Preencha com seu nome e número de matrícula os espaços indicados na capa deste caderno. Esta prova contém 45 questões objetivas e uma proposta de redação, e terá duração total de 4 horas. Para cada questão, o candidato deverá assinalar apenas uma alternativa. Com caneta de tinta azul ou preta, assine a Folha de Respostas e marque a alternativa que julgar correta. O candidato somente poderá entregar a folha de respostas e sair do prédio depois de transcorridas 3h30, contadas a partir do início da prova. Nome: Nº Matrícula: 2 No contexto em que estão empregados, os termos assenhorando, sórdido e soturno significam, respectivamente, (A) tomando, esquecido e sombria. (B) elevando, infame e assustadora. (C) apoderando, repugnante e lúgubre. (D) emprestando, apagado e calada. (E) apossando, único e noturna. Leia o soneto de Augusto dos Anjos para responder às questões de números 04 a 06. (http://educacao.uol.com.br. Adaptado.) O Morcego Para que a fala do pescador seja coerente, as lacunas do primeiro balão devem ser preenchidas, de acordo com a norma padrão da língua portuguesa, com: Meia-noite. Ao meu quarto me recolho. Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede: Na bruta ardência orgânica da sede, Morde-me a goela ígneo e escaldante molho. (A) bocão – homenzão – rapagão. (B) bocona – homão – rapazão. (C) bocarra – homenzão – rapazão. “Vou mandar levantar outra parede...” Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho, Circularmente sobre a minha rede! (D) bocarra – homenzarrão – rapagão. (E) bocão – homenzarrão – rapazão. Pego de um pau. Esforços faço. Chego A tocá-lo. Minh’alma se concentra. Que ventre produziu tão feio parto?! Leia o texto para responder às questões de números 02 e 03. Os temas científicos, que já ao tempo do Parnasianismo haviam interessado a alguns poetas, vieram a encontrar em Augusto dos Anjos o seu grande explorador. Assenhoreando-se de um vocabulário pertencente às ciências e às técnicas, incorporando a temática do macabro, imbuindo-se de filosofia materialista, Augusto dos Anjos caldeou tudo isso em argamassa de extremado pessimismo e fez do lado sórdido, negativo ou carcomido da vida a fonte de seu canto. A obsessão do próprio eu, a penetração a fundo na própria personalidade foi a constante de toda a sua atividade criadora, e a consciência da morte, ou melhor, do aniquilamento absoluto era a soturna voz que lhe perpassava o poema. A Consciência Humana é este morcego! Por mais que a gente faça, à noite, ele entra Imperceptivelmente em nosso quarto! (Augusto dos Anjos. Obra Completa, 1994.) São recursos expressivos e tema presentes no soneto, respectivamente, (A) metáforas e a situação de íntimo conflito do eu lírico. (Afrânio Coutinho. A Literatura no Brasil, 1999. Adaptado.) (B) hipérboles e a ideia de que a morte é certa e irreversível. (C) eufemismos e o confronto do eu-poemático com sua consciência. Com a metáfora Augusto dos Anjos caldeou tudo isso em argamassa de extremado pessimismo −, o autor (D) prosopopeias e a confirmação de que a humanidade é miserável (A) enfatiza a aura de negativismo que toma toda a obra de Augusto dos Anjos. (E) antíteses e a contraposição entre o real e o imaginário. (B) mostra um lado até então desconhecido da obra de Augusto dos Anjos. Passando todos os verbos do 9º verso para o mesmo modo, número e pessoa verificados na conjugação do verbo vede (2º verso), temos, respectivamente, (C) revela a herança parnasiana que permeia a obra de Augusto dos Anjos. (D) considera a referência a termos científicos que notabiliza a obra de Augusto dos Anjos. (A) pegue – faça – chegue. (B) peguemos – façamos – chegamos. (E) diferencia a obra de Augusto dos Anjos de todas as demais. (C) pegamos – fazemos – chegamos. (D) pegaram – fizeram – chegaram. (E) pegai – fazei – chegai. 3 De acordo com o texto, é correto afirmar que Considerando a sintaxe da língua portuguesa, podemos afirmar que a ordem direta dos termos é observada apenas em (A) a menina contou ao cronista que não conseguira vender nenhuma flor naquele dia. (A) Ao meu quarto me recolho. (B) o narrador ficou muito tempo a olhar o vulto da menina que se perdia na escuridão da noite. (B) Morde-me a goela ígneo e escaldante molho. (C) Esforços faço. (C) a cadeia do Rio de Janeiro, segundo depoimentos de testemunhas, não recebe aproveitadores de meninas. (D) Que ventre produziu tão feio parto? (D) o narrador leu a notícia sobre as providências da polícia no jornal em que trabalha. (E) A consciência humana é este morcego! (E) vários leitores perguntaram ao cronista por que ele se envolvia com um assunto desses. Leia o texto para responder às questões de números 07 a 11. Não sei que jornal, há algum tempo, noticiou que a polícia ia tomar sob a sua proteção as crianças que aí vivem, às dezenas, exploradas por meia dúzia de bandidos. Quando li a notícia, rejubilei. Porque, há longo tempo, desde que comecei a escrever, venho repisando este assunto, pedindo piedade para essas crianças e cadeia para esses patifes. A estrutura do texto mescla elementos dissertativos, a propósito da prostituição infantil, com uma parte propriamente narrativa que focaliza certos fatos vividos