O Valor Espiritual da Razão, segundo Erich Fromm
julho de 2013
O Valor Espiritual da Razão, segundo Erich Fromm
Will Goya – [email protected]
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Goiânia, GO, 15 de julho de 2013
Resumo: O Valor da Razão, o significado e a finalidade do saber, segundo Erich Fromm, só é
devidamente compreendido em sua dimensão espiritual. Para ele, o indivíduo é uma totalidade
corpo-mente, e o conhecimento humanista possui uma qualidade afetiva de saúde psíquica integral,
visto ser um conhecimento que serve eminentemente à arte de ser e de viver. O conceito frommiano
de Humanismo Radical é aqui exposto com relevo da importância do questionamento filosófico
sobre a qualidade de vida das pessoas e das instituições sociais em nossa época, com severas
críticas de reforma ao modo capitalista que tanto nos influencia. Por conclusão e solução aos
problemas nascidos da razão instrumental e desumana, destaca o filósofo a sabedoria universal
dos grandes humanistas e líderes de todas as mais importantes tradições espirituais da nossa
história.
Palavras-chave: Razão. Espiritualidade. Capitalismo. Humanismo.
1. Introdução
“Para que serve a razão?” Certamente, essa é uma pergunta que no senso comum muito
poucos fariam a si mesmos, pelo quanto aparenta ser ridícula, tola por todos os motivos do mundo.
Pelas razões negativas, poder-se-ia dizer 1. que a resposta é óbvia; além do fato de que, 2. não
adiantaria explicar o valor da razão para quem é irracional. Num sentido afirmativo e pragmático, é
fácil responder a um jovem que se inicia nos estudos de cálculos, que a razão serve para fazer
contabilidades, passar em concursos para vestibulares, futuros empregos, obter lucros, fazer ciência,
ter controle sobre os fatos da natureza, e outros.
Mas as respostas apenas utilitaristas ao valor da razão nos fazem somente ver as coisas
vistas, sem jamais enxergar também o observador. Fazem-nos perder a consciência do que é valor –
aquilo cuja importância e conhecimento faz a diferença e o porquê de escolhermos dentre tantas
alternativas as melhores escolhas na vida. Se nossas escolhas forem reduzidas exclusivamente pelo
que aparentam de vantagens simplesmente pessoais, institucionais ou científicas, jamais
entenderemos o significado da palavra ética, que preserva a humanidade da vida. Momento em que
vale lembrar, desde o título da obra, o pensamento do filósofo judeu T. W. Adorno, em seu livro
"Educação após Auschwitz", para que o nazismo não se repita. Isto é, para que todos os tipos de
nazismos, de atrocidades do homem contra o homem sejam desmascarados e impedidos. Há quem
diga que o fenômeno político do nazismo seja passado. Talvez, mas com certeza o fenômeno
psicossocial da destrutividade coletiva não o é, principalmente pelo caráter legitimador da maldade
e da violência que o sistema jurídico e econômico do capitalismo imprimiu ao modo de vida, de
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raciocinar e de agir da nossa época, com afirmações reducionistas, simplistas e antiéticas. Nos
critérios mínimos de civilidade, hoje em dia todo aquele que não matar ou não roubar poderá ser
considerado um homem de bem. O homem médio dos nossos tempos, de ideias comuns, sente-se
“normal” por cumprir as normas sociais que o guiam e o alienam para a linha de pensamentos,
comportamentos, emoções e desejos padronizados. Algo assim, nessa ordem: desde jovem estudar e
se qualificar quase que exclusivamente para o mercado de trabalho; talvez constituir família, mas
principalmente lucrar, maximizado vantagens econômicas até o esgotamento físico. A morte, nesse
contexto não significa saber pensar a vida diante do inevitável, tão somente cumpre uma função
animal, instintiva, de fazer do medo do fim a hipervalorização do pouco tempo de usufruto dos bens
materiais. Esse molde comum de homem, cuja inteligência é medida apenas pelo sucesso
profissional nada conhece das razões do amor. Maior a sagacidade, menor sua lucidez.
Perguntar-se sobre o valor da razão é por demais importante e libertador do que muitos
supõem. A crítica à própria razão foi e continuará sendo algo necessário e inteligente, que vários
pensadores se puseram à missão de refletirem e de nos ensinarem, a fim de que evitássemos os
perigos da razão instrumental e sem escrúpulos, tanto quanto para nos tornarmos mais sábios e mais
íntegros. É para isso que serve um filósofo, como o foi Erich Fromm, além de um dos maiores
psicanalistas do séc. XX. Sua grandeza genial, ao percorrer uma análise paradigmática do homem
moderno e contemporâneo, está em apresentar a razão como um ato inteligente de amar.
