UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I PEDAGOGIA – ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Jeanny Ketelly da Silva Ferreira O PERFIL DISCENTE DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM LAURO DE FREITAS: UMA EXPERIÊNCIA NO COLÉGIO ESTADUAL KLEBER PACHECO DE OLIVEIRA SALVADOR 2010 Jeanny Ketelly da Silva Ferreira O PERFIL DISCENTE DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM LAURO DE FREITAS: UMA EXPERIÊNCIA NO COLÉGIO ESTADUAL KLEBER PACHECO DE OLIVEIRA Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção da graduação em Pedagogia do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia, sob orientação da Professora Andréa Betânia da Silva. SALVADOR 2010 FICHA CATALOGRÁFICA : Sistema de Bibliotecas da Uneb Ferreira, Jeanny Ketelly da Silva O perfil discente da educação de jovens e adultos em Lauro de Freitas: um experiência no Colégio Estadual Kleber Pacheco de Oliveira. / Jeanny Ketelly da Silv Ferreira . – Salvador, 2010. 44f. Orientadora: Profª. Andréa Betânia da Silva. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade do Estado da Bahia . Departamento de Educação. Colegiado de Pedagogia. Campus I. 2010. Contém referências. 1. Educação de adultos - Bahia. I. Silva, Andréa Betânia da. Estado da Bahia, Departamento de Educação. II. Universidade d CDD: 374.012 Dedico inicialmente este trabalho a Deus, por ter me permitido alcançar e finalizar essa etapa da minha vida. E em segundo lugar às mulheres e homens da minha vida, avós, mãe, tias, madrinha, meu irmão, avó, esposo e também a todo o grupo do projeto Formação Reflexiva do Professor em Educação de Jovens e Adultos (EJA): Inquietações e Perspectivas. Questionamentos, AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por me dar força para vencer esta etapa da minha trajetória de vida. Aos meus familiares, em principal minha avó Florinda Cutrim por sempre acreditar em mim e por todo o apoio dado durante a minha formação inicial, meu exemplo de vida. As minhas tias e madrinha que me serviram de inspiração para a determinação e escolha da profissão que deveria seguir. Amo vocês. A minha mãe (in memoriam), que venceu todas as dificuldades para que eu conseguisse obter a minha formação e crescer como pessoa responsável e correta em minhas atitudes: onde você estiver, sei que ainda olha por mim. Ao meu lindo irmão que, apesar de ser mais jovem que eu, sempre serviu de inspiração devido a sua incessante busca pelo conhecimento e compreensão do mundo que nos cerca. Te amo. Ao meu esposo que me apoiou e incentivou nas vezes em que pensei em desistir, por sua atenção, respeito, carinho e amor nos momentos em que mais precisei, por sua força e paciência extraordinárias. Te amo. À professora Drª Kátia Maria Santos Mota, por sua confiança e respeito pelo meu trabalho durante o processo da pesquisa, pelos puxões de orelha que foram muito úteis para a minha formação como pesquisadora. Muito obrigada. As minhas orientadoras de pesquisa, Lilian Almeida, Rosa Goretti, Débora Santos, Janine Fontes, pelo incentivo e parcerias em publicações importantes para a minha formação. Adoro vocês. A minha professora orientadora deste trabalho Andréa Betânia da Silva, que me recebeu de herança, que conseguiu conter os meus excessos de nervosismo durante o processo de construção deste trabalho. Enfim, agradeço a todos que ajudaram durante a realização deste projeto, muito obrigada. Eu aprendi que ignorar os fatos não os altera; Eu aprendi que quando você planeja se nivelar com alguém, apenas está permitindo que essa pessoa continue a magoar você; Eu aprendi que o AMOR, e não o TEMPO, é que cura todas as feridas; Eu aprendi que ninguém é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa; Eu aprendi que a vida é dura, mas eu sou mais ainda; Eu aprendi que as oportunidades nunca são perdidas; alguém vai aproveitar as que você perdeu; Eu aprendi que quando o ancoradouro se torna amargo a felicidade vai aportar em outro lugar; Eu aprendi que não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito; Eu aprendi que todos querem viver no topo da montanha, mas toda felicidade e crescimento ocorrem quando você está a escalando; Eu aprendi que quanto menos tempo tenho mais coisas consigo fazer. WILLIAM SHAKESPEARE RESUMO Partindo do pressuposto que as classes de Educação de Jovens e Adultos têm atendido, atualmente, um novo perfil de alunado e que estes novos alunos requerem uma reformulação no atendimento educacional da EJA, devido as suas características peculiares e correspondentes ao papel que exercem na sociedade, buscamos, através da realização deste trabalho, conhecer e discutir um pouco sobre a importância dos jovens que estão freqüentando, e por que não dizer, “dominando” as classes de EJA. Através deste trabalho pretendemos perceber qual o papel da juventude nas classes de Educação de Adultos no tocante aos seus anseios, desejos e pretensões ao escolherem as classes de EJA para a continuação de sua formação, qual o papel que a escola exerce sobre esses alunos e o seu nível de satisfação com a instituição escolhida. Para a realização deste trabalho, foram vários os autores que nos deram o suporte teórico e que ajudaram na compreensão do tema aqui apresentado, entre eles, Arroyo, Brunel, Dayrell, Freire, Haddad, Josso. Todos foram fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho. Discutiremos sobre o papel das políticas públicas educacionais para a Educação de Jovens e Adultos para finalmente mostrar o perfil de aluno encontrado na instituição pesquisada, fazendo uso de fragmentos de depoimentos dos jovens que freqüentam a classe de Educação de Jovens e Adultos escolhida para desenvolvimento da pesquisa, classe esta que fica localizada em uma escola da região Metropolitana de Salvador. Esses dados foram coletados durante a execução da pesquisa intitulada, A Formação Reflexiva do Professor em Educação de Jovens e Adultos (EJA): Questionamentos, Inquietações e Perspectivas, coordenado pela Professora Drª. Kátia Maria Santos Mota, sendo financiada pela FAPESB e pelo CNPQ, em parceira com a UNEB e a SEC-BA. Palavras-chave: Educação de jovens e adultos. Perfil discente. Jovens na EJA. ABSTRACT From the acknowledgement that the Youngster and Adult Education (EJA1) schoolrooms have been attended, nowadays, by a new student with a new profile and that these new students also require a new EJA educational profile, due to their odd characteristics and linked to their role in the society, we expect, throughout the accomplishment of this job, to understand and have a short discussion about the importance of the youth attendance, and why not say “dominance” on majority of EJA classrooms. Our goal is to capture the youth role inside the Adults Education classes regarding their aspirations, desires and ambitions when choosing EJA classes to their continuing education, the school role on these pupils life and their level of satisfaction with the chosen institution. We’ll discuss about the public education policies around Youngster and Adult Education in order to finally show the existing student profile at the explored institution using pieces of briefs given by youngsters attending the researched EJA School at Salvador2 Metro Area. Data collected during the research entitled The EJA Teacher Reflexive Qualification: Questions, Concerns and Perspectives coordinated by Teacher Kátia Maria Santos Mota, sponsored by FAPESB and CNPQ, joined by UNEB and SEC-BA. Key words: Youth and Adult Education, Student Profile, EJA Youngsters. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................. 09 2 POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO NO BRASIL ................ 13 2.1 POLÍTICAS PÚBLICAS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL .............................................................................................................. 15 2.2 POLÍTICAS PÚBLICAS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) DO ESTADO DA BAHIA ................................................................................... 19 3 O MUNICÍPIO DE LAURO DE FREITAS – BAHIA ....................... 22 3.1 CARACTERÍSTICAS DO MUNICÌPIO ......................................................... 22 3.2 UNIVERSO DA PESQUISA – CLASSES DE EJA. ..................................... 24 3.3 O PERFIL DO ESTUDANTE ........................................................................ 26 4 CONHECENDO A JUVENTUDE E SEUS ANSEIOS .................... 29 4.1 O TRABALHADOR QUE SOU E O QUE GOSTARIA DE SER ................... 33 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................... 39 REFERÊNCIAS ............................................................................. 