diretamente pelo narrador, da qual é exemplo o trecho: Mas os dias correram. As providências anunciadas não vieram. Parece que a piedade policial não se estende às crianças, e que a cadeia não foi feita para dar agasalho aos que prostituem corpos de sete a oito anos… E a cidade, à noite, continua a encher-se de bandos de meninas, que vagam de teatro em teatro e de hotel em hotel, vendendo flores e aprendendo a vender beijos. (A) […] me pergunte o que é que eu tenho com a vida das crianças […]. (B) Parece que a piedade policial não se estende às crianças […]. (C) […] enquanto o mundo for mundo e enquanto houver meninas […]. Anteontem, por horas mortas, quando saía de um teatro na rua central da cidade, vi sentada uma menina, a uma soleira de porta. Ao lado, a sua cesta de flores murchas estava atirada sobre a calçada. (D) Não penseis que me iluda sobre a eficácia das providências […]. (E) O seu vulto fugia já, pequenino, quase invisível na escuridão. Pediu-me dez tostões, chorando. Perdera toda a féria. Só conseguira obter, ao cabo de toda uma tarde de caminhadas e de pena, esses dez tostões — perdidos ou furtados. E pelos seus olhos molhados passava o terror das bordoadas que a esperavam em casa… Fiquei parado, longo tempo, a olhá-la. O seu vulto fugia já, pequenino, quase invisível na escuridão. Ainda de longe o vi, fracamente alumiado por um lampião, sumir-se, dobrando uma esquina. Segui o meu caminho, com a morte na alma. Olavo Bilac, autor da crônica, é bastante conhecido no contexto da literatura brasileira como poeta do (A) Modernismo, responsável pela volta dos valores clássicos. Ora — nestes tempos singulares em que a gente já se habituou a ouvir sem espanto coisas capazes de horrorizar a alma de Deiber —, é possível que alguém, encolhendo os ombros diante disto, me pergunte o que é que eu tenho com a vida das crianças que vendem flores e são amassadas a sopapos, quando não levam para casa uma certa e determinada quantia. (B) Arcadismo, que aprofundou as características do Barroco. (C) Parnasianismo, escola literária que buscava a perfeição formal. (D) Romantismo, período do império da razão. (E) Simbolismo, estilo marcado pela experimentação. Tenho tudo, amigos meus! Não penseis que me iluda sobre a eficácia das providências que possa a polícia tomar, a fim de salvar das pancadas o corpo e da devassidão a alma de qualquer dessas meninas. Bem sei que, enquanto o mundo for mundo e enquanto houver meninas — proteja-as ou não as proteja a polícia —, haverá pais que as esbordoem, mães que as vendam, cadelas que as industriem, cães que as deflorem! Considerando a regência verbal da norma-padrão da língua portuguesa, assinale a única versão correta construída com base no segmento nestes tempos singulares em que a gente já se habituou a ouvir. (Olavo Bilac [Gazeta de Notícias, 14.08.1894]. www.consciencia.org. Adaptado.) (A) Nestes dias complicados ao que muitos já passaram. (B) Nestas horas angustiantes às quais a gente já viveu. (C) Nesta época incerta que o povo todo já se referiu. (D) Nestes tempos difíceis de que a gente já ouviu falar. (E) Nestes momentos amargos para a qual muitos já falaram. 4 No trecho Perdera toda a féria. Só conseguira obter, ao cabo de toda uma tarde de caminhadas e de pena, esses dez tostões, os verbos perdera e conseguira estão flexionados no pretérito mais-que-perfeito do indicativo, em sua forma simples. A forma composta desse mesmo tempo e modo está na expressão destacada em: Um dos aspectos relevantes na construção de um texto dissertativo é a questão do ponto de vista. No texto, os verbos vincula-se e acredita-se, no último parágrafo, demonstram que (A) não há posicionamento efetivo do enunciador, quanto aos fatos, pelo emprego do verbo acreditar. (B) o enunciador se identifica completamente com os fatos focalizados, pelo sentido específico do verbo vincular-se. (A) A polícia tinha anunciado providências contra os bandidos. (B) A cidade, à noite, continua a encher-se de bandos de meninas. (C) as ações enfocadas se baseiam em pesquisas não identificadas, de forma que o enunciador é ambíguo. (C) O cronista vivia pedindo piedade para essas crianças. (D) há um distanciamento do enunciador com relação ao que expressa, pelo uso da terceira pessoa e do pronome se. (D) O cronista tem ameaçado, nos jornais, esses aproveitadores. (E) A menina acabou seguindo o seu caminho pela noite. (E) os efeitos de sentido acionados pelo pronome se obrigam o enunciador a se envolver mais no texto. Leia o trecho para responder às questões de números 12 e 13. A prostituição infantil cresce no Brasil e já atinge 500 mil meninas, envolvidas cada vez mais com drogas. Esse número expressa, com base em estimativa sobre a população brasileira em 1989 (147,4 milhões), a existência de uma menor prostituta entre cada 300 habitantes. Examine a tira. De acordo com pesquisas, uma das principais causas da entrada na prostituição é a gravidez precoce: mais de um milhão de mulheres menores de 19 anos são mães. Haveria 800 mil meninas de rua também suscetíveis, pela necessidade de sobrevivência, a entrar na prostituição. (http://adao.blog.uol.com.br) O que impulsiona, primordialmente, as crianças