Inteligência enquanto espiritualidade e exercício de afetos, a si mesmo e ao próximo. Razão é algo
que não tem preço, mas tem valor.
2. O Critério Racional da Dúvida Filosófica
Erich Fromm pretende ser radical em sua análise da destrutividade inconsciente, ou de
maneira adaptada ao comportamento “normal” do mundo contemporâneo, até fins da década de 70.
Retornando ao humanismo de Karl Marx, ele afirma que a raiz pela qual os sistemas vigentes das
instituições e crenças tradicionais se arquitetam é o homem (ILLICH, 1975, p. 6). Quer dizer, a
totalidade do homem vivo e concreto: suas necessidades orgânicas, seu gosto estético e sensorial,
sua sentimentalidade, seu trabalho etc.
Porém, segundo Fromm, no mundo capitalista o homem moderno aliena suas forças na
relação com o trabalho, com as coisas que ele consome, com o Estado, seus semelhantes e consigo
mesmo. O fenômeno da alienação da personalidade é, para Fromm, um modo de experiência em
que a pessoa se sente como um estranho, impotente de se perceber como um ser humano total
(FROMM, 1983c, p. 124). A consciência, reduzindo-se à imagem de uma mercadoria, refere-se
abstratamente a si mesma como objeto de uso e de análise à parte da vida pessoal, e se torna
socialmente uma coisa externa ao próprio homem. É a sobrepujança burguesa dos valores do ter
sobre o ser; da ideologia e da racionalização inconsciente sobre as autênticas ciências humanistas 1.
Conquanto muitos creiam fazer uso da própria razão, poucos desconfiam que além de não pensarem
por si mesmos, têm pensamentos e valores profundamente irracionais, achando-se sábios.
1
Ver também FROMM, 1970, p.47.
O conceito de “caráter social”, de E. Fromm, foi bem desenvolvido no apêndice do seu livro O Medo à Liberdade
(1983), mantendo-se a ideia de liberdade sob forte determinação social. Entretanto, o “caráter social” foi apresentado
pela primeira vez em Die psychoanalytische Charakterologie in ihrer Anwendung für die Soziologie, in Zeitschrift für
Sozialforschung, I, Hirschefeld, Leipzig, 1931.
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“deve-se notar que Marx, como Spinoza e mais tarde Freud, achava que a maioria do que os
homens pensam conscientemente é uma percepção ‘falsa’, é ideologia e racionalização; que
as verdadeiras molas mestras das ações do homem são inconscientes para este. Segundo
Freud, ela tem suas raízes nos anseios libidinosos do homem; segundo Marx, em toda a
organização social do homem que norteia sua percepção para certas direções e o impede de
dar-se conta de determinados fatos e experiências” (FROMM, 1983a p. 30)
Seu radicalismo é dinâmico e intenciona uma combinação de máxima objetividade
epistêmica e psicológica, que implica de imediato uma práxis política. Isto é, o exame crítico dos
conceitos ideológicos, aqueles que estão afastados da experiência humana concreta a que se
referem, é antes uma atitude de libertação do pensamento e da conduta idólatras, para a
autoafirmação humanista, e não uma simples pré-ocupação teórica em relação a um determinado
conjunto de ideias.
Esta compreensão crítica libertária caracteriza-se pela dúvida radical, e a questão da
dúvida é especialmente localizada e discernida em dois textos de sua obra. O primeiro se encontra
no livro Análise do Homem (cap. 4, item 4), onde Fromm separa esta dúvida da do senso comum:
“A dúvida é também comumente entendida como dúvida ou perplexidade acerca desta ou
daquela suposição, ideia ou pessoa, mas pode igualmente ser descrita como a atitude que
satura toda a personalidade do indivíduo, de forma que o objeto particular ao qual se prende
a dúvida dele é apenas de importância secundária” (FROMM, 1970, p. 171).
O segundo texto está na introdução que ele faz à obra Celebração da Consciência, de Ivan
Illich (1975), referindo-se ao radicalismo humanístico, compartilhado por ambos. Neste texto,
aquela atitude de libertação aponta uma especial maneira de ver o mundo, denotando um traço de
caráter próprio de quem confia em seu crescimento interior para a vida.
Para Fromm, a dúvida humanista é importante porque direciona a consciência à
compreensão do inconsciente, resultando numa maior qualidade de vida. Esta conscientização é
necessária para a libertação dos vínculos improdutivos de relação entre o indivíduo e as instituições.
Trata-se de uma investigação centrada no conhecimento da dinâmica psíquica da natureza humana,
que explora sua totalidade espiritual e lhe reconhece os limites interativos com a totalidade do
mundo.
Duvidar de forma radical é ter a “capacidade e disposição”2 de questionar os valores de si
mesmo, da própria sociedade e de todo um período histórico mediante a autodescoberta
(autoconhecimento desvelador) que o homem faz de suas potencialidades inconscientes.
