Página 20 São Paulo, quarta-feira, 02 de dezembro de 2015 Preço das commodities teve influência na queda do valor das exportações egundo ele, a queda nos preços internacionais tem anulado os recordes nos volumes exportados de alguns produtos. No caso do minério de ferro, disse Brandão, o volume exportado cresceu 7,8% de janeiro a novembro. O preço da tonelada, no entanto, diminuiu 49,5% no período, ocasionando queda de 45,6% no valor exportado. “O Brasil está batendo recorde de exportação de minério de ferro, mas os benefícios não estão se revertendo por causa do desempenho das commodities”, afirmou. Em novembro, a cotação da tonelada atingiu US$ 32,20, no menor valor desde abril de 2005. A situação repete-se com outros dos principais produtos da pauta de exportação do Brasil, como a soja e o petróleo bruto. Embora o país tenha colhido safra recorde do grão este ano, com crescimento de 19,2% no volume embarcado nos 11 primeiros meses do ano, o preço internacional da soja caiu 24,2%, resultando em recuo de 9,6% no valor ex- S Washington Costa/MDIC O preço das commodities (bens agrícolas e minerais com cotação internacional) foi o principal responsável pela queda no valor exportado em 2015, disse o diretor de Estatística e Apoio à Exportação do Ministério do Desenvolvimento, Herlon Brandão Diretor do Departamento de Estatística e Apoio à Exportação, Herlon Brandão. portado em 2015. Em relação ao petróleo, a diminuição nos preços internacionais também se refletiu na deterioração das vendas externas do país. O volume exportado cresceu 47,3%, por causa da reativação de plataformas em manutenção nos últimos anos. No entanto, a queda de 49,7% nos preços fez o valor exportado acumular retração de 25,9%. De janeiro a novembro, as exportações dos produtos primários caíram 19,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Os produtos manufaturados acumulam recuo de 9,8%, mas alguns itens têm apresentado recuperação. As vendas de veículos de passageiros para o exterior cresceram 10,5% em novembro na comparação com o mesmo mês do ano passado, com destaque para a Argentina, com aumento de 10,1% no valor vendido. “As vendas de veículos estão sendo impulsionadas pelo México, cuja economia está crescendo e aumentando a demanda por automóveis brasileiros, e pela Argentina, cujo mercado voltou a se recuperar nos últimos meses”, explicou Brandão. Em 2015, as exportações brasileiras somaram US$ 174,351 bilhões, com queda de 14,9% pela média diária em relação ao ano passado. A balança comercial só apresenta resultado positivo no ano porque as importações, que somaram US$ 160,909 bilhões, caíram em ritmo maior: 23,1%. De janeiro a novembro, a balança acumula superávit de US$ 13,442 bilhões e deve encerrar o ano com saldo positivo em torno de US$ 15 bilhões (ABr). O brasileiro nunca consumiu tanto açúcar como nos dias de hoje. De acordo com a OMS, nos últimos 15 anos, a quantidade de açúcar na composição dos alimentos processados dobrou. Os dados mostram que, entre sachês, colheradas e alimentos industrializados, o brasileiro consome diariamente cerca de 150 gramas de açúcar. A realidade nacional vai em direção contrária à recomendação da OMS: limite diário de 50 gramas de açúcar por dia, o que corresponde a algo em torno de duas colheres de sopa. Já está mais do que provado que o excesso de açúcar e a má alimentação estão diretamente ligados a desequilíbrios na saúde, como alterações dos níveis sanguíneos de triglicérides e glicemia, associados à resistência insulínica e diabetes, que também estão relacionados às doenças cardiovasculares; alterações nos níveis de pressão arterial; acúmulo de gordura que levam à obesidade; além de diversos tipos de câncer. A nutricionista do Clinic Check-up do HCor, Juliana Dantas, ressalta que o alerta vale para todos, até mesmo para quem está em dia com a balança. “Estudos recentes evidenciam que a carga glicêmica elevada pode aumentar em até 17% o risco de doenças cardiovasculares. Os alimentos industrializados são os principais vilões para o consumo exagerado do açúcar, principalmente aqueles que possuem o açúcar derivado do milho em sua composição”, diz. O alto consumo de alimentos industrializados que contém esse tipo de açúcar, de acordo com Maria Fernanda Vischi D’Ottavio, nutricionista do Clinic Check-up do HCor, está associada