para a rua é a necessidade de gerarem renda, seja por meios aceitáveis socialmente ou por esquemas considerados marginais ou ilícitos. Muitas delas são ainda vítimas de uma prática atávica de serem trazidas do interior para servir como a primeira experiência sexual do filho do patrão. Bastante comum na fala coloquial, o modo de se empregar o pronome na fala da personagem – Maneiro encontrar tu! – também ocorre em: Vincula-se o aumento da prostituição infantil ao comércio de narcotráficos. Acredita-se que cresce o número de adolescentes que fazem uso “abusivo” de drogas, e a venda do corpo passa a ser um meio de manter o vício. (B) Quando o pessoal chegou na frente do prédio, viu ali ele com a namorada nova. (A) Aquele livro era para nós uma joia, pois tinha sido de nosso avô e de nosso pai. (C) Era uma situação embaraçosa e para eu me livrar dela seria bastante difícil mesmo. (Folha de S.Paulo, 25.10.1990.) (D) Todos tinham certeza de que ela ofereceria para mim o primeiro pedaço de bolo. (E) A todos volto a afirmar que entre mim e ti não existem mais rancores nem tristezas. O texto autoriza o leitor a concluir que (A) a iniciação sexual do filho do patrão envolve uma menor entre cada trezentos habitantes. (B) a prostituição infantil, em 1990, ainda não estava diretamente relacionada ao consumo de drogas. (C) a gravidez precoce e a luta pela sobrevivência são as causas principais da prostituição infantil. (D) a geração de renda, por meios marginais ou ilícitos, explica o consumo excessivo de drogas. (E) a manutenção do uso abusivo das drogas leva 800 mil meninas a entrar na prostituição. 5 Leia o texto para responder às questões de números 15 a 18. Um sarau é o bocado mais delicioso que temos, de telhado abaixo. Em um sarau todo o mundo tem que fazer. O diplomata ajusta, com um copo de champagne na mão, os mais intrincados negócios; todos murmuram, e não há quem deixe de ser murmurado. O velho lembra-se dos minuetes e das cantigas do seu tempo, e o moço goza todos os regalos da sua época; as moças são no sarau como as estrelas no céu; estão no seu elemento: aqui uma, cantando suave cavatina, eleva-se vaidosa nas asas dos aplausos, por entre os quais surde, às vezes, um bravíssimo inopinado, que solta de lá da sala do jogo o parceiro que acaba de ganhar sua partida no écarté, mesmo na ocasião em que a moça se espicha completamente, desafinando um sustenido; daí a pouco vão outras, pelos braços de seus pares, se deslizando pela sala e marchando em seu passeio, mais a compasso que qualquer de nossos batalhões da Guarda Nacional, ao mesmo tempo que conversam sempre sobre objetos inocentes que movem olhaduras e risadinhas apreciáveis. Outras criticam de uma gorducha vovó, que ensaca nos bolsos meia bandeja de doces que veio para o chá, e que ela leva aos pequenos que, diz, lhe ficaram em casa. Ali vê-se um ataviado dandy que dirige mil finezas a uma senhora idosa, tendo os olhos pregados na sinhá, que senta-se ao lado. Finalmente, no sarau não é essencial ter cabeça nem boca, porque, para alguns é regra, durante ele, pensar pelos pés e falar pelos olhos. Levando em conta o contexto em que floresceu a literatura romântica, as informações textuais refletem, com (A) ufanismo, uma vida social de bem-aventurança. (B) desprezo, a cultura de uma sociedade poderosa. (C) entusiasmo, uma sociedade frívola e hipócrita. (D) nostalgia, os valores de uma sociedade decadente. (E) amenidade, uma visão otimista da realidade social. Considerando os papéis desempenhados pelas personagens no texto, é correto afirmar que (A) o diplomata é oportunista; o velho, conservador; os rapazes usufruem exageradamente os prazeres da vida; e as moças são frívolas. (B) o diplomata é astuto; o velho, intimista; os rapazes usufruem a vida dentro de suas possibilidades; e as moças vivem de sonhos. E o mais é que nós estamos num sarau. Inúmeros batéis conduziram da corte para a ilha de... senhoras e senhores, recomendáveis por caráter e qualidades; alegre, numerosa e escolhida sociedade enche a grande casa, que brilha e mostra em toda a parte borbulhar o prazer e o bom gosto. (C) o diplomata é perspicaz; o velho, saudosista; os rapazes usufruem prazerosamente a vida; e as moças encantam a todos. (D) o diplomata é trapaceiro; o velho, desencantado; os rapazes usufruem a vida de modo fútil; e as moças investem tão-somente na beleza exterior. Entre todas essas elegantes e agradáveis moças, que com aturado empenho se esforçam para ver qual delas vence em graças, encantos e donaires, certo sobrepuja a travessa Moreninha, princesa daquela festa. (E) o diplomata é esperto; o velho, avançado; os rapazes usufruem a vida com parcimônia; e as moças vivem de devaneios. (Joaquim Manuel de Macedo. A Moreninha, 1997.) Assinale a alternativa em que a eliminação do pronome em destaque implica, contextualmente, mudança do sujeito do verbo. A forma como se dá a construção do texto revela que ele é predominantemente (A) dissertativo, com o objetivo de analisar criticamente o que é um sarau. (A) Ali vê-se um ataviado dandy [...]. (B) descritivo, com o objetivo de mostrar o sarau como uma festa fútil e sem atrativos. (B) [...] aqui uma, cantando suave cavatina, eleva-se vaidosa nas asas dos aplausos [...]