41 9 1 INTRODUÇÃO A presente discussão está inserida no projeto de pesquisa Formação Reflexiva do Professor em Educação de Jovens e Adultos (EJA): questionamentos, inquietações e perspectivas, coordenado pela professora Dr. Kátia Maria Santos Mota, que se desenvolveu na cidade de Lauro de Freitas em parceria com a Rede Estadual de Ensino e com as classes de EJA do município acima referido. As estatísticas revelam a situação caótica em que se encontra a Educação de Jovens e Adultos no Brasil. O nosso país possui cerca de 16 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais e 30 milhões de analfabetos funcionais. O Estado da Bahia, segundo dados de 2005, totaliza uma população de 13,8 milhões de habitantes mantendo a condição de Estado mais populoso do Nordeste e o quarto do país, contribuindo com 27,1% da população nordestina, e 7,5% da brasileira. Tal densidade demográfica também acompanha altas taxas de analfabetismo da população baiana com idade a partir de 10 anos, que em 2005, já alcançava 16,9% mais que a média nacional, e cerca de três vezes mais que as regiões Sul e Sudeste. Com base nos dados acima determinados, constata-se a situação alarmante da educação de jovens e adultos baianos, e o quanto esta realidade é prejudicial para o desenvolvimento social e cultural destes sujeitos, pois esta alta taxa de analfabetismo comprova que o Estado não está formando sua população de forma que a mesma venha a suprir e aumentar o desenvolvimento socioeconômico da região. Segundo Oliveira (2007), esses alarmantes indicadores são o reflexo da ineficiência das políticas públicas de educação Fundamental no Brasil e na Bahia, sobretudo as de alfabetização, que se concretiza na realização de programas fragmentados que mudam a cada novo governo, não satisfazem as exigências do desenvolvimento profissional dos professores e a realidade dos alunos, comprometendo a qualidade de ensino. 10 O novo perfil de estudantes que atualmente vem freqüentando a Educação de Jovens e Adultos (EJA) é um fato que tem continuamente ocupando a atenção de educadores e pesquisadores em educação. O volume de jovens que freqüentam esta modalidade de ensino vem crescendo a cada ano, o que tem causado uma alteração no cotidiano das instituições que oferecem esta modalidade de ensino e nas relações entre os sujeitos que freqüentam este espaço. Os jovens que têm chegado nesta modalidade apresentam, geralmente, falta de motivação, desencantamento com a escola e um histórico de repetência que varia de um a três anos, ou mais, essa permanência nas séries iniciais faz com que o aluno perca a vontade de continuar na escola. No contexto atual da EJA O que se tem encontrado são alunos mais jovens que abandonaram há pouco tempo os estudos ou são recém-egressos do ensino regular e esses aspectos são novos no campo da educação de jovens e adultos. Conhecer a trajetória escolar desses sujeitos foi de fundamental importância para o desenvolvimento desta pesquisa, tendo como perspectiva o que esses jovens esperam de sua formação escolar. Utilizando o espaço escolar como campo de pesquisa, observamos, além dos jovens, os outros sujeitos que compõem esse espaço e, para tanto, tivemos a oportunidade de ouvir os professores que fazem parte da instituição pesquisa, para constituir um olhar mais amplo sobre a realidade encontrada. Como o projeto de pesquisa no qual estou inserida tem como foco principal o professor, este trabalho foi desenvolvido com eles e a partir deles que tivemos acesso a uma turma de alunos do eixo VI (ensino médio) da Educação de Jovens e Adultos. Os professores ficaram encarregados de distribuir entre seus alunos algumas tarefas definidas nas oficinas que foram oferecidas pelo grupo de pesquisadoras. As tarefas estavam ligadas ao pessoal e profissional de cada estudante, ou seja, era disponibilizado um tema e os alunos interessados deveriam escrever sobre os mesmo, alguns deles foram, se eu fosse professor, o meu projeto de vida, o trabalhador que sou e o trabalhador que gostaria de ser. Através das escritas 11 pudemos perceber os anseios, os desejos e os sonhos dos estudantes participantes da pesquisa. Com base em suas escritas percebemos que os estudantes desejam um ensino de qualidade, professores mais calmos, descansados, salas com cadeiras suficientes para todos, livros escolares. Eles esperam da escola uma formação para a vida e não somente aprender a somar dois e dois, o que eles exigem é que a escola possa ofereça aos professores todo o material necessário para o desenvolvimento das aulas. Partindo do contexto acima citado pretende-se aqui, inicialmente, apresentar as políticas públicas que organizam a Educação de Jovens e Adultos nas instâncias nacional e estadual. Na intenção de compreender onde se insere esta modalidade de ensino, a aplicabilidade de suas determinações legais e se o sujeito que dela participa tem consciência dos seus diretos e deveres como estudante da EJA. Dando prosseguimento pretendemos apresentar a cidade em que a pesquisa foi realizada, ou seja, contextualizando a cidade, a sua história, sua população, inserindo a escola observada no contexto do município, o bairro em que está localizada, o público que a mesma atende e como a sociedade local percebe o espaço escolar. A partir de agora tomaremos conhecimento da proposta de pesquisa deste trabalho, que consiste na apresentação do perfil dos profissionais, do espaço e das relações constituídas no ambiente escolar. As perspectivas apresentadas pela amostragem de alunos escolhida para a realização da pesquisa. O que os levou de volta à escola, o que eles esperam da mesma e se ela (escola) está suprindo as necessidades por eles apresentadas. Conheceremos um pouco sobre o perfil do educando que freqüenta a instituição pesquisada, se são em sua maioria idosos ou jovens. Se encontraremos aqui os estudantes comumente citados nas vária pesquisas já realizadas sobre a temática ou encontraremos outro tipo de sujeito freqüentando a EJA. E tentaremos observar se nesta escola ocorre o atual fenômeno da EJA que está sendo denominado de 12 juvenilização. Aqui pretendemos responder algumas das questões que foram norteadoras para a realização desta pesquisa e tentaremos observar, também, se foi constituído entre os alunos algum tipo de relação do tipo ir à escola para conseguir uma ascensão salarial ou ascensão no mercado de trabalho. 13 2 POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO NO BRASIL Pensando na escola, principalmente, na sala de aula percebemos que estes espaços são onde se concretizam os modelos de políticas e planejamentos que a sociedade propõe para si própria e isso é observável através dos projetos e\ou modelos educativos adotados pelas instituições de ensino. Pensando na política educacional como uma política de ação, deve-se articulá-la com o planejamento que a sociedade constrói e que se concretiza através da ação do Estado (AZEVEDO, 2004, p. 05). Como vimos, a política de educação acontece de acordo com o tipo de sociedade que se pretende constituir. E isso é observável desde o período da educação Jesuíta, que tinha como principal propósito “civilizar e evangelizar” os cidadãos em nossas terras encontrados, outro fator que se percebe neste modelo educacional é que também exerce a função de incluir e excluir, não muito diferente do que vivemos na atualidade, pois este modelo educacional não pretendia formar cidadão, mas sim escravizá-los para que atendessem as necessidades dos colonizadores e deram início ao processo de escravização abolindo os rituais e celebrações indígenas declarando-as como atitudes pagãs, puníveis perante as leis divinas. Sendo mais exata, a sociedade que se pretendia formar era de cidadãos tementes e subservientes a Deus e aos colonizadores. Como nesse período a educação não possuía status de direito e cidadania, as classes populares eram completamente excluídas do processo educacional. Sabese que a sociedade brasileira foi constituída com base em uma colonização completamente elitista e burguesa que, por possuir o poder sobre a organização das Leis, as propunha de forma a privilegiar a própria burguesia, ignorando a classe operária que geralmente era composta por jovens e adultos escravizados. Essa exclusão dos direitos educacionais foi responsável pelo alto índice de exclusão educacional diagnosticado em pesquisas ao longo de nossa história apesar de o tema educação fazer parte em todas as constituições nacionais como veremos abaixo. 