a altas concentrações de marcadores inflamatórios, conhecidos como mediadores do processo de aterosclerose, que é a chave para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Tentar excluir totalmente o açúcar da alimentação é algo difícil. Ele está presente em vários alimentos de forma oculta, principalmente nos produtos industrializados. O sabor salgado engana, mas o açúcar está lá: no pãozinho, nos molhos prontos, nas sopas, nos biscoitos, no ketchup, entre outros. Para não ultrapassar os níveis seguros de consumo, o ideal é educar o paladar e não tornar bebidas e alimentos ainda mais doces. “Fica cada vez mais evidente que uma alimentação rica em frutas, verduras, legumes, cereais integrais trazem enormes benefícios à saúde”, orienta Juliana. Confira a relação da quantidade de açúcar contida em alguns alimentos industrializados e atente-se aos rótulos (por 100 ml/g): Divulgação A maior concentração de açúcar está nos alimentos industrializados O brasileiro consome diariamente cerca de 150 gramas de açúcar e a OMS recomenda limite diário de 50 gramas. Produto 100 ml/g Chás prontos 9g Sucos prontos 13,3 g Refrigerante à base de cola 13,6 g Refrigerante à base de guaraná Achocolatado prontos 10 g 23,5 g Achocolatado em pó Energéticos 9g 11 g Biscoitos recheados 280 g Chocolate ao leite 98 g Chocolate branco 112 g Barras de cereal 56 g Cereal matinal açucarado 44 g Geleia 13 g Bala sabor morango 80 g eSocial exige mudança de filosofia Danilo Miranda (*) e Juliana Carvalho (**) Sem nenhuma mudança na legislação trabalhista, eSocial é oportunidade para o RH das empresas “arrumar a casa” obrigatoriedade para o eSocial vem se aproximando e, a partir de setembro de 2016, as empresas com faturamento superior a 78 milhões de reais no ano de 2014 já deverão estar 100% adequadas aos novos procedimentos. Para as demais, o prazo para adequação é janeiro de 2017. Faltando cerca de um ano para o eSocial entrar em vigor, a iniciativa do Fisco foi amplamente debatida no mercado corporativo, mas será que entendemos a principal mudança que a nova regra trará para os departamentos de Recursos Humanos? Talvez não. O eSocial não trouxe nem trará nenhuma mudança na legislação trabalhista e previdenciária, nem novos tipos de encargos ou impostos. A novidade da regra é que as empresas terão que reportar essas informações para o Fisco, dentro do rigor e de prazos estipulados pelo Governo. Assim, todos os processos de atividades ligadas ao RH, como folha de pagamento, admissão ou demissão do funcionário, dados sobre medicina e segurança do trabalho, férias, afastamentos, etc. terão que estar parametrizados de acordo com o eSocial para serem transmitidos. Hoje, a maioria das empresas já cumpre suas obrigações trabalhistas, porém cada uma tem seu modo de operação, muitas vezes realizando processos de forma incompleta ou indevida, ou ainda não respeitando prazos. Com o eSocial, não haverá mais espaço para essa flexibilização. Mais do que qualquer outra coisa, o que o eSocial vai exigir das companhias é uma mudança de cultura e paradigma para “arrumar a casa”, no que se refere aos processos do RH, tendo em vista que em média 49% dos processos precisam ser alterados ou adaptados para aderência ao eSocial. Isso não se faz de um dia para outro, portanto, é urgente que as empresas que ainda não estão A considerando a revisão de seus processos de RH comecem o quanto antes. Mudar hábitos enraizados de todo um RH leva tempo. Cabe ao responsável pela implantação do eSocial na empresa mostrar aos envolvidos a importância dos prazos estabelecidos e de como será importante trabalhador e empregador estarem atentos não só aos documentos há décadas exigidos pelo governo, mas sim aos prazos. Um bom exemplo são os exames admissionais: algumas vezes, em comum acordo entre empresa e empregado, o exame é deixado para depois da contratação, ou seja, o processo acaba sendo feito, mas sem obedecer a legislação, que determina que o referido exame deve ser realizado antes do início das atividades do empregado na empresa. A partir da entrada em vigor do eSocial, as companhias terão que estar preparadas para acompanhar todos os processos trabalhistas, dando a estes começo, meio e fim, entendendo que o prazo faz parte da regra fundamental. E vale lembrar, sai na frente quem investir em formação