Analogicamente, em Descartes vemos dois constitutivos ontológicos da dúvida: “inteligência e
vontade”. Descartes dispensara a animalidade do homem reduzindo-o à consciência imediata,
enquanto para Fromm a dúvida surge originalmente, pelas contradições existenciais que
impulsionam a evoluir a partir do nascimento da cultura e do indivíduo. De forma simplificada e de
maneira psicológica, ele inverte a formulação do cogito cartesiano (“duvido, logo penso; penso,
2
Para Fromm, a vontade não é mais do que expressão do caráter, formado pelas experiências sociais, especialmente na
infância e modificável até certo ponto através de novas influências. Sobre a determinação da vontade, ver FROMM,
1970, p.197-8.
A dúvida radical só pode ser formulada por um caráter biofílico, que confia em sua própria razão e é capaz de amar
tanto a si mesmo como ao seu próximo. Quando o caráter biofílico assume dimensões políticas institucionais, ele é
chamado de “caráter revolucionário” (FROMM, 1986c).
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logo existo”) afirmando que: se existo como indivisível, isto é, se não alienei minha personalidade
no “Aquilo”, então posso pensar - posso fazer uso de minha razão questionando os valores
preconcebidos socialmente (FROMM, 1983c, p. 170). Noutros termos, se reconheço minha
existência total duvidando de todas as ideias que não foram criadas pela minha própria existência
individual, então reconheço o que me é essencialmente intrínseco e anterior a tudo: a capacidade
natural de desenvolver a razão.
Na referida introdução da obra de Illich, Erich Fromm releva a importância da teoria
psicanalítica na postura filosófica da dúvida radical. Ele faz da orientação científica da objetividade
uma questão de sanidade mental, delineando quando necessário a diferença psicológica entre
pensamento inconsciente e a realidade do fato objetivo. Conforme ele próprio diz, “sem um
entendimento dos processos inconscientes, é difícil apreciar o caráter relativo, e com frequência
acidental, de nossos pensamentos conscientes” (FROMM, 1988, p. 53). Assim, Fromm orienta a
reflexão ético-humanista a considerar sobremaneira a existência do inconsciente:
“Este questionamento radical... só poderá ser empreendido se o indivíduo abrir o leque de
sua consciência, a fim de penetrar nos aspectos inconscientes de seu próprio pensamento. A
dúvida radical é um ato desvendador e revelador; o raiar da consciência é que desvenda a
nudez do Imperador, mostrando que suas vestes esplêndidas não passam de produtos de
nossa fantasia.” (ILLICH, 1975, p. 5 e 6)
Aqui ele supõe uma metáfora psicológica com o famoso conto de Anderson, “A Roupa do
Imperador” (FROMM, 1986c, p. 126). Interpretando a analogia, na história, um rei (pensamento
consciente do eu) é enganado por falsos costureiros que roubam o ouro com o qual lhe seria feita
uma luxuosa vestimenta (conceito ideológico). O rei enganado, junto aos súditos do império, que
compartilham da mesma ilusão, acredita-se bem vestido, mesmo estando de fato nu. Somente uma
criança espontânea (consciência humanista não contaminada pelo caráter autoritário) descobre a
verdade e revela a nudez real.
Destarte, o radicalismo crítico apenas é exercitado se se expande a consciência pelos
caminhos inconscientes da psique, “desvendando e revelando” a verdadeira natureza humana. A fim
de que a dúvida seja radical sobre todas as ideias, o indivíduo deve antes ter sua mente lúcida e
racional, sendo então capaz de curar-se da neurose subjacente aos conceitos ideológico-burgueses.
Por conseguinte, as ciências humanas descendem - enquanto faculdades da razão - de uma adequada
e amadurecida estrutura do sistema de orientação psíquica, que é originado pela necessidade
existencial do ser humano de estar em contato com o mundo objetivamente. Logo, para Fromm, o
sábio (aquele que sabe objetivamente) é psíquica e psicologicamente saudável. E isso se esclarece
bem em sua obra Psicanálise da Sociedade Contemporânea. Mais especificamente, fazendo uma
citação direta, nas palavras do filósofo psicanalista:
“Em última análise, tudo a respeito da orientação científica é realmente uma questão de
sanidade; ou seja, saber a diferença entre fato e pensamento, entre realidade e experiência
subjetiva. Se a análise (psicoterápica) produz algum efeito, será o de gradativamente fazer
a pessoa descartar-se de seu próprio narcisismo, isto é, de uma confusão entre fatos e
desejos subjetivos.”