. (C) narrativo, com o objetivo de contar fatos inusitados ocorridos em um sarau. (C) O velho lembra-se dos minuetes e das cantigas do seu tempo [...]. (D) descritivo, com o objetivo de apresentar as características de um sarau. (D) [...] mesmo na ocasião em que a moça se espicha completamente [...]. (E) dissertativo, com o objetivo de relatar as experiências humanas em um sarau. (E) [...] daí a pouco vão outras, pelos braços de seus pares, se deslizando pela sala [...]. 6 Leia o texto para responder as questões de números 19 a 21. É evidente que o feminismo tem ampliado seu espectro teórico e prático em nossa cultura. O interesse pelo feminismo entre mulheres, sobretudo as mais jovens, mas também entre homens, é notório. No entanto, em que pese este interesse, o termo feminismo ainda causa incômodo em muita gente, mesmo entre aqueles que não defendem o machismo e que consideram válida a luta das mulheres por seus direitos. Mas por que o termo feminismo incomoda tanto? Tornou-se urgente compreender o feminismo desfazendo os mal-entendidos nos quais ele foi situado por toda uma tradição misógina e antifeminista, uma tradição de ódio às mulheres e de tudo o que a elas foi historicamente associado – o corpo, a natureza, a sensibilidade (...). Todos os mal-entendidos acerca do feminismo nascem da ignorância quanto ao que seja feminismo. Ignorância que fortalece o ódio que facilmente frutifica no senso comum. Ninguém se pergunta o que é feminismo, mas usa seus preconceitos para afirmar isso ou aquilo acerca do que ele seja. Dos maiores absurdos produzidos por essa ignorância é a ideia de que o feminismo é uma proposta de aniquilação dos homens pelas mulheres. (...) O feminismo é o movimento de reação ao machismo, e podemos dizer que ele é o seu contrário, mas não um contrário simétrico. Como crítica concreta e consistente de um estado de coisas injusto para todas as pessoas, o feminismo é a superação histórica dos limites da própria cultura machista. Ele é um avanço cultural. Mas é também a promessa de uma sociedade mais justa para todos os que foram aprisionados em estereótipos de gênero e espécie. A passagem – No entanto, em que pese este interesse, o termo feminismo ainda causa incômodo em muita gente... – (1º parágrafo), reescrita sem incorreção gramatical e prejuízo de sentido, resulta em (A) Ainda assim, diante deste interesse, o termo feminismo ainda causa incômodo em muita gente. (B) Entretanto, se este interesse pesar, o termo feminismo ainda causará incômodo em muita gente. (C) Contudo, mesmo com este interesse, o termo feminismo ainda causa incômodo em muita gente. (D) Portanto, ante a este interesse, o termo feminismo ainda causa incômodo em muita gente. (E) Porém, por causa deste interesse, o termo feminismo ainda causa incômodo em muita gente. Leia o poema para responder às questões de números 22 e 23. Soneto futebolístico Machismo é futebol e amor aos pés São machos adorando pés de macho, e nesse mundo mágico me acho Em meio aos fãs de algum camisa dez. Invejo os massagistas de Pelés nos lúdicos momentos de relaxo, servindo-lhes de chanca e de capacho, levando a língua ali, do chão no rés. (Marcia Tiburi, Feminismo hoje. Revista Cult, ed.192, jun.2014, p. 8. Adaptado.) É lógico que um cego como eu Não pode convocar o titular Dum time brasileiro ou europeu. Para construir seu texto, a autora vale-se de um percurso argumentativo que passa pelas seguintes etapas: (B) questionamento – refutação – conceituação. Contento-me em chupar o polegar Do pé de quem ainda não venceu Sequer a mais local preliminar. (C) ilustração – esclarecimento – afirmação. (Glauco Mattoso. Os cem melhores poemas brasileiros do século, 2001.) (A) esclarecimento – negação – definição. (D) constatação – oposição – situação. (E) evidenciação – exemplificação – conclusão. Nesse soneto, o real conceito de machismo (A) é subvertido, com a finalidade humorística. As informações do texto permitem afirmar que (B) é reavivado, prestando homenagem ao futebol. (A) a ampliação do feminismo na sociedade esbarra na ignorância. (C) é rechaçado, já que o eu lírico deprecia a si próprio. (D) é mitificado, pela sua contextualização futebolística. (B) associar a mulher ao corpo faz parte de uma tradição misógina. (E) é satirizado, fazendo-se uma análise crítica da sociedade. (C) o feminismo consiste na luta das mulheres contra os homens. (D) a ignorância em torno do feminismo solidifica o ódio na sociedade. (E) o feminismo é, em tese, a transposição dos conceitos machistas. 