho.”
Ele salienta que as usinas descartam por safra um número exorbitante de
rolamentos. É dinheiro jogado fora. “Uma
usina que produz em torno de 3 milhões
de t de cana ano, só no preparo da cana
tem em torno de R$ 300 mil aplicados só
em rolamento.” A viabilidade do reaproveitamento, segundo ele, já foi percebida inclusive pelos grandes grupos, como
Raízen, LDC, São Martinho e São João.
“Nossos clientes são grupos que experimentaram e vêm repetindo ano a ano
essa alternativa de retífica. Hoje temos
Weber Capozzi, diretor da Intacta Rolamentos
“
“
a aceitação da tecnologia por repetição
e por confiabilidade”, comenta Capozzi,
que cita uma pesquisa realizada recentemente junto ao setor, que coloca a Intacta
como uma das empresas da cadeia mais
atreladas a inovação e tecnologia.
Equipamento otimizado – Com o
trabalho desenvolvido pela Intacta, o rolamento ganha em eficiência, que seria a
quantidade de energia economizada no
processo de realização do trabalho. “Pela
retífica, facilita-se a lubrificação e reduz
a temperatura normal do trabalho. Ao reduzir a temperatura, o equipamento ganha em eficiência, aumentando também
a vida útil.”
De acordo com Capozzi, além do
ganho da eficiência em regime de trabalho do rolamento, também existe o ganho
de eficiência na reforma, que passa de
90% em relação ao rolamento fabricado.
“A economia de massa e de resíduo passa de 90% em relação ao uso de um rolamento novo.”
Outro ponto importante é na redução do impacto ambiental. Segundo Capozzi, reaproveitar um rolamento garante economia de 98% tanto no consumo
A solução desenvolvida pela
Intacta visa aumentar a vida útil
do rolamento em uma ou mais
vezes, usando no máximo 35%
do valor de um rolamento novo
de água como de emissão de gases e resíduos sólidos em relação ao uso de um
equipamento novo.
Capozzi é engenheiro mestre e
MBA pela Escola Politécnica da USP
(Universidade de São Paulo). A otimização e retífica de rolamentos em usinas virou tema acadêmico, ao virar sua tese de
mestrado. Desenvolveu a proposta a partir do conhecimento empírico já obtido
por seu pai, o senhor Argimiro Capozzi,
diretor e fundador da Intacta. “Meu pai
chegou a essa tecnologia no exercício do
cargo de gerente industrial na Usina da
Barra, numa época em que teve de buscar uma alternativa criativa frente à dificuldade de importação do equipamento.”
“Apresentamos ao mercado uma
solução inovadora de retífica, que é protegida por segurança tecnológica, apenas disponível na biblioteca da USP a trabalhos acadêmicos quando solicitada. A
proposta inicial da Intacta às usinas é a
redução de despesas, uma vez que por
esse novo processo, ao invés de se comprar um rolamento novo, a usina pode reformar até cinco rolamentos”, assegura
Capozzi, lembrando que hoje o setor sucroenergético representa 75% dos negócios da empresa, embora também atenda
segmentos como petróleo e gás, mineração e celulose e papel.
O sucesso junto ao setor sucroenergético tem rendido à Intacta vários
convites para instalação de unidades em
outros continentes, como na Europa e na
América do Norte. Atualmente a direção
da empresa está analisando um convite para se instalar em Paris, na França,
e na Califórnia, nos Estados Unidos. No
Brasil, a Intacta possui escritório central
em São Paulo, indústria de rolamentos
de até 2 mil mm em Barra Bonita e parque industrial para rolamentos acima de
2 mil e até 6 mil mm em Piracicaba. Mas
Capozzi não descarta a possibilidade de
instalação de uma terceira unidade fabril
no País.
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