“No que toca às provas, trata-se em grande parte do que eu chamaria (...) uma questão de
consciência científica. É perfeitamente verdade que nos campos onde se pode medir e
pesar, talvez o indivíduo seja menos tentado a tapear do que em outro onde não se pode
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pesar nem medir - embora todos saibamos nada haver de mais tentador sobre mentir do que
estatísticas por estas poderem ser tão facilmente manipuladas.” (EVANS, 1967, p. 78-9) 3
A objetividade, em nível psicológico, é o polo oposto do narcisismo; é a capacidade da
pessoa de perceber a realidade exterior aos processos do seu próprio pensamento e de seus
sentimentos; é a realidade do mundo como existindo em suas próprias condições e necessidades
(FROMM, 1983c, p.47-8). Se por um lado o método científico exige objetividade e realismo, exige
também, por parte da pessoa do cientista, coerência com a atitude científica, isto é: “renúncia a
todas as esperanças de onipotência e onisciência”. Embora a maioria dos ocidentais tenha estudado
o método científico, nunca foi realmente sensibilizada por ele, permanecendo como meramente
técnica. Isso é o que Fromm quer dizer quando afirma que
“a ciência criou um novo objeto para o narcisismo - a técnica. O orgulho narcisista do
homem em ser o criador de um mundo de coisas dantes não-sonhado, o descobridor do
rádio, televisão, força atômica, viagem espacial, e até em ser o destruidor potencial do
globo inteiro, deu-lhe um novo objeto para o auto engrandecimento narcisista.” (FROMM,
1981, p. 93-4)
À parte do radicalismo humanista, existe o fenômeno da dúvida irracional, manifestado
comumente nas pessoas de uma sociedade de caráter necrófilo. Quando se aceitam passivamente
conceitos e valores da sociedade à qual se pertence, não mais se vive em função dos próprios
pensamentos e sensibilidade. Torna-se uma personalidade automatizada, cujos objetivos não são
mais que abstrações. Segundo Fromm, a noção de realidade só se desenvolve quando está
engendrada com a totalidade daquilo que é observável e manejável concretamente.
“O verso famoso de Gertrude Stein: ’uma rosa é uma rosa’, é um protesto contra essa forma
abstrata de estipular as coisas; para a maioria das criaturas, uma rosa não é precisamente
uma rosa, mas uma flor de certo nível de preço a ser comprada em certas ocasiões sociais;
até a mais formosa flor, se é silvestre e não custa nada, não é apreciada por sua beleza,
comparada com a da rosa, mas por seu valor câmbio.” (FROMM, 1983c, p.171)
Dissolve-se, desse modo, o quadro concreto de referência nas proporções humanas,
biológicas e espirituais. Com a falta de integração da personalidade total, a pessoa alienada
ideologicamente perde o contato íntimo consigo mesma e com as demais. Isso gera um profundo
sentimento de angústia e impotência, devido à incapacidade narcisista de experimentar a realidade
de forma objetiva. Então, uma vez desconectadas da consciência humanista, as pessoas passam a
assumir uma atitude de indiferença ética, em que tudo é duvidoso. E o resultado dessa crescente
dúvida no poder de verdade da razão (ou o desmerecimento das próprias forças benignas) declina-se
em uma postura relativista, que leva os homens a crer na confusão moral estabelecida, para a qual o
julgamento dos valores éticos se torna falsamente questão de gosto arbitrário e sem nenhuma
validade real possível (FROMM, 1970, p.15 e 171-2).
Num penhorado esforço intelectual de desmascaramento das ideologias socioeconômicas,
Fromm quer estimular ao máximo o dom benigno da humanidade de cada um: a capacidade de amar
a vida com plenitude. Mas qual o procedimento indicado que garanta resultado de sucesso? Das
alternativas metodológicas utilizadas por ele (ciências da psicanálise e sociologia, a psicoterapia
3
Parêntese e destaque em itálico meus.
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clínica, a práxis política etc.), é imprescindível, e conclusivamente, observar o aspecto filosófico
básico de sua obra.
O critério de investigação filosófica da ideologia em que Fromm se apoia é, precisamente,
a dúvida elevada ao radicalismo humanista, cuja finalidade política é curar moralmente a sociedade
autoritária. O método é apresentado na já referida “Introdução” ao livro de Illich, podendo esta ser
considerada como o ângulo filosófico da leitura de seus livros – inclusive os anteriores, posto que
todos eles convergem para a mesma atitude crítico humanista que separa o erro da verdade. Por sua
vez, há nesse texto uma preciosa interrogativa que traduz a orientação do método e pode conduzir o
leitor à compreensão última do valor ético de cada conceito e pensamento de Erich Fromm:
“o radicalismo humanista questiona toda ideia e toda instituição do seguinte ponto de vista:
esta ideia ou instituição contribui para aumentar ou para reduzir a capacidade que tem o
homem de se abrir ainda mais para a vida e para a alegria?” (ILLICH, 1975, p. 5-6)
3. O Conceito de Objetividade do Saber
Ao lado do amor espontâneo, a razão integral é o expoente máximo da evolução
antropológica. Ela representa a conclusão do processo de nascimento da psique humana; através da
plenitude da razão o homem é capaz de satisfazer a necessidade básica de reintegração e unidade
com a natureza, com o semelhante e consigo mesmo. O conhecimento objetivo da realidade liquida,
então, com as dúvidas fragmentantes, aquelas que provocam a insuportável sensação de isolamento.