7 No contexto do poema, o termo Pelés remete As lacunas do texto são preenchidas, correta e respectivamente, por: (A) ao “rei do futebol” de todos os tempos. (A) ocorre – tráfego. (B) a todos que são fanáticos por futebol. (B) há – tráfico. (C) aos massagistas de jogadores de futebol. (C) existe – tráfego. (D) àqueles que invejam o camisa dez. (D) se vê – tráfego. (E) aos maiores craques do futebol. (E) acontece – tráfico. Examine a tira. De acordo com o texto, é correto afirmar que (A) problemas se sobrepõem a cenários de grande beleza nas fronteiras do Brasil, cuja maior parte está em mar. (B) belos cenários estimulam grandes problemas nas fronteiras do Brasil, cuja maior parte está em terra. (C) problemas contrastam com belos cenários nas fronteiras do Brasil, cuja maior parte está em terra. (Folha de S.Paulo, 26.12.2011.) (D) problemas e lugares exóticos se equilibram nas fronteiras do Brasil, as quais também estão em equilíbrio em extensão. O efeito de humor na situação apresentada decorre do fato de a personagem, no segundo quadrinho, considerar que “carinho” e “caro” sejam vocábulos (E) belos cenários convivem com a gravidade dos problemas nas fronteiras do Brasil, cuja maior parte está em mar. (A) derivados de um mesmo verbo. (B) híbridos. (C) derivados de vocábulos distintos. (D) cognatos. O Hatha yoga pradipika, sagrada escritura do hatha yoga, escrita no século 15 da era atual, diz que, antes de nos aventurarmos na prática de austeridade e códigos morais, devemos nos preparar. Autocontrole e disciplina sem preparação adequada ___________ criar mais problemas mentais e de personalidade do que paz de espírito. A beleza dessa escritura é que ela resolve o grande problema que todo iniciante enfrenta: dominar a mente. (E) formados por composição. Leia o texto para responder às questões de números 25 e 26. Devido ___________ abordagem corporal, o hatha yoga ficou conhecido – de modo equivocado – como uma categoria de ioga ___________ trabalha apenas as valências físicas (força, flexibilidade, resistência, equilíbrio e outras), quase como ginástica oriental. Isso não é verdade. (Ciência Hoje, julho de 2012. Adaptado.) De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, as lacunas do texto devem ser preenchidas, respectivamente, com (A) pode – a essa – aonde. (B) podem – a essa – que. (C) pode – à essa – o qual. (D) podem – essa – com que. (E) pode – essa – onde. (http://super.abril.com.br. Adaptado.) 8 Leia o texto para responder às questões de números 28 a 30. Do chuchu ao xixi A concessionária Orla Rio subiu em 50%, de R$ 1 para R$ 1,50, o uso do banheiro público e de 60 para 65 anos o privilégio da gratuidade. A idade foi elevada com base em lei estadual de 2002, um ano antes de o Estatuto do Idoso (2003) favorecer pessoas “com idade igual ou superior a 60 anos”. Se o mal está feito, os economistas devem agora se preocupar com o choque do preço do uso do banheiro público na meta da inflação. Em 1977, rimos quando a ditadura culpou o chuchu. Não seria o caso de rir, na democracia, do impacto do xixi no custo de vida? A relação de sentido entre “ditadura” e “democracia”, estabelecida no último parágrafo do texto, também ocorre na seguinte passagem, extraída do jornal Folha de S.Paulo, de 11.09.2012: (A) Alguns fatos empolgavam o país até outro dia. A volta do crescimento econômico, a descoberta do pré-sal, o esvencilhamento dos credores estrangeiros e a criação dos Brics animaram o espírito nacional. (B) Levantamento feito por esta Folha em todos os Estados do país mostrou que a Lei da Ficha Limpa barrou, até agora, 317 candidatos entre os 15.551 que disputam as prefeituras brasileiras. (Carta Capital, 27.06.2012.) (C) “O dinheiro perdeu sua qualidade narrativa, tal como aconteceu com a pintura antes. O dinheiro agora fala sozinho.” (D) A evasão nas graduações em engenharia, assinalam os professores, é alta demais. Só um quinto a um quarto dos ingressantes termina por formar-se – segundo os autores, porque lhes faltam noções básicas de matemática, que deveriam adquirir no ensino médio. O autor mostra que a concessionária Orla Rio procedeu de forma (A) contrária ao que preceitua o Estatuto do Idoso. (B) incoerente em relação à lei estadual de 2002. (E) “Até nas flores se encontra a diferença da sorte: umas enfeitam a vida, outras enfeitam a morte.” Esse poema se aprendia nas escolas do passado. Hoje, a diferença da sorte atinge até mesmo os partidos políticos, que podem ser resumidos em situação e oposição. (C) semelhante à da época da ditadura. (D) compatível com a atual meta de inflação. (E) favorável aos cidadãos mais jovens. No texto, há uma crítica àqueles que (A) deixam de se preocupar com suas demandas pessoais, para se dedicarem a causas públicas irrelevantes. (B) desconsideram os interesses coletivos e encontram justificativas pouco plausíveis para as decisões que tomam. (C) aumentam os impostos, sem levar em conta os impactos que eles terão para as contas públicas. (D) entendem perfeitamente as necessidades sociais sem que, no entanto, lutem por uma sociedade melhor. (E) desqualificam as decisões públicas por acreditarem, na maioria das vezes, que estas prejudicam o povo. 9 Leia o texto para responder às questões de números 31 a 38. One of the undercurrents of the book is that his hospital on Nantucket is now run by Partners Health Care, the big health care corporation that runs Massachusetts General and Brigham and Women’s Hospital. They have instituted some new systems, but he flouts many of them. He says, “Nobody is going to manage my time. Nobody is going to tell me what to do.” They can’t really complain because they need him. Life of a Nantucket Surgeon By Tara Parker-Pope July 27, 2012 In her new book, “Island Practice”, the New York Times reporter Pam