14 O tema educação está mencionado em todas as Constituições do Brasil, da primeira, outorgada em 1824, até a atual, promulgada em 1988. Isso nos permite acompanhar os avanços e/ou recuos a partir do enfoque de cada uma, que variará de acordo com a evolução histórica, a ideologia predominante e a situação política do país em cada uma delas (CARLI, 2004, p. 43). Porém, como a nossa proposta não é a de analise de todas as constituições do Brasil, pretendemos discutir, um pouco, sobre as propostas para a educação básica contida na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que possui em seu artigo primeiro, incisos um e dois o seguinte: A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias. A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social (BRASIL, 1996, p. 01). O que percebemos na essência deste artigo é que educação deve acontecer em todos os ambientes que o sujeito venha a fazer parte, porém, é de responsabilidade do Estado a oferta de educação formal em locais especificamente destinados a esse fim. Outro fator importante encontrado nesse artigo é que a educação formal deve está vinculada ao mundo do trabalho e a prática social, ou seja, a educação deve dar conta de preparar o educando para as oportunidades de trabalho e para a construção de uma boa socialização entre os outros componentes do corpo discente e do ambiente em que vive. Mesmo com essas e as outras normas que regem a educação no Brasil, devemos pensar que a educação não é a única salvadora de todos os males do mundo, a mesma deve ser pensada de forma real, deixando de lado a maneira utópica que comumente a responsabiliza pelo exercício de papeis que não fazem parte de sua competência. 15 Partindo das competências da educação uma característica que devemos observar é que ela nunca foi um elemento neutro, ou seja, ela sempre serviu aos interesses das classes dominantes. O que a LDB vem propondo é uma educação de qualidade e acessível a todos, uma educação que consiga transitar entre o falar e o ouvir, que esteja aberta a todas as culturas possíveis encontradas no ambiente escolar. Para que assim educador e educando possam aprender com essa gama de culturas e possa articular-se de forma a utilizá-las como fonte dos conteúdos e dos diálogos como vemos a seguir. A educação deve participar de transformações efetivas, primeiro no nível das consciências individuais e de culturas coletivas, depois e por extensão, na esfera das regiões entrelaçadas e nas estruturas sociais regidas por princípios, valores e motivos capitalistas (BRANDÃO, 1986, p. 30). Como foi dito acima a educação deve ter papel ativo na vida de educandos e educadores tanto nas esferas individuais quanto sociais, independentes dos princípios adotados por cada um deles em seus espaços individuais. 2.1 POLÍTICAS PÚBLICAS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL Sabe-se que a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil teve seu marco mais significativo na década de 60 com as discussões trazidas por Paulo Freire para o âmbito educacional. Para que chegasse à modalidade de educação regulamentada, a EJA passou por várias etapas, campanhas, mobilizações e movimentos políticos marcaram as tentativas de erradicação do analfabetismo de jovens e adultos, alguns mais efetivos e de longa duração, como a Campanha de Educação de Adultos e Adolescentes, o Programa Nacional de Alfabetização e o MOBRAL (HADADD 2007). Mais recentemente, registramos o Programa Alfabetização Solidária (governo FHC) e o Programa Brasil Alfabetizado (governo Lula). Apesar de todas essas tentativas de consolidação, permanece até a contemporaneidade a 16 dúvida dentro da comunidade educacional de qual seria o público da EJA: a quem seria direcionada essa nova modalidade de ensino. O que se percebe é que durante todo o processo de consolidação da EJA o governo federal sempre atuou de forma a financiar e coordenar a maior parte das campanhas e programas de alfabetização de adultos. Contudo essa centralização não ajudou muito, pois, como sabemos, a educação básica no Brasil é descentralizada, cabendo às instâncias de Estados e Municípios que se tornam capazes de absorver maior número de jovens e adultos, proporcionando-lhes a continuidade dos estudos e desenvolvimento de novas aprendizagens. Como ressalta a UNESCO: Porém uma das importantes características das políticas publicas de educação de adultos é a sua orientação em direção a uma maior centralização no âmbito federal ou a tendência à descentralização em direção aos governos estaduais e municipais (UNESCO, 2008, p. 38). Dentro dessas tentativas de consolidação do ensino para jovens e adultos podemos pontuar que, entre as dificuldades encontradas para o desentrave do processo de validação da mesma, está a permanência do alunado nas séries e/ou ciclos iniciais, pois, apesar de as instituições estaduais e municipais possuírem maior capacidade de absorção de público, as mesmas oferecem número reduzido de classes de educação de jovens e adultos, dando espaço para as organizações da sociedade civil. Sendo assim, apesar da conquista do acesso, a escola ainda não conseguiu promover o progresso contínuo do alunado dentro do processo de escolarização, como vemos a seguir: A educação de adultos torna-se mais que um direito: é a chave para o século XXI; é tanto conseqüência do exercício da cidadania como condição para uma plena participação na sociedade. Além do mais, é um poderoso argumento em favor do desenvolvimento ecológico sustentável, da democracia, da justiça, da igualdade entre os sexos, do desenvolvimento socioeconômico e científico, além de um requisito fundamental para a 17 construção de um mundo onde a violência cede lugar ao diálogo e à cultura de paz baseada na justiça (Declaração de Hamburgo sobre a EJA, 1997). Oferta reduzida, baixa qualidade educacional, esses fatores podem ser explicados, em grande parte, devido ao fato de que em nenhum momento da história da educação nacional a modalidade de educação de jovens e adultos tenha recebido significativo aporte financeiro, apesar de em alguns períodos da história o setor ter recebido recursos vinculados ou fontes próprias de financiamento. No período de 1994 a 1996 as despesas das três esferas governamentais com educação de jovens e adultos oscilaram entre 0,3% e 0,5% (UNESCO, 2008). Demonstrando o quão pouco se tem gasto com a educação de jovens e adultos. Pode-se afirmar que esse processo, marcado pelas tentativas anteriormente citadas, sofre até hoje um tipo de fracasso e exclusão escolar à medida que se constata os índices de reprovação e de evasão, devido aos poucos resultados positivos que se tem obtido na aprendizagem e na carência da formação dos professores no Brasil. Diante disso, surgem constantemente questionamentos da sociedade sobre a verdadeira intenção das políticas públicas aplicadas à EJA. Pensando nas questões referentes a alfabetização, deve-se procurar entender quais as dificuldades que interferem no processo de alfabetização de adultos, pois, pensando em sua finalidade inicial, a educação de adultos teve como foco a difusão de valores democráticos ligados à inserção na vida cívica, capacitação para o trabalho e aumento da produtividade. Em sua história recente a educação de jovens e adultos no Brasil vem sendo marcada pela redefinição do eixo de suas políticas educacionais. E dentro desta perspectiva de organização das políticas que regem a EJA as instancias governamentais que vêm crescendo no oferecimento de vagas para a educação de jovens e adultos, são as redes municipais de ensino que estão ultrapassando as redes estaduais, que até meados dos anos 1990 eram os principais mantenedores do ensino supletivo, conforme a denominação utilizada na época (UNESCO, 2008). 18 Mas apesar do crescimento da atuação dos municípios na educação de jovens e adultos, os governos ainda recebem muitas criticas devido a superficialidade dos programas de formação adotados pelo mesmo, dos modelos e materiais pedagógicos utilizados que não levavam em consideração a heterogeneidade e interesses do público adulto e o período muito curto para o desenvolvimento das habilidades propostas pelos próprios programas. Deve-se ter como perspectiva a busca pela elevação da condição dos estudantes para uma condição de cidadãos reflexivos, e não apenas máquinas repetidoras de um processo técnico constante seguindo o que nos informa a Declaração de Hamburgo (1997): A Educação de Jovens e Adultos deve desenvolver a autonomia e o sentido de responsabilidade das pessoas e comunidades para enfrentar as rápidas transformações socioeconômicas e culturais por quais passa o mundo atual, mediante a difusão de uma cultura de paz e democracia promotora da coexistência dos cidadãos. Na intenção de regulamentar as políticas de educação de adultos, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) organizou a gestão dos programas de apoio à alfabetização e ao ensino fundamental de jovens e adultos constituindo uma nova Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) e instituiu uma Comissão Nacional para consulta aos municípios, estados e organizações da sociedade civil parceiras. Porém, essa iniciativa do MEC não teve eficácia suficiente para superar as dificuldades de coordenação dos programas de educação de jovens e adultos. Esse fator tem levado à busca incessante de parcerias constituídas entre o Estado e organizações sociais na busca pelo desenvolvimento de políticas públicas, tais como as de formação de jovens e adultos. Essas parcerias tornam-se duplamente convenientes ao governo, pois atendem às demandas dos movimentos e organizações sociais, ao mesmo tempo em que permitem a não obrigatoriedade do poder público com encargos e novas contratações de profissionais docentes. 