Em busca da harmonia perdida com o todo, na tentativa de eliminar as dicotomias congênitas à
existência, o ego se identifica, na forma regressiva, com a totalidade de sua natureza humana, mas
apenas com uma parte de si mesmo, de suas faculdades, a exemplo da divisão do corpo e da alma.
Não se pode entender que o antagonismo corpo versus alma advém necessariamente com o parto
biológico, visto que há práticas religiosas, como o Zen-budismo, que não possuem este
antagonismo. Neste caso, Fromm o situaria como sendo um conflito ideológico, cultural e
historicizado.
“as condições sociais influem nos fenômenos ideológicos por intermédio do caráter
(social); o caráter, por outro lado, não é o resultado do ajustamento passivo às condições
sociais, porém de um ajustamento dinâmico baseado em elementos que ou são
biologicamente inerentes à natureza humana ou então se tornaram inerentes em
consequência da evolução histórica.” (Parêntese e esclarecimento meus. In: FROMM,
1983b, p.235)
É pois com o desabrochar da capacidade racional, e uma consequente e satisfatória
resposta de vida às exigências universais da natureza humana, que se resolvem os conflitos
psíquicos de fragmentação existencial. É bom relembrar que, para Fromm, em absoluto, nenhuma
resposta estabeleceria conceitualmente uma possível essência metafísica do homem, pois “o que
constitui a essência é a pergunta e a necessidade de uma resposta” (FROMM, 1981, p.131).
Contudo, nem toda resposta é satisfatória; se ela consegue de fato transcender o sentimento original
de separação e alcançar o oposto, de unidade e de relacionamento, então será uma resposta
“progressiva”.
Mas, a linguagem simbólica, que busca exprimir o conhecimento objetivo de uma
determinada experiência da realidade, tem seus limites. A ponte entre o substrato da experiência e o
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conceito que lhe é subjacente está sujeita a tornar-se insólita e ideológica, por vários motivos: um,
porque, como estudado antes, o homem tem medo de comprometer-se totalmente com a
experiência; depois, porque nenhum conceito consegue expressar de forma cabal a vivência
humana. As palavras apenas descrevem, mas não transferem a inalienável vivência da realidade. O
“ter” refere-se a coisas, e mesmo a persona (o eu que se apresenta socialmente) é em si mesma uma
coisa e como tal pode ser descrita e definida. Diferentemente, a maneira de “ser”, do “homem
vivo”, é inefável; mas o conhecimento intuitivo que percebe esta maneira pode ser comunicável
num processo de mútuo relacionamento vivo, entre duas pessoas que superam a barreira da
separação através da “dança da vida”4 (FROMM, 1987, p. 96), do desapego das posses e com
renúncia do egocentrismo. Veja-se o que diz o autor sobre a intransferível experiência de conteúdos
vivenciais:
“Isso ocorre necessariamente porque as experiências pessoais jamais são idênticas:
assemelham-se apenas o suficiente para permitir o uso de um símbolo ou conceito comum.
(Na verdade, nem mesmo a experiência de uma pessoa é sempre exatamente idêntica, em
diferentes ocasiões, porque ninguém é exatamente a mesma pessoa em dois momentos
diferentes de sua vida).” (FROMM, 1988, p. 21)
Além disso, o ser humano, devido às limitações de sua existência, busca
desesperadamente alcançar um conhecimento completo acerca da realidade, mas, jamais o terá,
sendo apenas possível um conhecimento fragmentário. Todavia, a intensidade do desejo de certeza,
de totalidade unificadora, o leva a manufaturar elementos fictícios com o objetivo de desenvolver
um todo sistemático. Esse mesmo fenômeno ocorre na ideologia política, quando tende a preservar
as normas da desigualdade socioeconômica vigente, salientando-as como normas universais
decorrentes das necessidades básicas da natureza humana. Dessa regra psicológica, Fromm assim
entende, por exemplo, o caso da Revolução Francesa; enquanto “a burguesia lutava pela sua
liberdade, sofria a ilusão de que lutava pela liberdade e felicidade universais, como princípios
absolutos, aplicáveis portanto a todos os homens” (FROMM, 1987, p. 21-2).