Belluck tells the story of Dr. Timothy Lepore, a quirky 67-year-old physician who for the past 30 years has been the only surgeon working on the island of Nantucket. But Dr. Lepore is no ordinary surgeon. Life on an island, even one that has become a summer playground to the rich and famous, requires a certain amount of resourcefulness and flexibility. Over the years Dr. Lepore has taken it upon himself to deliver whatever type of medical care his island inhabitants need, often challenging conventional notions of medicine and redefining what it means to be a healer. While his surgical skills have been used for minor repairs and lifesaving procedures, he often works as a general practitioner, treating everyday ailments. Distraught island residents also call on him for counseling and comfort, and he even steps into the role of veterinarian when needed. (www.nytimes.com. Adaptado.) O primeiro parágrafo indica que a ilha de Nantucket (A) tornou-se um lugar da moda entre famosos, há cerca de 30 anos. (B) redefiniu o conceito da medicina moderna. (C) não possui qualquer estrutura para o exercício da medicina moderna. (D) é um lugar em que muitas pessoas passam férias no verão. (E) não tem veterinário entre seus residentes. I recently spoke with Ms. Belluck about the time she spent with Dr. Lepore. Here’s part of our conversation. I think of Nantucket as a posh summer tourist destination. Were you surprised to find such a quirky character there? An appropriate expression to describe Dr. Timothy Lepore would be I thought of it as this rich summer haven, but there is this whole year-round population that is really interesting and diverse and has to scrabble for a living. Even the hardship was surprising. You think any place is accessible, but there are a lot of times where you cannot get on or off the island, and you can’t get what you need. Even though they have fast ferries and airplanes now, you’re still at the mercy of the elements, and that creates a lot of drama. (A) frantic. (B) rich and famous. (C) resourceful. (D) ambitious. (E) rude. What kinds of challenges has Dr. Lepore faced? No excerto do primeiro parágrafo – Dr. Lepore has taken it upon himself to deliver whatever type of medical care his island inhabitants need –, a expressão em destaque equivale, em português, a Part of it is the fact that as the only surgeon, you kind of need to do everything, and you may not know how to do something. There was a guy who came home and had forgotten to pick up potatoes, and his wife stabbed him in the heart. It’s the kind of stab wound that only 10 percent of patients make it to the hospital alive, and 1 percent will survive. Dr. Lepore had never seen anything like this before, but there was no time to get the guy off the island. So he had to reach in and get the heart started. There wasn’t the right equipment to sew him up, and they had only six units of blood, which is not that much. But he’s an encyclopedia of arcane facts, and he remembered that in the 1800s they used black silk thread for this kind of injury. They found some black silk thread, and he managed to close this guy’s heart and get it beating again. The guy survived and became a marathon runner. There is a field hospital-type feeling to it. You’re not under fire, but there is making do with what you have and flying by the seat of your pants. Often the weather is bad, and he has never done it before, but he just has to do it. (A) assumiu a responsabilidade. (B) levou consigo. (C) responsabilizou-se pela entrega. (D) apoderou-se para si próprio. (E) tomou a dianteira. No trecho da resposta à primeira pergunta – Even though they have fast ferries and airplanes now –, é possível substituir corretamente Even though, sem alterar o sentido da frase, por: (A) However. (B) Whether. Does he make a good living? Does he take insurance? (C) As if. (D) Nevertheless. He takes insurance, but he also takes people who can’t pay at all. He will even allow people to pay him in kind. (E) In spite of the fact that. 10 Leia o texto para responder às questões de números 39 a 45. Work after eight months of pregnancy is as harmful as smoking, study finds The answer to the first question points out that (A) Nantucket is now busy during the whole year, not only in the summer. Conal Urquhart and agencies July 28, 2012 (B) getting on or off the island is not easy during the summer rush period. Working after eight months of pregnancy is as harmful for babies as smoking, according to a new study. Women who worked after they were eight months pregnant had babies on average around 230g lighter than those who stopped work between six and eight months. (C) not everyone in Nantucket is necessarily rich. (D) there are many dramatic productions in Nantucket during the summer. (E) due to modern facilities, Nantucket is easy to reach. The University of Essex research – which drew on data from three major studies, two in the UK and one in the US – found the effect of continuing to work during the late stages of pregnancy was equal to that of smoking while pregnant. Babies whose mothers worked or smoked throughout pregnancy grew more slowly in the womb. Na resposta à segunda