19 Essas parcerias estão ancoradas nos pilares de sustentação das políticas públicas que definem a educação de jovens e adultos no Brasil, e esses pilares são constituídos, de um lado, pelos sistemas públicos descentralizadores do ensino e, por outro, pelas organizações e redes da sociedade civil dedicadas à temática. 2.2 POLÍTICAS PÚBLICAS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) DO ESTADO DA BAHIA Em setembro de 2008 a Secretaria de Educação do Estado da Bahia, em parceria com a Superintendência de Desenvolvimento da Educação Básica, a Diretoria de Educação Básica e a Coordenação de Educação de Jovens e Adultos, sob consultoria de Miguel Arroyo Gonzalez, organizaram as políticas públicas para a Educação de Jovens e Adultos do Estado. E ao iniciarem a construção das políticas, os organizadores propuseram a utilização da escuta dos sujeitos que fazem parte da EJA, ou seja, seus educandos, educadores, gestores e coordenadores. Na intenção de garantir os direitos à educação básica aos jovens e adultos, o Estado apresenta a sua proposta pedagógica pautada na obrigatoriedade do mesmo em promover a educação na especificidade dos tempos humanos e compreende a EJA como processo de formação plena do sujeito, levando em consideração as formas de vida, trabalho e sobrevivência dos educandos destinados à essa modalidade de ensino. O Estado orienta-se, ainda, a partir dos ideais da Educação Popular que consiste na formação técnica, política e social dos sujeitos. O Estado propõe-se a organizar um currículo para a EJA que tenha como pressuposto metodológico a pedagogia crítica que considera a educação dever político com espaços e tempos propícios à emancipação dos sujeitos, propondo a formação de uma consciência crítico-reflexiva e de um sujeito autônomo contribuindo para a democratização e consolidação da EJA no estado. 20 O projeto das políticas de EJA do Estado apresenta em sua proposta quem são os sujeitos de direito à educação de jovens, adultos e idosos, e que esses sujeitos se compõem geralmente de homens e mulheres que possui uma trajetória de vida de muitas lutas e dificuldades, independentemente que suas origens sejam do campo ou dos grandes centros urbanos, todos são trabalhadores das mais diversas áreas, moradores de bairros com alto índice populacional e de criminalidade. Outro aspecto apresentado no projeto das políticas públicas é o de que muitos dos educandos da EJA são arrimos de família, são pais, mães, avós, são sujeitos que participam das mais variadas organizações sociais (igrejas, associações, sindicatos etc.), alguns não possuem passagens pela escola, ou seja, nunca a freqüentaram, outros que já freqüentaram, mas enfrentaram altos índices de reprovação por não conseguirem acompanhar ou concluir a Educação Fundamental. Analisando o índice de crescimento da EJA, o Estado viu-se forçado à constituição de um compromisso com o Direito à Educação Básica com os sujeitos da EJA. Sabe-se que existe uma grande diferença entre a educação infantil e a educação de adultos, e por esse motivo torna-se indispensável à valorização dos saberes e fazeres que são construídos no tempo da juventude e da fase adulta. E pensando dessa forma que o Estado se propôs a organizar as políticas públicas de educação local. A primeira etapa encontrada nas políticas públicas para a EJA do Estado consiste em determinar a abrangência da Educação de Jovens e Adultos, que enquanto modalidade de ensino é apropriada ao jovem e adulto trabalhador, indicando que os jovens a serem atendidos por essa modalidade de ensino estejam com a idade mínima exigida que é de dezoito anos, pois segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a pessoa é considerada adolescente quando atinge a faixa etária compreendida entre os doze e dezoito anos e segundo alguns programas do Governo Federal que delimitam a participação dos jovens com idade a partir de dezoito anos. Mas essa regra tem suas exceções que consistem na permanência de alunos que já estejam freqüentando a EJA e estejam com idade inferior aos dezoito anos podem 21 permanecer nas classes sob as seguintes condições, educandos que desenvolvem atividades laborais para a garantia de sobrevivência, se a escola não conseguir formar turmas de Educação Fundamental no noturno para atender o público de idade inferior a dezoito anos. Outros pontos encontrados nas políticas de EJA são os compromissos, princípios, pressupostos teórico-metodológicos, a definição do perfil do educador de EJA, a formação dos educadores e a construção de uma estrutura curricular que atenda ao perfil do alunado da EJA. Todos esses aspectos foram pensados para atender às especificidades múltiplas percebidas nas classes de EJA, centrando-se no processo de desenvolvimento da aprendizagem do educando. Mas o que se pretende aqui é observar, nas classes de EJA participantes dessa pesquisa, se todas essas observações e compromissos assumidos pelo Governo do Estado estão sendo cumpridos e acompanhados pelas coordenações ou Direcs responsáveis por essas classes. 22 3 O MUNICÍPIO DE LAURO DE FREITAS - BAHIA A história de Lauro de Freitas começa no século XVI, quando Garcia D’Ávila recebeu do então governador-geral do Brasil, Tomé de Souza (1552), por ordem dos reis de Portugal, lotes de terra no litoral baiano. Aqui foi instalada uma missão jesuíta que deu origem à Freguesia de Santo Amaro de Ipitanga, em 1758, com apoio da família D’Ávila, proprietária da Casa da Torre. A região abrigava inúmeras aldeias indígenas que habitavam o Morro dos Pirambás. Mais tarde vieram os engenhos de açúcar e com eles os negros que influenciaram fortemente a cultura local. Ainda hoje é possível encontrar descendentes de famílias escravas, guardiãs dos costumes afros, praticantes do candomblé. No século XVII a história da cidade é marcada por um surto de cólera, que dizimou parcela considerável da população, e pela construção da matriz de Santo Amaro de Ipitanga, erguida na parte mais alta da cidade. A referida Igreja se constituiu na construção mais representativa desse período colonial no Brasil. Outro acontecimento que marca a história da cidade é a construção em 1930 do primeiro campo de aviação da Bahia na antiga fazenda Portela, que se chamou Aeródromo Santo Amaro de Ipitanga, pela Empresa Francesa de Aviação Civil Latécoére. 3.1 CARACTERÍSTICAS DO MUNICÌPIO Lauro de Freitas pertencia, originalmente, a Salvador, até que em 1880 passou a ser distrito de Montenegro, atual Camaçari. Em 1932 voltou a fazer parte do território de Salvador até o ano de 1962, quando se tornou município independente da capital Soteropolitana. Onze anos após a sua emancipação passou a integrar a Região Metropolitana de Salvador. 23 A cidade possui apenas um distrito sede, as demais localidades são bairros, que para conhecimento compõem-se de: Itinga (com mais de 70 mil habitantes); Vilas do Atlântico (um dos primeiros condomínios de luxo, construído para abrigar a classe média que fugia da agitação de Salvador); Portão; Areia Branca; Jambeiro e Cají (esses quatro últimos com características rurais e uma população com baixa qualidade de vida e altos índices de analfabetismo). Possui localização privilegiada e estratégica, pois a cidade localiza-se nos limites de Salvador, o que impulsionou seu crescimento e economia. Lauro de Freitas abriga em seu interior uma população de trabalhadores das mais variadas qualificações e outra de alta renda que se estabeleceu entre a Avenida Santos Dumont (BA 099 Estrada do Coco) e o litoral, conformando um expressivo mercado consumidor. Em 2003, o Produto Interno Bruto (PIB) de Lauro de Freitas somava 812 milhões de reais (dados da Secretaria de Planejamento do Estado). Em 2005, a Agência de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura Municipal já contava com mais de 3.200 empresas instaladas, movidas por mais de 33 mil trabalhadores. O município posiciona-se naturalmente com grande capacidade de atração de empreendimentos e além da infra-estrutura, dispõe das facilidades institucionais e dos incentivos proporcionados pela administração municipal. Lauro de Freitas está próximo ao Aeroporto Internacional de Salvador Deputado Luis Eduardo Magalhães, da BR 324, da Linha Verde e ladeada pela terceira maior cidade do país (Salvador) e pelo maior parque industrial do Nordeste (Camaçari). A planta industrial de Lauro de Freitas é baseada em indústrias limpas. Onde são produzidos bens de consumo final cujos principais segmentos são: construção civil, brinquedos, eletrônicos, cosméticos e alimentos. Com a implantação do Plano Diretor do município, dois pólos industriais devem ser confirmados, garantindo um incremento significativo no setor secundário de indústrias não poluentes. Entretanto, são os empreendimentos comerciais e prestadores de serviços empresariais, financeiros, de saúde, educação, alimentação, segurança transporte, turismo e entretenimento que respondem por 54,2% do PIB do município. 