Igualmente, na ideologia religiosa, o homem é atormentado por um anseio do absoluto,
quando se sente impelido pela contradição de sua existência a sobrepujar essa cisão interior. Ele
pode querer encontrar dentro da sua sociedade uma harmonia alternativa e falsamente
transcendental que o reúna à Natureza, aos seus semelhantes e a si mesmo. É dessa maneira que o
Fromm materialista ou, mais propriamente, o Fromm de aguda religiosidade não-teísta (FROMM,
1988, p. 12 e 180), justifica a necessidade humana de se criar Deus. Segundo ele, o devotamento a
um objetivo, a uma ideia ou a um poder transcendente ao homem, como Deus, é uma expressão
dessa necessidade de perfeição no processo de viver (FROMM, 1970, p.49).
“Creio que o conceito de Deus foi uma expressão, historicamente condicionada, de uma
experiência interior. Posso compreender o que a Bíblia ou as pessoas realmente religiosas
querem dizer quando falam de Deus, mas não concordo com seu conceito-pensamento.
Parece-me que o conceito ’Deus’ foi condicionado pela presença de uma estrutura
sociopolítica na qual os chefes tribais, ou reis, dispõem do poder supremo. O valor supremo
é conceitualizado como análogo ao poder supremo na sociedade.” (FROMM, 1988, p.20)
4
O autor não define o que entende por “dança da vida”.
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Outro obstáculo a uma crítica radical reside na orientação mercantil que o materialismo
burguês impõe ao valor de verdade. Certo de que a busca da verdade está arraigada nos interesses e
necessidades dos indivíduos e grupos sociais, numa sociedade consumista e desumana, o
conhecimento torna-se quase sempre um instrumento com fins de dominação de classe (FROMM,
1983b, p. 198). Quando o conhecimento transforma-se numa mercadoria, o homem se vê alienado
de sua força produtiva, na acepção de verdade alcançada pela razão, cujo único fim é o
desenvolvimento das próprias capacidades. Nas palavras do próprio psicanalista, “À orientação do
caráter, que tem suas raízes na impressão de que se é também ’mercadoria’ e do valor pessoal de cada um
como um valor de troca, cognominarei orientação mercantil” (FROMM, 1970, p. 66). Fromm constata,
inclusive, um enorme entusiasmo atual por conhecimentos e educação, porém ao mesmo tempo um
menosprezo ético e emotivo com o saber que “só” se preocupa com a verdade em si mesma, sem
nenhum valor de troca no mercado (FROMM, 1970, p. 72-3).
Disso não foge a Psicologia, que, antes, na tradição ocidental, era conhecimento
indispensável para a verdade de si mesmo no trilho rumo à felicidade e à sabedoria. Mas degenerouse em um instrumento para melhor manipulação política, ajudando a pesquisa de mercado, a
publicidade, o controle comportamental das massas etc. A grande popularidade da psicologia,
embora revele interesse pelo conhecimento do homem, também se tornou um substituto final do seu
objetivo primeiro: ser um conhecimento terapêutico para levar a pessoa a ser inteiramente capaz de
conhecer o “segredo” de sua realização absoluta na arte de amar (FROMM, 1970, p. 72-3, e
FROMM, 2000, p. 133).
Para Fromm, uma ciência antropológica objetiva pode descrever a solução real para o
problema filosófico da fragmentação da existência humana: “O verdadeiro problema está em
deduzir a essência comum a toda raça humana das inumeráveis manifestações da natureza humana,
tanto normais quanto patológicas, como as podemos observar nos diversos indivíduos e diferentes
culturas” (FROMM, 1983c, p. 27 e FROMM, 1970, p. 94). Mediante tal ciência é possível então
descobrirem-se as leis psíquicas universais da natureza humana. A Antropologia psicológica
empírica, presumidamente, é capaz de encontrar um padrão objetivo do bem; de forma a poder
concretizar o sonho de Fromm: mostrar à sociedade doente o caminho certo da sanidade moral
humanista. Considerando que, para ele, o conhecimento das necessidades psíquicas básicas não se
restringe a nenhum tipo de pensamento intelectual, Fromm, assim, não invalida a eficácia da
ciência; apenas a considera em seu valor secundário porque inadequada ao “segredo” inefável da
alma humana5. Diz ele: “o problema do sentimento de identidade (de sentir-se como autor e objeto de suas
próprias ações) não é, como geralmente se supõe, um mero problema filosófico, o que afeta com
exclusividade a mente e o pensamento”6 (FROMM, 1983c, p. 72).