pergunta, a autora utiliza a frase There is a field hospital-type feeling to it, o que, no contexto, indica a ideia de Past research has shown babies with low birth weights are at higher risk of poor health and slow development, and may suffer from a variety of problems later in life. Stopping work early in pregnancy was particularly beneficial for women with lower levels of education, the study found – suggesting that the effect of working during pregnancy was possibly more marked for those doing physically demanding work. The birth weight of babies born to mothers under the age of 24 was not affected by them continuing to work, but in older mothers the effect was more significant. (A) espírito de aventura. (B) improvisação. (C) combatividade. (D) perigo iminente. (E) emergência. The researchers identified 1,339 children whose mothers were part of the British Household Panel Survey, which was conducted between 1991 and 2005, and for whom data was available. A further sample of 17,483 women who gave birth in 2000 or 2001 and who took part in the Millennium Cohort Study was also examined and showed similar results, along with 12,166 from the National Survey of Family Growth, relating to births in the US between the early 1970s and 1995. The excerpt from the answer to the second question – there was no time to get the guy off the island – means that the patient (A) wouldn’t live if he stayed in the island. (B) shouldn’t be taken in a helicopter. (C) had little time left to leave the island. (D) couldn’t be moved to a mainland hospital. One of the authors of the study, Prof. Marco Francesconi, said the government should consider incentives ___42___ employers to offer more flexible maternity leave to women who might need a break before, ___43___ after, their babies were born. He said: “We know low birth weight is a predictor of many things that happen later, including lower chances of completing school successfully, lower wages and higher mortality. We need to think seriously about parental leave, because – as this study suggests – the possible benefits of taking leave flexibly before the birth ___44___ quite high.” (E) had to be rushed to hospital. De acordo com a resposta à última pergunta, depreende-se que (A) os pacientes que procuram o Dr. Lepore são sempre atendidos com atenção e gentileza, quer seja no hospital, quer em casa. The study also suggests British women may be working for ___45___ now during pregnancy. While 16% of mothers questioned by the British Household Panel Study, which went as far back as 1991, worked up to one month before the birth, the figure was 30% in the Millennium Cohort Study, whose subjects were born in 2000 and 2001. (B) a nova administração do hospital de Nantucket está preocupada com as atitudes do Dr. Lepore em relação a novos protocolos. (C) a pessoa que necessitar tratamento no hospital de Nantucket deverá pagar em dinheiro, uma vez que não se aceitam pacientes conveniados a planos de saúde. (D) o hospital da ilha é administrado atualmente pelo estado de Massachusetts, tendo-se tornado uma instituição pública. (www.guardian.co.uk) (E) o Dr. Lepore não se importa muito com novos procedimentos administrativos implantados no hospital de Nantucket. 11 Assinale as alternativas que completam, correta e respectivamente, as lacunas numeradas de 42 a 45 no texto. O estudo mencionado no texto indica que (A) as mulheres que trabalham até o final da gravidez são, em sua maioria, fumantes, quer sejam mais velhas, quer não. (B) o trabalho físico no final da gravidez tende a afetar mais o crescimento do feto do que o desenvolvimento intelectual. (A) through (C) o efeito do trabalho até os últimos dias antes do parto independe da idade da mãe ou do fato de ela ser fumante ou não. (C) by (B) about (D) for (D) os bebês com peso mais baixo no nascimento são, usualmente, os filhos de mães fumantes durante a gravidez. (E) with (E) as mulheres na Inglaterra sempre trabalharam até o final da gravidez, devido a exigências do sistema de seguridade social. (A) no (B) less likely (C) rather than In the excerpt from the first paragraph – than those who stopped work between six and eight months –, the word those refers to (D) but (E) instead (A) women. (B) smoking. (C) babies. (D) months. (A) simply aren’t (E) pregnancy. (B) could be (C) can’t be (D) are not (E) will do In the excerpt from the third paragraph – may suffer from a variety of problems later in life –, the word may carries the idea of (A) obligation. (B) habit. (A) longer (C) inevitability. (B) far (D) request. (C) more (E) possibility. (D) less (E) fewer 12 REDAÇÃO TEXTO 1 (http://www.folha.uol.com.br.) TEXTO 2 Nas eleições do próximo dia 5 de outubro, 142,8 milhões de brasileiros deverão comparecer às urnas, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Pesquisas de opinião, no entanto, mostram um elevado índice de rejeição ao voto obrigatório. Um levantamento do Instituto Datafolha divulgado em maio deste ano aponta que 61% dos eleitores são contra a imposição. Para analistas, permitir que o eleitor decida se quer ou não votar é um risco para o sistema eleitoral brasileiro. A obrigatoriedade, argumentam, ainda