No 35 Agosto/2014 Centro de Farmacovigilância da UNIFAL-MG Site: www2.unifal-mg.edu.br/cefal Email: [email protected] Tel: (35) 3299-1273 Equipe editorial: prof. Dr. Ricardo Rascado; profª. Drª. Luciene Marques; Larissa Paiva; Marcela Forgerini. Comissão do Senado aprova liberação de inibidores de apetite A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado neste mês um projeto de decreto legislativo para suspender a resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) que proibiu a comercialização de inibidores de apetite feitos à base de anfetamina. O projeto, que já foi aprovado pela Câmara em abril, seguirá para votação do plenário do Senado. Caso ratificado seguirá para promulgação pelo Congresso e não vai precisar de sanção presidencial. A proposta, de autoria do deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), suspende a proibição imposta em 2011 pela ANVISA. A norma proibiu a venda no Brasil de medicamentos à base de anfepramona, femproporex e mazindol e impôs restrições à comercialização e ao registro da sibutramina, um dos remédios mais vendidos atualmente para redução do apetite. Caso o projeto seja promulgado, as restrições à sibutramina também serão suspensas. Entre outras exigências, os profissionais de saúde e pacientes, desde 2011, devem assinar um termo de responsabilidade em três vias e apresentar na hora da compra da substância. Além disso, drogarias e laboratórios são obrigados a notificarem a agência sobre efeitos adversos relacionados ao uso do medicamento. A relatora do projeto, Lúcia Vânia (PSDB-GO), disse que a norma da ANVISA contraria um “posicionamento quase unânime dos médicos”. Segundo ela, entidades da área de saúde e usuários foram favoráveis à suspensão da restrição durante audiências públicas realizadas pelo Senado. “Todos são favoráveis a que nós deixemos que a decisão seja tomada pelo médico” e "Não se sustenta o argumento de que esses medicamentos podem causar efeitos colaterais graves. Qualquer fármaco é passível de gerar reações indesejadas", afirmou a senadora durante a sessão. Lúcia Vânia citou pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde segundo a qual, em 2011, 48% da população brasileira estava com excesso de peso. No ano seguinte, o índice saltou para 51%. “A proibição desses medicamentos reduziu as opções terapêuticas contra a obesidade”, declarou. O presidente da CCJ, do Rêgo (PMDB-PB), que é médico, foi favorável ao projeto. Segundo ele, a agência de vigilância “extrapolou o limite da sua competência”. “A ANVISA pode muito, mas não pode tudo”, afirmou. “Essa medida colocou em risco 51% da população brasileira que tem sobrepeso e que, sem uma medida eficaz como a dos inibidores de apetite, estão submetidas não apenas à obesidade mórbida, mas à hipertensão, à diabetes, ao câncer”, justificou o senador. Também médico, o senador Humberto Costa (PT-PE), foi contrário. A suspensão da norma da ANVISA, segundo ele, é uma decisão “esdrúxula e injustificável”. Ele ainda alertou para o “interesse de grandes conglomerados 1 farmacêuticos em querer expor a saúde da população brasileira”. "O que cabe é que se aprofundem os estudos sobre a utilização desses medicamentos, que se façam fóruns junto à ANVISA para discutir esses estudos e, a partir daí, poder fazer com segurança uma liberação para a utilização desses medicamentos", criticou Costa, que é médico. “Estamos aqui tomando uma decisão da mais absoluta gravidade, com repercussões profundamente sérias para a política de regulação sanitária no nosso país.” Referências bibliográficas Revista Exame - CCJ aprova liberação da venda de inibidores de apetite. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/c cj-aprova-liberacao-da-venda-deinibidores-de-apetite-2> Acesso em 19 de julho de 2014. Revista Veja - Comissão do Senado derruba veto a inibidores de apetite. Disponível em: < http://veja.abril.com.br/noticia/saude/libera cao-de-inibidores-de-apetite-avanca-nosenado> Acesso em 20 de julho de 2014. 2