24 No segmento de turismo, o município apresenta grande potencial para a hospitalidade, o turismo de lazer e de negócios. São sete quilômetros de belas praias, cerca de 22 mil hectares de Mata Atlântica em Área de Proteção Ambiental (APA Joanes/Ipitanga) apta para o ecoturismo e, por iniciativa da administração municipal, já está em andamento o projeto para instalação do Centro de Convenções. Nas praias, o movimento nas barracas chega a ocupar 1.100 pessoas no verão e cerca de 600 na baixa estação, contudo, o atrativo mais importante de Lauro de Freitas é a qualidade de vida e trabalho que pode oferecer às pessoas. Estimular o desenvolvimento econômico de forma sustentável construindo um ambiente sem poluição ou stress é o grande desafio e a grande meta da Prefeitura. No entanto, em Lauro de Freitas, o crescente desenvolvimento do município convive lado a lado com os bolsões de pobreza e analfabetismo. Por esse motivo é de suma importância estimular o desenvolvimento econômico de forma sustentável oferecendo educação e trabalho, sobretudo para aqueles segmentos marginalizados do processo. 3.2 UNIVERSO DA PESQUISA – CLASSES DE EJA Essa pesquisa foi realizada após reconhecimento mais detalhado sobre a realidade da EJA no município, porém, os dados que aqui serão apresentados foram adquiridos após seleção das atividades iniciais, que consistiram em contatos com gestores e professores das escolas com classes de EJA, oferecimento e disponibilidade de condições para a realização da pesquisa, nível de motivação e compromisso social com a comunidade escolar. No Município de Lauro de Freitas existem 15 escolas com funcionamento do Ensino Noturno, sendo 14 escolas Municipais e 01 conveniada, com aproximadamente 6.661 alunos, distribuídos no segmento de 1ª a 4ª e 5ª a 8ª séries. O município conta ainda com 09 escolas estaduais, todas com turno noturno e com classes de EJA, todas sob a coordenação da DIREC 1B de Salvador. 25 O Município dispõe também no Noturno de um Projeto de Alfabetização de Jovens e Adultos, que conta com 50 Agentes Alfabetizadores e 50 turmas com o total de 1.100 alunos, funcionando nas escolas municipais, associações e igrejas que ficam localizadas nas proximidades das residências dos alunos. A escola selecionada para a realização da pesquisa foi o Colégio Estadual Kleber Pacheco de Oliveira, que se localiza no bairro de Portão que é o segundo maior bairro do município em número populacional e fica localizado próximo à Estrada do Coco, e como citado anteriormente, é um bairro com uma população com baixa qualidade de vida e altos índices de analfabetismo. No referido bairro também acontece uma grande festa que leva o nome do mesmo, que é um festejo popular que acontece todos os anos no mês de maio e é uma grande festa com lavagem das ruas do bairro e conta com a presença de trios elétricos e bandas de renome nacional, grupos de samba e blocos locais. A escola situa-se em ponto privilegiado do bairro, pois se localiza no início da Rua Direita de Portão, próxima a um hipermercado da cidade, açougues e de fácil acesso pelo transporte coletivo formal e informal. A instituição possui 14 professores lecionando nas classes de EJA, 01 diretor, 03 vice-diretores, 01 coordenador e os auxiliares técnico-administrativos, em seu corpo discente a escola possui 313 alunos matriculados na modalidade EJA, sendo que deste total somente 148 alunos participaram desta pesquisa respondendo aos questionários aplicados durante o processo e destes 148 educandos 52,7% são do sexo feminino e 31,1% estão na faixa etária de 21 a 27 anos de idade, ou seja, o público desta escola é, em sua maioria, jovem com idade inferior aos trinta anos. E ainda encontramos um percentual bem significativo de 29,7% de alunos entre os 14 e 20 anos. Do total de participantes da pesquisa, 73% trabalham durante o dia e estudam à noite, configurando, assim, um público, em sua maioria, de mulheres e jovens. Mas neste trabalho não analisaremos todos os participantes da pesquisa ficaremos com o percentual que se enquadra na faixa etária de 21 a 30 anos de idade. 26 3.3 O PERFIL DO ESTUDANTE Partindo do pressuposto de que o ensino, de um modo geral e o ensino da EJA abrange o sujeito, sujeito este que possui suas especificidades próprias devido ao seu tempo de vida, ou seja, sua experiência, o que percebemos durante o desenvolvimento desta pesquisa é que geralmente esses jovens adultos são vistos de forma marginalizada, pois suas posturas são comumente relacionadas ao tráfico e à violência o que proporciona dois tipos de posicionamentos por parte da escola: o primeiro deles é o medo e o segundo é o da relação de assistencialismo ou “piedade”, ambas completamente ofensivas para os jovens, como nos diz Dayrell (1996): O jovem geralmente aparece como problema, com ênfase na sua indisciplina, [...]. Está cada vez mais generalizada uma visão do jovem relacionada à violência e ao tráfico de drogas, gerando uma postura de precaução e medo por parte da escola [...]. Sabe-se, também, que muitos mitos estão relacionados ao ensino da EJA e um deles é o de que os seus alunos são, em sua maioria, idosos que nunca tiveram acesso à educação formal. O que encontramos no nosso ambiente de pesquisa foram alunos que entraram no ensino da EJA com idade inferior a 20 anos, configurando um público de maioria jovem. Outro fator encontrado foi o numero maciço de mulheres jovens e de meia-idade freqüentando as classes de EJA, buscando uma formação, apesar de terem que enfrentar as mais diversas dificuldades para comparecerem à escola, como se pode perceber na escrita de uma aluna: Eu tinha um sonho pra realizar quando eu voutei para a escola eu penso em terminar o estudo para realizar meu sonho que e ser pulicia militar nunca vou desistir do meu sonho porque eu vou chega La mais au estou grávida com 21 ano eu vou ter um filho ou filha mesmo assim não vou desistir de estudar para meus sonho ser realizado quando meu filho nascer vou continuar e estudando porque os estudo e o que vai mim ajuda muito vou jamar por deus e vou continuar lutando para tudo da serto (M.S.C., 21 anos). As experiências escolares e de vida dos estudantes da EJA são diferenciadas, pois cada um deles vivenciou uma situação específica com relação ao sistema formal de ensino, alguns foram excluídos da escola nos mais variados estágios, geralmente 27 antes do término do Ensino Fundamental, outros tiveram acesso à escola, mas têm uma vida escolar marcada pela repetência, evasão e retornos, o que determina os diferentes significados atribuídos por eles à escola. Por esses motivos, existe um adjetivo comumente utilizado por estes sujeitos quando se referem à escola, pois apesar das idas e vindas deles para ela, eles a vêem como uma instituição muito distante da sua realidade e que geralmente os reduz à condição de subalternos educacionais, pois ela, geralmente, mostra-se insensível à realidade vivenciada pelos alunos fora de seus muros, e os que mais percebem esse afastamento são os jovens que freqüentam o ensino da EJA, pois, O jovem geralmente aparece como problema, com ênfase na sua indisciplina, [...]. Está cada vez mais generalizada uma visão do jovem relacionada à violência e ao tráfico de drogas, gerando uma postura de precaução e medo por parte da escola [...] (DAYRELL, 1996, p 54). Esses jovens demandam algo que vai além da escolarização, necessitam de uma rede social de apoio mais ampla com políticas públicas mais direcionadas, que os contemplem em todas as dimensões, sejam elas no nível da sobrevivência ou de aquisição de bens culturais, pois “[...]a relação dos jovens, com seus grupos de referencia, provoca choques com os valores das instituições (especialmente a escola e a família)[...]” (CARRANO, 2008, p. 112). E se a instituição de ensino estiver disposta a contribuir com a formação humana desses jovens, é necessário encará-los como sujeitos que interpretam e atuam sobre o mundo dando sentido às suas vidas, ou seja, tratar o educando como o objeto central do processo de ensinoaprendizagem. As escolas deveriam se perguntar permanentemente sobre os esforços que têm sido empreendidos para que os jovens encontrem as condições necessárias de se fazerem sujeitos de suas próprias vidas e também sobre como promover processos de socialização que orientem os jovens para a vivência de culturas democráticas (CARRANO, 2008, p. 114). Outro fator relevante para a formação desses sujeitos é a descoberta de qual evento foi decisivo para o seu retorno ou não abandono do sistema educacional, na instituição pesquisada o que percebemos é muitos voltaram à escola na tentativa de uma melhor inserção no mercado de trabalho, progressão ou início de uma carreira, tentativa de acesso aos mais altos níveis educacionais ou para simplesmente 28 realizar o