é necessária devido ao cenário crítico de compra e venda de votos e à formação política deficiente de boa parte da população. “Nossa democracia é extremamente jovem e foi pouco testada. O voto facultativo seria o ideal, porque o eleitor poderia expressar sua real vontade, mas ainda não é hora de ele ser implantado”, diz Danilo Barboza, membro do Movimento Voto Consciente. O voto compulsório é previsto na Constituição Federal a participação é facultativa para analfabetos, idosos com mais de 70 anos de idade e jovens com 16 e 17 anos. O sociólogo Eurico Cursino, da UnB, avalia que o dever de participar das eleições é uma prática pedagógica. Ele argumenta que essa é uma forma de canalizar conflitos graves ligados às desigualdades sociais no país. “A democracia só se aprende na prática. Tornar o voto facultativo é como permitir à criança decidir se quer ir ou não à escola”, afirma. “Não é estranho que sejam tomadas decisões erradas e que o voto seja ruim. Mas se as pessoas não sabem votar, elas têm de aprender.” (http://www.cartacapital.com.br) 13 TEXTO 3 Conforme sucinta historicidade do voto no Brasil, fica nítido que é por meio do voto que acontece a democracia; logo a sua obrigatoriedade é o meio de se estabelecer a luta pelos direitos à cidadania. Consideremos alguns argumentos favoráveis ao voto, com a seguinte explanação: O voto constitui não apenas um direito, mas também um dever, pois o cidadão tem a responsabilidade de escolher para a coletividade seus representantes. O voto acarreta o destino da coletividade, e é por meio desse mecanismo que se discute as políticas públicas sociais; logo, o abstencionismo eleitoral pode tornar mais grave o atraso socioeconômico. A má distribuição de riqueza não permite o voto facultativo, pois deixaria o eleitor que desconhece seus direitos de cidadão em desvantagem quanto ao eleitor bem informado e sabedor de opinião; isso levaria ao clientelismo partidário e assim surgiriam determinados políticos para determinados eleitores. Por fim, a extinção do voto obrigatório significaria irrelevante liberdade individual; ainda assim, haveria uma perda substancial da participação do povo no processo eleitoral. (http://joycesombra.jusbrasil.com.br) TEXTO 4 Ao referir-se à obrigatoriedade de votar como um exercício de cidadania do eleitor, muitos defensores do voto obrigatório querem fazer crer que o fato de um cidadão escolher um candidato transformá-lo-á em um outro homem, conhecendo seu poder de intervenção na sociedade. Essa é uma daquelas idealizações ingênuas que nem mil anos de prática social conseguem afastar. Sua matriz é a mesma que acredita que a cabeça de um homem é uma tábula rasa sempre disponível para entranhar qualquer concepção política, se ela for exercitada. Ora, sabemos que os indivíduos são diferentes entre si. O modo como cada pessoa vê o mundo é muito particular; por conseguinte, o desinteresse em participar do jogo eleitoral diz respeito apenas a sua consciência. Cabe aos partidos políticos cativar essas pessoas para suas propostas. Se tais propostas forem sedutoras, os eleitores comparecerão às urnas. Uma multidão amorfa conduzida mediante constrangimento legal às urnas tem a mesma decisão eleitoral de uma boiada, destituída de vontade própria e, portanto, sem responsabilidade por sua atitude, já que esta é tutelada. (http://www.senado.gov.br) TEXTO 5 Um dos mais importantes defensores do voto obrigatório foi o sociólogo Florestan Fernandes. Para ele o voto obrigatório se constitui num “expediente pedagógico para politizar massas imensas, que não tem acesso à educação, à cultura e ao exercício dos direitos políticos na sociedade civil. Representa literalmente uma tentativa de difusão gradual da democracia de participação ampliada”. Outros defendem o voto obrigatório como um dos poucos elementos equalizadores do sistema democrático brasileiro. Vejamos. Primeiro, será mesmo que os processos eleitorais como temos visto hoje, com o predomínio do marketing, leva à politização das “imensas massas”, como alude Florestan Fernandes, ou seu oposto, a despolitização? Cremos que mais despolitiza do que politiza. Segundo, não se pode estabelecer uma relação entre voto obrigatório e democracia, uma vez que na maioria das democracias representativas consolidadas o voto é facultativo (na Europa, apenas Grécia, Áustria e Bélgica, salvo engano, mantém voto obrigatório). É também facultativo na Índia, Japão e América do Norte e se mantém em países de menor tradição democrática. Num levantamento feito pela entidade “Movimento voto livre, facultativo e consciente”, o voto é facultativo em 205 países e obrigatório em apenas 24, 13 dos quais na América latina. Terceiro, é preciso levar em conta a opinião da maioria − já que estamos numa democracia e pelo que tem sido divulgado, a população tem se manifestado majoritariamente favorável ao voto facultativo (algo em torno de 70%). (http://www.dhnet.org.br) Levando em consideração os diferentes pontos de vista apresentados pelos textos e seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, de acordo com a norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema: O VOTO DEVE SER OBRIGATÓRIO? 14 15