e capacitação de pessoas, para que estas possam incorporar a nova ideologia de fiscalização do governo, e preparo e adaptação dos sistemas para o eSocial, tendo em vista que 69% das empresas não possuem sistema de SESMT e os demais sistemas que servirão de base de informações ainda não encontram-se totalmente adequados. Após todo o debate sobre o eSocial, percebemos que esta é uma regra que vem para melhorar o sistema trabalhista brasileiro, e não só para onerar o empresariado do país. Apesar de não fazer nenhuma alteração na legislação trabalhista atual, que necessita de muitos ajustes e uma modernização urgente, o eSocial é uma forma de fazer valer as regras, unificar e facilitar a entrega de documentos por parte das empresas, além de permitir ao Governo um maior controle e fiscalização sobre os documentos, já que estes vão ganhar uma forma de “publicidade” nunca feita no Brasil anteriormente. (*) - É sócio da ASIS Projetos; (**) - é coordenadora de Projetos e-Social ASIS (www.asisprojetos.com.br). Cooperação contra o câncer Um grupo de centros de pesquisa médica dos Estados Unidos e da Europa anunciou, no início de novembro, a formação de um consórcio para a partilha de informação genética sobre tumores malignos. Chamado GENIE (sigla em inglês para Genômica, Evidência, Neoplasia, Informação, Intercâmbio), o projeto tem por objetivo criar um banco de dados global conectando as características genéticas de tumores aos resultados obtidos com diferentes terapias. O programa, patrocinado pela Associação de Combate ao Câncer dos Estados Unidos, espera gerar novas hipóteses de pesquisa, que podem levar a estudos clínicos ou informar estudos já em andamento. Um gráfico explicativo do GENIE está disponível online (em inglês), neste endereço: http:// www.aacr.org/Documents/GENIE_InfoGraph.pdf (Jornal da Unicamp). Mortes violentas fazem homens viverem 9,5 anos menos que mulheres em Alagoas Vítimas de mortes violentas ainda na juventude, como crimes e acidentes de trânsito, os homens de Alagoas têm uma expectativa de vida 9,5 anos menor que suas conterrâneas. Em nenhum outro estado do país, a diferença é tão grande. Segundo o gerente de Componentes da Dinâmica Geográfica do IBGE, Fernando Albuquerque, a violência crescente no Norte e no Nordeste tem pesado para esse quadro. “A sobremortalidade vem diminuindo no Sul e no Sudeste e aumentando na região. Políticas como a Lei Seca e mudanças no policiamento têm feito com que os óbitos violentos e a sobremortalidade venham caindo, mas o contrário está acontecendo no Norte e no Nordeste”. O IBGE divulgou ontem (1º) que a expectativa de vida do brasileiro é de 75,2 anos, com uma diferença de 7,2 anos entre homens e mulheres. Espera-se que um bebê do sexo masculino nascido em 2014 viva 71,6 anos, e um do sexo feminino, 78,8 anos. Os homens de Alagoas têm a menor expectativa de vida do país, 66,2 anos, enquanto se espera que as mulheres vivam 75,7 anos no estado. De acordo com Albuquerque, a mortalidade da população jovem é uma das explicações para essa diferença: 90% dos mortes violentas na popula- Reprodução ção de 15 a 24 anos são de homens. “Um ponto crucial [para aumentar a expectativa de vida no país] seria reduzir a mortalidade dos jovens, principalmente do sexo masculino”, disse ele. Segundo o Diagnóstico dos Homicídios no Brasil, divulgado pelo Ministério da Justiça, o Nordeste tem a maior taxa de homicídios do país: 33,76 assassinatos por 100 mil habitantes. A Região Norte tem 31,09 homicídios para esse contingente populacional. No Sul e no Sudeste, as taxas são aproximadamente a metade: 14,36 e 16,91. Os cinco estados com as maiores diferenças entre a expectativa de vida de homens e de mulheres também ficam no Nordeste: depois de Alagoas, vêm a Bahia, com 9 anos; Sergipe, com 8,4 anos; Piauí, com 8,2; e Pernambuco, com 8,1, que empata com o Espírito Santo, na Região Sudeste. A pesquisa revela ainda que um jovem de 20 anos que mora em Alagoas tem 7,8 vezes mais chances de não atingir os 25 anos do que uma mulher com a mesma idade. O estado que fica na segunda posição nesse indicador é a Bahia, onde a sobremortalidade é de seis vezes (ABr). Para veiculação de seus Balanços, Atas, Editais e Leilões neste jornal, consulte sua agência de confiança, ou ligue para [email protected] www.netjen.com.br TEL: 3106-4171