desejo de aprender a ler e escrever. É sabido que é dever da escola conhecer a realidade de seus alunos e proporcionar aos mesmos o acesso aos mais altos níveis educacionais na intenção de ampliar as possibilidades de participação no mundo social oferecendo oportunidades de engajamento e aprendizagens ligadas às instituições de ensino. Porém, o que encontramos são escolas cada vez mais fechadas para as possibilidades de construção de espaços e situações que favoreçam momentos de socialização, atividades culturais e debates públicos de natureza curricular ou extracurricular. Percebemos a necessidade da construção de diálogos que deveriam constituir a relação escola-aluno, pois [...] a capacidade de escuta e argumentação são dois recursos fundamentais que, quando deixam de existir, provocam situações de violência. (CARRANO, 2008, p. 112). Essa falta de diálogo entre escola e aluno torna-se fonte de incompreensão e intolerância de ambas as partes, pois se as instituições agem como se não soubessem que sem uma negociação é impossível o ato de educar, e desconhecem a necessidade da construção de uma linguagem, entre escola e aluno, que seja comum a todos e de espaços em que a democracia e os conflitos sejam solucionados ou apaziguados. Percebemos que só com o diálogo aberto e claro é possível a construção de uma relação mais simples e menos agressiva entre alunos e professores. Esses últimos devem deixar de ver os alunos de forma homogênea, pois, por mais que a maioria de seus alunos seja jovem, esses não são iguais, portanto, é necessário que o educador dispa-se de seus conjuntos de estereótipos e passe a observar seus alunos individualmente, levando em consideração todas as suas particularidades e singularidades, sem analisá-los de forma negativa, passando a conhecer o jovem que freqüenta as suas salas de aula. 29 4 CONHECENDO A JUVENTUDE E SEUS ANSEIOS A ENERGIA DA JUVENTUDE Sou jovem sonhador, trovador, À procura de um emprego, De oportunidades. Trago no rosto a face do Cristo Libertador, que cativa, que sorri, Que gera amor. Nos pés a ousadia de caminhar, desvendar, buscar horizontes. De mãos dadas comungar os mesmo sonhos, conquistar, aproximar, abraçar o mundo, encantar. (Fábio Ferreira – Jornal mundo Jovem, 2010) Trago este poema para representar um pouco do universo estudantil da EJA, com suas metas, desejos, desafios, pois o mesmo traduz de maneira singular a beleza que envolve esta fase tão especial e determinante na vida de cada um de nós. Ao jovem cabe a difícil tarefa de escrever sua própria biografia, de fazer suas escolhas pessoais e assumir as conseqüências delas, num momento em que as possibilidades são cada vez mais diversas e as incertezas se multiplicam em função das possibilidades. A juventude brasileira vivencia cotidianamente os desafios da escolarização, da inserção no mercado de trabalho, do agravamento da violência, bem como da manutenção de seus desejos pessoais. As questões que envolvem a juventude são inúmeras e variadas, a começar pela própria definição de quem é jovem e de como essa identidade pessoal, social e coletiva se constrói. No período medieval não existia separação entre o mundo infantil e o mundo adulto, Ariés (1978) afirma que a juventude como uma fase socialmente distinta foi se constituindo na medida em que a sociedade ocidental se desenvolveu e consolidou a separação entre o universo familiar e o universo social, uma vez que a socialização era feita no espaço coletivo e não no núcleo familiar. 30 A partir do século XVII as relações de sociabilidade foram alteradas entre as gerações que conviviam livremente nos espaços coletivos e tiveram que delegar à escola o papel de socializar suas crianças substituindo, dessa forma, dois espaços importantes de socialização: o da comunidade mais ampla no convívio com os adultos e o da família, mas por outro lado oferecendo às crianças o tempo para a vida adulta, instituindo, dessa forma, uma espécie de rito de passagem que configura a adolescência e a juventude como o intervalo entre a infância e a vida adulta. Somente a partir dos meados do século XX a juventude começou a ser percebida como categoria social, justamente quando os jovens da Europa se rebelaram contra a ordem estabelecida. Na América Latina, a juventude começou a tornar-se visível a partir da década de 60 em que a crise do modelo econômico atingiu em cheio os filhos dos trabalhadores, uma vez que dificultou a entrada desses jovens no mercado de trabalho constituindo-se, assim, em um problema social. Percebe-se que histórica e socialmente a juventude tem sido encarada como uma fase da vida marcada por experiências de instabilidade diretamente relacionadas a alguns problemas sociais que, como afirma Pais (1990), ao longo das décadas deixaram de ser da ordem dos valores e comportamentos éticos e culturais e passaram a ser econômicos, diretamente ligados ao emprego e ao ingresso do jovem no mercado de trabalho. Um adulto responsável é aquele que responde a uma série de responsabilidades relacionadas ao trabalho remunerado, à constituição de um lar e empreendimentos habitacionais e se os jovens ao se esforçarem e não conseguirem adaptar-se às responsabilidades correspondentes ao mundo adulto correm o risco de serem chamados de irresponsáveis. Daí a ansiedade de muitos jovens por ingressarem no mercado de trabalho e garantir o seu reconhecimento como “homens responsáveis” os projetos de vida dos jovens sempre estão ligados à estabilidade numa vida futura, como veremos no depoimento abaixo: O meu projeto de vida é ter a minha casa própria, dar uma boa educação aos meus filhos, ter um bom emprego mim informar mais sobre as coisas que o 31 mundo nós oferece ser também uma boa pessoa e também o meu projeto de vida é que é e meus filhos sejamos feliz (R.C.B., 25 anos) Existe uma precocidade muito grande na aproximação entre os jovens e o mundo adulto pela via das experiências sexuais, segundo Aquino (2009), se a entrada no mundo do trabalho e a criação de um lar foram adiadas a experiência da sexualidade é cada vez mais precoce, mas isso não significa que eles estão assumindo a vida adulta, mas instituindo uma forma de experimentar o mundo adulto sem necessariamente assumí-lo. É cada vez mais comum os pais permitirem que seus filhos e filhas jovens tragam seus respectivos parceiros para dormirem em casa sem que haja entre eles um compromisso (aos moldes tradicionais), bem como jovens vivendo juntos sem oficializar o casamento, além de muitos tornarem-se “pais solteiros” evidenciando, dessa forma, que os jovens cada vez mais experimentam papéis adultos. Abaixo veremos um depoimento de uma jovem que passa pela experiência de ser mãe solteira enfrentando os desafios que essa maternidade lhe trará: [...]estou grávida com 21 ano eu vou ter um filho ou filha mesmo assim não vou desistir de estudar para meus sonho ser realizado quando meu filho nascer vou continuar e estudando porque os estudo e o que vai mim ajuda muito vou jamar por deus e vou continuar lutando para tudo da serto (M.S.C., 21 anos). Definir quem é jovem ou velho não é algo tão simples, as relações entre idade social e idade biológica são muito complexas, pois os cortes, sejam em classes de idade ou gerações, sofrem inúmeras variações e manipulações, principalmente se considerarmos dois fatores relevantes: "somos sempre o jovem ou o velho de alguém" e "a juventude e a velhice não são dados, mas construídos socialmente na luta entre os jovens e os velhos" (BOURDIEU, 1978, p. 02). Considerando que não há consenso com relação à demarcação de faixa etária que defina a juventude, pensou-se em adotar, com base em Aquino (2009), o recorte que a Secretaria Nacional de Juventude (SNJ) e o Conselho Nacional de Juventude (Conjuve) apresentam e que é adotado na proposta do Estatuto da Juventude em discussão na Câmara de Deputados: de 15 a 29 anos, sendo que distribuídos nos seguintes subgrupos: de 15 a 17 anos (jovem-adolescente), de 18 a 24 anos (jovem- 32 jovem) e de 25 a 29 anos (jovem-adulto). Houve uma ampliação na faixa etária que era de 15 a 24 anos no contexto mundial em virtude da maior expectativa de vida para a população em geral e a constatação da dificuldade crescente para a autonomia e emancipação dos jovens em virtude das mudanças no mundo do trabalho. As sociedades possuem leis específicas de envelhecimento que estão diretamente ligadas à moda, à produção artística e literária e para compreender como se recortam as gerações é preciso conhecer o funcionamento dessas leis nesse campo de luta. Dessa forma, não podemos tomar a juventude como uma unidade social, ao contrário, ela é repleta de especificidades que variam de acordo com a classe, a etnia, e o pertencimento a determinados grupos, como veremos abaixo. A idade é um dado biológico socialmente manipulado e manipulável; e o fato de falar dos jovens como se fossem uma unidade social, um grupo constituído, dotado de interesses comuns, e relacionar esses interesses a uma idade definida biologicamente já constitui uma manipulação evidente (BOURDIEU, 1978, p. 02). Os jovens não podem ser encarados como parte de uma cultura juvenil unitária; mesmo sabendo que possuem muitas similitudes entre si, eles também demonstram singularidades marcantes, e essas semelhanças e diferenças são fundamentais para a se compreensão da arquitetura da juventude com suas formas bem peculiares e em constante reelaboração. O fato é que o conceito de juventude se apresenta de maneira oscilante, ora aparece homogêneo quando se refere a uma fase da vida, ou uma etapa do desenvolvimento, e ora aparece heterogêneo, quando retrata as diferentes marcas culturais dos jovens. Se o trabalho tarda e as escolhas identitárias se multiplicam, as (sub)culturas juvenis, de acordo com Pais (1990), acabam, devido à sua força criativa e forma inovadora de inserção na vida social, produzindo e renovando os valores e práticas sociais atuais, tornando-se "modelo cultural" em vários níveis, como comportamento, beleza, indústria cultural, vestuário, práticas de socialização. Esse movimento promove o fenômeno conhecido como juvenilização da sociedade. 