Se o homem fosse puro intelecto e sem corpo ele facilmente realizaria seus objetivos
mediante todo tipo de teorias. Acontece que isso não é verdade, logo, para o seu pleno nascer e sua
felicidade, ele tem de reagir à dicotomia de sua existência na infinita dinâmica de viver, em seus
sentimentos e ações, não só em pensamentos. Na esfera do pensamento, a orientação produtiva se
manifesta através de uma compreensão objetiva do mundo pela razão. No âmbito da ação essa
orientação se revela com o trabalho produtivo. E no campo do sentimento a produtividade se
manifesta mediante o amor verdadeiro; amor que implica responsabilidade, zelo e aptidão em
conhecer profunda e objetivamente a criatura amada, de forma a respeitar a outra pessoa e não lhe
projetar os desejos e temores psicológicos. Como diz Erich Fromm, a felicidade embora seja uma
5
6
Para uma crítica contrária, ver também: SCHAAR, 1965, p. 41.
Parêntese e esclarecimento meus.
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experiência subjetiva, é, no entanto, fruto de interações com o corpo, o estado mental e a vida
econômica e social, que por sua vez dependem de condições objetivas. Logo, a verdadeira alegria
não pode ser confundida com a experiência meramente subjetiva de prazer (FROMM, 1970, p. 151
e 208)7
Em suas palavras, sobre o conhecimento científico, o amor ao conhecimento e o
conhecimento de amor, diz ele:
“O anseio de nos conhecer e de conhecer o outro foi expresso no lema élfico de ‘conheça a
ti mesmo’. É essa a fonte primária de toda psicologia. Mas como o desejo é o de conhecer
todo o homem, seu segredo mais recôndito, esse desejo nunca poderá ser satisfeito por um
conhecimento comum, por um conhecimento através apenas do pensamento. Mesmo que
soubermos mil vezes mais de nós, nunca chegaremos ao fundo, continuaremos a ser um
enigma para nós mesmos, assim como o outro permanecerá um enigma para nós. A única
forma de alcançar o pleno conhecimento é o ato de amar, um ato que transcende o
pensamento, que transcende as palavras. Ele é um mergulho ousado na experiência da
união. No entanto, o conhecimento pelo pensamento, isto é, o conhecimento psicológico, é
uma condição necessária do pleno conhecimento no ato de amar. Eu tenho de conhecer a
outra pessoa e a mim mesmo de modo objetivo, a fim de ser capaz de ver sua realidade, ou
melhor, de superar as ilusões, o quadro irracionalmente distorcido que tenho dela. Somente
se eu conhecer o ser humano de forma objetiva, posso conhecê-lo em sua essência última,
no ato de amar.” (FROMM, 2000, p. 39)
4. Conclusão
Por tudo o que foi dito, deduz-se que a capacidade de usar a razão é, sobretudo, um fator
secundário na orientação produtiva. Porém, quando essa razão acresce-se do ato de amar além de si
próprio – que é a mais importante orientação biofílica do homem, manifesta-se a mais profunda e
verdadeira revelação da alma humana, aquilo que Fromm chama de “autenticidade” (EVANS,
1967, p. 36), única nos indivíduos integrais e totalmente realizados enquanto humanidade.
O conceito de saúde mental caracteriza-se pelo fenômeno da autenticidade, indistinto das
várias condições culturais da existência humana. Em qualquer lugar ou época encontrar-se-iam
pessoas cujo pleno desabrochar dos poderes intrínsecos faria delas grandes mestres espirituais da
raça humana. Todas elas falariam por linguagens e costumes certamente diferenciados, contudo
postulariam sistemas éticos e normas universalmente objetivas para uma vida sadia (FROMM,
1983, p. 329); normas conduzidas pela fé antropofilosófica na natureza essencial de Eros. E é na
espontaneidade que se descobre a humana arte de viver; uma vez que viver é em si mesmo uma arte
e “na arte de viver, o homem é simultaneamente o artista e o objeto de sua arte” (FROMM, 1970, p.
26).
“Em verdade, o artista pode ser definido como um indivíduo capaz de expressar-se
espontaneamente. Se esta fosse a definição de artista - Balzac definiu-o exatamente dessa
maneira -, então certos filósofos e cientistas teriam de ser chamados de artistas também...
As crianças pequenas apresentam outro caso ilustrativo de espontaneidade.” (FROMM,
1983b, p.206).
7
Para algumas referências da relação de unidade entre pensamento, emoção e práxis, ver FROMM, 1970 p.49 e 139; e
também FROMM, 1983c, p.44-5 e 262.