33 4.1 O TRABALHADOR QUE SOU E O QUE GOSTARIA DE SER A Modernidade, de acordo com Santos (1995), sustentou-se em dois grandes pilares: o da Regulação, composto pelo Estado, pelo mercado e pela comunidade e o da Emancipação constituído pela racionalidade estético-expressiva da arte e da literatura, pela moral prática da ética e do direito, e pela racionalidade instrumental técnica. Basicamente, esses dois pilares configuraram o paradigma clássico dominante nesse período, sob o qual toda a reflexão acerca da sociedade tinha como parâmetro o nacional e tudo que pudesse ser compartilhado e mensurado quantitativamente pela ciência positivista. Tal estrutura começou a ruir, posto que as energias emancipatórias converteram-se perversamente em energias regulatórias, quando o pilar da Emancipação, responsável pela manutenção do princípio da liberdade, convergiu para o pilar da Regulação, no qual o mercado se estabeleceu como fundamento soberano, passando a ditar as regras do jogo vigente. O impacto desse deslocamento atingiu indistintamente a todos graças ao processo de globalização, que distribuiu a miséria entre muitos e a riqueza entre poucos. No caso da América Latina, tomamos como exemplo o Brasil um país marcado pela ausência de registros de sua história e que, embora há muito tempo já existindo como povo cultural, teve seu primeiro contato com a civilização ocidental a partir do seu “descobrimento”, em 1500, e somente a partir de então teve seus sistemas social, político, econômico, cultural e educacional organizados numa lógica de exclusão dos princípios que já existiam em detrimento do que os povos “civilizados” desejavam instalar como ideal. Tais processos civilizatórios nos deixaram como herança o sistema vigente que se caracteriza como um momento paradoxal: se por um lado há um progresso científico, por outro, cresce a criminalidade e a situação de miséria de milhares de pessoas. Nascimento (2006, p. 50), a esse respeito, nos esclarece: 34 Temos presenciado um competitivo progresso científico e tecnológico em várias áreas de conhecimento e um crescimento econômico que nos levam a posições de destaque no ranking das nações. Contudo, esse progresso não se traduz em progresso social, político, econômico e cultural para a maioria das nossas populações. Desse modo, temos sido obrigados a conviver, e até quando não se sabe, com situações de miséria absoluta, com os assassinatos dos jovens das periferias, com a emergência de milhares de favelas pelo continente afora, cujas populações são obrigadas, entre outras alternativas menos nobres, a buscarem nos refugos das cidades as suas alternativas de sobrevivência. Nem todos conseguiram acompanhar o “carro” do progresso, pois nele não havia assentos garantidos para todos, muitos ficaram pelo caminho e sequer puderam algum dia acomodar-se nele outros, porém, foram lançados para fora e buscam formas de se reintegrar nessa viagem rumo a um futuro repleto de incertezas e inconstâncias, uma vez que para manter-se leve e garantir o seu movimento na tentativa de atingir o topo, o “carro” do progresso precisa de cada vez menos pessoas. Esse movimento seletivo constante cria, segundo Bauman (2005), o “refugo humano” ou os seres humanos excessivos que não obtiveram permissão para “embarcar”. Tal refugo é o efeito colateral da construção da ordem (cada ordem define uma parcela da população como “indesejável”) e do progresso econômico (que acaba por desvalorizar os meios anteriores efetivos de ganhar a vida). Para as pessoas “refugadas” os subsídios estatais aparecem como um dos “remédios” (ao menos enquanto durarem os benefícios oferecidos pelo governo), principalmente no tocante aos jovens cuja contratação se transformou num bom negócio por estes não serem muito seletivos, não esperarem demais de seus empregos, não questionarem suas condições ou mesmo sua durabilidade, isso leva ao pensamento de que a única condição para tê-los, afirma Bauman (2005, p.18), é [...] aceita-los como são, sem fazer muitas perguntas e tratá-los como uma oportunidade a ser usufruída de imediato, enquanto dure, e não como um projeto de vida, uma questão de auto-estima e auto-definição, ou uma garantia de segurança a longo prazo. Tal situação fica clara na fala desse jovem estudante da EJA: “Quero um trabalho, não me importo o que seja, nem faço questão que assine a carteira o importante é 35 eu ganhar meu dinheiro, mesmo pouco é melhor que nada” (A.R.S, 23 anos). Ser um “refugado” é, sem dúvida, a maior preocupação que atinge milhares de pessoas jovens e adultas no mundo inteiro, principalmente quando se herdou das gerações anteriores a promessa de um futuro assegurado pela estabilidade no emprego que era tido não apenas como condição desejável, mas como um destino certo. A sociedade moderna “classificava o emprego como uma chave - a chave - para a solução dos problemas ao mesmo tempo da identidade pessoal socialmente aceitável, da posição social segura, da sobrevivência individual e coletiva” (BAUMAN, 2005, p. 19). A relação entre o emprego e a identidade possui um nível de complexidade subjetiva muito grande, materializando, muitas vezes, as crenças pessoais dos sujeitos e organizando os modos como estes se colocam na vida, observemos isso na escrita de (D.M.B., 31 anos) “eu gosto do meu trabalho porque é ounra para mim porque eu sou um sidadão de bem e o meu trabalho faes com que eu mim sinta uma persoua ourada é poriso que eu mitornei muito popular poronde eu pasco”. O emprego, mais que uma questão de sobrevivência, tornou-se uma questão identitária, pois ser um “desempregado” é ser um excessivo, um refugo, num mundo cada vez mais competitivo em que a estabilidade torna-se para muitos um destino inalcançável. O sonho de milhares de jovens é conseguir um emprego e assim estruturarem suas vidas, suas identidades a partir da possibilidade de autosustentação, uma vez que a grande maioria dos jovens desempregados é sustentada pela família, que se vê assoberbada frente ao acúmulo de demandas financeiras, sociais e subjetivas. A pressão no núcleo familiar acaba gerando conflitos internos que impelem muitos jovens a deixarem a casa de seus pais muito cedo em busca de sustento, abandonando os estudos, o que gera uma situação paradoxal, pois, se de um lado não podem continuar os estudos porque precisam trabalhar de outro, ficam impossibilitados de conseguir melhores condições de trabalho porque lhes falta escolarização. Vejamos, a seguir, o depoimento dessa jovem estudante da EJA que materializa essa situação tão comum: 36 Eu pretento concuir o meus estudo por que eu quero o melho para mim e predendo chega na faculdade sim. Eu predendo da para o meu filho o que eu não tive poriço eu quero estudar ter um trabalho melho já que trabalho na casa dos ricos sindo umilhada todos os dia. Tive que para meu estudo com 16 anos por que tive que trabalha sedo porque os meu pai não vinha condição. Agora que eu tive denovo a oportunidade eu quero ir a ter o fimse (J.S.O., 29 anos). Ao perderem o emprego os homens e mulheres jovens e adultos perdem também seus projetos de vida, sua orientação, a certeza de terem o controle de suas próprias vidas. Perdem, acima de tudo, a dignidade enquanto trabalhadores com lugar social garantido e, em decorrência disso, sua auto-estima esmaga-se em meio a tantas pressões sociais. No entanto, esses homens e mulheres desejam (re)construir suas identidades, buscar novos horizontes, novas oportunidades de aprendizagem que lhes garantam o mínimo de condições de sobrevivência e possibilidade de (re)assumirem o seu lugar social. Como vemos na escrita dessa aluna. Meu projeto de vida escolar é atingir o 2° grau até mesmo a faculdade. Para primeiramente me realizar, pois tive que parar os estudos aos 16 anos, para trabalhar, pois meus pais não tinham como me dar o que eu precisava, (eram separados), eu morava com meu pai, mas ele era irresponsável, e minha mãe não tinha condições de ficar comigo, pois morava de favor. Também quero um dia poder trabalhar em uma empresa, com um bom salário e algumas garantias que uma empresa organizada e bem estruturada pode oferecer, e sei que pra isso acontecer vou precisar ter meus estudos concluídos (M.A.P.S., 24 anos). Por isso, as salas de aula de educação para jovens e adultos estão repletas dessas pessoas ansiosas por recomeçarem seus projetos pessoais e profissionais, uma vez que a escolarização, ainda que mínima, tornou-se condição indispensável para a aquisição de um emprego, seja ele temporário, que faça uso da força braçal, ou até que lhes garanta um vínculo empregatício. Hoje voltei a estudar por causa do meu trabalho. também pelo meus filhos, pois voltei a estudar hoje pretendo fazer uma faculdade.Também para ter um lugar menhor na sociedade. Pois as pessoas com que eu estou me relacionando são pessoas que tem nivel elevado, foi assim que eu tive coragem para voltar a estudar. Hoje tenho 34 anos estudei mais nova, mais hoje por necessidade estou aqui depois de enfrentar um dia de trabalho e de dona de casa vou a noite para a sala de aula. aprender mais um pouco para o meu futuro e dos meus filhos mim arrependo de não ter estudado mais cedo condo tive chance (D.L.J., 34 anos). 37 Dessa forma, a escola passa a se caracterizar como um espaço privilegiado no qual afluem as diferenças culturais, sociais e econômicas e, por isso mesmo, é ela um palco onde as tensões sociais e culturais emergem de maneira aberta ou velada. Nesse ambiente cultural há uma infinidade de narrativas dos sujeitos que o compõem, histórias de vida recheadas de lutas, força, decepções, coragem, frustrações, esperanças, imagens que constituem o mosaico identitário da sala de aula. Cada sujeito é um universo próprio, é ele um conjunto de possibilidades infinitas de significações, sua história de vida é o elemento com o qual ele se significa, ao mesmo tempo em que significa o mundo em que vive. Dessa forma, ao narrarem a sua própria história de vida os sujeitos elaboram seu auto-retrato, constroem imagens próprias, se colocam diante de si e diante do mundo enquanto sujeitos situados em seu tempo e espaço. Começam a compreender a partir da sua própria história os percursos e escolhas que fizeram ou mesmo foram levados a fazer e, dessa maneira, podem se situar em seu tempo e seu espaço para poder construir seu “projeto de vida futuro” com base nas experiências passadas, mas, principalmente, pelas possibilidades que o presente oferece como forma de garantir ao futuro melhores condições de realização pessoal, como nos demonstra o trecho a seguir: Meu objetivo é terminar meus estudos, fazer uma faculdade, e ter uma profição que eu me sinta bem praticando. E que eu possa passar para outras pessoas aquilo que eu aprendi. Enfrentar todas os obstacolos por que na vida passamos por variosobstaculos, seja eses proficionais ou pessoais.Emfim meu objetivo e crescer na vida e ter uma boa profição (S.N.J. , 22 anos). Assim, compreender como os jovens e adultos compõem seu projeto de vida através dos seus sonhos, desejos expectativas com relação ao seu presente em função do seu futuro se configura como um elemento capaz de possibilitar ao próprio sujeito e também aos seus pares uma reflexão em torno de suas identidades e dos componentes que as constituem como: a família, a escola, o trabalho, a comunidade onde vive e os espaços sociais que freqüenta, bem como suas possibilidades e anseios pessoais. Nesse sentido, a escola é a grande parceira desses sujeitos jovens e adultos que desejam transformar suas vidas, suas realidades muitas vezes marcadas pela dor, 38 pobreza, exclusão, abandono e privação. Por isso, a sala de aula se estabelece frente a essa realidade como um espaço onde a esperança se faz presente, onde é possível sonhar com outras possibilidades além da vida dura e predestinada ao fracasso, como nos mostra o depoimento a seguir: Eu gostaria muito de comclui meus estudo si forma fazer facudade porque qualqer emprego depedi dos estudos eu pari de estuda na 4ª seri porque eu morava no interio e lar na epoca só ensinava ate a 4ª seri i também porque eu presizava trabalha para aguda minha mãe só que agora eu possi morra na rua e comese a trabalha só que eu vi que eu presizava apreder muitas porque nei uma lita di mercado eu sabia fazer escrevia tudo errado então eu vou estuda muito e vou mis.....bastanti para chega lar (V.S.N., 27 anos). Dessa maneira, torna-se fundamental para o professor compartilhar com os sujeitos dos quais precisará ser parceiro se deseja auxiliá-los na travessia do desafio de sua auto-formação, a história de vida de cada um, os sonhos, desejos, projetos de vida, para, então, como parceiro mais experiente na escolarização, poder colaborar com os aprendizados necessários à emancipação de cada um deles. 39 CONSIDERAÇÕES FINAIS Pensando nos percursos e trajetórias de vida dos sujeitos participantes dessa pesquisa, observamos que os educandos vão à escola na intenção de uma formação que os elevem enquanto sujeito, e eles procuram uma educação que lhes proporcione a realização dos seus objetivos profissionais e formativos. Percebemos que estes sujeitos são conscientes dos seus direitos enquanto seres em formação, porém, desconhecem as políticas educacionais que os sustentam enquanto estudantes da EJA. Notamos que eles possuem objetivos bem concretos ao procurarem a EJA para a conclusão de sua formação, apesar de encontrarem as mais variadas barreiras dentro e fora da instituição de ensino ainda enfrentam o fato de, devido a sua juventude, as classes de EJA não estarem preparadas para recebê-los, pois a escola, apesar de possuir um discurso que afirma exercer uma educação emancipatória, voltada para a formação do sujeito, ela não exercita seu discurso, não existe o dialogo entre professor e aluno, apesar de ambos conviverem diariamente aluno e professor são completamente estranhos uns aos outros. Se a escola adotasse o diálogo como fonte de formação de seus educandos, os professores mudariam a sua imagem do educando e passariam a se comunicar em interações dialógicas na crença de que cada sujeito é um universo próprio, e que o jovem apresenta um conjunto de possibilidades infinitas de significações, e que sua história de vida é o texto com o qual ele se significa ao mesmo tempo em que significa o mundo em que vive. Dessa forma, ao narrarem a sua própria história de vida, os sujeitos da EJA elaboram seu auto-retrato, constroem imagens próprias, se colocam diante de si e diante do mundo enquanto sujeitos situados em seu tempo e espaço. Nesse sentido, os estudantes começam a compreender, a partir da sua própria história, os percursos e escolhas que fizeram ou que foram levados a fazer ou, até mesmo, que não tiveram chance de fazer e, dessa maneira, podem se situar em seu 40 tempo e seu espaço. Nessa experiência de auto-formação, de conscientização crítica da sua história, surgem elementos que os levam a questionar e a se posicionar sobre as expectativas do seu “projeto de vida futuro”, com base na reflexão sobre experiências passadas, mas, principalmente, pelas possibilidades que o presente oferece como forma de abrir perspectivas para melhores condições de realização pessoal. Pensando assim que, compreender como os jovens compõem seu projeto de vida através dos seus sonhos, desejos, expectativas com relação ao seu presente em função do seu futuro, se configura como um elemento capaz de possibilitar ao próprio sujeito e também aos seus pares uma reflexão em torno de suas identidades e dos componentes que as constituem como: a família, a escola, o trabalho, a comunidade onde vive e os espaços sociais que freqüenta. Desta forma, a escola é a grande parceira desses sujeitos jovens e adultos que desejam transformar suas vidas, suas realidades muitas vezes marcadas pela dor, pobreza, exclusão, abandono e privação. Frente a essa realidade, é assim que se vislumbra a sala de aula como um espaço onde a esperança se faz presente, onde é possível sonhar com outras possibilidades além da vida dura e predestinada ao fracasso. E, desta forma, o papel do professor como intermediador no processo de formação destes sujeitos é fundamental, pois, a partir da constituição da relação ensinar-aprender é que poderemos visualizar a educação como veículo de emancipação dos sujeitos jovens e adultos. 41 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, Alberto. Emancipação, Ruptura e Inovação: o focus group como instrumento de investigação. In: Educação & Linguagem. Ano 9, n. 13, jan./ jun., 2006, p. 196-209. ANDRÉ, Marli. LUDKE, Menga. Pesquisa em educação: Abordagens Qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. ANTUNES, Ricardo. 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