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O Valor Espiritual da Razão, segundo Erich Fromm
julho de 2013
Nos verdadeiros atos espontâneos os poderes do amor e da razão fazem de toda psique
plenamente saudável um indivíduo moralmente bom, sábio e santo; tal como o biófilo puro8. Veja o
que diz Erich Fromm:
“Este conceito de saúde mental coincide essencialmente com as normas postuladas pelos
grandes mestres espirituais da humanidade. Esta coincidência parece, a alguns psicólogos
modernos, uma prova de que as nossas premissas psicológicas não são ’científicas’, mas
’ideais’, filosóficas ou religiosas. Eles encontram, aparentemente, dificuldade em chegar à
conclusão de que os grandes ensinamentos de todas as culturas se basearam em um
conhecimento racional da Natureza humana e nas condições necessárias ao seu pleno
desenvolvimento. Esta última conclusão parece estar também mais de acordo com o fato de
os iluminados terem, nos pontos mais diversos deste mundo e em épocas muito diferentes
da História, formulado as mesmas normas sem nenhuma ou com remotíssima influência
entre si. Icnatão, Moisés, Confúcio, Lao-tsé, Buda, Isaías, Sócrates e Jesus postularam as
mesmas normas para a vida humana, com diferenças somente muito pequenas e
insignificantes.” (FROMM, 1983c, p.78)
5. Referências
- ADORNO, T. W. Educação após Auschwitz. In: Educação e emancipação. Tradução de
Wolfgang Leo Maar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.
- BECKER, Ernest. A Negação da Morte. Tradução de Luiz Carlos do Nascimento Silva. Rio de
Janeiro: Record, sem data (original de l973).
- EVANS, Richard I. Diálogo com Erich Fromm. Tradução de Octávio Alves Velho. Rido de
Janeiro: Zahar, 1967.
- FROMM, Erich.
____ Análise do Homem. Tradução de Octávio Alves Velho. 7ª Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1970.
____ Anatomia da Destrutividade Humana. Tradução de Marco Aurélio de Moura Matos. 2ª Ed.
Rio de Janeiro: Guanabara, 1987.
____ A Arte de Amar. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
____ Conceito Marxista do Homem. Tradução de Octávio Alves Velho. 8ª Ed. Rio de Janeiro:
Zahar, 1983.
Inclui: Manuscritos Econômicos e Filosóficos, de Karl Marx.
____ Crise da Psicanálise - ensaios sobre Freud, Marx e Psicologia Social. Tradução de Álvaro
Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1971.
____ Do Amor à Vida. Tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1986.
Inclui os artigos do autor:
Afluência e Tédio em Nossa Sociedade
A Importância Atual dos Profetas Para Nós
8
“Há uma pequena minoria... em que não se registra traço algum de necrofilia, que são os biófilos puros: ...Albert
Schweitzer, Albert Einstein e o Papa João XXIII colocam-se entre os exemplos mais recentes e mais conhecidos dessa
minoria.” FROMM, 1987a, p. 488.
“O amor à vida se desenvolverá mais numa sociedade onde houver: segurança, no sentido das condições materiais
básicas para uma vida digna não estarem ameaçadas; justiça, no sentido de ninguém poder ser um fim para os objetivos
de outrem; e liberdade, no sentido de cada homem ter possibilidade de ser um membro ativo e responsável da
sociedade.” FROMM, 1981, p.57.
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O Valor Espiritual da Razão, segundo Erich Fromm
julho de 2013
Em Nome da Vida: um retrato através do diálogo
Os Sonhos São a Linguagem Universal do Homem
Psicologia Para Não Psicólogos
Quem é Homem?
Hitler - Quem Era e o que Constituiu a Resistência Contra Ele?
____ et alii. Zen-Budismo e Psicanálise. Tradução de Octávio Alves Velho. São Paulo: Cultrix,
sem data (original de 1960).
____ Meu Encontro Com Marx e Freud. Tradução de Waltensir Dutra. 7ª Ed. Rio de Janeiro:
Guanabara, 1986.
____ O Coração do Homem - seu gênio para o bem e para o mal. tradução de Octávio Alves
Velho. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1981.
____ O Dogma de Cristo - e outros ensaios sobre religião, psicologia e cultura. Tradução de
Waltensir Dutra. 5ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.
Inclui os artigos do autor:
Das Limitações e Perigos da Psicologia
O Caráter Revolucionário
____ O Espírito de Liberdade. Tradução de Waltensir Dutra. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara,
1988.
____ O Medo à Liberdade. Tradução de Octávio Alves Velho. 14ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara,
1983.
____ Psicanálise da Sociedade Contemporânea. Tradução de E. A. Bahia e Giasone Rebuá. 10ª
Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.
____ Ter ou Ser? Tradução de Nathanael C. Caixeiro. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987.
- ILLICH, Ivan. Celebração da Consciência. Petrópolis, RJ; VOZES, 1975.
- SCHAAR, John H. O Mundo de Erich Fromm. Tradução de Waltensir Dutra. Rio de Janeiro:
Zahar, 1965.
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